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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
CURSO DE LICENCIATURA EM PSICOLOGIA CLÍNICA E ASSISTÊNCIA
SOCIAL

Tema:
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Discente:

EDSON JORGE INACIO

Supervisora/tutores:

Chimoio, Janeiro de 2024


EDSON JORGE INACIO

Tema:
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Chimoio, Janeiro de 2024


Índice
CAPITULO I: ASPECTOS INTRODUTORIOS............................................................................1

1.Introdução.....................................................................................................................................1

1.1. Objetivos...............................................................................................................................1

1.1.1. Objetivo Geral....................................................................................................................1

1.1.2. Objetivos Específicos.........................................................................................................2

1.1.3. Metodologia.......................................................................................................................2

2. Transtornos do espectro autista...................................................................................................3

2.1. Tipos de autismo...................................................................................................................4

Os quatro tipos de autismo...............................................................................................................4

 Síndrome de Asperger..........................................................................................................4

 Transtorno invasivo do desenvolvimento...............................................................................4

 Transtorno autista.................................................................................................................4

 Transtorno desintegrativo da infância.....................................................................................4

2.2. Etiologia dos transtornos do espectro do autismo.................................................................4

2.3. Sinais e sintomas do Transtorno do Espectro Autista...........................................................5

2.4. Diagnóstico dos transtornos do espectro autista...................................................................7

2.5. Tratamento do Transtorno do Espectro Autista....................................................................8

CAPITULO III: Considerações finais...........................................................................................10

3. Conclusão..................................................................................................................................10

Referências bibliográficas.............................................................................................................11
Declaração do Estudante
Eu Edson Jorge Inácio, Estudante de Psicologia Clínica e Assistência Social, 4 a ano, declaro por
minha honra que este trabalho é da minha autoria, em cumprimentos dos requisitos para a
obtenção das actividades, não contendo plágio.

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Lista de Abreviatura e Glossário
APSS- Apoio Psicossocial
CCR-consultas crianças em risco
CPN 1- Consulta Pré-Natal-1
CPN 2- Consulta Pré – Natal-2
CPP- Consultas Pós-Parto
HIV- Vírus da Imunodeficiência Humana
SIDA- Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
TARV-tratamento Anti-Retroviral
DSM-IV: Manual de Diagnostico e estatístico de Tratamento de doenças mentais quarta edição
CID-10: Classificação Internacional das Doenças, décima edição
SCL-90: Symptom Checklist-nineteen Revised
HPC: Hospital Provincial de Chimoio
HIV: vírus de Imunodeficiência Humana
OMS; Organização Mundial de Saúde
TCC: Terapia Cognitiva Familiar
HTP- House, tree, person, Casa, árvore, pessoa

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CAPITULO I: ASPECTOS INTRODUTORIOS

1.Introdução

Neste presente trabalho de pesquisa objetiva-se estudar o autismo, cujo nome técnico oficial
é Transtorno do Espetro Autista (TEA), este é um transtorno de desenvolvimento caracterizado
pela dificuldade de comunicação e interação social, e por comportamentos repetitivos e/ou
restritos. Os sintomas aparecem logo nos primeiros anos de vida. O TEA não tem cura, no
entanto, a realização de terapias auxilia no desenvolvimento do indivíduo. Observa-se também
que as causas desse transtorno ainda são incertas, entretanto, acredita-se que estejam ligadas a
fatores genéticos e ambientais. O indivíduo no espectro é considerado, por lei, como deficiente,
assim, tem seus direitos garantidos. No dia 2 de abril, celebra-se o Dia Mundial de
Conscientização do Autismo.

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1.1. Objetivos

1.1.1. Objetivo Geral

 Intervir no caso clinico de uma criança com autismo.

1.1.2. Objetivos Específicos

o Descrever o autismo;
o Apresentaras o plano de intervenção;
o Detalhar o método e as técnicas psicoterapêuticas.

1.1.3. Metodologia

Para a materialização deste trabalho, o método usado foi o Bibliográfico, onde é feito a
partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e
eletrónicos, como livros, artigos científicos, páginas de websites. Qualquer trabalho científico
inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se
estudou sobre o assunto.

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CAPÍTULO II: Contextualização

PLANO DE INTERVENÇÃO

Programa de sessões

As sessões de psicoterapia serão divididas em 2 vezes por semana de 2 a 3 horas de tempo. A


psicoterapia ser usada será a psicoterapia comportamental (ABA), ludoterapia e a psicoterapia
Ocupacional. Com a psicoetria ocupacional infantil busco trabalhar três principais áreas:
atividades de vida diária, atividades relacionadas a escola e atividades relacionadas ao brincar. O
objetivo é ajudar a criança com transtorno do espectro autista a se tornar mais independente e
melhorar a qualidade de vida em casa e na escola.

Objetivo Geral

Ajudar no desenvolvimento da aprendizagem da criança e estimular a construção de condutas


que sejam mais assertivas, dando ênfase na convivência da criança na sociedade.

A psicoterapia para tratamento do autismo tem como objetivo:

 Primeira sessão

Objetivo: Criar uma relação terapêutica empática Com a criança, ganhar a simpatia e confiança
da criança.

 Segunda sessão

Objetivo: Estimular os comportamentos sociais, como contato visual e comunicação funcional;

Atividades: vou optar no uso de determinados recursos comunicativos para facilitar o


processamento da informação e consequentemente a resposta e aprendizagem da criança, como

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por exemplo, empregar frases objetivas e curtas, evitar uso de muitas metáforas, palavras e
expressões de duplo sentido. Em situações específicas também vou buscar desenvolver
habilidades com metáforas.

Incentivar a criança a chamar outras pessoas pelo nome. Por exemplo: a professora e os
amiguinhos mais próximos. Usando da psicoterapia ocupacional vou aproveitar os momentos de
maior atenção da criança para conversar com ela, usando palavras simples e frases curtas. Ajude
a criança a compreender as brincadeiras sempre explicando antecipadamente o que vai acontecer
com frases curtas e diretas (com objetivos explícitos). No final dessa sessão podemos ver
melhorias em Habilidade para ir ao banheiro, vestir-se, escovar os dentes, pentear cabelos, calçar
sapatos, comer sozinho etc.

Terceira sessão

Objetivo: Incentivar os comportamentos acadêmicos como a leitura, escrita e o aprendizado


da matemática

Nesta secao vou ajudar a crianca em atividades de Habilidades visuais para leitura e escrita, desta
forma vou utilizar recursos visuais como desenhos, figuras, fotografias, vídeos ou objetos
concretos associados ao especto que se pretende desenvolver ou à atividade planejada, pode
ajudar na compreensão e interesse de crianças e adultos com TEA. Vou Usar quadros de rotina
diária no orfanato, na terapia e na escola, passo a passo de algumas situações do cotidiano, por
exemplo, de como usar o banheiro ou tomar banho. Vou Usar histórias sociais para situações
sociais do cotidiano, como cumprimentar as pessoas, esperar sua vez 23 para falar, despedir-se,
etc.

Nessa secção vai se fazer uso de recursos de tecnologia com computadores, tablets, celulares,
aplicativos, kits de robótica e robôs humanoides, visto que isso despertam o interesse de muitas
crianças com TEA. Habilidades comunicativas, sociais e acadêmicas podem ser promovidas com
o auxílio destes e de outros recursos tecnológicos. Vai se optar também em leitura de histórias.
Usar livros que contenham muitas imagens grandes e coloridas e histórias curtas. Não é
necessário para ler exatamente o que está escrito, porém vou adaptar para algo que seja do
interesse da criança.

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Quarta secção

Objetivo: Reforçar as atividades da vida diária como higiene pessoal também Reduzir os
comportamentos problemáticos como agressões, estereotipias, auto lesões, agressões verbais, e
fugas.

Usando a terapia ocupacional Podem ser aproveitadas as situações do cotidiano como o


momento do banho do banho, da alimentação, de vestir-se, assistir TV, no brincar, no passeio,
para dizer o nome e as funções dos brinquedos, objetos, partes do corpo.

Nesta secção vai se Buscar oportunidades para elogiar a criança. Ensinando-a a forma adequada
de se comunicar, compartilhar, esperar, etc Fazer pedidos que se sabe que a criança pode realizar
para promover situações em que ela é “bem-sucedida”. Vou dividir as tarefas e atribuições em
partes e passos menores, ou pedir para a criança fazer somente uma parte da tarefa, como por
exemplo: guardar uma peça de cada vez do jogo ao invés de pedir que guarde todas as peças de
uma só vez. Buscando elogiar quando a criança atender as solicitações.

Buscar formas de modificar o ambiente e as situações em que ocorre o comportamento


considerado inadequado como agressões, Por exemplo: O excesso de sons misturados, televisão,
pessoas circulando podem ser incômodos e podem estar relacionados a esses comportamentos.

Quinta secção

Objetivo: Estimular a coordenação motora ampla e o equilíbrio, Apoiar o desenvolvimento da


coordenação motora fina, desenvolver Consciência corporal e sua relação com os outros;

Nesta secção vou promover atividades físicas de carater desportivas, como o andar de bicicletas,
estimular atividades motoras que também incentivem o compartilhamento das situações como
jogo de boliche, basquete, futebol, jogar bola um para o outro ou jogar para o alto e pegar,
sempre mostrando como essas situações podem ser prazerosas.

Sexta secção

 Objetivo: Brincar funcional, resolução de problemas e habilidades sociais;

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Vou usar interesses específicos e preferências da criança para incentivar habilidades e talentos.
Neste caso vou usar o interesse restrito para se aproximar da criança ou para despertar o interesse
em assuntos que ela a princípio ela não se interessa.fazer uso de jogos, brincadeiras e atividades
que incentivam a atenção compartilhada e simbolização são muito importantes. Vai se usar
bonecos, “ursos’ de pelúcia e outros brinquedos para dar banho, fazer “comidinha”, dividir o
lanche, fazer um passeio e imitar outras situações do cotidiano. Brincadeiras simples com
bolinhas de sabão e cócegas podem proporcionar situações muito importantes em relação ao
contato visual, atenção compartilhada e habilidades sociais, por exemplo. Vai se usar fantasias,
capas e chapéus de personagens de desenhos ou filmes que a criança goste para compartilhar
situações prazerosos.

Sétima secção

 Objetivo: Integração dos sentidos, realizado através da abordagem de integração


sensorial com objetivo de diminuição de estereotipias.
Muitas pessoas com TEA apresentam alguma particularidade sensorial em diferentes graus.
Algumas crianças são muito sensíveis quanto à recepção de informações sensoriais. Por
exemplo: grande incomodo com sons muito intensos (estímulo auditivo) ou não toleram a
sensação da etiqueta em suas camisetas (estímulo tátil). Por outro lado, algumas crianças
aparentam ser pouco sensíveis a estímulos sensoriais, ou seja, necessitam de uma maior
intensidade de estímulo para que este seja percebido. Por exemplo, algumas crianças buscam a
sensação de pressão tátil intensa ao serem massageadas ou ao serem firmemente enroladas em
cobertores. Vou utilizar estratégias que envolvam atividades psicomotoras e sensoriais com água,
areia, diferentes texturas, usar massinha, molas, pula-pula, redes, tapetes, bolas de diferentes
tamanhos.

Oitava secção

Objetivo

Promover situações que incentivem a convivência com outras crianças ou pessoas da mesma
faixa etária. Na escola a criança pode sentar-se próxima ao professor e ao lado de outras crianças

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“comunicativas” que auxiliem na interação social. Sempre propiciar situações de trabalho em
grupo, observando como a criança se comporta e sempre buscando favorecer a interação dele
com os outros alunos.

Nona secção

Objetivo: Manutenção e listagem dos ganhos terapêuticos, prevenção de recaída e preparação


para alta.

Visto que esta criança vai precisar de um acompanhamento contínuo ao longo da sua infância,
este não e o término do processo terapêutico no seu todo, apenas é o fim de uma fase, neste
último contato vai se Transferir habilidades aprendidas em um ambiente para outro.
Monitoramento de dados: registrar e analisar o progresso da criança para ajustar o plano de
intervenção.

Depois deste processo de psicoterapia almeja-se que a criança com autismo seja capaz de:

 Desenvolver relacionamentos com seus pares e adultos;

 Aprender a se concentrar em tarefas;

 Expressar sentimentos em formas mais adequadas;

 Envolver-se em jogo com os pares;

 Aprender a se autorregular;

 Realizar atividades mais refinadas como: escovar dentes, fazer laço, tomar banho
sozinho, vestir-se etc.

 Independência;

 Aprendizagem;

 Autoconfiança

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CAPÍTULO III: Revisão de literatura

2. Transtornos do espectro autista

Segundo Santos (2019), Transtornos do espectro autista (Transtornos Globais do


Desenvolvimento F84, diagnostico diferencial transtorno de desenvolvimento intelectual,
mutismo seletivo) são distúrbios do neurodesenvolvimento caracterizado por deficiente interação
e comunicação social, padrões estereotipados e repetitivos de comportamento e desenvolvimento
intelectual irregular, frequentemente com retardo mental.

Os sintomas começam cedo na infância. Na maioria das crianças, a causa é desconhecida,


embora existam evidências de um componente genético; em alguns pacientes, as doenças podem
estar associadas a uma causa médica. O diagnóstico é baseado na história sobre o
desenvolvimento e observação (Santos, 2019). O tratamento consiste no controle do
comportamento e às vezes tratamento medicamentoso.

O TEA é um transtorno do desenvolvimento neurológico que se carateriza,


principalmente, pelo comprometimento da habilidade de comunicação e interação social, assim
como por comportamentos estereotipados e interesses repetitivos e/ou restritos. Uma das
principais características do autismo é a dificuldade de interação social. Transtornos do espectro
autista representam uma gama das diferenças do neurodesenvolvimento que são consideradas
transtornos do desenvolvimento neurológico (Santos, 2019).

Distúrbios de neurodesenvolvimento são condições neurológicas que aparecem


precocemente na infância, geralmente antes da idade escolar, e afetam o desenvolvimento do
funcionamento pessoal, social, acadêmico e/ou profissional. Normalmente envolvem
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dificuldades na aquisição, retenção ou aplicação de habilidades ou conjuntos de informações
específicas (Santos, 2019). Distúrbios de neurodesenvolvimento podem envolver distúrbios de
atenção, memória, percepção, linguagem, solução de problemas ou interação social. Outros
transtornos neurodesenvolvimentais comuns incluem transtorno de deficit de
atenção/hiperatividade, transtornos de aprendizagem (p. ex., dislexia) e deficiência intellectual
(Santos, 2019).

As estimativas atuais da prevalência de transtornos do espectro do autismo estão no


intervalo de 1/54 nos Estados Unidos, com intervalos semelhantes em outros países. O autismo é
cerca de 4 vezes mais frequente entre meninos. Na última década houve um aumento no
diagnóstico dos transtornos do espectro autista, parcialmente devido às alterações dos critérios
diagnósticos.

2.1. Tipos de autismo

Segundo Savieque (2018), Os diferentes tipos de autismo: transtorno autista, síndrome de


Asperger, transtorno invasivo do desenvolvimento e transtorno desintegrativo da infância são
denominados Transtornos do Espectro Autista (TEA).

Em 2013, a American Psychiatric Association revisou o Manual Diagnóstico e Estatístico


de Transtornos Mentais (DSM-V) e incluiu esses quatro subtipos de autismo no TEA:

Os quatro tipos de autismo

 Síndrome de Asperger

A síndrome de Asperger está na extremidade mais branda do espectro autista, pois a inteligência
pode ser alta e a capacidade de realizar as atividades diárias é preservada. No entanto, a
dificuldade na interação social é muito comum (Savieque, 2018).

 Transtorno invasivo do desenvolvimento

Esse diagnóstico incluía a maioria das crianças com autismo mais grave do que a síndrome de
Asperger, mas não tão grave quanto o transtorno autista (Savieque, 2018).

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 Transtorno autista

Este termo mais antigo era usado para diagnosticar pessoas com os mesmos sintomas da
síndrome de Asperger e do Transtorno invasivo do desenvolvimento, com um nível mais grave
(Savieque, 2018).

 Transtorno desintegrativo da infância

Esse era o diagnóstico para os casos mais graves do espectro — crianças que se desenvolvem
normalmente e depois perdem as habilidades sociais, de linguagem e cognitivas, geralmente
entre 2 e 4 anos (Savieque, 2018).

2.2. Etiologia dos transtornos do espectro do autismo

Para Sulkes (2022), Acredita-se que as principais causas do TEA são fatores genéticos e
ambientais. Sendo que a hereditariedade é a responsável por cerca de 81% dos casos. Dentre os
fatores ambientais, destaca-se que o uso de determinados medicamentos durante a gestação e a
idade avançada do pai sejam fatores que influenciem no desenvolvimento do transtorno.

A causa específica, na maioria das vezes, dos transtornos do espectro do autismo


permanece elusiva. Entretanto, alguns casos ocorrem com a síndrome da rubéola congênita,
doença de inclusão citomegálica, fenilcetonúria, complexo esclerose tuberosa ou síndrome do X
frágil (Sulkes, 2022).

Fortes evidências levam a componentes genéticos. Para pais de uma criança com
transtornos do espectro autista, o risco de ter outro filho com transtorno do espectro do autismo é
cerca de 3 a 10%. O risco é maior (cerca de 7%) se a criança afetada é do sexo feminino e menor
(cerca de 4%) se ela é do sexo masculine (Sulkes, 2022).

A taxa de concordância em gêmeos monozigóticos do autismo é elevada. Pesquisas sobre


famílias sugeriram várias potenciais áreas de genes alvo, incluindo aquelas relacionadas aos
receptores de neurotransmissores (serotonina e ácido gama-aminobutírico [GABA]) e controle
estrutural do sistema nervoso central (genes HOX).

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Houve suspeitas de causas ambientais, mas elas não foram provadas. Há fortes
evidências de que vacinas não causam autismo, e o estudo preliminar que sugeriu essa
associação foi desconsiderado porque seu autor falsificou dados [ver também vacina contra
sarampo, caxumba e rubéola (SCR) (Sulkes, 2022).

As diferenças na estrutura e função cerebrais provavelmente formam a base da etiologia


dos transtornos do espectro autista. Identificaram-se diferenças no cerebelo, na tonsila do
cerebelo, no hipocampo, no córtex frontal e nos núcleos do tronco encefálico (Sulkes, 2022).

2.3. Sinais e sintomas do Transtorno do Espectro Autista

Sulkes (2022), afirma que Transtornos do espectro do autismo podem se manifestar


durante o primeiro ano de vida, mas, dependendo da gravidade dos sintomas, o diagnóstico só
ser claro na idade escolar.

Duas características principais definem transtornos do espectro do autismo:


 Deficits persistentes na comunicação e interação sociais

 Padrões repetitivos restritos de comportamento, interesses e/ou atividades

Essas duas características devem estar presentes em uma idade jovem (embora possam não ser
reconhecidas naquele momento) e devem ser graves o suficiente para prejudicar
significativamente a capacidade da criança de conviver em casa, na escola ou em outras
situações. As manifestações devem ser mais pronunciadas do que o esperado para o nível de
desenvolvimento da criança e ajustadas às normas nas diferentes culturas (Sulkes, 2022).

Exemplos de deficits de comunicação e interação sociais incluem


 Deficits na reciprocidade social e/ou emocional (p. ex., incapacidade de iniciar ou
responder a interações sociais ou conversas, nenhum compartilhamento de emoções)

 Deficits de comunicação social não verbal (p. ex., dificuldade de interpretar a linguagem
corporal, gestos e expressões das outras pessoas; redução nas expressões faciais e gestos
e/ou contato visual)

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 Deficits no desenvolvimento e na manutenção de relacionamentos (p. ex., estabelecer
amizades, ajustar o comportamento a situações diferentes)

As primeiras manifestações observadas pelos pais podem ser atraso no desenvolvimento da


linguagem, não apontar para coisas de certa distância e falta de interesse pelos pais ou em
brincadeiras típicas (Sulkes, 2022).

Exemplos dos padrões, repetitivos e restritos de comportamento, interesses e/ou


atividades incluem
 Falas ou movimentos estereotipados ou repetitivos (p. ex., agitar as mãos ou estalar os
dedos repetidamente, repetir frases idiossincráticas ou ecolalia, alinhar brinquedos)

 Adesão inflexível a rotinas e/ou rituais (p. ex., sentir aflição extrema em pequenas
mudanças nas refeições ou roupas, ter rituais de saudação estereotipados)

 Interesses muito restritos anormalmente fixos (p. ex., preocupação com aspiradores de
pó, pacientes mais velhos que anotam horários de voos)

 Reação exagerada ou falta de reação a estímulos sensoriais (p. ex., aversão extrema a
cheiros, aromas ou texturas específicas; indiferença aparente à dor ou temperatura)

Algumas crianças se autoagridem. Cerca de 25% dos afetados têm perda das
habilidades adquiridas anteriormente.

Todas as crianças com um transtorno do espectro autista têm problemas pelo menos
alguma dificuldade com a interação, comportamento e comunicação; entretanto, a gravidade
dos problemas varia significativamente (Sulkes, 2022).

Uma das teorias atuais comumente defendida afirma que o problema fundamental do
espectro do transtorno do autismo é a "cegueira mental", ou seja, a inabilidade de imaginar o
que a outra pessoa possa estar pensando. Admite-se que esta dificuldade resulte em interações
anômalas, que, por sua vez, levam ao desenvolvimento anormal da linguagem. Um dos
marcadores mais precoces e sensíveis para o autismo é a inabilidade de uma criança de 1 ano
de idade apontar objetos à distância de maneira comunicativa (Sulkes, 2022).

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A hipótese é de que a criança não consegue imaginar que outra pessoa entenda o que
está sendo indicado; no lugar disto, a criança indica o desejado objeto apenas pelo toque físico
ou usando a mão do adulto como ferramenta. Pesquisas recentes também sugerem que
diferenças no processamento sensorial estão por trás das diferenças na interação e comunicação
sociais presentes em crianças pequenas com transtornos do espectro do autism (Sulkes, 2022).

Condições comórbidas são comuns, particularmente deficiência intelectual e distúrbios


de aprendizagem. Os dados neurológicos não focais incluem caminhar incoordenado e
movimentos motores estereotipados (Sulkes, 2022). As convulsões ocorrem em 20 a 40%
destas crianças (particularmente aquelas com quociente de inteligência QI).

2.4. Diagnóstico dos transtornos do espectro autista

 Avaliação clínica

Segundo Marcos (2017), O diagnóstico dos transtornos do espectro autista é clínico e


baseia-se nos critérios do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition
(DSM-5), e requer evidências de comprometimento da interação e comunicação sociais e a
presença de ≥ 2 comportamentos ou interesses estereotipados, repetitivos e restritos (como
descrito anteriormente em Sinais e sintomas dos transtornos do espectro do autismo). Embora as
manifestações dos transtornos do espectro do autismo posam variar significativamente em
termos da extensão e gravidade, as categorizações anteriores como síndrome de Asperger,
transtorno desintegrativo da infância e transtorno invasivo do desenvolvimento são agrupadas
sob transtornos do espectro do autismo e não mais são distinguidas (Marcos, 2017).

Os testes de rastreamento incluem o Social Communication Questionnaire (1) e


a Modified Checklist for Autism in Toddlers, Revised, with Follow-Up (M-CHAT-R/F) 2
(Marcos, 2017).

Testes diagnósticos padrão formais, como o Autism Diagnostic Observation Schedule-


Second Edition (ADOS-2), baseados nos critérios do DSM-5, normalmente são aplicados por
psicólogos ou pediatras especialistas em desenvolvimento e comportamento. Outra ferramenta

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comumente usada é a Childhood Autism Rating Scale-Second Edition (CARS2; 3), que também
tem uma versão para testar pessoas com alta funcionalidade (Marcos, 2017).

As crianças com transtornos do especto autista são difíceis de testar e geralmente saem-se
melhor nos itens de desempenho do que nos testes de QI, podendo revelar exemplos de
desempenhos próprios da idade, apesar do retardo na maioria dos demais testes. Entretanto, o
diagnóstico confiável dos transtornos do espectro do autismo está se tornando cada vez mais
disponível em idades mais jovens (Marcos, 2017). Um teste de QI bem aplicado por um
examinador experiente pode fornecer prognósticos úteis.

Além dos testes padronizados, recomendam-se exames metabólicos e genéticos para


ajudar a identificar doenças tratáveis ou hereditárias como distúrbios metabólicos
hereditárias e síndrome do X frágil (Marcos, 2017).

2.5. Tratamento do Transtorno do Espectro Autista

Segundo Fernandes (2021), O TEA não tem cura, no entanto, a realização de terapias é
essencial para o melhor desenvolvimento do indivíduo, e essas intervenções devem ser iniciadas
antes mesmo de um diagnóstico completamente fechado. Em alguns casos em que o indivíduo
apresenta, por exemplo, autoagressividade, irritabilidade, hiperatividade, insônia, entre outros
sintomas, pode ser necessária a administração de medicamentos, os quais serão indicados pelo
médico responsável. Em geral pode-se usar a seguinte via de intervencao:

 Psicoterapia de Análise comportamental aplicada

 Fonoterapia

 Ocasionalmente terapia física e ocupacional

 Terapia medicamentosa

O tratamento dos transtornos do espectro do autismo é geralmente multidisciplinar, e


estudos recentes mostram benefícios mensuráveis de abordagens baseadas no comportamento
que encorajam a interação e a compreensão da comunicação. Psicólogos e educadores dão ênfase
a uma análise do comportamento e a seguir cruzam as estratégias de orientação comportamental

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com os problemas específicos de comportamento da pessoa em casa ou na escola (Fernandes,
2021).

A análise comportamental aplicada (ACA) é uma abordagem terapêutica em que as


crianças aprendem habilidades cognitivas, sociais ou comportamentais específicas de maneira
gradual. Pequenas melhorias são reforçadas e progressivamente fomentadas para melhorar,
mudar ou desenvolver comportamentos específicos em crianças com TEA (Fernandes, 2021).
Esses comportamentos incluem habilidades sociais, habilidades de linguagem e comunicação,
leitura e habilidades acadêmicas, bem como habilidades aprendidas como habilidades de
autocuidado (p. ex., tomar banho, higiene), habilidades de vida diária, pontualidade e
competência profissional. Também utiliza-se essa terapia para ajudar as crianças a minimizar
comportamentos (p. ex., agressão) que podem interferir em seu progresso (Fernandes, 2021).
Adapta-se a terapia de análise comportamental aplicada para atender às necessidades de cada
criança; em geral, a terapia é projetada e supervisionada por profissionais certificados em análise
comportamental. Nos Estados Unidos, a ACA pode estar disponível como parte de um Plano
Educacional Individualizado (IEP) por meio de escolas e, em alguns estados, é coberta pelo
seguro de saúde. O modelo Developmental, Individual-diferences, Relationship-based (DIR®),
também chamado Floortime, é outra abordagem intensiva baseada no comportamento. O DIR®
baseia-se nos interesses e atividades preferidas da criança para ajudar a construir habilidades de
interação social e outras habilidades. Atualmente, há menos evidências apoiando o
DIR/Floortime do que a ACA, mas as duas terapias podem ser eficazes.

A terapia da fala e linguagem deve começar cedo e utilizar uma variedade de métodos,
incluindo sinais, troca de fotos e dispositivos de comunicação aprimorada como aqueles que
geram fala com base em sinais que a criança seleciona em um tablet ou dispositivo portátil, bem
como fala. Fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais planejam e implementam estratégias para
ajudar as crianças a compensarem deficits específicos da função motora e processamento
sensorial (Fernandes, 2021).

Tratamento medicamentoso pode ajudar a aliviar os sintomas. Há evidências de que


fármacos antipsicóticos atípicos (p. ex., risperidona, aripiprazol) ajudam a aliviar problemas
comportamentais, como comportamentos ritualísticos, autoprejudiciais e agressivos. Outros
fármacos são às vezes utilizados para controlar sintomas específicos, incluindo inibidores

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seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) para comportamentos ritualísticos, estabilizadores
de humor (p. ex., valproato) para comportamentos intempestivos e de autolesão e estimulantes e
outros fármacos para transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) para desatenção,
impulsividade e hiperatividade (Fernandes, 2021).

Teste psicológico: Não existe um exame que possa determinar que a pessoa está no
espectro do autismo. Ao contrário disso, o diagnóstico é clínico e feito de maneira observacional,
com apoio de uma equipe multidisciplinar e de profissionais da neuropediatria ou psiquiatria
infantile (Fernandes, 2021).

HISTÓRIA CLÍNICA

TP, 6 anos, sexo masculino, Negro, foi levado pelas tias do Orfanato pronvicial de chimoio ao
ambulatório por queixa de atraso na fala. As tias do Orfanato relata que a criança nasceu de parto
normal, a termo, sem intercorrências na gestação ou no parto. As tias relatam também que a
criança sentou-se sem apoio aos seis meses de idade, engatinhou de forma típica aos 10 meses de
idade, andou sem apoio aos 14 meses de idade e sempre apresentou irritabilidade fácil.
Atualmente, a criança não fala nenhuma palavra, é agitado, irrita-se com sons altos, não interage
com crianças da mesma idade ou com adultos. A criança apresenta ainda dificuldades
significativas na alimentação, evitando alimentos mais consistentes, além de apresentar sono
fragmentado.

ROTEIRO DE ANAMINESE

 Identificação

Nome: TP

Idade: 6 anos

Sexo: Masculino

Residência: Orfanato provincial

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Habilitação literária: nenhum

 Queixa Principal

Atraso na fala

 Historia da doença atual

. Atualmente, a criança não fala nenhuma palavra, é agitado, irrita-se com sons altos, não
interage com crianças da mesma idade ou com adultos. A criança apresenta ainda dificuldades
significativas na alimentação, evitando alimentos mais consistentes, além de apresentar sono
fragmentado.

 História Pregressa

As tias relatam também que a criança sentou-se sem apoio aos seis meses de idade, engatinhou
de forma típica aos 10 meses de idade, andou sem apoio aos 14 meses de idade e sempre
apresentou irritabilidade fácil.

 Antecedentes Patológicas pessoais

Não revelado

 Antecedentes Patológicos Familiar

Não revelado

 História Psicossocial

a criança sentou-se sem apoio aos seis meses de idade, engatinhou de forma típica aos 10 meses
de idade, andou sem apoio aos 14 meses de idade e sempre apresentou irritabilidade fácil

 Exame Físico

Não revelado

 Exame do estado Mental


 Função de síntese

Afetividade (humor): Irritabilidade, apresenta muita agressividade quando exposto a barulho,


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Pensamento e linguagem: mutismo (ausência da fala)

Consciência: obnubilação, depressão sensorial.

 Função conductual

Tem insónia, falta de apetite, fala fluentemente e com boa articulação.

 Função de Relação

Teve alguma dificuldade no trabalho.

 Hipótese de diagnóstico

Transtornos do espectro autista (Transtornos Globais do Desenvolvimento F84)

Diagnóstico

Autismo

 Diagnóstico diferencial

Transtorno de desenvolvimento intelectual

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CAPITULO IV: Considerações finais

3. Conclusão

Diante do exposto, com a intervenção intensiva nos primeiros dias nota-se um impacto
significativo sobre o funcionamento da criança autista.

Em alguns casos, permite que venham a participar integralmente do sistema educacional regular,
enquanto em outros, apesar de progressos

substanciais, persistem sintomas significativos. Embora seja mais fácil obter ganhos
educacionais

e linguísticos do que habilidades sócio-emocionais, tem havido progressos importantes também

na modificação de comportamentos interpessoais complexos. A pesquisa documentou melhorias

significativas nos comportamentos sócio-emocionais de crianças autistas subsequentes ao

tratamento intensivo

Os estudos sobre os efeitos das intervenções no comportamento sócio-emocional de crianças

autistas empregaram duas abordagens. Uma delas utiliza o formato de grupos,


comparando dois

21
ou mais tratamentos diferentes para avaliar o impacto das intervenções. A outra utiliza

planejamentos envolvendo sujeito-único, mais frequentemente com um desenho de


reversão ou

de linha de base múltipla, no qual um pequeno número de participantes é exposto

sistematicamente a duas ou mais condições diferentes para examinar o impacto sobre a


aquisição

de habilidades. No formato de reversão, o tratamento ocorre na sequência de uma condição


de

linha de base; posteriormente retorna-se à linha de base e, se o tratamento foi eficaz,


retorna-se à

condição de tratamento. No desenho de linha de base múltipla, um tratamento é avaliado

sistematicamente em várias crianças, contextos ou comportamentos, cada um por sua vez.


Os

estudos sobre comportamento sócio-emocional são realizados mais frequentemente em


contextos

de pequenos grupos ou de sala de aula, adequada para a habilidade que está sendo
ensinada,

embora possa ocorrer alguma capacitação individual antes do ingresso no grupo.

O tratamento intensivo precoce deve incluir, além de “aulas” específicas planejadas, um

componente sócio-emocional integrado no decorrer do dia. Grande parte da interação


inicial de

crianças pequenas se dá com adultos, mas as intervenções devem incluir o envolvimento

sistemático com crianças da mesma idade ou um pouco mais velhas que sejam capazes de
seguir

22
orientações simples para envolver a criança autista. Para crianças em idade pré-escolar,
essa

exposição deve ser expandida o mais rapidamente possível, levando em conta o nível de

funcionamento da criança. Devem ser utilizados muitos parceiros, e estes devem ser
apoiados no

sentido de abordar socialmente a criança autista, além de lhe ensinar como iniciar contatos
com

pares e responder às suas iniciativas. Nem todas as crianças autistas estarão prontas para

ampliar a interação com pares, mas as questões de comunicação, manejo de


comportamentos

desafiadores e aumento de percepção dos outros podem ser precursores da brincadeira


com

crianças da mesma idade

Referências bibliográficas

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