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MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos
Estratégicos em Saúde PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA
Secretaria de Vigilância em Saúde PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DE HIV, SÍFILIS E HEPATITES VIRAIS
Fonte: DCCI/SVS/MS.
Para mais informações sobre testagem, devem ser consultados o PCDT para
Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis, o Manual
Técnico para Diagnóstico da Infecção pelo HIV, o Manual Técnico para Diagnóstico da
Sífilis e o Manual Técnico para Diagnóstico das Hepatites Virais, disponíveis em http://
www.aids.gov.br/pcdt e http://www.aids.gov.br/biblioteca.
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MANEJO DAS IST NA
GESTANTE E PARCERIA
Para mais informações sobre o diagnóstico e manejo adequado das IST, consultar
o PCDT para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis,
disponível em http://www.aids.gov.br/pcdt e http://conitec.gov.br/.
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PESSOAS VIVENDO COM
HIV E PLANEJAMENTO
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SEXUAL E REPRODUTIVO
Para promover e proteger o direito à saúde sexual e planejamento reprodutivo das
PVHIV, os serviços de saúde devem se adequar às necessidades e especificidades de
seus usuários ao longo dos seus ciclos de vida.
Isso implica uma nova abordagem do cuidado – não mais a oferta exclusiva do
preservativo masculino, mas a ampliação da perspectiva para a Prevenção Combinada,
concepção e contracepção, além de PrEP e PEP para o HIV, quando indicado.
Existem alguns princípios que devem nortear o modelo e a oferta dos serviços
relacionados à fertilidade para pessoas em parcerias sorodiferentes. No que diz
respeito às orientações, os profissionais de saúde devem dar suporte à tomada de
decisões conscientes e voluntárias sobre as escolhas reprodutivas. Recomenda-se
um enfoque nas questões relacionadas ao estigma e discriminação que as PVHIV e
suas parcerias podem sofrer durante o período de concepção, gestação e pós-parto,
no que se refere ao risco de transmissão sexual e vertical do HIV e aos cuidados no
puerpério, em especial a alimentação do recém-nascido e a inibição da lactação.
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ADOLESCÊNCIA EM PESSOAS
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VIVENDO COM HIV
De acordo com cada fase da vida e com a identificação dos riscos e práticas sexuais,
podem ser oferecidas diferentes tecnologias associadas à Prevenção Combinada das
IST/HIV/hepatites virais.
Para mais informações, consultar o PCDT para Manejo da Infecção pelo HIV em
Crianças e Adolescentes, disponível em http://www.aids.gov.br/pcdt.
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ORIENTAÇÕES SOBRE
SAÚDE SEXUAL DE PESSOAS
VIVENDO COM HIV
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PARA AS PVHIV:
› Garantir que estejam em tratamento regular, com boa adesão à TARV, assintomáticas e sem
infecções oportunistas (IO);
› Atualizar a situação vacinal;
› Atualizar o exame colpocitológico;
› Assegurar que tenham pelo menos duas CV-HIV indetectáveis consecutivas, sendo a última com
até seis meses de realização;
› Garantir que tenham exames negativos para sífilis e outras IST, mesmo assintomáticas;
› Adequar medicações de potencial teratogênico, quando for o caso.
Fonte: DCCI/SVS/MS.
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PLANEJAMENTO REPRODUTIVO
PARA CONCEPÇÃO EM PESSOAS
VIVENDO E CONVIVENDO COM HIV
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Ressalta-se também que o uso adequado de PrEP é uma medida eficaz para
prevenção da transmissão de HIV entre casais sorodiferentes (9, 18).
Para a oferta ou não de PrEP como mais uma ferramenta para os casais
sorodiferentes, deve-se considerar a supressão da CV-HIV e o perfil da PVHIV quanto à
adesão à TARV e ausência de outras IST, além da realização de práticas sexuais de risco.
Se indicada PrEP para a parceria que não vive com HIV antes do período fértil,
o tempo para início da proteção com o uso de PrEP a partir da tomada da primeira
dose depende da via sexual. Para a relação vaginal, são necessários pelo menos 20
dias. No entanto, o início da PrEP conjuntamente com o primeiro dia da menstruação
garante proteção máxima, quando são levadas em consideração a farmacocinética e o
comportamento humano durante o período fértil (9, 18).
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Planejamento reprodutivo para concepção em pessoas vivendo e convivendo com HIV
Para mais informações sobre PrEP, consultar o PCDT para Profilaxia Pré-Exposição
(PrEP) de Risco à Infecção pelo HIV, disponível em http://www.aids.gov.br/pcdt e
http://conitec.gov.br/.
O período fértil é aquele que ocorre durante os cinco dias que antecedem a
ovulação até o dia da ovulação (duração de seis dias). O primeiro dia do ciclo é o dia
em que a menstruação ocorre. Para descobrir a provável data da ovulação, devem-se
subtrair 14 dias da duração do ciclo menstrual, já que a primeira fase do ciclo é variável
e a segunda fase tem duração fixa de 14 dias. Por exemplo: em um ciclo de 30 dias, a
ovulação tende a ocorrer no 16º dia do ciclo; já em um ciclo de 28 dias, a ovulação deve
ocorrer no 14º dia do ciclo. Assim, em um ciclo de 28 dias, o período fértil seria do 9º
dia ao 14º do ciclo menstrual. Já em um ciclo de 30 dias, o período fértil seria do 11º dia
ao 16º do ciclo menstrual.
Situação 1: MULHER VIVENDO COM HIV e parceria sexual HOMEM NEGATIVO para o HIV
Caso a mulher vivendo com HIV esteja em uso de TARV com boa
adesão e apresente CV-HIV indetectável por no mínimo seis meses,
recomenda-se relação sexual sem preservativo masculino ou feminino
como primeira opção para concepção (9, 15).
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Planejamento reprodutivo para concepção em pessoas vivendo e convivendo com HIV
Situação 2: HOMEM VIVENDO COM HIV e parceria sexual MULHER NEGATIVA para o HIV
Caso o homem vivendo com HIV esteja em uso de TARV com boa
adesão e apresente CV-HIV indetectável por no mínimo seis meses,
recomenda-se relação sexual sem preservativo masculino ou feminino
como primeira opção para concepção (9, 15).
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A relação sexual pode ser a cada um a dois dias, ou somente no período fértil. Caso
não haja fatores que reduzam a fertilidade e a idade da mulher seja inferior a 35 anos,
orienta-se a tentativa por até 12 meses. Caso a idade da mulher seja superior a 35 anos, o
tempo de tentativa deve ser limitado a seis meses. Após esse período, referenciar o casal
para a investigação de infertilidade (18, 25).
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MANEJO OBSTÉTRICO E VIAS
DE PARTO NA GESTANTE
VIVENDO COM HIV
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Parto segundo
Gestante com CV indicação obstétrica, Manter TARV habitual
indetectável na 34ª preferencialmente via oral
semana vaginal
Fonte: DCCI/SVS/MS.
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Manejo obstétrico e vias de parto na gestante vivendo com HIV
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USO DE TERAPIA
ANTIRRETROVIRAL COMO
PROFILAXIA DA TRANSMISSÃO
VERTICAL DO HIV NO PARTO
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MANEJO DA MULHER VIVENDO
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COM HIV NO PUERPÉRIO
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MANEJO CLÍNICO DO RECÉM-
NASCIDO EXPOSTO AO HIV
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conclusão
O exame deverá ser coletado por meio de punção periférica (não coletar material de
cordão umbilical), preferencialmente antes do início da profilaxia com ARV. No entanto, a
coleta não deve atrasar a administração dos medicamentos.
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Manejo clínico do recém-nascido exposto ao HIV
Todas as crianças nascidas de mães vivendo com HIV deverão receber ARV como
uma das medidas de profilaxia para TV. Para a definição do esquema profilático, a criança
deverá ser classificada em ALTO ou BAIXO risco de exposição, conforme os critérios
presentes no Quadro 19.
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Quadro 19 – Classificação do risco de exposição ao HIV para criança nascida de mãe vivendo
com HIV
RISCO CRITÉRIOS
Fonte: DCCI/SVS/MS.
O RAL não pode ser administrado em crianças com idade gestacional (IG) abaixo
de 37 semanas. Para essa situação ou outras contraindicações ao RAL, o esquema será
composto de AZT e 3TC, administrado por 28 dias, concomitantemente com nevirapina
(NVP) por 14 dias.
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Manejo clínico do recém-nascido exposto ao HIV
4. Nevirapina (NVP):
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37 semanas ou
X X X Não usar
mais
Alto risco 34 a 37
X X Não usar X
semanas
Fonte: DCCI/SVS/MS.
Para mais informações, consultar o PCDT para o Manejo da Infecção pelo HIV
em Crianças e Adolescentes, disponível em http://www.aids.gov.br/pcdt, e a Nota
Informativa nº 2/2021-.DCCI/SVS/MS, disponível em http://azt.aids.gov.br/.
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Manejo clínico do recém-nascido exposto ao HIV
Para mais informações, consultar o PCDT para o Manejo da Infecção pelo HIV em
Crianças e Adolescentes, disponível em http://www.aids.gov.br/pcdt.
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A imunoglobulina
Imunoglobulina humanaBanti-hepatite
anti-hepatite B (IGHAHB)
(IGHAHB) e vacina estáBindicada logo
de hepatite
após o nascimento, preferencialmente ainda nas primeiras 12 horas
de vida, para RN de mãe HBsAg reagente para hepatite B. A dose da
imunoglobulina é 0,5mL, IM, no músculo vasto lateral.
Está indicada na dose de 150 UI, por via IM, nas seguintes situações:
Está indicada na dose de 250 UI, por via IM, para RN que apresentem situação de
risco para tétano e cujas mães não tenham história vacinal que garanta proteção contra
o tétano neonatal (dT: vacina dupla tipo adulto – esquema de três doses há menos de
um ano ou reforço há menos de cinco anos).
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AMAMENTAÇÃO NAS MULHERES
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VIVENDO COM HIV
A criança exposta, infectada ou não, terá direito a receber a fórmula láctea infantil,
pelo menos, até completar seis meses de idade. Esse prazo pode ser estendido
conforme avaliação de casos específicos.
A prática já demonstrou que uma das intervenções mais efetivas para evitar a
amamentação natural é começar a orientação para o aleitamento artificial já durante
o pré-natal. A decisão e a comunicação à puérpera sobre a necessidade de suprimir a
lactação apenas após o parto é considerada tardia, com resultados insatisfatórios.
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Se a criança for exposta à amamentação por mulher vivendo com HIV, deve-se
orientar a mãe para a interrupção imediata da amamentação e avaliação quanto à
necessidade de realização de PEP, simultaneamente à investigação diagnóstica.
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Amamentação nas mulheres vivendo com HIV
REFERÊNCIAS
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RESPOSTA IMUNOLÓGICA AO
TRATAMENTO DE SÍFILIS
Deve-se realizar a coleta do teste não treponêmico, sempre que possível, no início
do tratamento (idealmente, no primeiro dia), uma vez que os títulos podem aumentar
significativamente se a medicação só for iniciada após alguns dias do diagnóstico. Isso é
importante para documentar a titulação no momento do início do tratamento e servirá
como base para o monitoramento clínico.
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Secretaria de Vigilância em Saúde PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DE HIV, SÍFILIS E HEPATITES VIRAIS
TÍTULO x DILUIÇÃO
OU
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Resposta imunológica ao tratamento de sífilis
OU
Para mais informações sobre neurossífilis, consultar o PCDT para Atenção Integral
às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis, disponível em http://www.
aids.gov.br/pcdt.
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SÍFILIS: PARCERIAS SEXUAIS
Um terço das parcerias sexuais de pessoas com sífilis recente desenvolverão sífilis
dentro de 30 dias da exposição. Portanto, além da avaliação clínica e do seguimento
laboratorial, se houve exposição a pessoa com sífilis (até 90 dias), recomenda-se
oferta de tratamento presuntivo a esses parceiros sexuais (independentemente do
estágio clínico ou sinais e sintomas), com dose única de benzilpenicilina benzatina 2,4
milhões, UI, IM (1,2 milhão de UI em cada glúteo).
Todas as parcerias devem ser testadas. Quando o teste de sífilis for reagente,
recomenda-se tratamento de sífilis adquirida no adulto, de acordo com o estágio clínico.
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ALGORITMO DE DECISÃO CLÍNICA
PARA MANEJO DA SÍFILIS
ADQUIRIDA E SÍFILIS EM GESTANTES
A lâmina 1 aborda quem, quando e como testar para sífilis. Reforça-se, aqui, a
importância da implantação e utilização do teste rápido para sífilis (teste treponêmico
de alta sensibilidade e especificidade, realizado no local) já no primeiro atendimento, de
forma oportuna e sem necessidade de encaminhamento ou agendamento.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Figura 7 – Algoritmo para manejo da sífilis adquirida e sífilis em gestantes
Sim Não¹
Realizar teste rápido Solicitar “Diagnósco de sífilis” ao laboratório²
Se o teste rápido for não reagente, ver lâmina 2; se o teste rápido for reagente, ver lâmina 3 Ver lâmina 5
1 Arcular junto ao serviço e à coordenação local a implementação do teste rápido. Os testes rápidos são prácos e de fácil execução, com leitura do resultado em, no máximo, 30 minutos. Podem ser realizados com
amostras de sangue total colhidas por punção digital ou venosa. Têm a vantagem de serem realizados no momento da consulta, possibilitando tratamento imediato.
² O laboratório realizará a invesgação para diagnósco de acordo com sua disponibilidade de testes imunológicos.
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Sexualmente Transmissíveis
Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções
Secretaria de Vigilância em Saúde
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Lâmina 2 – Invesgação para diagnósco de sífilis
Teste rapido (ou outro teste treponêmico) ou VDRL/RPR (ou outro teste não treponêmico) não reagente
Não Sim
O paciente teve parceria sexual (nos úlmos 3 meses) com diagnósco de sífilis e não foi tratado?
Sífilis recente
• Tratar para sífilis recente (ver lâmina 6).
Não Sim • Realizar teste para sífilis¹ após 30 dias.
• Avaliar e tratar para sífilis recente as
parcerias sexuais (úlmos 3 meses).
Teste negavo para sífilis Sífilis recente
¹ Nessa solicitação, o laboratório irá realizar um teste não treponêmico. Os mais disponíveis no Brasil são o VDRL e o RPR.
² Os sinais/sintomas de sífilis secundária ocorrem entre 6 semanas a 6 meses após a cicatrização da úlcera primária e incluem erupção cutânea (principalmente em palmas das mãos e plantas dos pés), lesões orais,
lesões vegetantes (em especial nos genitais), alopecia (perda de cabelo, especialmente em clareiras), sintomas gerais (mal-estar, febre, cefaleia, astenia).
3 Na indisponibilidade do teste rápido, deve-se solicitar “Diagnósco de Sífilis” ao laboratório.
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Lâmina 4 – Invesgação para diagnósco de sífilis iniciado com teste não treponêmico
Sexualmente Transmissíveis
Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções
Secretaria de Vigilância em Saúde
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VDRL/RPR (ou outro teste não treponêmico) reagente
Realizar teste rápido1
• Se o paciente apresenta úlcera anogenital ou sinais/sintomas de sífilis secundária2, ou teve parceria sexual com diagnósco de sífilis, ou é gestante sem registro de tratamento prévio
adequado para sífilis: tratar para sífilis recente (ver lâmina 6) e noficar.
Teste rápido reagente Teste rápido não reagente
Solicitar outro teste treponêmico (metodologia ≠ do teste rápido)
Paciente tem história e/ou registro de tratamento prévio para sífilis? Provável falso-reagente no
teste não treponêmico
Não Sim
• Invesgar outras causas
Paciente tem VDRL/RPR prévio após tratamento adequado, para comparação? • Se o paciente apresenta
Paciente tem história e/ou registro de tratamento prévio para sífilis? Provável falso-reagente no
primeiro teste treponêmico
Não Sim realizado
• Se o paciente apresenta
Paciente tem VDRL/RPR após tratamento prévio, para comparação? úlcera anogenital ou teve
1 O laboratório realizará a invesgação para diagnósco de acordo com sua disponibilidade de testes imunológicos.
2 Na indisponibilidade do teste rápido, deve-se solicitar “Diagnósco de Sífilis” ao laboratório.
3 Os sinais/sintomas de sífilis secundária ocorrem entre 6 semanas a 6 meses após a cicatrização da úlcera primária eincluem erupção cutânea (principalmente em palmas das mãos e plantas dos pés), lesões orais, lesões
vegetantes (em especial nos genitais), alopecia (perda de cabelo, especialmente em clareiras), sintomas gerais (mal-estar, febre, cefaleia, astenia).
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Sexualmente Transmissíveis
Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções
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Sífilis recente (primária, secundária e latente recente) Sífilis tardia (terciária, latente tardia ou latente com duração ignorada)
• Aplicar, na mesma consulta, dose única de benzilpenicilina benzana 2,4MUI IM. Se • Aplicar, na mesma consulta, primeira dose de benzilpenicilina 2,4MUI IM e reper
houver contraindicação¹ à benzilpenicilina benzana e paciente não for gestante/ semanalmente por mais 2 semanas. Se houver contraindicação¹ à benzilpenicilina e
esver amamentando, prescrever doxiciclina 100mg 12/12h, por 15 dias. paciente não for gestante/esver amamentando, prescrever doxiciclina 100mg 12/12h
• Se paciente for gestante/esver amamentando e ver história de reação leve/moderada por 30 dias.
sem anafilaxia após uso de penicilina, aplicar dose única de penicilina benzana 2,4MUI IM. • Se paciente for gestante/esver amamentando e ver história de reação leve/moderada
• Se paciente for gestante/esver amamentando e ve história de reação grave/anafilaxia sem anafilaxia após uso de penicilina, aplicar primeira dose de benzilpenicilina 2,4MUI IM
após uso de penicilina, encaminhar/discur com especialista. e reper semanalmente por mais 2 semanas.
• Se paciente for gestante/esver amamentando e ver história de reação grave/anafilaxia
após uso de penicilina, encaminhar/discur com especialista.
• Febre, dor de cabeça, dor muscular e rash podem ocorrer após tratamento e melhoram em 1-2 dias, espontaneamente (Reação de Jarish-Herxheimer). Prescrever paracetamol ou dipirona
500mg 6/6h, se necessário.
• Tratar parceria(s) (dos úlmos 3 meses) para sífilis recente (independentemente de sintomas/resultado dos testes) e testar para sífilis na mesma semana. Interpretar resultados para
decidir connuar tratamento para sífilis tardia.
• A regra é de que o intervalo entre as doses seja de 7 dias para completar o tratamento. Entretanto, em não gestantes, caso esse intervalo ultrapasse 14 dias, o esquema deverá ser
reiniciado. Em gestantes, caso esse intervalo ultrapasse 7 dias, o esquema deve ser reiniciado.
• Se gestante e em tratamento completo para o estágio clínico da sífilis com penicilina benzana e INICIADO até 30 dias antes do parto: registrar tratamento adequado na carteira de
Solicitar ao laboratório “Monitoramento do tratamento de sífilis”3 com 3, 6, 9 e 12 meses. Em caso de gestante, reper mensalmente (registrar na carteira de pré-natal) e, após o parto,
reper até completar 1 ano (3, 6, 9 e 12 meses).
Monitoramento de sífilis
Comparar novo VDRL/RPR com VDRL/RPR prévio
• VDRL/RPR atual é pelo menos 2 diluições menores que o do diagnósco (ex.: anterior 1:32, atual 1:8), 6 meses após tratamento para sífilis recente, ou
• VDRL/RPR atual é pelo menos 2 diluições menores que o do diagnósco (ex.: anterior 1:32, atual 1:8), 12 meses após tratamento para sífilis tardia
Não Sim
Paciente mantém/desenvolveu nova úlcera anogenital ou sinais/sintomas de sífilis secundária² ou ocorreu
tratamento incompleto do paciente/parceria(s) ou houve nova exposição?
Sim Não
• Se HIV posivo, retratar paciente e parceria(s) para sífilis recente ou tardia (de acordo • Reper VDRL/RPR trimestralmente até completar 12 meses. Se não houver aumento de
com cada caso), solicitar punção lombar e invesgar neurossífilis². tulação em pelo menos 2 diluições (ex.: anterior 1:4, atual ≥1:16) e persisr
• Se HIV negavo, retratar paciente e parceria(s) para sífilis recente ou tardia (de acordo assintomáco no período, dar alta.
com cada caso). Em caso de tratamento completo e sem nova exposição, também • Se gestante, registrar tratamento adequado e queda da tulação na carteira de pré-natal,
solicitar punção lombar e invesgar neurossífilis². reper VDRL/RPR mensalmente. Após parto, manter seguimento até completar 12 meses.
Se houver qualquer VDRL/RPR com pelo menos 2 diluições maior que anterior ou persistência/novos sinais de sífilis: invesgar reexposição/tratamento incompleto e retratar paciente e
parceria(s) para sífilis recente ou tardia (de acordo com cada caso). Se tratamento completo e sem nova exposição confirmada, também solicitar punção lombar e invesgar neurossífilis².
1 Contraindicação à benzilpenicilina benzana: presença de silicone (prótese ou silicone líquido industrial) nos locais recomendados para aplicação IM da medicação e alergia/anafilaxia após uso da penicilina.
2 Em caso de diagnósco de neurossífilis, encaminhar/discur com especialista para internação hospitalar e tratamento.
3 Os testes não treponêmicos laboratoriais (VDRL/RPR/USR/TRUST) são os testes ulizados para o monitoramento do tratamento de sífilis. Orienta-se realizar a mesma metodologia durante todo o período de monitoramento.
Fonte: DCCI/SVS/MS.
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SÍFILIS CONGÊNITA E CRIANÇA
EXPOSTA À SÍFILIS
A OMS estimou que, em 2012, a ocorrência de sífilis causou 350 mil desfechos
gestacionais adversos, incluindo 143 mil mortes fetais e natimortos, 62 mil óbitos
neonatais, 44 mil neonatos prematuros ou com baixo peso ao nascer e 102 mil crianças
com sífilis congênita (20). No Brasil, nos últimos cinco anos, observou-se um aumento
constante no número de casos de sífilis em gestantes, sífilis congênita e sífilis adquirida.
Esse aumento pode ser atribuído, em parte, à elevação nos números de testagem,
decorrente da disseminação dos testes rápidos, mas também à diminuição do uso
de preservativos, à redução na administração da penicilina na Atenção Básica e ao
desabastecimento mundial de penicilina, entre outros.
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Portanto, a SC é uma doença que pode ser prevenida, sendo possível alcançar sua
eliminação por meio da implementação de estratégias efetivas de diagnóstico precoce
e tratamento de sífilis nas gestantes e suas parcerias sexuais (20). Além disso, o risco
de desfechos desfavoráveis à criança será mínimo se a gestante receber tratamento
adequado e precoce durante a gestação.
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AVALIAÇÃO INICIAL DA CRIANÇA
EXPOSTA OU COM SÍFILIS
CONGÊNITA NA GESTANTE
A avaliação inicial da criança exposta à sífilis ou com sífilis congênita é realizada
especialmente na maternidade/casa de parto, considerando os seguintes aspectos:
› Histórico materno de sífilis quanto ao tratamento e seguimento na gestação;
Ressalta-se que, para que o tratamento seja considerado adequado, toda gestante
deve iniciar o tratamento pelo menos 30 dias antes do parto, e o esquema terapêutico
para o estágio clínico definido no diagnóstico deve ser finalizado no momento do parto.
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Para fins clínicos e assistenciais, alguns fatores são considerados para avaliar
a resposta terapêutica após o tratamento da sífilis na gestante, como:
> Tratamento adequado da gestante com sífilis;
> Avaliação quanto ao risco de reinfecção;
> Resposta imunológica adequada:
>> Documentação de queda da titulação do teste não treponêmico
em pelo menos duas diluições em até três meses, ou de quatro
diluições em até seis meses após a conclusão do tratamento (ex.:
antes, 1:16; depois, menor ou igual a 1:4);
>> Documentação de queda da titulação em pelo menos duas diluições
em até seis meses para sífilis recente ou até 12 meses para sífilis tardia.
Obs.: após o tratamento adequado, muitas vezes é observada estabilidade
de títulos em teste não treponêmico quando o título inicial for menor ou igual
a 1:4. O tempo de monitoramento durante a gestação pode ser insuficiente
para observar diminuição da titulação do teste não treponêmico.
A resposta imunológica pode ser mais lenta, sem caracterizar falha de tratamento,
com redução da titulação em duas diluições no intervalo de seis meses (sífilis primária,
secundária e sífilis latente recente) ou 12 meses (sífilis tardia), após tratamento adequado.
Recém-nascido
RN de mulher Não notificar;
diagnosticada com realizar avaliação
sífilis durante pré-natal e manejo clínico
Recém-nascido e ADEQUADAMENTE conforme
TRATADA* a Figura 10
exposto à sífilis
RN de mulher
diagnosticada com Notificar; realizar
sífilis no pré-natal, parto avaliação e
ou puerpério, NÃO manejo clínico
Recém-nascido TRATADA ou TRATADA conforme
DE FORMA NÃO a Figura 10
com sífilis congênita ADEQUADA
Fonte: DCCI/SVS/MS.
*Tratamento adequado: tratamento completo para o respectivo estágio clínico da sífilis, com benzilpenicilina benzatina,
iniciado até 30 dias antes do parto. As gestantes que não se enquadrarem nesse critério serão consideradas como
tratadas de forma não adequada.
Nota: as crianças nascidas de mãe com cicatriz sorológica para sífilis antes da gestação DEVEM realizar teste não treponêmico
na maternidade e, na ausência de sinais/sintomas, não necessitam de avaliação ou tratamento na maternidade.
171
40
CRIANÇA EXPOSTA À SÍFILIS
Deve-se dar atenção específica aos sinais e sintomas mais clássicos, referentes às
manifestações precoces de sífilis congênita.
172
Criança exposta à sífilis
Além do exame físico, toda criança exposta à sífilis deve ser submetida à análise de
exame laboratorial não treponêmico para exclusão da possibilidade de sífilis congênita.
No teste não treponêmico, um título maior que o materno em pelo menos duas
diluições (ex.: o materno 1:4 e o do RN maior ou igual a 1:16) é indicativo de infecção
congênita. No entanto, a ausência desse achado não exclui a possibilidade do
diagnóstico de SC.
Alguns estudos demonstraram que menos de 30% das crianças com sífilis
congênita têm resultado pareado do teste não treponêmico maior que o materno (31,
32); portanto, é fundamental a realização do seguimento de todas as crianças.
O Quadro 26 apresenta os testes para a criança exposta à sífilis que devem ser
realizados na maternidade ou casa de parto e no seguimento clínico e laboratorial.
173
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NA MATERNIDADE
TESTES DE SÍFILIS NO SEGUIMENTO O QUE AVALIAR
OU CASA DE PARTO
Não reagente ou reagente
com titulação menor, igual ou
até uma diluição maior que o
materno (ex.: RN 1:4, materno
1:2): baixo risco de SC.
Reagente com titulação superior
à materna em pelo menos duas
Realizar com 1, 3, 6, diluições: sífilis congênita. Tratar
12 e 18 meses de conforme a Figura 10 e realizar
idade. notificação imediata do caso de
sífilis congênita.
Interromper
o seguimento Espera-se que os TNT declinem
laboratorial aos 3 meses de idade, devendo
Coletar amostra de após dois testes ser não reagentes aos 6 meses
sangue periférico do não reagentes nos casos em que a criança não
Teste não RN e da mãe pareados consecutivos. tiver sido infectada e se trate
treponêmico (TNT) para comparação. apenas de passagem passiva
Realizar avaliação de anticorpos maternos. Se no
Não realizar coleta de laboratorial com
seguimento ocorrer elevação
cordão umbilical. TNT com 1, 3, 6, 12 e de títulos em duas diluições
18 meses de idade, em TNT ou persistência da
interrompendo titulação aos 6 meses de
o seguimento idade, a criança deverá ser
após dois testes investigada, submetida à coleta
não reagentes de líquor cefalorraquidiano
consecutivos. (LCR), tratada para sífilis
congênita com benzilpenicilina
potássica (cristalina) por 10
dias e notificada à vigilância
epidemiológica.
Idealmente, o exame deve ser
feito pelo mesmo método e no
mesmo laboratório.
Um teste treponêmico
reagente após os 18 meses
idade (quando desaparecem
os anticorpos maternos
transferidos passivamente no
período intrauterino) confirma o
diagnóstico de sífilis congênita.
Um resultado não reagente não
NÃO é obrigatório.
exclui sífilis congênita nos casos
Teste treponêmico Não realizar Pode ser realizado a em que a criança foi tratada
partir dos 18 meses precocemente.
de idade.
Crianças com teste
treponêmico reagente após
18 meses de idade e que não
tenham histórico de tratamento
prévio deverão passar por uma
avaliação completa, receber
tratamento e ser notificadas
como caso de sífilis congênita.
continua
174
Criança exposta à sífilis
conclusão
Observações:
› Fazer a solicitação dos TNT, para que os resultados estejam disponíveis na
consulta de retorno.
› Aproveitar o momento da consulta para avaliar o risco de outras IST maternas. O diagnóstico prévio
de uma IST é fator de risco para outras, inclusive HIV, que pode ser transmitido pelo aleitamento
materno.
› Indagar sobre práticas sexuais e oferecer testagem para a mãe da criança e suas
parcerias sexuais, de rotina, enquanto a mulher estiver amamentando (testagem para HIV pelo
menos a cada 6 meses).
› Oferecer teste rápido e vacina para hepatite B, quando não houver histórico
de imunização.
Fontes: Adaptado de Workowski; Bolan, 2015 (3); Rawstron et al., 2001 (31); Ghanem et al., 2020 (8); Lago et al., 2013 (26).
175
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Nesses dois casos, as crianças serão notificadas para sífilis congênita e submetidas
à punção lombar para estudo do LCR com análise do VDRL, contagem celular e
proteína, devendo ser tratadas durante dez dias com penicilina parenteral (a escolha
do tratamento dependerá da presença ou não de neurossífilis), mesmo quando houver
histórico de tratamento prévio.
O seguimento de crianças expostas à sífilis pode ser feito na Atenção Básica (35),
com cuidadoso monitoramento de sinais e sintomas sugestivos de sífilis congênita,
além do monitoramento laboratorial com teste não treponêmico em 1, 3, 6, 12 e 18 meses
de idade. A partir dessa idade, se não houver achados clínicos e laboratoriais, exclui-se
sífilis congênita.
176
41
CRIANÇA COM SÍFILIS CONGÊNITA
A sífilis congênita precoce pode surgir até o segundo ano de vida. Já a sífilis congênita
tardia é definida como aquela em que os sinais e sintomas surgem após os dois anos de
idade da criança.
A sífilis congênita precoce deve ser diagnosticada por meio de criteriosa avaliação
clínica e epidemiológica da situação materna, associada à avaliação clínico-laboratorial
e exames de imagem na criança.
Quando a mãe não foi tratada ou foi tratada de forma não adequada durante o pré-
natal, a criança é classificada como caso de sífilis congênita, independentemente dos
resultados da avaliação clínica ou de exames complementares.
177
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› Hepatomegalia;
› Esplenomegalia;
› Icterícia;
› Exantema maculopapular;
› Linfadenopatia generalizada;
› Anormalidades esqueléticas.
178
Criança com sífilis congênita
MANIFESTAÇÕES GESTACIONAIS/PERINATAIS
Pode ocorrer em qualquer momento da gestação.
Natimorto/aborto
espontâneo Desfecho em aproximadamente 40% dos casos de sífilis adquirida
durante a gestação, com maior risco no primeiro trimestre de gestação.
Prematuridade –
Baixo peso ao nascer
–
(<2.500 g)
Hidropsia fetal não imune –
Placenta desproporcionalmente grande, grossa, pálida; vilite
proliferativa focal; arterite endo e perivascular; imaturidade difusa ou
Alterações na placenta focal das vilosidades placentares.
Encaminhar para análise anatomopatológica.
Funisite necrotizante é rara, mas patognomônica quando presente.
É caracterizada pelo cordão umbilical edemaciado e inflamado, que
Alterações no cordão pode apresentar listras vermelhas e azuladas em alternância com
umbilical áreas esbranquiçadas. Pontos de abscesso na substância de Wharton,
centradas ao redor dos vasos umbilicais.
Encaminhar para análise anatomopatológica.
SISTÊMICAS
Pode ser mais significativa em crianças nascidas de mães infectadas
Febre
tardiamente na gestação.
Ocorre em praticamente todos os casos de crianças com sífilis
congênita (26, 40).
O achado ultrassonográfico de hepatomegalia pode indicar falha do
tratamento materno para prevenir a transmissão vertical (10).
Está associada a icterícia e colestase. Achados laboratoriais podem
Hepatomegalia incluir aumento de AST/ALT, FA, bilirrubina direta, alargamento do
tempo de protrombina e espiroquetas visíveis em biópsia hepática
(quando realizada).
As alterações de provas hepáticas podem ser exacerbadas com a
administração da penicilina, antes da melhora. A melhora geralmente é
lenta, mesmo com terapêutica adequada (26).
Ocorre em aproximadamente 50% dos pacientes com hepatomegalia
Esplenomegalia
(não acontece isoladamente).
Linfadenomegalia
O linfonodo pode ser de até 1cm, geralmente não flutuante e firme.
generalizada
Atraso no desenvolvimento
–
neuropsicomotor
Edema Causado por anemia/hidropsia fetal, síndrome nefrótica, desnutrição.
MUCOCUTÂNEAS
Pode ser um sinal precoce, surgindo após a primeira semana de vida.
Rinite sifilítica ou corrimento Ocorre em aproximadamente 40% dos casos.
nasal A secreção contém espiroquetas e é infectante. Usar precaução de
contato.
continua
179
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continuação
180
Criança com sífilis congênita
conclusão
CARACTERÍSTICAS MANIFESTAÇÕES
Fronte olímpica, nariz em sela, hipodesenvolvimento maxilar, palato em
Faciais
ogiva.
Ceratite intersticial, coriorretinite, glaucoma secundário, cicatriz
Oftalmológicas
córnea, atrofia óptica.
Auditivas Perda auditiva sensorial.
Dentes de Hutchinson: incisivos medianos deformados, molares em
Orofaríngeas
amora, perfuração do palato duro.
Cutâneas Rágades (fissuras periorais e perinasais), gomas.
Atraso no desenvolvimento, comprometimento intelectual,
Neurológicas
hidrocefalia, crises convulsivas, atrofia do nervo óptico, paresia juvenil.
Tíbia em sabre, sinal de Higoumenakis (alargamento da porção
Esqueléticas esternoclavicular da clavícula), juntas de Clutton (artrite indolor),
escápula escafoide
Fontes: Hollier et al., 2001 (10); Organização Mundial da Saúde, 2017 (20); Rawstron et al., 2001 (31); Kollmann; Dobson,
2010 (40); Chakraborty; Luck, 2008 (41); Robinson JL; Society CP, 2009 (42); Moreira-Silva et al., 2009 (43).
181
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Os testes de sífilis e exames deverão ser realizados de acordo com o Quadro 30.
Quadro 30 – Testes de sífilis e exames complementares para crianças com sífilis congênita
EXAMES
NA MATERNIDADE NO SEGUIMENTO O QUE AVALIAR
COMPLEMENTARES
Espera-se que os testes não
Coletar amostras Realizar com 1, 3, 6, treponêmicos declinem aos 3
de sangue periférico 12 e 18 meses de meses de idade, devendo ser
do RN e da mãe idade. Interromper não reagentes aos 6 meses
Teste não pareadas para caso a criança tenha sido
o seguimento
treponêmico comparação. adequadamente tratada.
laboratorial após dois
Não realizar coleta testes não reagentes Idealmente, o exame deve ser
de cordão umbilical. consecutivos. feito pelo mesmo método e no
mesmo laboratório.
Um teste treponêmico
reagente após os 18 meses
idade (quando desaparecem
os anticorpos maternos
transferidos passivamente no
período intrauterino) confirma o
diagnóstico de sífilis congênita.
NÃO é obrigatório Um resultado não reagente não
exclui sífilis congênita nos casos
Teste treponêmico Não realizar. Pode ser realizado a em que a criança foi tratada
partir dos 18 meses precocemente.
de idade.
Criança com teste treponêmico
reagente após 18 meses de idade
e que não tenha histórico de
tratamento prévio deverá passar
por avaliação completa, receber
tratamento e ser notificada como
caso de sífilis congênita.
continua
182
Criança com sífilis congênita
conclusão
EXAMES
NA MATERNIDADE NO SEGUIMENTO O QUE AVALIAR
COMPLEMENTARES
Anemia hemolítica com
Coombs não reagente no
período neonatal ou crônica não
hemolítica no período pós-natal.
Leucopenia ou leucocitose.
Hemólise pode estar
Hemograma SIM acompanhada de
crioglobulinemia, formação
de complexo imune e
macroglobulinemia. Esse quadro
De acordo com pode durar semanas e costuma
alterações clínicas. não ser responsivo à terapêutica.
A critério clínico. Plaquetopenia.
Exames para
avaliação de Aumento das trasaminases.
função hepática,
SIM Icterícia.
pancreática e
renal e distúrbios Distúrbios hidroeletrolíticos.
eletrolíticos
VDRL reagente no líquor.
Deve ser avaliado Pleocitose.
a cada 6 meses Proteína aumentada (valores de
nas crianças que exames liquóricos no Quadro 31).
Líquor (LCR) SIM apresentaram VDRL reagente no líquor ou
alteração inicial aumento da celularidade ou
(neurossífilis), até da proteína que não possam
normalização. ser atribuídos a outras causas
requerem tratamento para
possível neurossífilis (Figura 10).
Bandas metafisárias luzentes
(diagnóstico diferencial com
outras doenças sistêmicas).
Desmineralizações simétricas
localizadas e destruição
óssea da porção medial da
metáfise proximal tibial (sinal
de Wimberger – diagnóstico
Radiografia de ossos diferencial com osteomielite e
SIM
longos hiperparatireoidismo neonatal).
Serrilhado metafisário (sinal de
Wegener).
Periostite diafisária com
neoformação óssea (pode
acontecer em outras patologias).
Áreas irregulares de aumento de
De acordo com densidade e rarefação.
alterações clínicas. A descrição clássica é a
opacificação completa de
ambos os campos pulmonares.
No entanto, com o advento
Radiografia de tórax SIM da penicilina, é mais comum
encontrar infiltrado difuso
envolvendo todos os campos
pulmonares.
Realizar neuroimagem nas
crianças que apresentem
alterações persistentes no LCR
(VDRL reagente, proteinorraquia
Neuroimagem A critério clínico ou celularidade), sem outra
explicação mais provável.
A ultrassonografia
transfontanelar (USTF) é uma
opção de exame não invasivo.
Fonte: DCCI/SVS/MS.
183
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Acredita-se que a neurossífilis ocorra em 60% das crianças com sífilis congênita,
com base na presença de alterações no líquor, como reatividade no VDRL, pleocitose
e aumento na proteinorraquia. No entanto, nenhum desses achados apresenta
suficiente sensibilidade e especificidade (48, 49). Além disso, a reatividade do VDRL
no líquor do recém-nascido pode representar resultado falso-reagente relacionado
a anticorpos maternos circulando no SNC do neonato, ou contaminação com sangue
periférico por acidente de punção; podem existir, ainda, falso-negativos (recém-
nascidos com VDRL não reagente em um primeiro momento) que posteriormente
desenvolvem sinais de neurossífilis.
LCR SUGESTIVO
LCR
LCR NORMAL LCR NORMAL A DE SÍFILIS NAS
PARÂMETRO SUGESTIVO DE
PRÉ-TERMO TERMO CRIANÇAS MAIORES
SÍFILIS NO RN
QUE 28 DIAS
9 + 8 células/mm3 8 + 7 células/mm3
Maior que 25 Maior que 5
Leucócitos (LVN: 0-29 (LVN: 0-32 células/mm3 células/mm3
células/mm3) células/mm3)
115mg/dL 90mg/dL Maior que
Proteínas Maior que 40mg/dL
(LVN: 65-150mg/dL) (LVN: 20-170mg/dL) 150mg/dL
184
Criança com sífilis congênita
FREQUÊNCIA E
PROCEDIMENTO O QUE AVALIAR
DURAÇÃO
Seguimento
habitual na rotina da
puericultura, conforme
recomendação da Espera-se que os testes não treponêmicos
Saúde da Criança: na 1ª declinem aos 3 meses de idade, devendo ser não
semana de vida e nos reagentes aos 6 meses caso a criança tenha sido
meses 1, 2, 4, 6, 9, 12 e adequadamente tratada.
18, com retorno para
checagem de exames Diante da elevação de títulos em duas diluições em
Consultas
complementares, se for teste não treponêmico ou sua não negativação até
ambulatoriais de
o caso. 18 meses ou persistência de títulos baixos, reavaliar
puericultura
a criança e proceder ao retratamento.
Avaliação laboratorial
com teste não Se criança for tratada de forma não adequada,
treponêmico com 1, quanto à dose e/ou tempo preconizado, realizar
3, 6, 12 e 18 meses de busca ativa da criança para reavaliação clínico-
idade, interrompendo o laboratorial e reinício do tratamento.
seguimento após dois
testes não reagentes
consecutivos.
Buscar anomalias oftalmológicas. As mais comuns
são ceratite intersticial, coriorretinite, glaucoma
Consultas
Semestrais por 2 anos secundário, cicatriz córnea e atrofia óptica. A faixa
oftalmológicas
etária de acometimento de ceratite intersticial
costuma ser dos 2 aos 20 anos.
continua
185
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conclusão
FREQUÊNCIA E
PROCEDIMENTO O QUE AVALIAR
DURAÇÃO
Buscar anomalias auditivas.
Consultas A perda auditiva sensorial pode ter ocorrência
Semestrais por 2 anos
audiológicas mais tardia, entre 10 e 40 anos de idade, por
acometimento do 8º par craniano.
Avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor.
No caso de neurossífilis, repetir punção lombar a
cada 6 meses até normalização bioquímica, citológica
Consultas e sorológica. Se o VDRL liquórico se mantiver
Semestrais por 2 anos
neurológicas reagente ou a celularidade e/ou proteína liquóricos
se mantiverem alterados, realizar nova investigação
clínico-laboratorial e retratar. Exames de imagem
também podem ser considerados nesse cenário.
Observações:
› Fazer a solicitação dos testes não treponêmicos, para que os resultados estejam disponíveis na
consulta de retorno.
› Aproveitar o momento da consulta para avaliar o risco de outras IST maternas. O diagnóstico prévio
de uma IST é fator de risco para outras, inclusive HIV, que pode ser transmitido pelo aleitamento
materno.
› Indagar sobre práticas sexuais e oferecer testagem para a mãe da criança e suas parcerias sexuais,
de rotina, enquanto a mulher estiver amamentando (testagem para HIV pelo menos a cada 6 meses).
› Oferecer teste rápido e vacina para hepatite B, quando não houver histórico de imunização.
Fonte: DCCI/SVS/MS.
186
42
TRATAMENTO DA CRIANÇA
COM SÍFILIS CONGÊNITA
187
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Fonte: DCCI/SVS/MS.
188
Tratamento da criança com sífilis congênita
Na ausência de neurossífilis, a criança com sífilis congênita pode ser tratada com
benzilpenicilina procaína fora da unidade hospitalar, por via intramuscular, OU com
benzilpenicilina potássica/cristalina, em internação hospitalar.
Como existem evidências de que os níveis de penicilina no líquor são menores com
penicilina procaína, é recomendado o uso de benzilpenicilina potássica/cristalina para
os casos de neurossífilis, com necessidade de internação hospitalar (54).
Benzilpenicilina potássica (cristalina) 50.000 UI/kg, EV, de 4/4h a 6/6h, por 10 dias.
Crianças diagnosticadas com sífilis congênita após um mês de idade e aquelas com
sífilis adquirida deverão ser tratadas com benzilpenicilina potássica/cristalina.
189
43
MANEJO DA CRIANÇA EXPOSTA
À SÍFILIS E DA CRIANÇA
COM SÍFILIS CONGÊNITA
190
Figura 10 – Fluxograma para avaliação e manejo na maternidade das crianças nascidas de mães com diagnóstico de sífilis na gestação
atual ou no momento do parto
Realizar teste rápido de sífilis em toda gestante que chega à maternidade, bem como nas mulheres em abortamento
Se teste rápido não reagente e ausência de infecção por sífilis: sem necessidade de condutas para a gestante e a criança.
Se teste rápido reagente*: avaliar histórico de tratamento de sífilis na gestante
O resultado do líquor
Sim Não é normal?
Sim Não
Fonte: DCCI/SVS/MS.
Legenda: TNT = Teste não treponêmico periférico.
*Realizar TNT em sangue periférico em todos recém-nascidos de mãe com teste rápido e/ou TNT reagente no momento do parto, independentemente de tratamento prévio realizado.
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Observação 1:
Tratamento materno adequado:
Registro de tratamento completo com benzilpenicilina benzatina, adequado para o estágio clínico, com
primeira dose realizada até 30 dias antes do parto.
Observação 2:
Opções terapêuticas:
Benzilpenicilina potássica/cristalina 50.000 UI/kg, endovenosa, de 12/12h na primeira semana de vida,
de 8/8h após a primeira semana de vida, por 10 dias.
Obs.: é necessário reiniciar o tratamento se houver atraso de mais de 24 horas na dose.
Benzilpenicilina procaína 50.000 UI/kg, intramuscular, uma vez ao dia, por 10 dias.
Obs.: é necessário reiniciar o tratamento se houver atraso de mais de 24 horas na dose.
Benzilpenicilina benzatina 50.000 UI/kg, intramuscular, dose única.
Observação 3:
Investigação para STORCH (sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes vírus):
Portaria nº 3.502, de 19 de dezembro de 2017, que instituiu a Estratégia de fortalecimento das ações de
cuidado das crianças suspeitas ou confirmadas para Síndrome Congênita associada à infecção pelo vírus
Zika e outras síndromes causadas por sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes vírus,
disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt3502_22_12_2017.html.
Avaliação de acordo com as Orientações integradas de vigilância e atenção à saúde no âmbito da
Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (55).
*Cicatriz sorológica: persistência de resultados reagentes nos testes treponêmicos e/ou testes não treponêmicos com baixa titulação
após o tratamento para sífilis adequado e documentado, afastada a possibilidade de reinfecção.
192
44
ATRIBUIÇÕES ESSENCIAIS DOS
PONTOS DE ATENÇÃO À CRIANÇA
EXPOSTA/SÍFILIS CONGÊNITA
193
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Atenção Básica
Atenção Básica Maternidade ou Serviços da
coordenadora especialidade
Pré-natal casa de parto
do cuidado
Fonte: DCCI/SVS/MS.
194
45
HISTÓRIA NATURAL DA
HEPATITE B NA GESTAÇÃO
A infecção pelo HBV continua sendo um problema de saúde pública mundial devido
à sua alta transmissibilidade e ao impacto da transmissão vertical na manutenção dos
casos crônicos (1). A hepatite B crônica possui significativas taxas de morbidade e de
mortalidade e pode ser classificada em cinco fases, de acordo com os marcadores
imunológicos e os graus de atividade da doença e de replicação viral. Para mais
informações sobre a hepatite B, consultar o PCDT para Hepatite B e Coinfecções,
disponível em http://www.aids.gov.br/pcdt.
Na coinfecção com os vírus das hepatites virais B e/ou C, a mulher com infecção
crônica poderá usar métodos hormonais, caso não apresente cirrose grave. Sempre
que houver dúvidas sobre a prescrição de contraceptivos, consultar os critérios
de elegibilidade médica para métodos contraceptivos da Organização Mundial de
Saúde (3).
200
História natural da hepatite B na gestação
Mulheres com cirrose hepática secundária ao HBV podem ter prejuízo na sua
fertilidade devido às alterações hormonais associadas, e estão sob risco de morte
materna e perinatal. Além disso, hipertensão gestacional, aborto, parto pré-termo e
restrição do crescimento fetal podem acontecer devido à doença ativa (2).
201
46
ABORDAGEM À MULHER EM IDADE
REPRODUTIVA COM HEPATITE B
O planejamento familiar deve ser sempre discutido com a mulher em idade fértil
antes do início de qualquer terapêutica, particularmente a terapia antiviral para HBV.
A decisão de iniciar o tratamento para hepatite B deve pesar o risco de progressão
da doença hepática, o risco de TV e o risco de aumentos transitórios da CV-HBV no
período perinatal, além dos possíveis efeitos adversos da medicação e dos riscos de
desfechos adversos fetais (2).
Nas mulheres com infecção crônica pelo HBV com indicação de terapia antiviral
(atividade inflamatória moderada a grave e/ou fibrose moderada a grave ou cirrose
hepática crônica) e que não estejam planejando engravidar, qualquer um dos
medicamentos de primeira linha (interferon, entecavir ou tenofovir) poderá ser utilizado,
em conjunto com a oferta de contracepção.
Nas mulheres com infecção crônica pelo HBV em tratamento com interferon,
deve-se garantir a contracepção até o término do tratamento com esse medicamento.
202
47
RASTREIO E VACINAÇÃO PARA
HEPATITE B NA GESTANTE
203
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Além disso, não se devem testar para anti-HBs indivíduos sem documentação
de esquema vacinal completo e realizado respeitando os intervalos mínimos entre as
doses, uma vez que os valores de soroproteção não foram validados para pessoas não
vacinadas ou com esquemas incompletos (11).
› Trabalhadoras do sexo;
› Usuárias de PrEP;
› Pessoas trans;
› Hemodialíticos crônicos;
204
Rastreio e vacinação para hepatite B na gestante
O teste de anti-HBs deve ser feito idealmente entre um e dois meses após o
término do esquema vacinal; também podem ser considerados exames coletados até
seis meses após a última dose.
205
48
ABORDAGEM À GESTANTE
VIVENDO COM HEPATITE B
> Gestante com CV-HBV >2.000 UI/mL e ALT 1,5x o limite superior da
normalidade (LSN)*, mantida por 3 a 6 meses.
*Considerar como LSN de ALT em mulheres para decisão de tratamento o ponto de corte de 37 U/L.
206
Abordagem à gestante vivendo com hepatite B
No caso de gestantes com infecção crônica pelo HBV e que já estejam em terapia
antiviral, deve-se levar em consideração a gravidade da doença materna e o potencial
risco/benefício para o feto. São elencadas algumas situações especiais:
207
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos
Estratégicos em Saúde PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA
Secretaria de Vigilância em Saúde PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DE HIV, SÍFILIS E HEPATITES VIRAIS
Ressalta-se que esse fluxograma leva em consideração o cenário com início do pré-
natal e identificação do estado sorológico quanto à hepatite B no primeiro trimestre de
gestação, assim como o acesso em tempo hábil ao resultado dos exames.
Recomenda-se que gestantes com hepatite B crônica que não estejam em uso
terapêutico de antivirais ou que tenham suspendido a quimioprofilaxia com TDF
sejam monitoradas com avaliação mensal de ALT nos primeiros três meses, depois no
6º mês; posteriormente, manter seguimento de rotina. Tal atenção nos primeiros seis
meses após o parto deve-se ao risco de reativação viral com exacerbação da doença
hepática materna.
208
Abordagem à gestante vivendo com hepatite B
Notificar hepatite B
Checar histórico de
vacinação. Investigar contactantes
Vacinar os suscetíveis e domiciliares e parcerias sexuais
completar o esquema de Solicitar CV-HBV, HBeAg e ALT,
vacinação conforme PNI garantindo que o resultado
esteja disponível antes de
24 semanas
Avaliar indicação de
tratamento ou de
quimioprofilaxia
Aplicar em RN expostos
vacina hepatite B e
IGHAHB nas primeiras
12 horas
209
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos
Estratégicos em Saúde PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA
Secretaria de Vigilância em Saúde PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DE HIV, SÍFILIS E HEPATITES VIRAIS
Ofertar teste
rápido para HBV
Imunizar conforme
recomendação do PNI Dosar anti-HBs
Completar
Considerar esquema de
imunizado revacinação
conforme PNI
Fonte: DCCI/SVS/MS.
*Três doses comprovadas em cartão vacinal.
210
49
PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO
VERTICAL DA HEPATITE B
211
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos
Estratégicos em Saúde PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA
Secretaria de Vigilância em Saúde PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DE HIV, SÍFILIS E HEPATITES VIRAIS
Parto
Amamentação
A amamentação não está contraindicada, ainda que não tenham sido realizadas
ações para prevenção de TV-HBV (5, 6).
212
50
CUIDADOS AO RECÉM-
NASCIDO EXPOSTO À HEPATITE
B (MÃE HBSAG REAGENTE)
Recomenda-se (19):
> Aplicar a vacina hepatite B ainda na sala de parto ou, o mais tardar, nas
primeiras 12 horas após o nascimento, na dose de 0,5mL no vasto lateral.
213
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos
Estratégicos em Saúde PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA
Secretaria de Vigilância em Saúde PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DE HIV, SÍFILIS E HEPATITES VIRAIS
Filhos de mães HBsAg reagente que receberam IGHAHB devem realizar testagem
para HBsAg e anti-HBs entre nove e 12 meses de idade (ou de um a dois meses após a
última dose do esquema vacinal, ou com nove meses de idade ou mais para aqueles que
forem vacinados fora do prazo padrão).
Em caso de não terem utilizado IGHAHB, recomenda-se que os testes para HBsAg
e anti-HBs sejam realizados de um a dois meses após a última dose vacinal.
Para as crianças nascidas de mães HBsAg reagente, mas que não utilizaram
IGHAHB, a testagem para HBsAg e anti-HBs deve ser realizada um a dois meses após a
última dose de vacina.
Crianças nascidas de mães HBsAg reagente e que não se infectaram pelo HBV
podem apresentar anti-HBc detectável por até 24 meses após o nascimento por
aquisição passiva de anticorpos maternos (11).
RN exposto ao
HBV
Nas primeiras
12 horas: vacina
hepatite B e
IGHAHB
Completar esquema
vacinal
Fonte: DCCI/SVS/MS.
*Ou 1 a 2 meses da última dose de vacina E ≥9 meses de idade para quem iniciou esquema vacinal fora do prazo padrão.
215
51
HEPATITE VIRAL C
A infecção pelo HCV ocorre pela via parenteral, por meio da exposição ao sangue
contaminado, por via sexual e por transmissão vertical, que é a principal via de trans-
missão em crianças infectadas pelo HCV (24).
A infecção pelo HCV não é, por si só, impeditiva para o planejamento da gravidez.
Há evidências de que mulheres com HCV estão sob risco de piores desfechos
maternos e neonatais, como diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, restrição de
crescimento, hemorragia pré-parto e parto pré-termo (7-9, 25). A colestase intra-
hepática é mais comum em mulheres com HCV-RNA positivo, chegando a taxas de 20%,
enquanto, em alguns casos, pode haver uma queda dos níveis de transaminases durante
o segundo e terceiro trimestres, mediada por fatores imunológicos característicos da
gestação (16, 26-28).
216
Hepatite viral C
Não há evidências científicas que recomendem uma via de parto preferencial com
o propósito de prevenir a TV do HCV. Orienta-se evitar procedimentos invasivos, parto
laborioso e tempo de rotura de membranas maior que seis horas para minimizar a
possibilidade de TV (16, 24, 28, 35).
217
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos
Estratégicos em Saúde PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA
Secretaria de Vigilância em Saúde PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DE HIV, SÍFILIS E HEPATITES VIRAIS
sala de parto, imediatamente após o nascimento. Quando isso não for possível, limpar
com compressas macias todo o sangue e secreções visíveis no RN e proceder ao banho
em água corrente logo em seguida; utilizar também aspiração gástrica para a remoção
de secreção infectada.
São descritos três desfechos possíveis para a infecção pelo HCV adquirida
verticalmente (38):
218
Hepatite viral C
219
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos
Estratégicos em Saúde PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA
Secretaria de Vigilância em Saúde PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DE HIV, SÍFILIS E HEPATITES VIRAIS
18 meses de idade:
18 meses de idade:
Teste anti-HCV
Teste anti-HCV
(laboratorial ou TR) e
(laboratorial ou TR)
CV-HCV-RNA
Anti-HCV reagente:
realizar teste molecular Anti-HCV reagente
CV HCV-RNA e CV HCV-RNA não
Notificar para HCV detectável: clareamento
Seguimento como criança espontâneo do HCV
com hepatite C
Anti-HCV reagente e CV
HCV-RNA detectável:
seguimento como criança
com hepatite C
Fonte: DCCI/SVS/MS.
O seguimento nas crianças portadoras do HCV deve ser realizado anualmente, com
enzimas hepáticas (AST/ALT, GGT, FA) e carga viral de HCV. Não há recomendação de
exames radiológicos de rotina. Se houver alteração das enzimas hepáticas acima de 1,5
vezes o limite superior da normalidade, recomenda-se tratamento após os três anos de
idade nas crianças com genótipo 1 e após os quatro anos naquelas com genótipo 3 (33).
220
APRESENTAÇÃO
As instituições que realizam parto possuem papel estratégico na prevenção da
transmissão vertical do HIV, sífilis e hepatites B e C, especialmente quando a
oportunidade é perdida durante o período pré-natal, ou quando, no momento do
parto, não existe registro dos cuidados realizados durante a gestação.
Este documento foi elaborado para apoiar profissionais de saúde dos serviços que realizam parto na
prevenção da transmissão vertical do HIV, sífilis e hepatites B e C. Os assuntos serão apresentados
por agravo, em formato de fluxogramas e quadros informativos, no sentido de demonstrar
visualmente a avaliação inicial da parturiente durante a admissão e os procedimentos a serem
realizados com a parturiente e sua criança no momento do parto, até o momento da alta hospitalar.
DCCI/SVS/MS
5
INCENTIVE OS PAIS A REALIZAREM O
REGISTRO DO BEBÊ AINDA NO PERÍODO DE
INTERNAÇÃO, GARANTINDO À CRIANÇA O
DIREITO FUNDAMENTAL DE SER RECONHECIDA
COMO CIDADÃ, COM A EMISSÃO DA
CERTIDÃO DE NASCIMENTO E CPF.
7
NOTIFIQUE TODA GESTANTE
DIAGNOSTICADA COM HIV,
SÍFILIS OU HEPATITES VIRAIS,
BEM COMO TODA CRIANÇA
EXPOSTA AO HIV E/OU SÍFILIS
CONGÊNITA.
8
MANEJO DA PARTURIENTE COM TR REAGENTE PARA
HIV NO MOMENTO DA ADMISSÃO PARA O PARTO
*A infecção pelo
PARTURIENTE COM TR 1 E TR2* REAGENTES PARA O HIV HIV é definida com
dois resultados
reagentes em
MOMENTO DA ADMISSÃO: testes rápidos (TR1
• Converse sobre o significado do teste reagente e TR2) contendo
antígenos
• Investigue outras IST diferentes, usados
• Avalie sinais e sintomas de Infecções Oportunistas sequencialmente.
• Colete exames de CV-HIV, LT-CD4+ e genotipagem do HIV Recomenda-se,
ainda, que a
• Escolha, preferencialmente, via de parto cesariana
presença do vírus
• Oriente sobre a contraindicação da amamentação e inibição da lactação no momento do parto seja confirmada
• Notifique como gestante com HIV e adulto com HIV com o teste de
quantificação da
carga viral do HIV.
MOMENTO DO PARTO:
• Realize, preferencialmente, parto cesariana
• Administre zidovudina (AZT) injetável, pelo menos 3 horas antes do parto até o clampeamento
do cordão umbilical NÃO É
RECOMENDÁVEL
a substituição
PÓS-PARTO IMEDIATO: do AZT injetável
• Realize cuidados com o RN conforme página 25 no momento do
parto pelo AZT
• Realize inibição da lactação com cabergolina 1mg, VO, dose única via oral para
• Mantenha a puérpera e a criança no alojamento conjunto em período integral, gestante devido à
com o intuito de fortalecer o vínculo mãe-filho absorção errática,
sem evidência
• Inicie terapia antirretroviral (TARV) e reforce a importância da adesão ao tratamento para a
que garanta nível
saúde materna sérico adequado
• Reforce a contraindicação da amamentação e do aleitamento cruzado no momento
• Acolha dúvidas sobre HIV e converse sobre importância de avaliar parcerias sexuais oportuno.
9
ESQUEMA POSOLÓGICO DO AZT INJETÁVEL*
Primeira hora: dose de ataque Manuteção em infusão contínua
(2mg/kg) (1mg/kg/hora)
Quantidade Quantidade
Número de Número de
Peso de Peso de
gotas/min gotas/min
zidovudina zidovudina
*Apresentação
40kg 8 mL 36 40kg 4 mL 35 comercial do AZT
injetável (EV):
frasco ampola de
50kg 10 mL 37 50kg 5 mL 35 10mg/mL, diluir
em 100mL de soro
60kg 12 mL 37 60kg 6 mL 35 glicosado a 5%.
70kg 14 mL 38 70kg 7 mL 36
80kg 16 mL 39 80kg 8 mL 36
90kg 18 mL 39 90kg 9 mL 36
10
MANEJO DA PARTURIENTE VIVENDO COM HIV
COM SEGUIMENTO PRÉVIO NO PRÉ-NATAL
PARTURIENTE COM SEGUIMENTO PRÉVIO PARA O HIV
MOMENTO DA ADMISSÃO:
• Avalie adesão à TARV
• Oriente sobre a contraindicação da amamentação e inibição da lactação no momento do parto
• Confirme a notificação como gestante com HIV e adulto com HIV
• Avalie exame de CV-HIV realizado com 34ª semanas de gestação
“O monitoramento
Se CV-HIV Indetectável Se CV-HIV >1.000 cópias/mL
Se CV-HIV <1.000 cópias/mL laboratorial de todas
OU OU
E as crianças expostas
<50 cópias/mL sem CV-HIV desconhecida
detectável (independentemente
falha de adesão ou falha de adesão
de serem pré-termo
ou não) deve
MOMENTO DO PARTO: ser iniciado
MOMENTO DO PARTO: MOMENTO DO PARTO: precocemente,
• Escolha via de parto por • Escolha via de parto por • Realize parto cesariana considerando a
indicação obstétrica indicação obstétrica possibilidade de
• Administre AZT injetável,
• Mantenha TARV de • Administre AZT injetável, pelo pelo menos 3 horas antes do eventos adversos
uso habitual via oral menos 3 horas antes do parto parto até o clampeamento aos ARV utilizados
até o clampeamento do cordão pela mãe.”
• Não administre AZT injetável umbilical
do cordão umbilical
12
MANEJO DA CRIANÇA EXPOSTA
AO HIV DE BAIXO RISCO
“Todas as vacinas
do PNI poderão
ser administradas
na criança que
permanece internada
Recém-nascido de parturiente em uso de ARV desde primeira metade da gestação na unidade neonatal,
E observando a idade
com CV-HIV indetectável a partir da 28ª semana (3º trimestre) cronológica segundo
o calendário nacional
E de imunizações.
sem falha na adesão à TARV Contudo, deve
ser levada em
consideração a
situação clínico
Realize cuidados imediatos na sala de parto, descritos na página 25 imunológica de
cada criança ao ser
indicada a vacinação.”
*NOTA INFORMATIVA
Inicie AZT xarope ainda na sala de parto, preferencialmente, nas primeiras quatro horas Nº 6/2021-DCCI/
de vida, segundo idade gestacional e doses recomendadas, indicadas na página 15 SVS/MS
Dispõe sobre a
recomendação
do medicamento
Inicie alimentação com fórmula láctea infantil Raltegravir 100mg
(RAL) granulado
para suspensão oral
no tratamento de
crianças expostas
Notifique como criança exposta ao HIV ou vivendo com HIV,
o diagnóstico de
infecção pelo HIV em
crianças com menos
de 18 meses de idade
e sobre o tratamento
para crianças
vivendo com HIV, e
inclui orientações
do manejo de
crianças expostas
ao HIV pré-termo
e ou/ baixo peso.
13
MANEJO DA CRIANÇA EXPOSTA
AO HIV DE ALTO RISCO
Recém-nascido de parturiente sem uso de ARV na gestação *NOTA
OU INFORMATIVA
sem registro de pré-natal Nº 6/2021-.DCCI/
OU SVS/MS
Que não recebeu profilaxia antirretroviral no momento do parto, conforme indicação Dispõe sobre a
recomendação
OU
do medicamento
que iniciou ARV após a 2ª metade da gestação Raltegravir 100mg
OU (RAL) granulado
com infecção aguda pelo HIV durante a gestação ou aleitamento para suspensão
OU oral no tratamento
com CV-HIV detectável no 3º trimestre, independentemente do uso de ARV na gestação de crianças
OU expostas ou
com CV-HIV desconhecida vivendo com HIV,
OU o diagnóstico de
com diagnóstico de HIV no momento do parto infecção pelo HIV
em crianças com
menos de 18 meses
de idade e sobre
Realize cuidados imediatos na sala de parto, descritos na página 25 o tratamento para
crianças vivendo
com HIV, e inclui
Colete exame de CV-HIV em amostra de sangue periférico do recém-nascido* orientações do
manejo de crianças
expostas ao HIV
pré-termo e ou/
Inicie esquema profilático ainda na sala de parto, preferencialmente, nas primeiras quatro baixo peso.
horas de vida, segundo idade gestacional e doses recomendadas, indicadas na página 15
14
ESQUEMA PROFILÁTICO E DOSES RECOMENDADAS
PARA O RECÉM-NASCIDO EXPOSTO AO HIV
RECÉM-NASCIDO EXPOSTO AO HIV: BAIXO RISCO RECÉM-NASCIDOEXPOSTO AO HIV: ALTO RISCO
Idade Esquema Período
Idade Esquema gestacional terapêutico*
Período
gestacional terapêutico 37 semanas
AZT+ 3TC+RAL 28 dias
Todas AZT 28 dias ou mais
Entre 34 a 37 AZT+3TC 28 dias
AZT = zidovudina
semanas NVP 14 dias
Menores de
AZT 28 dias
34 semanas
* 3TC = lamivudina; RAL = raltegravir; NVP = nevirapina; AZT = zidovudina
16
AVALIAÇÃO E MANEJO DAS CRIANÇAS NASCIDAS
DE MULHER COM DIAGNÓSTICO DE SÍFILIS NA
GESTAÇÃO ATUAL, ADEQUADAMENTE TRATADA
Mulher ADEQUADAMENTE TRATADA durante a gestação atual (gestante com registro de tratamento
completo com penicilina benzatina para o estágio clínico da sífilis, iniciado até 30 dias antes do parto)
*Para orientações
• Avalie risco de reinfecção sobre investigação
• Realize teste não treponêmico sérico na mãe e no RN, ao mesmo tempo (não coletar sangue do cordão umbilical) para STORCH
(sífilis,
toxoplasmose,
O teste não treponêmico da criança é pelo menos duas diluições MAIOR que o materno? rubéola,
citomegalovírus
e herpes vírus)
Não Sim consulte a Portaria
nº 3.502, de 19
de dezembro de
O exame físico da criança é normal? • Notifique como 2017, e o protocolo
sífilis congênita “Orientações
• Realize tratamento, integradas de
Sim Não conforme fluxograma vigilância e
da criança nascida atenção à saúde
de mulher tratada de no âmbito da
O teste não treponêmico é reagente? forma não adequada Emergência de
Criança exposta à sífilis
• Sem necessidade de Saúde Pública
tratamento imediato de Importância
Sim Não Nacional”,
disponível em:
www.saude.gov.br/
• Notifique como sífilis congênita Realize publicações
• Realize tratamento, conforme avaliação
fluxograma da criança nascida de para
mulher tratada de forma não adequada STORCHZ*
17
MÉTODOS DIAGNÓSTICOS DE SÍFILIS:
TESTES IMUNOLÓGICOS
VDRL
Quantificáveis (ex.: 1:2, 1:4, 1:8).
Não RPR
treponêmicos TRUST Importantes para o diagnóstico e
monitoramento da resposta ao tratamento.
USR
TESTES
IMUNOLÓGICOS São os primeiros a se tornarem reagentes.
FTA-Abs
ELISA/EQL/CMIA Na maioria das vezes, permanecem reagentes
por toda a vida, mesmo após o tratamento.
Treponêmicos TPHA/TPPA/
MHA-TP São importantes para o diagnóstico, mas
Teste Rápido (TR) não estão indicados para monitoramento
da resposta ao tratamento.
18
AVALIAÇÃO E MANEJO DAS CRIANÇAS NASCIDAS DE
MULHER COM DIAGNÓSTICO DE SÍFILIS NO PRÉ-NATAL, *É necessário
reiniciar o
PARTO OU PUERPÉRIO, NÃO TRATADA OU TRATADA tratamento se
houver atraso de
DE FORMA NÃO ADEQUADA NA GESTAÇÃO ATUAL mais de 24 horas
na dose.
Mulher TRATADA DE FORMA NÃO ADEQUADA OU NÃO TRATADA durante a gestação atual
19
VALORES DE EXAME LIQUÓRICO EM CRIANÇAS
COM SUSPEITA DE NEUROSSÍFILIS
LCR SUGESTIVO
LCR NORMAL LCR NORMAL LCR SUGESTIVO DE SÍFILIS NAS
PARÂMETRO PRÉ-TERMO A TERMO DE SÍFILIS NO RN CRIANÇAS MAIORES
DE 28 DIAS
8+/-7 céls/mm3
9+/-8 céls/mm3
LEUCÓCITOS (LVN: 0-32 Maior que 25 céls/mm3 Maior que 5 céls/mm3
(LVN: 0-32 céls/mm3)
céls/mm3)
20
ABORDAGEM ÀS PARTURIENTES COM HEPATITE B
DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO PARA O PARTO
TR HEPATITE B REAGENTE OU DIAGNÓSTICO PRÉVIO DE HEPATITE B CRÔNICA
MOMENTO DA ADMISSÃO:
• Investigue outras IST
• Determine a via de parto segundo indicação obstétrica
• Notifique como hepatite B, caso não haja registro de notificação prévia
Toda conduta,
processo de
MOMENTO DO PARTO:
abordagem e
• Evite procedimentos invasivos orientações devem
• Administre ao RN exposto a vacina contra a hepatite B, preferencialmente ser registrados em
na sala de parto (até as primeiras 24 horas) prontuário e no
• Administre ao RN exposto imunoglobulina humana anti-hepatite B (IGHAHB) cartão da criança,
logo após o nascimento ou até as primeiras 12 horas de vida quando for o caso.
PÓS-PARTO IMEDIATO:
• Realize cuidados imediatos ao RN na sala de parto, conforme orientações gerais na página 26
• Mantenha a puérpera e a criança no alojamento conjunto em período integral, com o intuito de
fortalecer o vínculo mãe-filho
• Oriente sobre a importância de amamentar
21
INDICAÇÃO DA IMUNOGLOBULINA
ANTI-HEPATITE B (IGHAHB) E VACINA DE HEPATITE B
RECÉM-NASCIDO DE MÃE HBSAG RECÉM-NASCIDO DE MÃE COM PERFIL
REAGENTE PARA HEPATITE B DESCONHECIDO PARA HBSAG
22
ABORDAGEM ÀS PARTURIENTES COM HEPATITE C
DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO PARA O PARTO
TR HEPATITE C REAGENTE
MOMENTO DA ADMISSÃO:
• Investigue outras IST
• Determine a via de parto segundo indicação obstétrica
• Notifique como hepatite C, caso não haja registro de notificação prévia
Toda conduta,
processo de
MOMENTO DO PARTO: abordagem e
• Evite procedimentos invasivos orientações devem
ser registrados em
prontuário e no
cartão da criança,
PÓS-PARTO IMEDIATO: quando for o caso.
• Realize cuidados imediatos ao RN na sala de parto, conforme orientações gerais na página 26
• Mantenha a puérpera e a criança no alojamento conjunto em período
integral, com o intuito de fortalecer o vínculo mãe-filho
• Oriente sobre a importância da amamentação. Contudo, recomende, em caso de fissuras
ou feridas sangrantes na mama, interromper temporariamente a amamentação na mama
lesionada, praticando a ordenha e descarte do leite, até a cicatrização completa.
23
CUIDADOS ESPECÍFICOS DURANTE O PARTO
VAGINAL E PARTO CESARIANA
PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO
VERTICAL: PARTO VAGINAL VERTICAL: PARTO CESARIANA
24
CUIDADOS ESPECÍFICOS COM O
RECÉM-NASCIDO EXPOSTO AO HIV, HBV e HCV
25
ORIENTAÇÕES • Reforce a contraindicação ao aleitamento cruzado (amamentação
da criança por outra nutriz) e o uso de leite humano com
PARA ALTA DA pasteurização domiciliar.
MATERNIDADE DE • Oriente sobre o direito da criança em receber a fórmula láctea
infantil, pelo menos, até completar seis meses de idade.
PARTURIENTES
• Anote no resumo de alta do RN informações sobre:
REAGENTES
• Pré-natal
PARA O HIV
• Condições do nascimento
• Tempo de uso do AZT injetável na mãe
• Momento do início do AZT xarope e da NVP no RN, dose
utilizada, periodicidade e data de término
• Mensurações antropométricas, tipo de alimento fornecido à
criança e outras informações importantes relativas ao parto
• Preencha as fichas de notificação da “Criança exposta ao HIV” e
envie ao núcleo de vigilância epidemiológica competente.
• Atente para as anotações feitas na carteira do RN referentes a
dados relativos à exposição ao HIV (comprometendo o sigilo). A
caderneta da criança é um documento comumente manuseado pela
família e algumas vezes requerido no trabalho dos progenitores
para liberação do salário-família e para frequência à creche.
• Referencie/contrarreferencie, com consulta agendada, para a
Atenção Primária à Saúde (APS) e para o serviço especializado do
cuidado de pessoas vivendo com HIV.
• Enfatize a importância de comparecer à consulta de
acompanhamento da criança exposta ao HIV.
26
ORIENTAÇÕES
PARA ALTA DA
MATERNIDADE DE
PARTURIENTES • Oriente sobre sexo seguro e sobre a importância do uso do
REAGENTES preservativo em todas as relações sexuais, especialmente durante
o período de puerpério e amamentação, para a saúde da própria
PARA SÍFILIS mulher, a prevenção da transmissão vertical do HIV, reinfecção por
sífilis e infecção por outras IST.
• Enfatize a importância da amamentação.
• Informe sobre a necessidade de realizar monitoramento laboratorial
e clínico no puerpério para avaliar a cura da infecção.
• Agende a consulta de retorno do puerpério, para a saúde da
mulher, e a consulta de puericultura. É importante que seja feita
contrarreferência para a APS.
• Enfatize a importância da consulta de acompanhamento da criança
no serviço de referência para:
• Monitoramento da exposição à sífilis ou da sífilis congênita;
• Avaliação de resposta ao tratamento; e
• Possíveis manifestações congênitas precoces ou tardias.
27
ORIENTAÇÕES PARA ALTA DA MATERNIDADE DE
PARTURIENTES REAGENTES PARA HEPATITES B e C
28
ORIENTAÇÕES PARA ALTA DA MATERNIDADE
DE PARTURIENTE NÃO REAGENTE PARA
HIV, SÍFILIS OU HEPATITES B e C
29
ORIENTAÇÕES PARA ALTA DA MATERNIDADE
DE PARTURIENTE NÃO REAGENTE PARA
HIV, SÍFILIS OU HEPATITES B e C
30
ORIENTAÇÕES SOBRE BIOSSEGURANÇA NO PARTO
As precauções básicas são medidas de prevenção que devem ser adotadas por todos os
profissionais de saúde no cuidado com qualquer indivíduo, independentemente do diagnóstico
definido ou presumido de doenças infecciosas, quando da manipulação de sangue, secreções, Em caso de
excreções, mucosas ou pele não íntegra. exposição
a materiais
biológicos, o
profissional
exposto deve
ser avaliado com
• Reduza a exposição da pele e das mucosas ao rapidez, e caso
sangue ou fluidos corpóreos de qualquer pessoa. indicado, realizar
a PEP, seguindo o
• Use Equipamento de Proteção Individual (EPI): luvas, Protocolo Clínico
máscara, óculos de proteção, capotes e aventais. e Diretrizes
Terapêuticas para
Profilaxia Pós-
Exposição de Risco
à Infecção pelo
HIV, IST e Hepatites
Virais.
A profilaxia ao
HIV não confere
segurança absoluta
• Higienize suas mãos. Lembre-se dos 5 momentos de e, portanto, não
higienização das mãos: substitui a boa
prática de saúde
1. Antes de tocar no paciente. no uso correto dos
EPI e técnica de
2. Após tocar no paciente. excelência.
3. Após tocar em objetos tocados pelo paciente.
4. Após exposição de fluidos corporais.
5. Antes de fazer procedimentos.
31
ORIENTAÇÕES GERAIS PARA TESTAGEM RÁPIDA E
TRATAMENTO DA PARCERIA SEXUAL DA GESTANTE
32
Artigo de Pesquisa
Artigo de
Original Pesquisa
Research
OriginaldeResearch Contim CLV et al.
Artículo Investigación
Artículo de Investigación
DOI: http://dx.doi.org/10.12957/reuerj.2015.3849
Carolina Lélis Venâncio ContimI; Elis Oliveira ArantesII; Iêda Maria Ávila Vargas DiasIII;
Lílian do NascimentoIV; Luisa Pereira SiqueiraV; Thalita Lima DutraVI
RESUMO: A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), considerada uma pandemia mundial, atinge mulheres e crian-
ças devido ao risco de transmissão vertical na gestação. Logo, objetivou-se discutir a vivência da mulher na dualidade de ser
mãe e conviver com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). A abordagem foi quantiqualitativa, utilizando-se de uma
entrevista semiestruturada com 35 mães em um serviço de assistência especializada de uma cidade da Zona da Mata Mineira,
entre setembro/2009 e março/2010, seguida da análise de conteúdo. Dos resultados emergiram quatro categorias temáticas:
Descobrindo ser mãe e portadora do HIV; O temor da transmissão vertical e do preconceito; Amamentar: sonho ou realidade;
Enfrentando as implicações decorrentes do reverso da amamentação. Conclui-se que a dualidade de estar grávida e ser por-
tadora do HIV demanda uma assistência qualificada em que o papel do enfermeiro é essencial na condução desse processo.
Palavras-Chave: Enfermagem; HIV; gestação; amamentação.
ABSTRACT: Considered a global pandemic, Acquired Immune Deficiency Syndrome affects women and children due to the
risk of vertical transmission during pregnancy. Accordingly, this study discussed women’s experience of the duality of being a
mother and a carrier of the Human Immunodeficiency Virus (HIV). The approach was quanti-qualitative, using semi-structured
interviews of 35 mothers at a specialized support service in a town of the Zona da Mata, Minas Gerais, between September
2009 and March 2010. Content analysis of the transcripts revealed four themes: discovering oneself to be a mother and HIV-
positive; fear of vertical transmission and prejudice; breastfeeding: dream or reality? and facing the implications of reverso da
amamentação#?rapid weaning#early cessation. It follows that the duality of being pregnant and HIV positive calls for skilled
care in which the nurse’s role is essential in conducting this process.
Keywords: Nursing; HIV; pregnancy; breast feeding.
RESUMEN: El Síndrome de Inmunodeficiencia Adquirida (SIDA), considerado una pandemia mundial, llega a las mujeres
y los niños debido al riesgo de la transmisión vertical durante el embarazo. Por lo tanto, este estudio tuvo como objetivo
presentar la experiencia de las mujeres en la dualidad de ser una madre y convivir con el Virus de la Inmunodeficiencia Hu-
mana (VIH). El enfoque, cuantitativo/cualitativo, ha utilizado una entrevista semiestructurada con 35 madres de un servicio
de asistencia especializada de una ciudad de Zona da Mata de Minas Gerais entre septiembre/2009 y marzo/2010, seguido
de un análisis de contenido. Los resultados destacan cuatro categorías temáticas: Descubriendo ser madre y VIH-positiva; El
temor a la transmisión vertical y al prejuicio; Lactancia: sueño o realidad; Enfrentando las implicaciones en consecuencia
del impedimento de la lactancia materna. Se concluye que la dualidad de estar embarazada y se VIH-positiva exigen una
asistencia cualificada en la que el rol del enfermero es esencial para la realización de este proceso.
Palabras Clave: Enfermería; VIH; embarazo; lactancia materna.
Introdução
De acordo com relatório publicado pelo Pro- a adotarem ações preventivas da transmissão vertical.
grama Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/ Um exemplo dessas ações é a recomendação de que
AIDS, o número de crianças nascidas com o Vírus mães com diagnóstico de soropositividade para o HIV
da Imunodeficiência Humana (HIV) teve um de- não amamentem seus filhos. Embora muito eficaz, tal
créscimo de 78% entre 2001 e 20131. Estar grávida e medida leva as puérperas a sentimentos de dor e con-
descobrir-se portadora do HIV leva algumas mulheres flitos como medo, tristeza, angústia e culpa, pois, além
I
Acadêmica da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora. Minas Gerais, Brasil. E-mail: carolvenancioad@hotmail.com.
II
Acadêmica da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora. Minas Gerais, Brasil. E-mail: elisarantes@yahoo.com.br.
III
Docente, Doutora do Departamento Materno Infantil da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora. Minas Gerais, Brasil.
E-mail: vargasdias@hotmail.com.
IV
Mestranda do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora. Minas Gerais, Brasil. E-mail:
lilianurseufjf@yahoo.com.br.
V
Acadêmica da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora. Minas Gerais, Brasil. E-mail: luisasiqueira@uai.com.br.
VI
Acadêmica da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora. Minas Gerais, Brasil. E-mail: thatadutra@hotmail.com.
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de serem portadoras e transmissoras do vírus, ainda diagnósticos de casos de infecção retroviral na popu-
se deparam com a impossibilidade de aleitamento, lação feminina ocorre durante o período gestacional,
sentindo-se reduzidas quanto ao seu papel de mulher mediante a triagem sorológica anti-HIV, refletindo a
e mãe na sociedade2. adequação da política de saúde na atenção pré-natal,
Considerando que a possibilidade da transmissão mas, ao mesmo tempo, contrasta com as medidas de
vertical do HIV pode causar disfunção em processos prevenção das doenças sexualmente transmissíveis
biológicos, emocionais, psicológicos e sociais nas mães (DST), dentre elas o HIV10.
que contraíram este vírus - chegando, muitas vezes, a Isso porque se verifica um aumento no número de
interferir na criação do vínculo afetivo com o filho -, notificações de mulheres heterossexuais infectadas pelo
delimitou-se a maternidade com o diagnóstico posi- vírus HIV. Esse cenário tem ocorrido de modo substan-
tivo para o HIV como objeto de estudo da presente cial em cidades de pequeno a médio porte no interior
investigação. do país. São mulheres em idade reprodutiva, com baixos
A relevância do estudo reside no fato de que, para a níveis de renda e escolaridade, que, ao contrair o vírus,
efetivação de um cuidado integral, é necessário que a en- podem promover um aumento de casos de crianças
fermagem entenda e conheça o contexto social, cultural infectadas, por intermédio da transmissão vertical11.
e psicológico no qual se encontram essas mulheres. Isto
deverá fazer parte das prioridades do plano assistencial, Metodologia
pois compõe o que é chamado de assistência qualificada, Trata-se de um estudo de abordagem quanti-
o que, certamente, faz a diferença na vida das clientes3. qualitativa, que teve como cenário um serviço de
O tratamento igualitário, livre de rótulos e discriminação assistência especializada (SAE) de uma cidade da
também é traduzido no acolhimento dessa mulher4. Zona da Mata Mineira, local em que é desenvolvido
Ademais, objetivou-se discutir a vivência da mulher na o Programa de DST/AIDS.
dualidade de ser mãe e portadora do HIV.
Após autorização do serviço e aprovação do
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal
Revisão de Literatura de Juiz de Fora, parecer no 092/2009, foi iniciada a
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida fase de coleta de dados, por meio de uma entrevista
(AIDS) pode ser concebida como uma pandemia semiestruturada, em que foram abordadas questões
que impõe implicações na prevenção, assistência e fechadas e abertas sobre o perfil sociodemográfico e
processo educativo de seus acometidos. Direciona, nos dados relativos ao objeto de estudo.
últimos anos, a atenção da comunidade científica na Os sujeitos foram mães com sorologia positiva
identificação dos indivíduos envolvidos diretamente para o HIV, usuárias do referido serviço, maiores de
com a doença5. Em consonância a esses fatos, dados 18 anos, que aceitaram, de forma voluntária, partici-
publicados, em 2014, pela Organização das Nações par do estudo, assinando o Termo de Consentimento
Unidas (ONU), apontam para um recuo de 27% no Livre e Esclarecido. O critério de inclusão na pesquisa
número de infectados pelo HIV no mundo, mas, em consistiu no perfil de mães com filhos em idade igual
contrapartida, um aumento de 11% no Brasil, entre ou inferior a dois anos (período de acompanhamento
os anos de 2005 e 20136. da criança no serviço, para confirmação ou não da
No Brasil, a evolução da AIDS afetou de maneira transmissão vertical).
especial as mulheres e originou o fenômeno conhecido As mães que autorizaram a gravação da entre-
como feminização da epidemia, termo usado para vista tiveram suas identidades preservadas, seus nomes
demonstrar a vulnerabilidade feminina à exposição foram substituídos pela letra M, seguida de um número
ao vírus3. Ao serem inseridas no âmbito da AIDS, de identificação, garantindo, portanto, a legitimidade,
muitas mulheres foram infectadas em idade fértil e, a integridade e o anonimato dos sujeitos pesquisados,
consequentemente, as crianças foram constituindo em respeito aos princípios preconizados pela Resolução
um grupo também crescente para a infecção pelo HIV, no 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.
por meio da transmissão vertical7. A coleta de dados foi realizada no período de
De acordo com Ministério da Saúde, denomina- setembro de 2009 a março de 2010. O número de
se transmissão vertical do HIV a situação em que a participantes não foi determinado previamente, sendo
criança é infectada pelo vírus durante a gestação, parto definido a partir do ponto de saturação que consiste
ou amamentação pela mãe ou por outra mulher com na repetição das informações repassadas pelas partici-
sorologia positiva para o HIV8. pantes, totalizando 35 mães.
Compreende-se que sorologias para sífilis e Ao término da coleta e transcrição dos dados,
HIV são exigências essenciais durante a assistência partiu-se para a fase de análise estatística, mensurando-se
ao pré-natal, conforme orientação do Ministério da as frequências absolutas e percentuais do perfil sociode-
Saúde9. Atualmente, uma parcela considerável dos mográfico das participantes. A análise das informações
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presentes nas questões abertas, mediante a descrição que se sentiram perdidas, inconformadas, indignadas
das categorias definidas por meio da leitura flutuante do e até mesmo decepcionadas com a frieza de alguns
texto, permitiu realizar a seleção de conteúdos. Iniciou-se profissionais de saúde ao informar o diagnóstico e
a fase de exploração do material, sendo os dados organi- encaminhá-las aos serviços especializados.
zados e reunidos em unidades de registro pelo recorte e Frente à situação imposta, uma variedade de
decodificação do conteúdo. Foi utilizada a escolha das reações vividas foi mencionada, desde a indiferença até
unidades de registro e a categorização12. um completo desespero, além do choque, surpresa e re-
volta. A impotência, diante da nova realidade, também
Resultados e Discussão permeou esse momento, que, muitas vezes, culminou
na culpa do parceiro pela transmissão do vírus.
As mães possuíam idade entre 18 e 49 anos,
renda familiar variando entre menos de um salário Vale destacar que quase a totalidade das par-
mínimo a mais de três salários mínimos; somente ticipantes referiu ter contraído o HIV de seus parceiros
2 (5,71%) possuíam renda familiar superior a três fixos, sendo muitas casadas ou em união estável, o que
salários, mas que não passava de cinco salários míni- contradiz o preconceito de que a transmissão do vírus
mos. Destacam-se 25 (71,4%) mulheres que viviam está estritamente relacionada à promiscuidade feminina.
com seus companheiros, sendo 19 (54,3%) em união Para as participantes do estudo, o principal agra-
estável e 6 (17,1%) casadas. Em relação ao número vante do diagnóstico HIV positivo é a dificuldade de
de filhos, 28 (80%) possuíam mais de um filho vivo. revelar para a família. Entretanto, diante do estigma
Quanto à escolaridade, a maior parte das entrevis- do HIV, a possibilidade de contar com o apoio familiar
tadas possuía o ensino fundamental incompleto. Uma reduz os obstáculos para assimilar o diagnóstico14.
das participantes, inclusive, não era alfabetizada, o que Chama-se a atenção para a importância do
permite constatar um baixo nível de instrução educa- profissional de saúde que deve atuar de forma a fa-
cional, dificultando ao indivíduo obter conhecimento e cilitar a revelação do diagnóstico e o enfrentamento
informações sobre sua saúde e como cuidar dela. dessa vivência, minimizando os problemas emocionais
Dessa forma, a análise das entrevistas permitiu gerados pelo diagnóstico do HIV positivo, tanto à
a construção de quatro categorias, analisadas a seguir. portadora como aos seus familiares.
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O preconceito da família e da sociedade em fica olhando. Quando ela chora, eu faço a mamadeira
relação ao seu diagnóstico leva muitas mães a não e dou... e ela fica quietinha. (M13)
revelarem sua condição de saúde para evitar que ela e […] a primeira eu amamentei, agora, a segunda eu
seu filho sejam alvos da discriminação social e familiar. não pude porque fiquei sabendo do problema. (M16)
Desse modo, acabam delegando o cuidado de seus
filhos a pessoas muito próximas, evitando que outros Para as mães que já passaram pela experiência da
saibam de sua condição sorológica17. amamentação, o fato de não poder mais oferecer o peito
foi difícil, pois temiam perder, em parte, o papel de ser
Por toda dificuldade vivenciada por essas mães,
mãe, referindo, inclusive, sentimento de tristeza. Já aque-
percebe-se a necessidade de um cuidado de enferma-
las que nunca tiveram essa vivência reagiram de maneira
gem humanizado e efetivo voltado para essas mulheres
menos negativa, sentindo indiferença em relação a esse
fragilizadas e amedrontadas pelo preconceito e por
momento. Para algumas, entretanto, a inexperiência
possível transmissão vertical. Uma estratégia seria a
intensificou os sentimentos negativos, pois elas se viram
criação de grupos de apoio nos serviços que atendem
diante da impossibilidade de passar pela amamentação
mães com HIV positivo para que o profissional de
natural, um sonho que habita o universo feminino.
saúde possa oferecer uma assistência mais próxima
da realidade por elas vivenciada. E me senti impotente, não sei explicar direito, eu fiquei
Referente à participação em grupos, nenhuma das muito triste quando soube que não poderia amamentar,
entrevistadas pertence a grupos de apoio aos portadores mas tem como dar amor de outro jeito, entendeu. Às
do HIV, mas a maioria acredita que seria uma oportuni- vezes, eu vejo mães amamentando seus filhos, o neném
está no peito e a mãe está olhando para o outro lado, não
dade de obter mais informações, acolhimento e troca de
está nem ligando e isso não quer dizer muita coisa. O
experiências. As participantes que não demonstraram
amor que eu sinto não é um leite que vai substituir. (M2)
interesse em participar e justificaram com os mais vari-
ados motivos, como: medo de alguém descobrir seu di- A infecção pelo HIV e a impossibilidade de
agnóstico, falta de tempo e poucas condições financeiras amamentar naturalmente seu filho conduzem a mãe
para custear o seu transporte até o serviço ou grupo. com diagnóstico de soropositividade para este vírus a
enfrentar processos biológicos, emocionais, psicológicos
[…] vale, é sempre bom aprender, por mais que a
gente saiba, entendeu? Porque tem hora que eu fico
e sociais os quais despertam nelas sentimentos de medo,
meio perdida, porque eu não posso contar com ajuda tristeza, dor, angústia e culpa3. O ideal seria que todas
da minha família, entendeu? (M11) as gestantes infectadas recebessem, durante o pré-natal,
não só as instruções sobre o risco de transmissão do vírus
Gostaria de participar, mas não tenho condições; para o bebê como os procedimentos que deverão ter
é difícil eu vir aqui para conseguir participar, por para evitar a amamentação natural da criança, como
condições financeiras, eu moro longe e tenho muito enfaixamento dos seios, fármacos para secagem do leite
trabalho em casa. (M15) e a indicação do leite artificial para substituir o leite
Por não direcionar ações às mães e crianças, a materno. Tais informações no pré-natal evitariam que o
equipe perde oportunidades valiosas de intervir de modo momento do parto seja traumático para essas gestantes9.
preventivo e substancial no empoderamento destas mães A forma como a equipe de saúde acolhe e as
e, consequentemente, na promoção da saúde de seus orientações transmitidas influenciam a maneira como
conceptos tanto no pré-natal, parto até o pós-parto18. as puérperas aderem aos cuidados e lidam com as
Amamentar: sonho ou realidade implicações do reverso da amamentação. Percebe-se
que, apesar do forte impacto desse processo, o vínculo
Constatou-se que a maioria das mães entrevista- afetivo com os filhos mantém-se presente e o fato de
das já havia passado pela experiência da amamentação, não poder amamentar não afeta o papel de mãe e nem
por terem tido filhos antes da contaminação pelo prejudica a relação materno-filial.
HIV e/ou por desconhecerem o seu diagnóstico nas
gestações anteriores. Enfrentando as implicações decorrentes do
As mães que não passaram por essa experiência reverso da amamentação
relatam não terem amamentado seus filhos pelo fato de
A indicação médica para a supressão da lactação
conhecerem o seu diagnóstico. Todas as entrevistadas
foi realizada para a maioria das mães. No entanto, uma
mostraram-se cientes do risco da transmissão do vírus
delas não teve essa indicação e outra não produziu
pelo leite materno e referiram que por mais doloroso
leite. Entre as indicações, o enfaixamento das mamas
que representasse o reverso da amamentação, esse
foi o mais indicado, mas houve indicação de remédios
leite não foi oferecido à criança.
orais e injetáveis e até o uso de mais de uma técnica
Eu não pude dar de mamar para ela no peito, aí ficou simultaneamente. O momento dessa indicação ocor-
meio estranho, esquisito, mas só de dar na mamadeira a reu mais intensamente no pré-natal, mas foi realizado
gente sabe, sente, quando se é mãe a gente sente, que ela também na maternidade, no pós-parto.
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Constatou-se que o sentimento predominante das O receio de ter seus nomes associados ao HIV
mães, ao passarem pelo procedimento de secagem do seu é tão expressivo que, mesmo esclarecidas, algumas
leite, foi de tristeza, seguido por um conformismo rela- mães sentiram-se impedidas de registrar suas histórias,
cionado à consciência do risco da transmissão vertical. sendo esta uma das limitações deste estudo. Embora
Enfaixaram meu peito foi muito doloroso, meu peito empe-
não aceitassem participar, ficou evidente a necessidade
drou eu tive febre e quando eu cheguei em casa eu tomei dois dessas mulheres em desabafar suas histórias e conflitos
comprimidos e, em uma semana, meu leite secou. (M10) repletos de preconceito social.
Amamentar é compreendido como um sonho
É psicológico, doer não dói, mas é como se estivesse ti-
que não pode fazer parte da realidade. Para aquelas que
rando um pedaço de mim, nos privando daquilo. (M12)
já amamentaram em gestações anteriores, a doença
É importante informar, ainda no pré-natal, às representa uma privação em assumir seu papel de
mães infectadas pelo HIV, os riscos de transmissão pela mãe. Já para quem não passou por essa experiência,
amamentação, pois possibilita à gestante um tempo torna-se indiferente - o fundamental é não transmitir
para assimilar o fato de não amamentar o bebê, decidir a doença aos seus filhos.
se quer ou não utilizar alguma técnica de secagem do Verificam-se ainda as implicações e os mecanis-
leite, assim como escolher qual tipo de alimento será mos de enfrentamento presentes no reverso da ama-
fornecido ao filho no lugar do leite materno13. mentação, que geram a necessidade de uma assistência
Percebe-se, pelos depoimentos, que o leite artifi- de enfermagem qualificada. Para tanto, percebe-se a
cial industrializado foi o principal alimento empregado importância da realização de um pré-natal de quali-
na substituição do leite materno, em função da dis- dade, uma vez que a maioria das depoentes descobriu
tribuição gratuita por parte do governo, o que é visto ter contraído o HIV durante esse período.
pelas participantes como uma importante ajuda. Outros À guisa de conclusão, o enfermeiro é essencial
substitutos do leite materno mencionados foram o leite na efetivação de um cuidado humanizado às mães com
de vaca e o de soja. diagnóstico de soropositividade para o HIV. Além da
Ainda assim, para as mães é constrangedor e importância das orientações fornecidas a elas, o en-
estressante o momento de oferecer a mamadeira a seus fermeiro proporciona subsídios para o enfrentamento
filhos diante de pessoas desinformadas de sua soroposi- das principais dificuldades vivenciadas por essas mães.
tividade, pois é nesse momento que ocorrem as maiores Para isso, é imprescindível uma aproximação da reali-
cobranças quanto à amamentação natural. Isso propicia dade dessas mulheres, ouvindo-as e permitindo que
até que essas mães omitam o fato de não estarem ama- elas expressem sentimentos e dúvidas. Assim, torna-se
mentando ou mintam sobre os seus reais motivos. possível esclarecer e perceber possíveis riscos à saúde
Eu falava que meu leite secou. Porque eles faziam da mãe e do filho, além de criar medidas que tornem
muita pergunta e mesmo assim ainda perguntavam por mais branda a vivência dessa realidade.
que secou. Mas eu sempre estava com a resposta ali,
tranquila para passar para eles. (M18) Referências
Eu recebi a orientação da enfermeira para falar que eu
estava tomando um medicamento forte e por isso não 1.Pan American Health Organization, World Health
podia amamentar meu filho. (M20) Organization, Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF), Unaids (Joint united nations programme on
O preconceito social em torno do HIV associa-se HIV/ AIDS). 2014 Update: Elimination of mother-to-
à própria origem da epidemia a qual se supunha atingir child transmission of HIV and syphilis in the Americas.
somente os chamados grupos de risco (homossexuais Washington (DC): PAHO; 2014.
masculinos, usuários de drogas injetáveis, receptores 2.Kleinübing RE, Lipinski JM, Pereira FW, Fonseca AD,
de transfusão de produtos sanguíneos). Tal suposição Chagas MCS, Ilha S. Puérperas soropositivas para o HIV:
criou no subconsciente das pessoas a concepção de que como estão vivenciando a não amamentação. Rev enferm
a mulher que não tivesse um comportamento sexual UFPE on line. 2014; 8: 107-13.
promíscuo, não pegaria o vírus3. 3.Batista CB, Silva LR. Sentimentos de mulheres soro-
positivas para HIV diante da impossibilidade de ama-
Conclusão mentar. Esc Anna Nery. 2007; 11: 268-75.
4.Porto TSAR, Silva CM, Vargens OM. Cuidando de
Os resultados do estudo revelam o descobrir-se mulheres com HIV/AIDS: uma análise interacionista
mãe e portadora do HIV, evidenciando o impacto do na perspectiva de mulheres profissionais de saúde. Rev
diagnóstico e os temores pelo preconceito da socie- Gaúcha Enferm. 2014; 35: 40-6.
dade, reforçando o medo da transmissão vertical ao 5.Schaurich D, Coelho DF, Motta MGC. A cronicidade
seu concepto. Ser mãe e portadora do HIV traduz no processo saúde-doença: repensando a epidemia da
sentimentos que derivam da indiferença ao temor em AIDS após os anti-retrovirais . Rev enferm UERJ. 2006;
revelar seu diagnóstico à família e pessoas próximas. 14: 455-62.
Recebido em: 10/04/2014 – Aprovado em: 26/03/2015 Rev enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2015 mai/jun; 23(3):401-6 • p.405
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HIV/AIDS. 2014. The Gap Report. Beginning of the end Saúde. Departamento de DST/AIDS e hepatites virais.
of the AIDS epidemic. Genebra (Swi): UNAIDS; 2014. Recomendações para profilaxia da transmissão vertical
7.Leal AF, Roese, A, Sousa, AS. Medidas de prevenção do HIV e terapia antirretroviral em gestantes. Brasília
da transmissão vertical do HIV empregadas por mães (DF): CNDST/AIDS; 2010.
de crianças o positivas. Investigación y Educación en 14.Moreno CCGS, Filipe EV, Rea MF. Mães HIV positivo
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bilidades no viver de crianças com AIDS. Rev enferm 749-54.
UERJ. 2007; 15: 284-90. 18.Freitas JG; Barroso LMM; Galvão MTG. Capacidade
12.Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa (Pt): Edições de mães para cuidar de crianças expostas ao HIV. Rev
70; 2008. Latino-Am Enfermagem. 2013; 21: [09 telas].
p.406 • Rev enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2015 mai/jun; 23(3):401-6 Recebido em: 10/04/2014 – Aprovado em: 26/03/2015
RELATO DE CASO http://dx.doi.org/10.1590/1984‑0462/;2018;36;3;00011
resumo abstract
Objetivo: Descrever um caso de sífilis congênita com diagnóstico Objective: To describe a case of congenital syphilis with a late
tardio e identificar as oportunidades perdidas nas diversas fases/ diagnosis and identify missed opportunities at diverse phases/
níveis da atenção à saúde, que retardaram a realização do diagnóstico. levels of healthcare, which led to late diagnosis.
Descrição do caso: Menino, 34 dias de vida, encaminhado da Case description: Boy, 34 days of life, referred from a basic
Unidade Básica de Saúde a um hospital terciário por apresentar healthcare unit to a tertiary hospital due to enlarged abdominal
aumento do volume abdominal e icterícia progressiva há 2 semanas, volume and progressive jaundice for 2 weeks, fecal hypocholia,
hipocolia fecal, hepatoesplenomegalia, anemia, plaquetopenia hepatosplenomegaly, anemia, low platelet count and elevated
e elevação de enzimas hepáticas. Ao exame físico, apresentava liver enzymes. At physical examination, the infant presented with
lesões eritemato‑descamativas nas mãos e nos pés e exantema erythematous‑exfoliative lesions on the palms and soles, macular
macular em região inguinal, presença de ascite, fígado palpável a rash in the inguinal region, ascitis, palpable liver 5 cm below the
5 cm do rebordo costal direito e baço palpável a 3 cm do rebordo right costal margin and a palpable spleen 3 cm from the left
costal esquerdo. Sorologia do lactente: CMIA (quimioluminescência costal margin. Infant serology: reactive CMIA (chemiluminescent
de micropartículas) reagente, VDRL (Venereal Diseases Research microparticle immunoassay), VDRL (Venereal Diseases Research
Laboratory) 1:1024 e TPHA (Treponema pallidum Hemaglutination) Laboratory) 1:1024 and reactive TPHA (Treponema pallidum
reagente. Sorologia materna: CMIA e TPHA reagentes, VDRL Hemagglutination). Maternal serology: reactive CMIA and TPHA,
1:256. Radiografia de ossos longos mostrava periostite simétrica; VDRL 1:256. Radiography of the long bones showed symmetric
levantamento periosteal; e bandas metafisárias lucentes em periostitis, periosteal thickening, and lucent bands in the femur,
fêmures, úmeros, ulnas e tíbias. Após tratamento com penicilina humerus, ulna and tibia. After treatment with crystalline penicillin,
cristalina, apresentou melhora clínica e laboratorial, recebendo the infant showed clinical and laboratory improvement, receiving
alta no 18º dia de internação. hospital discharge at the 18th hospitalization day.
Comentários: Este caso mostra que ainda ocorre diagnóstico tardio Comments: This case shows that congenital syphilis is occasionally
de sífilis congênita por falhas nas estratégias de prevenção dessa diagnosed late as a result of failed strategies to prevent this
doença, tanto na atenção básica quanto nos níveis secundário e disease, both in the basic and secondary/tertiary levels of care.
terciário. A aplicação das intervenções preconizadas pelo Ministério The application of interventions recommended by the Ministry
da Saúde e a identificação das situações em que ocorrem falhas of Health and identification of the situation in which there is
na sua execução são importantes para a avaliação da assistência ineffective implementation of these measures are important to
de rotina em todos os níveis de atenção e nas diversas unidades assess routine care in all levels of healthcare and diverse units
responsáveis pelo cuidado do recém‑nascido e do lactente jovem. responsible for newborn and infant health care.
Palavras‑chave: Criança; Sífilis congênita; Atenção primária à Keywords: Child; Congenital syphilis; Primary health care; Sentinel
saúde; Vigilância de evento sentinela. surveillance.
377
Rev Paul Pediatr. 2018;36(3):376-381
Diagnóstico tardio de sífilis congênita
e exantema macular em região inguinal. Ao exame físico, micropartículas) reagente, VDRL 1:1024, TPHA (Treponema
identificou-se: ascite, icterícia ++/4+, fígado palpável a 5 cm pallidum Hemaglutination) reagente, sorologias HIV, toxo‑
do rebordo costal direito e baço palpável a 3 cm do rebordo plasmose, hepatites B e C e citomegalovírus não reagentes.
costal esquerdo (Figuras 1 e 2). Exames laboratoriais: Hb: Líquido cefalorraquidiano não foi coletado devido à pla‑
7,3 g/dL, Plaquetas: 20.000/mm 3, BT: 16,7 mg/dL, BD: quetopenia. Radiografia de ossos longos mostrava perios‑
14,8 mg/dL, AST: 244 U/L, ALT: 105 U/L, Gama Glutamil tite simétrica e disseminada, bandas metafisárias lucentes
Transferase (GGT): 95 U/L, FALC: 539 U/L, RNI: 1,24, e levantamento periosteal em fêmures, úmeros, ulnas e
R: 2,23. Sorologia sífilis: CMIA (quimioluminescência de tíbias (Figura 3). Ultrassonografia transfontanela e fundo
de olho sem alterações. Sorologia materna para sífilis (cole‑
tada imediatamente após o resultado positivo da criança):
CMIA e TPHA reagentes, VDRL 1:256. Demais sorolo‑
gias maternas negativas. Sorologia paterna para sífilis tam‑
bém reagente, realizada em UBS logo após o diagnóstico
da criança. Pai não forneceu o resultado à equipe, bem
como resultados das demais sorologias. Pai referia uso de
substâncias psicoativas.
Foi iniciado tratamento com penicilina cristalina endove‑
nosa na dose de 50.000 UI/kg/dose de 4/4 horas por 10 dias,
conforme preconizado para neurolues pelo Ministério da
Saúde (MS). Durante o tratamento, recebeu concentrado
de hemácias e oferta suplementar de oxigênio, pois apre‑
sentou desconforto respiratório devido ao efeito restritivo
por ascite de grande volume. Evoluiu com melhora clínica
e laboratorial: Hb: 10,9 g/dL, Plaquetas: 89.000/mm 3,
BT: 12,85 mg/dL, BD: 8,1 mg/dL, AST: 244 U/L, ALT:
105 U/L, GGT: 182 U/L, FALC: 634 U/L, RNI: 1,66, R:
1,09. Nesse momento, foi realizada tentativa de coleta de
Figura 2 Foto do paciente na admissão no Hospital de Figura 3 Periostite e levantamento periosteal característicos,
Clínicas da Universidade Estadual de Campinas. afetando fêmur e tíbia bilateralmente.
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líquor, porém sem sucesso por dificuldade técnica. Recebeu SC pode cursar com manifestações clínicas nos primei‑
alta no 18º dia de internação, para acompanhamento em ros dias de vida ou mesmo ao nascimento, podendo ser
ambulatório de gastrenterologia e infectologia pediátrica. identificadas no primeiro exame físico realizado ainda na
Durante a internação, a mãe iniciou tratamento com 3 doses maternidade.10 Nesse caso, houve falha também no exame
semanais de 2.400.000 UI de penicilina benzatina e o pai físico do recém‑nascido, uma vez que este já apresentava
foi encaminhado para tratamento e seguimento em UBS. lesões vesico‑bolhosas descamativas de mãos e pés, típicas
da doença em sua forma congênita, segundo informações
maternas. Após a alta da maternidade, o recém‑nascido pas‑
DISCUSSÃO sou por consulta de puericultura em UBS, em que foram
No caso relatado, foi perdida a oportunidade do diagnós‑ identificadas novas manifestações clínicas como icterícia e
tico de SC durante a gestação, na internação para o parto aumento do volume abdominal. Ainda assim, o diagnóstico
e na unidade neonatal devido aos seguintes fatos: não foi da criança foi realizado somente após encaminhamento a
realizada a sorologia materna para sífilis no último tri‑ serviço terciário para investigação de síndrome colestática.
mestre, não foram investigadas as manifestações clínicas De 1998 a junho de 2016, foram notificados no Sistema
da criança ao nascimento e não foi realizado teste trepo‑ de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) 142.961
nêmico na internação para o parto. Foi realizado apenas casos de SC em menores de 1 ano. Em 2015, foram noti‑
teste não treponêmico (VDRL) da mãe, que teve resul‑ ficados 19.228 casos, sendo que, destes, 18.938 (98,1%)
tado falso‑negativo, provavelmente devido ao efeito pro‑ foram diagnosticados ainda no período neonatal, dos quais
zona.8 Na admissão para o parto ou mesmo para curetagem 96,4% na primeira semana de vida.5 Considerando‑se esses
após abortamento, deve ser realizado teste não treponê‑ índices, conclui‑se que o presente caso teve diagnóstico tar‑
mico (VDRL) associado a um teste treponêmico, inde‑ dio comparado à maioria dos casos brasileiros e, consequen‑
pendentemente dos resultados das sorologias realizadas no temente, instituição tardia do tratamento, o que implica
pré‑natal. O teste rápido é utilizado nas UBS para iden‑ maior morbidade e maior risco de sequelas para o paciente.
tificar rapidamente gestantes com contato prévio com o Lago e Garcia 11 descreveram, em 2000, três casos de
treponema, com risco alto de apresentar sífilis não tratada. lactentes com diagnóstico tardio de sífilis, que necessita‑
O teste rápido pode ser utilizado no momento do parto, ram de internação hospitalar via pronto‑socorro, visando
desde que acompanhado do VDRL.9 alertar aos serviços de emergência a importância da suspei‑
A importância da realização de teste treponêmico jun‑ ção desse diagnóstico, pois este pode passar despercebido
tamente ao VDRL se dá pela possibilidade de ocorrerem no período neonatal. O presente trabalho mostra a impor‑
resultados falsos‑negativos do teste não treponêmico. tância desse alerta mesmo 17 anos depois, pois, apesar do
Resultados falsos‑negativos podem ocorrer na fase inicial desenvolvimento de programas e estratégias preventivas,
da doença, na sífilis latente tardia e na sífilis tardia, bem frente à atual prevalência e às possíveis falhas na preven‑
como resultado do efeito prozona. O efeito prozona se dá, ção e na detecção precoce da doença, essa hipótese deve
principalmente, no estágio de sífilis recente e durante a ser incluída no diagnóstico diferencial dos casos atendidos
gravidez. Ocorre quando há um excesso de anticorpo no rotineiramente nos serviços de urgência.
soro testado, o que leva ao bloqueio do antígeno e à inibi‑ Sabe‑se que a ocorrência de tantos casos de SC, mesmo
ção da reação do teste, levando ao falso resultado negativo. nas regiões metropolitanas — onde existe maior acesso e,
Para evitar que isso ocorra, deve‑se proceder a diluição da supostamente, melhor qualidade da atenção à saúde da
amostra testada, até 1:4 ou 1:8. Em geral, os laboratórios mulher e da criança —, evidencia graves falhas no pré‑natal.
brasileiros realizam o teste VDRL para diagnóstico da sífilis Essas falhas podem ser atribuídas a problemas na cober‑
na diluição 1:1, o que possibilita a ocorrência desse evento.8 tura e na qualidade do pré‑natal, no diagnóstico e no tra‑
Vale ressaltar a importância do exame da placenta no tamento na atenção básica, na captação e no tratamento
momento do parto, pois a placentite causada pelo Treponema de parceiros sexuais e na monitorização do tratamento. 9
pallidum apresenta‑se clinicamente por placenta pálida, Entretanto, é importante salientar que também podem
grosseira e de grandes dimensões. Nesses casos, a placenta ocorrer falhas na realização do diagnóstico precoce de SC
deve ser enviada para exame histopatológico, para inves‑ nas maternidades ou nas primeiras consultas de puericul‑
tigação do diagnóstico de sífilis.9 tura — como ocorrido no presente caso —, salientando,
Apesar de aproximadamente 70% dos recém‑nasci‑ assim, a importância de que todo recém‑nascido receba
dos serem assintomáticos ao nascimento, sabe‑se que a alta da unidade maternidade apenas após o resultado da
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Diagnóstico tardio de sífilis congênita
sorologia materna — teste treponêmico associado a não adequadas de penicilina benzatina ao estágio da doença,
treponêmico — negativa para sífilis. documentado no cartão de pré‑natal e finalizado pelo
Na epidemiologia, aplica‑se o termo “evento sentinela” menos 30 dias antes do parto, além de comprovação do
para designar eventos que envolvem agravos ou óbitos pre‑ tratamento do parceiro concomitantemente. O tratamento
veníveis, possivelmente associados à má qualidade de inter‑ da sífilis recente na gestante (fases primária, secundária e
venções de caráter preventivo ou terapêutico, servindo de latente precoce) resume‑se a duas séries de 2.400.000 UI
alerta aos profissionais de saúde de que essas estratégias de penicilina G benzatina com intervalo de 1 semana entre
devem ser aprimoradas. 12 O caso descrito caracteriza um as doses. Já nas fases latente tardia e terciária ou desconhe‑
evento sentinela por demonstrar falhas nas barreiras de cida, o esquema envolve 3 séries de 2.400.000 UI. Deve
prevenção nos diversos níveis da atenção à saúde. haver, ainda, a comprovação da queda de duas titulações
As medidas de prevenção da SC consideradas eficazes em sorologia não treponêmica no momento do parto, ou
são esquematizadas em etapas obrigatórias previstas pelo títulos estáveis se o título inicial era menor ou igual 1:4. 3,9
MS. Em primeiro lugar, toda gestante deve ter acesso a um Dentre os casos de SC notificados em 2015, 78,4%
acompanhamento pré‑natal qualificado, considerado sufi‑ das mães haviam realizado pré‑natal. Destas, 51,4% tive‑
ciente quando ela realiza no mínimo seis consultas. O Plano ram o diagnóstico de sífilis durante a gravidez e 34,6% no
Operacional para Redução da Transmissão Vertical do HIV momento do parto/curetagem.5 Esses índices, em conso‑
e da Sífilis de 2007 preconiza o rastreamento sorológico nância com o insucesso do pré‑natal realizado neste caso,
de toda gestante por duas vezes, no primeiro e terceiro tri‑ refletem a baixa qualidade da assistência à gestante no país
mestres. Caso a infecção ocorra durante a gestação, pode e a desvalorização das medidas, comprovadamente efica‑
ser identificada no último trimestre. 10 No caso descrito, zes, no diagnóstico e no tratamento da sífilis na gestação.
acredita‑se que a gestante tenha contraído a infecção após Imediatamente após a internação para o parto na mater‑
o primeiro trimestre, porém a falta da sorologia materna nidade, ou mesmo em casos de abortamento, é obrigatória
no último trimestre e o resultado falso‑negativo no dia do a realização de um teste treponêmico e um não treponê‑
parto impossibilitaram o diagnóstico. Vale lembrar que o mico para sífilis. Nos casos de mães com diagnóstico de
rastreamento na gestação é de baixo custo e de fácil acesso, sífilis com teste treponêmico positivo, procede‑se a ava‑
envolvendo apenas um teste de triagem, em geral o teste liação geral da criança com a solicitação de exames como
não treponêmico VDRL. Nos casos em que o VDRL é líquor, radiografia de ossos longos e hemograma. A coleta
positivo, instituem‑se testes treponêmicos mais específicos. do líquor é obrigatória para pesquisa de neurossífilis.
As gestantes que apresentarem sorologia positiva devem Quando não é possível coletá‑lo devido à plaquetopenia,
ser convocadas para início imediato do tratamento, bem por exemplo, deve‑se considerar a possibilidade de neuros‑
como os seus parceiros, que devem ser testados com teste sífilis e seguir o tratamento recomendado com penicilina
treponêmico ou teste rápido e tratados de acordo com as cristalina, como foi feito neste caso. Além disso, assim que
recomendações vigentes.9 possível, deve ser realizada a coleta do líquor. Neste caso,
Com o intuito de identificar precocemente as gestantes após melhora da plaquetopenia, foi realizada tentativa de
em risco de sífilis e garantir o tratamento precoce durante coleta do líquor, porém sem sucesso por dificuldade técnica.
a gestação, o MS, por meio da Portaria n. 1.459/GM/ Por esse motivo, a criança recebeu alta, com programação
MS 13, de 24 de junho de 2011, instituiu o teste rápido ambulatorial para realização desse exame.10,15
no âmbito da Rede Cegonha como ações para preven‑ O caso clínico desta criança que recebeu o diagnóstico
ção e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis de sífilis tardiamente aponta para a necessidade de aten‑
(DST). Trata‑se de um teste de fácil execução, que não ção e cumprimento das ações preconizadas pelo MS no
exige infraestrutura laboratorial e cuja leitura é realizada cuidado à gestante e ao seu recém‑nascido em relação à
em 10‑15 minutos. As equipes de enfermagem das UBS prevenção da SC, no sentido de identificar e tratar o mais
receberam treinamento para execução, leitura e interpre‑ precocemente possível essa doença.
tação dos resultados do teste rápido em gestantes e seus
parceiros.14 A identificação da gestante com sífilis durante Financiamento
o pré‑natal possibilita o seu tratamento, que, quando rea‑ O estudo não recebeu financiamento.
lizado de forma adequada no primeiro trimestre, evita a
infecção do feto. Para ser considerada adequadamente Conflito de interesses
tratada, a gestante deve apresentar: tratamento com doses Os autores declaram não haver conflito de interesses.
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