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7.

2 Equilíbrio e centro de gravidade

Conforme Okuno & Fratin

 Um corpo extenso pode ser imaginado como sendo constituído por um número muito grande de pequenos
pedaços, tão minúsculos quanto uma célula, tratando-se de partes do corpo humano.
 O peso resultante desse corpo corresponderá à soma das forças peso que atuam em cada um desses pedaços.
Existe um lugar onde podemos considerar aplicada a resultante das forças peso.
Esse ponto é chamado “centro de gravidade” (C.G.) centro de massa

Tudo se passa como se toda a massa do corpo estivesse concentrada nesse ponto e, portanto, é ali onde atua a força
peso resultante.
 Para corpos de forma regular e homogêneos o C.G. está em seu centro geométrico.
 Suspenso ou suportado por esse ponto ou por uma força cuja linha de ação passa por esse ponto, um objeto fica
equilibrado.

Conforme Lehmkuhl & Smith


 o C.G. é definido como o único ponto de um corpo ao redor do qual todas as partículas de sua massa estão
igualmente distribuídas.
 Se o corpo fosse suspenso (ou suportado) por este ponto, ele deveria estar perfeitamente equilibrado.
 Cada corpo comporta-se como se toda a sua massa estivesse agindo ou sofrendo a ação de alguma força neste
centro de gravidade.

Okuno & Fratin questionam:


 Mas por qual motivo o conhecimento da posição do C.G. é importante?

Vários corpos se encontram em posições que permitem questionar sobre o que lhes irá acontecer em seguida

- se vão permanecer na mesma posição ou


- se vão rodar ou cair para algum lado

 A conclusão sobre cada situação é obtida considerando-se que a força peso de cada corpo age no seu C.G. e
pode exercer um torque com relação ao seu ponto de apoio , visto como um eixo de rotação.
Como a força peso é sempre vertical e dirigida para baixo , basta verificar se o braço da força peso é zero ou
diferente de zero.

Quando for diferente de zero há torque e portanto rotação.


O sentido do giro poderá ser horário ou anti-horário.

No caso em que a linha de ação da força peso passa pelo eixo de rotação, o braço de força peso é zero e portanto
- não há torque, e
- o corpo permanece na mesma posição em equilíbrio estático.
Conforme Lehmkuhl & Smith
 O C.G de um objeto sólido tal como um tijolo ou uma bola não é difícil de visualizar.
 O corpo humano, entretanto, tem muitos segmentos com formato irregular.
 Conforme as posições dos segmentos mudam também muda o C.G como um todo.
 Um paciente com pequena força muscular pode desmoronar em uma fração de segundo se se permite que a
linha de gravidade ultrapasse a base de suporte.

 O conhecimento de onde e como a força da gravidade age sobre o corpo é importante clinicamente
- para facilitar o movimento
- alterar cargas de exercício
- equilibrar os segmentos e
- evitar quedas

De acordo com Watkins


 Na posição em pé, o C.G. de um adulto do sexo masculino está localizado dentro de seu corpo, perto de seu
umbigo, ou seja, em aproximadamente 55% de sua estatura quando medida a partir do chão, e exatamente
entre a parte da frente e a parte de trás do corpo.
 ~ 2ª vértebra sacral

 Com relação a ficar em pé, os movimentos dos braços, que constituem aproximadamente 11% do peso corporal,
resultam em uma pequena mudança na posição do centro de gravidade.
 O tronco representa quase 50% do peso corporal
 a completa flexão do tronco pode resultar em que o C.G. esteja localizado fora do corpo.

Alguém com MM longos e MMSS e tóraxmusculosos terá seu C.G. mais alto que alguém com
MMII mais curtos e grossos.

 O C.G. do corpo pode também estar localizado fora do corpo durante posturas envolvendo a extensão plena do
tronco, como quando se afasta da barra no salto em altura.

 Os movimentos que envolvem mudança contínua na orientação dos segmentos do corpo, como caminhar e
correr, resultam na contínua mudança do C.G. do corpo.

De acordo com Hall


 Pelo fato de o comportamento mecânico do corpo poder ser traçado acompanhando-se o trajeto do C.G. corporal
total, esse fator foi estudado como possível indicador da eficiência do desempenho em vários aspectos.
 Por exemplo, admitiu-se que corredores altamente qualificados exibem menos oscilação vertical do C.G. durante
um desempenho.
 Acredita-se que a trajetória do C.G. durante a impulsão em vários dos eventos com saltos é um fator capaz de
diferenciar o desempenho qualificado de um outro desempenho menos qualificado.
 No salto em distância, os melhores atletas adotam uma passada normal, com altura do C.G. relativamente
constante, através da penúltima passada.
 Durante a última passada, porém, eles abaixam acentuadamente, a altura do C.G. , aumentando em seguir essa
altura ao iniciarem a passada do salto.
 Entre os melhores saltadores com vara observa-se uma elevação progressiva do C.G. na antepenúltima passada
para a impulsão.
 Isso é devido, em parte, à elevação dos braços quando o atleta se prepara para fincar a vara.

 No entanto a pesquisa indica que os melhores saltadores com vara abaixam seus quadris durante a penúltima
passada, elevando progressivamente os quadris (e o C.G.) através da impulsão.
 A estratégia de abaixar o C.G. antes da impulsão permite ao atleta alongar a trajetória vertical através da qual o
corpo é acelerado durante a impulsão, facilitando dessa forma alta velocidade por ocasião da impulsão.

 ESTABILIDADE E EQUILÍBRIO

Estabilidade é um conceito intimamente relacionado aos princípios de equilíbrio.

É definida mecanicamente como resistência tanto à aceleração linear quanto à angular ou como resistência em
romper
o equilíbrio
 Em algumas circunstâncias, como a luta de sumô é desejável ampliar a estabilidade.
 Em outras situações, a melhor estratégia de um atleta consiste em minimizar intencionalmente a estabilidade.
 Os velocistas e nadadores, na postura preparatória para iniciar uma competição, assumem intencionalmente uma
posição corporal que lhes permite acelerar rápida e facilmente ao som da pistola de partida.
 Vários fatores mecânicos afetam a estabilidade de um corpo.

Em conformidade com a segunda Lei de Newton do Movimento (F = m.a),


quanto maior a massa do objeto,
maior será a força necessária para produzir determinada aceleração.

Os ginastas com maior massa corporal estão em desvantagem, pois a execução da maioria das provas desse
desporto envolve a quebra da estabilidade.
Quanto maior a quantidade de atrito entre um objeto e a superfície ou as superfícies de contato, maior a força
necessária para iniciar e manter o movimento.
... os patins de corrida são projetados de tal forma que o atrito por eles gerado contra o
gelo seja mínimo, permitindo quebra rápida da estabilidade no início de uma competição

Outro fator que afeta a estabilidade é a base de apoio


 Esta consiste na área circundada pelas bordas externas do corpo em contato
com a superfície ou as superfícies de apoio.
 Quando a linha de ação do peso de um corpo (dirigida a partir do C.G.) se desloca para fora da base de apoio,
terá sido criado um torque que tende produzir o movimento angular do corpo, rompendo assim a estabilidade,
com o CG caindo na direção do solo.
 Quanto maior for a base de sustentação (de apoio) menor será a probabilidade dessa ocorrência (ruptura da
estabilidade).

A altura do C.G. em relação à base de apoio também pode afetar a estabilidade.


 Quanto mais alto for o posicionamento do C.G., maior será o torque potencialmente destrutivo criado quando
um corpo sofre um deslocamento angular
 Com certa frequência os atletas se agacham em determinadas situações, quando desejam maior estabilidade.
 Em condições normais, o tamanho da base de sustentação (base de apoio) constitui um determinante primário da
estabilidade.
O graude estabilidade depende de 4 fatores a saber (Okuno & Fratin)
1.Altura do C.G. em relação ao chão: quanto mais baixo o C.G., mais estável é;
2.Tamanho da base de sustentação: quanto maior, maior é a estabilidade;
3.Localização da linha imaginária vertical que passa pelo C.G. em relação à área da base de sustentação: → quanto
mais no centro da base estiver essa linha, maior é a estabilidade;
4. Peso do corpo: tanto mais estável, quanto maior for o peso.

 Os bebês e as crianças pequenas têm seu C.G. mais altos em relação à sua altura por causa de suas cabeças
relativamente maiores e MMII mais curtos.

 Para cada movimento de membro, o C.G. de todo o corpo muda-se levemente na direção daquele movimento. O
quanto ele se move depende do membro que é movido e do tanto que ele se moveu.
 O C.G. relativamente alto nos seres humanos faz que seu equilíbrio não seja muito estável.

 Como o C.G. depende da distribuição da massa, qualquer modificação na postura desloca o C.G.
 Como os homens têm ombros mais largos que as mulheres e elas têm quadris mais largos, o C.G. nos homens
está ligeiramente mais alto que nas mulheres em relação ao chão.
 As mulheres, nos últimos meses de gravidez, têm o C.G. deslocado para frente, e para se equilibrarem elas
caminham colocando o tórax e a cabeça um pouco para trás.
 Pessoas que tiveram sua perna ou braço amputado alteram a posição do C.G. e tem que treinar para se
equilibrarem.
 Quanto maior for a base de apoio, maior é a estabilidade do corpo.
 É por essa razão que ficar na ponta dos pés ou na ponta de um único pé dificulta o equilíbrio, tendo em vista a
diminuição da área de apoio.

Fatores de risco para maior incidência de quedas


 Níveis de coeficiente de atrito menor a 0,82
 Menor tensão em repouso
 Deficiências
- na força muscular,
- no movimento articular,
- no equilíbrio,
- na marcha,
- na audição,
- na visão e
- na cognição

Lembrar
 Estabilidade → resistência à ruptura do equilíbrio.
 Equilíbrio → capacidade de controlar a estabilidade.

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