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APG- 2 1 e 2
@Matteus_Brendow
Objetivos: Estudar a fisiopatologia da hipertensão arterial sistêmica e seus fatores de risco; Compreender
como é realizado o diagnóstico de hipertensão.
FISIOPATOLOGIA
Fig. SAOS (Síndrome da apnéia obstrutiva do
sono) é a obstrução recorrente das vias aéreas
superiores durante o sono, produzindo episódios
de apnéia ou hipopnéia que levam à hipóxia e
aumenta o risco de desenvolvimento de HAS.
Doença renal crônica: alteração estrutural ou
funcional dos rins que diminuem a taxa de filtração
glomerular, o que aumenta a produção de renina
elevando a ação do sistema
renina-angiotensina-aldosterona, elevando a PA.
Hipertensão renovascular: estenose parcial ou
total, uni ou bilateral da artéria renal ou de um dos
seus ramos, reduzindo a pressão de filtração
glomerular e consequente ativação do SRAA.
Feocromocitoma: tumor que acomete as
glândulas cromafins das suprarenais que
aumentam a produção de catecolaminas e
consequente crise adrenérgica.
CLASSIFICAÇÃO
Segundos as diretrizes mais recentes (como no
caso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Seguindo as antigas diretrizes da Sociedade
SBC), o ideal é que adultos com PA ≤ 120x80 Brasileira de Cardiologia de (SBC) após a
mmHg realizem a aferição da pressão ao menos avaliação da PA o paciente pode ser classificado
uma vez a cada 2 anos, enquanto que aqueles em 3 categorias: Normotenso, pré-hipertenso,
com PA acima desse valor devem realizar a hipertensão grau I,II e III.
medição anualmente. De acordo com a nova, a Diretriz Brasileira de
Hipertensão Arterial de 2020 em relação a anterior
MENSURAÇÃO DA PA trás:
● PA normal como PA ótima
Sobre a mensuração da PA ele deve ser feita de ● Pré-hipertensão passa a ser dividida em PA
forma mais completa na primeira consulta, deve normal e pré-hipertensão.
ser medida em cada um dos membros superiores ● Indivíduos com PAS entre 130 e 139 e PAD
com o paciente deitado, sentado e em pé. Isso, entre 85 e 89 passam a ser considerados
pois a avaliação dos dois membros é realizada pré-hipertensos.
para verificar se há divergência significativa entre
eles diferença de 20 mmHg entre a PAs e até 10
mmHg no caso da PAD), o que fala a favor de
doenças arteriais. Por outro lado, grandes
alterações de acordo com o posicionamento do
paciente (novamente: diferença de 20 mmHg entre
a PAS e 10 mmHg entre a PAD) nos indicam a
presença de uma hipotensão postural. Deve-se salientar que se a PAS e a PAD se
A partir da segunda consulta, no entanto, basta situarem em categorias diferentes, a maior delas
que a PA seja medida no membro superior com deve ser utilizada para a classificação da PA.
maiores valores. Já com relação ao Vale ressaltar, ainda, que essas classificações
posicionamento do paciente, a medição só variam de país para país.
precisará ser feita nas 3 posições em pacientes
diabéticos, idosos, alcoolistas ou em uso de Normotensão- São as pessoas que possuem a PA
medicação anti-hipertensiva, caso contrário, basta dentro dos valores de referência ou que são
aferir uma vez com ele sentado. hipertensas mas com o tratamento conseguem
De acordo com o documento VI Diretrizes Brasileiras manter a PA dentro dos valores normais
de Hipertensão, a aferição da pressão arterial deve (hipertensão controlada).
ser feita a partir de:
Pré-hipertensão- Os pré-hipertensos, por sua vez,
são aquelas pessoas que estão no meio termo
entre o que é considerado normal ( 130-139 x
85-89 mmHg) e o que é hipertensão (≥
140x90mmHg). Possuem grande probabilidade de
se tornarem hipertensas e também um maior risco
de desenvolverem alguma complicação
cardiovascular e é justamente por isso que
precisam ser acompanhadas com mais
regularidade.
Hipertensão- Os hipertensos são aqueles
pacientes que, comprovadamente, mantêm níveis
pressóricos ≥ 140x90mmHg, sendo que eles ainda
podem ser estratificados em 3 estágios de acordo
com o valor da sua PA. Entra também nesse grupo
aqueles indivíduos que o tratamento não está
sendo efetivo (hipertensão não controlada).
Etapas para a realização da medida da pressão
Condições que podem afetar no diagnóstico de arterial:
HAS:
● Hipertensão do Avental Branco- 1. Determinar a circunferência do braço no
Caracteriza-se por níveis anormais de PA ponto médio entre o acrômio e o olécrano.
no consultório e níveis normais de PA fora 2. Selecionar o manguito de tamanho
dele. adequado ao braço.
● Hipertensão Mascarada- Ao contrário, 3. Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a
caracteriza-se por níveis normais de PA no 3 cm acima da fossa cubital.
consultório e elevados fora dele. 4. Centralizar o meio da parte compressiva do
manguito sobre a artéria braquial.
5. Estimar o nível da PAS pela palpação do
DIAGNÓSTICO
pulso radial.*
6. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e
A avaliação de um paciente com hipertensão
colocar a campânula ou o diafragma do
arterial inclui a confirmação do diagnóstico, a
estetoscópio sem compressão excessiva.*
suspeita de causa secundária e avaliação do risco
7. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30
cardiovascular. Fazem parte da avaliação:
mmHg o nível estimado da PAS obtido pela
● Medida da pressão arterial no consultório
palpação.*
e/ou fora dele utilizando técnicas
8. Proceder à deflação lentamente (velocidade
adequadas e equipamentos validados e
de 2 mmHg por segundo).*
calibrados.
9. Determinar a PAS pela ausculta do primeiro
● Obtenção da história pessoal e familiar
som (fase I de Korotkoff) e, depois,
● Realização de exame físico
aumentar ligeiramente a velocidade de
● Investigação clínica e laboratorial
deflação.*
10. Determinar a PAD no desaparecimento dos
Medida da pressão arterial no consultório:
sons (fase V de Korotkoff).*
11. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo
A PA deve ser medida em todas as avaliações por
do último som para confirmar seu
médicos de qualquer especialidade e por
desaparecimento e, depois proceder, à
profissionais de saúde capacitados. Cabe
deflação rápida e completa*.
exclusivamente aos médicos o diagnóstico de HA.
12. Se os batimentos persistirem até o nível
A medida da pressão arterial no consultório deve
zero, determinar a PAD no abafamento dos
seguir os seguintes passos ilustrados no quadro
sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores
abaixo:
da PAS/PAD/zero.*
fora do ambiente de consultório, pelo
Classificação da pressão arterial medida no próprio paciente ou pessoa capacitada para
consultório: tal, com equipamento validado e calibrado,
durante o período de vigília, por um longo
Quando utilizadas medidas no consultório, o período de tempo, obedecendo a um
diagnóstico de HA deverá ser sempre validado por protocolo previamente estabelecido e
medidas repetidas, em condições ideais em duas normatizado. Deverá ser feita orientações
ou mais visitas médicas em intervalos de dias a para o paciente quanto ao local e condições
semanas. para as medidas. É recomendado pelo
A Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial de menos um registro de 4 dias com medidas
2020 em relação a anterior trás: em duplicata pela manhã e à noite, sendo o
● PA normal como PA ótima número de medidas o fator mais importante
● Pré-hipertensão passa a ser dividida em PA para o estabelecimento do diagnóstico e
normal e pré-hipertensão. verificação de lesões de órgãos alvo.
● Indivíduos com PAS entre 130 e 139 e PAD
entre 85 e 89 passam a ser considerados
pré-hipertensos.
DEFINIÇÃO
Como o objetivo nos pacientes com HAS é
diminuir a PA, a inibição desse sistema é Definição segundo a Sociedade Brasileira de
necessária. Cardiologia: A hipertensão arterial sistêmica
Os iECAs (Benazepril, Captopril, Cilazapril, (HAS) é uma condição clínica multifatorial
Enalapril...) bloqueiam o SRAA ao inibir a caracterizada por níveis elevados e sustentados de
ECA no processo de conversão da pressão arterial (PA).
angiotensina I em angiotensina II.
Os BRA (Losartana, Valsartana...) fecham FISIOPATOLOGIA
os receptores da angiotensina II, impedindo
a sua ação e, dessa forma, bloqueando o ● HAS primária ou essencial (não a causas
ciclo do SRAA. É válido ressaltar que as aparentes para o aumento da PA).
evidências indicam que o iECA e o BRA ● HAS secundária, que é uma hipertensão
têm menos efeito hipotensor do que os causada por uma causa base que eleva os
níveis pressóricos
● Pacientes com PA normal (120-129/80-84
Pressão Arterial e Dano Vascular: mmHg) devem repetir as medidas
anualmente
Valores de pressão arterial elevados estão ● Paciente pré-hipertensos (130-139/85-90
associados ao risco de desenvolvimento de: mmHg) deve-se considerar a hipertensão
● Cardiopatia isquêmica mascarada, detectada por MAPA ou MRPA.
● Acidente vascular encefálico (AVE) Com MAPA/MRPA normais as medidas
● Doença renal crônica devem ser repetidas anualmente, medidas
● E mortalidade precoce anormais é indicativo de hipertensão sendo
necessário o início do tratamento.
QUADRO CLÍNICO ● Pacientes com hipertensão estágios 1 e 2
(140-179/90-109 mmHg) deve-se
O quadro de HAS apresenta-se na maioria dos considerar hipertensão do avental branco,
casos assintomático, o que acaba dificultando seu sendo necessário o uso de MAPA ou MRPA
diagnóstico para confirmação. Ao exame normal,
medidas aferidas anualmente, exame
MENSURAÇÃO DA PA anormal é diagnóstico de HAS iniciando o
● Deve-se explicar ao paciente e deixá-lo em tratamento.
repouso por 3 a 5 minutos. ● Paciente com Hipertensão estágio 3
● A bexiga deve estar vazia (>180/110 mmHg) diagnóstico de HAS e
● Deve-se evitar exercícios físicos 60 minutos início do tratamento.
antes.
● Evitar ingerir bebidas alcoólicas, café ou
alimentos 30 minutos antes.
● Evitar fumar 30 minutos antes.
● Durante a aferição, as pernas devem estar
descruzadas, com os pés apoiados no chão e
as costas encostadas na cadeira
● Com o manguito adequado, deve-se inflar
rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o
nível estimado da PAS, e então iniciar
deflação lenta (2 mmHg por segundo).
CLASSIFICAÇÃO
● PA normal como PA ótima
● Pré-hipertensão passa a ser dividida em PA
normal e pré-hipertensão.
● Indivíduos com PAS entre 130 e 139 e PAD
entre 85 e 89 passam a ser considerados
pré-hipertensos.
Referências:
APG 3
CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA (CMH)
REVISÃO ANATOMOFISIOLÓGICA
DO CORAÇÃO
Fisiologia cardíaca-
O coração é composto por 3 tipos de músculos
(atrial, ventricular e fibras excitatórias). Os
músculos atriais e ventriculares possuem
contração semelhante ao esquelético mas com
uma duração maior de contração. O músculo
cardíaco é estriado, possui discos intercalares (que
separa uma célula da outra, ou seja é formado por
células individuais que se unem às outras por
junções comunicantes) formando um sincício Acoplamento-excitação-contração: Refere-se ao
(fusão das células separadas). Esse caráter dá ao mecanismo pelo qual o potencial de ação provoca
músculo cardíaco a propriedade de propagação a contração das miofibrilas. O potencial de ação se
rápida do potencial de ação. difunde pela fibra muscular, passa ao longo dos
Potencial de ação no músculo cardíaco- A túbulos transversos (T) que age na membrana dos
contração ventricular possui um período de platô túbulos sarcoplasmáticos causando a liberação de
que possibilita que a musculatura ventricular Ca2+, o cálcio se liga a troponina (filamento fino)
contraia por um período 15x maior que a liberando o sítio de ligação com a miosina, assim
esquelética. ocorre o deslizamento do filamento de actina sobre
o de miosina (contração muscular).
Referências:
APG 4
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
INTRODUÇÃO E DEFINIÇÃO
Relembrando:
A insuficiência cardíaca é definida como
incapacidade do coração em produzir débito Volume de ejeção: É a diferença entre o volume
adequadamente para suprir a demanda diastólico final e volume sistólico final.
metabólica, ou necessidade de aumentar a PDF V ejeção = VDF - VSF
(pressão diastólica final) para atender essa Fração de ejeção ventricular: É calculada pela
demanda. divisão entre o volume sistólico (VS) e o volume
Essa síndrome pode causar alterações estruturais diastólico final (VDF).
ou funcionais cardíacas e é caracterizada por Fração de ejeção= VS/VDF
sinais e sintomas típicos que resultam da redução
do débito cardíaco e/ou das elevadas pressões de
enchimento das câmaras cardíacas.
O termo insuficiência cardíaca crônica reflete a
progressão da doença, já o termo insuficiência
cardíaca aguda se reserva para alterações rápidas
ou graduais de sinais e sintomas resultando em
necessidade de terapia urgente.
A insuficiência cardíaca pode ser causada por
anormalidades na função sistólica (IC sistólica) ou
anormalidades na função diastólica (IC diastólica)
levando a defeito no enchimento ventricular. No
entanto em muitos pacientes a disfunção sistólica e
diastólica coexistem, dessa forma a definição de
pacientes com insuficiência cardíaca se dá de
acordo com a fração de ejeção do ventrículo O resultado dessa disfunção cardíaca é o aumento
esquerdo (FEVE). do volume diastólico final, que provoca elevação
Essa dificuldade enfrentada pelo coração é devido da pressão diastólica final e das pressões venosas
à disfunção sistólica- maioria dos casos, força também. Assim, o débito cardíaco inadequado-
contrátil inadequada, consequência da cardiopatia denominado insuficiência anterógrada- é quase
isquêmica ou hipertensiva-; disfunção diastólica- sempre acompanhado de congestão venosa-
incapacidade de relaxar e encher de modo insuficiência retrógrada.
adequado, hipertrofia do VE, fibrose, deposição
amilóide e pericardite constritiva-; ou ainda por Classificação da IC de acordo com a fração de
aumento da demanda tecidual (hipertireoidismo e ejeção:
anemia), disfunção valvar e em coração normal
exposto a uma sobrecarga (pressórica ou Os pacientes com insuficiência cardíaca são
volumétrica). classificados em três grupos de acordo com a
fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE):
● Insuficiência cardíaca com fração de ejeção
reduzida (ICFEr): FEVE < 40%
● Insuficiência cardíaca com fração de ejeção
intermediária (ICFEi): FEVE 40 - 49%
● Insuficiência cardíaca com fração de ejeção
preservada (ICFEp): FEVE ≥ 50%
A diferenciação dos pacientes de acordo com a
FEVE tem o objetivo de diferenciar a etiologia ,
comorbidades associadas e principalmente a
resposta terapêutica.
ICFEr: apresentam redução das comorbidades EPIDEMIOLOGIA
com tratamento farmacológico.
ICFEi: podem apresentar evoluções tanto para É uma patologia grave afetando mais de 23
ICFEr quanto para ICFEp. milhões de pessoas no mundo. A sobrevida após 5
anos de diagnóstico pode ser de apenas 35% com
prevalência que aumenta conforme a faixa etária
de idade.
O principal perfil clínico dos pacientes com IC
crônica envolve indivíduos idosos com patologias
cardíacas diversas, sendo a isquêmica a mais
prevalente.
Na América Latina, devido ao baixo investimento
Classificação de acordo com a gravidade dos
em saúde e acesso inadequado ao atendimento
sintomas:
hospitalar são fatores de risco que favorecem o
desenvolvimento de IC. Particularmente no Brasil,
É a classificação usada pela New York Heart
as principais causas de IC são:
Association (NYHA) para classificar os pacientes
● Hipertensão arterial sistêmica
com insuficiência cardíaca de acordo com a
● Diabetes
gravidade dos sintomas.
● Doença reumática
É baseada na tolerância do paciente ao exercício,
● Chagas
variando desde a ausência de sintomas até a
presença de sintomas em repouso.
OBS: Sempre que um paciente com IC não for
Essa classificação auxilia no manejo terapêutico e
hipertenso, não apresentar DAC, valvopatia e
tem relação com o prognóstico.
outros fatores de risco é importante pensar em
CMD (cardiomiopatia dilatada).
FISIOPATOLOGIA
QUADRO CLÍNICO
Fig- Cortes transversais que mostram a hipertrofia do
ventrículo esquerdo com e sem dilatação. Comparado com o Quanto IC pode ser dividida em direita e esquerda.
coração normal (centro), o coração com sobrecarga de
pressão (à esquerda) tem massa aumentada, paredes IC Esquerda: Pode envolver ambos os lados do
espessas e lúmen menor. O coração com sobrecarga de
coração. Suas causas mais comuns são a
volume (à direita) tem massa aumentada, lúmen maior e
tamanho aumentado, mas a espessura das paredes é normal.
cardiopatia isquêmica (CI), a hipertensão
sistêmica, a doença da valva da aorta ou da valva
Em resumo a insuficiência cardíaca diminui a atrioventricular esquerda e as doenças primárias
perfusão sanguínea dos tecidos por fatores como do miocárdio (p. ex., amiloidose). Causa aumento
disfunção sistólica , disfunção diastólica, aumento da pressão de enchimento no VE o que dificulta a
da demanda tecidual, disfunção valvar ou passagem de sangue do AE para o ventrículo
sobrecarga pressórica ou volumétrica. esquerdo aumentando a sua pressão e dificultando
Assim o corpo para superar essa dificuldade de assim a passagem de sangue dos pulmões para o
perfusão ativa mecanismo compensatório, sendo AE.
eles: Quadro clínico de IC esquerda: Os sintomas se
1. Ativação do SRAA que aumenta o volume relacionam mais com sistema respiratório uma vez
sanguíneo, ou seja aumento da pré-carga, que as câmaras esquerdas recebem sangue
e produz vasoconstrição, aumento da pós oxigenado dos pulmões e quando essas tornam-se
carga. Induz, também, o remodelamento insuficientes, o sangue retorna para o sistema
cardíaco e a fibrose. pulmonar. Dentre os principais sintomas,
2. Ativação do sistema nervoso simpático que encontram-se:
produz aumento do inotropismo, da ● Dispnéia: sensação de falta de ar, ocorre
frequência cardíaca e da pós-carga pela principalmente aos esforços.
vasoconstrição. Ainda induz ao ● Ortopnéia: dispnéia que ocorre quando o
remodelamento cardíaco e fibrose. paciente se deita. É devido ao aumento do
3. Há, ainda, um desbalanço na produção de retorno venoso, uma vez que deitado o
vasoconstritores e vasodilatadores, o que sangue apresenta menos dificuldade para
promove uma maior produção de chegar ao coração.
vasoconstritores. Isso aumenta a ● Dispnéia paroxística noturna: paciente
pós-carga. acorda no meio da noite com dispnéia
4. Para compensar esses efeitos deletérios o intensa, com sensação de sufocamento.
coração libera através de suas câmaras os ● Fadiga/Cansaço
peptídeos natriuréticos, que produzem ● Intolerância ao exercício: ocorre devido a
vasodilatação e eliminação de sódio e incapacidade de manter o débito cardíaco
água. Desse modo, diminui-se a pós-carga adequado.
e a pré-carga. ● Presença de terceira bulha B3
● Presença de estertores finos nas bases
Logo percebe-se que esses mecanismos de pulmonares: ocorre devido ao acúmulo de
compensação possuem efeito benéfico ao coração sangue oxigenado no leito pulmonar.
somente nos momentos iniciais, uma vez que com ● Cardiomegalia: aumento do coração,
a persistência das alterações que diminuem a identificada pelo exame de raio X.
IC Direita- Geralmente é consequência da IC
esquerda, uma vez que qualquer aumento na
pressão da circulação pulmonar produz aumento
da carga no lado direito do coração. A insuficiência
cardíaca direita isolada pode ocorrer na a
hipertensão pulmonar grave, que provoca uma
patologia do lado direito do coração denominada
cor pulmonale. A insuficiência direita isolada
também pode ocorrer em pacientes com doença
primária da valva atrioventricular direita ou da valva
do tronco pulmonar, ou naqueles com cardiopatia
congênita, como nos shunts da esquerda para a
direita que provocam sobrecarga crônica de
volume e pressão.
Quadro clínico da IC direita: A insuficiência
A avaliação do paciente é útil para a definição do
cardíaca direita pura produz poucos sintomas
tratamento.
respiratórios, sendo seus sintomas mais
relacionados ao leito venoso durante seu trajeto
No exame físico: Verificar se há fenômenos que
até a chegada no coração. Sendo assim, os
indiquem congestão como:
sintoma mais comuns são:
● Estase jugular a 45 graus
● Congestão venosa portal
● Hepatomegalia
● Edema de membros inferiores
● Ascite
● Refluxo hepatojugular
● Edema de membros inferiores
● Pressão venosa jugular elevada/Estase
● Crepitações na ausculta pulmonar
jugular
Na ausculta cardíaca, verificar se há:
● Ascite
● Hiperfonese de B1, indicando redução da
● Esplenomegalia
função sistólica
● Hiperfonese de B2 encontrada em
pacientes com hipertensão pulmonar
● A presença das bulhas extras deve levantar
o alerta para a presença de IC.
B3 é auscultada na fase da desaceleração do
enchimento rápido ventricular, principalmente
quando há um aumento do volume sistólico final.
Já B4 pode ser ouvida logo após a contração atrial,
e apesar de menos comum, também é associado a
disfunção ventricular.
Presença de refluxo hepato-jugular, quando
paciente possui o fígado congesto indica falência
do VD. Para observar esse sinal, você deverá
manter seu paciente deitado em decúbito dorsal
sobre o leito, com a cabeceira elevada a 45º e
pressionar o hipocôndrio direito dele, observando a
região cervical. Em caso de ingurgitamento da veia
jugular à manobra, ela é considerada positiva.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é guiado por uma história clínica e Eletrocardiograma: Deve ser realizado ECG de
um exame físico detalhado, buscando os principais 12 derivações é recomendada na avaliação inicial
sinais e sintomas de IC. Os exames de pacientes com IC. Avaliação de:
complementares auxiliam no diagnóstico e servem ● Hipertrofia ventricular
como forma de avaliação da gravidade da doença. ● Sinais de sobrecargas de câmaras
Anamnese + Exame físico + ECG + RX de tórax ● Isquemia miocárdica
são as principais estratégias para o diagnóstico de ● Áreas de fibrose
insuficiência cardíaca. ● Distúrbios de condução
● Bradicardia e taquicardia
Exames Complementares:
TRATAMENTO DA IC
Não farmacológico:
● Programa de manejo da IC, qualidade de Particularmente no Brasil, as principais causas de
vida e mortalidade custos hospitalares IC são:
● Reabilitação cardiovascular (exercício ● Hipertensão arterial sistêmica
aeróbico) ● Diabetes
● Vacina contra influenza e pneumococos ● Doença reumática
● Evitar a ingestão excessiva de sal ● Chagas
IC Direita:
● Congestão venosa portal
● Edema de membros inferiores
● Refluxo hepatojugular
● Pressão venosa jugular elevada/Estase
jugular
● Ascite
● Esplenomegalia
DIAGNÓSTICO
DOENÇA DE CHAGAS
Objetivos: Estudar o ciclo da doença de chagas e compreender a sua relação com o quadro de
cardiomegalia; Entender como é feito o diagnóstico da doença de chagas (sorologia e radiografia); Investigar
os riscos da radiografia para gestantes e os mecanismos de proteção.
APRESENTAÇÃO CLÍNICA E
CLASSIFICAÇÃO
Problema 7 e 8
APG 7/8 ATEROSCLEROSE e IAM
Problema: Telefone mudo e Tempo é vida
Objetivos: Revisar a formação da placa de ateroma e relacionar com o IAM (Sinais e sintomas, quadro
clínico e fisiopatologia); Entender a diferença da angina estável e instável; Recordar o mecanismo de
referência e contrarreferência.
ARTERIOSCLEROSE X
ATEROSCLEROSE
PATOGENIA:
PATOGENIA:
DIAGNÓSTICO DE IAM
Referências:
Problema 9
@Matteus Brendow
APG 9
CARDIOPATIA REUMÁTICA
Problema: É couve-flor
DEFINIÇÃO
A febre reumática (FR) e a cardiopatia reumática A resposta Th2, relacionada a produção de
são complicações não supurativas da anticorpos (resposta humoral), relacionam-se com
faringoamigdalite, mediada pelo sistema a poliartrite e coréia de Sydenham.
imunológico que ocorre após infecção por
estreptococos b-hemolíticos do grupo A, OBS: O atraso característico de 2-3 semanas até
decorrente de uma resposta imunológica tardia em o início da sintomatologia é explicado pelo tempo
populações predispostas ao desenvolvimento necessário para a produção de células de defesa.
dessa patologia. A cardiopatia reumática é a
manifestação cardíaca da febre reumática. As lesões fibróticas crônicas são consequência da
A febre reumática está associada a inflamação de cura e cicatrização após inflamação valvar.
todas as partes do coração mas as valvas são A febre reumática aguda é caracterizada por
mais afetadas (inflamação e cicatrização). focos inflamatórios em diferentes tecidos. As
A febre reumática afeta especialmente crianças e lesões no miocárdio são chamadas de Nódulos de
adultos jovens. A mais terrível manifestação da FR Aschoff (consiste em acúmulo de linfócitos T
é a cardite. Essa é uma doença que está plasmócitos e macrofagos).
frequentemente associada à pobreza e às más A cardiopatia reumática crônica é caracterizada
condições de vida. pela organização da inflamação aguda e pela
subsequente cicatrização. Os nódulos de Aschoff
são substituídos por cicatrizes fibrosas.
OBS: A cardiopatia reumática é a única causa de A valva atrioventricular esquerda é mais afetada
estenose adquirida da valva atrioventricular (espessamento das válvulas, fusão e encurtamento
esquerda (mitral). das comissuras e espessamento e fusão das
cordas tendíneas). Essa alteração valvar causa
estenose e regurgitação.
FISIOPATOLOGIA ● A valva atrioventricular esquerda (mitral)
sozinha está afetada em 70% dos casos.
A febre reumática aguda é uma reação de ● A valva atrioventricular esquerda e a
hipersensibilidade. No combate ao e estreptococos valva da aorta estão comprometidas em
há produção de anticorpos que atacam a proteína 25% dos casos
M deste patógeno, assim, por um mimetismo os ● A valva atrioventricular direita (tricúspide)
anticorpos (linfócitos T e anticorpos) produzidos é afetada com menor frequência (e com
pelo organismo reconhecem células do miocárdio menor gravidade)
e valvares como invasoras gerando a ativação ● A valva do tronco pulmonar quase
do sistema imune contra as células cardíacas, sempre escapa da lesão.
gerando assim a autoimunidade.
A resposta Th1 mediada por linfócitos T está
relacionada à cardite grave.
Fig. Cardiopatia reumática aguda e crônica. A, Valvite
reumática aguda da valva atrioventricular esquerda
superposta a cardiopatia reumática crônica. Vegetações
pequenas (verrugas) são visíveis ao longo da linha de
fechamento das válvulas da valva atrioventricular esquerda Febre reumática crônica: acontece após a
(setas). Episódios prévios de valvite reumática causaram exposição inicial ao estreptococos e elaboração de
espessamento fibroso e fusão das cordas tendíneas. B, memória imunológica que fazem, após nova
Aspecto microscópico de um nódulo de Aschoff da exposição, com que a cardite piore devido a
cardite reumática aguda; há necrose central associada a
resposta imune mais potente (o dano é
uma coleção circunscrita de células inflamatórias
cumulativo). Não produz sintomas durante anos ou
mononucleares, que incluem alguns macrófagos ativados com
nucléolos proeminentes e cromatina central ondulada décadas após episódio inicial. Quando aparecem
(cromatina em lagarta) (setas). C e D, Estenose mitral com os sinais e sintomas dependem da valva cardíaca
espessamento fibroso difuso e deformação das válvulas da afetada.
valva, fusão das comissuras (setas) e espessamento e ● Sopros
encurtamento das cordas tendíneas. Há dilatação
● Hipertrofias
acentuada do átrio esquerdo, conforme visto acima da valva
(C). D, Válvula anterior da valva atrioventricular esquerda
● Dilatação cardíaca
reumática aberta; note a neovascularização inflamatória ● ICC
(seta). E, Peça de uma estenose aórtica reumática ● Arritmias (especialmente fibrilação atrial na
removida cirurgicamente, que mostra espessamento e presença de estenose mitral)
deformação das válvulas com fusão das comissuras.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
Critérios Maiores
● Artrite: é definida como a presença de
edema na articulação ou, na falta deste,
pela associação da dor com a limitação de
movimentos; manifestação mais comum na
FR; evolui de forma assimétrica e
migratória afetando as grandes ● Erradicação do estreptococo: uso de
articulações. antibióticos
● Cardite: é a manifestação mais grave da ● Tratamento da artrite: uso de
FR, pois é a única que pode deixar antiinflamatórios não esteróides (AINES)
sequelas e acarretar óbito. Na fase aguda, ● Tratamento da cardite: Corticoides e
a lesão mais frequente é a regurgitação outros anti-inflamatórios.
mitral, seguida pela regurgitação aórtica; ● Tratamento da coréia: Uso de
Na fase crônica as estenoses são benzodiazepínicos e fenobarbital.
características.
● Coréia de Sydenham: Trata-se de uma Repouso; antibióticos para erradicar estreptococos
desordem neurológica caracterizada por (não é profilaxia) não reduz artrite nem cardite,
movimentos rápidos involuntários usada para reduzir sepas rematogênicas
incoordenados, que desaparecem durante tratamento artrite:AINES 6 a 8g (doses muito altas)
o sono e são acentuados em situações de Tratamento da cardite: Prednisona em quadros
estresse e esforço. moderados e graves; refratários a prednisona
● Eritema marginatum: raro encaminhar à cirurgia e pulsoterapia.
● Nódulos subcutâneos: raro
Profilaxia
Referências:
Tratamento da febre reumática aguda
1. Barbosa PJB, Müller RE, Latado AL, Achutti
AC, Ramos AIO, Weksler C, et al. Diretrizes
Objetivo é diminuir o processo inflamatório
Brasileiras para Diagnóstico, Tratamento e
diminuindo seu potencial danoso; erradicar o
Prevenção da Febre Reumática da
EBGA da orofaringe e promover o alívio dos
Sociedade Brasileira de Cardiologia, da
principais sintomas.
Sociedade Brasileira de Pediatria e da
Sociedade Brasileira de Reumatologia. Arq
Bras Cardiol.2009;93(3 supl.4):1-18.
2. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.;
MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia
básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2013.
Problema
APG 10 10
@Matteus_Brendow
ENDOCARDITE INFECCIOSA
Problema: É couve-flor
Endocardite aguda/subaguda:
● Febre de início violento
● Calafrios, fraqueza
● Os sopros estão presentes em 90% dos
pacientes com lesões no lado esquerdo do
coração
● Presença de petéquias pela formação de ● Nódulos de Osler: nódulos doloridos nas
microêmbolos pontas dos dedos
● Hemorragias no leito ungueal
procedimentos invasivos ou pacientes usuários de
drogas injetáveis.
O diagnóstico de endocardite infecciosa leva em
conta:
● Hemoculturas: deve-se ser coletada 3
amostras de sangue para hemocultura.
● Ecocardiografia
● Critérios clínicos (critérios de Duke)
O diagnóstico é confirmado por culturas de sangue
positivas e pelos achados ecocardiográficos.
DIAGNÓSTICO
O tratamento da EI é baseada na
antibioticoterapia, que deve começar o quanto
antes, de forma empírica de acordo com a suspeita
do microrganismo assim que for colhido as
hemoculturas. Os antibióticos devem
ser administrados via intravenosa, com agentes
bactericidas e utilizando combinações sinérgicas.
Fatores determinantes
● Tipo de valva acometida (nativa ou
protética).
● Agente etiológico envolvido.
● Evolução (aguda ou subaguda).
Duração
A duração do tratamento vai variar de acordo com
o tipo de valva, com duração de 4 semanas se
valva nativa e de 6 a 8 semanas se prótese valvar.
@Matteus_Brendow
Problema
APG 11 11
DOENÇAS DO PERICÁRDIO
Etiologia
Causas:
Classificação morfológica:
Infecciosas: vírus (mais comum), bacteriana é
incomum mas pode ocorrer após endocardite Pericardite aguda: (característica do exsudato)
infecciosa, tuberculose e fungos. Serosa:
Não infecciosas: imunomediadas “mais comuns” Serofibrinosa: doenças inflamatórias não
(febre reumática e lúpus eritematoso sistêmico), infecciosas (febre reumática, lúpus, esclerodermia
pós cirurgia cardíaca e IAM (síndrome de dressler), e uremia) e tumores podem causá-la.
neoplasia, trauma e radiação. Fibrinosa: rico em fibrinogênio;ela e a
serofibrinosa são as mais frequentes; líquido
De acordo com o tempo: seroso mesclado com exsudato fibrinoso. Produz o
ruído pericárdico característico da ausculta.
Pericardite aguda: sintomas duram menos de seis
semanas
Pericardite subaguda: começam após a fase
aguda e a duração é entre seis semanas e seis
meses
Pericardite recorrente: quando ocorrem
repetidamente os episódios de pericardite aguda
Pericardite crônica: é uma complicação da
pericardite na qual os sintomas duram mais de seis
meses.
Na pericardite constritiva:
DIAGNÓSTICO
EXAMES COMPLEMENTARES
Fig. Pericardiocentese.
Referências:
Problema
APG 11 11
DOENÇAS DO PERICÁRDIO
Etiologia
Causas:
Classificação morfológica:
Infecciosas: vírus (mais comum), bacteriana é
incomum mas pode ocorrer após endocardite Pericardite aguda: (característica do exsudato)
infecciosa, tuberculose e fungos. Serosa:
Não infecciosas: imunomediadas “mais comuns” Serofibrinosa: doenças inflamatórias não
(febre reumática e lúpus eritematoso sistêmico), infecciosas (febre reumática, lúpus, esclerodermia
pós cirurgia cardíaca e IAM (síndrome de dressler), e uremia) e tumores podem causá-la.
neoplasia, trauma e radiação. Fibrinosa: rico em fibrinogênio;ela e a
serofibrinosa são as mais frequentes; líquido
De acordo com o tempo: seroso mesclado com exsudato fibrinoso. Produz o
ruído pericárdico característico da ausculta.
Pericardite aguda: sintomas duram menos de seis
semanas
Pericardite subaguda: começam após a fase
aguda e a duração é entre seis semanas e seis
meses
Pericardite recorrente: quando ocorrem
repetidamente os episódios de pericardite aguda
Pericardite crônica: é uma complicação da
pericardite na qual os sintomas duram mais de seis
meses.
Na pericardite constritiva:
DIAGNÓSTICO
EXAMES COMPLEMENTARES
Fig. Pericardiocentese.
Referências:
Objetivos: Revisar a anatomia dos vasos sanguíneos dos membros inferiores; Estudar as causas do
desenvolvimento da doença arterial obstrutiva periférica; Compreender o diagnóstico e tratamento da
patologia.
Leva-se em conta os sinais e sintomas dos Dor de isquêmia em repouso: redução severa
portadores de DAOP, que podem ser do suprimento sanguíneo, tipicamente
classificados em diversos estágios e categorias. localizada nos dedos do pé não facilmente
A classificação de Fontaine (separa os controlada por analgésicos, piora da dor com
pacientes em 4 estágios) e de Rutheford (coloca elevação do membro.
os pacientes em 7 categorias) são as mais
utilizadas. Dor difusa grave: início repentino de dor nas
extremidades, progredindo de dormencia a
paralisia; acompanhada de palidez, parestesia
(A parestesia é um sintoma caracterizado pela
sensação de dormência ou formigamento de
alguma parte do corpo) e ausência de pulso
palpável.
Referências:
Fig. Angio TC mostrando obstrução da artéria
femoral. 1. TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON,
Bryan. Princípios de Anatomia e
fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2016.
2. https://sbacvsp.com.br/doenca-arterial-o
bstrutiva-periferica/
3. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.;
MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia
básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2013.
TRATAMENTO
Problema
APG 13 13
INSUFICIÊNCIA VENOSA
Objetivos: Revisar a anatomia da drenagem venosa dos membros inferiores; Entender a fisiopatologia da
insuficiência venosa; Compreender o diagnóstico e tratamento da patologia.
Veias Profundas:
● Veias ilíacas comuns
● Veias ilíacas externas
● Veias femorais: acompanham as artérias
femorais; são continuação das veias
poplíteas (passam através da abertura do
músculo adutor magno); passam pelo
ligamento inguinal para se tornar a veia
ilíaca externa.
● Veias poplíteas: União da veia tibial
anterior e posterior; acompanham a artéria
poplítea e nervo tibial; passam na pela
janela do músculo adutor magno para se
tornar as veias femorais.
● Veias tibiais posteriores: Acendem junto
com a artéria tibial posterior e nervo tibial
profundamente ao músculo sóleo; unem-se
as veias tibiais anteriores para formar as
veias poplíteas.
● Veias tibiais anteriores: emergem do arco
venoso dorsal do pé; acompanham a artéria
tibial anterior; se une as veias tibiais
posteriores para formar as poplíteas
Veias Superficiais
● Veias safenas magnas: As veias mais
longas do corpo (do pé à virilha);
esvaziam-se nas veias femorais na região
inguinal. contém de 10 a 20 valvas.
fluxo sanguíneo venoso (trombose) aumenta a
pressão nesse leito dificultando o retorno venoso.
A pressão média (pressão venosa central) PVC é
medida nas veias cavas e estão entre valores de 0
a 8 mmHg.
Independente da causa, a hipertensão venosa é o
centro dos sintomas apresentados na IVC.
FISIOPATOLOGIA
Fig. Esquema de lesão tecidual devido a
As veias por ser um leito que trabalha sobre baixas
insuficiência venosa.
pressões e fluxo lento de sangue, possui valvas
para impedir o refluxo sanguíneo, contando,
também, com a contração muscular para
facilitação desse fluxo.
Assim os dois determinantes do fluxo sanguíneo
são as valvas e a bomba venosa (contração dos
músculos esqueléticos).
Então qualquer condição que altere o
funcionamento das valvas, a bomba venosa ou o
pressão venosa, surge independente de
outras doenças.
● Secundária: está associada a doenças que
a aumentam a pressão venosa (Trombose
Venosa Profunda TVP, traumas ou
condições anatômicas
● Superficial: defeito nas valvas venosas
superficiais
● Profunda: lesão nas veias profundas.
FATORES DE RISCO
Fig. Demonstração das veias superficiais e
profundas bem como as anastomoses.
Modificáveis:
● Sedentarismo
● Obesidade
● Posição supinada prolongada
● Tabagismo
● Hipertensão arterial
● Anticoncepcional
Não modificáveis:
● Sexo feminino
● Gestação
● Idade avançada
● Traumas de membros inferiores
QUADRO CLÍNICO
Fig. Varizes.
● Laser endovenoso/radioablação:
Eliminação de veias superficiais
incompetentes.
Pacientes com úlceras venosas: terapia de
compressão, remoção do tecido desvitalizado.
Utilização de curativos simples e não aderentes;
utilização de enxertos ou retalhos.
Referências:
@Matteus_Brendow
Problema
APG 14
14
TROMBOSE VENOSA
Objetivos: Estudar a fisiopatologia da trombose venosa; Compreender como é feito o diagnóstico de TV;
Elucidar o diagnóstico, fatores de risco e tratamento do TV.
INTRODUÇÃO DEFINIÇÃO
Revisão da anatomia da drenagem venosa dos A trombose venosa profunda (TVP) caracteriza-se
membros inferiores. pela formação de trombos dentro de veias
profundas, com obstrução parcial ou oclusão total.
As principais complicações decorrentes dessa
doença são:
● Insuficiência venosa crônica
● Embolia pulmonar (EP), tendo alta
importância clínica e sendo estudada
posteriormente.
FATORES DE RISCO
QUADRO CLÍNICO
TRATAMENTO
Fig. Ultrassonografia venosa evidenciando Consiste em evitar que a TVP evolua para TEP
trombose em veia poplítea. As imagens de cima (tromboembolismo pulmonar) pelo deslocamento
demonstram o leito venoso sem (esquerda) e com do trombo virando êmbolo. Evita também,
(direita) compressão da pele ao longo da veia síndromes pós trombóticas.
poplítea. A não alteração do formato da veia OBS: Síndrome Pós-trombótica é uma
mediante compressão é sugestivo de TVP. Nas complicação tardia da trombose venosa: quando
imagens inferiores, tem-se um comparativo com a persistem os sintomas de dor e inchaço na perna
veia femoral, a qual apresenta compressibilidade comprometida após tratamento completo da
parcial. trombose venosa.
Todo tromboembolismo venoso do sistema
A venografia consiste em um exame no qual é femoropoplíteo deve ser tratado com
injetado contraste no sistema venoso para anticoagulantes.
avaliação de TVP e sua localização. O contraste é Heparina (para manter o tempo de protrombina
injetado nas veias do pé para visualização do (TPT) entre 60 e 80s) seguido pelo uso de
sistema venoso profundo. É o padrão ouro, mas é Varfarina (para obter um INR entre 2 e 3) retirando
invasivo pelo uso de contraste e pode ocasionar heparina após a instalação do efeito da varfarina.
alergia. É utilizado também quando se deve fazer Tratamento cirúrgico da TVP é necessário em
intervenção cirúrgica, para melhor visualização do ocorrências de:
quadro. ● Flegmasia*
● Trombose da veia cava sintomática
● TVP refratária à anticoagulantes.
OBS: Flegmasia é o termo habitualmente usado 2. TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON,
para descrever o importante edema e dor nos Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia.
membros inferiores em casos de tromboses 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
venosas profundas que atingem as veias ilíacas e 2016
mesmo a veia cava inferior.
Trombectomia endovascular consiste na retirada
mecânica do trombo por meio de um cateter ou
incisão.
Angioplastia com stent também é utilizada.
Referências:
1. https://sbacv.org.br/wp-content/uploads/201
8/02/trombose-venosa-profunda.pdf
Matteus Brendow
Problema
APG- 15 15
Síndrome de Marfan
INTRODUÇÃO
Cirúrgico
Cirurgia para reparos na dissecção aórtica
(emergência).
Cirurgia profilática em casos de dilatação da raiz
da aorta. A cirurgia profilática consiste na
substituição da raiz da aorta, valva aórtica e aorta
ascendente por prótese mecânica.
Referências:
1. https://doi.org/10.1016/j.repc.2019.09.008
Problema
APG 16 16
ANEMIAS CARENCIAIS
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
Fig. Comparação entre normoblastos (esquerda) e ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12
megaloblastos (direita) em amostra de aspirado de (ANEMIA PERNICIOSA)
medula óssea. Os megaloblastos são maiores,
apresentam núcleos relativamente imaturos com a Níveis insuficientes de vitamina B12 (cobalamina)
cromatina finamente reticulada e abundante resultam em anemia megaloblástica idêntica a de
citoplasma basofílico. folato. A diferença entre as duas é que a anemia
perniciosa pode causar distúrbios desmielinizantes
ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FOLATO (ÁCIDO dos nervos periféricos e da medula espinal.
FÓLICO) A deficiência de vitamina B12, dentre outros
fatores, relaciona-se com o fator intrínseco
É uma anemia secundária à deficiência de ácido (glicoproteína produzida pelas células parietais do
fólico (vit. B9). É incomum. estômago necessárias para absorção de vit. B12).
O risco para desenvolvimento de anemia por A absorção de vitamina B12 tem os seguintes
deficiência de folato é alto nos indivíduos que se processos:
alimentam com dieta pobre ou naqueles que 1. A digestão péptica libera vit. B12 permitindo
apresentam necessidades metabólicas a sua ligação à proteína salivar
aumentadas (grávidas e pacientes com anemias Haptocorrina
hemolíticas crônicas). 2. Quando o complexo haptocorrina-vitamina
B12 entra no duodeno são processados por
proteases pancreáticas, o que libera a vit. Sinais e sintomas de deficiência de folato.
B12 que, por sua vez, se liga ao fator Doença da medula espinal- começa com
intrínseco secretado pelas células parietais entorpecimento simétrico, formigamento e
da mucosa do fundo gástrico. aderência nos pés e mãos, seguidos de
3. Os complexos fator intrínseco-B12 instabilidade da marcha e perda senso posicional.
atravessam o íleo distal e se ligam à A administração via parenteral de vit. B12 melhora
cubulina*,receptor do fator intrínseco, a resposta a anemia, porém as manifestações
sendo aí transportada para os enterócitos. neurológicas normalmente não desaparecem.
4. A vitamina B12 absorvida é transferida
através das membranas basolaterais para DIAGNÓSTICO
as transcobalaminas plasmáticas, que
conduzem a vit. B12 ao fígado e outras Baixos níveis séricos de vitamina B12
células do corpo. Níveis séricos de folato normal
Anticorpos séricos contra fator intrínsecos
PATOGENIA Anemia megaloblástica
Leucopenia com granulócitos hipersegmentados
A má absorção de longa duração é a causa da Acentuada resposta reticulocitária (2-3 dias) após
maioria dos casos de deficiência de vitamina B12. administração parenteral de vitamina B12.
A vitamina B12 é encontrada abundantemente em
todos os alimentos derivados de animais (ovos, Referências:
leite e lácteos), essa vitamina é resistente ao
cozimento e à fervura. 1. TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON,
Nesse sentido, a deficiência dessa vitamina na Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia.
dieta é rara, estando restrita a vegetarianos 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
rigorosos. 2016.
A vitamina B12 é armazenada no fígado, com 2. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.;
reservas corporais para um período de 5-20 anos. MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia básica.
A anemia perniciosa é derivada de uma reação 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
autoimune contra as células parietais e contra o
fator intrínseco, fatores como:
Autoanticorpos presentes no soro e no suco
gástrico. Anticorpos canaliculares parietais (se
ligam às células parietais da mucosa), anticorpos
neutralizantes (impedem a da vitamina B12 ao
fator intrínseco), anticorpos contra os complexos
fator intrínseco-B12 (ligação do complexo à
cubulina).
Anemia perniciosa ocorre frequentemente em
paralelo a outras doenças autoimunes (tireoidite de
Hashimoto, doença de Addison e diabetes melito
tipo 1).
Anticorpos séricos contra fator intrínseco estão
presentes em pacientes com outras doenças
autoimunes.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
Problema
APG 17 17
MALÁRIA
DEFINIÇÃO
VETOR
A malária é uma doença infecciosa febril aguda
que pode ser causada por quatro tipos de A malária é transmitida pelo mosquito da família
protozoários: Culicidae e Gênero Anopheles. Eles possuem
● Plasmodium vivax metamorfose completa, ou seja, passam pelo
● P. falciparum estágio de ovo, larva, pupa e adulto. Ovo e larva
● P. malariae são aquáticos e necessitam de água limpa,
● P. ovale corrente e fria com sombra.
No Brasil somente o vivax, falciparum e malariae
estão presentes. Sendo o P. vivax e o P. falciparum
mais presentes. Os plasmodium são transmitidos
pela picada do mosquito Anopheles.
EPIDEMIOLOGIA
Diagnóstico:
Problema
APG 18 18
DENGUE
FISIOPATOLOGIA
Assim que o vírus da dengue penetra na corrente Deve-se encarar a doença em três fases distintas:
sanguínea, após a picada do mosquito, ele se Fase febril: Fase sintomática clássica da doença,
desloca preferencialmente para 3 locais: febre alta de 39-40 graus de início súbito e duração
● Monócitos de 2 a 7 dias, frequentemente associada a
● Linfonodos cefaléia, artralgia, mialgia e dor retro orbitária.
● Musculatura esquelética Além disso, o paciente pode apresentar náuseas e
O objetivo da infecção dessas células é se vômitos, diarréia (pouco volumosa,com fezes
multiplicar, o vírus da dengue produz RNA viral que pastosas 3-4x ao dia) e exantema.
será lido e sintetizado pelos ribossomos da célula
invadida e, assim, produzidas proteínas virais.
Com a disseminação do vírus pelo corpo do
paciente, a produção de citocinas pró-inflamatórias
como (interleucinas (IL) 1, 2, 6, 7 e FNT (fator de
necrose tumoral)) é exacerbada iniciado a fase
sintomática da doença. A parede vascular é uma
das mais afetadas por essa fase sintomática,
aumentando a permeabilidade vascular podendo
desencadear quadros de hemorragia.
Fig. Dengue clássica. Necrose centrolobular e
mediozonal.
Fig. Exantema.
DIAGNÓSTICO
CLASSIFICAÇÃO e TRATAMENTO
O teste sorológico para o diagnóstico de dengue
depende do tempo de início da doença.
A classificação de risco do paciente com dengue
Durante os 5 primeiros dias da doença o paciente
visa reduzir o tempo de espera do paciente no
ainda não vai ter desenvolvido sorologia positiva
sistema de saúde. Os dados da anamnese e do
para dengue. Desse modo, a única forma de se
exame clínico serão para fazer o estadiamento.
fazer o diagnóstico é através da dosagem de
partículas do próprio vírus causador, as opções
são:
● Pesquisa de Antígeno Viral (NS1)
● Teste de Amplificação genética (RRT-PCR)
● Imuno-histoquímica tecidual
Problema
APG 19 19
HEMOFILIAS
DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO
O diagnóstico de hemofilia A:
Problema
APG 20 20
EMBOLIA PULMONAR
DEFINIÇÃO
Fatores de risco:
1. Repouso prolongado (imobilização das Nas obstruções de ramos terminais da artéria
pernas) pulmonar, surge um espaço morto patológico, área
2. Cirurgias (em especial ortopédicas) em que há ventilação mas não há perfusão, para
3. Traumas severos (queimaduras os fraturas que ocorra a troca gasosa.
múltiplas) Na relação ventilação-perfusão (Va/Q), a
4. Insuficiência cardíaca congestiva proporção é infinita Va (normal) e Q (= a 0), não
5. Uso de contraceptivos com altas ocorrendo troca gasosa. Isso contribui para o
concentrações de estrogênio desenvolvimento de sintomas como dispnéia e
6. Câncer disseminado hipóxia.
7. Desordens de hipercoagulação (fator de V
de Leiden)
São os principais fatores de risco relacionados ao
desenvolvimento de TEP, também :
Trauma não cirúrgico e cirúrgico, idade maior que
40 anos; tromboembolismo venoso prévio;
imobilização; doença maligna; IAM; obesidade;
veias varicosas; parto; DPOC (doença pulmonar
obstrutiva crônica).
FISIOPATOLOGIA
● Sinais de sobrecarga do VD
● Bloqueio de ramo direito
● Desvio do eixo eletrocardiográfico para a
direita
● Inversão da onda T derivações precordiais
(V1 a V4)- mais frequentes, presente em
68% dos casos. Fig. TC sugestiva de TEP. Evidências de
hipertrofia do VD com desvio do septo
interventricular, pelo aumento da pressão na
câmara gerada pelo trombo.
Radiografia de Tórax:
Pacientes estáveis clinicamente devem ser
classificados como em
● Baixa (D- dímero normal exclui diagnóstico
de EP)
● Média ou alta probabilidade clínica
Obs:Com teste de D-dímero positivo ainda é
necessária a investigação, sendo um exame que
só descarta a possibilidade de EP não dando
diagnóstico.
A cintilografia deve ser utilizada em pacientes com
Fig. TC sugestiva de TEP.
tenham raio X de tórax normal, e quando negativa,
na fase de perfusão pode excluir o diagnóstico de
Ressonância magnética (RM): possibilidade de
EP.
visualização das artérias pulmonares sem a
Em pacientes com raio X de tórax alterado, a TC e
necessidade de utilização de contraste iodado e
RM (preferível em pacientes com disfunção renal
sem exposição a radiação, é a principal vantagem
ou anafilaxia) devem ser utilizadas.
da RM.
Arteriografia pulmonar, exame final (depois de
realizados os acima) está reservada a pacientes
Arteriografia pulmonar (AGP): É o método
com alta probabilidade clínica e que não tenham
padrão para diagnóstico de EP com visualização
confirmado o diagnóstico com as estratégias
da circulação pulmonar, após a injeção de
anteriores.
contraste iodado. Anafilaxia e Nefrotoxicidade são
complicações desse método.
DIAGNÓSTICO