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ÉTICA, EMPRESA E SOCIEDADE: UM NOVO TECIDO POLÍTICO?

No início do terceiro milênio, um escândalo empresarial sem


precedentes causou grandes perdas nos Estados Unidos. Uma
companhia que atuava no ramo de energia fraudou suas operações
financeiras para elevar o valor de suas ações na Bolsa de Valores. Como
os altos lucros divulgados não correspondiam ao crescimento real da
empresa, em determinado momento as ações começaram a cair. Os
altos executivos da companhia venderam rapidamente suas ações, a
empresa decretou falência e o prejuízo ficou para seus funcionários e
pequenos investidores. As investigações revelaram indícios da
conivência de influentes políticos norte-americanos nas fraudes.
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O fenômeno da ética nos negócios está intimamente relacionado
com as sociedades democráticas. As empresas tornam-se parte de
um jogo político no qual os funcionários e os clientes são vistos
como cidadãos, e a própria empresa apresenta-se como partícipe
da vida social. É nesse contexto que surge a ideia de
“responsabilidade social da empresa”. Entende-se por
responsabilidade social o investimento em iniciativas públicas sem
a expectativa de retorno financeiro, como o financiamento de
projetos sociais relacionados ou não com o ramo de atuação da
empresa.

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Gilles Lipovetsky (Millau, 1944), filósofo francês, teórico da
Hipermodernidade, afirma que a ética é um “bom negócio” para as
empresas, pois, ao ser instrumentalizada, as ajuda a construírem
uma imagem social de respeitabilidade e confiança. Um código de
ética, longe de inibir sua liberdade e seus movimentos, confere à
empresa uma “personalidade moral” e respeito público, atraindo
mais clientes. Constrói-se a ideia de que o lucro não é mais a
finalidade última da empresa, passando a ser visto como o meio de
realização de seu projeto social.

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As instituições públicas fazem algo similar. Várias instituições das
diversas esferas de governo criaram seus códigos de ética, no intuito
de definir os princípios de sua relação com os cidadãos. Além disso,
a legislação fortalece a imagem de transparência e bom uso dos
recursos públicos ao determinar que a população tem o direito de
consultar as finanças de todos os órgãos públicos. Exemplo disso é o
Portal da transparência, um site mantido pela Controladoria-Geral
da União desde 2004 que permite fiscalizar os gastos de dinheiro
público por parte do Governo Federal.

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ATIVIDADES COMPLEMENTARES
1.EXPLIQUE A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA NA VIDA DAS
EMPRESA.

2. O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL?

3. POR QUE, PARA GILLES LIPOVETSKY A ÉTICA É UM “BOM


NEGÓCIO” PARA AS EMPRESAS?

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CHAVE DE RESPOSTAS:
1. O fenômeno da ética nos negócios está intimamente relacionado com as
sociedades democráticas. As empresas tornam-se parte de um jogo político
no qual os funcionários e os clientes são vistos como cidadãos, e a própria
empresa apresenta-se como partícipe da vida social.
2. Entende-se por responsabilidade social o investimento em iniciativas
públicas sem a expectativa de retorno financeiro, como o financiamento de
projetos sociais relacionados ou não com o ramo de atuação da empresa.
3. Por que ajuda as empresas a construírem uma imagem social de
respeitabilidade e confiança. Um código de ética confere à empresa uma
“personalidade moral” e respeito público, atraindo mais clientes. Constrói-
se a ideia de que o lucro não é mais a finalidade última da empresa,
passando a ser visto como o meio de realização de seu projeto social.
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PRINCÍPIOS BÁSICOS DA BIOÉTICA
• Princípio da não maleficência: não causar dano / primum
non nocere
• Princípio da beneficência: fazer sempre o bem
• Princípio do respeito à autonomia do indivíduo:
consentimento livre e esclarecido.
• Princípio de justiça: tratar cada um com igualdade e
eqüidade
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BENEFICÊNCIA – Evitar submeter o paciente a
intervenções cujo sofrimento resultante seja muito
maior do que o benefício eventualmente
conseguido.
NÃO MALEFICÊNCIA – Evitar intervenções que
determinem desrespeito à dignidade do paciente
como pessoa.
Hipócrates viveu entre os séculos V e IV a.C. e é
considerado o fundador da medicina como
conhecimento racional, e não religioso. O enorme
Corpus hippocraticus contém obras dele, as de alguns Gravura colorizada de
de seus seguidores e outras cuja autoria é Hipócrates, feita no século
desconhecida, mas que por muito tempo foram XVI.
creditadas a ele. 10
PRINCÍPIO DO RESPEITO À AUTONOMIA DO
INDIVÍDUO – O princípio da autonomia,
frente ao paciente terminal, está
secundariamente situado em relação à
beneficência e à não-maleficência. Estes
pacientes apresentam algumas
peculiaridades em relação à aplicação deste
princípio. Alguns estudos demonstraram que
no máximo 23% desses pacientes, devido ao
grave comprometimento de sua doença,
apresentam condições de sensório
adequadas para realizar a opção.
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O exercício do princípio da autonomia na
situação do paciente terminal, em razão
da dificuldade e abrangência de tal
decisão, mesmo para aqueles que não
estejam emocionalmente envolvidos, deve
ocorrer de uma maneira evolutiva e com a
velocidade adequada a cada caso. Em
nenhum momento, essa decisão deve ser
unilateral, muito pelo contrário, ela deve
ser consensual da equipe e da família.

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PRINCÍPIO DE JUSTIÇA – O princípio da justiça deve ser levado em
conta na decisão final, embora não deva prevalecer sobre os
princípios da beneficência, da não maleficência e da autonomia. Se é
consenso que um paciente, mesmo em estado crítico, será
beneficiado com um determinado tipo de medicação, a despeito de
que o produto esteja escasso no hospital, preservam-se os princípios
da beneficência e da autonomia sobre os da justiça. Se o paciente
está na fase de morte inevitável, e são oferecidos cuidados
desproporcionais, estaremos utilizando recursos que poderiam ser
aplicados em outros pacientes.

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Em 2012, na vitrine de uma loja
de Londres, capital da Inglaterra,
a artista Jacqueline Traide se
submeteu publicamente a testes
químicos e a outros
procedimentos comumente
aplicados em animais usados
como cobaias em laboratórios. A
aversão causada pela intervenção
artística expõe o
antropocentrismo de nossas
concepções éticas.
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4. A pesquisa envolvendo seres humanos deverá ter como base quatro
princípios básicos da bioética definidos abaixo:
I. Capacidade de decisão, liberdade e direito de autogovernar-se;
II. Respeito a equidade dos indivíduos;
III. Fazer o bem, cuidar e favorecer a qualidade de vida;
IV. Não causar mal e/ ou danos ao paciente de forma intencional.
Marque a opção que apresenta a ordem correta de definição destes princípios:
A) I - Autonomia, II - Justiça, III - Beneficência e IV - Não Maleficência.
B) I - Beneficência, II - Autonomia, III - Não Maleficência e IV - Justiça.
C) I - Autonomia, II - Justiça, III - Não Maleficência, e IV – Beneficência
D) I - Justiça, II - Não Maleficência, III - Beneficência e IV - Autonomia.
E) I - Justiça, II - Não Maleficência, III - Autonomia e IV - Beneficência.

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No final do século XX, o médico norte-americano
Jack kevorkian (1928-2011) tornou-se
mundialmente conhecido como Dr. Morte. Com o
objetivo de abreviar o sofrimento de doentes
terminais, ele desenvolveu uma máquina para a
prática do “suicídio assistido”: o próprio paciente
acionava um mecanismo capaz de liberar
substâncias letais em seu corpo. Mais de 130
pessoas morreram por meio desse procedimento,
considerado um tipo de eutanásia e proibido por O filme Você não conhece o
lei em diversos países, inclusive nos Estados Jack conta a história verídica de
Unidos. Em muitos locais, a lei também considera Jack Kevorkian.
crime fornecer meios para que alguém pratique
eutanásia. 16
Suspeita-se que alguns pacientes de Jack kevorkian não eram doentes
terminais, e sim pessoas depressivas que poderiam ter recebido tratamento
específico. Ele foi processado e condenado à prisão. Sua história é contada no
filme Você não conhece o Jack.
O caso envolve uma questão ética importante: as pessoas devem ter o direito
de decidir quando e como querem morrer?
Na Suíça, associações oferecem a estrutura
necessária para a eutanásia, ou o suicídio assistido,
prática médica permitida por uma brecha na
legislação do país. Uma das mais conhecidas se
chama Dignitas (em latim, ‘dignidade’) e tem como
lema “viver com dignidade – morrer com
dignidade”.
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Podemos compreender a bioética como uma ética
aplicada. Seu objetivo é refletir sobre problemas
concretos e definir princípios e valores para lidar com
esses problemas. Nessa perspectiva, Peter Singer
defende uma mudança radical no campo da ética,
dada a complexidade atual das questões
relacionadas à vida. No livro Repensando a vida e a
morte: o colapso da ética tradicional, publicado em
1994, ele afirma que não se pode continuar a utilizar
uma perspectiva religiosa, que considera a vida
humana sagrada. É preciso repensar os valores para
criar uma nova ética, adequada aos novos problemas
Peter Singer (Melbourne,
práticos. 1946)
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