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Problema

APG- 2 1 e 2
@Matteus_Brendow

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS)

Problema: Rotina de pressão

Objetivos: Estudar a fisiopatologia da hipertensão arterial sistêmica e seus fatores de risco; Compreender
como é realizado o diagnóstico de hipertensão.

DEFINIÇÃO Aproximadamente 95-97% dos casos de HAS são


enquadrados como primários ou essenciais,
A HAS (hipertensão arterial sistêmica), isto é, são idiopáticos (não se consegue identificar
popularmente conhecida como pressão alta, é uma uma causa específica para o aumento da PA).
das doenças mais comuns no mundo. No Brasil, Assim, os fatores etiológicos para o
mais especificamente, ela afeta cerca de 30% da desenvolvimento desta doença relaciona-se com:
população adulta e até 60% dos idosos.
Definição segundo a Sociedade Brasileira de
Cardiologia: A hipertensão arterial sistêmica
(HAS) é uma condição clínica multifatorial
caracterizada por níveis elevados e sustentados de
pressão arterial (PA).
O conceito de pressão arterial é dado como a força
que a coluna de sangue exerce na parede de um
vaso, uma vez que o ciclo cardíaco se divide em
sístole e diástole, tem-se a PAS (pressão arterial
sistólica) e a PAD (pressão arterial diastólica).
O cálculo da Pressão Arterial é feito da seguinte
forma:
Já os outros 3 à 5% dos pacientes apresentam a
PA= DC x RPT HAS secundária, que é uma hipertensão causada
por uma causa base que eleva os níveis
Em que PA é a pressão arterial; DC débito pressóricos, as principais causas de HAS
cardíaco e RPT resistência periférica total secundária são:
(resistência que os vasos sanguíneos impõem a
passagem de sangue).
Assim, vê-se que existem dois fatores que
regulam a PA:
1. O débito cardíaco (volume ejetado pelos
ventrículos em um determinado período de
tempo) e a,
2. A Resistência periférica total (representa
a dificuldade da passagem de sangue por
um vaso sanguíneo).

FISIOPATOLOGIA
Fig. SAOS (Síndrome da apnéia obstrutiva do
sono) é a obstrução recorrente das vias aéreas
superiores durante o sono, produzindo episódios
de apnéia ou hipopnéia que levam à hipóxia e
aumenta o risco de desenvolvimento de HAS.
Doença renal crônica: alteração estrutural ou
funcional dos rins que diminuem a taxa de filtração
glomerular, o que aumenta a produção de renina
elevando a ação do sistema
renina-angiotensina-aldosterona, elevando a PA.
Hipertensão renovascular: estenose parcial ou
total, uni ou bilateral da artéria renal ou de um dos
seus ramos, reduzindo a pressão de filtração
glomerular e consequente ativação do SRAA.
Feocromocitoma: tumor que acomete as
glândulas cromafins das suprarenais que
aumentam a produção de catecolaminas e
consequente crise adrenérgica.

Pressão Arterial e Dano Vascular:

Valores de pressão arterial elevados estão QUADRO CLÍNICO


associados ao risco de desenvolvimento de:
● Cardiopatia isquêmica
O quadro de HAS apresenta-se na maioria dos
● Acidente vascular encefálico (AVE)
casos assintomático, o que acaba dificultando seu
● Doença renal crônica
diagnóstico. Assim, pacientes com níveis
● E mortalidade precoce
pressóricos elevados devem-se atentar acerca de
A hipertensão arterial causa impactos na:
um possível diagnóstico prévio de HAS, bem como
● Camada endotelial vascular
sobre a evolução da doença e o tratamento que
● Rigidez arterial (dano na camada média)
para seu controle.
Assim, lesões cardiovasculares tornam-se mais
A avaliação clínica do paciente hipertenso deve ser
constantes e órgãos alvo como: SNC, coração e
feita seguindo:
rins, sofrem mais danos, sendo propensos ao
● Anamnese: perguntar sobre o uso de
desenvolvimento de patologias. Dessa forma, a
medicamentos hipertensivos, o tempo de
hipertensão arterial torna-se uma doença muito
diagnóstico e tratamento, indagar sobre
importante e seu diagnóstico precoce é de
sintomas que indiquem lesão de órgãos
fundamental importância para se evitar a
alvo (LOA), História familiar corrobora para
progressão dos danos vasculares.
diagnóstico de HAS primária.
● Exame físico: deve ser realizada a medida
correta e repetida da PA, frequência
cardíaca, sinais de lesão de órgãos alvo e
achados que possam sugerir HAS
secundária.
● Exame laboratorial: detecção de LOA para
estratificação do risco cardiovascular.
● Deve-se explicar ao paciente e deixá-lo em
repouso por 3 a 5 minutos.
● A bexiga deve estar vazia
● Deve-se evitar exercícios físicos 60 minutos
antes.
● Evitar ingerir bebidas alcoólicas, café ou
alimentos 30 minutos antes.
● Evitar fumar 30 minutos antes.
● Durante a aferição, as pernas devem estar
descruzadas, com os pés apoiados no chão e
as costas encostadas na cadeira
O seguimento dessas etapas permitirá o correto
● Com o manguito adequado, deve-se inflar
diagnóstico de HAS e estratificação dos risco
rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o
cardiovascular e renal do paciente, contribuindo nível estimado da PAS, e então iniciar
para o estabelecimento da estratégia terapêutica deflação lenta (2 mmHg por segundo).
adequada.

CLASSIFICAÇÃO
Segundos as diretrizes mais recentes (como no
caso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Seguindo as antigas diretrizes da Sociedade
SBC), o ideal é que adultos com PA ≤ 120x80 Brasileira de Cardiologia de (SBC) após a
mmHg realizem a aferição da pressão ao menos avaliação da PA o paciente pode ser classificado
uma vez a cada 2 anos, enquanto que aqueles em 3 categorias: Normotenso, pré-hipertenso,
com PA acima desse valor devem realizar a hipertensão grau I,II e III.
medição anualmente. De acordo com a nova, a Diretriz Brasileira de
Hipertensão Arterial de 2020 em relação a anterior
MENSURAÇÃO DA PA trás:
● PA normal como PA ótima
Sobre a mensuração da PA ele deve ser feita de ● Pré-hipertensão passa a ser dividida em PA
forma mais completa na primeira consulta, deve normal e pré-hipertensão.
ser medida em cada um dos membros superiores ● Indivíduos com PAS entre 130 e 139 e PAD
com o paciente deitado, sentado e em pé. Isso, entre 85 e 89 passam a ser considerados
pois a avaliação dos dois membros é realizada pré-hipertensos.
para verificar se há divergência significativa entre
eles diferença de 20 mmHg entre a PAs e até 10
mmHg no caso da PAD), o que fala a favor de
doenças arteriais. Por outro lado, grandes
alterações de acordo com o posicionamento do
paciente (novamente: diferença de 20 mmHg entre
a PAS e 10 mmHg entre a PAD) nos indicam a
presença de uma hipotensão postural. Deve-se salientar que se a PAS e a PAD se
A partir da segunda consulta, no entanto, basta situarem em categorias diferentes, a maior delas
que a PA seja medida no membro superior com deve ser utilizada para a classificação da PA.
maiores valores. Já com relação ao Vale ressaltar, ainda, que essas classificações
posicionamento do paciente, a medição só variam de país para país.
precisará ser feita nas 3 posições em pacientes
diabéticos, idosos, alcoolistas ou em uso de Normotensão- São as pessoas que possuem a PA
medicação anti-hipertensiva, caso contrário, basta dentro dos valores de referência ou que são
aferir uma vez com ele sentado. hipertensas mas com o tratamento conseguem
De acordo com o documento VI Diretrizes Brasileiras manter a PA dentro dos valores normais
de Hipertensão, a aferição da pressão arterial deve (hipertensão controlada).
ser feita a partir de:
Pré-hipertensão- Os pré-hipertensos, por sua vez,
são aquelas pessoas que estão no meio termo
entre o que é considerado normal ( 130-139 x
85-89 mmHg) e o que é hipertensão (≥
140x90mmHg). Possuem grande probabilidade de
se tornarem hipertensas e também um maior risco
de desenvolverem alguma complicação
cardiovascular e é justamente por isso que
precisam ser acompanhadas com mais
regularidade.
Hipertensão- Os hipertensos são aqueles
pacientes que, comprovadamente, mantêm níveis
pressóricos ≥ 140x90mmHg, sendo que eles ainda
podem ser estratificados em 3 estágios de acordo
com o valor da sua PA. Entra também nesse grupo
aqueles indivíduos que o tratamento não está
sendo efetivo (hipertensão não controlada).
Etapas para a realização da medida da pressão
Condições que podem afetar no diagnóstico de arterial:
HAS:
● Hipertensão do Avental Branco- 1. Determinar a circunferência do braço no
Caracteriza-se por níveis anormais de PA ponto médio entre o acrômio e o olécrano.
no consultório e níveis normais de PA fora 2. Selecionar o manguito de tamanho
dele. adequado ao braço.
● Hipertensão Mascarada- Ao contrário, 3. Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a
caracteriza-se por níveis normais de PA no 3 cm acima da fossa cubital.
consultório e elevados fora dele. 4. Centralizar o meio da parte compressiva do
manguito sobre a artéria braquial.
5. Estimar o nível da PAS pela palpação do
DIAGNÓSTICO
pulso radial.*
6. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e
A avaliação de um paciente com hipertensão
colocar a campânula ou o diafragma do
arterial inclui a confirmação do diagnóstico, a
estetoscópio sem compressão excessiva.*
suspeita de causa secundária e avaliação do risco
7. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30
cardiovascular. Fazem parte da avaliação:
mmHg o nível estimado da PAS obtido pela
● Medida da pressão arterial no consultório
palpação.*
e/ou fora dele utilizando técnicas
8. Proceder à deflação lentamente (velocidade
adequadas e equipamentos validados e
de 2 mmHg por segundo).*
calibrados.
9. Determinar a PAS pela ausculta do primeiro
● Obtenção da história pessoal e familiar
som (fase I de Korotkoff) e, depois,
● Realização de exame físico
aumentar ligeiramente a velocidade de
● Investigação clínica e laboratorial
deflação.*
10. Determinar a PAD no desaparecimento dos
Medida da pressão arterial no consultório:
sons (fase V de Korotkoff).*
11. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo
A PA deve ser medida em todas as avaliações por
do último som para confirmar seu
médicos de qualquer especialidade e por
desaparecimento e, depois proceder, à
profissionais de saúde capacitados. Cabe
deflação rápida e completa*.
exclusivamente aos médicos o diagnóstico de HA.
12. Se os batimentos persistirem até o nível
A medida da pressão arterial no consultório deve
zero, determinar a PAD no abafamento dos
seguir os seguintes passos ilustrados no quadro
sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores
abaixo:
da PAS/PAD/zero.*
fora do ambiente de consultório, pelo
Classificação da pressão arterial medida no próprio paciente ou pessoa capacitada para
consultório: tal, com equipamento validado e calibrado,
durante o período de vigília, por um longo
Quando utilizadas medidas no consultório, o período de tempo, obedecendo a um
diagnóstico de HA deverá ser sempre validado por protocolo previamente estabelecido e
medidas repetidas, em condições ideais em duas normatizado. Deverá ser feita orientações
ou mais visitas médicas em intervalos de dias a para o paciente quanto ao local e condições
semanas. para as medidas. É recomendado pelo
A Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial de menos um registro de 4 dias com medidas
2020 em relação a anterior trás: em duplicata pela manhã e à noite, sendo o
● PA normal como PA ótima número de medidas o fator mais importante
● Pré-hipertensão passa a ser dividida em PA para o estabelecimento do diagnóstico e
normal e pré-hipertensão. verificação de lesões de órgãos alvo.
● Indivíduos com PAS entre 130 e 139 e PAD
entre 85 e 89 passam a ser considerados
pré-hipertensos.

Medidas da Pressão Arterial Fora do Consultório:


Tabela. Orientações para os pacientes em relação
A PA fora do consultório pode ser obtida através à medida da pressão no MRPA.
do:
● MAPA (medida ambulatorial da pressão
arterial): o exame é realizado por meio de
um manguito e um monitor, que serão
responsáveis pela medida da pressão
durante 24 horas ou mais. As medidas
possuem intervalos de geralmente 15
minutos. Tem a vantagem de possibilitar a
avaliação de valores mais próximos do real
devido a avaliação ser durante 24 horas,
abordando o período de vigília e de sono. Fig. Protocolos sugeridos para a realização do
MRPA, sendo recomendado um registro mínimo de
4 dias com duplicatas de aferição durante a manhã
e à noite.

● MRPA (medida residencial da pressão


arterial): Deve ser realizada com aparelhos
automáticos, digitais que utilizam a técnica
de oscilométria, com possibilidade de
armazenamento para posterior impressão Fig. valores de PA alteradas nos exames de MAPA
ou envio dos resultados por software. É e MRPA.
método destinado a fazer registro da PA
diagrama abaixo ajuda no entendimento do
MAPA E MRPA não devem ser confundidos com a diagnóstico de HAS:
automedida da PA (AMPA) realizada com ● Pacientes com PA ótima (<120/80 mmHg)
equipamento automático do próprio paciente, não devem repetir as medidas anualmente
obedecendo nenhum protocolo específico. ● Pacientes com PA normal (120-129/80-84
mmHg) devem repetir as medidas
anualmente
● Paciente pré-hipertensos (130-139/85-90
mmHg) deve-se considerar a hipertensão
mascarada, detectada por MAPA ou MRPA.
Com MAPA/MRPA normais as medidas
devem ser repetidas anualmente, medidas
anormais é indicativo de hipertensão sendo
necessário o início do tratamento.
● Pacientes com hipertensão estágios 1 e 2
(140-179/90-109 mmHg) deve-se
considerar hipertensão do avental branco,
sendo necessário o uso de MAPA ou MRPA
para confirmação. Ao exame normal,
medidas aferidas anualmente, exame
anormal é diagnóstico de HAS iniciando o
tratamento.
● Paciente com Hipertensão estágio 3
(>180/110 mmHg) diagnóstico de HAS e
início do tratamento.
Deve-se solicitar para todos os pacientes uma
série de exames laboratoriais – que são úteis para
checar se há lesão de órgãos-alvo – e só para
aqueles com suspeita é que nós poderemos
solicitar exames complementares de medição da
PA, que são a MAPA e a MRPA.

Obs. Esses exames laboratoriais são importantes


principalmente porque através deles a gente consegue
investigar se há lesão de órgão alvo (LOA). Mas além
disso, eles podem ser fundamentais para ajudar a
determinar o risco cardiovascular do paciente e até para
levantar a suspeita de HAS secundária. Obs. o perfil
lipídico consiste em colesterol total, triglicérides, HDL e
LDL - mas a gente pode não precisar pedir o LDL pois o
seu valor é calculável quando a dosagem de triglicérides
é < 400mg/dL.

ENFIM, VAMOS FALAR SOBRE O DIAGNÓSTICO:

Como o quadro de HAS se caracteriza por níveis


elevados e sustentados da PA, o diagnóstico de
HAS é realizado através da detecção de níveis
Fig. A figura acima relata os passos a serem
elevados de pressão arterial pela medida casual. O
seguidos de acordo com os níveis pressóricos de
cada paciente.
possuem mecanismos de ação diferentes.
Basicamente, a espironolactona atua
inibindo o receptor intracelular da
TRATAMENTO aldosterona e aí, sem o estímulo dessa
substância, a bomba de Na+/K+ não
O tratamento de HAS não tem o objetivo de funciona, diminuindo a excreção de
curá-la, mas sim de controlar a PA que necessita potássio e eliminando água. Já no caso da
de medidas medicamentosas e não amilorida e do triantereno, as drogas vão
medicamentosas. bloquear diretamente a bomba de Na+/ K+
Tratamento Não Farmacológico- Consiste na sendo independentes da ação da
mudança de vida do paciente. aldosterona.
● Antagonistas do Cálcio- Assim como os
diuréticos atuam na diminuição da
resistência vascular periférica, mas com
mecanismo diferente. Sua ação é bloquear
os canais de cálcio das células musculares
lisas, presentes nos vasos sanguíneos e
células cardíacas. Dessa forma a contração
fica comprometida. Existem 3 grupos
principais desse fármaco.
Tratamento farmacológico- Se baseia em 4 Fenilalquilaminas- O principal
classes de medicamentos que diminuem a representante desse grupo é o verapamil,
mortalidade desta patologia. tem uma ação cardioseletiva (atua sobre os
● Diuréticos- Atuam nos néfrons nódulos SA e AV lentificando sua condução
favorecendo a liberação de sódio através elétrica). É considerado uma droga
da urina, assim a água também é excretada bradicardizante. Não deve ser prescrito
diminuindo o volume plasmático do para pacientes com insuficiência cardíaca
paciente. Com a diminuição do volume e/ou problemas de condução.
plasmático a resistência vascular periférica Di-idropiridínicos- Nifedipino como droga
também diminui, abaixando a PA. de 1ª geração e outras 5 como drogas de
DIU Tiazídicos- mais conhecidos são a 2ª: anlodipino, felodipino, isradipino,
hidrocloritizida, indapamida e a clortalidona. nicardipino e nisoldipino. Possuem uma
Atuam no túbulo contorcido distal inibindo ação maior nos vasos sanguíneos,
o transporte de íons Na+ e Cl- para dentro principalmente nas arteríolas. Diminuem a
das células. São os diuréticos mais suaves entrada de cálcio nas células da
e mais utilizados no tratamento da HAS. Via musculatura lisa, com isso produz
oral. vasodilatação. Lembre-se
DIU de Alça- Exemplos são a furosemida e
a bumetanida, que atuam na porção
ascendente da alça de Henle, inibindo a
bomba que joga Na+, K+ e Cl- para dentro
da célula e isso atrapalha a absorção de
água por osmose. São diuréticos potentes.
Diante disso, esse medicamento só está A vasodilatação diminui a resistência
indicado para pacientes que possuem uma vascular, aumenta o fluxo sanguíneo e
condição edemigênica que necessite de diminui a PA.
uma perda hídrica acentuada - como é o Benzodiazepinas- representadas pelo
caso dos pacientes com insuficiência diltiazem. Ela tem efeito tanto sobre o
cardíaca/ renal. Via oral ou parenteral. coração, quanto sobre os vasos do
DIU Poupadores de Potássio- Principais paciente.
são a espironolactona, a amilorida e o ● Inibidores de Enzima Conversora de
triantereno. Atuam no ducto coletor mas Angiotensina (iECA)-
● Bloqueador do Receptor AT1 (BRA) diuréticos e os BCCs (especialmente em
Os IECA e BRA- atuam sobre aquele negros).
Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona ● Bloqueadores Adrenérgicos- Atua
(SRAA). Lembre-se que a função desse bloqueando os receptores
sistema é promover o aumento da PA, feito beta-adrenérgicos do corpo. Eles podem ter
da seguinte forma: na parede das arteríolas ação seletiva (atuam apenas sobre os
aferentes situadas imediatamente antes receptores beta-1 presentes no coração) ou
dos glomérulos existem células não (também atuam sobre os beta-2 que
especializadas chamadas de estão nos vasos).Dentre os não seletivos,
justaglomerulares. São essas células que os principais são o propranolol e o
são capazes de identificar quedas na PA e nadolol.Já entre os seletivos estão drogas
é justamente isso que serve de estímulo como metoprolol e atenolol, as quais têm
para que ela libere uma enzima conhecida ação mais restrita ao coração, inicialmente
como renina. Essa renina produzida nos reduzindo o débito cardíaco e, depois,
rins, então, atua catalisando a quebra de promovendo a redução da secreção de
uma proteína hepática chamada renina, a readaptação dos barorreceptores
angiotensinogênio em um peptídeo que e a diminuição das catecolaminas nas
recebe o nome de angiotensina I e esse, sinapses nervosas.
por sua vez, através dos pulmões, é
convertido em angiotensina II pela
chamada enzima conversora de
angiotensina (ECA). É justamente a
angiotensina II que atua fortemente sobre a
regulação da PA e ela faz isso por meio de
2 mecanismos: a) vasoconstrição periférica;
e b) estímulo para que as glândulas
adrenais liberem o hormônio aldosterona,
que promove uma maior retenção de sódio
e, consequentemente, de água,
aumentando assim o volume plasmático.

PONTOS IMPORTANTES PARA SE


FOCAR

DEFINIÇÃO
Como o objetivo nos pacientes com HAS é
diminuir a PA, a inibição desse sistema é Definição segundo a Sociedade Brasileira de
necessária. Cardiologia: A hipertensão arterial sistêmica
Os iECAs (Benazepril, Captopril, Cilazapril, (HAS) é uma condição clínica multifatorial
Enalapril...) bloqueiam o SRAA ao inibir a caracterizada por níveis elevados e sustentados de
ECA no processo de conversão da pressão arterial (PA).
angiotensina I em angiotensina II.
Os BRA (Losartana, Valsartana...) fecham FISIOPATOLOGIA
os receptores da angiotensina II, impedindo
a sua ação e, dessa forma, bloqueando o ● HAS primária ou essencial (não a causas
ciclo do SRAA. É válido ressaltar que as aparentes para o aumento da PA).
evidências indicam que o iECA e o BRA ● HAS secundária, que é uma hipertensão
têm menos efeito hipotensor do que os causada por uma causa base que eleva os
níveis pressóricos
● Pacientes com PA normal (120-129/80-84
Pressão Arterial e Dano Vascular: mmHg) devem repetir as medidas
anualmente
Valores de pressão arterial elevados estão ● Paciente pré-hipertensos (130-139/85-90
associados ao risco de desenvolvimento de: mmHg) deve-se considerar a hipertensão
● Cardiopatia isquêmica mascarada, detectada por MAPA ou MRPA.
● Acidente vascular encefálico (AVE) Com MAPA/MRPA normais as medidas
● Doença renal crônica devem ser repetidas anualmente, medidas
● E mortalidade precoce anormais é indicativo de hipertensão sendo
necessário o início do tratamento.
QUADRO CLÍNICO ● Pacientes com hipertensão estágios 1 e 2
(140-179/90-109 mmHg) deve-se
O quadro de HAS apresenta-se na maioria dos considerar hipertensão do avental branco,
casos assintomático, o que acaba dificultando seu sendo necessário o uso de MAPA ou MRPA
diagnóstico para confirmação. Ao exame normal,
medidas aferidas anualmente, exame
MENSURAÇÃO DA PA anormal é diagnóstico de HAS iniciando o
● Deve-se explicar ao paciente e deixá-lo em tratamento.
repouso por 3 a 5 minutos. ● Paciente com Hipertensão estágio 3
● A bexiga deve estar vazia (>180/110 mmHg) diagnóstico de HAS e
● Deve-se evitar exercícios físicos 60 minutos início do tratamento.
antes.
● Evitar ingerir bebidas alcoólicas, café ou
alimentos 30 minutos antes.
● Evitar fumar 30 minutos antes.
● Durante a aferição, as pernas devem estar
descruzadas, com os pés apoiados no chão e
as costas encostadas na cadeira
● Com o manguito adequado, deve-se inflar
rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o
nível estimado da PAS, e então iniciar
deflação lenta (2 mmHg por segundo).

CLASSIFICAÇÃO
● PA normal como PA ótima
● Pré-hipertensão passa a ser dividida em PA
normal e pré-hipertensão.
● Indivíduos com PAS entre 130 e 139 e PAD
entre 85 e 89 passam a ser considerados
pré-hipertensos.

Fig. A figura acima relata os passos a serem


DIAGNÓSTICO seguidos de acordo com os níveis pressóricos de
O diagrama abaixo ajuda no entendimento do cada paciente.
diagnóstico de HAS:
● Pacientes com PA ótima (<120/80 mmHg) TRATAMENTO
devem repetir as medidas anualmente
Se baseia em 4 classes de medicamentos que
diminuem a mortalidade desta patologia.
Deve-se focar no nome, mecanismo de ação e
efeitos adversos desses medicamentos. Na pasta
de farmacologia esta melhor explicado cada função
desses fármacos.

Referências:

1. Guyton e Hall. Tratado de fisiologia médica.


13 edição Rio de Janeiro: Elsevier.
2. Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto
LA, Mota-Gomes MA, Brandão AA, Feitosa
ADM, et al. Diretrizes Brasileiras de
Hipertensão Arterial – 2020. Arq Bras
Cardiol. 2021; 116(3):516-658
Problema 3
@Matteus_Brendow

APG 3
CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA (CMH)

Problema: Mudança necessária

Objetivos:Estudar as causas da hipertrofia cardíaca e suas consequências; Citar as doenças associadas à


hipertensão (síndrome metabólica).

DEFINIÇÃO hipertrófica provocam disfunção diastólica. Note as


alterações da dilatação atrial e/ou ventricular e na espessura
da parede ventricular. Ao, aorta; AE, átrio esquerdo; VE,
As cardiomiopatias são doenças que acometem a ventrículo esquerdo.
musculatura cardíaca (patologias do miocárdio). As
cardiomiopatias podem ser primárias (limitadas ao A cardiomiopatia hipertrófica (CMH): é
miocárdio) ou secundárias (apresentam caracterizada por hipertrofia do miocárdio,
manifestação cardíaca de um distúrbio sistêmico). enchimento ventricular insuficiente e obstrução do
Por essa razão, as miocardiopatias são um grupo fluxo na saída ventricular. O coração torna-se
heterogêneo que engloba distúrbios inflamatórios pesado e hipercontrátil com suas paredes
(p. ex., miocardite), doenças imunológicas (p. ex., espessadas. A função sistólica é preservada mas
sarcoidose), distúrbios metabólicos sistêmicos (p. como o coração não possui relaxamento efetivo
ex., hemocromatose), distrofias musculares e possui uma disfunção diastólica. É uma doença
distúrbios genéticos das fibras do miocárdio. autossômica genética dominante decorrente de
Podem ser agrupadas em 5 grupos: cardiomiopatia mutações em genes dos sarcômeros e
dilatada; hipertrófica; restritiva; cardiomiopatia caracterizada por hipertrofia concêntrica do
arritmogênica do ventrículo direito; e miocárdio na ausência de uma causa primária,
cardiomiopatias não classificadas (como como doença cardíaca, metabólica, sistêmica ou
Takotsubo). sindrômica.
A miocardiopatia dilatada é a mais comum (90%
dos casos), e a miocardiopatia restritiva é a menos
frequente.

REVISÃO ANATOMOFISIOLÓGICA
DO CORAÇÃO

O coração é composto de 4 câmaras, 2 átrios e 2


ventrículos. Possui um sistema de condução
Fig- As três principais formas de miocardiopatia. A composto pelo nodo sinoatrial, feixes nodais, nodo
miocardiopatia dilatada causa basicamente uma disfunção
atrioventricular, feixe de his, ramos direito e
sistólica, enquanto as miocardiopatias restritiva e
esquerdo e fibras de purkinje. Esse sistema regula Fase 3 (repolarização rápida): Canais lentos de
a contração do miocárdio. cálcio se encerram e abertura dos canais lentos de
Pequena circulação- Começa no AD com sangue potássio. Isso põem fim ao platô e retorna a
vindo da VCS e VCI, do AD para o VD que é repolarização da célula até seu nível de repouso.
ejetado por meio da artéria pulmonar para os
pulmões (para posterior troca gasosa).
Na circulação sistêmica- O sangue proveniente
das veias pulmonares chega ao AE, segue para o
VE que é ejetado por meio da artéria aorta para
todo o corpo.

Fisiologia cardíaca-
O coração é composto por 3 tipos de músculos
(atrial, ventricular e fibras excitatórias). Os
músculos atriais e ventriculares possuem
contração semelhante ao esquelético mas com
uma duração maior de contração. O músculo
cardíaco é estriado, possui discos intercalares (que
separa uma célula da outra, ou seja é formado por
células individuais que se unem às outras por
junções comunicantes) formando um sincício Acoplamento-excitação-contração: Refere-se ao
(fusão das células separadas). Esse caráter dá ao mecanismo pelo qual o potencial de ação provoca
músculo cardíaco a propriedade de propagação a contração das miofibrilas. O potencial de ação se
rápida do potencial de ação. difunde pela fibra muscular, passa ao longo dos
Potencial de ação no músculo cardíaco- A túbulos transversos (T) que age na membrana dos
contração ventricular possui um período de platô túbulos sarcoplasmáticos causando a liberação de
que possibilita que a musculatura ventricular Ca2+, o cálcio se liga a troponina (filamento fino)
contraia por um período 15x maior que a liberando o sítio de ligação com a miosina, assim
esquelética. ocorre o deslizamento do filamento de actina sobre
o de miosina (contração muscular).

Até esse ponto a contração da musculatura


esquelética é idêntica a cardíaca, diferença
deve-se: no músculo cardíaco é liberada maior
Fase 0 (Desolarização)- Abertura dos canais quantidade de íons cálcio pelos túbulos T mais
rápidos de Na+, rápida elevação da polaridade da desenvolvido no músculo cardíaco para que ocorra
mp. a contração do miocárdio. Sendo assim, a
Fase 1 (despolarização inicial): Fechamento dos contração cardíaca depende muito da
canais rápidos de sódio, saída de íons K+ da concentração de cálcio extracelular.
célula.
Fase 2 (platô): Canais de Ca++ se abrem e os As miofibrilas contém dois tipos de filamentos finos
canais de K+ se encerram,começo de uma (actina) e grossos (miosina). Na contração os
pequena repolarização. O platô se deve ao filamentos finos deslizam sobre os grossos, a
aumento da permeabilidade ao Ca++ e diminuição banda I e a zona H se estreitam em direção a linha
da entrada de K+ na célula M, e desaparecem na contração máxima.
Os filamentos finos em cada lado do sarcômero
estão presos às linhas Z, a linha Z puxa todos
filamentos vizinhos e o sarcômero encurta.
A liberação de cálcio no sarcoplasma inicia a
contração muscular, os íons cálcio liberados se
combinam com a troponina mudando sua
conformação essa mudança faz com que a
tropomiosina libere o local de ligação da miosina
com a actina.Uma vez livres esses locais de
ligação, as cabeças de miosina se ligam a eles
para formar pontes transversas e o ciclo da
contração começa.
Relação comprimento-tensão: A força de
contração depende do comprimento dos
sarcômeros antes do início da contração.

A duração da contração do miocárdio é


principalmente em função da duração do potencial
de ação, incluindo o platô — por volta de 0,2
segundo, no músculo atrial, e 0,3 segundo, no
músculo ventricular.
Ciclo cardíaco- Conjunto de eventos cardíacos
que ocorre entre o início de um batimento e o início
do próximo. É iniciado com a geração de um PA no
nodo sinusal. A duração total do ciclo cardíaco,
incluindo a sístole e a diástole, é a
recíproca da frequência cardíaca.

Análise gráfica do bombeamento ventricular- É


dividido em 4 fases:
(1) regulação cardíaca intrínseca, em resposta
1- Período de enchimento: inicia-se após a às variações no aporte do volume sanguíneo-
sístole ventricular com 50ml de sangue (volume Nesse sistema é utilizado o mecanismo de
sistólico final VSF). O sangue flui do atria para o Frank-starling (quanto maior for a distensão do
ventrículo (ainda em diástole) enchendo-o até miocárdio durante o enchimento, maior será sua
120ml (volume diastólico final VDF). Pontos A e força de contração
B da figura. (2) controle da frequência cardíaca e da força
2- Período de contração isovolumétrica: de bombeamento pelo sistema nervoso
Ventrículo começa sua contração sem haver autonômico- O débito cardíaco, com frequência,
variação de volume mas havendo variação de pode ser aumentado por mais de 100% pelo
pressão. Ponto C da figura. estímulo simpático, aumenta a frequência cardíaca
3- Período de ejeção: Pressão ventricular supera e a força de contração (inotropismo). E o débito
a pressão da aorta ejetando 70ml de sangue. pode ser diminuído até zero, ou quase zero, por
4- Período de relaxamento isovolumétrico: estímulo vagal (parassimpático), diminui a
Fechamento da valva aórtica, o VSF de 50ml frequência cardíaca e a força de contração.
continua, há variação da PA no ventrículo, contudo
sem variação de seu volume sanguíneo. FISIOPATOLOGIA

A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é


caracterizada pelo aumento do tamanho do
miocárdio, o que gera uma deficiência na
complacência do VE e consequente VDF (volume
diastólico final) inadequado, ocorrendo um
aumento da pressão diastólica final. Assim, tem-se
hipertrofia do miocárdio, enchimento diastólico
insuficiente e possível obstrução do fluxo de saída
ventricular.
A função sistólica normalmente é preservada.
O coração fica pesado e hipercontrátil.
A hipertrofia do septo atrioventricular, faz com
que esse septo se projete para dentro da câmara
esquerda ficando em contato íntimo com a valva
Pré carga- É considerada a PDF (pressão
mitral. Essa aproximação dificulta a ejeção
diastólica final) quando o ventrículo está cheio de
ventricular.
sangue, representa o grau de tensão do músculo
A hipertrofia dos cardiomiócitos é devida a
quando ele começa a se contrair.
mutação que afeta a cadeia beta pesada da
Pós carga- A pós carga do ventrículo é a pressão
miosina ou pela mutação do gene da proteína C
na aorta a saída do ventrículo (dificuldade
que se liga à miosina e do gene da troponina T.
enfrentada pelo ventrículo durante o processo de
Essas alterações afetam os sarcômeros
ejeção). Quanto maior a pressão arterial, maior é a
aumentando a ativação dos microfilamentos,
pós-carga, ou seja, mais difícil é a ejeção.
gerando hipercontratilidade.
Volume de ejeção: É a diferença entre o volume
Como mencionado na revisão fisiológica, a relação
diastólico final e volume sistólico final.
comprimento-tensão depende do comprimento dos
V ejeção = VDF - VSF
sarcômeros antes do início da contração, tendo
seu ponto ótimo para um contração efetiva. O que
Fração de ejeção ventricular: É calculada pela
ocorre na CMH é que pela alteração genética os
divisão entre o volume sistólico (VS) e o volume
microfilamentos contraem mais que o necessário-
diastólico final (VDF).
Uma fibra muscular desenvolve sua melhor tensão
Fração de ejeção= VS/VDF
quando existe uma boa zona de sobreposição
entre os filamentos finos e grossos.- gerando um
A regulação do bombeamento cardíaco:
estiramento excessivo, e contração ineficaz.
Relembrando:
no endocárdio (seta) (ver texto). B, Aspecto histológico que
revela desarranjo, hipertrofia extrema e a ramificação
característica dos miócitos, bem como fibrose intersticial.

Ainda sobre a alteração fisiológica, lembre-se de


que a hipertrofia da câmara cardíaca esquerda
diminui o lúmen da câmara e, consequentemente,
o volume diastólico final. Com isso o coração
possui menos sangue para bombear a circulação
sistêmica, diminuindo o volume de ejeção e
consequente diminuição da fração de ejeção Fig. Miocardiopatia hipertrófica. Em A corte sagital do
coração; notar espessamento do septo atrioventricular e
ventricular.
espessamento do endocárdio. B corte histológico do tecido
Fração de ejeção= VS/VDF
cardíaco, miofibras hipertrofiadas e desordenadas.

As alterações histopatológicas são: OBS: A força de contração pode ser


● Hipertrofia dos miócitos aumentada com a ativação da via ẞ-adrenérgica
● Desarranjo aleatório dos miócitos durante o estresse (situação de
● Fibrose intersticial luta-fuga/mecanismos de compensação), o que
Essas alterações são decorrentes das mutações aumenta a quantidade de cálcio liberada e sua
nas cadeias Beta da miosina e na proteína C velocidade de captação no retículo
ligante da miosina, a produção excessiva dessas sarcoplasmático. Esta via é ativada pelos
proteínas leva a desorganização arquitetônica do ẞ-agonistas: epinefrina e norepinefrina. Os
miocárdio, com miócitos oblíquos ou receptores ẞ-adrenérgicos vasculares provocam
perpendiculares entre si- e não paralelos, como vasoconstrição, o que aumenta a pressão arterial,
deveria ser-.Tudo isso associado ao aumento do enquanto os receptores do músculo esquelético
colágeno intersticial. promovem vasodilatação, permitindo maior fluxo
A presença de um desarranjo extensivo (>10% sanguíneo. Por isso são utilizados
dos miócitos do septo ventricular) é um achado ẞ-bloqueadores em pacientes com hipertensão
altamente específico de CMH. arterial e naqueles em que se deseja diminuir a
frequência cardíaca e a força de contração, que
é o caso dos pacientes com CMH.

Na patologia da CMH, também ocorre disfunção


microvascular por displasia de pequenas artérias
coronárias tornando os vasos mais finos, devido a
hipertrofia da túnica média do vaso. Com isso a má
perfusão do tecido coronário e gera fibrose
cicatricial, que comumente provoca arritmias.
Fig. Miocardiopatia hipertrófica com hipertrofia septal
assimétrica. A, O músculo septal projeta-se para dentro da
SÍNDROME METABÓLICA
via de saída do ventrículo esquerdo deixando o lúmen
ventricular com forma de banana; o átrio esquerdo está
aumentado. A válvula anterior da valva atrioventricular
esquerda foi retirada do septo para mostrar uma placa fibrosa
A síndrome metabólica faz parte de uma cascata
de distúrbios que aumenta a resistência à insulina.
São características da síndrome metabólica:
(1) obesidade, especialmente acúmulo de gordura
abdominal;
(2) resistência à insulina;
(3) hiperglicemia de jejum;
(4) anormalidades lipídicas, tais como aumento dos
triglicerídeos no sangue e redução da lipoproteína
de alta densidade; OBS: A maior parte das células cardíacas são
(5) hipertensão. fibroblastos, e não células musculares. Os
Todas as características da síndrome metabólica fibroblastos produzem componentes da matriz
estão intimamente relacionadas com o acúmulo do extracelular que determinam a estrutura do
excesso de tecido adiposo na cavidade abdominal coração, e são eles que produzem o colágeno,
e em torno das vísceras. tornando-o tecido cardíaco capaz de suportar o
A principal consequência negativa da síndrome estresse do bombeamento constante e às
metabólica é a doença cardiovascular, incluindo condições patológicas, como hipertensão e infarto,
aterosclerose e lesões em diversos órgãos do gerando fibrose, que compromete a contração
corpo. Várias das anormalidades metabólicas, cardíaca.
associadas a essa síndrome, aumentam o risco de
doença cardiovascular, e a resistência à insulina
predispõe ao desenvolvimento de diabetes melito MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
tipo 2, que é também importante causa de doença
cardiovascular. Embora a MCH possa surgir em qualquer idade,
ela normalmente se manifesta durante o estirão de
crescimento pós-puberal. Possui quadro clínico
muito variável, existindo pacientes assintomáticos,
CLASSIFICAÇÃO pacientes que apresentam sintomas de
insuficiência cardíaca, dispnéia principalmente a
Cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva- esforços, palpitações (arritmias geradas pela
Hipertrofia do septo AV assimétrica ou fibrose), síncope e pré-síncope, dor torácica
medioventricular. (ambos causados por falta de perfusão adequada)
A obstrução pode ocorrer em repouso. e, no extremo, morte súbita.
Pode ser lábil (gradiente pressórico surge e A dor torácica pode acontecer em repouso, durante
desaparece espontaneamente). exercício e até durante o sono. É típico quadros de
A obstrução também pode ser latente, quando não angina pós prandial associada com esforço
existe em repouso e desencadeada pelo uso de brando.
drogas. A dispneia média a moderada é comum durante o
É mais sintomática, pela obstrução além da exercício e alguns pacientes podem cursar com
disfunção diastólica ocorre também baixo débito dispneia paroxística noturna, que pode ser
cardíaco, devido a obstrução da valva aórtica. consequência de isquemia transitória do miocárdio
ou arritmia, que é uma queixa frequente em
Cardiomiopatia hipertrófica não obstrutiva- pacientes com CMH.
Hipertrofia septal assimétrica, lateral, Os pacientes com hipertrofia distal ou apical têm
póstero-lateral, concêntrica (simétrica) e apical. menos sintomas e arritmias, bem como maior
capacidade de realização de exercícios.
Os fatores de risco para morte súbita na CMH são
o histórico familiar de morte súbita antes dos 40
anos; síncopes inexplicáveis normalmente não
acompanhadas de pródromos (vista escurecida,
tontura); taquicardia ventricular não sustentada
(TVNS) no exame Holter, pois arritmias aumenta o
risco de morte súbita; aneurisma apical, disfunção ● O padrão anormal mais comum encontrado
ventricular (fração de ejeção menor que 50%). é a presença de alterações na
A progressão sintomática normalmente é lenta, repolarização ventricular.
relacionada com a idade e associada com uma ● Inversão da onda T nas derivações do
deterioração gradual da função do ventrículo ventrículo esquerdo e aumento do átrio
esquerdo. esquerdo
OBS: A combinação de desarranjo dos miócitos, O ecocardiograma permite:
desordens autonômicas, HVE, isquemia e fibrose ● Estimar a função sistólica
miocárdica produz um terreno para arritmias. As ● Medir a obstrução da via de ejeção do
arritmias geram morte súbita devido à grave ventrículo esquerdo em repouso e após
diminuição da perfusão que podem causar, pois o manobras provocativas.
coração arrítmico, quando taquicárdico, não ● Determinar o grau de regurgitação mitral
permite o correto enchimento ventricular e,
consequentemente, o débito cardíaco diminui.

No exame físico: Presença de B4 (relacionada à


disfunção diastólica); turgência jugular; refluxo
hepatojugular; sopro regurgitante mitral e sopro
ejetivo; frêmito sistólico.
O sopro mitral ocorre devido à válvula
mitral sofrer um movimento anterior, Teste de esforço: utilizado para a estratificação de
gerando regurgitamento sanguíneo, visto que a risco, verificando a pressão arterial no exercício e
válvula não se fecha corretamente, o que ocorre na investigação de arritmias e isquemias.
maioria dos pacientes que possuem obstrução na
via de saída, pela hipertrofia do septo A Ressonância Magnética permite a avaliação
interventricular. das estruturas cardíacas identificando;
O sopro ejetivo, no entanto, é o achado mais ● Hipertrofias
marcante, o qual é intensificado com a manobra ● Áreas de fibrose
de Valsalva - o difere do sopro da estenose ● Avaliação da válvula mitral
aórtica. Além disso, a RM pode ser útil para diferenciar o
OBS: Manobra de Valsalva intensifica o sopro coração do atleta da CMH, pois na CMH aparecem
ejetivo, uma vez que aumenta a pressão áreas de fibrose, o que não acontece na hipertrofia
intratorácica, diminuindo o retorno venoso, e fisiológica gerada pelo exercício. O miocárdio sadio
aumentando a obstrução na via de saída porque aparece em baixo sinal, enquanto a área fibrosada
causa uma aproximação entre o septo se apresenta com branco intenso (realce tardio),
interventricular e a parede posterior da câmara. devido ao maior acúmulo e eliminação lentificada
do gadolínio nessas regiões.
DIAGNÓSTICO

Os critérios diagnósticos são predominantemente


fornecidos pelo ecocardiograma bidimensional ou
ressonância magnética (RM).
A hipertrofia concêntrica é definida pela espessura
da parede maior que 15 mm no septo posterior ou
parede livre ou maior que 13 mm em pacientes
com antecedente familiar de cardiomiopatia
hipertrófica. TRATAMENTO

O Ecocardiograma: Deve ser realizado em todos O início do tratamento se dá com medidas


pacientes com suspeita de CMH. preventivas como:
● Restringir a prática de exercícios físicos
intensos
● Evitar perda do volume intravascular
O tratamento farmacológico é o tratamento de
primeira linha para pacientes com IC relacionada à
obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo.
O uso de medicamentos não é recomendado antes
do aparecimento dos sintomas, o tratamento ,
então baseado no quadro sintomatológico do
paciente.
● Os fármacos de primeira linha são os
betabloqueadores. Em pacientes com a forma obstruti-
● O fármaco de segunda linha é a va de CMH refratários ao tratamento
Disopiramida que aumenta a tolerância farmacológico, há uma intervenção chamada de
aos esforços; efeitos colaterais são boca ablação septal alcoólica, feita por cateterismo, na
seca e retenção urinária. qual se insufla um balão em um ramo septal e
● Diltiazem é a última opção quando os injeta-se álcool nessas artérias, que gera esclerose
outros fármacos não funcionam. desses vasos e consequentemente isquemia
nessa região. Isso faz com que o septo diminua de
espessura, por morte celular, diminuindo a
obstrução na via de saída.
Há também a miectomia septal, que consiste numa
cirurgia na qual realiza um corte no septo,
melhorando a obstrução de saída.

Referências:

1. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.;


MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia
básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2013.
. 2. Guyton e Hall. Tratado de fisiologia médica.
Esses fármacos têm o objetivo de reduzir a 13 edição Rio de Janeiro: Elsevier.
frequência cardíaca e a força de contração 3. Hypertrophic Cardiomyopathy: A Review
(inotrópicos negativos),principalmente nos casos
mais graves de obstrução, fornecendo maior tempo
de enchimento ventricular e consequentemente
aumento do débito cardíaco, além de diminuir a
obstrução gerada pela hipertrofia.

Se o paciente apresentar fibrilação


atrial (tipo mais comum de arritmia),
é necessário usar anticoagulantes,
independente do escore de risco
(CHADS-VASC), pois na CMH com
FA o risco de tromboembolismo é
muito alto.
Problema 4
@Matteus_Brendow

APG 4
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

Problema: O crime não compensa

Objetivos : Entender a evolução da insuficiência cardíaca; Listar os exames e tratamento da hipertensão


arterial, compreender os fármacos anti-hipertensivos.

INTRODUÇÃO E DEFINIÇÃO
Relembrando:
A insuficiência cardíaca é definida como
incapacidade do coração em produzir débito Volume de ejeção: É a diferença entre o volume
adequadamente para suprir a demanda diastólico final e volume sistólico final.
metabólica, ou necessidade de aumentar a PDF V ejeção = VDF - VSF
(pressão diastólica final) para atender essa Fração de ejeção ventricular: É calculada pela
demanda. divisão entre o volume sistólico (VS) e o volume
Essa síndrome pode causar alterações estruturais diastólico final (VDF).
ou funcionais cardíacas e é caracterizada por Fração de ejeção= VS/VDF
sinais e sintomas típicos que resultam da redução
do débito cardíaco e/ou das elevadas pressões de
enchimento das câmaras cardíacas.
O termo insuficiência cardíaca crônica reflete a
progressão da doença, já o termo insuficiência
cardíaca aguda se reserva para alterações rápidas
ou graduais de sinais e sintomas resultando em
necessidade de terapia urgente.
A insuficiência cardíaca pode ser causada por
anormalidades na função sistólica (IC sistólica) ou
anormalidades na função diastólica (IC diastólica)
levando a defeito no enchimento ventricular. No
entanto em muitos pacientes a disfunção sistólica e
diastólica coexistem, dessa forma a definição de
pacientes com insuficiência cardíaca se dá de
acordo com a fração de ejeção do ventrículo O resultado dessa disfunção cardíaca é o aumento
esquerdo (FEVE). do volume diastólico final, que provoca elevação
Essa dificuldade enfrentada pelo coração é devido da pressão diastólica final e das pressões venosas
à disfunção sistólica- maioria dos casos, força também. Assim, o débito cardíaco inadequado-
contrátil inadequada, consequência da cardiopatia denominado insuficiência anterógrada- é quase
isquêmica ou hipertensiva-; disfunção diastólica- sempre acompanhado de congestão venosa-
incapacidade de relaxar e encher de modo insuficiência retrógrada.
adequado, hipertrofia do VE, fibrose, deposição
amilóide e pericardite constritiva-; ou ainda por Classificação da IC de acordo com a fração de
aumento da demanda tecidual (hipertireoidismo e ejeção:
anemia), disfunção valvar e em coração normal
exposto a uma sobrecarga (pressórica ou Os pacientes com insuficiência cardíaca são
volumétrica). classificados em três grupos de acordo com a
fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE):
● Insuficiência cardíaca com fração de ejeção
reduzida (ICFEr): FEVE < 40%
● Insuficiência cardíaca com fração de ejeção
intermediária (ICFEi): FEVE 40 - 49%
● Insuficiência cardíaca com fração de ejeção
preservada (ICFEp): FEVE ≥ 50%
A diferenciação dos pacientes de acordo com a
FEVE tem o objetivo de diferenciar a etiologia ,
comorbidades associadas e principalmente a
resposta terapêutica.
ICFEr: apresentam redução das comorbidades EPIDEMIOLOGIA
com tratamento farmacológico.
ICFEi: podem apresentar evoluções tanto para É uma patologia grave afetando mais de 23
ICFEr quanto para ICFEp. milhões de pessoas no mundo. A sobrevida após 5
anos de diagnóstico pode ser de apenas 35% com
prevalência que aumenta conforme a faixa etária
de idade.
O principal perfil clínico dos pacientes com IC
crônica envolve indivíduos idosos com patologias
cardíacas diversas, sendo a isquêmica a mais
prevalente.
Na América Latina, devido ao baixo investimento
Classificação de acordo com a gravidade dos
em saúde e acesso inadequado ao atendimento
sintomas:
hospitalar são fatores de risco que favorecem o
desenvolvimento de IC. Particularmente no Brasil,
É a classificação usada pela New York Heart
as principais causas de IC são:
Association (NYHA) para classificar os pacientes
● Hipertensão arterial sistêmica
com insuficiência cardíaca de acordo com a
● Diabetes
gravidade dos sintomas.
● Doença reumática
É baseada na tolerância do paciente ao exercício,
● Chagas
variando desde a ausência de sintomas até a
presença de sintomas em repouso.
OBS: Sempre que um paciente com IC não for
Essa classificação auxilia no manejo terapêutico e
hipertenso, não apresentar DAC, valvopatia e
tem relação com o prognóstico.
outros fatores de risco é importante pensar em
CMD (cardiomiopatia dilatada).

FISIOPATOLOGIA

Para o entendimento da IC deve-se relembrar


Estágios da insuficiência cardíaca (IC), alguns conceitos.
segundo American College of ● Função sistólica- é a capacidade dos
Cardiology/American Heart Association: ventrículos em bombear sangue para a
circulação sistêmica ou pulmonar.
Enfatiza o desenvolvimento e progressão da ● Função diastólica- é a capacidade dos
doença com as possíveis abordagens terapêuticas. ventrículos em relaxar (processo ativo com
gasto de ATP) para o enchimento
adequado de sangue.
A função sistólica é avaliada através da fração de
ejeção.
● Fração de ejeção ventricular (FE): É
calculada pela divisão entre o volume
sistólico (VS) e o volume diastólico final volume sanguíneo e vasoconstrição,
(VDF). aumentando a pré-carga e a pós-carga.
Fração de ejeção= VS/VDF ● Ativação do sistema nervoso simpático-
Sendo a FE adequada entre 50-70% e reduzida Com a diminuição do débito cardíaco os
abaixo de 40%. barorreceptores e quimiorreceptores
provocam aumento da frequência cardíaca,
Pós-carga: - Se relaciona com a resistência vasoconstrição e retenção de Na+ e água
vascular sistêmica. A pós-carga do ventrículo é a nos rins. A longo prazo essa ativação
pressão exercida pelo coração na saída da aorta, simpática é prejudicial ao coração pois
saída do ventrículo. Sendo, simplificadamente induz o remodelamento e fibrose.
resumida como a dificuldade enfrentada pelo ● Em uma situação normal, pacientes em IC
ventrículo durante o processo de ejeção para os Vasoconstritores (endotelina e
bombear o sangue para circulação. Quanto maior a vasopressina) e os Vasodilatadores (óxido
pressão arterial, devido ao aumento da resistência nítrico e bradicinina) possuem
vascular, maior é a pós-carga, ou seja, mais difícil concentração balanceada nas arteríolas.
é a ejeção e menor débito cardíaco. Na IC a balança pesa para o lado dos
vasoconstritores, o que aumenta a
Pré-carga: Está relacionada com o mecanismo de pós-carga.
Frank-Starling = Retorno venoso; lembrando que Para contrabalancear essas alterações de cunho
os sarcômeros possuem um grau ótimo de negativo no coração, os peptídeos natriuréticos
distensão para que produzam uma contração desempenham papel fundamental.
eficaz. É considerada a PDF (pressão diastólica ● Os peptídeos natriuréticos são peptídeos
final) quando o ventrículo está cheio de sangue. do tipo A (ANP) liberado pelos atrios, tipo B
Simplificadamente, representa o grau de tensão do (BNP) liberado pelos ventrículos tipo C,
músculo cardíaco quando esse começa a se liberado por células vasculares. São
contrair. ativados sempre que o coração sofre
agressão seja pressórica ou volumétrica.
Contratilidade = Inotropismo. Esse conceito está Eles possuem efeitos de vasodilatação e
relacionado com a quantidade de cálcio intracelular diurese, inibindo o SRAA inibição simpática,
e a força de contração do coração. inibição de crescimento de células
musculares lisas e possivelmente redução
Com a introdução desses conceitos agora é de de apoptose (diminui hipertrofia e
fácil entendimento os mecanismos que o coração fibrose). São degradados por uma enzima
possui para contrabalançar a redução da chamada Neprilisina que é usada no
contratilidade causada pela IC. tratamento de pacientes com IC.
● Aumento da pré carga (mecanismo de Alterações na estrutura do miocárdio incluem:
Frank-Starling) aumentando o volume ● Nos estados de Sobrecarga de Pressão
diastólico final e a força de contração e com (p. ex., hipertensão, estenose valvar) ocorre
isso o DC (débito cardíaco) hipertrofia dos cardiomiócitos e os novos
● Ativação do sistema sarcômeros tendem a ser adicionados
renina-angiotensina-aldosterona em paralelo. O que leva a hipertrofia
(SRAA)- Retenção de sal e água nos rins concêntrica- a espessura da parede
aumentando o volume vascular e ventricular aumenta sem que ocorra
produzindo. SNC leva a ativação simpática. aumento do tamanho da câmara.
Nos vasos sanguíneos produz ● Sobrecarga de Volume (p. ex.,
vasoconstrição. No coração leva ao regurgitação valvar, shunts) os novos
crescimento dos cardiomiócitos e fibrose sarcômeros são adicionados em série
(remodelamento). Na adrenal há liberação assim o comprimento das fibras aumenta.
de aldosterona, que age no ducto coletor Nesse sentido, os ventrículos tendem a
promovendo a reabsorção de água e sódio. dilatar, e a espessura resultante das
O efeito geral desse sistema é aumentar o paredes pode estar aumentada, normal ou
diminuída; assim, o peso do coração —
em vez da espessura das paredes — é a função cardíaca a manutenção desses mecanismo
melhor medida da hipertrofia dos produzem o remodelamento cardíaco. Isso, causa
corações com sobrecarga de volume. hipertrofia do miocárdio sendo concêntrica
(quando a parede ventricular tem sua espessura
aumentada sem aumentar a cavidade ventricular,
evento principalmente relacionado à HAS) ou
excêntrica (ocorre em muitos casos de
insuficiência valvar). Esse coração hipertrofiado
diminui ainda mais sua função.

QUADRO CLÍNICO
Fig- Cortes transversais que mostram a hipertrofia do
ventrículo esquerdo com e sem dilatação. Comparado com o Quanto IC pode ser dividida em direita e esquerda.
coração normal (centro), o coração com sobrecarga de
pressão (à esquerda) tem massa aumentada, paredes IC Esquerda: Pode envolver ambos os lados do
espessas e lúmen menor. O coração com sobrecarga de
coração. Suas causas mais comuns são a
volume (à direita) tem massa aumentada, lúmen maior e
tamanho aumentado, mas a espessura das paredes é normal.
cardiopatia isquêmica (CI), a hipertensão
sistêmica, a doença da valva da aorta ou da valva
Em resumo a insuficiência cardíaca diminui a atrioventricular esquerda e as doenças primárias
perfusão sanguínea dos tecidos por fatores como do miocárdio (p. ex., amiloidose). Causa aumento
disfunção sistólica , disfunção diastólica, aumento da pressão de enchimento no VE o que dificulta a
da demanda tecidual, disfunção valvar ou passagem de sangue do AE para o ventrículo
sobrecarga pressórica ou volumétrica. esquerdo aumentando a sua pressão e dificultando
Assim o corpo para superar essa dificuldade de assim a passagem de sangue dos pulmões para o
perfusão ativa mecanismo compensatório, sendo AE.
eles: Quadro clínico de IC esquerda: Os sintomas se
1. Ativação do SRAA que aumenta o volume relacionam mais com sistema respiratório uma vez
sanguíneo, ou seja aumento da pré-carga, que as câmaras esquerdas recebem sangue
e produz vasoconstrição, aumento da pós oxigenado dos pulmões e quando essas tornam-se
carga. Induz, também, o remodelamento insuficientes, o sangue retorna para o sistema
cardíaco e a fibrose. pulmonar. Dentre os principais sintomas,
2. Ativação do sistema nervoso simpático que encontram-se:
produz aumento do inotropismo, da ● Dispnéia: sensação de falta de ar, ocorre
frequência cardíaca e da pós-carga pela principalmente aos esforços.
vasoconstrição. Ainda induz ao ● Ortopnéia: dispnéia que ocorre quando o
remodelamento cardíaco e fibrose. paciente se deita. É devido ao aumento do
3. Há, ainda, um desbalanço na produção de retorno venoso, uma vez que deitado o
vasoconstritores e vasodilatadores, o que sangue apresenta menos dificuldade para
promove uma maior produção de chegar ao coração.
vasoconstritores. Isso aumenta a ● Dispnéia paroxística noturna: paciente
pós-carga. acorda no meio da noite com dispnéia
4. Para compensar esses efeitos deletérios o intensa, com sensação de sufocamento.
coração libera através de suas câmaras os ● Fadiga/Cansaço
peptídeos natriuréticos, que produzem ● Intolerância ao exercício: ocorre devido a
vasodilatação e eliminação de sódio e incapacidade de manter o débito cardíaco
água. Desse modo, diminui-se a pós-carga adequado.
e a pré-carga. ● Presença de terceira bulha B3
● Presença de estertores finos nas bases
Logo percebe-se que esses mecanismos de pulmonares: ocorre devido ao acúmulo de
compensação possuem efeito benéfico ao coração sangue oxigenado no leito pulmonar.
somente nos momentos iniciais, uma vez que com ● Cardiomegalia: aumento do coração,
a persistência das alterações que diminuem a identificada pelo exame de raio X.
IC Direita- Geralmente é consequência da IC
esquerda, uma vez que qualquer aumento na
pressão da circulação pulmonar produz aumento
da carga no lado direito do coração. A insuficiência
cardíaca direita isolada pode ocorrer na a
hipertensão pulmonar grave, que provoca uma
patologia do lado direito do coração denominada
cor pulmonale. A insuficiência direita isolada
também pode ocorrer em pacientes com doença
primária da valva atrioventricular direita ou da valva
do tronco pulmonar, ou naqueles com cardiopatia
congênita, como nos shunts da esquerda para a
direita que provocam sobrecarga crônica de
volume e pressão.
Quadro clínico da IC direita: A insuficiência
A avaliação do paciente é útil para a definição do
cardíaca direita pura produz poucos sintomas
tratamento.
respiratórios, sendo seus sintomas mais
relacionados ao leito venoso durante seu trajeto
No exame físico: Verificar se há fenômenos que
até a chegada no coração. Sendo assim, os
indiquem congestão como:
sintoma mais comuns são:
● Estase jugular a 45 graus
● Congestão venosa portal
● Hepatomegalia
● Edema de membros inferiores
● Ascite
● Refluxo hepatojugular
● Edema de membros inferiores
● Pressão venosa jugular elevada/Estase
● Crepitações na ausculta pulmonar
jugular
Na ausculta cardíaca, verificar se há:
● Ascite
● Hiperfonese de B1, indicando redução da
● Esplenomegalia
função sistólica
● Hiperfonese de B2 encontrada em
pacientes com hipertensão pulmonar
● A presença das bulhas extras deve levantar
o alerta para a presença de IC.
B3 é auscultada na fase da desaceleração do
enchimento rápido ventricular, principalmente
quando há um aumento do volume sistólico final.
Já B4 pode ser ouvida logo após a contração atrial,
e apesar de menos comum, também é associado a
disfunção ventricular.
Presença de refluxo hepato-jugular, quando
paciente possui o fígado congesto indica falência
do VD. Para observar esse sinal, você deverá
manter seu paciente deitado em decúbito dorsal
sobre o leito, com a cabeceira elevada a 45º e
pressionar o hipocôndrio direito dele, observando a
região cervical. Em caso de ingurgitamento da veia
jugular à manobra, ela é considerada positiva.

DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é guiado por uma história clínica e Eletrocardiograma: Deve ser realizado ECG de
um exame físico detalhado, buscando os principais 12 derivações é recomendada na avaliação inicial
sinais e sintomas de IC. Os exames de pacientes com IC. Avaliação de:
complementares auxiliam no diagnóstico e servem ● Hipertrofia ventricular
como forma de avaliação da gravidade da doença. ● Sinais de sobrecargas de câmaras
Anamnese + Exame físico + ECG + RX de tórax ● Isquemia miocárdica
são as principais estratégias para o diagnóstico de ● Áreas de fibrose
insuficiência cardíaca. ● Distúrbios de condução
● Bradicardia e taquicardia

Radiografia de tórax: único exame complementar


que pode fechar um critério maior de Framingham
(a cardiomegalia), pode apresentar informações
valiosas sobre o estado do paciente.Avalia:
● Cardiomegalia
● Congestão pulmonar
● Identificação das causas de dispnéia

Fig. Esse fluxograma ilustra os passos para o


diagnóstico de insuficiência cardíaca.

Os Critérios de Framingham são uma ferramenta


para diagnóstico de pacientes com IC pela
avaliação física.
● Com 1 critério maior e 2 critérios
menores ou 2 critérios maiores é
possível indicar o diagnóstico de IC.
Fig. Radiografia de tórax com sinal de
cardiomegalia.

Ecocardiograma transtorácico: avaliar a


dimensão das câmaras cardíacas, presença de
valvopatias associadas e através do cálculo da FE,
permite diferenciar a ICFEp e ICFEr.

Biomarcadores: BNP e NT-proBNP são úteis em


casos de dúvidas diagnósticas em pacientes com
queixa de dispnéia. Valores de BNP , 35 pg/mL ou
NT-proBNP < 125 pg/mL praticamente excluem o
diagnóstico de IC.

Exames Complementares:

Avaliação laboratorial: pacientes com sinais e


sintomas sugestivos de IC, recomenda-se a
realização de exames laboratoriais para avaliação
da gravidade da lesão e detecção de
comorbidades.
(pressão diastólica final) para atender essa
demanda.
Essa síndrome pode causar alterações estruturais
ou funcionais cardíacas e é caracterizada por
sinais e sintomas típicos que resultam da redução
do débito cardíaco e/ou das elevadas pressões de
enchimento das câmaras cardíacas.

Classificação da IC de acordo com a fração de


ejeção:

TRATAMENTO DA IC

Não farmacológico:
● Programa de manejo da IC, qualidade de Particularmente no Brasil, as principais causas de
vida e mortalidade custos hospitalares IC são:
● Reabilitação cardiovascular (exercício ● Hipertensão arterial sistêmica
aeróbico) ● Diabetes
● Vacina contra influenza e pneumococos ● Doença reumática
● Evitar a ingestão excessiva de sal ● Chagas

Tratamento farmacológico: FISIOPATOLOGIA

Em resumo a insuficiência cardíaca diminui a


perfusão sanguínea dos tecidos por fatores como
disfunção sistólica , disfunção diastólica, aumento
da demanda tecidual, disfunção valvar ou
sobrecarga pressórica ou volumétrica.
Assim o corpo para superar essa dificuldade de
perfusão ativa mecanismo compensatório, sendo
eles:
5. Ativação do SRAA que aumenta o volume
sanguíneo, ou seja aumento da pré-carga,
e produz vasoconstrição, aumento da pós
carga. Induz, também, o remodelamento
cardíaco e a fibrose.
6. Ativação do sistema nervoso simpático que
produz aumento do inotropismo, da
frequência cardíaca e da pós-carga pela
PONTOS IMPORTANTES A SE vasoconstrição. Ainda induz ao
FOCAR remodelamento cardíaco e fibrose.
7. Há, ainda, um desbalanço na produção de
vasoconstritores e vasodilatadores, o que
promove uma maior produção de
DEFINIÇÃO
vasoconstritores. Isso aumenta a
pós-carga.
A insuficiência cardíaca é definida como
8. Para compensar esses efeitos deletérios o
incapacidade do coração em produzir débito
coração libera através de suas câmaras os
adequadamente para suprir a demanda
peptídeos natriuréticos, que produzem
metabólica, ou necessidade de aumentar a PDF
vasodilatação e eliminação de sódio e
água. Desse modo, diminui-se a pós-carga ● Cardiomegalia
e a pré-carga. ● Congestão pulmonar
A manutenção desses mecanismos produzem o ● Identificação das causas de dispnéia
remodelamento cardíaco. Isso, causa hipertrofia
do miocárdio sendo concêntrica ou excêntrica.
Referências:
QUADRO CLÍNICO 1. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.;
MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia
IC Esquerda: básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
Os principais sintomas, encontram-se: 2013.
● Dispnéia 2. Guyton e Hall. Tratado de fisiologia médica.
● Ortopnéia 13 edição Rio de Janeiro: Elsevier.
● Dispnéia paroxística noturna 3. Comitê Coordenador da Diretriz de
● Intolerância ao exercício Insuficiência Cardíaca. Diretriz Brasileira de
● Presença de terceira bulha B3 Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda.
● Presença de estertores finos nas bases Arq Bras Cardiol. 2018; 111(3):436-539
pulmonares:
● Cardiomegalia

IC Direita:
● Congestão venosa portal
● Edema de membros inferiores
● Refluxo hepatojugular
● Pressão venosa jugular elevada/Estase
jugular
● Ascite
● Esplenomegalia

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é guiado por uma história clínica e


um exame físico detalhado, buscando os principais
sinais e sintomas de IC.
Anamnese + Exame físico + ECG + RX de tórax
são as principais estratégias para o diagnóstico de
insuficiência cardíaca.

Radiografia de tórax: único exame complementar


que pode fechar um critério maior de Framingham
(a cardiomegalia), pode apresentar informações
valiosas sobre o estado do paciente.Avalia:
Problema
APG 5/6 5 e 6
@Matteus_Brendow

DOENÇA DE CHAGAS

Problema: O inimigo mora ao lado

Objetivos: Estudar o ciclo da doença de chagas e compreender a sua relação com o quadro de
cardiomegalia; Entender como é feito o diagnóstico da doença de chagas (sorologia e radiografia); Investigar
os riscos da radiografia para gestantes e os mecanismos de proteção.

1. INTRODUÇÃO pela ingestão de líquido amniótico


contaminado ou por contato do feto com
sangue materno.
A Doença de Chagas (DC) é uma antropozoonose ● Acidentes de laboratório- São devidos à
causada pelo Trypanosoma cruzi (T. cruzi), um contaminação com diversos materiais
protozoário flagelado que se aloja no intestino de infectados, ao manejo de triatomíneos e à
seu vetor, o triatomíneo popularmente chamado de manipulação de mamíferos infectados, de
“barbeiro”. Essa doença possui duas fases sendo culturas, de sangue de casos agudos etc.
uma aguda e outra crônica. ● Transmissão oral- Estariam implicados
É uma miocardite (grupo de doenças nas quais diversos tipos de alimentos contaminados,
agentes infecciosos ou inflamatórios tem como especialmente sucos (cana, açaí, bacaba,
alvo principal o miocárdio). As miocardites podem goiaba), leite, sopas, carne crua de caças
ser de origem viral, sendo as mais comuns, como o etc
citomegalovírus (CMV), o vírus da imunodeficiência ● Transmissão em transplantes de órgãos-
humana (HIV) e o vírus da influenza. Podem, Pressupõe doador infectado e receptor
também, ser causadas por infecções não virais suscetível, descrita em transplantes de rins
como na Doença de Chagas. E, ainda, por reações (os mais frequentes), de coração, de
de hipersensibilidade (miocardite por pâncreas, de fígado e de medula óssea.
hipersensibilidade).
As formas de transmissão da Doença de Chagas
são: 2. CONTÁGIO E FISIOPATOLOGIA
● Transmissão vetorial- Ocorre pelo contato
do indivíduo suscetível com fezes de O indivíduo é contaminado por contato das fezes
triatomíneos (barbeiro) infectadas por do barbeiro com mucosas ou pele. O inseto possui
Trypanosoma cruzi. A penetração do tripomastigotas em suas fezes, que em contato
parasito dá-se por solução de continuidade com as mucosas ou a pele lesada, entra na
na pele ou através de mucosas íntegras. corrente sanguínea e acomete diversos órgãos
● Transmissão transfusional- Ocorre entre quando não combatido pelo sistema imune,com
doador infectado (geralmente crônico) e tropismo por musculatura lisa e estriada,
receptor suscetível. O parasito permanece principalmente o tecido cardíaco e gastrointestinal.
infectante por mais de duas semanas em As tripomastigotas se diferenciam em amastigotas
sangue estocado. nas células invadidas multiplicando-se. As
● Transmissão congênita- Ocorre amastigotas podem permanecer nesse estado ou
principalmente após o terceiro mês de se diferenciarem novamente em tripomastigotas,
gravidez. Implica em colonização da rompendo as células e caindo na corrente
placenta pelo parasito, mas pode dar-se sanguínea recontaminando tecidos. Dessa
forma,com os tripomastigotas na corrente lesam as células cardíacas regando
sanguínea, quando um novo vetor picar o processo inflamatório.
hospedeiro definitivo (homem) absorverá o O dano cardíaco resulta das alterações
tripomastigota. Assim, o tripomastigota no fundamentais:
mosquito se diferencia em epimastigota sofrendo ● Inflamação
divisão binária se diferenciando novamente em ● Necrose
tripomastigota fechando o ciclo. ● Fibrose
que o T. cruzi provoca, direta ou indiretamente no
tecido de condução, no tecido contrátil e no
sistema nervoso intramural (sist. nervoso
parassimpático).
O comprometimento do nó sinusal, nó AV e feixe
de His por alterações inflamatórias, degenerativas
e fibróticas originam:
● Disfunção e bloqueios de condução; isso
provoca taquiarritmias.
A predisposição a eventos tromboembólicos é
decorrente da dilatação global, estase venosa,
fibrilação atrial e aneurismas ventriculares.

APRESENTAÇÃO CLÍNICA E
CLASSIFICAÇÃO

A Doença de Chagas (DC) pode ser classificada


em duas fases:
Fase Aguda: Devido a infecção primária ou
reativação na fase crônica. Dura de 6-8 semanas.
O quadro clínico se assemelha ao de outras
miocardites com sintomas de febre, taquicardia,
esplenomegalia e edema. Inflamação pode ser
A Cardiopatia Chagásica Crônica (CCC) é uma observada no local no qual o parasita penetra na
miocardiopatia dilatada em que a inflamação pele. Se o local de penetração foi a região ocular,
crônica provoca destruição progressiva e fibrose pode ocorrer conjuntivite acompanhada de edema
extensa no coração, causando diversos distúrbios palpebral unilateral e adenopatia (Sinal de
fisiopatológicos, como: Romaña).
● Disautonomia cardíaca,causada por lesão O ECG pode revelar taquicardia sinusal, baixa
parassimpática vagal. Desse modo, os voltagem dos complexos QRS, prolongamento do
pacientes se tornam incapazes de ajustes intervalo PR e/ou QT e alteração da repolarização
cronotrópicos, como alterações de postura ventricular.
e exercício físico. Podem ser observadas arritmias ventriculares,
● Distúrbios microcirculatórios- causados por fibrilação atrial e bloqueio de ramo direito.
disfunção endotelial e formação É mais frequente em crianças.
plaquetária, podendo provocar isquemia do A fase aguda pode decorrer também de reativação
miocárdio. Essas alterações infecciosa a partir de fase crônica previamente
microcirculatórias causam aneurisma na estabelecida.
parede apical do ventrículo esquerdo. A imunossupressão pode causar proliferação dos
● Inflamação e agressão tissular: Essa parasitos, lesões necróticas ou tumorais no
inflamação depende da persistência do cérebro, esôfago, e intensificação da miocardite;
parasita no tecido cardíaco. A inflamação HIV e transplante de órgão são exemplos.
direta é causada pelas amastigotas que
durar de 30-40 anos podendo evoluir para a
forma cardíaca ou continuar assintomática.
2. Forma Cardíaca: Pode ocorrer sem e com
disfunção ventricular. Sem disfunção
ventricular- forma de cardiopatia
chagásica caracterizada apenas por
arritmias e distúrbios de condução
intraventricular e atrioventricular, com
função ventricular normal. Sintomas da
arritmia incluem palpitações, tonturas e
síncope. Esses sintomas advêm tanto das
taquiarritmias ventriculares quanto da
disfunção sinusal e bloqueios
atrioventriculares (BAV) com assistolia.
Com disfunção ventricular- O quadro
clínico nesse estágio depende da
expressão de três distúrbios
frequentemente coexistentes: IC, arritmias
e tromboembolismo. A apresentação clínica
mais frequente é IC biventricular, com maior
comprometimento do VD causando (estase
jugular, hepatomegalia, ascite e edema de
membros inferiores),associada a arritmias
ventriculares, atriais e distúrbios de
condução atrioventricular e intraventricular.
Pacientes se queixam mais de fraqueza do
que dispnéia, pelos níveis de PA baixa
comparada a outras IC. O exame clínico
revela cardiomegalia significativa com ictus
cordis impulsivo e difuso, sopros de
insuficiência mitral e tricúspide e
desdobramento amplo de segunda bulha.
Os ventrículos apresentam-se dilatados e
com aneurisma de ponta e prevalência de
Fase Crônica: Possui 4 situações clínicas. O fibrilação atrial.
principal marcador prognóstico é a função 3. Forma Digestiva:
ventricular. 4. Forma Mista (cardíaca e digestiva):
1. Forma Indeterminada: Pacientes possuem
sorologia ou exame parasitário positivo
para Trypanosoma cruzi, mas não
apresentam sintomas, sinais físicos ou
evidências de lesões orgânicas (cardíacas
e extracardíacas) ao ECG e no R-X de
A fase crônica ainda pode ser classificada em em
tórax. Testes mais rigorosos como
estágios (A,B,C e D).
(ecocardiograma, avaliação autonômica,
● Estágio A: estão os pacientes da forma
teste ergométrico, Holter, cintilografia
indeterminada, sem sintomas presentes ou
miocárdica, ressonância magnética,
pregressos de IC e com ECG e radiografia
cateterismo cardíaco, biópsia
(RX) de tórax normal.
endomiocárdica) pode se observar algumas
● Estágio B: pacientes com cardiopatia
alterações mas sem valor prognóstico, ou
estrutural que nunca tiveram sinais nem
seja que traça o provável desenvolvimento
sintomas de IC. São, ainda, divididos em
futuro ou o resultado de um processo. Pode
B1 e B2. B1 (pacientes com alterações
eletrocardiográficas-distúrbios de condução
ou arritmias- e que não têm disfunção
ventricular)
B2 (No estágio B2, estão os pacientes que
já apresentam disfunção ventricular global,
com fração de ejeção do VE -FEVE-
reduzida)
● Estágio C: pacientes com sintomas prévios
ou iniciais de IC (insuficiência cardíaca) e
que possuem disfunção ventricular.
● Estágio D: pacientes com sintomas de IC
em repouso refratários ao tratamento 4. DIAGNÓSTICO
clínico maximizado, necessitando
intervenções especializadas e intensivas. Como referido, a CCC pode manifestar-se por IC,
eventos tromboembólicos e arritmias ventriculares.
O diagnóstico baseia-se em epidemiologia positiva,
anamnese, exame físico, alterações
eletrocardiográficas, radiológicas e testes
sorológicos.
A sintomatologia predominante é de IC, com
dispneia progressiva, fadiga, astenia e
sintomas de IC direita, como edema, aumento
do volume abdominal e desconforto epigástrico
aparecem precocemente.
Fig. Miocardite. A, Miocardite linfocítica, com edema e História sugestiva de eventos arrítmicos
lesão de miócitos. B, Miocardite por hipersensibilidade, (bradiarritmias ou taquiarritmias), com palpitações,
caracterizada por infiltrados inflamatórios perivasculares ricos pré-síncope e síncope é frequente.
em eosinófilos. C, Miocardite de células gigantes, com Eventos tromboembólicos, notadamente o AVE,
infiltrados de linfócitos e macrófagos, lesão extensa de
podem ser a primeira manifestação da CCC que se
miócitos e células gigantes multinucleadas. D, Miocardite por
originam dos trombos intracavitários.
doença de Chagas. Destaque para uma miofibra distendida
com tripanossomas (seta), juntamente com inflamação Dor anginosa de caráter atípico é frequente e
composta de células mononucleares e necrose de miofibras. decorre de isquemia na ausência de obstrução
coronariana angiograficamente detectável que
decorre das alterações da microcirculação.
O exame semiológico pode evidenciar
cardiomegalia global, sopros de regurgitação mitral
e tricúspide e a presença de 3ª bulha. Sinais de
baixo débito, como hipotensão e pulso filiforme,
são detectáveis em alguns indivíduos, em
contraste com sinais de congestão pulmonar.

Testes sorológicos- Dada a baixa parasitemia na


fase crônica da doença, os testes
parasitológicos não são utilizados e testes
sorológicos baseados na detecção de anticorpos
contra o T. cruzi devem ser rotineiramente
empregados para o estabelecimento da etiologia
da cardiopatia.
O diagnóstico sorológico da infecção pelo T. cruzi é
confirmado (ou excluído) pelo emprego de pelo
menos dois testes sorológicos de princípios
diferentes, que devem comprovar a existência de de aneurismas apical ou submitral, trombos
anticorpos anti-T. cruzi. Os testes sorológicos mais cavitários e alterações da função diastólica.
indicados são ensaio imunoenzimático (ELISA), O aspecto clássico do ECO na CCC
imunofluorescência indireta (IFI) e avançada é o de grande dilatação das
hemaglutinação indireta (HAI). Quando cavidades atriais e ventriculares, com
realizados os três testes, é possível obter hipocinesia difusa, biventricular, aspecto
concordância entre eles em mais de 98,0% dos este não tão chamativo em miocardiopatias
soros. isquêmicas ou de outras etiologias.
● Ressonância magnética cardíaca: Na
CCC, a fibrose miocárdica é substrato
constante e intenso, associado à
progressão da doença e a prognóstico
ominoso pelo elevado risco de morte súbita
e arritmias ventriculares. A ressonância
magnética cardíaca permite a identificação
precoce do envolvimento cardíaco, através
da detecção de áreas de realce tardio
indicativos de fibrose, permitindo a
estratificação mais precisa dos estágios de
gravidade. A extensão da fibrose se
relaciona com o estágio de evolução da
doença.
● Medicina nuclear: Tc é alternativa ao ECO,
principalmente para avaliação da fração de
ejeção do ventrículo direito e avaliação das
condições de sincronização contrátil de
ambos os ventrículos indicando, também,
alterações da microcirculação coronariana.
● Eletrocardiografia dinâmica (Holter):
Exames complementares- Indicado para avaliação de paciente
● Eletrocardiograma: As alterações chagásico com síncope, que pode ser
eletrocardiográficas constituem, decorrente de bradiarritmias ou
frequentemente, o primeiro indicador do taquiarritmias ventriculares.
surgimento da CCC. São caracterizadas
por retardos transitórios ou fixos da
condução atrioventricular, da condução no
ramo direito, alterações da repolarização
ventricular e ectopias ventriculares. Quando
aparecem distúrbios de contratilidade no
ECG esse exame torna-se um prognóstico
relevante.
Na CCC, o bloqueio completo do ramo
direito, associado ao hemibloqueio anterior
esquerdo, constitui a alteração mais
frequente.
● Radiografia torácica: O comprometimento
do VD e insuficiência tricúspide são os
achados com aumento das cavidades são
os achados mais importantes.
● Ecocardiografia: permite avaliar o
desempenho contrátil regional e global do
VE, o comprometimento do VD, a presença
TRATAMENTO DA DOENÇA DE CHAGAS

Há relação direta entre a presença e a quantidade


do parasito e a intensidade da miocardite. Cada
Diagnóstico diferencial da CCC- forma clínica de pacientes com chagas.
Medicamentos parasiticidas:
A confirmação sorológica da doença em paciente Nifurtimox (nitrofurano): comprimido de 120 mg,
portador da síndrome clínica de IC constitui a dose recomendada é de 15 mg/Kg/dia em adultos.
sequência diagnóstica na maioria dos casos. No Benznidazol; 60-80 dias usado na fase aguda;
ECG, o bloqueio de ramo direito associado ao crônica em crianças; contaminação acidental e
hemibloqueio anterior esquerdo é altamente reativação da fase aguda em pacientes com HIV
sugestivo de CCC em pacientes oriundos de área ou transplantados. Sem benefícios em pacientes
endêmica, enquanto o bloqueio de ramo esquerdo cronicos adultos.
torna pouco provável a etiologia chagásica. Pacientes com bradiarritmias: Marca-passo.
● O aneurisma da ponta do VE, poupando o Taquiarritmias: Antiarrítmicos e/ou ablação por
septo, constitui um “marcador da doença”. cateter (queimar focos de arritmia).
Também contribui para o diagnóstico de CCC Pacientes com disfunção ventricular (FE menor
encontrar-se, além das alterações de mobilidade que 50%): Tratamento básico da IC para evitar
segmentar do VE, intenso comprometimento do remodelamento cardíaco Beta-bloqueadores,
VD, que é pouco frequente nas cardiopatias IECAs e BRA; Espironolactona.
isquêmica e hipertensiva.
Também se reforça no diagnóstico diferencial
quando há queixa de dor precordial, usualmente 5. RADIOGRAFIA E GESTAÇÃO
atípica como angina, em pacientes com
epidemiologia sugestiva. Radiografia convencional- Os raios X são uma
forma de energia radiante, semelhantes à luz
Prognóstico da cardiopatia chagásica crônica- visível. Eles se diferem da luz visível por
A CCC é quase sempre progressiva e o apresentarem menor comprimento de onda, sendo
prognóstico depende da fase e da forma clínica em capazes de penetrar substâncias opacas à luz. O
que o paciente se encontra. feixe de raios X é produzido pelo bombardeio de
O prognóstico é, em geral, inversamente uma placa de tungstênio por um feixe de elétrons
proporcional à idade do paciente e mais grave em no interior de um tubo de raios X.
crianças com miocardite ou encefalite grave.
A forma indeterminada deve ser encarada como
portando prognóstico benigno e sobrevida
equiparável à de indivíduos sem DC.
O escore de Rassi é muito utilizado para avaliar
o prognóstico a longo prazo de pacientes com
Doença de Chagas.

Filme radiográfico- A radiografia convencional


utiliza uma película colocada dentro de um chassi
radiográfico como detector dos raios X. Enquanto placas de armazenamento de fósforo reutilizáveis
os raios X atravessam o corpo humano, sofrem em vez do filme convencional. O aparelho é o
atenuação pela interação com os tecidos mesmo da radiografia convencional mudando o
(absorção e dispersão) e produzem um padrão de filme que agora é o casset (placa de fósforo
imagem no filme que pode ser reconhecido como fotoestimulante) em vez da película de chassi que
correspondente à anatomia humana. Os raios X necessita de um processo químico para revelação.
transmitidos através do corpo do paciente
bombardeiam uma tela recoberta por partículas Radiografia digital (DR)- é um sistema que
fluorescentes dentro do chassi radiográfico, dispensa o uso de chassis e filmes radiográficos
causando uma interação fotoquímica, a qual emite para a captura de imagens de raios X no formato
radiação luminosa e sensibiliza o filme no interior digital. DR substitui o chassi radiográfico e a placa
do chassi. O filme é removido do chassi e de fósforo por um detector eletrônico fixo ou sensor
revelado em um processador químico automático. CCD (charge ­coupled device). Detectores de
leitura direta produzem uma imagem radiográfica
digital imediata. Substitui agora o aparelho
convencional sem placas de revelação (sem chassi
ou casset) imagem diretamente digitalizada.

Fig. Radiografia digital

Nomenclatura das incidências radiográficas- A


maioria das incidências radiográficas é nomeada
de acordo com a maneira com que o feixe de raios
X atravessa o paciente. Uma radiografia do tórax
posteroanterior (PA) é aquela na qual o feixe de
raios X penetra nas costas do paciente e sai pela
frente para sensibilizar o detector de raios X. Uma
radiografia do tórax anteroposterior (AP) é feita
com o feixe de raios X atravessando o corpo do
paciente da parte da frente para as costas. Uma
mamografia craniocaudal (CC) é produzida pela
passagem do feixe de raios X através das mamas,
na direção vertical do crânio para a porção caudal,
com a paciente de pé ou sentada. As incidências
também podem ser nomeados de acordo com a
posição assumida pelo paciente na hora do exame,
por exemplo, ortostática, em decúbito dorsal ou em
decúbito ventral.

Radiografia computadorizada (CR)- é um


sistema que elimina a necessidade de filme e de
seu processamento químico, fornecendo imagens
radiográficas digitais. A radiografia digital utiliza
Doenças podem obscurecer a silhueta e o
contorno de estruturas anatômicas normalmente
vistas. Na pneumonia do lobo médio do pulmão
direito, o ar nos alvéolos é substituído por líquido e
“apaga” o contorno da borda cardíaca direita
(Figura 1.5).

Fig. Radiografia convencional. A. Diagrama de um tubo de


raios X, mostrando a radiação atravessando o corpo do
paciente e sensibilizando o filme radiográfico. Para realização
de uma radiografia digital, o chassi radiográfico é substituído
por uma placa de fósforo ou um detector eletrônico fixo. B.
Radiografia do abdome AP, com paciente em decúbito dorsal.
A imagem revela a anatomia, porque as estruturas anatômicas
diferem em sua capacidade de atenuar os raios X que
atravessam o corpo do paciente. Podem ser visualizados o
estômago (E) e o duodeno (d) porque o ar, no lúmen,
apresenta densidade radiográfica diferente daquela dos
tecidos moles que circundam o trato GI. O rim direito (entre as
setas mais curtas), a borda hepática (seta reta longa), a borda
esplênica (seta vazada) e o músculo psoas esquerdo (seta
curva) podem ser visualizados, porque a gordura delineia a
densidade dos tecidos moles dessas estruturas. Os ossos da
coluna, da pelve e dos quadris são claramente visualizados
através dos tecidos moles, devido a sua alta densidade
radiográfica.

Princípios de interpretação- As radiografias


convencionais mostram cinco densidades básicas:
ar, gordura, partes moles, osso e metal (ou
agentes de contraste). O ar atenua pouco o feixe
de raios X, permitindo que o feixe, praticamente
em sua força total, escureça a imagem. Ossos,
metais e agentes de contraste radiográficos
dificultam a passagem dos feixes de raio X, o que
clareia a imagem. A atenuação do feixe de raios X
por gordura e tecidos moles é intermediária,
resultando em graus diferentes de escurecimento
da imagem (escala de cinza).
O ar nos pulmões delineia as estruturas
pulmonares vasculares, produzindo um padrão
detalhado do parênquima pulmonar (Figura 1.4). A
gordura no interior do abdome delineia as bordas
hepáticas, esplênicas e renais, possibilitando sua
visualização (Figura 1.2 B). A alta densidade dos
ossos torna possível a visualização detalhada Fig. 1.2
dessas estruturas.
Contrastes radiográficos são suspensões à base
de iodo ou bário que atenuam fortemente o feixe Riscos associados à radiação e a segurança do
de raios X e são utilizados para delinear estruturas paciente- Atualmente, estima-se que os exames
anatômicas. de imagem representem até 48% do total de
exposição à radiação na população, contra 15% Se o útero estiver fora do campo de visão do feixe
estimados em 1987. A TC sozinha é responsável de raios X, o feto recebe apenas a radiação
por 24% da exposição total da população à dispersa e a dose de radiação é mínima.
radiação. Uma preocupação especial é o uso de Se o feto for diretamente exposto ao feixe de raios
radiação ionizante, especialmente TC, em X no campo de visão, as doses dependem da
crianças, gestantes e a repetição da exposição em espessura da paciente, profundidade do concepto
pacientes com doenças crônicas, principalmente em relação à pele, da técnica de raios X
os jovens. empregada e da direção do feixe.
Os riscos potenciais da exposição à radiação Nas primeiras 2 semanas de gestação, a
ionizante incluem indução de malignidade, exposição à radiação apresenta um efeito de tudo
mutação genética e malformação congênita. ou nada- a radiação ou interrompe a gravidez ou o
Ainda não há evidências diretas de que a feto continua a se desenvolver.
exposição a baixos níveis de radiação cause Da terceira à oitava semanas após a concepção,
câncer ou defeitos congênitos. Todas as questões a organogênese está em sua atividade máxima, e
se baseiam em estimativas de risco. a exposição à radiação pode ocasionar
O risco estimado durante a vida para uma criança malformações de órgãos.
de 1 ano de idade, submetida a uma TC abdominal Durante a oitava à décima quinta semana, o
é de 0,18% e o da TC craniana é 0,07%. 50 sistema nervoso apresenta maior sensibilidade à
Contudo, esse risco adicional é insignificante se radiação, a exposição nesse período tende a
comparado aos estimados 23% de risco individual causar microcefalia com retardo mental.
de desenvolvimento de câncer no período de vida No terceiro trimestre, o feto apresenta
de uma pessoa. sensibilidade muito menor à radiação, e é
Em muitos casos, o benefício imediato de um improvável a ocorrência de comprometimento
exame supera imensamente o risco reduzido. orgânico e malformações.
A ocorrência de um câncer adicional, O National Council on Radiation Protection and
possivelmente relacionado com a exposição Measurement estabeleceu 50 mGy (5 rads) como
radioativa, tem período de latência entre 30 e 40 a dose fetal cumulativa máxima “aceitável”
anos. Pacientes com mais de 50 anos e aqueles durante todo o período gestacional.
que já têm câncer e, por isso, realizaram muitas Abaixo desse limiar, é bastante improvável que
TC, provavelmente não apresentarão outro câncer seja detectado qualquer efeito colateral no feto.
induzido por radiação. Nenhum exame ultrapassa essa dosagem
(Tabela 1.7).
Gravidez e radiação- Durante a gravidez, o risco Contudo, a exposição repetida à radiação ionizante
de exposição do feto à radiação é aumentado durante a gravidez pode, certamente, exceder essa
devido às pequenas dimensões desse ser humano dose e causar lesões ao feto. O risco se torna
em desenvolvimento, com crescimento rápido e significativo a partir de 100 mGy “doses fetais
processos de divisão celular extremamente ativos. abaixo de 100 mGy não devem ser consideradas
Os potenciais efeitos danosos da radiação motivo para interrupção da gravidez. Nas doses
ionizante ao feto incluem morte pré­natal fetais acima desse nível, pode haver danos ao feto,
(especialmente nos primeiros estágios de sendo que a magnitude e o tipo de lesão
gestação), retardo do crescimento intrauterino, dependem da dose e do estágio gestacional.”
retardo mental, malformações de órgãos e
desenvolvimento de câncer durante a infância.
O risco de cada um desses efeitos adversos
depende da idade gestacional no momento da
exposição e também da dose total durante a
gestação.
O risco associado à radiação é mais alto durante o
primeiro trimestre de gravidez, diminui no segundo
e é ainda mais baixo durante o terceiro trimestre.
Referências:

1. Andrade J.P., Marin-Neto J.A., Paola A.A.V.,


Vilas-Boas F., Oliveira G.M.M., Bacal F.,
Bocchi E.A, Almeida D.R., Fragata Filho
A.A., Moreira M.C.V., Xavier S.S., Oliveira
Junior W. A., Dias J.C.P. et al. Sociedade
Brasileira de Cardiologia. I Diretriz Latino
Americana para o Diagnóstico e
Tratamento da Cardiopatia Chagásica. Arq
Bras Cardiol 2011; 97(2 supl.3): 1-48.
2. Fundamentos de Radiologia: Diagnóstico
por Imagem / William E. Brant e Clyde A.
Helms; tradução Mariângela Vidal Sampaio
Fernandes. 4. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2015.
@Matteus_Brendow

Problema 7 e 8
APG 7/8 ATEROSCLEROSE e IAM
Problema: Telefone mudo e Tempo é vida

Objetivos: Revisar a formação da placa de ateroma e relacionar com o IAM (Sinais e sintomas, quadro
clínico e fisiopatologia); Entender a diferença da angina estável e instável; Recordar o mecanismo de
referência e contrarreferência.

ARTERIOSCLEROSE X
ATEROSCLEROSE

ARTERIOSCLEROSE significa “endurecimento”


das artérias, o que refere ao seu espessamento e
perda da elasticidade. Fig.Doença vascular hipertensiva. A, Arteriolosclerose
Arteriosclerose afeta as pequenas artérias e hialina. A parede arteriolar fica espessada devido ao aumento
de deposição de material proteico amorfo (hialinizado) e
arteríolas, principalmente renais. As duas
com acentuado estreitamento luminal. B, Arteriolosclerose
variantes são: hiperplásica (em casca de cebola) (seta) causando
● Arteriosclerose Hialina/Hialinose obliteração luminal.
Arteriolar: não é patogênica sendo
encontrada em indivíduos de idade A esclerose: caracteriza-se por depósito de cálcio
avançada, mas acontece precocemente na em artérias musculares, a lesão não invade o
hipertensão arterial e diabetes melito. lúmen e é típica de pessoas acima de 50 anos.
Caracteriza-se pela deposição de material
proteico entre a camada média e o ATEROSCLEROSE:
endotélio. É caracterizada pela lesão da túnica íntima das
artérias denominadas de ateroma (ou placas
ateromatosas ou ateroscleróticas). As placas de
aterosclerose podem obstruir o lúmen dos vasos
ou se romper causando trombose; essa lesão
também enfraquece a túnica média muscular
favorecendo o aparecimento de aneurismas.
Fatores de risco para o desenvolvimento de
aterosclerose:
● Arteriosclerose Hiperplásica: Lesão em
casca de cebola, característica da
hipertensão arterial maligna.

Fatores adicionais como: inflamação e síndrome


metabólica são relevantes para o maior
acometimento da morbidade.

Desenvolvimento da placa de ateroma:


1. A lesão endotelial (ocorrida devido aos
fatores de risco mencionados) aumenta a
permeabilidade endotelial e favorece a
entrada de lipoproteínas de baixa
densidade (principalmente LDL) e a
expressão de fatores que induzem a
resposta inflamatória.
2. A disfunção endotelial e a entrada de LDL
na túnica íntima induz a entrada de
monócitos e células de defesa.
3. O recrutamento de mais macrofagos para o
combate das moléculas de LDL e cristais
de colesterol (que liberam radicais livres), e
acontece, também, indução de migração de
células musculares lisas para a camada
mais interna (devido a liberação de
citocinas e fatores de crescimentos pela
ação inflamatória dos LDL oxidados).
4. Os monócitos se diferenciam em
magrofagos e fagocitam as moléculas de
lipídios tornando-se agora células
espumosas.
5. Proliferação das células do músculo liso,
migração de linfócitos T, deposição de
colágeno e MEC.

Fig. Etapas do desenvolvimento da placa de


ateroma.

As placas ateroscleróticas apresentam três


componentes principais:
● (1) células, incluindo as células musculares
lisas, macrófagos e células T
● (2) matriz extracelular, incluindo colágeno,
fibras elásticas, proteoglicanos
● (3) lipídios intra e extracelulares
Fig. Placa aterosclerótica na artéria coronária. A,
Arquitetura geral demonstrando cápsula fibrosa (F) e núcleo
central necrótico (repleto de lipídio) (C); colágeno (azul)
corado por tricrômio de Masson. O lúmen (L) é
moderadamente reduzido por lesão excêntrica que afeta parte
da parede do vaso e outra não (seta). B, Vista em moderado
aumento da placa mostrada em
A, corada para fibras de elastina (preto); membranas elásticas
internas e externas são atenuadas, e a média da artéria está
mais adelgaçada com a placa mais avançada. C, maior
aumento da junção da cápsula fibrosa e núcleo da placa,
mostrando células inflamatórias dispersas, calcificação (setas)
e neovascularização (seta pequena).

Consequências Clínicas da Doença


Aterosclerótica:

As grandes artérias elásticas (p. ex., aorta, carótida


e artérias ilíacas) e as médias e grandes artérias
musculares (p. ex., coronárias, artérias renais e
poplíteas) são os vasos mais comumente afetados
por aterosclerose.
Infarto do miocárdio (ataque cardíaco), acidente
vascular cerebral (AVC), aneurismas da aorta e
doença vascular periférica (gangrena das
extremidades) são as principais consequências
clínicas da aterosclerose.
● A oclusão dos pequenos vasos pode
comprometer a perfusão dos tecidos
● A Ruptura da placa aterosclerótica libera
restos celulares, que podem evoluir para
um quadro de trombose vascular aguda ou
de embolização distal.
● A destruição da parede vascular
subjacente pode levar à formação de
aneurismas, com ruptura secundária e/ou
trombose. CARDIOPATIA ISQUÊMICA (CI)

Isquemia é um desequilíbrio entre a demanda de


oxigênio e a oferta.
Em mais de 90% dos casos, a CI é uma
consequência da redução do fluxo sanguíneo
coronariano resultante de doença vascular
aterosclerótica obstrutiva. Nesse sentido, a CI
anda conjuntamente com a DAC.
Alteração Aguda da Placa:
A CI também pode ser resultado da maior
● Ruptura/fissura, expondo os constituintes
demanda cardíaca (maior frequência e maior
da placa altamente trombogênica.
pressão); da diminuição do volume sanguíneo
● Erosão/ulceração, expondo ao sangue a
(choque) e da diminuição da oxigenação (ICC,
membrana basal subepitelial trombogênica
pneumonia).
● Hemorragia no interior do ateroma,
A CI pode se apresentar das seguintes formas:
expandindo seu volume
● Angina pectoris: isquemia que provoca
dor mas não provoca morte de
cardiomiócitos. Pode ser estável, instável e
de Prinzmetal.
● Infarto agudo do miocárdio (IAM):
isquemia que dura tempo suficiente para
causar morte de cardiomiócitos.
● CI crônica com ICC: descompensada
progressiva do coração pós IAM com
pequenas lesões progressivas.
● Morte súbita cardíaca (MSC): arritmia,
necrose e morte.

Síndrome coronariana aguda é o termo que pode


ser aplicado à angina instável, IAM e MSC.

PATOGENIA:

A CI é basicamente consequência de uma


perfusão sanguínea inadequada.
Obstruções do lúmen de um vasos menores que
70% normalmente são assintomáticas mesmo aos
esforços.
Angina estável: sintomas clínicos de isquemia em
pacientes que realizam atividade física, exigindo
mais perfusão que não é suprida devido à
obstrução do vaso. Duração de 2 a 3 min não
ultrapassando 10 min.
Angina instável: sintomas clínicos de isquemia
em pacientes em repouso ou aos esforços
mínimos; obstrução de mais ou menos 90% do
TIPOS DE ANGINA:
vaso. Duração de 10 min não ultrapassando 20
min.
A dor da angina é, provavelmente, consequência
Infarto agudo do miocárdio: duração superior a
da liberação (induzida pela isquemia) de
20 min com morte de cardiomiócitos.
adenosina, bradicinina e outras moléculas que
Vale pontuar que a obstrução do lúmen por uma
estimulam as vias aferentes autônomas.
placa arterosclerótica, desenvolve de forma lenta
durante anos. Nesse sentido, mecanismos
Angina estável: Dor associada a esforço físico;
adaptativos, como desenvolvimento de circulação
sensação subesternal constritiva ou em aperto,
colateral podem fornecer oxigênio compensatório à
que pode irradiar pelo braço esquerdo ou pela
área em risco.
mandíbula esquerda (dor referida); aliviada em
repouso ou por vasodilatadores.
Alteração aguda da placa:
Angina instável: Dor em que os episódios vem
crescendo com o tempo, é precursora de esforços;
A isquemia depende da extensão da área sem
pode ocorrer também pela ruptura de uma placa
suprimento sanguíneo, obstrução da placa fixa e
acompanhada de trombose parcial; é precursora
de alterações da placa aterosclerótica.
do IAM.
● Ruptura, ulceração e fissuras nas placas
Angina variante ou a de Prinzmetal: Ocorre
Dependem de fatores intrínsecos (integridade da
durante o repouso por um vasoespasmo de uma
placa) e extrínsecos (pressão arterial, reação
artéria obstruída; alívio com administração de
plaquetária e vasoespasmos).
vasodilatadores fortes (NO e bloqueadores dos
canais de cálcio).
INFARTO DO MIOCÁRDIO

Consiste na necrose do músculo decorrente de


isquemia.

PATOGENIA:

A maior parte dos infartos do miocárdio é causada


por trombose aguda de uma artéria coronária (IM
típico).
Um IM típico ocorre quando uma placa
Fig. Progressão da necrose do miocárdio após oclusão de
aterosclerótica se rompe subitamente, como
uma artéria coronária. A área em risco corresponde ao
resultado o conteúdo entra em contato com o
segmento transmural do miocárdio que depende do vaso
sangue; as plaquetas aderem a placa rompida; ocluído para perfusão (demarcada). A necrose começa na
com isso há ativação do fator de coagulação pela região subendocárdica do centro da zona isquêmica e, com o
exposição do fator tecidual; forma-se o trombo que tempo, estende-se até envolver toda a espessura da parede.
pode obstruir completamente o lúmen do vaso. Note que uma zona muito estreita de miocárdio situada logo
atrás do endocárdio é poupada da necrose porque recebe
oxigênio por difusão a partir do ventrículo.
Resposta do Miocárdio a Isquemia:
INFARTOS TRANSMURAIS E NÃO
● Perda de contratilidade (minutos após o TRANSMURAIS
início da isquemia)
● Alterações ultra-estruturais Transmurais: Envolve toda espessura da parede
● Necrose de miócitos (20 a 40 minutos) cardíaca causada pela aterosclerose crônica com
● Arritmias trombose aguda. Causam supra do ST e onda Q
negativa.
Padrões do Infarto:
Não transmurais (subendocárdicos): São
A localização, tamanho e características limitados ao miocárdio, não tem supra de ST.
dependem de fatores como: Podem ocorrer quando um trombo sofre lise antes
● Do tamanho e da distribuição dos vasos que o infarto atinge toda parede cardíaca.
envolvidos
● Da velocidade do desenvolvimento e da
duração da oclusão
● Da extensão da irrigação colateral

A Artéria Interventricular Anterior é a causa de


40-50% de todos os IMs e provoca infarto na
parede anterior do ventrículo esquerdo, nos
dois terços anteriores do septo ventricular e na
maior parte do ápice do coração. Fig. Dependência do infarto do miocárdio do local e da
A Artéria Circunflexa Esquerda (CE) 15-20% natureza da perfusão diminuída. Esquerda, Os padrões do
dos IMs causa necrose da parte lateral do infarto transmural que resulta da oclusão da principal
ventrículo esquerdo. artéria coronária. O ventrículo direito pode ser afetado pela
oclusão da artéria coronária principal direita (não mostrado).
A Artéria Coronária Direita (ACD) (30-40% dos
Direita, Os padrões do infarto que resulta da oclusão parcial
IMs) afeta grande parte do ventrículo direito. ou transitória (no alto), de hipotensão global superposta a
O terço posterior do septo e a parte posterior uma doença vascular fixa que afeta os três vasos (no meio) ou
do ventrículo esquerdo são irrigados pela Artéria da oclusão de pequenos vasos intra-miocárdicos (embaixo)
Interventricular posterior.
CARACTERÍSTICAS MACRO E MICRO DO
INFARTO
Fig. Evolução temporal do infarto do miocárdio.
ECG: é o exame mais importante nos casos de
pacientes com suspeita de infarto agudo do
miocárdio e deve ser realizado dentro de 10
minutos assim que o paciente chega à unidade de
atendimento. Um eletrocardiograma com supra de
ST em duas derivações contíguas da diagnóstico
de IAM.

Fig. Demonstração de uma elevação do segmento


ST.

DIAGNÓSTICO DE IAM

Deve ser realizado os seguintes exames em


pacientes com suspeita de infarto agudo do
miocárdio.
Fig. Eletrocardiograma demonstrando elevação do
● ECG segmento ST em um paciente com possível quadro
● Marcadores cardíacos de IAM.
● Angiografia coronária imediata para
pacientes com infarto do miocárdio com
supra de ST (IMCST). TRATAMENTO DA ANGINA ESTÁVEL
● Angiografia coronariana tardia ( 24 a 48
horas) para pacientes com infarto do Não farmacológico:
miocárdio sem supra de ST (IMSST) sem Controle dos fatores de risco (HAS, DM, dieta,
complicações. cesar hábitos tabagistas, redução de peso e
A avaliação inicial começa com ECG seriado e atividades físicas)
dosagens dos marcadores cardíacos para ajudar Redução da progressão da aterosclerose.
na diferenciação entre angina instável e infarto
agudo do miocárdio com supra de ST e sem supra Farmacológico:
de ST. Essa distinção é a base da estratégia de Reduzir quadros de angina
decisão terapêutica, uma vez que os fibrinolíticos Diminuir risco de eventos futuros
beneficiam pacientes com IMCST, mas podem
aumentar o risco de nos casos de IMSST. Além Primeira escolha de fármacos: beta-bloqueadores
disso, pacientes com supra de ST o cateterismo (reduzem a FC e contratilidade)
cardíaco é indicado em urgência. contraindicado em aginas variantes
(vasoespásticas)
Segunda linha: bloqueadores dos canais de cálcio
(anlodipino, verapamil, diltiazem) 1. Piegas LS, Timerman A, Feitosa GS,
Nicolau JC, Mattos LAP, Andrade MD, et al.
Terceira escolha: nitrato longo via oral V Diretriz da Sociedade Brasileira de
Cardiologia sobre Tratamento do Infarto
Quarta linha: alopurinol Agudo do Miocárdio com Supradesnível do
Segmento ST. Arq Bras Cardiol. 2015;
Fármacos que reduzem o risco de ocorrer 105(2):1-105
angina. 2. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.;
MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia
Estatinas (hipolipemiantes) básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
IECAs- usados em pacientes com IC, DM e 2013.
disfunção do VE.
Beta-Bloqueadores- pacientes com IC

REVASCULARIZAÇÃO: Stents e Cirurgia

Reduzir sintomas e chance de infarto e


morte.Indicado quando o tratamento farmacológico
nas 4 opções não traz melhoras; e em pacientes
com grande áreas de isquemia.

Referências:
Problema 9
@Matteus Brendow

APG 9
CARDIOPATIA REUMÁTICA

Problema: É couve-flor

Objetivos: Entender a fisiopatologia e os quadros clínicos da Febre Reumática; Estudar histopatologia da


Febre Reumática.

DEFINIÇÃO
A febre reumática (FR) e a cardiopatia reumática A resposta Th2, relacionada a produção de
são complicações não supurativas da anticorpos (resposta humoral), relacionam-se com
faringoamigdalite, mediada pelo sistema a poliartrite e coréia de Sydenham.
imunológico que ocorre após infecção por
estreptococos b-hemolíticos do grupo A, OBS: O atraso característico de 2-3 semanas até
decorrente de uma resposta imunológica tardia em o início da sintomatologia é explicado pelo tempo
populações predispostas ao desenvolvimento necessário para a produção de células de defesa.
dessa patologia. A cardiopatia reumática é a
manifestação cardíaca da febre reumática. As lesões fibróticas crônicas são consequência da
A febre reumática está associada a inflamação de cura e cicatrização após inflamação valvar.
todas as partes do coração mas as valvas são A febre reumática aguda é caracterizada por
mais afetadas (inflamação e cicatrização). focos inflamatórios em diferentes tecidos. As
A febre reumática afeta especialmente crianças e lesões no miocárdio são chamadas de Nódulos de
adultos jovens. A mais terrível manifestação da FR Aschoff (consiste em acúmulo de linfócitos T
é a cardite. Essa é uma doença que está plasmócitos e macrofagos).
frequentemente associada à pobreza e às más A cardiopatia reumática crônica é caracterizada
condições de vida. pela organização da inflamação aguda e pela
subsequente cicatrização. Os nódulos de Aschoff
são substituídos por cicatrizes fibrosas.
OBS: A cardiopatia reumática é a única causa de A valva atrioventricular esquerda é mais afetada
estenose adquirida da valva atrioventricular (espessamento das válvulas, fusão e encurtamento
esquerda (mitral). das comissuras e espessamento e fusão das
cordas tendíneas). Essa alteração valvar causa
estenose e regurgitação.
FISIOPATOLOGIA ● A valva atrioventricular esquerda (mitral)
sozinha está afetada em 70% dos casos.
A febre reumática aguda é uma reação de ● A valva atrioventricular esquerda e a
hipersensibilidade. No combate ao e estreptococos valva da aorta estão comprometidas em
há produção de anticorpos que atacam a proteína 25% dos casos
M deste patógeno, assim, por um mimetismo os ● A valva atrioventricular direita (tricúspide)
anticorpos (linfócitos T e anticorpos) produzidos é afetada com menor frequência (e com
pelo organismo reconhecem células do miocárdio menor gravidade)
e valvares como invasoras gerando a ativação ● A valva do tronco pulmonar quase
do sistema imune contra as células cardíacas, sempre escapa da lesão.
gerando assim a autoimunidade.
A resposta Th1 mediada por linfócitos T está
relacionada à cardite grave.
Fig. Cardiopatia reumática aguda e crônica. A, Valvite
reumática aguda da valva atrioventricular esquerda
superposta a cardiopatia reumática crônica. Vegetações
pequenas (verrugas) são visíveis ao longo da linha de
fechamento das válvulas da valva atrioventricular esquerda Febre reumática crônica: acontece após a
(setas). Episódios prévios de valvite reumática causaram exposição inicial ao estreptococos e elaboração de
espessamento fibroso e fusão das cordas tendíneas. B, memória imunológica que fazem, após nova
Aspecto microscópico de um nódulo de Aschoff da exposição, com que a cardite piore devido a
cardite reumática aguda; há necrose central associada a
resposta imune mais potente (o dano é
uma coleção circunscrita de células inflamatórias
cumulativo). Não produz sintomas durante anos ou
mononucleares, que incluem alguns macrófagos ativados com
nucléolos proeminentes e cromatina central ondulada décadas após episódio inicial. Quando aparecem
(cromatina em lagarta) (setas). C e D, Estenose mitral com os sinais e sintomas dependem da valva cardíaca
espessamento fibroso difuso e deformação das válvulas da afetada.
valva, fusão das comissuras (setas) e espessamento e ● Sopros
encurtamento das cordas tendíneas. Há dilatação
● Hipertrofias
acentuada do átrio esquerdo, conforme visto acima da valva
(C). D, Válvula anterior da valva atrioventricular esquerda
● Dilatação cardíaca
reumática aberta; note a neovascularização inflamatória ● ICC
(seta). E, Peça de uma estenose aórtica reumática ● Arritmias (especialmente fibrilação atrial na
removida cirurgicamente, que mostra espessamento e presença de estenose mitral)
deformação das válvulas com fusão das comissuras.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

Febre reumática aguda: ocorre quase sempre em


crianças cuja manifestação clínica principal é a
cardite; ocorrer em adultos manifestação é a artrite
(poliartrite migratória); sintomas de 2-3 semanas
após infecção (febre e poliartrite migratória).
Sinais clínicos da cardite: atrito pericárdico e
arritmias.
Diagnóstico da febre reumática aguda:
evidências sorológicas da infecção estreptocócica
prévia + 2 ou mais achados maiores nos critérios
de Jones:

Critérios Maiores
● Artrite: é definida como a presença de
edema na articulação ou, na falta deste,
pela associação da dor com a limitação de
movimentos; manifestação mais comum na
FR; evolui de forma assimétrica e
migratória afetando as grandes ● Erradicação do estreptococo: uso de
articulações. antibióticos
● Cardite: é a manifestação mais grave da ● Tratamento da artrite: uso de
FR, pois é a única que pode deixar antiinflamatórios não esteróides (AINES)
sequelas e acarretar óbito. Na fase aguda, ● Tratamento da cardite: Corticoides e
a lesão mais frequente é a regurgitação outros anti-inflamatórios.
mitral, seguida pela regurgitação aórtica; ● Tratamento da coréia: Uso de
Na fase crônica as estenoses são benzodiazepínicos e fenobarbital.
características.
● Coréia de Sydenham: Trata-se de uma Repouso; antibióticos para erradicar estreptococos
desordem neurológica caracterizada por (não é profilaxia) não reduz artrite nem cardite,
movimentos rápidos involuntários usada para reduzir sepas rematogênicas
incoordenados, que desaparecem durante tratamento artrite:AINES 6 a 8g (doses muito altas)
o sono e são acentuados em situações de Tratamento da cardite: Prednisona em quadros
estresse e esforço. moderados e graves; refratários a prednisona
● Eritema marginatum: raro encaminhar à cirurgia e pulsoterapia.
● Nódulos subcutâneos: raro
Profilaxia

A profilaxia primária é baseada no


reconhecimento e tratamento das infecções
estreptocócicas, com a finalidade de prevenir o
primeiro surto de FR por meio da redução do
contato com o estreptococo e tratamento das
faringoamigdalites.
A profilaxia secundária consiste na administração
contínua de antibiótico específico ao paciente
EXAMES COMPLEMENTARES PARA
portador de FR prévia ou cardiopatia reumática
AVALIAÇÃO DO COMPROMETIMENTO
comprovada, com o objetivo de prevenir
CARDÍACO NA FR
colonização ou infecção de via aérea superior pelo
EBGA, com consequente desenvolvimento de
● Radiografia de tórax e
novos episódios da doença.
eletrocardiograma: investigação de
cardiomegalia (indica febre reumática) e
sinais de congestão pulmonar (indica
cardite grave).No eletrocardiograma os
achados são taquicardia sinusal, distúrbios
de condução e baixa voltagem do complexo
QRS.
● Ecocardiograma: análise das lesões
valvares, regurgitação mitral é a mais
frequente.

Referências:
Tratamento da febre reumática aguda
1. Barbosa PJB, Müller RE, Latado AL, Achutti
AC, Ramos AIO, Weksler C, et al. Diretrizes
Objetivo é diminuir o processo inflamatório
Brasileiras para Diagnóstico, Tratamento e
diminuindo seu potencial danoso; erradicar o
Prevenção da Febre Reumática da
EBGA da orofaringe e promover o alívio dos
Sociedade Brasileira de Cardiologia, da
principais sintomas.
Sociedade Brasileira de Pediatria e da
Sociedade Brasileira de Reumatologia. Arq
Bras Cardiol.2009;93(3 supl.4):1-18.
2. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.;
MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia
básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2013.
Problema
APG 10 10
@Matteus_Brendow

ENDOCARDITE INFECCIOSA

Problema: É couve-flor

Objetivos: Entender a fisiopatologia da endocardite infecciosa (Manifestações clínicas e diagnóstico)

DEFINIÇÃO O coração normal é relativamente resistente à


infecção, assim as bactérias e os fungos não
A endocardite infecciosa (EI) é uma infecção aderem facilmente à superfície do endocárdio e o
microbiana do endotélio cardíaco na qual a invasão constante fluxo sanguíneo dificulta a colonização.
microbiana das valvas e/ou endocárdio produz um Desse modo, são necessários distúrbios que
aspecto de vegetação (composta por fragmentos afetem o funcionamento correto do coração para,
necrosados, trombos e microorganismos). então o desenvolvimento dessa patologia, dentre
É uma doença relativamente infrequente, esses fatores têm-se:
apresentando cerca de 3-10 casos por 100.000 ● Anormalidades que predispõem o
pacientes/ano, porém apresenta uma taxa de endocárdio a colonização bacteriana
mortalidade alta, com um terço dos pacientes ● Microorganismos circulantes na corrente
falecendo no primeiro ano após o diagnóstico. sanguínea (bacteremia).
A EI está relacionada com portadores de prótese Raramente um microrganismo provoca endocardite
valvares, cateteres vasculares e dispositivos em uma valva normal. Dessa forma, valvas
eletrônicos implantáveis. doentes são mais predispostas à infecção
A EI pode ser classificada em aguda e subaguda (cardiopatia reumática, prolapso, estenoses e
dependendo da evolução clínica. calcificações)
● Próteses valvares cardíacas são
responsáveis por 10-20% de todos os
casos de endocardite infecciosa.
● Fatores como: neutropenia,
imunodeficiência, tumor maligno, diabetes
melito e abuso de álcool ou de drogas
intravenosas, também aumentam o risco de
endocardite infecciosa .

Cerca de 50-60% dos casos de endocardite são


causados pelo Streptococcus viridan.
A porta de entrada do microorganismo na corrente
Endocardite aguda:infecção grave e com
sanguínea pode ser por:
potencial destrutivo causada por um
● Uma infecção manifesta em qualquer local.
microorganismo virulento que ataca uma valva
● Procedimento dentário ou cirúrgico que
previamente normal.
causa bacteremia transitória,
Endocardite subaguda: infecção causada por
principalmente em pacientes com gengivite.
microorganismo de baixa virulência que ataca uma
● Injeção de material contaminado
valva previamente doente (cicatrizada e/ou
diretamente na corrente sanguínea por
deformada).
usuários de drogas intravenosas.
Portanto para o desenvolvimento de uma quadro
PATOGENIA de endocardite infecciosa deve ocorrer:
● Bacteremia: microorganismos presentes no
sangue
● Adesão dos microrganismos no endotélio A valva da aorta e a valva atrioventricular
anormal ou danificado esquerda são os locais mais comuns de
● Colonização dos microrganismos levando a infecção.
inflamação e formação de uma vegetação Endocardite bacteriana subaguda (EBS): É
no local da infecção. causada mais comumente por estreptococos, em
especial o viridans. Geralmente se desenvolve em
valvas anormais após bacteremia assintomática,
decorrente de infecções periodontais,
gastrointestinais ou geniturinárias.

Endocardite bacteriana aguda (EBA): tem início


abrupto e progride rapidamente (em dias). A porta
de entrada do microorganismo é comumente
encontrada. Pode comprometer valvas normais,
geralmente é causada por Staphylococcus aureus,
e estreptococos beta hemolíticos do grupo A.

As vegetações podem provocar erosão e alcançar


o miocárdio subjacente, produzindo abscesso
cavitário (abscesso anular).
O desenvolvimento de êmbolos é comum,
provocando infartos sépticos e aneurismas
micóticos.
OBS: INFARTO Pode ser:
Vermelho, Branco, Séptico ou Asséptico!
1. Vermelho ou Hemorrágico: Oclusão até
FATORES DE RISCO: estourar o vaso (acontece muito em tecidos
frouxos = Pulmonar) com hemorragia
consequente.
● Valvopatias (doença reumática,
2. Branco ou Isquêmico: ocorre em órgão
prolapso mitral com insuficiência valvar sólidos, que tem circulação terminal
e calcificação das valvas) (coração, pâncreas e rins)
● Protese valvar 3. Séptico: decorrente de êmbolo formado
● Passado de endocardite por colônias de bactérias, que se
● Shunts desprendem da valva cardíaca ou invasão
● Uso de drogas intravenosas de micróbios em região de necrose,
● Dispositivos implantados (marca-passo, formando abcesso purulento.
cardiodesfibrilador e cateter venoso 4. Asséptico: sem infecção
Aneurisma micótico: aneurismas que surgem por
central)
cardioembolização de material infectado que leva à
infecção da parede arterial e dilatação
CLASSIFICAÇÃO subsequente.

A endocardite pode ter evolução aguda e


subaguda.
Nas formas aguda e subaguda da doença, as
valvas cardíacas exibem vegetações friáveis,
volumosas e potencialmente destrutivas que
Fig. Principais formas de endocardite vegetante. A fase
contêm fibrina, células inflamatórias e
aguda da febre reumática da cardiopatia reumática (CR) é
microrganismos. caracterizada por pequenas vegetações inflamatórias
verrucosas ao longo das linhas de fechamento das valvas;
à medida que a inflamação desaparece, pode restar
cicatrização considerável.
A endocardite infecciosa (EI) é caracterizada por grandes
massas irregulares, frequentemente destrutivas, que
podem se estender das válvulas das valvas até o interior
das estruturas adjacentes (p. ex., cordas ou miocárdio).
A endocardite trombótica não bacteriana (ETNB)
normalmente se manifesta como pequenas vegetações lisas
de tamanho médio e não destrutivas localizadas na linha
de fechamento das valvas.
A endocardite de Libman-Sacks (ELS) é caracterizada por
vegetações inflamatórias de tamanho pequeno ou médio Fig. Hemorragia do leito ungueal.
presas nos dois lados das válvulas das valvas; essas
vegetações desaparecem deixando cicatrizes. ● Hemorragias retinianas na forma
arredondada causa por êmbolos (manchas
de Roth)

Fig. Endocardite infecciosa. A, Endocardite subaguda


causada por Streptococcus viridans que afetou uma valva
atrioventricular esquerda previamente mixomatosa. As
vegetações grandes e friáveis estão indicadas por setas. B,
Endocardite aguda causada por Staphylococcus aureus que
afetou uma valva da aorta congenitamente bicúspide; há
extensa destruição valvular e um abscesso anular (seta).
● Lesões de Janeway:lesões eritematosas
indolores na palma das mãos ou na sola
SINAIS E SINTOMAS dos pés.

Febre é o sinal mais constante, contudo nos idosos


no quadro subagudo pode estar ausente. Os sinais
e sintomas tanto da endocardite aguda quanto da
subaguda são os mesmos o que muda é o curso
clínico que no caso da aguda é mais rápido.

Endocardite aguda/subaguda:
● Febre de início violento
● Calafrios, fraqueza
● Os sopros estão presentes em 90% dos
pacientes com lesões no lado esquerdo do
coração
● Presença de petéquias pela formação de ● Nódulos de Osler: nódulos doloridos nas
microêmbolos pontas dos dedos
● Hemorragias no leito ungueal
procedimentos invasivos ou pacientes usuários de
drogas injetáveis.
O diagnóstico de endocardite infecciosa leva em
conta:
● Hemoculturas: deve-se ser coletada 3
amostras de sangue para hemocultura.
● Ecocardiografia
● Critérios clínicos (critérios de Duke)
O diagnóstico é confirmado por culturas de sangue
positivas e pelos achados ecocardiográficos.

Critérios de Duke: São baseados em achados


clínicos, ecocardiográficos e biológicos, e também
em resultados de hemoculturas e sorologias.
Para ter o diagnóstico de EI definido, é
necessário, dentre os critérios de Duke,
● Dois critérios maiores
● Ou um maior e três menores
● Ou cinco menores.

Fig. Lesões de Janeway.

DIAGNÓSTICO

Deve se suspeitar de endocardite em pacientes


com febre e sem sinais de infecção, especialmente
em pacientes que apresentam sopro no exame
físico. A suspeita de endocardite é elevada nos
casos de pacintes com hemocultura positiva e
história de valvopatias e que foram submetidos a
OUTRAS FORMAS DE ENDOCARDITE É caracterizada pela presença de vegetações
CAUSADAS POR Vegetações Não estéreis nas valvas de pacientes com lúpus
eritematoso sistêmico.
Infectadas
As lesões provavelmente se desenvolvem como
consequência da deposição de complexos imunes
e, por isso, exibem inflamação.
1. Endocardite Trombótica Não Bacteriana
Quadros de necrose fibrinóide do tecido valvar
(ETNB):
adjacente à vegetação; a fibrose e a grave
É caracterizada pela deposição de pequenos
deformação subsequentes podem tornar as lesões
trombos nas valvas cardíacas compostos por
semelhantes às da cardiopatia reumática
fibrina e plaquetas. Lesões estéreis e não
crônica.
destrutivas.
Essas lesões podem surgir na superfície das
A presença de lesão valvar não é pré-requisito
valvas, nas cordas ou mesmo no endocárdio atrial
para a ETNB.
ou ventricular.
Fatores agravantes de ETNB são:
● hipercoagulabilidade
● hiperestrogênicos
● tumor maligno subjacente
● trauma endocárdico (gerado por cateter por
A endocardite infecciosa (EI) é caracterizada por grandes
ex)
massas irregulares, frequentemente destrutivas, que
podem se estender das válvulas das valvas até o interior
Embora o efeito local sobre a valva geralmente das estruturas adjacentes (p. ex., cordas ou miocárdio).
seja insignificante, as lesões da ETNB podem A endocardite trombótica não bacteriana (ETNB)
passar a ter importância clínica se originarem normalmente se manifesta como pequenas vegetações lisas
êmbolos que podem causar infartos no encéfalo, de tamanho médio e não destrutivas localizadas na linha
de fechamento das valvas.
no coração e em outros órgãos.
A endocardite de Libman-Sacks (ELS) é caracterizada por
vegetações inflamatórias de tamanho pequeno ou médio
presas nos dois lados das válvulas das valvas; essas
vegetações desaparecem deixando cicatrizes.

3. Doença Carcinóide Cardíaca

A síndrome carcinóide resulta da ação de


compostos bioativos, como a serotonina liberada
por tumores carcinóides.
A doença carcinóide cardíaca consiste na
manifestação cardíaca causada pelos compostos
bioativos.
Para aparecimento das lesões cardíacas há uma
carga metastática hepática maciça elevada, visto
que o fígado geralmente cataboliza os mediadores
circulantes antes que eles possam afetar o
Fig. Endocardite trombótica não bacteriana (ETNB). A, coração.
Pequenas vegetações trombóticas ao longo da linha de
O endocárdio e as valvas do coração direito são
fechamento das válvulas da valva atrioventricular esquerda
(setas).
afetados em primeiro lugar, já que são os primeiros
B, Fotomicrografia de uma lesão da ETNB que mostra um tecidos cardíacos banhados pelos mediadores
trombo liso, e praticamente nenhuma inflamação na válvula da liberados por tumores carcinóides gastrointestinais.
valva (C) ou no depósito trombótico (t). O trombo está apenas O lado esquerdo do coração recebe alguma
fracamente aderido à válvula (seta). proteção porque o leito vascular pulmonar degrada
os mediadores.
2. Endocardite de Libman-Sacks:
As lesões cardiovasculares associadas à
síndrome carcinóide consistem em
espessamentos da íntima característicos,
semelhantes a placas, brancos e brilhantes,
observados na superfície endocárdica das
câmaras e das válvulas das valvas cardíacas.
As lesões são compostas de células musculares
lisas e fibras colágenas.
As estruturas subjacentes permanecem intactas.
No acometimento do lado direito do coração, os
achados típicos são insuficiência tricúspide e
estenose pulmonar. Referências:
1. Habib G, Lancellotti P, Antunes MJ, et al :
2015 ESC Guidelines for the management of
infective endocarditis: The Task Force for the
Management of Infective Endocarditis of the
European Society of Cardiology (ESC).
Endossado pela European Association for
Fig. Doença carcinoide cardíaca. A, Lesão fibrótica Cardio-Thoracic Surgery (EACTS) e
endocárdica característica “que reveste” o ventrículo direito European Association of Nuclear Medicine
e a valva atrioventricular direita, e se estende até as cordas (EANM). Eur Heart J 36:3075–3123, 2015.
tendíneas. B, Aspecto microscópico da íntima espessada 2. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.;
que contém células musculares lisas e grande quantidade de
MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia
mucopolissacarídeos ácidos (azul-esverdeado nessa
coloração de Movat, que tinge o tecido endocárdico
básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
subjacente de preto). 2013.

TRATAMENTO DA ENDOCARDITE INFECCIOSA

O tratamento da EI é baseada na
antibioticoterapia, que deve começar o quanto
antes, de forma empírica de acordo com a suspeita
do microrganismo assim que for colhido as
hemoculturas. Os antibióticos devem
ser administrados via intravenosa, com agentes
bactericidas e utilizando combinações sinérgicas.

Fatores determinantes
● Tipo de valva acometida (nativa ou
protética).
● Agente etiológico envolvido.
● Evolução (aguda ou subaguda).

O tratamento consiste em um período prolongado


de terapia antimicrobiana e a cirurgia pode ser
necessária em virtude de complicações.

Duração
A duração do tratamento vai variar de acordo com
o tipo de valva, com duração de 4 semanas se
valva nativa e de 6 a 8 semanas se prótese valvar.
@Matteus_Brendow

Problema
APG 11 11
DOENÇAS DO PERICÁRDIO

Problema: Prece Momentânea

Objetivos: Estudar a pericardite e suas complicações (derrame pericárdico); Compreender a fisiopatologia da


doença, seu diagnóstico e tratamento.

REVISÃO DA ANATOMIA DO PERICÁRDIO

O pericárdio é uma membrana que envolve e Suas funções são:


protege o coração.
● Manter o coração no mediastino
● Possibilitar liberdade de movimento para
contração cardíaca
O pericárdio possui duas partes principais:
● Pericárdio fibroso: é mais superficial;
composto de tecido conjuntivo inelástico;
envolve todo coração e o fixa ao diafragma;
envolve todos vasos sanguíneos que
entram e saem do coração; fornece
proteção, impede a hiperdistensão e ancora
o coração no mediastino.
● Pericárdio seroso: mais profundo sendo
uma membrana fina e delicada.
Subdivide-se em Lâmina parietal do
pericárdio seroso: está fundida ao
pericárdio fibroso. E a lâmina visceral do
pericárdio seroso: mais interna, também
chamada de epicárdio, adere fortemente
ao coração. HISTOLOGIA DO PERICÁRDIO
Entre as lâminas parietal e visceral do
pericárdio existe uma fina camada de O pericárdio é revestido por células mesoteliais.
líquido Possui vasos sanguíneos, local no quando
(líquido pericárdico) que evita atrito na distúrbios metabólicos causam edema (derrame
contração cardíaca. seroso, serofibrinoso e fibrinoso e hemorrágico
surge do extravasamento sanguíneo)
O espaço potencial da cavidade pericárdica varia Exsudado (cheio de células inflamatórias)
de 10 a 50 ml de fluido que consiste em
ultrafiltrado plasmático.
● Desaparecer sem deixar sequelas
● Progredir para um processo de fibrose

Etiologia

● Infecciosas: virais (maioria), tuberculose


● Autoinmunes: Lupus, atrite reumatoide e
febre reumática .
● Neoplasia: geralmente de metástases do
pulmão e mamas.
● Metabólicas: uremia, hipotireodismo
● Radiação
● Cardiovasculares: Síndrome de Dressler
(pericardite pós IAM) e pós cirurgia
cardíaca.

Pericardite aguda viral ou uremia: exsudato


DOENÇA PERICÁRDICA fibrinoso e aspecto irregular. “pericardite em pão
com manteiga”
Para o entendimento do desenvolvimento de um Pericardite aguda bacteriana: exsudato
quadro de pericardite tem que ter a noção de que fibrinopurulento, áreas de pus evidentes.
qualquer fator que cause agressão ao coração, Pericardite originada de tumor maligno:
o pericárdio ou estruturas vizinhas, são fatores exsudato fibrinoso felpudo e derrame
para o desenvolvimento da patologia. sanguinolento.

As doenças do pericárdio envolvem: Na maioria dos casos a pericardite fibrinosa ou


fibrinopurulenta aguda desaparece sem deixar
● Derrames sequelas, contudo pode gerar fibrose originando
● Inflamações que podem desenvolver uma pericardite crônica.
quadros de fibrose
Pericardite crônica: está associada a aderência
Pericardite ou cicatrizes fibróticas que limitam o espaço do
pericárdio. Quando essa pericardite impede a
Pericardite primária: é incomum e quase sempre expansão do coração durante a diástole chama-se
resulta de infecção viral normalmente pericardite constritiva.
acompanhada de miocardite

Na maioria dos casos a pericardite é secundária


a IAM (síndrome de dressler), cirurgias cardíacas,
radiação do mediastino ou doenças que envolvem
estruturas torácicas (pneumonia, pleurites…)
● Uremia é o distúrbio sistêmico mais comum
associado a pericardite.
Distúrbios secundários menos comuns:
● Febre reumática
● Lúpus eritematoso sistêmico
● Tumores malignos metastáticos

A pericardite pode causar:


CLASSIFICAÇÃO DAS PERICARDITES
● Complicações hemodinâmicas
(tamponamento cardíaco)
As pericardites podem ser classificadas quanto: Inflamação CRÔNICA = se instala em um período
● Duração maior (dias) e tem maior duração (semanas e até
● Etiologia (infecciosa e não infecciosa) anos). Envolve LINFÓCITOS e MACRÓFAGOS,
● Complicações clínicas (crônicas: constritiva além de induzir a proliferação de vasos sanguíneos
e mediastinopericardite adesiva) e FIBROSE.

Causas:
Classificação morfológica:
Infecciosas: vírus (mais comum), bacteriana é
incomum mas pode ocorrer após endocardite Pericardite aguda: (característica do exsudato)
infecciosa, tuberculose e fungos. Serosa:
Não infecciosas: imunomediadas “mais comuns” Serofibrinosa: doenças inflamatórias não
(febre reumática e lúpus eritematoso sistêmico), infecciosas (febre reumática, lúpus, esclerodermia
pós cirurgia cardíaca e IAM (síndrome de dressler), e uremia) e tumores podem causá-la.
neoplasia, trauma e radiação. Fibrinosa: rico em fibrinogênio;ela e a
serofibrinosa são as mais frequentes; líquido
De acordo com o tempo: seroso mesclado com exsudato fibrinoso. Produz o
ruído pericárdico característico da ausculta.
Pericardite aguda: sintomas duram menos de seis
semanas
Pericardite subaguda: começam após a fase
aguda e a duração é entre seis semanas e seis
meses
Pericardite recorrente: quando ocorrem
repetidamente os episódios de pericardite aguda
Pericardite crônica: é uma complicação da
pericardite na qual os sintomas duram mais de seis
meses.

OBS: Adendo sobre inflamação.


Geralmente a nomenclatura utilizada para um
tecido inflamado é o uso do sufixo –ITE + nome do
tecido (= pancreatite, artrite, pericardite,
meningite, etc)
Edema = excesso de líquidos no interstício, pode
ser um exsudato ou transudato.
Exsudato: líquido inflamatório extravascular que
tem alta concentração de Proteínas e fragmentos
celulares.
Pus: exsudato purulento inflamatório rico em
neutrófilos e fragmentos de células.
Transudato: líquido com pouco teor proteico, é um
ultrafiltrado do plasma sanguíneo resultante de
Pressão Hidrostática elevada ou Força Osmótica Purulenta ou supurativa: infecção ativa
diminuída no plasma. provocada pela invasão direta de microorganismo
Inflamação AGUDA = inicia-se rapidamente (seg. no espaço pericárdico.
ou min.) e tem uma duração relativamente curta
(min. ou dias). Envolve o processo de exsudação
de líquido (EDEMA) e migração de NEUTRÓFILO
e LEUCÓCITO.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

Os sinais e sintomas da pericardite variam


Hemorrágica: Normalmente ocasionada por uma dependendo da gravidade da inflamação e da
disseminação neoplásica. quantidade e velocidade do acúmulo de líquido na
cavidade pericárdica.
Pericardite se manifesta como dor torácica atípica
(não relacionada aos esforços e que piora quando
o paciente se deita) e na ausculta ouve-se o atrito
intenso.
Pericardite aguda: pode causar
● Dor torácica
● Atrito pericárdico
● Dispnéia
Na ausculta revela-se atrito pericárdico (fricção
entre a camada parietal e visceral).
Pode ainda evoluir para um quadro de
tamponamento cardíaco- causado pelo grande
acúmulo de líquido na cavidade pericárdica que
impede o correto bombeamento cardíaco- com
quadro de hipotensão, choque e edema pulmonar.

A pericardite aguda quando associada a acúmulo


significativo de líquido pode causar
Caseosa:
tamponamento cardíaco, reduzindo o DC e
causando choque.
A pericardite constritiva crônica produz distensão
venosa do lado direito e baixo DC (similar a
miocardiopatia restritiva).
A dor da pericardite:
Como a inervação do pericárdio e do miocardio é a
mesma, a dor torácica da pericardite é semelhante
a da isquemia do miocárdio (IAM). A diferença se
dá pela irradiação, relação com os esforços e
fatores de melhora e piora.
● Tipo Aguda, retroesternal, irradiação para o
Pericardite crônica: Mediastinopericardite adesiva pescoço, ombro e costas e agravada com
e Constritiva. movimentos respiratórios, tosse ou ao
engolir comida.
Melhora ao inclinar o corpo para frente
(prece maometana), que promove menor
expansão torácica.
Quando ocorre derrame pericárdico, o sinal
clássico é o abafamento das bulhas.
A evolução de um quadro de derrame pericárdico
para tamponamento cardíaco traz a chamada
tríade de Beck.
● Bulhas abafadas
● Estase jugular (oriunda do aumento
pressórico no interior das câmaras
cardíacas)
● Choque cardiogênico observando a
chamada pressão arterial pinçada
(aproximação da PA sistólica e diastólica).
Pacientes no estado de derrame pericárdico
Fig. Atitude do paciente sugestiva de pericardite. apresentam sintomas da queda do DC (fadiga,
sudorese, dispnéia, taquipnéia e taquicardia
podendo evoluir para choque cardiogênico)

Na pericardite constritiva:

Pacientes apresentam sinais de:


● Congestão direita (estase jugular,
hepatomegalia, ascite e edema de
membros inferiores).
Na ausculta ouve-se o som de knock pericárdico
(na diástole após segunda bulha devido a perda da
complacência ventricular) semelhante a B3. O
sinal de Kussmaul também pode estar presente
(inspiração profunda aumenta a estase jugular pelo
Derrame pericárdico: aumento do retorno venoso) como a complacência
do ventrículo está diminuída o aumento do RV para
O normal no saco pericárdico é a existência de uma câmara cardíaca já cheia evidencia maior
no máximo 30-50 ml de líquido seroso e estase jugular.
transparente.
● Derrames serosos e/ou fibrinosos que
ultrapassam esses valores são comuns nas
inflamações cardíacas.
● Derrames serosos: causas como IC
congestiva e hipoalbuminemia de qualquer
causa
● Derrames serosanguíneos: traumas de
tórax, tumores malignos e IM com ruptura e
dissecção da aorta
● Derrames quilosos: obstrução linfática
mediastinal.
Os derrames que progridem de forma lenta podem
ser bem tolerados pelo coração, mesmo aqueles
com 1000 ml. Já os derrames que surgem de
forma rápida como no IM com dissecção e ruptura
da aorta, restringem de forma abrupta o
enchimento cardíaco gerando tamponamento; REPERCUSSÕES
sendo assim, não toleram nem 250 ml.
● Abafamento das bulhas cardíacas
● Aumento das pressões nas câmaras
cardíacas que causam estase jugular
● Redução do descenso Y do pulso venoso
● Hipotensão
● Sinal de Kussmaul
● Pulso paradoxal

DIAGNÓSTICO

● ECG: alteração do segmento ST, PR e


onda T em quase todas derivações.
● Radiografia de tórax: identificação de
derrame e pericardite constritiva.
● Ecocardiograma: realizado para a
verificação de derrames e anormalidades
do movimento cardíaco. ● Radiografia de tórax : casos de derrame
● Exames para identificação da causa pericárdico e tamponamento, calcificação
(biópsia, aspiração do líquido …) pericárdica. Coração em moringa.

O diagnóstico de pericardite aguda baseia-se nos


seguintes sinais clínicos característicos:
● Dor torácica característica de pericardite
● Atrito pericárdico
● Alteração no ECG
● Derrame pericárdico

EXAMES COMPLEMENTARES

● ECG: supra de ST difuso em todas


derivações, infra de segmento PR. Baixa
voltagem do complexo QRS.

Fig. Raio X de tórax evidenciando coração em


moringa.
● ECO: Um dos melhores exames para o
diagnóstico de derrame pericárdico. Fica
claro o colabamento das câmaras Exames laboratoriais:
cardíacas pela pressão do líquido, e
aumento da veia cava inferior. O achado ● Proteína C reativa (PCR)- proteína
mais importante é o espaço entre o produzida no fígado se ligam a algumas
pericárdio parietal e visceral. bactérias e ativam o sistema complemento
● VHS (velocidade de
hemossedimentação)- infecções
aumenta os níveis de proteína e
consequente aumento da velocidade de
sedimentação.
● TSH para investigação de causas
metabólicas;
● Função renal (creatinina, ureia e
eletrólitos)
● Fator atrial diurético nos casos de
mulheres jovens com suspeita de lúpus.

● Tomografia e ressonância em casos


mais graves: RM evidencia o coração TRATAMENTO
dançando dentro da cavidade do pericárdio.
Esse movimento altera a amplitude das ● Varia de acordo com a causa
ondas no ECG. ● Uso de anti-inflamatórios não esteroides,
colchicina e corticoides para dor e
inflamação
● Pericardiocentese para tamponamento e
alguns derrames pericárdicos
Na pericardite aguda: Repouso no leito
Tratamento da doença de base principal
(antiinflamatório AINES como ibuprofeno)
Corticoides (prednisona), segunda linha de
tratamento, usado em pacientes que possuem
contraindicação a antiinflamatórios, associados a
AINES.
Uso de colchicina diminui a probabilidade de
reincidência da doença.
No caso de derrame e tamponamento cardíaco
deve ser feita a retirada do líquido por punção
(punção de Marfan)
O líquido retirado deve ser levado para análise
laboratorial.
● Amarelo-cítrico: causas virais e
tuberculose.
● Purulento: causas bacterianas inespecíficas
● Quiloso: lesão de ducto linfático por trauma
ou infiltração
● Hemorrágico: trauma ou neoplasia.

1-Hemorrágico; 2-Fibrinoso; 3-Serofibrinoso;


4-Seroso; 5-Caseoso; 6- Purulento

Fig. Pericardiocentese.

Referências:

1. TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON,


Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia.
14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2016.
2. Welch TD, Ling LH, Espinosa RE, et al :
Echocardiographic diagnosis of constrictive
pericarditis: Mayo Clinic criteria. Circ
Cardiovasc Imaging 7:526, 2014.
3. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.;
MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia básica.
9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
@Matteus_Brendow

Problema
APG 11 11
DOENÇAS DO PERICÁRDIO

Problema: Prece Momentânea

Objetivos: Estudar a pericardite e suas complicações (derrame pericárdico); Compreender a fisiopatologia da


doença, seu diagnóstico e tratamento.

REVISÃO DA ANATOMIA DO PERICÁRDIO

O pericárdio é uma membrana que envolve e Suas funções são:


protege o coração.
● Manter o coração no mediastino
● Possibilitar liberdade de movimento para
contração cardíaca
O pericárdio possui duas partes principais:
● Pericárdio fibroso: é mais superficial;
composto de tecido conjuntivo inelástico;
envolve todo coração e o fixa ao diafragma;
envolve todos vasos sanguíneos que
entram e saem do coração; fornece
proteção, impede a hiperdistensão e ancora
o coração no mediastino.
● Pericárdio seroso: mais profundo sendo
uma membrana fina e delicada.
Subdivide-se em Lâmina parietal do
pericárdio seroso: está fundida ao
pericárdio fibroso. E a lâmina visceral do
pericárdio seroso: mais interna, também
chamada de epicárdio, adere fortemente
ao coração. HISTOLOGIA DO PERICÁRDIO
Entre as lâminas parietal e visceral do
pericárdio existe uma fina camada de O pericárdio é revestido por células mesoteliais.
líquido Possui vasos sanguíneos, local no quando
(líquido pericárdico) que evita atrito na distúrbios metabólicos causam edema (derrame
contração cardíaca. seroso, serofibrinoso e fibrinoso e hemorrágico
surge do extravasamento sanguíneo)
O espaço potencial da cavidade pericárdica varia Exsudado (cheio de células inflamatórias)
de 10 a 50 ml de fluido que consiste em
ultrafiltrado plasmático.
● Desaparecer sem deixar sequelas
● Progredir para um processo de fibrose

Etiologia

● Infecciosas: virais (maioria), tuberculose


● Autoinmunes: Lupus, atrite reumatoide e
febre reumática .
● Neoplasia: geralmente de metástases do
pulmão e mamas.
● Metabólicas: uremia, hipotireodismo
● Radiação
● Cardiovasculares: Síndrome de Dressler
(pericardite pós IAM) e pós cirurgia
cardíaca.

Pericardite aguda viral ou uremia: exsudato


DOENÇA PERICÁRDICA fibrinoso e aspecto irregular. “pericardite em pão
com manteiga”
Para o entendimento do desenvolvimento de um Pericardite aguda bacteriana: exsudato
quadro de pericardite tem que ter a noção de que fibrinopurulento, áreas de pus evidentes.
qualquer fator que cause agressão ao coração, Pericardite originada de tumor maligno:
o pericárdio ou estruturas vizinhas, são fatores exsudato fibrinoso felpudo e derrame
para o desenvolvimento da patologia. sanguinolento.

As doenças do pericárdio envolvem: Na maioria dos casos a pericardite fibrinosa ou


fibrinopurulenta aguda desaparece sem deixar
● Derrames sequelas, contudo pode gerar fibrose originando
● Inflamações que podem desenvolver uma pericardite crônica.
quadros de fibrose
Pericardite crônica: está associada a aderência
Pericardite ou cicatrizes fibróticas que limitam o espaço do
pericárdio. Quando essa pericardite impede a
Pericardite primária: é incomum e quase sempre expansão do coração durante a diástole chama-se
resulta de infecção viral normalmente pericardite constritiva.
acompanhada de miocardite

Na maioria dos casos a pericardite é secundária


a IAM (síndrome de dressler), cirurgias cardíacas,
radiação do mediastino ou doenças que envolvem
estruturas torácicas (pneumonia, pleurites…)
● Uremia é o distúrbio sistêmico mais comum
associado a pericardite.
Distúrbios secundários menos comuns:
● Febre reumática
● Lúpus eritematoso sistêmico
● Tumores malignos metastáticos

A pericardite pode causar:


CLASSIFICAÇÃO DAS PERICARDITES
● Complicações hemodinâmicas
(tamponamento cardíaco)
As pericardites podem ser classificadas quanto: Inflamação CRÔNICA = se instala em um período
● Duração maior (dias) e tem maior duração (semanas e até
● Etiologia (infecciosa e não infecciosa) anos). Envolve LINFÓCITOS e MACRÓFAGOS,
● Complicações clínicas (crônicas: constritiva além de induzir a proliferação de vasos sanguíneos
e mediastinopericardite adesiva) e FIBROSE.

Causas:
Classificação morfológica:
Infecciosas: vírus (mais comum), bacteriana é
incomum mas pode ocorrer após endocardite Pericardite aguda: (característica do exsudato)
infecciosa, tuberculose e fungos. Serosa:
Não infecciosas: imunomediadas “mais comuns” Serofibrinosa: doenças inflamatórias não
(febre reumática e lúpus eritematoso sistêmico), infecciosas (febre reumática, lúpus, esclerodermia
pós cirurgia cardíaca e IAM (síndrome de dressler), e uremia) e tumores podem causá-la.
neoplasia, trauma e radiação. Fibrinosa: rico em fibrinogênio;ela e a
serofibrinosa são as mais frequentes; líquido
De acordo com o tempo: seroso mesclado com exsudato fibrinoso. Produz o
ruído pericárdico característico da ausculta.
Pericardite aguda: sintomas duram menos de seis
semanas
Pericardite subaguda: começam após a fase
aguda e a duração é entre seis semanas e seis
meses
Pericardite recorrente: quando ocorrem
repetidamente os episódios de pericardite aguda
Pericardite crônica: é uma complicação da
pericardite na qual os sintomas duram mais de seis
meses.

OBS: Adendo sobre inflamação.


Geralmente a nomenclatura utilizada para um
tecido inflamado é o uso do sufixo –ITE + nome do
tecido (= pancreatite, artrite, pericardite,
meningite, etc)
Edema = excesso de líquidos no interstício, pode
ser um exsudato ou transudato.
Exsudato: líquido inflamatório extravascular que
tem alta concentração de Proteínas e fragmentos
celulares.
Pus: exsudato purulento inflamatório rico em
neutrófilos e fragmentos de células.
Transudato: líquido com pouco teor proteico, é um
ultrafiltrado do plasma sanguíneo resultante de
Pressão Hidrostática elevada ou Força Osmótica Purulenta ou supurativa: infecção ativa
diminuída no plasma. provocada pela invasão direta de microorganismo
Inflamação AGUDA = inicia-se rapidamente (seg. no espaço pericárdico.
ou min.) e tem uma duração relativamente curta
(min. ou dias). Envolve o processo de exsudação
de líquido (EDEMA) e migração de NEUTRÓFILO
e LEUCÓCITO.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

Os sinais e sintomas da pericardite variam


Hemorrágica: Normalmente ocasionada por uma dependendo da gravidade da inflamação e da
disseminação neoplásica. quantidade e velocidade do acúmulo de líquido na
cavidade pericárdica.
Pericardite se manifesta como dor torácica atípica
(não relacionada aos esforços e que piora quando
o paciente se deita) e na ausculta ouve-se o atrito
intenso.
Pericardite aguda: pode causar
● Dor torácica
● Atrito pericárdico
● Dispnéia
Na ausculta revela-se atrito pericárdico (fricção
entre a camada parietal e visceral).
Pode ainda evoluir para um quadro de
tamponamento cardíaco- causado pelo grande
acúmulo de líquido na cavidade pericárdica que
impede o correto bombeamento cardíaco- com
quadro de hipotensão, choque e edema pulmonar.

A pericardite aguda quando associada a acúmulo


significativo de líquido pode causar
Caseosa:
tamponamento cardíaco, reduzindo o DC e
causando choque.
A pericardite constritiva crônica produz distensão
venosa do lado direito e baixo DC (similar a
miocardiopatia restritiva).
A dor da pericardite:
Como a inervação do pericárdio e do miocardio é a
mesma, a dor torácica da pericardite é semelhante
a da isquemia do miocárdio (IAM). A diferença se
dá pela irradiação, relação com os esforços e
fatores de melhora e piora.
● Tipo Aguda, retroesternal, irradiação para o
Pericardite crônica: Mediastinopericardite adesiva pescoço, ombro e costas e agravada com
e Constritiva. movimentos respiratórios, tosse ou ao
engolir comida.
Melhora ao inclinar o corpo para frente
(prece maometana), que promove menor
expansão torácica.
Quando ocorre derrame pericárdico, o sinal
clássico é o abafamento das bulhas.
A evolução de um quadro de derrame pericárdico
para tamponamento cardíaco traz a chamada
tríade de Beck.
● Bulhas abafadas
● Estase jugular (oriunda do aumento
pressórico no interior das câmaras
cardíacas)
● Choque cardiogênico observando a
chamada pressão arterial pinçada
(aproximação da PA sistólica e diastólica).
Pacientes no estado de derrame pericárdico
Fig. Atitude do paciente sugestiva de pericardite. apresentam sintomas da queda do DC (fadiga,
sudorese, dispnéia, taquipnéia e taquicardia
podendo evoluir para choque cardiogênico)

Na pericardite constritiva:

Pacientes apresentam sinais de:


● Congestão direita (estase jugular,
hepatomegalia, ascite e edema de
membros inferiores).
Na ausculta ouve-se o som de knock pericárdico
(na diástole após segunda bulha devido a perda da
complacência ventricular) semelhante a B3. O
sinal de Kussmaul também pode estar presente
(inspiração profunda aumenta a estase jugular pelo
Derrame pericárdico: aumento do retorno venoso) como a complacência
do ventrículo está diminuída o aumento do RV para
O normal no saco pericárdico é a existência de uma câmara cardíaca já cheia evidencia maior
no máximo 30-50 ml de líquido seroso e estase jugular.
transparente.
● Derrames serosos e/ou fibrinosos que
ultrapassam esses valores são comuns nas
inflamações cardíacas.
● Derrames serosos: causas como IC
congestiva e hipoalbuminemia de qualquer
causa
● Derrames serosanguíneos: traumas de
tórax, tumores malignos e IM com ruptura e
dissecção da aorta
● Derrames quilosos: obstrução linfática
mediastinal.
Os derrames que progridem de forma lenta podem
ser bem tolerados pelo coração, mesmo aqueles
com 1000 ml. Já os derrames que surgem de
forma rápida como no IM com dissecção e ruptura
da aorta, restringem de forma abrupta o
enchimento cardíaco gerando tamponamento; REPERCUSSÕES
sendo assim, não toleram nem 250 ml.
● Abafamento das bulhas cardíacas
● Aumento das pressões nas câmaras
cardíacas que causam estase jugular
● Redução do descenso Y do pulso venoso
● Hipotensão
● Sinal de Kussmaul
● Pulso paradoxal

DIAGNÓSTICO

● ECG: alteração do segmento ST, PR e


onda T em quase todas derivações.
● Radiografia de tórax: identificação de
derrame e pericardite constritiva.
● Ecocardiograma: realizado para a
verificação de derrames e anormalidades
do movimento cardíaco. ● Radiografia de tórax : casos de derrame
● Exames para identificação da causa pericárdico e tamponamento, calcificação
(biópsia, aspiração do líquido …) pericárdica. Coração em moringa.

O diagnóstico de pericardite aguda baseia-se nos


seguintes sinais clínicos característicos:
● Dor torácica característica de pericardite
● Atrito pericárdico
● Alteração no ECG
● Derrame pericárdico

EXAMES COMPLEMENTARES

● ECG: supra de ST difuso em todas


derivações, infra de segmento PR. Baixa
voltagem do complexo QRS.

Fig. Raio X de tórax evidenciando coração em


moringa.
● ECO: Um dos melhores exames para o
diagnóstico de derrame pericárdico. Fica
claro o colabamento das câmaras Exames laboratoriais:
cardíacas pela pressão do líquido, e
aumento da veia cava inferior. O achado ● Proteína C reativa (PCR)- proteína
mais importante é o espaço entre o produzida no fígado se ligam a algumas
pericárdio parietal e visceral. bactérias e ativam o sistema complemento
● VHS (velocidade de
hemossedimentação)- infecções
aumenta os níveis de proteína e
consequente aumento da velocidade de
sedimentação.
● TSH para investigação de causas
metabólicas;
● Função renal (creatinina, ureia e
eletrólitos)
● Fator atrial diurético nos casos de
mulheres jovens com suspeita de lúpus.

● Tomografia e ressonância em casos


mais graves: RM evidencia o coração TRATAMENTO
dançando dentro da cavidade do pericárdio.
Esse movimento altera a amplitude das ● Varia de acordo com a causa
ondas no ECG. ● Uso de anti-inflamatórios não esteroides,
colchicina e corticoides para dor e
inflamação
● Pericardiocentese para tamponamento e
alguns derrames pericárdicos
Na pericardite aguda: Repouso no leito
Tratamento da doença de base principal
(antiinflamatório AINES como ibuprofeno)
Corticoides (prednisona), segunda linha de
tratamento, usado em pacientes que possuem
contraindicação a antiinflamatórios, associados a
AINES.
Uso de colchicina diminui a probabilidade de
reincidência da doença.
No caso de derrame e tamponamento cardíaco
deve ser feita a retirada do líquido por punção
(punção de Marfan)
O líquido retirado deve ser levado para análise
laboratorial.
● Amarelo-cítrico: causas virais e
tuberculose.
● Purulento: causas bacterianas inespecíficas
● Quiloso: lesão de ducto linfático por trauma
ou infiltração
● Hemorrágico: trauma ou neoplasia.

1-Hemorrágico; 2-Fibrinoso; 3-Serofibrinoso;


4-Seroso; 5-Caseoso; 6- Purulento

Fig. Pericardiocentese.

Referências:

1. TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON,


Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia.
14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2016.
2. Welch TD, Ling LH, Espinosa RE, et al :
Echocardiographic diagnosis of constrictive
pericarditis: Mayo Clinic criteria. Circ
Cardiovasc Imaging 7:526, 2014.
3. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.;
MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia básica.
9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
@Matteus_Brendow
Problema
APG 12 12
DOENÇA ARTERIAL OBSTRUTIVA PERIFÉRICA (DAOP)

Problema: “Batata Fria”

Objetivos: Revisar a anatomia dos vasos sanguíneos dos membros inferiores; Estudar as causas do
desenvolvimento da doença arterial obstrutiva periférica; Compreender o diagnóstico e tratamento da
patologia.

RESUMO DA ANATOMIA DAS ARTÉRIAS irriga a tíbia, fíbula, músculos anteriores da


DOS MEMBROS INFERIORES perna e músculos dorsais do pé.
Artérias tibiais posteriores> continuação das
A aorta abdominal- divide-se em artérias ilíacas artérias poplíteas, descem no compartimento
comuns (E/D) -- essas se dividem em ilíacas posterior da perna junto ao músculo sóleo; irriga
internas e externas. o compartimento muscular posterior e lateral da
A ilíaca externa se torna artéria femoral na perna, músculo plantar do pé, tíbia, fíbula e
coxa, artéria poplítea (posterior ao joelho) e ossos do pé.
artérias tibiais anterior e posterior.

Artérias ilíacas comuns> irrigam os músculos


da parede pélvica, órgãos pélvicos e órgãos
genitais externos.
Artérias ilíacas internas> principais artérias da
pelve; bifurcação da artéria ilíaca comum;
músculos da parede pélvica, órgãos pélvicos,
genitais externos e músculos mediais da coxa.
Artérias ilíacas externas> tornam-se as
artérias femorais; irrigam o músculo cremaster
no homem e ligamento redondo na mulher.
Artérias femorais> continuação das artérias
ilíacas externas ao passar pelo ligamento
inguinal e entrando na coxa; irriga os músculos
da coxa (quadríceps femoral, adutores e
isquiotibiais) fêmur e tendões do joelho.
Artérias poplíteas> continuação da artéria
femoral ao passar pela fossa poplítea; irriga
músculos distais da coxa, pele da região do
joelho, articulação, fêmur, patela, tíbia e fíbula.
Artérias tibiais anteriores> passam sobre a
membrana interóssea da tíbia e fíbula descendo
ao longo do compartimento muscular anterior da
perna (tornam-se as artérias dorsais do pé);
FISIOPATOLOGIA

A aterosclerose é a base para o


desenvolvimento da DAOP, é caracterizada pelo
estreitamento do lúmen de um vaso pelo
acúmulo de material lipídico e fibroso quando há
invasão da túnica íntima dos vasos.
A aterosclerose das artérias dos membros
inferiores é definida como Doença Arterial
Obstrutiva Periférica (DAOP) sendo os
membros inferiores os mais acometidos.
Fatores como:
● Inflamação
● Trombose
levam ao estreitamento do lúmen e
sintomatologia de insuficiência arterial, porém a
aterosclerose é a causa mais comum de DAOP.
Os sintomas de isquemia ocorrem quando de
forma semelhante a angina, pelo mesmo
mecanismo de desregulação entre oferta e
demanda de oxigênio.
As manifestações clínicas da DAOP
dependem da localização da obstrução e
gravidade da estenose variando de dor
moderada com atividade (claudicação) e
isquemia que pode ameaçar o membro.
A aterosclerose é mais comum de desenvolver
em bifurcações das artérias e angulações dos
vasos (locais onde o fluxo sanguíneo é
turbulento).
Artérias mais comumente afetadas:
● Artérias coronárias proximais
● Artérias iliofemorais (especialmente
femoral superficial)
● Bifurcação carotídea
● Artérias poplíteas
DEFINIÇÃO DA DAOP (Doença arterial
obstrutiva periférica)

A DAOP ocorre predominantemente de


fenômenos ateroscleróticos sistêmicos que
provocam obstruções arteriais e está associada
a alto risco de morbidade cardiovascular.
A claudicação intermitente é o mais frequente
dos sintomas de DAOP e resulta da redução do
fluxo sanguíneo para os membros inferiores
durante os exercícios. A claudicação
caracteriza-se por dor ou desconforto durante a
caminhada e que desaparece após repouso.
● Idade avançada
● Sexo masculino
● Hiperlipidemia
● Hipertensão
● Tabagismo
● Diabetes
● Inflamação
Os fatores de risco para DAOP são
semelhantes ao da doença arterial coronariana
devido à associação de ambas à aterosclerose.
O tabagismo é o principal fator de risco para
DAOP.
● Aumento da idade
● Tabagismo
● Hipertensão
Fig. vasos mais comumente acometidos pela ● Dislipidemia
DAOP.

Revisão sobre o desenvolvimento da placa


de aterosclerose:

A aterosclerose é uma resposta inflamatória


crônica da túnica íntima da parede arterial.
1- A lesão endotelial é originada pela fragilidade
que essa camada celular sofre por diversos
fatores.
2- A disfunção endotelial permite a entrada de
lipoproteínas de baixa densidade e aumento da
permeabilidade por adesão leucocitária.
3- Os monócitos se diferenciam em macrofagos
e esses macrofagos fagocitam as lipoproteínas
tornando-se células espumosas; células
musculares lisas que migram da túnica média
também englobam os lipídeos.
4- Proliferação de células da musculatura lisa
do vaso que migram para a superfície da lesão;
deposição de colágeno e MEC formando a
placa de ateroma fibrogordurosa.

Fig. estrutura básica da placa de ateroma.

Principais fatores de risco para o


desenvolvimento de aterosclerose:
● Anomalias genéticas
● Antecedentes familiares
Assintomáticos: efetividade na redução de
lipídios, controle da PA e cessação do
tabagismo.
Dor atípica:sintoma predominante na DAOP
devido a graus variados de isquemia, provocado
por atividade.
Claudicação intermitente: É definida como
desconforto reprodutível de um grupo muscular
induzido por esforços que alivia ao repouso.
Pode apresentar-se uni ou bilateralmente (nas
nádegas, quadris, coxas, panturilhas ou pés de
acordo com o local de obstrução).
● Nádegas ou quadris (artéria ilíaca;
pulso femoral diminuído; homens
disfunção erétil).
● Coxas: artéria femoral
● Panturrilhas: queixa mais comum; dor
Fig. Etapas da formação de uma placa de nos dois terços superiores (artéria
ateroma. femoral superficial) terço inferior (artéria
poplítea)
CLASSIFICAÇÃO ● Pés: artéria tibial e fibular.

Leva-se em conta os sinais e sintomas dos Dor de isquêmia em repouso: redução severa
portadores de DAOP, que podem ser do suprimento sanguíneo, tipicamente
classificados em diversos estágios e categorias. localizada nos dedos do pé não facilmente
A classificação de Fontaine (separa os controlada por analgésicos, piora da dor com
pacientes em 4 estágios) e de Rutheford (coloca elevação do membro.
os pacientes em 7 categorias) são as mais
utilizadas. Dor difusa grave: início repentino de dor nas
extremidades, progredindo de dormencia a
paralisia; acompanhada de palidez, parestesia
(A parestesia é um sintoma caracterizado pela
sensação de dormência ou formigamento de
alguma parte do corpo) e ausência de pulso
palpável.

Ferida/úlcera sem cicatrização: começam


como pequenas feridas que aumentam e não
cicatrizam pela falta de suprimento sanguíneo.
As ulcerações de origem isquêmica estão
CLÍNICA tipicamente localizadas na terminação dos
ramos arteriais, nas pontas dos dedos dos pés
Divisão segundo AHA em pacientes com mais entre os dígitos. São lesões:
de 50 anos: ● Dolorosas
● Assintomáticos (20-50%) ● Secas
● Dor na perna atípica (40-50%) ● Pouco sangramento
● Claudicação clássica (10-35%) ● Bordas regulares
● Membro ameaçado (1-2%)
ITB (índice de pressão sistólica
tornozelo-braquial) realizado em pacientes
com um ou mais achados de DAOP; o ITB é a
razão entre a pressão arterial sistólica do
tornozelo e a pressão sistólica braquial
detectada com doppler.
● ITB normal vai de 0,91 a 1,3
● ITB <0,90 alto grau de sensibilidade e
especificidade para DAOP.
Descolação da pele/ gangrena: isquemia
extrema que altera a coloração da pele que
podem evoluir para necrose cutânea.
● Pele pálida e fria

Ameaça de um membro: depende da extensão


da obstrução, gravidade da ferida e presença de
infecções.

Características que podem ser encontradas no


exame físico do paciente com DAOP é
extremidades com:
● Pele fina e seca Pacientes com fatores de risco, sinais e
● Pele brilhante e sem pelos sintomas típicos de DAOP é possível
● Unhas quebradiças, hipertróficas e estabelecer diagnóstico por esses achados.
estriadas Pacientes com fatores de risco para DAOP e
● Frieza do membro. sintomas atípicos ou claudicação, porém com
ITB normal sugere-se teste ergométrico.
DIAGNÓSTICO Realização de testes vasculares antes de
intervenção vascular.
Anamnese: perguntar se o paciente sente dor à Diagnóstico por imagem:
deambulação, até onde pode caminhar, se a dor ● Ecodoppler: útil para diagnosticar a
o leva a parar de andar, depois de quanto localização anatômica e o grau de
tempo consegue retomar a caminhada, paciente estenose arterial, apresentando
sente alguma dor nas extremidades que o limitações em pacientes obesos e
acorda no meio da noite, localização da dor, mórbidos.
possui feridas de difícil cicatrização. ● Angiotomografia (Angio TC):
Angiografia com contraste é o
Exame físico: Nenhum sinal ou sintoma é padrão-ouro para diagnóstico de DAOP.
independentemente suficiente para diagnósticos
ou descartar DAOP. Deve-se:
● Verificar a presença de claudicação
intermitente
● Auscultar as artérias femorais
● Palpação dos pulsos das extremidades
inferiores
● Verificar a coloração, temperatura,
integridade da pele e do pé e presença
de ulcerações
● Avaliação do Índice Tornozelo-Braquial
gravidade dos sintomas, localização e extensão
da doença.
Tratamento farmacológico:
● Uso de cilostazol
● Terapia antiplaquetária
● Uso de AAS e estatinas redução da
mortalidade da DAOP.
Cirurgia:
● Angioplastia
● Stents

Referências:
Fig. Angio TC mostrando obstrução da artéria
femoral. 1. TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON,
Bryan. Princípios de Anatomia e
fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2016.
2. https://sbacvsp.com.br/doenca-arterial-o
bstrutiva-periferica/
3. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.;
MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia
básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2013.

Fig. Arteriografia com ateromatose da artéria


femoral profunda e femoral superficial.

Diagnósticos diferenciais de DAOP


● Trombose arterial devido aneurisma
● Lesão arterial
● Dissecção arterial ou tromboembolismo
● Tromboangeíte obliterante
● Síndrome do aprisionamento da artéria
poplítea

TRATAMENTO

Deve-se incluir mudanças no estilo de vida


como:
● Cessação do tabagismo
● Prática de exercícios físicos (ajudando
na claudicação intermitente)
● Controle da alimentação
Pode ser incluído tratamento medicamentoso
para controle da hipertensão arterial sistêmica,
diabetes e dislipidemias.
Leva-se em consideração a idade do paciente,
comorbidades, atividades e limitações,
@Matteus_Brendow

Problema
APG 13 13
INSUFICIÊNCIA VENOSA

Problema: De pernas para o ar

Objetivos: Revisar a anatomia da drenagem venosa dos membros inferiores; Entender a fisiopatologia da
insuficiência venosa; Compreender o diagnóstico e tratamento da patologia.

REVISÃO DA ANATOMIA VENOSA DOS São as mais suscetíveis a varicosidade


MEMBROS INFERIORES pela sua extensão, suportando uma longa
coluna de sangue e não são bem apoiadas
As veias se dividem em superficiais e profundas. aos músculos esqueléticos.
As veias profundas têm, em sua maior parte, os ● Veias safenas parvas: começam na face
mesmos nomes das artérias correspondentes. lateral dos arcos venosos dorsais;
As veias dos membros inferiores possuem mais esvaziam-se nas veias poplíteas; contém
valvas do que as veias dos membros inferiores. de 9 a 12 valvas.

Veias Profundas:
● Veias ilíacas comuns
● Veias ilíacas externas
● Veias femorais: acompanham as artérias
femorais; são continuação das veias
poplíteas (passam através da abertura do
músculo adutor magno); passam pelo
ligamento inguinal para se tornar a veia
ilíaca externa.
● Veias poplíteas: União da veia tibial
anterior e posterior; acompanham a artéria
poplítea e nervo tibial; passam na pela
janela do músculo adutor magno para se
tornar as veias femorais.
● Veias tibiais posteriores: Acendem junto
com a artéria tibial posterior e nervo tibial
profundamente ao músculo sóleo; unem-se
as veias tibiais anteriores para formar as
veias poplíteas.
● Veias tibiais anteriores: emergem do arco
venoso dorsal do pé; acompanham a artéria
tibial anterior; se une as veias tibiais
posteriores para formar as poplíteas

Veias Superficiais
● Veias safenas magnas: As veias mais
longas do corpo (do pé à virilha);
esvaziam-se nas veias femorais na região
inguinal. contém de 10 a 20 valvas.
fluxo sanguíneo venoso (trombose) aumenta a
pressão nesse leito dificultando o retorno venoso.
A pressão média (pressão venosa central) PVC é
medida nas veias cavas e estão entre valores de 0
a 8 mmHg.
Independente da causa, a hipertensão venosa é o
centro dos sintomas apresentados na IVC.

Fig. Esquema da drenagem venosa dos membros


inferiores.

DEFINIÇÃO O aumento da pressão venosa leva ao


enfraquecimento da parede desses vasos
A insuficiência venosa crônica (IVC) pode ser (possuem a túnica muscular pouco desenvolvida)
definida como um conjunto de manifestações resultando em dilatação anormal, varizes e
clínicas causada pela anormalidade do refluxo, telangiectasia.
obstrução ou ambos, do sistema venoso periférico A pressão hidrostática no segmento do vaso,
(superficial, profundo ou ambos) geralmente também, corrobora para o afluxo sanguíneo
acometendo os membros inferiores devido a sua (geração de edema) e liberação de células
morfofisiologia. inflamatórias.
É uma das doenças mais prevalentes no mundo, Com a insuficiência valvar o fluxo sanguíneo
chegando a acometer mais de 80% da população retorna para os capilares, levando a alterações
com graus mais leves da doença como CEAP C1. endoteliais (lesão) aumento da permeabilidade
capilar, levando ao quadro de edema, hipoperfusão
Fatores de risco para desenvolvimento da IVC: tecidual. Que leva ao surgimento de feridas
● Aumento da idade (úlceras)
● Sexo feminino
● Número de gestações
● Obesidade
● Histórico familiar de IVC

FISIOPATOLOGIA
Fig. Esquema de lesão tecidual devido a
As veias por ser um leito que trabalha sobre baixas
insuficiência venosa.
pressões e fluxo lento de sangue, possui valvas
para impedir o refluxo sanguíneo, contando,
também, com a contração muscular para
facilitação desse fluxo.
Assim os dois determinantes do fluxo sanguíneo
são as valvas e a bomba venosa (contração dos
músculos esqueléticos).
Então qualquer condição que altere o
funcionamento das valvas, a bomba venosa ou o
pressão venosa, surge independente de
outras doenças.
● Secundária: está associada a doenças que
a aumentam a pressão venosa (Trombose
Venosa Profunda TVP, traumas ou
condições anatômicas
● Superficial: defeito nas valvas venosas
superficiais
● Profunda: lesão nas veias profundas.

FATORES DE RISCO
Fig. Demonstração das veias superficiais e
profundas bem como as anastomoses.
Modificáveis:
● Sedentarismo
● Obesidade
● Posição supinada prolongada
● Tabagismo
● Hipertensão arterial
● Anticoncepcional

Não modificáveis:
● Sexo feminino
● Gestação
● Idade avançada
● Traumas de membros inferiores

QUADRO CLÍNICO

São bem variáveis desde pacientes assintomáticos


até sintomas mais graves.
A gravidade varia com a incompetência das
válvulas e da obstrução venosa.
Fig. Curva A paciente normal. Curva B paciente Os principais sinais e sintomas de IVC são:
com insuficiência venosa. Curva C paciente com ● Formigamento do membro
insuficiência venosa e trombose. ● Dor
Na curva A ao longo do exercício, contração ● Queimação
muscular, há queda na pressão venosa. ● Câimbras musculares
Na curva B ocorre diminuição da pressão venosa, ● Inchaço
mas a redução não é adequada como na curva A. ● Sensação de peso ou de latejamento
Na curva C o paciente não altera o fluxo da ● Prurido cutâneo: ocasionados pela
pressão mesmo com exercício. congestão venosa e pela liberação de
histamina devido ao processo inflamatório.
ETIOLOGIA ● Cansaço das pernas e fadiga
● Edema de membros inferiores: sinal nos
A insuficiência venosa pode ter diversas etiologias: pacientes sintomáticos, relacionado ao
● Congênita: nascimento ou decorrer da refluxo venoso. Estágios iniciais podem ser
infância; defeito congênito das valvas unilateral; limitado a uma região no início da
venosas. doença. Melhora com a elevação dos
● Primária: ocorre devido a incompetência membros e com a deambulação. Piora
das valvas devido ao aumento fisiológico da quando se mantém de pé por muito tempo.
Os sintomas tendem a se acentuar durante o dia,
especialmente após longos períodos em ortostase
e melhora com a elevação dos membros.
O principal sintoma é o desconforto na região dos
membros inferiores (dor ou sensação de peso).
● Dor: de característica pulsátil ou em
queimação, generalizada ou localizada.
Piora em posição supina por períodos
prolongados, melhora com elevação do
membro.
OBS: Os fatores de melhora e piora são
fundamentais para diferenciar da DAOP.
● DAOP (piora ao caminhar e melhora ao
repouso).
● IVC piora com posição supina prolongada e
melhora após elevação dos membros.

Fig. Varizes.

● Alterações da pigmentação: mais


frequentemente encontradas no tornozelo,
coloração alterada é devido a
hemossiderina (destruição dos glóbulos
vermelhos extravasados dos capilares).
. Pode ocorrer dermatite por estase.
Ao exame físico: Dermatite é uma inflamação na pele que pode
Deve-se pedir ao paciente que exponha todo causar vermelhidão, coceira, pequenas bolhas e
membro inferior desde os pés até a virilha. O descamação.
exame deve ser iniciado com o paciente em
posição de pé, após alguns minutos de ortatismo.
Deve-se avaliar a presença de:
Veias varicosas (localização e distribuição)
Presença e quantificação do edema
Alterações da pele como hiperpigmentação,
eczema, atrofia branca e úlceras.
Deve-se palpar os pulsos do paciente já deitado
para afastar alterações arteriais.
Durante o exame físico o principal achado é a
telangiectasia (vênulas dilatadas com menos de
1mm de diâmetro)
Vênulas dilatadas com mais de 3mm de Fig. Dermatite por estase.
diâmetro passam a ser chamadas de varizes.
Nos casos mais graves os pacientes podem
desenvolver lipodermatoesclerose (inflamação
crônica associada a fibrose do tecido subcutâneo).
Região acometida se apresenta endurecida e a OBS: Nesse ponto, deve-se relembrar a
pele pigmentada. A lesão estrangula a perna característica das úlceras causadas por alterações
impedindo o fluxo linfático e venoso, assim arteriais (DAOP)
paciente apresenta edema acima e abaixo da Úlceras arterial: Pode afetar toda zona do pé;
região fibrosada. Atrofia branca é uma marca que evolução rápida; bordas lisas e redondas; Tendem
consiste em áreas maculares brancas, indicando a ser pequenas, somente superficial e o possuir
perda de fluxo sanguíneo. crosta necrótica; aparência da perna: pálida,
brilhante e sem presença de pêlos; Dor: Profunda
e intensa que chega a afetar na qualidade de vida;
Pulso: Ausentes de acordo com o nível de
obstrução.

A doença venosa crônica também pode levar à


formação de úlceras venosas, que são
associadas a um regime de hipertensão venosa.
Essas lesões são mais comuns no nível maléolo
medial; são caracterizadas por serem indolores,
exsudativas, bordas irregulares, podendo ser
múltiplas ou únicas. Geralmente as úlceras
venosas não se cicatrizam espontaneamente.
CLASSIFICAÇÃO

A classificação dos pacientes é realizada para


estratificação segundos os critérios:
● Clínicos
● Etiológicos
● Anatômicos
● Patológicos
Assim, os pacientes com IVC são divididos
segundo a classificação CEAP.
Venografia, exame radiográfico da veia após
injeção de contraste e ressonância magnética.São
mais indicados a pacientes com sinais clínicos de
insuficiência venosa, com sinais duvidosos na
ultrassonografia com doppler.

Os principais diagnósticos diferenciais são:


● Celulite
DIAGNÓSTICO
● Erisipela
● Neoplasia de pele
Observações clínicas mais importantes:
● Úlcera diabética
● Investigar fatores de risco
● Úlcera traumática
● Tempo do surgimento de sintomas
● Manifestações dermatológicas de doenças
● Fatores de melhora e piora
sistêmicas.
Achados do exame físico são suficientes para dar
o diagnóstico.

Ultrassonografia (USG) com doppler usada na TRATAMENTO


identificação de obstrução e/ou incompetência
valvar. Doppler colorido pode identificar a presença A princípio é clínico para quase todos os pacientes:
e direção do fluxo. Usados em caso de dúvida ● Elevação dos membros: acima do nível
diagnóstica em pacientes que não respondem ao do coração por cerca de 30 min, 3 a 4
tratamento clínico. vezes por dia.
● Cuidados com a pele: predisposição ao
desenvolvimento de dermatite de contato
ou de estase (prurido, vermelhidão e
alteração da pigmentação). Manter a
limpeza e uso de emolientes (óleos
vegetais).
● Exercícios: um dos principais 1. TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON,
determinantes do fluxo venoso. Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia.
● Terapia de compressão: utilização de 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
meias compressivas, aumentam a 2016
velocidade do fluxo sanguíneo. 2. Guyton e Hall. Tratado de fisiologia médica.
● Controle de fatores de risco: 13 edição Rio de Janeiro: Elsevier.
principalmente o tabagismo 3. https://sbacv.org.br/wp-content/uploads/201
8/02/insuficiencia-venosa-cronica.pdf.
Tratamento cirúrgico

● Ligadura da veia safena magna e


safenectomia: pacientes com
incompetência isolada da veia safena.
Ligação da veia safena na veia femoral,
reduz os efeitos da hipertensão venosa.
● Escleroterapia e flebectomia: pacientes
com veias superficiais dilatadas. As
telangiectasias e veias reticulares podem
ser tratadas com escleroterapia.

● Laser endovenoso/radioablação:
Eliminação de veias superficiais
incompetentes.
Pacientes com úlceras venosas: terapia de
compressão, remoção do tecido desvitalizado.
Utilização de curativos simples e não aderentes;
utilização de enxertos ou retalhos.

Referências:
@Matteus_Brendow

Problema
APG 14
14
TROMBOSE VENOSA

Problema: VÔO 666

Objetivos: Estudar a fisiopatologia da trombose venosa; Compreender como é feito o diagnóstico de TV;
Elucidar o diagnóstico, fatores de risco e tratamento do TV.

INTRODUÇÃO DEFINIÇÃO

Revisão da anatomia da drenagem venosa dos A trombose venosa profunda (TVP) caracteriza-se
membros inferiores. pela formação de trombos dentro de veias
profundas, com obstrução parcial ou oclusão total.
As principais complicações decorrentes dessa
doença são:
● Insuficiência venosa crônica
● Embolia pulmonar (EP), tendo alta
importância clínica e sendo estudada
posteriormente.

FATORES DE RISCO

Qualquer fator que altere a tríade de virchow


causando:
● Estase sanguínea
● Lesão endotelial
● Estado de hipercoagulabilidade
A drenagem venosa se baseia na junção das veias São fatores que predispõem a formação de
superficiais e veias profundas ligadas por veias trombos.
perfurantes. Conforme demonstra a figura abaixo: Idade avançada, câncer, procedimentos cirúrgicos,
imobilização, gravidez, uso de estrogênio e
distúrbios de hipercoagulação hereditários são
fatores de risco para o desenvolvimento de TVP.

As veias perfurantes possuem a função de prevenir


o refluxo das veias superficiais para as profundas,
devido ao seu sistema de valvas. Particularmente
nos momentos nos quais o indivíduo está de pé e
deambulando.
FISIOPATOLOGIA
regiões próximas podendo confundir os
O aumento da idade aumenta o risco de achados
desenvolvimento de trombose (>65 anos). ● Veias varicosas: não possuem quadro de
Tríade de virchow (estase venosa, lesão inflamação mas podem cursar com edema,
endotelial e hipercoagulabilidade) são os fatores sendo confundido com TVS
que induzem a trombose. Diagnóstico de TVS é eminentemente clínico feito
● Estase: a estase proporciona maior contato a partir da história clínica compatível mais exame
da camada endotelial com plaquetas físico que caracteriza a patologia. Investigação de
ativadas e fatores procoagulantes, fatores de risco (principalmente nos casos nos
facilitando a trombose. Os seios venosos quais não há presença de cateteres ou veias
do músculo sóleo são os locais mais varicosas) já que a eliminação desses fatores
comuns para início da TVP. diminui a reincidência do quadro. Pode usar
● Estado de hipercoagulabilidade: quando ultrassonografia com doppler.
o paciente apresenta algum quadro de Tratamento de TVS:
hipercoagulabilidade deve ser administrado ● Alívio dos sintomas inflamatórios locais
anticoagulante vitalício. (anestésicos e anti-inflamatórios) uso de
● Lesão endotelial: após procedimentos compressa quente
cirúrgicos, fatores teciduais são liberados ● Compressão com meias elásticas da
na corrente sanguínea induzindo pró extremidade, de três quartos ou sete
coagulação. oitavos.
Causas como: aumento do número de plaquetas, ● Caso o paciente possua cateter periférico
alterações na cascata de coagulação e da deve-se ser removido
atividade de fibrinolíticos são causas que ● Casos mais graves é recomendada a
aumentam o risco de trombose. adoção da posição de Trendelenburg em
A insuficiência venosa é uma das causa de alguns momentos do dia para facilitar o
trombose venosa (estase que aumenta a retorno venoso.
probabilidade do desenvolvimento de trombos)

TROMBOSE VENOSA SUPERFICIAL (TVS)

Consiste na formação de um trombo na circulação


superficial (veias que estão na fáscia superficial)
Fatores de risco para desenvolvimento:
● Trauma que causa lesão endotelial
● Veias varicosas que causa estase venosa Deve-se atentar para o risco de uma TVS
● Uso de substância esclerosante que pode desenvolver uma TVP (trombose venosa
causar lesão endotelial profunda). A TVS que acomete a junção
● Permanência de cateter venoso periférico safenofemoral ou safenopoplítea e trombose
por longos períodos (causa lesão superficial de veias não varicosas no terço superior
endotelial) da coxa são de alerta para progressão para TVP.
Quadro clínico típico de trombose venosa
superficial: TROMBOSE VENOSA PROFUNDA
● Presença de inflamação com veia
superficial palpável e endurecida Principais fatores de risco estão relacionados com
● Quadro de dor, calor, edema e rubor a ocorrência da tríade de Virchow
decorrente da inflamação ● Imobilização acima de 3 dias (estase)
Diagnóstico diferencial da TVS: ● Trombofilia
● Vasculite: inflamação dos vasos que podem ● Politrauma
causar sintomas semelhantes ● Hormônios (contraceptivos e anabolizantes)
● Celulite: quadro inflamatório que se origina ● Idade avançada
na pele podendo envolver vasos nas ● Fraturas de extremidades
● Episódio anterior de TEP ou TVP
● Viagens longas (duração maior que 4
horas) A literatura recomenda a anamnese, exame físico
● Câncer + realização de testes laboratoriais e exames de
● Cirurgias longas imagem.
● Gestação e puerpério Estratificação dos pacientes de acordo com os
● Cateter venoso central (trombose membro critérios de Wells que avaliam os pacientes de
superior) acordo com os fatores de risco para TVP.
● Síndrome de Paget von Schroeter
(compressão venosa por alteração
musculoesquelética na região clavicular).

QUADRO CLÍNICO

A suspeita de TVP é dada mediante a história


clínica compatível com doença que ocasiona os
fatores da tríade de Virchow.
No geral a presença de
● Dor
● Edema assimétrico
● Paresia ipsilateral do membro acometido
● Palidez do membro Fig. Critérios de Wells para diagnóstico de TVP.
● Aumento da temperatura do membro
● Cianose pela progressão do acometendo a Calculado o score de acordo com os critérios de
circulação arterial Wells se for:
● Maior ou igual a 2, a TVP é provável
havendo probabilidade de 28% de presença
da doença
● Valor <2 TVP improvável, probabilidade de
6%

TVP IMPROVÁVEL: Realização do teste D-dímero


(negativo descarta-se a hipótese de TVP), positivo
realização de USG Doppler venoso para avaliação.
Se visualizada a doença inicia-se o tratamento com
anticoagulantes.
Fig. TVP manifesta evidenciando edema agudo
do membro inferior esquerdo. USG Doppler é o teste de escolha para
diagnóstico de TVP, teste não invasivo ao
DIAGNÓSTICO
contrário da venografia, desvantagem é operador
dependente.
Deve ser realizado utilizando compressões na
avaliação de leitos venosos obstruídos (leitos
obstruídos não colabam) e avaliação do fluxo.

● Cor azul (afastando) Teste D-dímero: é um teste que mede o nível do


● Cor vermelha (aproximando, refluxo) D-dímero (produto de degradação da fibrina)
estando presente em qualquer situação em que um
trombo é formado. É um teste com alta
sensibilidade mas pouca especificidade, ou seja
quando o teste do D-dímero der negativo implica
na ausência de suspeita de TVP, porém um teste
positivo não indica que a patologia está presente.

Exames laboratoriais são feitos avaliações da


coagulação do paciente (dosagem do tempo de
protrombina, trombina …) e fatores de coagulação
(fator X, VII …)

TRATAMENTO

Fig. Ultrassonografia venosa evidenciando Consiste em evitar que a TVP evolua para TEP
trombose em veia poplítea. As imagens de cima (tromboembolismo pulmonar) pelo deslocamento
demonstram o leito venoso sem (esquerda) e com do trombo virando êmbolo. Evita também,
(direita) compressão da pele ao longo da veia síndromes pós trombóticas.
poplítea. A não alteração do formato da veia OBS: Síndrome Pós-trombótica é uma
mediante compressão é sugestivo de TVP. Nas complicação tardia da trombose venosa: quando
imagens inferiores, tem-se um comparativo com a persistem os sintomas de dor e inchaço na perna
veia femoral, a qual apresenta compressibilidade comprometida após tratamento completo da
parcial. trombose venosa.
Todo tromboembolismo venoso do sistema
A venografia consiste em um exame no qual é femoropoplíteo deve ser tratado com
injetado contraste no sistema venoso para anticoagulantes.
avaliação de TVP e sua localização. O contraste é Heparina (para manter o tempo de protrombina
injetado nas veias do pé para visualização do (TPT) entre 60 e 80s) seguido pelo uso de
sistema venoso profundo. É o padrão ouro, mas é Varfarina (para obter um INR entre 2 e 3) retirando
invasivo pelo uso de contraste e pode ocasionar heparina após a instalação do efeito da varfarina.
alergia. É utilizado também quando se deve fazer Tratamento cirúrgico da TVP é necessário em
intervenção cirúrgica, para melhor visualização do ocorrências de:
quadro. ● Flegmasia*
● Trombose da veia cava sintomática
● TVP refratária à anticoagulantes.
OBS: Flegmasia é o termo habitualmente usado 2. TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON,
para descrever o importante edema e dor nos Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia.
membros inferiores em casos de tromboses 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
venosas profundas que atingem as veias ilíacas e 2016
mesmo a veia cava inferior.
Trombectomia endovascular consiste na retirada
mecânica do trombo por meio de um cateter ou
incisão.
Angioplastia com stent também é utilizada.

Referências:

1. https://sbacv.org.br/wp-content/uploads/201
8/02/trombose-venosa-profunda.pdf
Matteus Brendow

Problema
APG- 15 15
Síndrome de Marfan

Problema: Promessa Interrompida

Objetivos: Elucidar a fisiopatologia da síndrome de Marfan; Conhecer os sinais e sintomas; Entender as


alterações causadas e estudar as características genéticas; Estudar o diagnóstico e tratamento.

INTRODUÇÃO

A síndrome de Marfan é uma doença autossômica


dominante do tecido conjuntivo que resulta da
mutação do gene da fibrina-1, principal
componente da matriz extracelular, em 90% dos
casos.
As principais manifestações dessa síndrome
envolve o sistema cardiovascular, ocular e
esquelético.
O diagnóstico precoce da síndrome de Marfan e o
tratamento adequado são fundamentais, uma vez
que os doentes estão sujeitos a complicações
cardiovasculares fatais. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

FISIOPATOLOGIA A síndrome de Marfan (SM) é uma doença


multissistémica atingindo tipicamente
As alterações genéticas sobre a fibrina-1 ● Sistema cardiovascular
interferem na elasticidade do tecido conjuntivo. ● Sistema esquelético
Nas fibras elásticas dos vasos sanguíneos as ● Ocular
microfibrilas associadas a elastina formam as ● Sistema nervoso central, aparelho
lâminas elásticas que conferem elasticidade às respiratório e pele
paredes dos vasos e estabilização mecânica. A principal manifestação da SM é a dilatação da
As mutações no gene da fibrina-1 aumentam a raiz da aorta e da aorta proximal (80% dos casos),
suscetibilidade da fibrina a proteólise (quebra) que conduz para dissecção, principal causa de
conduzindo, dessa forma a desorganização das morte prematura.
fibras elásticas dos grandes vasos (principalmente A porção da aorta ascendente é a mais afetada
aorta). pelo desenvolvimento de aneurisma (pelo seu
Nessa perspectiva, o desarranjo e fragmentação maior conteúdo de fibras elásticas e exposição ao
dessas fibras produz: estresse hemodinâmico
Aumento da rigidez pela diminuição da
elasticidade/distensibilidade da aorta
Tornando esse vaso suscetível a dissecção e
dilatação.
Fig. Pectus escavatum

Manifestações oculares: luxação do cristalino,


miopia precoce e severa, descolamento da retina,
início precoce de catarata ou glaucoma, córnea
achatada, hipoplasia da íris…

Na síndrome de Marfan são fatores de risco para a


dissecção aórtica:
● Diâmetro da aorta superior a 5cm SM. O risco de regurgitação quando diâmetro
● Rápida progressão da dilatação (mais de inferior a 40 mm.
0,5 cm por ano) Crianças com suspeita de síndrome de Marfan
● Antecedentes familiares de dissecção devem ser seguidas por longo prazo, para
● Reduzida distensão da aorta averiguação do risco de dissecção.
● Presença de insuficiência aórtica As arritmias cardíacas são comuns nos doentes
A insuficiência da valva aórtica é uma ocorrência com SM com potencial de causar morte súbita.
tardia da dilatação da raiz aórtica produzida pela
Dilatação da artéria pulmonar ocorre O estudo cardiovascular é realizado pelo
frequentemente ecocardiograma transtorácico analisando o valor
A anomalia esquelética é a característica mais do diâmetro da raiz da aorta (corrigido de acordo
evidente da SM que conduz a suspeita diagnóstica. com a idade).
Crescimento desproporcional dos membros Diagnóstico diferencial de SM:
superiores e inferiores, crescimento do tórax Inclui doenças que causam aneurismas na aorta
(pectus escavatum ou pectus carinatum). (síndrome de Loeys-Dietz, válvula aórtica
Aracnodactilia, escoliose toracolombar… bicúspide, aneurisma da aorta torácica familiar,
síndrome de Ehlers-Danlos, síndrome de
DIAGNÓSTICO tortuosidade arterial) entre outros distúrbios
Familiares de primeiro grau dos doentes com SM
Requer um diagnóstico precoce devido ao devem ser submetidos a exames para avaliação.
potencial fatal das manifestações clínicas.
Diagnóstico difícil devido a manifestações clínicas TRATAMENTO
serem dependentes da idade e as diversas
doenças do tecido conjuntivo. Médico: O tratamento padrão para SM é
Os critérios de Ghent atualizados (2010) são administração de betabloqueadores e Losartana
utilizados para dar o diagnóstico de SM. (IECA). Por diminuírem o trabalho cardíaco, o
primeiro pela diminuição da frequência cardíaca e
da fração de ejeção ventricular esquerda
(diminuindo o estresse hemodinâmico).
Os betabloqueadores devem ser prescritos para
todos doentes com SM (acima de 5 anos).
Atletas com SM não devem praticar esportes que
envolvam exercício físico intenso ou potencial
contato físico.

Cirúrgico
Cirurgia para reparos na dissecção aórtica
(emergência).
Cirurgia profilática em casos de dilatação da raiz
da aorta. A cirurgia profilática consiste na
substituição da raiz da aorta, valva aórtica e aorta
ascendente por prótese mecânica.

Referências:

1. https://doi.org/10.1016/j.repc.2019.09.008

A avaliação do doente com SM inclui antecedentes


pessoais e familiares, exame físico completo e
testes para averiguar a presença de critérios
diagnósticos.
@Matteus_Brendow

Problema
APG 16 16
ANEMIAS CARENCIAIS

Problema: Saco vazio não para em pé

Objetivos: Estudar a fisiopatologia da Anemia Ferropriva; Listar os tipos de Anemias Nutricionais;


Compreender as principais causas e manifestações clínicas da doença; Entender a importância do
hemograma no diagnóstico.

❖ ANEMIAS CAUSADAS PELA


ERITROPOIESE

As anemias que englobam a diminuição do ● Medula óssea


eritropoiese incluem as anemias causadas pela ● Músculo esquelético
deficiência no fornecimento de nutrientes da dieta Representando 15-20% do ferro total do corpo.
(ferro, ácido fólico e vitaminas B12). As outras
anemias são associadas à insuficiência da medula Avaliação da ferritina sérica e avaliação do
óssea (anemia aplástica), inflamação sistêmica ferro na medula óssea é outro método para
(anemias de doença crônica) ou anemia por avaliação das reservas férricas do corpo.
infiltração da medula óssea por células tumorais ou O ferro é transportado pela corrente sanguínea
inflamatórias (anemia mielotísica). através da proteína Transferrina.

● ANEMIA FERROPRIVA A excreção de ferro diária é cerca de 1-2 mg/dia


perdidas principalmente por descamação de
A anemia acomete aproximadamente 10% das células da mucosa e epiteliais da pele.
pessoas que vivem em países desenvolvidos e O equilíbrio de ferro é mantido pela regulação da
cerca de 25-50% em países em desenvolvimento. absorção de ferro proveniente da dieta. A ingestão
Em ambas as situações a causa mais frequente é diária média de ferro no mundo ocidental é de
a deficiência de ferro. cerca de 10-20 mg de ferro; a maior parte desse
A melhor forma de entender a anemia ferropriva é ferro encontra-se em alimentos como: carnes, aves
entender o metabolismo normal do ferro. (grupo heme da hemoglobina) e legumes. Essa
média diária é suficiente para compensar as
METABOLISMO DO FERRO perdas diárias.
1. O ferro é absorvido no duodeno. O ferro
O teor corporal de ferro situa-se na faixa de 2,5g não heme é transportado através das
nas mulheres e 3,5 nos homens. membranas apicais e basolaterais dos
Cerca de 80% do ferro funcional do corpo está na enterócitos (célula epitelial superficial do
hemoglobina, o restante encontra-se na mioglobina intestino delgado) por transportadores
e nas enzimas que contém ferro (catalase, distintos.
citocromos…) 2. O ferro Fe3+ é reduzido a Fe2+ pela
Os reservatórios de ferro são representados pela redutase férrica e, assim, transportado
Ferritina (proteína globular mais importante no através da membrana apical pela proteínas
armazenamento de ferro) e Hemossiderina transportadora de metal divalente 1
(pigmento da degradação de hemácias) ligantes ao (DMT1).
ferro no: 3. Já no citoplasma da célula um segundo
● Fígado transportador a Ferroportina move o ferro
● Baço
do citoplasma para o plasma através da plasmática se liga a Ferroportina (proteína que
membrana basolateral . transporta a ferritina, na membrana basolateral,
4. O ferro então absorvido é oxidado pela para a corrente sanguínea) e induz a sua
Hepaestina e pela Ceruloplasmina a ferro degradação.
férrico (Fe3+), forma que se liga à Dessa forma, quando a hepcidina plasmática
transferrina. encontra-se alta, os níveis de ferroportina decaem
e menos ferro é absorvido. Por outro lado, quando
Tanto o DMT1 quanto a Ferroportina estão os níveis de hepcidina encontram-se baixos o
amplamente distribuídos pelo corpo e participam transporte basolateral de ferro aumenta, resultando
do transporte de ferro em outros tecidos. no aumento de ferro disponível.
Somente uma fração do ferro que penetra nos
enterócitos é entregue à ferroportina, o restante é
incorporado na ferritina da mucosa e perdido na
descamação das células mucosas. A figura abaixo
ilustra todo processo de absorção do ferro.

Fig. Constituição da Hemoglobina. A figura mostra


o átomo de ferro central no grupo heme e suas 4
cadeias.

Processo de reciclagem do ferro e


Fig. Regulação da absorção de ferro. A figura componentes da hemoglobina
mostra a captação do ferro heme e não heme pela
célula epitelial duodenal. Quando os locais de 1. Macrofagos no baço, no fígado ou na
armazenamento do organismo se encontram medula óssea vermelha fagocitam
repletos de ferro e a atividade eritropoética está hemácias gastas ou rompidas
normal, os níveis plasmáticos de hepcidina 2. A porção globina e heme das hemácias são
encontram-se altos. Essa situação leva a separadas
regulação negativa da ferroportina e 3. A globina é degradada em aminoácidos que
aprisionamento da maior parte do ferro absorvido, podem ser utilizados na síntese proteica
que é perdido no intestino através da descamação 4. O ferro é removido da porção heme da
das células epiteliais do duodeno. Por outro lado, hemácia na forma de Fe3+ e se liga a
quando o nível de reserva de ferro corporal diminui proteína Transferrina (transportadora de
ou a eritropoese é estimulada, os níveis de ferro na corrente sanguínea)
hepcidina caem e a atividade da ferroportina 5. Ao chegar em órgãos como baço e fígado,
aumenta, permitindo a transferência da maior parte o Fe3+ se desliga da transferrina e se fixa a
do ferro absorvido para a transferrina plasmática. uma proteína armazenadora de ferro
DMT1, transportador de metal divalente 1. (Ferretina).
6. Quando o corpo necessita da utilização do
Quando o corpo está repleto de ferro, a maior parte ferro, este é liberado dos locais de reserva
deste que penetra nas células duodenais é (fígado, baço, medula óssea) o Fe3+ se fixa
mantido na forma de ferritina. novamente a transferrina.
Já a ferritina é transferida de forma acentuada 7. O complexo transferina-Fe3+ é levado a
para transferrina plasmática em casos de medula óssea vermelha, onde as células
deficiência de ferro ou eritropoiese ineficaz. precursoras de hemácias captam o ferro
O equilíbrio entre as taxas de ferro plasmáticas para uso na síntese de hemoglobina
(transferrina com Fe3+) e ferritina (proteína nos (formação da porção heme). A vitamina
tecidos que armazena Fe2+) é regulada pela B12 também é essencial para a síntese de
Hepcidina (pequeno peptídeo hepático secretado hemoglobina.
conforme os níveis de ferro). A hepcidina
8. A eritropoiese resulta na liberação de
hemácias na corrente sanguínea ● Vitamina C/ Ácidos orgânicos/ Proteína da
9. Quando o ferro é removido da heme, a carne são facilitadores da absorção de ferro
porção sem ferro heme é convertida em Substâncias que dificultam a absorção:
biliverdina (pigmento verde) e em seguida ● Fitatos: substâncias presentes nos cereais
bilirrubina (pigmento amarelo-alaranjado). ● Oxalatos: cacau, tomate
10. A bilirrubina entra no sangue e é ● Cálcio e medicamentos
transportada para o fígado
11. A bilirrubina no fígado é liberada pelos Primeiramente as reservas de ferro na anemia
hepatócitos na bile, passando para o ferropriva são esgotadas, marcadas pela redução
intestino delgado e depois o grosso da ferritina sérica e ausência de ferro corável na
12. No intestino grosso bactérias convertem a medula óssea.
bilirrubina em urobilinogênio Posteriormente a capacidade de sintetizar
13. Parte do urobilinogênio é reabsorvido e hemoglobina, mioglobina e outras proteínas que
volta para o sangue, é convertido em contém ferro é reduzida, resultando em anemia
urobilina e excretado na urina. microcítica, prejuízos no desempenho cognitivo,
14. A outra maior parte do urobilinogênio é capacidade laboral e comprometimento da
eliminado nas fezes na forma de um resposta imune.
pigmento marrom (estercobilina) que
confere a cor característica das fezes. ETIOLOGIA

Ingestão menor que a demanda


● Crianças e adolescentes
● Grávidas
● Mulheres em fase menstrual
Dietas pobres em ferro
● Deficiência na absorção
● Cirurgias bariátricas
● Enteropatia por glúten
Principal etiologias são sangramentos crônicos do
trato gastrointestinal ou uterinos
Fig. Formação e destruição das hemácias e
reciclagem dos componentes da hemoglobina. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
Tempo de vida médio da hemácia é de 120 dias.
Na maioria dos casos a anemia ferropriva é de
grau leve e assintomático.
PATOGENIA Manifestações clínicas são inespecíficas:
● Fraqueza
A deficiência de ferro resulta entre outras causas ● Palidez das mucosas
da: ● Indiferença
● Perda sanguínea crônica é a causa mais Podem estar presentes em casos graves
importante de anemia ferropriva- Nos casos de longa duração:
sangramento gastrointestinal (úlceras ● Anormalidades nas unhas (desgaste,
pépticas, câncer de cólon, hemorróidas) e o achatamento e forma em colher)
trato genital feminino.
● Carência dietética em países em
desenvolvimento e vegetarianos
● Comprometimento da absorção- doenças
celíacas ou gastrectomia.

Interferência na absorção de ferro:


Característica peculiar é o desenvolvimento da Neoplasia (doença de Hodgkin e carcinomas
"pica", uma compulsão patológica de comer pulmonares e de mama)
coisas não alimentares (sujeira, areia, terra …)
PATOGENIA

A anemia por doença crônica deriva de altos níveis


de Hepcidina plasmática que bloqueiam a
transferência de ferro aos precursores eritróides
através para os precursores eritróides através da
regulação da ferroportina. Os níveis elevados de
hepcidina são decorrentes de citocinas
pró-inflamatórias como a IL-6, que aumenta a
Fig. Anemia ferropriva — esfregaço de sangue síntese de hepcidina. A inflamação crônica
periférico. Observe a palidez central da maioria dos também neutraliza a síntese de eritropoetina pelos
eritrócitos. Em contraste, destacam-se células rins, o que reduz a produção de eritrócitos na
espalhadas, plenamente hemoglobinizadas medula.
derivadas de recente transfusão sanguínea.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
Os níveis de ferro sérico estão baixos e os
Anemia eritrócitos podem ser hipocrômicos e microcíticos
Indícios de eritrócitos hipocrômicos e microcíticos (característica, também da anemia ferropriva)
● Níveis baixos de ferritina e ferro Em oposição a anemia ferropriva as reservas de
● Baixa saturação de transferrina. ferro na medula óssea encontram-se aumentadas
No hemograma: A concentração de ferritina sérica é elevada
● Ht baixo (hematócrito), corresponde a A capacidade de ligação do ferro é reduzida.
concentração de eritrócitos numa certa A administração de eritropoetina e ferro pode
quantia de sangue. melhorar o quadro anêmico, mas somente o
● VCM baixo (volume corpuscular médio) tratamento da condição subjacente é a condição
“tamanho da hemácia’) microcitose de cura.
● RDW aumentado (diferença de tamanho
das hemácias) anisocitose ● ANEMIAS MEGALOBLÁSTICAS (visão
geral)
TRATAMENTO
São duas principais causas de anemias
Sulfato ferroso por via oral (200mg/comprimido), megaloblásticas:
tomado com estômago vazio e com suco laranja. ● Deficiência de folato
● Deficiência de vitamina B12
● ANEMIA POR DOENÇA CRÔNICA Essas duas vitaminas são essenciais para a
síntese de DNA e a deficiência de ambas na
A anemia associada à doença crônica é a forma hematopoiese são idênticos.
mais comum em pacientes hospitalizados.
É semelhante a anemia ferropriva, porém origina PATOGENIA
da suspensão da eritropoese causada por
inflamação sistêmica. A característica morfológica marcante da anemia
Ocorre em distúrbios como: megaloblástica inclui presença de megaloblastos
Infecções microbianas crônicas (osteomielite, (precursores de eritrócitos grandes “macroticos”)
endocardite bacteriana e abscesso pulmonar. Precursores de granulócitos também apresentam
Distúrbios imunológicos crônicos (artrite aumento de tamanho
reumatoide e enterite regional) O defeito na síntese de DNA, gerado pela
deficiência das vitaminas, prejudica a maturação
nuclear e da divisão celular.
Os precursores dos granulócitos e das plaquetas O ácido fólico está presente em praticamente todos
também são afetados pelo quadro da hematose os alimentos, porém é destruído em 10-15 min de
ineficaz, e a maioria dos pacientes apresenta cozimento. Por isso a melhor forma de obtenção
pancitopenia (anemia, trombocitopenia e dessa vitamina é por meio de legumes frescos e
granulocitopenia). frutas
O principal local de absorção intestinal é o terço
MORFOLOGIA superior do intestino delgado, em consequência
distúrbios que afetam a absorção nessa parte do
Algumas características são comuns a todas as intestino (doença celíaca e espru tropical) podem
forma de anemias megaloblásticas : resultar em absorção inadequada desse nutriente.
● Medula óssea hipercelular contendo
inúmeros progenitores eritróides PATOGENIA
megaloblástico
● Megaloblastos apresentam cromatina Devido a complexidade da absorção do ácido
nuclear fina e reticulada (indicativo de fólico, é suficiente saber que após sua absorção o
imaturidade nuclear) folato é transportado no sangue em forma de
● Os megacariócitos também podem monoglutamato. Dentro das células ele é
apresentar múltiplos núcleos metabolizado em tetraidrofolato, este atua como
● Neutrófilos hipersegmentados e com cinco receptor doador de unidades de carbono em várias
ou mais núcleos (normal 3 a 4). reações para síntese de timinas e purinas (bases
do DNA “ácido desoxirribonucleico")

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

Está associado novamente a fraqueza e cansaço


fácil. Sintomas de ferida na língua.
Diagnóstico a partir de esfregaço periférico e da
medula óssea.
A melhor forma de diferenciar anemia por
deficiência de folato da B12 consiste na
mensuração dos níveis dessas vitaminas no soro e
nos eritrócitos.

Fig. Comparação entre normoblastos (esquerda) e ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12
megaloblastos (direita) em amostra de aspirado de (ANEMIA PERNICIOSA)
medula óssea. Os megaloblastos são maiores,
apresentam núcleos relativamente imaturos com a Níveis insuficientes de vitamina B12 (cobalamina)
cromatina finamente reticulada e abundante resultam em anemia megaloblástica idêntica a de
citoplasma basofílico. folato. A diferença entre as duas é que a anemia
perniciosa pode causar distúrbios desmielinizantes
ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FOLATO (ÁCIDO dos nervos periféricos e da medula espinal.
FÓLICO) A deficiência de vitamina B12, dentre outros
fatores, relaciona-se com o fator intrínseco
É uma anemia secundária à deficiência de ácido (glicoproteína produzida pelas células parietais do
fólico (vit. B9). É incomum. estômago necessárias para absorção de vit. B12).
O risco para desenvolvimento de anemia por A absorção de vitamina B12 tem os seguintes
deficiência de folato é alto nos indivíduos que se processos:
alimentam com dieta pobre ou naqueles que 1. A digestão péptica libera vit. B12 permitindo
apresentam necessidades metabólicas a sua ligação à proteína salivar
aumentadas (grávidas e pacientes com anemias Haptocorrina
hemolíticas crônicas). 2. Quando o complexo haptocorrina-vitamina
B12 entra no duodeno são processados por
proteases pancreáticas, o que libera a vit. Sinais e sintomas de deficiência de folato.
B12 que, por sua vez, se liga ao fator Doença da medula espinal- começa com
intrínseco secretado pelas células parietais entorpecimento simétrico, formigamento e
da mucosa do fundo gástrico. aderência nos pés e mãos, seguidos de
3. Os complexos fator intrínseco-B12 instabilidade da marcha e perda senso posicional.
atravessam o íleo distal e se ligam à A administração via parenteral de vit. B12 melhora
cubulina*,receptor do fator intrínseco, a resposta a anemia, porém as manifestações
sendo aí transportada para os enterócitos. neurológicas normalmente não desaparecem.
4. A vitamina B12 absorvida é transferida
através das membranas basolaterais para DIAGNÓSTICO
as transcobalaminas plasmáticas, que
conduzem a vit. B12 ao fígado e outras Baixos níveis séricos de vitamina B12
células do corpo. Níveis séricos de folato normal
Anticorpos séricos contra fator intrínsecos
PATOGENIA Anemia megaloblástica
Leucopenia com granulócitos hipersegmentados
A má absorção de longa duração é a causa da Acentuada resposta reticulocitária (2-3 dias) após
maioria dos casos de deficiência de vitamina B12. administração parenteral de vitamina B12.
A vitamina B12 é encontrada abundantemente em
todos os alimentos derivados de animais (ovos, Referências:
leite e lácteos), essa vitamina é resistente ao
cozimento e à fervura. 1. TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON,
Nesse sentido, a deficiência dessa vitamina na Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia.
dieta é rara, estando restrita a vegetarianos 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
rigorosos. 2016.
A vitamina B12 é armazenada no fígado, com 2. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.;
reservas corporais para um período de 5-20 anos. MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia básica.
A anemia perniciosa é derivada de uma reação 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
autoimune contra as células parietais e contra o
fator intrínseco, fatores como:
Autoanticorpos presentes no soro e no suco
gástrico. Anticorpos canaliculares parietais (se
ligam às células parietais da mucosa), anticorpos
neutralizantes (impedem a da vitamina B12 ao
fator intrínseco), anticorpos contra os complexos
fator intrínseco-B12 (ligação do complexo à
cubulina).
Anemia perniciosa ocorre frequentemente em
paralelo a outras doenças autoimunes (tireoidite de
Hashimoto, doença de Addison e diabetes melito
tipo 1).
Anticorpos séricos contra fator intrínseco estão
presentes em pacientes com outras doenças
autoimunes.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

Como todas anemias: palidez, cansaço e dispneia.


@Matteus_Brendow

Problema
APG 17 17
MALÁRIA

Problema: Bagagem extra

Objetivos: Estudar a Fisiopatologia da Malária (Manifestações Clínicas e Diagnóstico); Entender o Ciclo da


Doença.

DEFINIÇÃO
VETOR
A malária é uma doença infecciosa febril aguda
que pode ser causada por quatro tipos de A malária é transmitida pelo mosquito da família
protozoários: Culicidae e Gênero Anopheles. Eles possuem
● Plasmodium vivax metamorfose completa, ou seja, passam pelo
● P. falciparum estágio de ovo, larva, pupa e adulto. Ovo e larva
● P. malariae são aquáticos e necessitam de água limpa,
● P. ovale corrente e fria com sombra.
No Brasil somente o vivax, falciparum e malariae
estão presentes. Sendo o P. vivax e o P. falciparum
mais presentes. Os plasmodium são transmitidos
pela picada do mosquito Anopheles.

EPIDEMIOLOGIA

No Brasil a área endêmica de malária é formada


por todos os estados da Amazônia legal (Acre, Fig. Mosquito Anopheles.
Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima). O
oeste do estado do Maranhão, Noroeste do estado PARASITA E CICLO DE VIDA
do Tocantins e Norte do estado do Mato Grosso
também são áreas endêmicas de malária. A malária é causada por protozoários da classe
Aconoidasida, Família Plasmodiidae e Gênero
Plasmodium.

Quadro. Espécies de plasmodium causadores de


doenças em humanos.
Após o mosquito picar o indivíduo contaminado,
ele adquire as hemácias invadidas com
merozoítos. No mosquito o parasita se reproduz de
forma sexuada (esporogônica), ocorrendo fusão de
gametócitos masculinos e femininos com formação
do ovo (zigoto). Após múltiplas divisões o zigoto no
mosquito se transforma novamente em
esporozoítos, que são capazes de invadir os
hepatócitos humanos e recomeçar o ciclo.

O plasmodium apresenta ciclo de vida


heteroxênico (precisa de dois hospedeiros
diferentes para completar seu ciclo de vida), um
vertebrado (homem) e um invertebrado (mosquito
Anopheles)

Ciclo Biológico no Homem:

O mosquito Anopheles pica o homem e inocula


esporozoítos que circulam na corrente sanguínea
por alguns minutos e logo invadem as células
hepáticas (hepatócitos). Ciclo tecidual. A duração
dessa fase varia de acordo com a espécie de QUADRO CLÍNICO
plasmodium
● P. falciparum- 6 dias Pode ser leve, moderado ou grave dependendo da
● P. vivax- 8 dias espécie do parasita, da quantidade desse
● P. malariae- 12 a 15 dias circulante, do tempo da doença e da imunidade do
Ao final do ciclo tecidual, nos hepatócitos, e após a paciente.
reprodução dos esporozoítos, estes amadurecem A liberação de merozoítos com a lise de eritrócitos
em esquizontes e rompem o hepatócito liberando em intervalos de 48 hrs P. vivax, ovale e falciparum
milhares de filhos na corrente sanguínea que agora e 72hrs para P. malariae, coincidem com os
são chamados de merozoítos. Alguns esquizontes episódios de tremores, calafrios e febre.
ficam latentes como hipnozoítos por meses e ● Os parasitas destroem grande números de
podem depois se transformar em esquizontes eritrócitos causando dessa forma, anemia
teciduais produzindo então recaídas da doença. hemolítica.
Cada espécie de plasmodium libera uma ● O pigmento marrom derivado da
quantidade diferente de merozoítos: hemoglobina (hematina) que é liberado
● P. falciparum- 40.000 pela lise das hemácias é responsável pela
● P. vivax- 10.000 coloração do fígado, baço, linfonodos e
● P. malariae- 2.000 medula óssea.
Os merozoítos invadem as hemácias, dando início ● A hiperplasia de células de defesa
ao segundo ciclo de reprodução assexuada dos (fagocitos) produz esplenomegalia e
plasmodium: ciclo sanguíneo ou eritrócito. hepatomegalia.
Durante um período de 48 a 72 horas o parasita se ● Malária cerebral, perigosa, adesão das
desenvolve no interior da hemácia até provocar plaquetas aos capilares obstruindo o fluxo
sua ruptura, liberando novos merozoítos que vão sanguíneo.
invadir novas hemácias.
Quadro clínico geral da malária:
Ciclo biológico do parasita no Mosquito: ● Tríade: febre, calafrios e dor de cabeça.
● Sintomas gerais: mal estar, dor muscular, leptospirose, hepatite infecciosa, leishmaniose
sudorese, náusea e tonturas. Precedem ou visceral, chagas…
acompanham a tríade.
TRATAMENTO
Forma clínica da malária não complicada:
● Sintomas gerais com duração de 6-12 O objetivo do tratamento consiste em atingir o
horas, após o primeiro paroxismos a febre parasita em pontos chaves do seu ciclo evolutivo.
igual ou superior a 40 graus e pode passar ● Interrupção da esquizogonia sanguínea
a ser intermitente. (responsável pelas manifestações clínicas
Forma clínica grave e complicada: ● Destruição de formas latentes do parasita
● Causa pelo Plasmodium falciparum no ciclo tecidual (hipnozoítos)
● Apresentação de mais sintomas: ● Interrupção da transmissão pelo uso de
prostração, alteração do nível de drogas que impedem o desenvolvimento de
consciência, dispnéia ou hiperventilação, formas sexuadas do parasito (gametócitos)
convulsões arterial ou choque, edema Assim, deve-se interromper a esquizogonia
pulmonar … sanguínea, destruir as formas latentes e
interromper a transmissão.

A presença de mais de um desses critérios


determina a forma grave e indica internação A decisão do tratamento leva em conta:
hospitalar. ● Espécie de plasmódio infectante
● Idade do paciente
DIAGNÓSTICO ● História de exposição anterior à infecção
● Condições associadas, tais como gravidez
O diagnóstico é feito pela visualização e problemas de saúde
microscópica do plasmódio em Exame de Gota ● Gravidade da doença, pela necessidade de
Espessa de sangue. Esse exame de gota hospitalização.
espessa baseia-se no encontro do parasita no O tratamento de malária geralmente é realizado
sangue e permite a diferenciação das espécies de com a associação de cloroquina (fase
plasmodium e do estágio de evolução do parasita. eritrocítica) e primaquina (fase tecidual e
● Teste rápido imunocromatográfico: gametofítica).
detecção de antígenos dos parasitas por
anticorpos que são revelados por método
imunocromatográfico. Esse teste não
distingue os tipos de plasmodium e não
mede o nível de parasitemia.
Comercialmente tem kits que permitem o
diagnóstico rápido em cerca de 15 a 20min.

Diagnóstico diferencial: descartar causas de febre


prolongada, como febre tifóide, febre amarela,
romperem os hepatócitos e serem liberados
na corrente sanguínea na forma de
merozoítos.
● Os merozoítos invadem as hemácias onde
se reproduzem assexuadamente (ciclo
eritrocítico), quando as hemácias são
rompidas pelos merozoítos os sintomas
característicos de tremores calafrios e febre
aparecem.

Deve-se gastar tempo compreendendo esse ciclo


do parasita, uma vez que é de extrema abordagem
Fig. Ciclo do parasita e fármacos que atuam em nas provas, perguntando, por exemplo, os do
cada fase. parasita em cada fase (merozoítos, esporozoítos e
esquizontes) e é o foco da terapia farmacêutica.
PROFILAXIA
● Permanecer no interior da habitação no Quadro clínico:
anoitecer e ao amanhecer
● Uso de mosquiteiro Deve-se, resumidamente, focar:
● Usar roupas de mangas compridas e calças ● O Plasmodium falciparum causa o quadro
compridas de malária mais grave
● Usar repelentes ● Tríade: Febre, Calafrios e dor de cabeça
● A liberação de merozoítos com a lise de
*Não existe vacina para malária eritrócitos coincidem com os episódios de
*É uma doença de notificação compulsória tremores, calafrios e febre.

Diagnóstico:

● Gota espessa de sangue (encontro do


PONTOS NECESSÁRIOS DO ESTUDO parasita)
● Teste imunocromatográfico (detecção de
Definição da doença: anticorpos)

● Doença infecciosa febril aguda Tratamento


● Causada por quatro tipos de protozoários
(Plasmodium vivax, falciparum, malariae, O tratamento visa interromper a esquizogonia,
ovale) destruir as formas latentes e interromper a
● Plasmodium são transmitidos pela picada transmissão
do mosquito Anopheles (vetor) ● Associação de Cloroquina (atua na fase
eritrocítica) e Primaquina (atua na fase
Ciclo de vida do parasita: tecidual e gametofítica)

● Ciclo heteroxênico (dois hospedeiros) Referências:


● Picada do mosquito Anopheles
contaminado, o mosquito inocula 1. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
esporozoítos que invadem as células guia_pratico_malaria.pdf
hepáticas onde se multiplicam (ciclo 2. Whalen, Karen. Farmacologia ilustrada
tecidual, varia de 6 a 15 dias) [recurso eletrônico] / Karen Whalen,
● Nos hepatócitos os esporozoítos Richard Finkel, Thomas A. Panavelil ;
amadurecem em esquizontes podendo tradução e revisão técnica: Augusto
ficar latentes nas células hepáticas Langeloh. – 6. ed. – Porto Alegre : Artmed,
(produzem as recaídas da doença) ou 2016.
Matteus Brendow

Problema
APG 18 18
DENGUE

Problema Chuva de Verão

Objetivos:Estudar a fisiopatologia da Dengue;Estudar as manifestações clínicas e o diagnóstico da dengue;


Estudar o ciclo da doença.

DEFINIÇÃO: Fig. Ciclo reprodutivo do mosquito Aedes.


O ciclo de transmissão da dengue se inicia quando
A Dengue é uma arbovirose (doença transmitida o mosquito Aedes aegypti, vetor da doença no
por insetos como dengue, zika, chikungunya e Brasil, pica uma pessoa infectada. O vírus
febre amarela) do gênero flavivirus que é multiplica-se no intestino médio do vetor e infecta
transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. É outros tecidos chegando finalmente às glândulas
causada por quatro sorotipos do vírus dengue salivares. Uma vez infectado, o mosquito é capaz
(DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4), aos quais são de transmitir enquanto viver. Não existe
antigenicamente relacionados, mas não levam a transmissão da doença através do contato entre
imunidade protetora entre eles. No Brasil circulam indivíduos doentes e pessoas saudáveis. Após a
os 4 sorotipos. Os sorotipos mais de maior picada do mosquito, inicia-se o ciclo de replicação
virulência são: viral nas células estriadas, lisas, fibroblastos e
2>3>4>1 linfonodos locais, a seguir ocorre a viremia, com a
disseminação do vírus no organismo do indivíduo.
CICLO DA DENGUE Os primeiros sintomas como febre, dor de cabeça
e mal-estar surgem após um período de incubação
O Aedes é um mosquito que se alimenta da seiva que pode variar de 2-10 dias. Uma vez infectada
das plantas, no entanto quando grávida as fêmeas por um dos sorotipos do vírus, a pessoa adquire
do mosquito desenvolvem o hábito hematofágico imunidade para aquele sorotipo específico.
(alimentação com sangue). para conseguir
nutrientes para reprodução. Ao picar um indivíduo
portador do vírus da dengue o mosquito adquire o
vírus e torna-se um transmissor.

Fig.Ciclo de transmissão da dengue.

FISIOPATOLOGIA
Assim que o vírus da dengue penetra na corrente Deve-se encarar a doença em três fases distintas:
sanguínea, após a picada do mosquito, ele se Fase febril: Fase sintomática clássica da doença,
desloca preferencialmente para 3 locais: febre alta de 39-40 graus de início súbito e duração
● Monócitos de 2 a 7 dias, frequentemente associada a
● Linfonodos cefaléia, artralgia, mialgia e dor retro orbitária.
● Musculatura esquelética Além disso, o paciente pode apresentar náuseas e
O objetivo da infecção dessas células é se vômitos, diarréia (pouco volumosa,com fezes
multiplicar, o vírus da dengue produz RNA viral que pastosas 3-4x ao dia) e exantema.
será lido e sintetizado pelos ribossomos da célula
invadida e, assim, produzidas proteínas virais.
Com a disseminação do vírus pelo corpo do
paciente, a produção de citocinas pró-inflamatórias
como (interleucinas (IL) 1, 2, 6, 7 e FNT (fator de
necrose tumoral)) é exacerbada iniciado a fase
sintomática da doença. A parede vascular é uma
das mais afetadas por essa fase sintomática,
aumentando a permeabilidade vascular podendo
desencadear quadros de hemorragia.
Fig. Dengue clássica. Necrose centrolobular e
mediozonal.

Fig. Exantema.

OBS: A prova do laço é um teste que deve ser


feito em todos pacientes com suspeita de dengue
Fig. Esquema de transmissão da dengue. que não apresentem sangramento espontâneo.
Consiste na insuflação do manguito até um valor
QUADRO CLÍNICO médio entre a PAS e PAD mantido por cerca de 5 a
3 minutos, a partir daí é avaliada uma área de
O quadro clínico da dengue é de aspecto amplo, aproximadamente 6,25 cm quadrados no
desde assintomático a casos de hemorragia grave. antebraço verificando o surgimento de petéquias
O desenvolvimento de gravidade dos casos (>20 teste positivo, 10 em crianças). Se a prova é
depende de características genéticas e de cada positiva indica que o paciente possui fragilidade
indivíduo. capilar. A prova do laço positiva tem a função de
No dengue clássico, após o período de incubação avaliar a presença de sangramento induzido e,
de três a 14 dias inicia-se o quadro de sintomas sempre que positiva, o caso deve ser considerado
clássicos de: na classificação de dengue no grupo de
● Febre estadiamento B ou superior.
● Cefaléia
● Dor retroorbital
● Náuseas
● Vômitos
● Mialgia e artralgia
● Rash cutâneo
Fig. Prova do laço

Fase crítica: Após a fase febril, boa parte dos


pacientes evoluem direto para a recuperação,
contudo uma parte das pessoas pode entrar na
fase crítica. Tem início com a defervescência da
febre, entre o terceiro e o sétimo dia do início da Fase de recuperação: Quando o paciente começa
doença, acompanhada do surgimento dos sinais a ter uma melhora progressiva, dos sintomas e do
de alarme. estado geral. Deve-se manter o paciente orientado
● Dor abdominal intensa (referida ao a a procurar os serviços de saúde caso identifique
palpação) algum sinal. Ficar atento a estados de hiper
● Vômitos persistentes hidratação.
● Acúmulo de líquidos (ascite, derrame
pleural, derrame pericárdico) FEBRE HEMORRÁGICA DO DENGUE (FHD)
● Hipotensão postural
● Hepatomegalia O quadro clínico corresponde a uma síndrome de
● Sangramento de mucosas aumento da permeabilidade capilar, havendo em
● Letargia ou irritabilidade muitos doentes sinal de transudação para
● Aumento progessivo do hematócrito. cavidades como (derrame pleural, ascite…).
Choque- A dengue provoca um quadro de Hepatomegalia, leucopenia, trombocitopenia e
inflamação sistêmica afetando especialmente as hemoconcentração são achados comuns.
paredes dos vasos, o que leva ao aumento da
permeabilidade vascular e favorece a perda de OBS: Penia, do grego significa pobreza, ausência.
líquido para o espaço intersticial. Esse quadro
pode causar choque, frequente no 4 e 5 dias da A patogênese da dengue hemorrágica não está
doença, levando ao óbito em 24 hrs se nada for totalmente elucidada mas Halsted propôs uma
feito. O choque prolongado e a consequente teoria na qual infecções sequenciais de diferentes
hipoperfusão de órgãos resulta do seu patógenos da dengue, desencadeiam exacerbação
comprometimento progressivo, acidose metabólica imune levando ao quadro de hemorragia. A dengue
e coagulação vascular disseminada. Isso pode hemorrágica decorre do mecanismo de choque já
levar a hemorragia grave e causar diminuição do descrito.
hematócrito e agravando ainda mais o choque.

Fig. Dengue Hemorrágica. Hemorragia extensa


do parênquima pulmonar.
Fig. Dengue Hemorrágica. Focos de hemorragia
na substância encefálica.

DIAGNÓSTICO
CLASSIFICAÇÃO e TRATAMENTO
O teste sorológico para o diagnóstico de dengue
depende do tempo de início da doença.
A classificação de risco do paciente com dengue
Durante os 5 primeiros dias da doença o paciente
visa reduzir o tempo de espera do paciente no
ainda não vai ter desenvolvido sorologia positiva
sistema de saúde. Os dados da anamnese e do
para dengue. Desse modo, a única forma de se
exame clínico serão para fazer o estadiamento.
fazer o diagnóstico é através da dosagem de
partículas do próprio vírus causador, as opções
são:
● Pesquisa de Antígeno Viral (NS1)
● Teste de Amplificação genética (RRT-PCR)
● Imuno-histoquímica tecidual

Depois do 5 dia, ou seja sexto dia em diante,


aqueles métodos anteriores não serão tão válidos
para o diagnóstico. Nesse sentido utiliza-se
pesquisa de anticorpos IgM e IgG. ELISA
● IgG só mostra se o paciente já foi exposto
ao vírus alguma vez (recente ou tardia).
● IgM tem sensibilidade e especificidade de
80%, tendo o poder diagnóstico menor que
o NS1, mas se mantém válido por até 90
dias após infecção.

Grupo A: paciente com suspeita de


dengue;Ausência de sinais de alarme; Sem
comorbidades, grupo de risco ou condições
especiais.
Conduta: exames laboratoriais, prescrição de
paracetamol ou dipirona, orientar repouso e
prescrever hidratação oral.
Grupo B: Caso suspeita de dengue; Ausência de laboratoriais mas com clínica e
sinais e sintomas de alarme; petéquias ou prova do epidemiologia de outras doenças).
laço positiva.
Conduta: solicitação de exames complementares Referências:
(hemograma completo obrigatório); paciente deve
permanecer em observação até o resultado dos 1. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
exames; prescrever hidratação oral; notificar o diretrizes_nacionais_prevencao_controle_d
caso (positivo). engue.pdf
Grupo C: caso suspeito de dengue com algum 2. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.;
sinal de alarme (dor abdominal, vômitos MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia
persistentes, hipotensão postural, hepatomegalia, básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013
sangramento de mucosas, letargia e aumento do
hematócrito).
Conduta: o mais importante é iniciar a reposição
volêmica imediata (10 ml de soro fisiológico por Kg
na primeira hora); realizar hemograma completo e
dosagem de albumina sérica; verificar se ele não
está evoluindo para (choque, hemorragia ou
disfunção de órgãos). Se não houver melhora
conduzir como grupo D.
Grupo D: paciente em estado grave que deve ser
manejado na sala de emergência; deve ser feito
todos os exames que o grupo C faz; receberá
reposição volêmica imediata 20 ml/kg até 20 min;
pacientes devem ser reavaliados a cada 15 a 20
min e repetição do hemograma a cada duas horas
para acompanhamento do hematócrito.

OBS: A Dengue é uma doença de notificação


compulsória, o médico é obrigado a informar o
Ministério da Saúde os casos confirmados e
suspeitos de dengue. Deve ser notificado em
casos de:
● Suspeita de Dengue
● Suspeita de Dengue com sinais de alerta
● Suspeita de Dengue grave
● Casos confirmados
● Casos descartados: é preciso haver pelo
menos um critério (laboratorial negativo,
confirmação de outra doença, sem exames
@Matteus_Brendow

Problema
APG 19 19
HEMOFILIAS

Problema: Laços de Sangue

Objetivos: Estudar a fisiopatologia da hemofilia; Entender as manifestações e tratamento clínico da hemofilia;


Revisar a cascata de coagulação.

RESUMO DA CASCATA DE COAGULAÇÃO plaquetas adicionais que reforçam o


tampão hemostático. Essa sequência de
A hemostasia normal consiste em uma série de eventos denomina-se hemostasia
processos reguladores que mantém o sangue em secundária que resulta na formação de um
estado fluido, sem coágulos, nos vasos normais. O coágulo estável capaz de impedir a
contrário da hemostasia é a trombose, formação hemorragia.
de um coágulo sanguíneo (trombo) dentro de ● À medida que o sangramento é controlado,
vasos intactos. Tanto a hemostasia quanto a mecanismos regulatórios (fatores que
trombose envolvem 3 elementos: produzem a fibrinólise, como o
● Parede vascular plasminogênio) asseguram que a formação
● Plaquetas do coágulo não seja exacerbada e que se
● Cascata de coagulação limite ao local de lesão.
Os eventos descritos são resumidos na figura
Hemostasia do vaso normal: abaixo.

As principais etapas do processo de hemostasia e


sua regulação são:
● A lesão vascular causa vasoconstrição
arteriolar transitória por mecanismos
neurogênicos(reflexos) que aumentam a
secreção de endotelina (um potente
vasoconstritor derivado do endotélio)
● A lesão endotelial expõe a matriz
extracelular (MEC) que é altamente
trombogênica, facilitando a adesão,
ativação e agregação plaquetária. A
formação do tampão plaquetário inicial é
chamada de hemostasia primária.
● A lesão endotelial também expõe o fator
tecidual (FIII ou tromboplastina),
glicoproteína pró-coagulante derivada do
endotélio. O fator tecidual exposto, junto
com o fator VII, é o principal gatilho para a
cascata de coagulação, culminando na
ativação da trombina.
● A ativação da trombina promove a
formação de um coágulo insolúvel. A
trombina também é um potente ativador de
secundário, que é maior e mais estável que o tampão primário
e contém hemácias e leucócitos capturados. D, Mecanismos
contrarregulatórios, como liberação de t-PA (ativador de
plasminogênio tecidual, um produto fibrinolítico) e
trombomodulina (que interfere na cascata de coagulação),
limitam o processo hemostático ao local da lesão.

Endotélio: as células endoteliais são reguladoras


centrais da hemostasia, equilibrando os fatores
trombóticos e antitrombóticos. As células
endoteliais normais expressam fatores
anticoagulantes que inibem a agregação
plaquetária como óxido nítrico (vasodilatador) e
prostaciclinas, potente vasodilatador e inibidor da
agregação plaquetária. Eles são mediadores
químicos sintetizados pelas células endoteliais
intactas, portanto atuam como inibidores da
aglutinação plaquetária. Após a lesão o equilíbrio
se altera, o endotélio produz menos óxido nítrico e
prostaciclinas, promovendo a aglutinação.

Propriedades pró-coagulantes do endotélio lesado:


A lesão endotelial põe as plaquetas em contato
com a MEC que possui fatores de Von Willebrand,
grande proteína sintetizada pelas células
endoteliais. O fvW se mantém aderido a MEC por
meio de sua interação com o colágeno, ele
também se liga à Gp1b, glicoproteína encontrada
na superfície das plaquetas.
Ativação dos fatores de coagulação: em resposta
às citocinas (fator de necrose tumoral [TNF] e/ou
interleucinas) ou certos produtos bacterianos, as
células endoteliais produzem o fator tecidual (FIII
ou tromboplastina), principal ativador da
coagulação. As células endoteliais também se
ligam aos fatores de coagulação IXa e Xa,
aumentando a atividade desses fatores.

Fig. Hemostasia normal. A, após lesão vascular, fatores


neuro-humorais locais induzem vasoconstrição transitória. B,
Plaquetas ligam os receptores de glicoproteína Ib (GpIb) ao
fator de von Willebrand (fvW) na matriz extracelular (MEC)
exposta e são ativadas, sofrendo alteração de forma e
liberação de grânulos. A adenosina difosfato liberada (ADP) e
o tromboxano A2 (TxA2) induzem a agregação plaquetária
adicional pela ligação de receptores Gp IIb-IIIa ao fibrinogênio. Fig. Propriedades anticoagulantes do endotélio
Essa agregação plaquetária preenche o defeito vascular, normal (esquerda) e propriedades pró-coagulantes
formando o tampão hemostático primário. C, Ativação local da do endotélio lesionado ou ativado (direita). NO,
cascata de coagulação (envolvendo fator tecidual e
óxido nítrico; PGI2, prostaglandina I2
fosfolipídios plaquetários) resulta na polimerização de fibrina,
“cimentando” as plaquetas em um tampão hemostático (prostaciclina). T-PA, ativador do plasminogênio
tecidual; fvW, fator de von Willebrand. Os
receptores de trombina também são chamados de
receptores ativados de protease (PARs).
Plaquetas: são fragmentos celulares derivados dos
megacariócitos. A função da plaqueta depende de
vários receptores e grânulos citoplasmáticos. Após
a lesão vascular, as plaquetas encontram
constituintes da MEC (colágeno e fvW) que levam
a adesão plaquetária, ativação plaquetária e
agregação plaquetária.
Adesão plaquetária: o endotélio lesado expõe o
colágeno da MEC para a ligação das plaquetas por
meio do receptor Gp1b, e o fvW sofre alteração da
sua forma permitindo a ligação tanto do colágeno
quanto das plaquetas. A importância de saber essa
interação é que desordens genéticas do fvW e
da Gp1b resultam em hemorragia. Doença de
von Willebrand e Bernard Soulier,
respectivamente.
Ativação plaquetária: a adesão plaquetária leva a
alteração irreversível da conformação das
plaquetas que promove a liberação de fatores
Fig. A cascata de coagulação. O fator IX pode
coagulantes. Os receptores na superfície das
ser ativado pelo fator XIa ou pelo fator VIIa: em
plaquetas são ativados pelo colágeno, causando
testes laboratoriais, a ativação é
alterações morfológicas nas plaquetas e liberação
predominantemente dependente do fator XIa,
de mediadores químicos (ADP, Tromboxano A2,
enquanto in vivo o fator VIIa parece ser o ativador
Serotonina, Fator de ativação plaquetária e
predominante do fator IX. Os fatores nos boxes
Trombina). Esses mediadores ativam plaquetas
vermelhos representam moléculas inativas; fatores
que estavam inativas iniciando a aglutinação. Essa
ativados, indicados em a minúsculo, estão nos
ativação resumidamente resulta da diminuição do
boxes verdes. Note que a trombina (fator IIa) (em
AMPc e da elevação do Ca++ intracelular.
boxes azuis-claros) contribui para a coagulação
Agregação Plaquetária: aumento do Ca++
através de múltiplas alças de feedback positivo. Os
intracelular induz a exocitose de mediadores
X vermelhos denotam pontos em que o inibidor da
químicos (ADP, Serotonina, Tromboxano A2…)
via do fator tecidual (TFPI) inibe a ativação do fator
Com isso, a ativação dos receptores de
X e do fator IX pelo fator VIIa. CAPM, cininogênio
glicoproteínas (GPs) IIb/IIIa que se ligam ao
de alto peso molecular; FL, fosfolipídio.
fibrinogênio e ligam plaqueta-plaqueta formando o
trombo.
A divisão da cascata de coagulação em via
intrínseca e via extrínseca é artefato dos testes in
CASCATA DE COAGULAÇÃO:
vitro de coagulação.
Os laboratórios avaliam a cascata de coagulação
A cascata de coagulação é uma série de reações
por meio de dois testes padrões:
enzimáticas sucessivas que resultam na ativação
● Tempo de Protrombina (TP): analisa a via
da trombina e a formação de fibrina. A trombina
extrínseca (fatores VII, X, II, V e
tem um papel chave na cascata de coagulação,
fibrinogênio). O tempo para formação de
proteolizando o fibrinogênio em monômeros de
um coágulo de fibrina é de 11-13 segundos.
fibrina.
Como o fator VII é dependente de vitamina
K, o TP é usado para guiar o tratamento
dos pacientes com antagonistas da
vitamina K (varfarina).
Fig. Representação da degradação do
plasminogênio em plasmina.

DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO

Agora que já foi abordado de forma detalhada os


mecanismo de formação de um coágulo, vamos
iniciar a discussão acerca dos distúrbios de
coagulação.
Os distúrbios de coagulação resultam de
deficiência congênitas ou adquiridas dos fatores
de coagulação.
A deficiência hereditária dos fatores de coagulação
identificados foram a Hemofilia A e Hemofilia B,
relacionadas com o cromossomo X. Será abordado
agora as hemofilias.

● Tempo de tromboplastina parcial (TTP):


analisa a via intrínseca (fatores XII, XI, IX,
VIII, X, V, II e fibrinogênio). O TTP normal é
de 28-35 segundos, e usado para o
monitoramento dos efeitos anticoagulantes.

Anticoagulantes circulantes que restringem a


formação dos trombos:
● Antitrombina III, inibe a atividade trombina e
de fatores como IXa, Xa, XIa, XIIa. A Hemofilia A:
antitrombina é ativada por moléculas de
heparina nas células endoteliais. É a causa hereditária mais comum de
● Proteínas C e S, duas proteínas sangramento grave. É herdada com caráter
dependentes de vitamina K que agem na recessivo ligado ao cromossomo X, causada pela
inativação dos fatores Va e VIIIa. atividade reduzida do fator VIII, afetando
A coagulação coloca em movimento uma cascata principalmente os homens.
fibrinolítica que modera o tamanho do coágulo, A hemofilia A severa ocorre em indivíduos com
pela lise do plasminogênio em plasmina. deficiência marcantes do fator VIII (inferiores a
Os produtos da degradação da fibrina como 1%). Deficiências mais leves podem tornar a
dímeros D são usados para diagnóstico de estados hemofilia aparente somente em condições que
trombóticos. predispõem sangramento, como traumas. Os
variados graus de deficiência do fator VIII é comum. É caracterizada pela deficiência do fator
explicado pelas diversas mutações no gene. IX.
Em casos sintomáticos verifica-se a tendência de: ● O TTP encontra-se aumentado
● Equimoses faciais ● O diagnóstico específico é realizado
● Hemorragia maciça após traumatismo ou através de ensaios para o fator IX.
procedimento cirúrgico.
● Hemorragias dentro de tecidos (hemartrose Tratamento: Infusão de fator IX recombinante.
e hematoma muscular)

O diagnóstico de hemofilia A:

● Contagem do tempo de TTP, que estará


aumentado e é corrigido pela mistura do
plasma do paciente com o plasma normal.
● Teste sanguíneos para verificação dos
fatores de coagulação, fator VIII.
Em indivíduos com hemofilia A severa o TTP não é
corrigido pela reposição com plasma normal. Referências:

1. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.;


MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia
básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013
2. https://www.scielo.br/j/rbhh/a/rDLP3JcrWkb
WpQWrCLBpyNL/?lang=pt
3. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
manual_hemofilia_2ed.pdf

PONTOS NECESSÁRIOS DO ESTUDO


Fig. Hemartrose bilateral.
Distúrbios da coagulação resultam de deficiência
congênita ou adquirida de fatores da coagulação.
A deficiência hereditária dos fatores de coagulação
identificados foram a Hemofilia A e Hemofilia B,
ambas originadas por defeitos no cromossomo X.

Hemofilia A: deficiência de fator VIII


Hemofilia B: deficiência de fator IX

Clinicamente as Hemofilias A e B produzem os


mesmos sintomas.
Fig.Hemartrose unilateral.
● Equimoses faciais
Tratamento: Infusão de fator VIII recombinante. ● Hemorragia maciça após traumatismo ou
procedimento cirúrgico.
Hemofilia B: ● Hemorragias dentro de tecidos
(hemartrose e hematoma muscular)
A hemofilia B é, também, de origem genética
ligada ao cromossomo X. Clinicamente a hemofilia Diagnóstico:
B é indistinguível da hemofilia A, produzindo os
mesmos sintomas, porém a Hemofilia B é menos ● TTP aumentado em ambas
● Ensaios para fator VIII e IX
Tratamento:

Infusão do fator deficiênte VIII ou IX.


@Matteus_Brendow

Problema
APG 20 20
EMBOLIA PULMONAR

Problema: A viagem do êmbolo

Objetivos: Revisar a fisiologia do Sistema Respiratório (Hematose); Estudar a Fisiopatologia da Embolia


Pulmonar; Entender o diagnóstico da Embolia Pulmonar; Listar as Manifestações Clínicas e tratamento.

DEFINIÇÃO

A embolia pulmonar ocorre em decorrência de um


trombo formado no sistema venoso profundo, que
se desprende passando pelas cavidades direitas
do coração e obstrui a artéria pulmonar ou um de
seus ramos.
Chamado também de doença venosa
tromboembólica.
É uma comorbidade de qualquer área da medicina.
95 % de todos os êmbolos pulmonares surgem de
trombos no interior de grandes veias grandes e
profundas (poplíteas e femorais).

O tromboembolismo causa, aproximadamente,


50.000 óbitos nos Estados Unidos.
O TEP (Tromboembolismo pulmonar) é uma
grande desafio na prática clínica, pois é de difícil
diagnóstico devido sua sintomatologia inespecífica.
Fig. Estados de hipercoagulabilidade
FATORES DE RISCO

Os fatores que predispõe a trombose são aqueles


relacionados com a tríade de Virchow :
● Estase venosa
● Hipercoagulabilidade
● Lesão endotelial

Fig. Tríade de Virchow.

Fatores de risco:
1. Repouso prolongado (imobilização das Nas obstruções de ramos terminais da artéria
pernas) pulmonar, surge um espaço morto patológico, área
2. Cirurgias (em especial ortopédicas) em que há ventilação mas não há perfusão, para
3. Traumas severos (queimaduras os fraturas que ocorra a troca gasosa.
múltiplas) Na relação ventilação-perfusão (Va/Q), a
4. Insuficiência cardíaca congestiva proporção é infinita Va (normal) e Q (= a 0), não
5. Uso de contraceptivos com altas ocorrendo troca gasosa. Isso contribui para o
concentrações de estrogênio desenvolvimento de sintomas como dispnéia e
6. Câncer disseminado hipóxia.
7. Desordens de hipercoagulação (fator de V
de Leiden)
São os principais fatores de risco relacionados ao
desenvolvimento de TEP, também :
Trauma não cirúrgico e cirúrgico, idade maior que
40 anos; tromboembolismo venoso prévio;
imobilização; doença maligna; IAM; obesidade;
veias varicosas; parto; DPOC (doença pulmonar
obstrutiva crônica).

FISIOPATOLOGIA

Envolve os fatores que predispõe à ocorrência de


trombose venosa profunda (TVP) relacionada ao Fig. Relação ventilação-perfusão nos alvéolos
elementos da tríade de Virchow (estase venosa, em três situações, Shunt, normal e espaço morto.
hipercoagulabilidade, lesão endotelial). Os
êmbolos originados nos membros distais, são
encaminhados para a circulação venosa aos
pulmões.
Os vasos dos membros inferiores que são mais
dispostos ao tromboembolismo são as veias
poplíteas e femoral.
A obstrução da circulação pulmonar leva a
diminuição da pré-carga e liberação de mediadores
inflamatórios (interleucinas e tromboxano) que
agem promovendo vasoconstrição e elevando a
resistência pulmonar.
O ventrículo direito tenta compensar a obstrução
do fluxo aumentando a pressão pulmonar. Esse
aumento de pressão leva a alterações
compensatórias dos cardiomiócitos e
cardiomiofibroblastos (hipertrofia, concêntrica) se a
obstrução persistir há alterações permanentes
Fig. Representação do desenvolvimento do TEP.
dessas células cardíacas e dilatação das câmaras
direitas, podendo deslocar o septo interventricular
(alteração visualizada no ecocardiograma).
A hipertensão pulmonar pode permanecer mesmo
após o tratamento do episódio de embolia, sendo,
portanto, uma complicação.
TEP nos ramos distais pulmonares apresentam
maior risco de desenvolvimento de infarto
pulmonar, ocorrendo morte celular. Isso
correlaciona-se com hemoptise e dor pleurítica.
queda da PA >40 mmHg por mais de 15
min, não sendo causada por arritmia,
hipovolemia ou sepse)
● Embolia submaciça: o diagnóstico é
estabelecido na ausência de embolia
maciça. Pacientes possuem
ecocardiograma com disfunção do VD.
● Infarto pulmonar: O infarto pulmonar
ocorre quando a circulação colateral do
segmento pulmonar não consegue suprir a
demanda de oxigênio, causada pela
obstrução do êmbolo. Nesses casos a
hemoptise pode estar presente.
Nos pacientes estaveis clinicamente a dispnéia e
a dor torácica são os sintomas mais
frequentes.
A dor torácica com característica de angina de
peito pode estar presente em casos graves de EP,
em que a sobrecarga aguda do VD pode provocar
isquemia miocárdica secundária.
A hipotensão arterial sistêmica é característica de
EP maciço.
A síncope também é uma característica secundária
SINAIS E SINTOMAS ao distúrbio hemodinâmico.

Achados clínicos na embolia submaciça:


A apresentação clínica de EP é geralmente
● Dor torácica
inespecífica, o que dificulta o diagnóstico.
● Dor pleurítica
Os sinais e sintomas dependem da:
● Dispnéia
● Localização
● Taquipnéia
● Tamanho do trombo
● Tosse
● Estado cardiorrespiratório prévio do
● Hemoptise/ Hemoptócitos
paciente
● Taquicardia
A EP pode ser classificada em três síndromes
● Febre e Cianose
clínicas
● Colapso circulatório
Achados clínicos nas embolias grande
● Dispnéia não explicada
(maciças):
● Dor torácica do tipo pleurítica (relaciona-se
● Síncope
com êmbolos que atingem a periferia dos
● Hipotensão arterial/ Choque
pulmões, levando ao infarto pulmonar ou
● Taquicardia
hemorragia).
● Dispnéia
Esta classificação clínica está relacionada com os
● Cianose
modelos fisiopatológicos :
● Embolia maciça (insuficiência ventricular
direita com aumento da pressão venosa ESCORE DE WELLS
jugular; B2 aumentada; taquicardia; B3
ritmo de galope; sopro de insuficiência É utilizado para a avaliação da probabilidade da
tricúspide (sinal de dilatação do VD); cor ocorrência de TEP, sendo usado para guiar a
pulmonale secundário a EP). A tomada de decisões na prática clínica.
apresentação clínica da embolia maciça
apresenta-se como choque ou hipotensão
arterial (pressão sistólica <90 mmHg ou
● Áreas de hipoperfusão pulmonar (sinal de
Westmark)
● Dilatação da artéria pulmonar (sinal de
Palla)
● Derrame pleural
● Atelectasia

Classicamente existe uma tríade da TEP:


● Dispnéia Fig. TEP em tronco da artéria pulmonar.
● Hemoptise
● Dor pleurítica
Porém nem todos pacientes cursam com essa D-dímero: Produto de degradação da fibrina, é
sintomatologia. Sinais e sintomas (aqueles feito por meio da ELISA e tem sensibilidade de
apresentados nas embolias) somados com fatores 97% e especificidade de 42%.
de risco são necessários para se pensar em TEP.
O escore de Wells mede a probabilidade do Ecocardiograma: Não tem muita acurácia para a
diagnóstico de TEP. visualização do trombo, sendo importante a
avaliação do ventrículo direito.
Diagnósticos diferenciais:
Tomografia computadorizada (TC): É
● Pneumonia amplamente utilizada na investigação de pacientes
● Insuficiência cardíaca congestiva com suspeita de EP, possui custo relativamente
● DPOC crônica baixo, se comparado a arteriografia, uso de
● Asma contraste. Possui sensibilidade de 53 a 100% e
especificidade entre 81 e 100%, sendo mais
sensível na identificação de trombos mais
EXAMES COMPLEMENTARES próximos, lobares e segmentares.

ECG: As alterações mais específicas de EP são

● Sinais de sobrecarga do VD
● Bloqueio de ramo direito
● Desvio do eixo eletrocardiográfico para a
direita
● Inversão da onda T derivações precordiais
(V1 a V4)- mais frequentes, presente em
68% dos casos. Fig. TC sugestiva de TEP. Evidências de
hipertrofia do VD com desvio do septo
interventricular, pelo aumento da pressão na
câmara gerada pelo trombo.

Fig. USG sejestivo de trombose em veia femoral.

Radiografia de Tórax:
Pacientes estáveis clinicamente devem ser
classificados como em
● Baixa (D- dímero normal exclui diagnóstico
de EP)
● Média ou alta probabilidade clínica
Obs:Com teste de D-dímero positivo ainda é
necessária a investigação, sendo um exame que
só descarta a possibilidade de EP não dando
diagnóstico.
A cintilografia deve ser utilizada em pacientes com
Fig. TC sugestiva de TEP.
tenham raio X de tórax normal, e quando negativa,
na fase de perfusão pode excluir o diagnóstico de
Ressonância magnética (RM): possibilidade de
EP.
visualização das artérias pulmonares sem a
Em pacientes com raio X de tórax alterado, a TC e
necessidade de utilização de contraste iodado e
RM (preferível em pacientes com disfunção renal
sem exposição a radiação, é a principal vantagem
ou anafilaxia) devem ser utilizadas.
da RM.
Arteriografia pulmonar, exame final (depois de
realizados os acima) está reservada a pacientes
Arteriografia pulmonar (AGP): É o método
com alta probabilidade clínica e que não tenham
padrão para diagnóstico de EP com visualização
confirmado o diagnóstico com as estratégias
da circulação pulmonar, após a injeção de
anteriores.
contraste iodado. Anafilaxia e Nefrotoxicidade são
complicações desse método.
DIAGNÓSTICO

A disponibilidade dos exames é, na maioria das


vezes, o que define a estratégia de investigação a
ser realizada, havendo, entretanto, vantagens de
um método em relação a outro conforme em
situações específicas.
A análise da probabilidade de EP, segundo o
escore de Wells, orienta quanto a utilização de
exames de maior complexidade para exclusão
diagnóstica. Duplex-scan venoso de membros inferiores é
Pacientes com instabilidade hemodinâmica e método de imagem inicial é,
insuficiência respiratória, apresentam, frequentemente,suficiente.
frequentemente, trombos em ramos principais da
artéria pulmonar. Nesses casos o ecocardiograma TRATAMENTO
transesofágico possui alta acurácia diagnóstica.
A abordagem terapêutica inicial tem por objetivo a inferiores que se desprendem das paredes das
estabilização clínica e hemodinâmica oferecendo, veias e obstruem as artérias pulmonares.
se necessário, suporte farmacológico e ventilatório.
A hipoxemia é tratada com oxigenoterapia, através Fatores de risco:
de máscara facial, e, nos casos mais graves, a
intubação orotraqueal e o suporte ventilatório É necessária a compreensão dos fatores de risco,
mecânico podem ser necessários. pois eles guiam a suspeita diagnóstica de TEP
Os fatores de risco estão envolvidos com a tríade
Anticoagulação: de virchow (estase venosa, hipercoagulabilidade e
Heparina não fracionada: tratamento de lesão endotelial)
tromboembolismo venoso, via intravenosa. O São praticamente os mesmos fatores envolvidos
tempo de tratamento é, em geral, de 5 a 7 dias. com a trombose venosa profunda
Heparina de baixo peso molecular (HBPM): No São fatores de risco, ainda, repouso prolongado,
tratamento de TVP e EP. cirurgias, traumas, insuficiência cardíaca
congestiva, uso de contraceptivos, câncer e
Anticoagulantes orais: Os cumarínicos, desordens de coagulação.
anticoagulantes inibidores de fatores dependentes Note que todos os fatores envolvem um ponto da
de vitamina K (II, VII, IX e X). Objetivo de manter o tríade de virchow
INR entre 2,0 e 3,0 (faixa antitrombótica com
pequena incidência de sangramento). Fisiopatologia:

Simplificadamente, o que se precisa saber da


fisiopatologia de TEP é que:
● Um coágulo é formado em uma veia do
membro inferior, devido a alguma desordem
da tríade de virchow
● Esse coágulo viaja pelo sistema venoso até
chegar nas câmaras cardíacas direitas
● As câmaras direitas levam sangue pobre
em oxigênio para os pulmões através das
artérias pulmonares
● O coágulo obstrui algum ponto da
circulação pulmonar, impedindo que ocorra
passagem de sangue e aumentando da
pressão venosa
● Esse aumento da pressão nas câmaras
cardíacas direitas, leva a uma hipertrofia do
VD
● Além disso, as áreas que não recebem
suprimento sanguíneo, devido a obstrução
do êmbolo, são propensas a morrerem e
ocorrer infarto pulmonar
Dessa forma, como o êmbolo pulmonar impede
PONTOS IMPORTANTES PARA SE que os alvéolos sejam perfundidos corretamente,
há um desequilíbrio da relação ventilação
FOCAR perfusão, originando o quadro de dispnéia súbita e
hipoxemia. Assim, o correto entendimento da
viagem do êmbolo até sua posterior obstrução de
Definição: um segmento arterial pulmonar é necessário para
correlacionar a sintomatologia clínica dos quadros
Embolia pulmonar ocorre devido ao trombo de TEP (taquipnéia, dispnéia e dor pleurítica)
formado, geralmente, em vasos dos membros
Sinais e sintomas: interventricular são alguns achados nesses
exames
A compreensão do quadro clínico de TEP fica mais
fácil com o estudo objetivo da fisiopatologia Tratamento:
(mencionado acima)
É necessário e entendimento que a gravidade dos Ao estudar para as provas, o tratamento nunca
sintomas se deve ao quadro de obstrução deve ser seu maior foco, saber os medicamentos e
circulatória pulmonar. Quanto maior o segmento ações básicas são o suficiente nesse período.
obstruído, maior a sintomatologia, e obstrução de ● Anticoagulação (heparina)
segmentos mais distais, geralmente não causam ● Trombolíticos
nenhum quadro clínico ao paciente. ● Oxigenoterapia
Assim os sinais e sintomas dependem
● Da localização da obstrução
● Tamanho do trombo Referências:
● Estado cardiorrespiratório prévio do
paciente (pacientes com função pulmonar 1. https://www.scielo.br/j/abc/a/ngfyR4pwgwM
previamente comprometida, vão CN4r4jNwhxRL/?lang=pt
desenvolverem maiores complicações) 2. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.;
Tríade clínica de TEP MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia básica.
● Dispnéia de início súbito 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
● Hemoptise (devido a morte de um 3. Fundamentos de Radiologia: Diagnóstico
segmento pulmonar) por Imagem / William E. Brant e Clyde A.
● Dor pleurítica Helms; tradução Mariângela Vidal Sampaio
Fernandes. 4. ed. Rio de Janeiro:
Diagnóstico: Guanabara Koogan, 2015

É utilizado o escore de Wells para avaliar possíveis


casos de TEP
Pessoas com baixo risco TEP deve ser descartado
Pessoas com risco moderado a baixo devem
realizar exames complementares para melhor
avaliação de possível TEP
Deve ser realizado D-dímero em todos pacientes
sugestivos de TEP
Arteriografia pulmonar é o teste padrão ouro
para o diagnóstico de TEP
RX e TC são exames mais acessíveis e servem
mas se limitam a localizarem TEPs maciços
Hipertrofia de VD, atelectasia pulmonar, dilatação
da artéria pulmonar e desvio do septo

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