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IMPOSTO

SOBRE AS
PESSOAS
COLECTIVAS
(IRC)
ESTRUTURA DO CÓDIGO DO IRC

• Capítulo I – Incidência [Artigo 1.º e ss]


• Capítulo II – Isenções [Artigo 9.º e ss]
• Capítulo III – Determinação da matéria colectável [Artigo 15.º e ss]
• Capítulo IV – Taxas [Artigo 87.º e ss]
• Capítulo V – Liquidação [Artigo 89.º e ss]
• Capítulo VI – Pagamento [Artigo 104.º e ss]
• Capítulo VII – Obrigações acessórias e fiscalização [Artigo 117.º e ss]
• Capítulo VIII – Garantias dos contribuintes [Artigo 137.º e ss]
• Capítulo IX – Disposições finais [Artigo 140.º e ss]

O Código do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas – CIRC -


entrou em vigor em 01 de janeiro de 1989 e foi aprovado pelo DL n.º 442-
B/88, de 30 de Novembro.
REGIMES DE TRIBUTAÇÃO

• Regime geral
• Regimes especiais
- Regime de transparência fiscal
- Regime Especial de Tributação dos Grupos de Sociedades “RETGS” (Art. 69º do CIRC)
• Regime de redução de taxas
- Taxas das Regiões Autónomas
- Regime especial da Zona Franca da Madeira (empresas devidamente registadas no Centro
Internacional de Negócios da Madeira) - taxa reduzida de 5% até 2027, em sede de IRC –
art. 36.º-A EBF (alterado pela Lei n.º 21/2021, de 20 de Abril).
• Regime de isenção definitiva
- Pessoas colectivas de utilidade pública e de solidariedade social
- Isenção de pessoas colectivas e outras entidades de navegação marítima ou aérea
• Modalidades de determinação da
matéria coletável
• Regime simplificado de tributação
• Taxas de IRC
D E T E R M I N A Ç Ã O DA • Derrama estadual
M AT É R I A
COLETÁVEL • Derrama municipal
DE TE RMI NAÇ ÃO DA MATÉ RI A C O L E TÁVE L

• Art. 16.º do CIRC – DOIS MÉTODOS:

• Regra geral, a matéria coletável do IRC é determinada pelo próprio


contribuinte na declaração-liquidação, pois no IRC alugar a
autoliquidação – artigo 89.º.

• A AT limita-se a fiscalizar, a posteriori, a correção das referidas


declarações e liquidações.

• Declaração periódica de rendimentos – artigo 120.º CIRC

• As entidades abrangidas pelo regime de transparência fiscal (art. 6.º) têm


na mesma de apresentar esta declaração (artigo 117.º, n.º 9).

• Caso o contribuinte não apresente a declaração de rendimentos,


compete à AT a determinação do lucro tributável – artigo 90.º, n-º 1, al.
b)
A C Ó R D Ã O D O S TA D E 1 1 / 0 5 / 2 0 1 6 , P R O C E S S O N . º 0 4 4 2 / 1 5

I - O IRC prevê que, em face do incumprimento pelo sujeito passivo da obrigação de


apresentar declaração de rendimentos e nela proceder à autoliquidação do imposto, a AT
proceda à liquidação oficiosa com base na matéria coletável do exercício mais próximo que
se encontre determinada [art. 90.º, n.º 1, alínea b)].
II - O prazo fixado para essa liquidação oficiosa é meramente ordenador e dirigido aos
serviços da AT, destinando-se a prevenir a eventual caducidade do direito de liquidar; não
constitui um prazo de caducidade, como resulta da possibilidade, consignada no n.º 12 do
art. 90.º, de a AT corrigir essa liquidação dentro do prazo normal de caducidade (art. 45.º
da LGT), cobrando ou anulando então as diferenças apuradas.
III - Assim, o excesso do prazo fixado para a referida liquidação oficiosa, desde que se
mostre respeitado o prazo da caducidade fixado no art. 45.º da LGT, não releva na
legalidade desse acto.
• Prazo de caducidade - art. 45.º, n.º 4 da LGT:

• Prazo de que a AT dispõe para tornar líquida e exigível a obrigação


de imposto – 4 anos
• Prazo de prescrição - art. 48.º da LGT
• Prazo de que a AT dispõe para poder promover a cobrança
coerciva das dívidas fiscais - 8 anos
ü Impostos periódicos: 4/8 anos a partir do termo do ano em que se
verificou o facto tributário
ü Impostos de obrigação única: 4/8 anos a partir da data em que o
facto tributário ocorreu.
MAS:
ü No caso do IVA e nos impostos sobre o rendimento quando haja
retenção na fonte a título definitivo o prazo conta-se a partir do
início do ano civil seguinte àquele em que se verificou a
exigibilidade do imposto ou o facto tributário
I R C - I N C I D Ê N C I A R E A L O U O B J E T I VA ( A R T. 3 . º )

Que rendimentos estão sujeitos a imposto?


Lucro – sociedades que
exerçam a título principal uma
atividade de natureza comercial,
industrial ou agrícola – art.
3.º/1/a) e 3.º/4
Residentes
Rendimento global –
sociedades que não exerçam a
título principal uma atividade de
natureza comercial, industrial ou
agrícola – art. 3.º/1/b)
Entidades
Com estabelecimento estável
- lucro imputável ao
estabelecimento estável – art.
3.º/1/c)

Não residentes
Sem estabelecimento estável
- rendimento global das
entidades com ou sem
personalidade jurídica – art.
3.º/1/d)
M O DA L I DA D E S D E D E T E R M I N A Ç Ã O DA M A T É R I A C O L E T Á V E L

Entidades não empresariais – E


Empresas – entidades residentes que entidades residentes que não exerça o
exerçam a título principal uma atividade título principal uma atividade natureza
natureza comercial, industrial ou comercial, industrial ou agrícola ou de
agrícola ou de estabelecimentos estáveis entidades não residentes sem
de entidades não residentes estabelecimento estável em território
português

Resultado contabilístico corrigido


nos termos do CIRC (regime de
contabilidade organizada) – Soma algébrica dos rendimentos
artigos 3.º, n.º 2, 21.º e 24.º - líquidos das várias categorias
modelo da dependência parcial consideradas para efeitos de IRS -
do direito fiscal face ao direito da B, E, F e G.
contabilidade

Regime simplificado ou
contabilidade organizada.
CASO PRÁTICO

O “Clube Grandes Leitores” é uma associação cultural que tem por objetivo
a promoção de atividades culturais de divulgação literária, nomeadamente
colóquios. Nas suas instalações, possui um pequeno bar que é explorado
diretamente pela associação. No ano de 2021, os seus registos contabilísticos
evidenciam os seguintes rendimentos brutos:
• quotizações de associados: € 3.000,00;
• rendimentos das atividades culturais: € 2.000,00;
• receitas do bar: € 10.000,00;
Estão também registados os seguintes custos:
• custos específicos do bar: € 8.000,00;
• custos comuns: € 1.200,00.
Há lugar ao pagamento de IRC? Em caso afirmativo como se determina
neste caso a base do imposto?
• A entidade é sujeito passivo de IRC, por força do disposto na
alínea a) do nº 1 do artigo 2º do CIRC.

• Como se trata de um sujeito passivo que não exerce a título


principal, atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola, o
IRC incide sobre o rendimento global, conforme alínea b) do nº 1
do artigo 3º do CIRC, o qual corresponde à soma algébrica dos
rendimentos líquidos das diversas categorias, determinados nos
termos do IRS.

• Os rendimentos das atividades culturais estão isentos nos termos


do nº 1 do artigo 11º do CIRC, o mesmo não acontecendo aos
rendimentos do bar, que se encontram excluídos da isenção por
força do nº 3.

• Por outro lado, as quotizações dos associados não estão sujeitas a


imposto, conforme prevê o nº 3 do artigo 54.º do CIRC.
• Determinação do rendimento global:
• receitas brutas do bar........................................... € 10.000,00
• custos do bar........................................................... € 8.000,00
rendimento líquido................... € 2.000,00
custos comuns.............................. € 800,00*
matéria coletável de IRC............ € 1.200,00

imposto a pagar: € 1.200,00 X 21% (taxa) = € 252,00.


*Notas:
a) a taxa do IRC é 21%, conforme nº 5 do artigo 87º do CIRC;
• b) demonstração dos cálculos dos custos comuns, determinados de
acordo com o n.º 2 do artigo 54.º do CIRC:
1. Totalidade dos rendimentos: 15.000€ (3000 + 2000 + 10.000)
2. € 1.200,00 (totalidade dos custos comuns) X € 10.000,00 (receitas
brutas do bar) : € 15.0000 (totalidade dos rendimentos)
(€ 1.200,00 (totalidade dos custos comuns) X € 10.000,00 (receitas brutas
do bar) : € 15.000,00 (quotizações de associados: € 3.000,00 +
rendimentos das atividades culturais: € 2.000,00 + receitas do bar: €
10.000,00) = € 800,00 (custos comuns)
CASO PRÁTICO 1

A Associação “RunForLife” é uma associação desportiva que se dedica a promover


atividades desportivas locais e a incentivar um estilo de vida saudável. Organiza com
frequência atividades desportivas nas suas instalações, onde também funciona um
pequeno restaurante de comida vegetariana.
No ano de 2021, os registos contabilísticos desta associação demonstraram que recebeu
4.000€ de quotas pagas pelos associados, 5.000€ de rendimentos das atividades
desportivas que organizou, e ainda 15.000€ de receitas do restaurante. Para além disso,
teve 10.000€ de custos específicos do restaurante e 3.000€ de custos comuns.
Há lugar ao pagamento de IRC? Em caso afirmativo como se determina neste caso a base
do imposto?
CASO PRÁTICO 1 – RESOLUÇÃO

A associação em causa é um sujeito passivo de IRC, por força do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do CIRC.
Como se trata de um sujeito passivo que não exerce a título principal, atividade de natureza comercial, industrial ou
agrícola, o IRC incide sobre o rendimento global, conforme alínea b) do n.º 1 do art. 3.º do CIRC, que corresponde à
soma algébrica dos rendimentos líquidos das diversas categorias, determinados nos termos do IRS.
Os rendimentos das atividades desportivas estão isentos nos termos do n.º 1 do art. 11.º do CIRC.
Mas os rendimentos do restaurante já não estão isentos – n.º 3 do art. 11.º do CIRC. As quotas pagas pelos
associados não estão sujeitas a imposto, conforme prevê o n.º 3 do artigo 54.º do CIRC.
Como se deduzem os custos? Art. 54.º/1/a) e b)
Ao rendimento global da atividade do restaurante, vamos deduzir os custos específicos do restaurante = 5.000€
Quanto aos custos comuns, fazemos uma regra de 3 simples:
24.000 --------------------- 3.000
15.000 ---------------------- x

X = 1875 €

Determinação do rendimento global:


receitas brutas do restaurante ........................................... € 15.000,00
custos do restaurante ........................................................... € 10.000,00
_____________________
rendimento líquido................... € 5.000,00
custos comuns.............................. € 1.875,00
_____________________
matéria coletável de IRC............ € 3.125,00

Assim, o imposto a pagar: € 3.125,00 X 21% (taxa) = € 656,25.


R E G I M E S I M P L I F I C A D O D E T R I B U TA Ç Ã O ( A RT. 8 6 . º - A E
86.º-B)
D I R E C I O NA D O PA R A M I C RO E P E Q U E NA S E M P R E S A S

• Sistema indiciário de determinação do rendimento

• Aceita um menor rigor na determinação da matéria coletável, em prol de uma redução


dos deveres de cooperação dos sujeitos passivos, nomeadamente no que se prende com
obrigações contabilísticas

• Uma das principais vantagens que os sistemas de determinação indiciária da matéria


coletável podem apresentar é a redução dos deveres de cooperação a que os sujeitos
passivos estão obrigados, o que indiretamente provocará uma diminuição dos custos
indiretos que o cumprimento das obrigações fiscais implica.

• Contudo, o R.S. em sede de IRC não dispensa as pessoas coletivas de ter


contabilidade, uma vez que o património social tem autonomia face aos sócios,
permitindo-se, através daquela contabilidade, a destrinça entre os patrimónios
social e dos sócios.
Atenção ao sentido do art. 87.º, n.º 1, al. a) da LGT: o regime simplificado de
tributação não constitui um verdadeiro caso de avaliação indireta da
matéria coletável pelas seguintes razões:

1) em primeiro lugar porque não se trata de um caso de aplicação


subsidiária de um método de quantificação da matéria coletável, mas antes de
uma opção do sujeito passivo em alternativa ao regime de contabilidade
organizada, desde que preencha os requisitos para poder realizar essa opção (art.
86.º-A CIRC);

2) em segundo lugar, porque neste caso não se trata de apurar o


rendimento real a partir de indícios ou presunções, mas sim de tributar um
rendimento-presumido, que se aceita de modo alternativo ao rendimento
real, como forma de não sobrecarregar os titulares de rendimentos mais
baixos com obrigações contabilísticas mais complexas.
ARTIGO 86.º-A CIRC

• Sujeitos passivos residentes, não isentos nem sujeitos ao regime especial de


tributação;
• Exerça o título principal uma atividade natureza comercial, industrial ou
agrícola e que verifiquem, cumulativamente, as seguintes condições:
• Tenham obtido, no período tributação imediatamente anterior, o montante anual e
ilíquido de rendimentos não superior a € 200.000;
• O total do seu balanço relativo ao período tributação imediatamente anterior não
exceda €500.000;
• Não estejam legalmente obrigados a revisão legal das contas (ex: Sociedades anónimas
independentemente da sua dimensão);
• O respetivo capital social não seja detido em mais de 20%, direta ou indiretamente,
por entidades que não preencham alguma das condições previstas nas alíneas
anteriores, exceto quando sejam sociedades de capital de risco ou investidores de
capital de risco;
• Adotem o regime de normalização contabilística para microentidades – Decreto-lei n.º
36-A/2011 de 9 de março;
• Não tenham renunciado a aplicação do regime nos três anos anteriores, com
referência à data em que se inicia a aplicação do regime (ex: uma empresa opta
por se enquadrar no regime simplificado em 2020. Se em 2021 abandonar por sua
iniciativa este regime, apenas poderá voltar ao regime simplificado em 2025).
COEFICIENTES – ART. 86.º-B CIRC

• 0,04 (4%) das vendas de mercadorias e produtos, bem como das prestações de serviço efetuadas no
âmbito de atividades hoteleiras e similares, restauração e bebidas;

• 0,75 (75%) dos rendimentos das atividades profissionais especificamente previstos na tabela a que se
refere o artigo 151.º do Código do IRS;

• 0,10 (10%) dos restantes rendimentos de prestações de serviços e subsídios destinados a exploração;

• 0,30 (30%) dos subsídios destinados a exploração;

• 0,95 (95%) dos rendimentos provenientes de contratos que tenho um projeto a sessão ou utilização
temporária da propriedade intelectual ou industrial ou prestação de informações respeitantes a uma
experiência adquirida no setor industrial, comercial ou científico, dos outros rendimentos de capitais,
do resultado positivo de rendimentos Prediais, do saldo positivo das mais e menos valias e dos
restantes incrementos patrimoniais;

• 1,00 (100%) do valor descrição dos incrementos patrimoniais obtidos a título gratuito.
COEFICIENTES – ART. 86.º-B CIRC

• 0,50 (50%) dos rendimentos da exploração de estabelecimentos de alojamento local


nas modalidade de moradia ou apartamento, localizados em áreas de contenção;
• 0,35 (35%) dos rendimentos da exploração de estabelecimentos de alojamento local
na modalidade de moradia ou apartamento não previstos na alínea anterior.

v Os coeficientes aplicáveis às vendas e prestações de serviços (als. a) e c) do n.º 1 do


art. 86.º-B) são reduzidos em 50% e 25% no primeiro e segundo períodos
posteriores ao início da atividade, respetivamente.
v As entidades que optarem pelo regime simplificado estão dispensadas de
realizar o pagamento especial por conta e determinados encargos não se
encontram sujeitos a tributação autónoma (nomeadamente os referentes a
despesas de representação, ajudas de custo, compensação pela deslocação em
viatura própria do trabalhador e os gastos relativos a indemnizações, bónus e
outras variáveis pagos a determinados membros dos órgãos sociais).
A matéria coletável obtém-se através da aplicação dos seguintes coeficientes:

Rendimentos sujeitos Coefic. (1) Os coeficientes


previstos são reduzidos
Vendas de mercadorias e produtos, bem como prestações de serviços no setor da 0,04 (1) em 50% e 25% no
restauração e bebidas e de atividades hoteleiras e similares, com exceção daquelas que período de tributação
se desenvolvam no âmbito da atividade de exploração de estabelecimentos de do início da atividade e
alojamento local na modalidade de moradia ou apartamento no seguinte,
respetivamente.
Rendimentos de atividades profissionais especificamente previstas na tabela a que se 0,75
refere o artigo 151.º do Código do IRS

Restantes rendimentos de prestações de serviços e subsídios destinados à exploração 0,10 (1)

Subsídios não destinados à exploração 0,30 2) O coeficiente


previsto neste
Rendimentos provenientes de contratos que tenham por objeto a cessão ou utilização 0,95 parágrafo é agravado
temporária da propriedade intelectual ou industrial ou a prestação de informações para 0,50 quando
respeitantes a uma experiência adquirida no setor industrial, comercial ou científico, aplicado a
outros rendimentos de capitais, resultado positivo de rendimentos prediais, saldo rendimentos de
positivo das mais e menos-valias e restantes incrementos patrimoniais exploração de
estabelecimentos de
Valor de aquisição dos incrementos patrimoniais obtidos a título gratuito determinado alojamento local em
1,00
nos termos do n.º 2 do artigo 21.º do Código do IRC áreas de contenção,
mantendo-se
inalterado nos
Rendimentos da exploração de estabelecimentos de alojamento local 0,35 (2) restantes casos. – al.
na modalidade de moradia ou apartamento g), do n.º 1, art. 86.º-
B.
Rendimentos
Base 1.º ano 2.º ano
Venda de mercadorias 0,04 0,02 0,03
e produtos

Prestação de serviços 0,04 0,02 0,03


no âmbito de
atividades hoteleiras e
similares, restauração
e bebidas

Restantes prestações 0,10 0,05 0,075


de serviços

Subsídios destinados 0,10 0,05 0,075


a exploração
A C Ó R D Ã O D O S TA , D E 0 4 / 0 3 / 2 0 2 0 , P R O C E S S O N . º 0 1 5 5 5 / 11 . 0 B E P R T
017/17

Mesmo havendo rendimentos o valor mínimo constante da norma, entendido como mera
presunção de rendimento, será sempre ilidível (art.73º LGT aplicável a todas normas
que influenciam directa ou indirectamente a determinação da matéria colectável).
A tese da Fazenda Pública (aplicação do regime simplificado segundo um critério
forfetário, independentemente do apuramento de rendimento positivo, nulo ou negativo)
é inaceitável:
a) constitui violação do princípio constitucional segundo o qual a tributação das
empresas incide fundamentalmente sobre o seu rendimento real; admitindo-se a
tributação do rendimento normal por aplicação de métodos indirectos, mas nunca a
tributação de um rendimento inexistente, equiparado a confisco fiscal (art.104º nº2
CRP RC/97);
b) constitui violação do princípio constitucional da igualdade (na sua vertente de
tratamento diferenciado de situações diferentes), ao tributar identicamente empresas em
actividade que geram lucro e empresas inactivas, sem fundamento material bastante
(art.13º CRP)
c) radica em interpretação da norma sobre o rendimento tributável que ficciona um
rendimento inexistente para o submeter a tributação
R E G I M E S I M P L I F I C A D O E M S E D E D E I RC E I R S

• Estes regimes são diferentes quanto ao seu acesso, quanto aos requisitos a preencher, quantas com
eficientes para o apuramento da matéria coletável e, ainda, por no regime simplificado em IRC se prever
uma coleta mínima.

• Umas das diferenças do regime simplificado em sede de IRC e em sede de IRS prende-se com a
necessidade, ou ausência da mesma, de aderir a esse regime.

• Ou seja, no regime simplificado em sede de IRS o legislador optou por incluir diretamente neste regime
todos aqueles que não tenham ultrapassado no período de tributação imediatamente anterior um
montante anual ilíquido de rendimentos dessa categoria de € 200.000,00. Contudo, os sujeitos passivos
abrangidos pelo regime simplificado podem optar pelo regime da contabilidade (art. 28.º n.ºs 2, 3 e 4
CIRS). Optando por um ou outro regimes o sujeito passivo é obrigado a permanecer no mesmo por um
período mínimo de três anos (art. 28.º, n.º 5 CIRS).

• Não significa isto que o regime simplificado em sede de IRS não é opcional. De facto, continua a ser
uma opção do sujeito passivo, mas aqui em se manter neste regime ou sair do mesmo
R E G I M E S I M P L I F I C A D O E M S E D E D E I RC E I R S

• No caso do regime simplificado em sede de IRC, se analisarmos o artigo 86.º-A, n.ºs 1 e


3 do CIRC, verificamos que aqui o sujeito passivo, para ficar abrangido pelo regime
simplificado, já tem que optar pelo mesmo.

• Assim, ao contrário do IRS onde o sujeito passivo já está à partida dentro do mesmo,
tendo de declarar que pretende o regime de contabilidade se pretender sair daquele
regime, no IRC o sujeito passivo, mesmo que preencha os requisitos do art. 86.º-A, n.º
1, não está dentro deste regime, tendo de optar, aqui, por entrar no mesmo.

• O regime simplificado de determinação do lucro tributável, tem carácter facultativo e


não obrigatório – sob pena de violação da disposição constitucional de que «a tributação
das empresas incide fundamentalmente sobre o seu rendimento real» (n.º 2 do artigo
104.º da Constituição da República Portuguesa).

• A opção pela aplicação do regime geral de determinação do lucro tributável deve ser
formalizada pelos sujeitos passivos nomeadamente na declaração de início de atividade
(al. a) do n.º 3 do art. 86-A).
OPTA POR SAIR

IRS
SUJEITO
PASSIVO

IRC

SUJEITO PASSIVO
OPTA POR ENTRAR
• No regime simplificado em sede de IRS exige-se apenas que sujeitos passivos, no
exercício da sua atividade, não tenha ultrapassado no período tributação
imediatamente anterior o montante anual e líquido de rendimentos de €200.000 e
não tenham optado pelo regime de contabilidade organizada – art. 28.º, n.º 2 CIRS;
• Quanto aos coeficiente de base para o apuramento da matéria coletável,
constantes do art. 31.º do Código do IRS e do artigo 86.º-B do Código do IRC,
embora coincidam em geral, isso não se verifica:
• Em relação às vendas de mercadorias e produtos e prestações de serviço efetuadas no
âmbito da atividade de restauração e bebidas e de atividades hoteleiras e similares, em que o
coeficiente em IRS é 0,15 e em IRC 0,04;
• Em relação às prestações de serviços que não integram as atividades profissionais
especificamente previstas na tabela é que se refere o artigo 151.º do Código do IRS, em que
o coeficiente em IRS é de 0,35 e em IRC de 0,10.
A opção pelo regime simplificado ou pelo regime geral dependerá da dimensão da
matéria colectável que em princípio possa decorrer da aplicação de cada um:

ü Quanto ao regime geral, será o resultado do lucro contabilístico e das variações


patrimoniais relevantes, com as correções eventualmente estabelecidas no CIRC (art.
17.º)

ü Quanto ao regime simplificado, resultará da aplicação aos rendimentos dos coeficientes


previstos na lei.

• As empresas que estiverem no regime simplificado estão dispensadas do PEC.

• Estas empresas não ficam dispensadas de manter contabilidade, a simplificação é


apenas para efeitos fiscais e de determinação do IRC a pagar. Deverão socorrer-se do
regime de normalização contabilística para micro entidades e respeitar as obrigações de
faturação simplificada. Aliás, se falharem o envio periódico de facturas para o
Fisco, como impõe o regime simplificado de faturação, caem automaticamente
no regime geral do imposto.
CASO PRÁTICO 2

António e Ana pretendem dar início à atividade da sua empresa decoração de interiores, a
DécoCoimbra, Lda., e consultam-no para saber se têm de ter contabilidade organizada ou se
podem optar pelo regime simplificado de determinação da matéria coletável.

1. Verifique da possibilidade desta empresa optar pelo regime simplificado, indicando o


coeficiente aplicável para efeitos de determinação da matéria coletável.
2. Suponha agora que a empresa em causa, no final do primeiro ano de atividade, não
conseguiu obter rendimentos. Tendo a empresa optado pelo regime simplificado, será
tributada independentemente dos resultados obtidos?
CASO PRÁTICO 2 – RESOLUÇÃO

1. Art. 86.º-A, n.º 1, do CIRC - podem optar pelo regime simplificado de determinação da matéria
coletável, os sujeitos passivos residentes, não isentos nem sujeitos a um regime especial de tributação,
que exerçam a título principal uma atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola e que
verifiquem, cumulativamente, as condições aí previstas.
Segundo o art. 86.º-A, n.º 3, a opção pelo regime simplificado deve ser formalizada na declaração de
início de atividade.
Sendo o período de início de atividade, então o enquadramento no regime simplificado faz-se em
conformidade com o valor anual dos rendimentos estimado (n.º 2 do artigo).
Art. 86.º-B, n.º 1, do CIRC - aplica-se o coeficiente da alínea b), ou seja, 0,75% dos rendimentos das
atividades profissionais previstas na tabela (código 1322) a que se refere o art. 151.º do CIRS.
Sendo período de início de atividade, os coeficientes são reduzidos nos termos do n.º 5 do art. 86.º-B,
para as alíneas a) e c) do n.º 1 (que não é o caso).

2. Acórdão do STA, de 04/03/2020 - Mesmo havendo rendimentos o valor mínimo constante da


norma, entendido como mera presunção de rendimento, será sempre ilidível (art.73.º LGT é aplicável
a todas normas que influenciam direta ou indiretamente a determinação da matéria coletável).
Assim, a empresa pode provar que não tem rendimentos. Se fizer esta prova, a empresa não pode ser
tributada.
CASO PRÁTICO 3

A empresa “GoodLiving”, sem sede ou direção efetiva em Portugal, adquire uma moradia
em Lisboa para aí desenvolver a atividade de alojamento local.
1. Será esta entidade tributada em sede de IRC? Fundamente.
2. Pode a empresa optar por ser tributada através do regime simplificado? Justifique.
3. Suponha que é uma entidade residente em Portugal que explora o Alojamento Local e
que decide optar pelo regime simplificado de determinação da matéria coletável. Qual
o coeficiente aplicável?
CASO PRÁTICO 3 – RESOLUÇÃO

1. A empresa em causa é um sujeito passivo de IRC que é não residente em Portugal (art. 2.º, n.º 1, al.
c) do CIRC).
Nos termos do n.º 1 do art. 5.º do CIRC, considera-se estabelecimento estável qualquer instalação
fixa através da qual seja exercida uma atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola. A
atividade de Alojamento Local está intrinsecamente ligada ao imóvel e dele não se pode dissociar. É
através do imóvel (instalação fixa) que a atividade se desenvolve, configurando assim a existência de
um estabelecimento estável.
A existência de estabelecimento estável determina, para efeitos de IRC, que a entidade não residente
tem obrigações fiscais e contabilísticas idênticas às de um sujeito passivo residente, sendo o seu lucro
tributável determinado nos termos do art. 55.º do CIRC (que remete para o art. 17.º e seguintes).

2. Não, o regime simplificado apenas se aplica a sujeitos passivos residentes – art. 86.º-A, n.º 1.

3. Art. 86.º-B – iremos aplicar o coeficiente da alínea a), da alínea g) ou da alínea h) consoante o AL
fique em área de contenção ou não e seja em moradia ou apartamento.
As autarquias locais podem definir, por meio de regulamento, e desde que com deliberação
fundamentada, dentro dos respetivos municípios, quais as quotas para a concessão de licenças para
exploração de imóveis em regime de Alojamento Local - criação de zonas de contenção -
procurando-se controlar, assim, a proporção de imóveis disponíveis para habitação. Nestas zonas
impõem-se um limite máximo de licenças de AL, com o objetivo de combater a instalação de novos
estabelecimentos turísticos nos bairros onde a sua presença já tem um peso excessivo em relação à
residência total disponível.

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