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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE EDUCAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE

MARIA ERICA MOURA DE AQUINO

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO


PSICOMOTOR DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
(TEA)

FORTALEZA – CEARÁ
2020
MARIA ERICA MOURA DE AQUINO

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO


PSICOMOTOR DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Especialização em
Psicomotricidade do Centro de Educação da
Universidade Estadual do Ceará, como
requisito parcial à obtenção da certificação de
especialista em Psicomotricidade.

Orientadora: Prof.ª M.ª Raimunda Cid Timbó.

FORTALEZA – CEARÁ
2020
MARIA ERICA MOURA DE AQUINO

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO


PSICOMOTOR DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA-TEA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Especialização em
Psicomotricidade do Centro de Educação da
Universidade Estadual do Ceará, como
requisito parcial à obtenção da certificação de
especialista em Psicomotricidade.

Trabalho aprovado em: 14 de agosto de 2020.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________
Prof.ª M.ª Raimunda Cid Timbó (Orientadora)
Universidade Estadual do Ceará – UECE

__________________________________________________________
Prof.ª M.ª Dayse Campos de Sousa
Universidade Estadual do Ceará – UECE

__________________________________________________________

Prof.ª M.ª Maria Adriana Borges dos Santos


Universidade Estadual do Ceará – UECE
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que sempre me deu força e garra para lutar por todos os meus sonhos,
e a conquistá-los.
A minha família, que sempre acreditou em mim, me apoiando. Ao meu esposo que faz parte
de cada conquista e vibra com cada vitória.
E as crianças com TEA, que me fazem enxergar um mundo com outros olhos.
RESUMO

A presente pesquisa buscou compreender a psicomotricidade no desenvolvimento psicomotor


de criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA), para isso buscou-se primeiramente
conhecer a Psicomotricidade que é uma ciência que visa estudar o homem, por meio de seu
corpo em movimento, a interação deste homem com os estímulos internos e externos, a sua
forma de agir com o outro, com os objetos que o cercam e consigo mesmo. A
Psicomotricidade utiliza alguns conceitos, tais como o desenvolvimento motor, o esquema
corporal, o tônus, a imagem corporal, a linguagem, a orientação espaço temporal e a
lateralidade que permitem compreender melhor “o ser” em movimento. Em seguida um
estudo sobre o autismo, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM–
V), classifica o Transtorno do Espectro Autista (TEA), como sendo um transtorno do
neurodesenvolvimento, o qual se manifesta nos primeiros anos de vida e pode ser
caracterizado por déficits na comunicação, na interação social, apresentando comportamentos
repetitivos e movimentos estereotipados. Nesse sentido, o presente trabalho teve por objetivo
compreender a contribuição da psicomotricidade no desenvolvimento psicomotor da criança
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) partindo da sustentação teórica sobre a
psicomotricidade e suas principais bases teóricas, bem como do conhecimento existente sobre
o transtorno do espectro autista, alguns estudos epidemiológicos e as características
apresentadas pela criança autista. O estudo foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica
exploratória em livros e artigos científicos, onde foram analisados temas relevantes sobre o
assunto escolhido para o estudo, de autores que tornaram mais compreensível o tema e
embasaram a temática abordada. Com base na pesquisa pudemos perceber que as crianças
com TEA apresentam déficits nas habilidades motoras, cognitivas, sensoriais, emocionais e
sociais que evidenciam dificuldades ou atrapalham a execução de atividades básicas do
cotidiano, resultando marcantes prejuízos. Observamos que a psicomotricidade ajuda a
criança com espectro autista a superar algumas de suas dificuldades, permitindo seu
desenvolvimento psicomotor.

Palavras-chave: Psicomotricidade. Desenvolvimento Psicomotor. Transtorno do Espectro


Autista (TEA).
ABSTRACT

The present research sought to understand psychomotricity in the psychomotor development


of a child with Autistic Spectrum Disorder (ASD), for this purpose we first sought to know
Psychomotricity which is a science that aims to study man, through his body in movement,
interaction of this man with internal and external stimuli, his way of acting with the other,
with the objects that surround him and with himself. Psychomotricity uses some concepts,
such as motor development, body scheme, tone, body image, language, time-space orientation
and laterality that allow a better understanding of “being” in movement. Then a study on
autism, the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM – V), classifies
Autistic Spectrum Disorder (ASD) as a neurodevelopmental disorder, which manifests itself
in the first years of life and can be characterized by deficits in communication, in social
interaction, presenting repetitive behaviors and stereotyped movements. In this sense, the
present study aimed to understand the contribution of psychomotricity in the psychomotor
development of children with Autistic Spectrum Disorder (ASD) based on the theoretical
support on psychomotricity and its main theoretical bases, as well as the existing knowledge
about spectrum disorder. autistic, some epidemiological studies and the characteristics
presented by the autistic child. The study was carried out by means of exploratory
bibliographic research in books and scientific articles, where relevant themes were analyzed
on the subject chosen for the study, by authors who made the theme more understandable and
supported the theme addressed. Based on the research, we could see that children with ASD
have deficits in motor, cognitive, sensory, emotional and social skills that show difficulties or
hinder the performance of basic daily activities, resulting in marked losses. We observed that
psychomotricity helps children with autism spectrum to overcome some of their difficulties,
allowing their psychomotor development.

Keywords: Psychomotricity. Psichomotor development. Autism spectrum desordem (ASD).


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7
2 OBJETIVOS............................................................................................................... 10
2.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 10
2.2 Objetivos específicos.................................................................................................. 10
3 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 11
3.1 Fundamentos históricos da psicomotricidade ........................................................... 11
3.2 Áreas de atuação da Psicomotricidade ...................................................................... 15
3.3 Desenvolvimento Psicomotor ..................................................................................... 16
3.4 Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) Definições e características ................. 17
3.5 Psicomotricidade e desenvolvimento de crianças com Transtorno do Espectro
Autista TEA................................................................................................................. 25
4 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 32
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 34
7

1 INTRODUÇÃO

Psicomotricidade é uma ciência fundamental no desenvolvimento da criança, em


que a mesma deve ser estimulada sempre para que se possa ter uma formação integral das
habilidades motoras, associadas aos aspectos cognitivos, emocionais e sociais, com a
finalidade de compreender e melhorar o comportamento da criança com seu corpo,assim
como seu corpo em movimento.
A Psicomotricidade se define como “Uma ciência que estuda a conduta motora
como expressão do amadurecimento e desenvolvimento da totalidade psico-física do homem
(LE BOULCH, 1980, p.27) e tem como um dos objetivos principais fazer com que o
indivíduo descubra seu próprio corpo em relação com seu mundo interno e externo, e sua
capacidade de movimento-ação.
Segundo Fonseca (2007, p. 28) a Psicomotricidade estuda e investiga as relações e
as influências, recíprocas e sistêmicas, entre o psiquismo e a motricidade.
Autismo é um transtorno complexo do desenvolvimento que envolve atrasos e
comprometimentos nas áreas de interação social e linguagem incluindo uma ampla gama de
sintomas emocionais, cognitivos, motores e sociais (GREENSPAN; WIEDER, 2006).
A pesquisa tem como objetivo geral compreender a contribuição da
psicomotricidade no desenvolvimento psicomotor de crianças com TEA.
Assim, este estudo possibilita identificar e conhecer os atrasos do
desenvolvimento psicomotor em crianças com Transtorno do Espectro Autista.
Nesta perspectiva, pressupõe-se que trabalhar com as funções psicomotoras das
crianças com TEA facilite as mesmas, o retorno as suas atividades cotidianas, e isto só é
possível através de uma organização corporal.
A partir dessa reflexão surgiu uma questão norteadora, de que forma a
psicomotricidade poderia auxiliar no desenvolvimento psicomotor de criança dentro do
espectro autista?
O interesse pela pesquisa surgiu a partir da minha atuação profissional, enquanto
Terapeuta Ocupacional no ambiente domiciliar, no qual tive a oportunidade de me relacionar,
observar, registrar e acompanhar as dificuldades psicomotoras, cognitivas, afetivas e sociais
sobretudo, quanto ao corpo, vivenciadas por crianças com TEA. Essas dificuldades podem
influenciar e comprometer o desempenho dessas crianças no ambiente escolar, familiar e
social, afetando assim, o desenvolvimento das atividades básicas (alimentação, higiene,
vestuário e atividades do cotidiano. Espera-se que esse trabalho sirva como um guia de
8

orientação para beneficiar crianças com TEA, pais, familiares e rede de apoio, são vários os
motivos dessas dificuldades e vão desde problemas mais sérios de incapacidade intelectual,
até pequenas desadaptações que, quando não cuidadas, se transformam em obstáculos para
uma aprendizagem significativa. (OLIVEIRA, 1997).O transtorno do espectro autista, em
função de suas características, exige um acompanhamento permanente, com estratégias de
intervenções que dêem respostas as necessidades e aos déficits apresentados (FERREIRA,
2016).
Estas intervenções devem “[...] estimular as áreas da cognição, socialização, da
comunicação, da autonomia, do comportamento, do jogo e das competências educacionais”
(FERREIRA, 2016, p. 12).
Várias são as abordagens neuropsicológicas, de intervenção que procuram dar
respostas a desafios associados a esta perturbação. Deste modo, a intervenção, através da
psicomotricidade pode ajudar a diminuir os comportamentos associados ao autismo, e
apresentar estratégias que promovam maior independência e apresentem respostas adequadas
às necessidades das crianças com o transtorno do espectro do autismo. Diante de suas
características, as pessoas com autismo necessitam de tratamentos e técnicas de aprendizagem
apropriada para minimizar as suas dificuldades e potencializar as suas habilidades positivas
(GAUDERER, 1997).
A esse respeito Levin (2011) discorre que: “apesar de muitas vezes a intervenção
do psicomotricista ser requerida para intervir clinicamente em casos de autismo e psicose, a
bibliografia e casuística sobre esta temática é escassa no âmbito psicomotor” (LEVIN, 2011,
p. 191).
Para melhor explanação e compreensão do conteúdo, esta pesquisa está
organizada em três seções que respondem ao problema de pesquisa. Na primeira seção
apresenta-se um breve histórico da Psicomotricidade, bem como seus conceitos, na segunda
seção cita-se o Autismo até a mudança para o termo TEA, bem como suas definições e
características, na terceira seção busca-se compreender a contribuição da Psicomotricidade
para o desenvolvimento de crianças com TEA.
Na elaboração do trabalho, a metodologia utilizada foi à pesquisa bibliográfica,
pois justifica e norteia o trabalho proposto, e a necessidade de fundamentação e de subsídios
teórico-científicos sobre a relação da psicomotricidade e o desenvolvimento psicomotor da
criança com transtorno do espectro autista. Segundo Fonseca (2002) citado por Gerhardt e
Silveira (2009), a pesquisa bibliográfica é realizada a partir de publicações previamente
analisadas, que podem ser encontradas em meios eletrônicos e escritas, artigos publicados nos
9

sites Google acadêmico e Scielo, Também utilizou como referenciais as teses, dissertações e
livros com a temática. Estudo de caráter descritivo de natureza qualitativa, a pesquisa
qualitativa se caracteriza, segundo Gerhardt e Silveira (2009, p. 31), em não se preocupar
“com representatividade numérica, mas sim, com o aprofundamento da compreensão de um
grupo social, de uma organização”, proporcionando uma melhor visão e compreensão do
contexto do problema.
Nesta pesquisa foi feito estudo bibliográfico de autores como FONSECA (2008),
LEVIN (2001), AUCOUTURRIER (1986), MARQUES (2000), SIEGEL (2008) e BRAGA
(2018) dentre outros, a cerca da contribuição da psicomotricidade para o desenvolvimento
psicomotor de crianças com Transtorno do Espectro Autista. A partir da leitura bibliográfica
levantada, constitui-se o referencial teórico necessário para uma visão geral do tema.
10

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Compreender a contribuição da psicomotricidade no desenvolvimento de crianças


com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

2.2 Objetivos específicos

- Analisar os atrasos do desenvolvimento psicomotor da criança com autismo;


- Discutir sobre as repercussões das disfunções psicomotoras em crianças com
autismo.
11

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Fundamentos históricos da psicomotricidade

Historicamente a psicomotricidade emerge com o discurso médico em primeiro


lugar, por neurologistas principalmente por necessidade de compreensão das estruturas
cerebrais, e posteriormente por psiquiatras, para a classificação de fatores patológicos. No
início do século XX foi criado o termo “psicomotricidade” por Dupré, um médico
neuropsiquiatra, o qual introduziu e relacionou questões entre desenvolvimento motor e
desenvolvimento cognitivo (COSTA, 2008; SANTOS, 2015).
Dupré, neurologista francês que, em 1907, a partir de seus estudos clínicos, define
a síndrome da debilidade motora, composta de sincinesias (movimentos involuntários que
acompanham uma ação), paratonias (incapacidade para relaxar voluntariamente uma
musculatura) e inabilidades, sem que lhes sejam atribuídos danos ou lesão extrapiramidal. Ele
rompeu com os pressupostos da correspondência biunívoca entre a localização neurológica e
perturbações motoras da infância e formulou a noção de psicomotricidade através de uma
linha filosófica neurológica, evidenciando o paralelismo psicomotor, ou seja, a associação
estreita entre o desenvolvimento da psicomotricidade, inteligência e afetividade. A patologia
cortical, a neurofisiologia e a neuropsiquiatria são conhecidas como as três vias de acesso do
conceito de psicomotricidade. (LEVIN, 2003, p. 24).
A história da psicomotricidade é solidária à história do corpo. Ao longo desta
história foram registradas perguntas: como explicar as emoções, as sensações do corpo e qual
a relação entre corpo e alma; por que diferenciá-los? (BARTHES, 1996 apud LEVIN, 2003,
p. 22).
O percurso histórico da psicomotricidade marcado profundamente por Levin
(1995, p. 31), demarca uma virada fundamental na concepção teórico-prática do campo
psicomotor, situando, portanto, o terceiro corte epistemológico, em que o olhar do
psicomotricista já não está mais centrado num corpo em movimento, mas num sujeito
desejante com seu corpo em movimento.
O francês Jean Le Boulch (1983), um dos precursores da utilização da educação
psicomotora nas aulas de educação física afirma que a corrente educativa da psicomotricidade
surgiu na França, em 1966, pela fragilidade dessa disciplina, pelo fato dos professores de
educação física não conseguirem desenvolver uma educação integral do corpo. Para ele,
12

muitos desses professores centravam sua prática pedagógica nos fatores ligados à execução
dos movimentos, tendo como principal objetivo de sua ação educativa chegar à perfeição
desses movimentos, de forma mecânica.
A Psicomotricidade tem por objeto de estudo a globalidade do ser humano, no
plano teórico e prático, ela combate a dicotomia do soma e do psíquico, ensaiando pelo
contrário a sua fusão e unificação complexa e dialética (FONSECA, 2007, p. 36).
Desse modo a Psicomotricidade de Le Boulch (1983) justifica sua ação
pedagógica colocando em evidência a prevenção das dificuldades pedagógicas, dando
importância a uma educação do corpo que busque um desenvolvimento total da pessoa, tendo
como principal papel na escola preparar seus educandos para a vida, utilizando métodos
pedagógicos renovados, procurando ajudar a criança a se desenvolver da maneira possível,
contribuindo dessa forma para uma boa formação da vida social.
No entanto, entende-se que psicomotricidade é uma prática que trabalha com
diferentes perspectivas como, por exemplo, educação, reeducação e terapia e clínica
psicomotora com seus métodos e técnicas próprias, com finalidade de auxiliar a criança
aprender e integrar sua corporeidade.
Para a psicomotricidade, o corpo é o meio pelo qual o indivíduo se exprime. Levin
(2001) diz que o indivíduo fala através do seu corpo, ou seja, das variações tónico-motoras,
do movimento, dos gestos e das posturas.
Seixas, citado por Gonçalves (2011), ressalta que a psicomotricidade é uma
possibilidade de intervenção com crianças autistas, uma vez que promove o desenvolvimento
em várias características que estas crianças apresentam como, por exemplo, nos movimentos
estereotipados, que fortalecem a interiorização da criança ao se movimentar em torno de si
mesma e dificultam a relação desta com o mundo exterior. A psicomotricidade irá facilitar o
processo de aprendizagem, uma vez que por meio de vivências corporais,trabalha a
consciência corporal, a afetividade, a cognição e a motricidade.
O termo Psicomotricidade tem como significado “A capacidade de determinar e
coordenar mentalmente os movimentos corporais; a atividade ou conjunto de funções
motoras.” (FERREIRA, 2009, p. 1654).
De acordo com Marques (2010), a conquista do vínculo e da comunicação pode se
tornar difícil, devido à dificuldade que a criança autista tem em descentrar-se de seu próprio
corpo e abrir espaços para novas relações.
13

Ao iniciar as intervenções com a criança autista, independente das características


que esta apresenta, é importante que o psicomotricista estipule algum tipo de comunicação e
estabeleça um vínculo que contribuirá para o desenvolvimento dessa criança.
Klinger e Dawson (1992) citados por Gonçalves (2011) apontam que o
psicomotricista deve inicialmente a partir da imitação dos movimentos estereotipados e
repetitivos da criança autista, para estabelecer uma conexão com ela. Assim, aos poucos, será
possível introduzir pausas e mudanças de ritmo nesses movimentos. Os autores ainda
ressaltam que o lúdico tem um papel importante, pois favorece a cumplicidade entre os
envolvidos.
A Associação Brasileira de Psicomotricidade (2019) declara:

Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do


seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está
relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições
cognitivas, afetivas e orgânicas. Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado
para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das
experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua
linguagem e sua socialização. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
PSICOMOTRICIDADE, 2019, p.01).

Podemos dizer que existe uma conexão entre nossa mente, nosso corpo e nossas
emoções, através da psicomotricidade podemos estudar o corpo, mente e emoção, de acordo
com a nossa forma de agir e pensar, de maneira ordenada e organizada tornando melhor sua
interação no espaço social.
Caracteristicamente, podemos dizer, então, que a psicomotricidade, através de
atividades afetivas e psicomotoras, constitui-se num fator de equilíbrio na vida das pessoas,
expresso na interação entre o espírito e o corpo, a afetividade e a energia, o indivíduo e o
grupo, promovendo a totalidade do ser humano.
É interessante notar que a função das atividades da psicomotricidade é bem ampla
e pode abranger vários aspectos da criança, considerando também as especificidades que o
autismo se manifesta nas crianças.
Uma criança ao perceber os estímulos do meio através dos seus sentidos, suas
sensações e seus sentimentos, age sobre o mundo e os objetos que o compõem através do
movimento do seu corpo, esta experienciando, ampliando e desenvolvendo suas funções
intelectivas. Vale ressaltar que é por meio da psicomotricidade que a criança com autismo tem
a percepção do seu corpo e do espaço em que está, no entanto, falar de psicomotricidade é
falar de possibilidades.
14

Nessa direção, a intervenção na primeira infância é muito importante para


otimizar o desenvolvimento e o bem-estar das crianças com TEA.
Frente às considerações feitas sobre o corpo da criança com transtorno do espectro
do autismo, salienta-se que a proposta da psicomotricidade é conhecer quais os desafios
corporais apresentados em crianças com transtorno do espectro autista-TEA e de que forma a
psicomotricidade auxilia no desenvolvimento global dessas crianças.
Assim, essa criança terá uma possibilidade maior de sentir e vivenciar seu corpo.
A proposta dessa investigação é oferecer à criança dentro do espectro, o prazer de vivenciar
suas experiências, por meio de seu corpo, nas várias relações que esta desenvolverá.
Em Psicomotricidade, a criança, e, por que não, o adulto, fala com o corpo, pois
emanam dele sensações, emoções e sentimentos que transcendem o reducionismo da
comunicação verbal (LAPIERRE, 1973; ACOUTURIER, 1982). As posturas, a tonicidade, os
gestos, as mímicas, as praxias, etc., assumem uma multiplicidade de mensagens
interoceptivas, proprioceptivas e exteroceptivas (WALLON, 1969; FONSECA, 2001) que não
podem ser negligenciadas em termos evolutivos.
Portanto, nas experimentações corporais, as crianças com TEA estará vivenciando
movimentos que favorecerão maior estruturação e organização da imagem corporal.
No espaço destinado à prática psicomotora Levin (1995) situa os interrogantes
clínicos centrais em torno do que lhes acontece no corpo e particularmente: no tônus
muscular, nos movimentos, nos gestos e nos efeitos que vão sendo produzidos a partir do
trabalho psicomotor. Por este caminho, o referido autor observa na clínica que esses corpos
carecem de movimento, de gestualidade, e que neles estão depositados o sofrimento e a dor,
muito mais do que em qualquer outro lugar.
Os indivíduos que apresentam problemas psicomotores tendem a não encontrar
uma satisfação real nos seus movimentos, nem mesmo o reconhecimento da necessidade real.
A Psicomotricidade é uma articulação, que parte de uma linguagem simbólica, a
qual possibilita conceber o corpo, os gestos, o movimento, o tônus, o espaço, as posturas e os
objetos (LEVIN, 1995).
A partir dessas concepções, pode-se dizer que os sinais emitidos pelas crianças
deverão ser captados pelo olhar do psicomotricista, que, além de observador, deverá estar em
constante busca do encontro do olhar da criança, para que a partir deste momento, sejam
facilitadas novas vias de contato. Através do olhar, o psicomotricista saberá o que agrada e o
que incomoda, ou então o que parece ser indiferente, além de ser um excelente meio de
estabelecer vínculo.
15

Outros distúrbios de expressão corporal são evidentes e as principais


características que distinguem as pessoas com autismo de todas as outras são basicamente do
foro da comunicação, da interação social, do jogo simbólico e do repertório de interesses
(FRITH, 2003; HEWITT, 2006; CAVACO, 2009; FERREIRA, 2011).

3.2 Áreas de atuação da Psicomotricidade

A Psicomotricidade pode atuar na educação, na reeducação, na terapia e clinica do


sujeito, com a proposta de um melhor desenvolvimento corporal e mental cada vez mais
equilibrado e sadio.
Sua prática se dirige e tem ampliado em muito sua atuação, com a proposta de um
melhor desenvolvimento corporal e mental cada vez mais equilibrado e sadio, dentre os quais,
conforme Barreto (2000) pode destacar: Educação Psicomotora, Reeducação Psicomotora e
Terapia Psicomotora.
Educação Psicomotora: apresenta-se sob um aspecto pedagógico e sua prática se
estende sobretudo, nas instituições educativas onde, através da utilização do movimento
humano, procura desenvolver o indivíduo como um todo.
Reeducação Psicomotora: insere-se numa estratégia de ajuda onde, através de
jogos e exercícios psicomotores, procura corrigir as alterações existentes no desenvolvimento
psicomotor, tais como: dispraxia, distúrbio da postura, equilíbrio, coordenação, debilidade
motora etc.
A Terapia Psicomotora “refere-se particularmente a todos os casos problemas nos
qual a dimensão afetiva ou relacional parece dominante na instalação inicial do transtorno”
(LE BOULCH, 1978, p. 13).
Clínica Psicomotora é o modelo prático inovador que vem centrado não no olhar
para um corpo, mas para um sujeito com seu corpo em movimento. A clínica psicomotora é
aquela na qual o eixo é a transferência e nela, o corpo real, imaginário e simbólico é dado a
ver o olhar do psicomotricista. O sujeito diz com seu corpo, com sua motricidade, com seus
gestos, e, portanto, espera ser olhado e escutado na transferência desde um lugar simbólico
(LEVIN, 2003).
16

3.3 Desenvolvimento Psicomotor

O desenvolvimento psicomotor tem grande importância na vida das crianças


porque implica não só no desenvolvimento das capacidades motoras, mas também das
cognitivas e afetivas e um desenvolvimento psicomotor harmonioso facilita a adaptação e a
aquisição das aprendizagens (CONCEIÇÃO; SILVA, 2014, p. 11). No processo de
desenvolvimento psicomotor, a criança é vista em sua globalidade, sempre considerando suas
habilidades como um campo a ser desenvolvido de modo prazeroso e significativo.
De acordo com Barreto (2000, p. 54), “O desenvolvimento psicomotor é de suma
importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, da
postura, da direcional idade, da lateralidade e do ritmo”.
O atraso do desenvolvimento está relacionado a várias condições da infância,
desde a concepção, gravidez e parto, decorrentes de fatores adversos como a subnutrição,
agravos, neurológicos, prematuridade, dentre outros. O atraso pode ser também uma condição
transitória, não sendo possível definir qual será o desfecho do desenvolvimento da criança.
Se os estímulos forem realizados de forma a abranger todos os aspectos
psicomotores, certamente o desenvolvimento psicomotor se dará plenamente, contribuindo
assim para evitar problemas psicomotores. Visto que é na primeira infância que a criança é
vista pelo corpo, as produções corporais se da através da interação com meio. O
desenvolvimento psicomotor é um componente vital do desenvolvimento global da criança.
Daí a importância de sua presença no desenvolvimento de qualquer criança.
De acordo com Fonseca (1995) o desenvolvimento psicomotor abrange o
desenvolvimento funcional de todo o corpo e suas partes. Esse desenvolvimento está dividido
em vários fatores psicomotores, que são a tonicidade, o equilíbrio, a lateralidade, a noção
corporal, a estruturação espácio-temporal e praxias fina e global.
a) A tonicidade, que indica o tônus muscular, tem um papel fundamental no
desenvolvimento motor, é ela que garante às atitudes, a postura, as mímicas, as
emoções, de onde emergem todas as atividades motoras humanas.
b) O equilíbrio reúne um conjunto de aptidões estáticas (sem movimento) e
dinâmicas (com movimento), abrangendo o controle postural e o desenvolvimento
das aquisições de locomoção. O equilíbrio estático caracteriza-se pelo tipo de
equilíbrio conseguido em determinada posição, ou de apresentar a capacidade de
manter certa postura sobre uma base. O equilíbrio dinâmico é aquele conseguido
17

com o corpo em movimento, determinando sucessivas alterações da base de


sustentação.
c) A lateralidade traduz-se pelo estabelecimento da dominância lateral da mão,
olho e pé, do mesmo lado do corpo.
d) A noção corporal é a formação do "eu", isto é, da personalidade, compreende o
desenvolvimento da noção ou esquema corporal, através do qual o individuo toma
consciência de seu corpo e das possibilidades de expressar-se por seu intermédio.
e) A estruturação espaço-temporal decorre como organização funcional da
lateralidade e da noção corporal, uma vez que é necessário desenvolver a
conscientização espacial interna do corpo antes de projetar o referencial
somatognósico no espaço exterior. Este fator emerge da motricidade, da relação
com os objetos localizados no espaço, da posição relativa que ocupa o corpo,
enfim das múltiplas relações integradas da tonicidade, do equilíbrio, da
lateralidade e do esquema corporal.
f) Praxia tem por definição a capacidade de realizar a movimentação voluntária
pré-estabelecida com forma de alcança um objetivo.
g) A praxia global está relacionada com a realização e a automação dos
movimentos globais complexos, que se desenrolam num determinado tempo e que
exigem a atividade conjunta de vários grupos musculares.
h) A praxia fina compreende todas as tarefas motoras finas, onde associa a função
de coordenação dos movimentos dos olhos durante a fixação da atenção, e durante
a fixação da atenção e manipulação de objetos que exigem controle visual.

3.4 Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) Definições e características

Traduz-se por um conjunto de perturbações traduzidas por perturbações globais


do desenvolvimento (PGD) que afeta a forma como a criança aprende e vê o mundo, através
das suas próprias experiências. O autismo provém de uma anomalia na estrutura do cérebro.
Infelizmente, a tecnologia não nos permite a observação das células nervosas do cérebro no
seu processo de desenvolvimento, ou até como estas se associam, ainda, como a troca de
informações através das dendrites se processa (GONÇALVES, 2012). Assim sendo, as
hipóteses de os problemas associados ao autismo serem resultado de diferenças estruturais no
cérebro surgidas na gravidez, são cada vez maiores. Estas diferenças podem levar a danos
18

cerebrais ou a fatores genéticos que irão prejudicar o crescimento normal do cérebro


(SIEGEL, 2008).
O autismo foi introduzido na psiquiatria, em 1906, por Plouller e mais tarde
agregado como sintoma ao quadro da esquizofrenia, considerando-o nesse sentido uma
psicose infantil. Tal equívoco permaneceu por décadas, e somente em meados dos anos 1980,
com o advento das neurociências, é que se desfez esse equívoco, passando-se a entender o
autismo como um transtorno neurobiológico ou do neurodesenvolvimento, classificado como
um tipo de Transtorno Global de Desenvolvimento (TGD). Mais tarde, a partir da 5ª edição do
Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5), que teve sua publicação
oficial no Brasil em 2014, configurou-se com a nomenclatura de Transtorno do Espectro do
Autismo (TEA), considerado agora um Transtorno do Neurodesenvolvimento e classificado
pelo grau de comprometimento (BRAGA, 2018).
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), considerado em 2014 pelo DSM-5
(APA, 2014) como um transtorno do neurodesenvolvimento, é caracterizado por um marcante
prejuízo na capacidade para comunicação social (fala, comunicação e interação social) e
presença de comportamentos com atividades e interesses restritos, repetitivos e
estereotipados. Essa condição diagnóstica é hoje uma realidade cada vez mais presente em
muitas famílias, independentemente de sua condição social, raça, credo ou qualquer outra
particularidade, com estimativa aproximada em 1% da população mundial, apresentando-se
em cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil (APA, 2014).
Para o Transtorno do Espectro Autista, O Manual Diagnóstico e Estatístico dos
Transtornos Mentais (DSM-5) caracteriza como um desenvolvimento comprometido ou
anormal da interação social e da comunicação, podendo haver comprometimento do uso não
verbal, com um repertório restrito de atividades e interesses. O autismo não é um transtorno
único, mas sim um espectro de transtornos que podem variar em intensidade e em características, a
depender de cada indivíduo. Em geral, essas características se manifestam em dificuldades no
convívio social.
O Autismo é atualmente uma das condições humanas mais proeminentes e
amplamente discutidas. Estima-se que a cada dia novos diagnósticos sejam apontados para
essa condição.
As evidências científicas disponíveis indicam a existência de múltiplos fatores,
incluindo fatores genéticos e ambientais, que tornam mais provável que uma criança possa
sofrer um transtorno do espectro autista.
19

Cabe destacar que a CID-11 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e


Problemas Relacionados à Saúde), divulgada em junho de 2018 para apreciação em 2019 e
possível uso médico em janeiro de 2022, destaca o TEA como classificação a partir da
presença ou não de deficiência intelectual, com prejuízo leve ou nenhum prejuízo de
linguagem funcional, com prejuízo de linguagem funcional ou com ausência de linguagem
funcional.
O TEA, conforme explanamos acima é caracterizado pela presença de
dificuldades na comunicação social (fala, comunicação e interação social), comprometendo as
relações ou interações sociais, e é marcado pela presença de comportamentos com atividades
e interesses restritos, repetitivos e estereotipados. É essa a díade que caracteriza o diagnóstico
do autismo, seja nos níveis leve, moderado ou severo (SCHWARTZMAN; ARAÚJO, 2011).
O autismo é uma condição neurobiológica, de possíveis causas genéticas e
ambientais com interferências de fatores externos ou multifatoriais, mais comum em meninos
que em meninas (em uma proporção de 4:1), com sinais presentes ainda na fase inicial do
neurodesenvolvimento da criança e com manifestação maior até os 3 (três) anos de idade,
período em que as demandas sociais exigem maior desenvolvimento de habilidades sociais
específicas (SCHWARTZMAN, 2011).
De acordo com estudos recentes, a estimativa de prevalência do TEA é
62/10.0001, com uma incidência quatro vezes maior em meninos do que em meninas
(FOMBONNE, 2009). De modo geral, o número de pessoas diagnosticadas mundialmente
com transtorno é crescente, o que não indica, necessariamente, o aumento da sua prevalência.
Esse fato pode ser explicado pela expansão dos critérios diagnósticos, pelo incremento dos
serviços de saúde relacionados ao transtorno e pela mudança na idade do diagnóstico, dentre
outros fatores (FOMBONNE, 2009).
Segundo Gilberg (1990) o Autismo é hoje considerado como uma síndrome
comportamental com etiologias múltiplas em consequência de um distúrbio de
desenvolvimento. Caracteriza-se por “um déficit na interação social visualizado pela
inabilidade em relacionar-se com o outro, usualmente combinado com déficits de linguagem
e alterações de comportamento” (ASSUMPÇÃO JR, 2005, p. 16).
De acordo com Schwartzman (1994), as crianças autistas podem manifestar
diversas características. Dentre elas: o comprometimento na interação social, comunicação
limitada, comportamentos estereotipados, movimentos repetitivos. O comprometimento na

1
Ver Elsabbagh et al. (2012) para uma revisão.
20

interação social pode ser considerado uma das principais características da criança com
autismo e é descrita pela falta de resposta aos estímulos de carinho, atitudes que expressam
idéia de estarem ignorando as pessoas, isolamento, dificuldades no contato visual e em fazer
amizades. Nesse sentido Schwartzman (1994) discorre que:

[...] Crianças autistas parecem não perceber os sentimentos dos outros em relação
a eles; interpretam a mímica e a tonalidade da voz dos outros de maneira
equivocada. Têm muita dificuldade em fazer amigos e, frequentemente, não
parecem incomodar-se ao menos quando pequenos, com seu isolamento,
parecendo, pelo contrário, que preferem estar sós (SCHWARTZMAN, 1994, p.
16).

O autor Schwartzman (1994) discorre a respeito dos comportamentos


estereotipados e movimentos repetitivos como, por exemplo, o flapping das mãos,
movimentos giratórios com o próprio corpo ou com objetos, hábitos de morder as mãos ou
puxar os cabelos e balanceio do corpo. As crianças autistas tendem a estabelecer uma rotina
para viver diariamente e para se autoregularem, a estereotipia, apesar de ser um
comportamento disfuncional, é uma pratica auto estimulatória. Muitas vezes as crianças
dentro do espectro fazem isso, para fugir de alguma demanda.
Muitas vezes, a pessoa com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) sente
dificuldade de noção corporal e por essa razão é fundamental ajudar a criança com o autismo
a conhecer o próprio corpo. É importante nomear as partes do corpo, deixá-la tocar e entender
a funcionalidade, de modo que ela possa relacionar o nome da parte do corpo com o
significado, utilizar seu corpo para demonstrar o que sente.
Segundo Coelho (2010), as características da criança autista são apresentadas da
seguinte forma:
• Solidão em grau extremo e evidente na mais tenra idade;
• Fascinação por objetos (aspiradores de pó, enceradeira, liquidificador), em
contraste com o desinteresse por pessoas;
• Ausência de sorriso social; parece não reconhecer os membros de sua família e
não se empenha em atividades lúdicas sociais;
• Não desenvolve linguagem apropriada, repete frases (anúncios de TV);
• Preocupação e afeição com certo número de objetos inanimados;
• Arruma seus brinquedos sempre da mesma forma e, mesmo que fique sem vê-
los durante um tempo, lembra-se da sua posição;
• Não liga para barulhos à sua volta;
21

• Demonstra pouca sensibilidade sensorial, falta de consciência de sua


identidade e agressão autodirigida;
• Possui excelente memória: decora facilmente poesias, canções, aprende sempre
palavras novas;
• Permanece muda ou fala, mas não usa a linguagem como meio de
comunicação;
• Não mantém contato visual com as pessoas;
• Demonstra ansiedade frequente, aguda, excessiva e aparentemente ilógica;
• Possui hiperatividade e movimentos repetitivos, com entorpecimento nos
movimentos que requerem habilidades;
• É retraída, apática e desinteressada, numa total indiferença ao ambiente que a
rodeia;
• Demonstra incapacidade para julgar.
Outra característica da criança autista que Gauderer (1993) pondera é que a
comunicação verbal ou não-verbal pode ser limitada e, em alguns casos, ausente. Quando a
criança consegue desenvolver a linguagem, podem aparecer algumas características como:
ecolalia (repetição em eco da fala) reversão dos pronomes, estrutura gramatical imatura,
incapacidade de nomear objetos, utilização de sons, no qual o sentido não é claro, melodia
sonora anormal e dificuldade em detectar termos abstratos.
Os sinais precoces são muito sensíveis para perturbações da comunicação e
interação, mas pouco específicos para o TEA propriamente dito, o que possibilita que
avaliações, escalas e pesquisas apontem sempre no sentido de riscos para o transtorno ou
indicadores de perturbações da interação e da comunicação. Pelo fato de os sinais
apresentarem mais sensibilidade do que especificidade é oficialmente indicado que o
diagnóstico definitivo de TEA seja fechado a partir dos três anos, o que não desfaz o interesse
da avaliação e da intervenção o mais precoce possível, para minimizar o comprometimento
global da criança (BURSZTEJN et al., 2007, 2009; SHANTI, 2008; BRATEN, 1988;
LOTTER, 1996).
O processo diagnóstico é clínico observacional e deve ser conduzido por uma
equipe multidisciplinar que possa estar com a criança em situações distintas: atendimentos
individuais, atendimentos à família, atividades livres e espaços grupais.
Pode-se destacar que apesar das particularidades apresentadas por cada autor
sobre o autismo, todos ressaltam sobre a dificuldade que as crianças autistas apresentam em
22

estabelecer uma interação social, os comportamentos estereotipados e repetitivos que estas


apresentam e a defasagem na comunicação.
Os sintomas do TEA podem variar drasticamente de uma criança para outra.
Nesse contexto, é importante saber que não haverá uma alteração única, o TEA é um
transtorno amplo e por isso poderá haver amplas alterações motoras, cognitivas e
comportamentais. Estamos lidando com outra manifestação de comportamento consequente a
uma forma diferenciada de funcionamento cerebral, semelhante a tantos outros, mas que
requer estratégias e ferramentas particulares e estruturadas de mediação da aprendizagem, seja
em ambientes considerados formais ou não formais. Logo, podemos afirmar que todas as
crianças precisam de organização, e é nessa perspectiva da organização e da compreensão
dessas singularidades que defendemos um olhar diferenciado para essa forma de aprender da
criança com TEA, que será favorecida pelos serviços de suporte que recebem.
Estas reações anormais que caracterizam esta síndrome e se apresenta de
forma heterogênea com diversos níveis relevantes. Existem varias crianças que comunicam
com as outras e também aquelas sem nenhum contato coletivo, dificuldade em se relacionar.
Entretanto algumas podem apresentar um quadro de retardo mental e outro quociente
intelectual com uma alteração média normal (LAMPREIA, 2004; BEJEROT, 2007).
Alguns especialistas da área concordam com o fato de esta ser uma perturbação
profunda do desenvolvimento, que se caracteriza pelo comportamento grave ao nível da
comunicação social e do desenvolvimento cognitivo (ALTIERI; PRATS; FARRERÓ, 2011).
O Transtorno Autista é uma severa e crônica anormalidade do desenvolvimento
infantil, apresentando um quadro de prejuízo severo na interação social, na comunicação e
atividade lúdica (APA, 2002; RUTTER, 2005).
Apresentam uma forma particular de comportamento com objetos e pessoas,
vivendo no seu próprio mundo de sensações que elas próprias provocam, através de
movimentos estereotipados. Comportam uma aparência de auto-suficiência (NOVELLAS;
VILOCA, 2003). Apresentam dificuldades na relação com o meio, dificuldades em se
exprimir, falando pouco ou por gestos ou não se comunicando de maneira alguma.
Faz-se necessário entender que essas subdivisões para as múltiplas formas de
apresentação do autismo demandam serviços de suporte especializado com profissionais
preparados e em constante formação. O DSM-V subdividiu em três níveis de acordo a
gravidade para que o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) leve – nível 1 requer apoio,
TEA moderado – nível 2 necessita de apoio substancial, e TEA severo – nível 3 necessita de
23

apoio muito substancial, para que dessa forma sejam possibilitadas as chamadas habituações
para as demandas que o meio exige.
Diante do que foi apresentado, percebe-se que a forma como o transtorno do
espectro do autismo afeta um indivíduo, pode variar de individuo para individuo. Não se pode
generalizar o sujeito com autismo, considerando que são sujeitos diversos, assim como as
características que podem se diferenciar. Cada situação é singular, podendo ser evidentes ou
não, de acordo com seu nível de comprometimento.
Sendo assim, o transtorno do espectro autista, em função de suas características,
exige um acompanhamento permanente, com estratégias de intervenções que deem respostas
as necessidades e aos déficits apresentados (FERREIRA, 2016).
Esse mesmo autor, fala que as intervenções devem “[...] estimular as áreas da
cognição, socialização, da comunicação, da autonomia, do comportamento, do jogo e das
competências educacionais” (FERREIRA, 2016, p. 12).
Portanto, as características da pessoa com Transtorno do Espectro Autista não
podem ser razão para desistência nos sentidos pessoais, educacionais e profissionais, contudo,
é preciso buscar melhores condições para o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e
motor.
Em se tratando do Autismo nos motivamos cada vez mais em buscar novos
saberes para uma legitimidade da nossa práxis, seja no âmbito escolar ou clinico.
Nesse contexto, propomos oferecer subsídios teóricos as mais variadas categorias
profissionais, que trabalham com psicomotricidade e que serão favoráveis as praticas clinicas
e educacionais das crianças com Transtorno do Espectro do Autismo - TEA.
Para intervir com crianças autistas, é necessário que o terapeuta esteja preparado
não apenas para propor, mas para perceber as dificuldades e as modulações tônicas, e assim
atender as necessidades. Tudo isto inclui além do contato físico, o olhar, a comunicação
verbal, a estimulação e a formação de um vínculo positivo (FALKENBACH; DIESEL;
OLIVEIRA, 2010).
De acordo com as dificuldades observadas para realizar determinadas atividades
do dia-a-dia, ficamos com o questionamento de como a psicomotricidade poderia ajudar as
crianças com TEA.
Realizar trabalhos com o esquema corporal do sujeito com Transtorno do
Espectro Autista (TEA) é de extrema importância, através disso, seus corpos vão poder
responder de forma adequada aos movimentos desejados. Muitas vezes os autistas,
dependendo do nível de gravidade dos sintomas, não têm noção de seus corpos, sendo assim a
24

necessidade desses corpos serem estimulados através de diversas atividades psicomotoras,


onde pode ser trabalhado a consciência do seu corpo dentro do espaço desejado, tendo como
consequência o domínio do mesmo. Nessa direção, o trabalho através da psicomotricidade é
ajudar as crianças com TEA, a trabalharem suas dificuldades motoras, para que com o tempo
possam realizar suas atividades do cotidiano com a melhor qualidade possível.
Neste contexto Ferreira e Thompson (2002) informam que o autista apresenta
dificuldade de compreender seu corpo em sua globalidade, em segmentos, assim como seu
corpo em movimento. Quando partes do corpo não são percebidas e as funções de cada uma
são ignoradas, podem-se observar movimentos, ações e gestos pouco adaptados.
Na opinião desses autores, não deve ser esquecido que as crianças dentro do
espectro do autismo possuem seus próprios desejos, preferências e personalidade, nem ignorar
os outros aspectos do desenvolvimento. A linguagem, sobretudo, é constituinte do sujeito,
sendo base para a estruturação psíquica, cognitiva e também psicomotora.
Nesse sentindo, as dificuldades motoras fazem com que normalmente, a criança se
refugie do meio que não domina, deixe de realizar ou passe a realizar com pouca frequência
determinadas atividades, gerando consequências em seu desenvolvimento funcional,
cognitivo e sócio emocional.
Quanto mais cedo o diagnóstico se efetuar, mais precocemente se poderá intervir,
com a possibilidade desta intervenção ter um impacto importantíssimo no desenvolvimento da
criança e na sua família. (SIEGEL, 2008).
Considerando que a criança com TEA apresenta um déficit na comunicação e na
interação social, faz-se necessário uma prática psicomotora voltada para a promoção do
desenvolvimento da aprendizagem, socialização e aptidões.
O desenvolvimento neuropsicomotor da criança com TEA é atípico, sendo
evidenciados atrasos do ritmo de desenvolvimento, com distúrbios do movimento em padrões
estereotipados; distúrbios de relacionamento, com preferência ao isolamento, distúrbios da
fala e da linguagem, com manifestações de ecolalia; distúrbio de percepção, indivíduos com a
dificuldade ou incapacidade de perceber, discernir algo importante ou irrelevante
(FERNANDES, 2008). No entanto, entende-se que os principais atrasos no desenvolvimento
psicomotor das crianças com TEA, são a motricidade global, equilíbrio,
linguagem/organização temporal, marcante prejuízo na capacidade para comunicação social
(fala, comunicação e interação social), comportamento com atividades e interesses restritos,
repetitivos e estereotipados, dificuldade de socialização e distúrbios de expressão corporal.
25

Constata-se que na década de 1980, o autismo era considerado um distúrbio


adquirido por influencia do ambiente, hoje os pesquisadores comprovaram que a genética
desempenha um papel muito importante nas causas do autismo. Mais recentemente alguns
estudos falam sobre o fator fortemente genético ligado ao Autismo, é a Imunogenética é a
área do conhecimento que trata da base genética das respostas imunes. Ela inclui o estudo das
vias imunológicas consideradas “normais” e o estudo de variações genéticas que resultam em
respostas imunes defectivas ou ineficientes.
Além de serem importantes percebe-se que os estudos no ramo da imunogenética
têm um grande potencial para a descoberta de novos alvos terapêuticos para diversas doenças
relacionadas ao sistema imunológico. Nature, Imunogenetics (2019). Em razão disso, diversos
estudos têm investigado a potencial influência de variantes em genes relacionados ao sistema
imune no risco para desenvolvimento de desordens gestacionais e, também, no contexto do
TEA.

3.5 Psicomotricidade e desenvolvimento de crianças com Transtorno do Espectro


Autista TEA

Antes de situar as contribuições que a Psicomotricidade irá propor juntamente


com a criança com transtorno do espectro autista, é necessário ressaltar que, devido ao
transtorno do espectro autista se apresentar em diferentes níveis, o psicomotricista deverá
traçar um plano individual de intervenção, de acordo com as particularidades que cada criança
apresenta. Se bem indicados, os tratamentos podem minimizar significadamente os sintomas e
as defasagens decorrentes do transtorno. Só é importante saber que esses avanços variam em
cada caso.
A organização de todas as áreas psicomotoras depende do desenvolvimento motor
sendo este responsável pelas habilidades e/ou dificuldades motoras que o indivíduo
apresentará. É também responsável pela progressão do intelecto.
O desenvolvimento infantil é um processo que vai desde concepção, envolvendo
vários aspectos, indo desde o crescimento físico, passando pela maturação neurológica,
comportamental, cognitiva, social e afetiva da criança. Tem como produto tornar a criança
com condição de resolver as suas necessidades e as do seu meio, considerando seu contexto
de vida.
Segundo Bassedas (2008), no decorrer dos primeiros seis anos de vida, há
algumas mudanças muito grandes em relação à capacidade de movimento dos seres humanos.
26

A criança passa de uma situação de dependência das pessoas que cuidam dela, a uma
autonomia completa, do movimento descoordenado e incontrolado, ao controle e à
coordenação quase total. Por isso, os estímulos são extremamente importantes para o
desenvolvimento da criança. O período de zero a seis anos é de grande descobertas e
aprendizagens. É nessa fase que as crianças, normalmente, adquirem a linguagem e as
habilidades motoras.
Desta forma, e sem perder esta característica integrada do desenvolvimento
humano, faremos uma breve apresentação dos diferentes domínios do desenvolvimento
categorizados por Papalia et al. (2001) como sendo os domínios do desenvolvimento físico-
motor, cognitivo e psicossocial.
Sabe-se que há uma interdependência entre o desenvolvimento motor, afetivo e
intelectual da criança, pois nos movimentos ela consegue mostrar os seus desejos, a
afetividade, como interage com o meio em que vive e a possibilidade de comunicação.
a) Desenvolvimento físico-motor
Segundo Tavares et al. (2007) o crescimento do bebê nos dois primeiros anos de
vida é extremamente acentuado em comparação com outros períodos da vida de um ser
humano. Para Matta (2001) e Papalia et al. (2001), o processo de desenvolvimento é gradual.
Quando a criança nasce, tem pouco controle sob o seu corpo e os seus movimentos são
descoordenados. Progressivamente vai-se desenvolvendo, controlando inicialmente o corpo
nos membros superiores (lei céfalo-caudal) e no sentido do centro do corpo para fora (lei
próximo-distal). Sendo competente é capaz de aprender a partir das estruturas a que chega ao
mundo.
b) Desenvolvimento cognitivo
Nos primeiros três anos de vida a criança desenvolve capacidades cognitivas
devido ao interesse que manifesta pelo mundo que a rodeia e à sua necessidade de
comunicação (TAVARES et al., 2007). Por volta dos quatro meses a criança já é capaz de se
concentrar no que vê, toca e ouve, sem perder o controle. Conforme Brazelton (2006, p. 157),
“alguns bebês sorriem e balbuciam naturalmente, absorvendo os sons e imagens, dormindo
regularmente e comendo sem problemas”. A criança aprende rapidamente a usar e
compreender os sinais que são expressos através do comportamento, da expressão corporal e
da postura corporal. Desde o nascimento há uma reação aos ruídos, uma vez que para além do
bebê detectar, ele orienta o olhar e a cabeça em direção à fonte que produziu o mesmo. Para,
além disso, “é capaz de discriminar características rítmicas e melódicas em diferentes tipos de
sequencias sonoras, revelando alterações nas suas respostas” (MATTA, 2001, p. 125).
27

c) Desenvolvimento psicossocial
Sabemos que a criança se desenvolve em vários contextos com características
específicas, isto é, com regras, atitudes, valores e modos de estar e ser concretos. Desde o
primeiro dia em que vem ao mundo, o ser humano começa a ter consciência de que existe um
mundo externo a si. É nesse mundo que aprende sobre si, a estar e a comunicar-se com os
outros. Neste sentido, a primeira infância é um período de mudanças significativas no que diz
respeito ao desenvolvimento social.
Nesse contexto, uma conquista situada no domínio do desenvolvimento físico-
motor, permite à criança outras possibilidades de aprendizagem e de, consequentemente,
outros processos de desenvolvimento nos restantes domínios.
Não há padrões de desenvolvimento verdadeiramente iguais em todos os seres
humanos uma vez que “cada criança é semelhante às outras crianças em alguns aspectos, mas
é única em outros aspectos” (PAPALIA et al., 2001, p. 9). O processo de desenvolvimento do
ser humano toma em si as singularidades humanas, as especificidades hereditárias do
indivíduo e aquelas que são resultantes da sua experiência de interação com a realidade social
e física. O processo de desenvolvimento da criança é um processo pessoal, único, situado num
contexto histórico e cultural que, também, o influencia.
Os movimentos apresentam grande importância biológica, psicológica, social,
cultural e evolutiva. Na medida em que nos desenvolvemos, nosso corpo manifesta diferentes
formas de movimentos: dos mais amplos e involuntários aos mais complexos e elaborados,
que são determinados pelas contrações musculares e controlados pelo sistema nervoso.
(NASCIMENTO, 1986). Revela que toda criança que apresenta deficiência intelectual,
apresenta também atraso no seu desenvolvimento motor.
A interferência causada pelo autismo nas áreas de ocupação de uma criança é
extremamente significativa e deve-se principalmente a comportamentos relacionados a déficit
nas habilidades emocionais, cognitivas, motoras, sensoriais e de interação social, neste
sentido, a psicomotricidade envolve o desenvolvimento integrado de habilidades motoras
associado aos aspectos emocionais e cognitivos, com finalidade de melhorar expressões
coordenadas dos movimentos durante uma atividade.
Para Levin (2001) o corpo no autismo permanece mudo, silencioso, carente de
qualquer gestualidade, tanto o corpo quanto as posturas, o tônus muscular, os movimentos, o
silêncio, o espaço e o tempo, estão numa relação de exclusão à formação de uma linguagem.
Desse modo, quando as partes do corpo não são percebidas, podem-se observar movimentos e
28

gestos poucos adaptados. O distúrbio na estruturação do esquema corporal prejudica o


desenvolvimento do equilíbrio estático, da lateralidade e praxias fina e global.
A Psicomotricidade contribui para que a criança busque o equilíbrio entre seus
impulsos, desejos e interesses e o mundo em que a cerca, por esse motivo tem tanta
importância nas atividades de vida diárias e ocupacional.
Atividades que trabalham e utilizam a comunicação, a expressão, percepção,
coordenação, lateralidade, reconhecimento corporal, orientação e estruturação espaço
temporal se tornam fundamentais para o desenvolvimento não só corporal quanto também
intelectual.
Em uma comunicação de nível tão primitivo, com uma criança tão perturbada,
tudo são detalhes: uma posição, um olhar, uma íntima tensão, um sorriso, uma imobilidade,
um gesto (LAPIERRE, 1986). No entanto, se faz necessário a permissão, a iniciativa e
espontaneidade da criança durante o brincar e nas vivencias, sem que haja interrupção dos
seus desejos.
Fonseca (2008) define a Psicomotricidade como um campo transdisciplinar que
estuda e investiga as relações existentes entre o psiquismo e a motricidade. Considera o
psiquismo como o conjunto do funcionamento mental que integra as sensações, as
percepções, as imagens, as emoções, os afetos, os medos, as projeções, as aspirações, as
representações, as simbolizações, as conceitualizações, as idéias e as construções mentais,
entre outros aspectos. Defende assim, a Psicomotricidade, como essencial para o
desenvolvimento de todas as crianças.
Segundo Fonseca (2008) o movimento se revela como a expressão do
desenvolvimento total e, dessa forma, nos gestos e movimentos, estão expressos o próprio
desenvolvimento. Para o autor, o movimento ou a motricidade representa um tipo de
inteligência concreta. Dessa forma, trabalhar os movimentos corporais é fundamental para um
bom desenvolvimento motor e consciência das potencialidades do corpo pela criança.
Esse processo de maturação do sistema psicomotor infantil é muito importante
para a vida do sujeito, se durante esse processo algo for interrompido, ou algum mecanismo
ficou débil, pode dificultar ou atrapalhar a execução de atividades básicas do cotidiano. E
quando falamos de autismo, essa dificuldade é maior ainda, por isso, é fundamental
desenvolver um trabalho psicomotor com os autistas.
Wallon (1979) afirma que é sempre uma ação motriz que regula o aparecimento e
o desenvolvimento das formações mentais. Na evolução da criança, portanto, a motricidade, a
29

afetividade e inteligência estão relacionadas. A relação corporal, principal meio de


comunicação nesse período, é considerada como eficaz instrumento de aprendizagem.
Ferreira e Thompson (2002) informam que o autista apresenta dificuldade de
compreender seu corpo em sua globalidade, em segmentos, assim como seu corpo em
movimento. Quando partes do corpo não são percebidas e as funções de cada uma são
ignoradas, pode-se observar movimentos, ações e gestos pouco adaptados. Desta forma, é
possível ensinar tudo a criança quando está em movimento, pois ela está vivenciando o
conhecimento através do seu corpo, por meio da ação corporal.
Frente às considerações feitas sobre o corpo da criança com transtorno do espectro
autista, salienta-se que a proposta da psicomotricidade para este sujeito é de contribuir, na
medida do possível, para o processo de significação desse corpo fragmentado. Assim, essa
criança terá uma possibilidade maior de sentir e vivenciar suas experiências, por meio de seu
corpo.
Levitt (1997, p.18) afirma que “[...] mesmo quando uma criança apresenta alguma
limitação, alguma habilidade lhe resta”. Nesse sentido, pode-se assegurar que uma criança se
desenvolverá de acordo com o grau de estímulos que receber.
É importante pontuar que, a psicomotricidade no desenvolvimento de crianças
com TEA contribui para melhor coordenação motora, tarefas de praxia global e praxia fina,
também como para a aprendizagem ajudando nas atividades de leitura, escrita, concentração,
raciocínio lógico. Pois essas disfunções psicomotoras podem repercutir, influenciar e
comprometer o desempenho dessas crianças no ambiente escolar, familiar e social, afetando
assim, o desenvolvimento das atividades básicas (alimentação, higiene, vestuário e atividades
do cotidiano).
Importante também, que se trabalhe com esta criança por meio de estratégias que
a faça perceber a si mesma e se inter-relacionar com os limites do meio. Atividades como
rolar, pular, tocar, mudando de lado ou de posição, fazem com que ela consiga, aos poucos,
perceber os limites entre seu interno e seu externo.
Concluímos que a psicomotricidade possibilita uma melhor função no
desenvolvimento infantil, auxiliando na prevenção de dificuldades apresentadas pelas
crianças, no tratamento de distúrbios psicomotores que por elas podem ser apresentados.
Por isso, a função da Psicomotricidade é interagir com a criança e identificar suas
dificuldades e habilidades pra obter estratégias que contribuam para o desenvolvimento
motor, cognitivo e sócio afetivo, pois ao receber os estímulos, por meio da sensação ou
sentimentos sobre objetos ou movimentos, o corpo estará ampliando experiências e
30

melhorando o cognitivo, sendo um fator de grande relevância para a vida de uma criança com
TEA, visto que, segundo Galvani (2002) é por meio da psicomotricidade que ela tem a
percepção do seu corpo e do espaço em que está, além de promover o desenvolvimento em
várias características, como:
• Movimentos repetitivos/estereotipias: movimentos em torno de si mesmos,
causando a dificuldade da relação deste com o mundo exterior, exemplo:
balançam o corpo para frente e para trás.
• A nível social: poderá não mostrar interesse por brincadeiras, e apresentam
resistência a beijos e abraços. Além disso, podem não levantar os braços quando
uma pessoa tentar pegá-lo no colo.
• A nível de comunicação: são desatentos em relação ao ambiente, evitam
contato visual e guiam a mão das pessoas até o que eles desejam.
• A nível da motricidade: descoordenação motora, distúrbios na praxia fina,
déficit na percepção espaço-temporal, caminham sobre a ponta dos pés e poderão
ter um equilíbrio alterado.
• Hipersensibilidade: poderão não tolerar estímulos como músicas, texturas,
novas experiências ou ambientes, aumentando a hiperatividade.
Com base nas considerações feitas acima, salienta-se que a proposta da
Psicomotricidade é contribuir para o desenvolvimento do corpo fragmentado. Com isso, a
criança com Transtorno do Espectro Autista terá a possibilidade de sentir e vivenciar seu
corpo, e também oferecer oportunidades de vivenciar suas próprias experiências.
A partir disso, a Psicomotricidade contribuirá para melhorar o desenvolvimento
psicomotor da criança com TEA, como:
• Promoção de habilidades motoras, através do desenvolvimento da coordenação
motora ampla e fina.
• Percepção do próprio corpo; conceitos das partes do corpo como um todo;
reprodução de movimentos complexos e diferenciados, ter autoconfiança, por
meio, do desenvolvimento do esquema corporal.
Destaca-se que Psicomotricidade auxilia no desenvolvimento global de crianças
com autismo, justificando, que hoje, a criança com atrasos necessita de um bom
desenvolvimento psicomotor, embora tenha se aperfeiçoado mais para uma melhor adaptação
ao meio em que vive. Necessita ter um bom domínio corporal, boa percepção auditiva e
visual, uma lateralização bem definida, faculdade de simbolização, orientação espaço
31

temporal, poder de concentração, domínio dos diferentes comandos psicomotores como


coordenada fina e global, equilíbrio.
Nesse viés o conhecimento do próprio corpo e do seu funcionamento são aspectos
fundamentais para o desenvolvimento integrado de habilidades motoras, associado aos
aspectos emocionais e cognitivos.
Utilizando o pensamento de Ferreira e colaboradores (2002), o profissional que
decide lidar com a criança autista, deve considerar tudo o que se sabe sobre o processo de
desenvolvimento normal e os fatores que otimizam o desenvolvimento, como também, tem de
considerar o que se sabe sobre os aspectos anormais que interferem no desenvolvimento das
crianças autistas.
A Psicomotridade é um importante alicerce e contribui para o amadurecimento da
criança, permitindo a enfrentar adequadamente as demandas sociais. Devemos, no entanto,
propiciar atividades psicomotoras que favoreçam de forma significativa essa construção.
32

4 CONCLUSÃO

Diante das características do TEA, como a dificuldade na comunicação, interação


e comportamentos repetitivos, pode-se observar por este estudo a importância da utilização da
psicomotricidade no desenvolvimento psicomotor e social de crianças que apresentam o
referido transtorno. No entanto, com relação à psicomotricidade, a mesma enfatiza o
movimento do corpo na relação afetiva, dando a possibilidade de acordo com a necessidade e
perfil da criança de perceber-se corporalmente e de se relacionar com o outro de modo seguro,
podendo ainda, expressar-se e ser compreendida.
Através dos estudos realizados, compreende-se que é evidente a contribuição que
a psicomotricidade estabelece na relação, é de extrema importância, uma vez que crianças
com TEA podem por meio desta relação de percepções corporais e intervenções psicomotoras
possuírem a condição de se ver e de se conectar com o mundo ao seu redor.
Portanto, os benefícios da prática da psicomotricidade com crianças que
apresentam o TEA estendem-se tanto a elas quanto aos seus pais, familiares e rede de apoio,
sendo que esta prática pode ser realizada em espaços escolares ou em clínicas de
psicomotricidade e se faz necessário o tratamento contínuo para que os atrasos e as disfunções
psicomotoras com essas crianças sejam minimizados.
É importante ressaltar o trabalho com a lateralidade, o esquema corporal, o
equilíbrio, o afeto, a coordenação fina e grossa, emoção, tônus dentre outras coisas que vão
envolver a psicomotricidade do autista, tendo em vista que eles apresentam dificuldades com
esses mecanismos, e isso, repercute no seu reconhecimento dentro de um espaço, na
sociedade e no mundo, já que a síndrome atinge a área de socialização do sujeito.
Tendo, portanto, o objetivo de ajudar a criança com transtorno do espectro autista
a superar algumas de suas dificuldades, permitindo seu desenvolvimento em outros planos,
oferecendo novos meios de expressão, favorecendo a conscientização, possibilitando o acesso
a funções importantes como o olhar e o tocar.
É essencial ficar entendido que intervir num processo vivencial é intervir na
totalidade humana. Existe uma grande dificuldade por parte da criança com autismo em
compreender seu corpo como um todo e a partir de experiências sensório-motoras, ela poderá
aumentar sua relação com o mundo. Ainda que a criança tenha um comprometimento motor
severo, o déficit intelectual pode não existir primariamente, podendo a vir se instalar muitas
vezes posteriormente, devido à falta de vivencia corporal, de oportunidade de descobrir o
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meio que o cerca e todos os estímulos necessários e adequados, para evitar em tempo hábil a
progressão do comprometimento.
É importante salientar que este caminho requer paciência, estimulação e
compreensão por parte do psicomotricista, e que pequenos sinais captados possuem um valor
imenso para o desenvolvimento da criança, evitando posteriormente marcantes prejuízos e
déficits nas habilidades motoras, cognitivas, sensórias, emocionais e sociais. Dificultando ou
atrapalhando a execução de atividades básicas do cotidiano e inadaptação psicomotora.
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