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DIREITO DO CONSUMIDOR

RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO.


DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA

Livro Eletrônico
FABRÍCIO MISSORINO

É especialista em Defesa da Concorrência pela


Fundação Getúlio Vargas (FGV-EDESP), possui
graduação em Ciências Sociais pela Universi-
dade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
(UNESP) e graduação em Direito pelo Centro
Universitário de Araraquara (UNIARA). Atua
na advocacia privada consultiva e contenciosa
com foco nas relações de consumo. Atua como
Consultor junto à Organização Pan-Americana
da Saúde (OPAS), prestando serviços à Câma-
ra de Regulação do Mercado de Medicamentos
(CMED), órgão responsável pela regulação do
mercado de medicamentos. Atua como Consul-
tor Associado junto à ATIVACIDADE - Diálogo e
implementação de políticas públicas, coletivo de
profissionais que tem por objetivo atuar na ges-
tão de políticas, programas e projetos junto ao
setor público. Tem experiência na área de edu-
cação à distância, educação superior em Direito
e capacitação de profissionais do Sistema Na-
cional de Defesa do Consumidor, com atuação
em iniciativas de formação de profissionais de
atendimento que atuam em Procons, Ministé-
rios Públicos, Defensorias Públicas e Entidades
Civis de Defesa do Consumidor, no ensino à dis-
tância de servidores públicos federais em par-
ceria com a Escola Nacional de Administração
Pública (ENAP) e Escola Superior do Ministério
Público da União (ESMPU), bem como no ensino
universitário e projetos de extensão nas disci-
plinas Direito do Consumidor, Direito Agrário e
Urbano, Direito Constitucional, Direitos Huma-
nos e Sociologia Jurídica.

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Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço. Decadência e
Prescrição. Desconsideração da Personalidade Jurídica
Prof. Fabrício Missorino

Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço. Decadência e Prescrição.


Desconsideração da Personalidade Jurídica....................................................... 4
1. Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço......................................4
1.1. Solidariedade entre Fornecedores............................................................8
2. O Vício de Qualidade do Produto no CDC................................................... 14
2.1. Vício Aparente e Vício Oculto................................................................ 21
2.2. Saneamento do Vício de Qualidade do Produto (a Tríplice Opção do
Consumidor)............................................................................................. 23
3. Vício de Quantidade do Produto............................................................... 37
4. O Vício do Serviço no CDC...................................................................... 45
5. Serviços Públicos no CDC........................................................................ 54
6. Decadência e Prescrição......................................................................... 64
6.1 Da Relação entre os Prazos de Garantia Legal e Garantia Contratual........... 81
7. Desconsideração da Personalidade Jurídica no CDC..................................... 85
Resumo.................................................................................................... 92
Questões Comentadas em Aula................................................................. 104
Questões de Concurso.............................................................................. 135
Gabarito................................................................................................. 139

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RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO.


DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA.
1. Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço
Na mesma linha de importância e caráter estratégico do direito à informação,

da proteção contratual, da inversão do ônus da prova, dentre outros direitos de

extrema relevância previstos no CDC, uma das maiores preocupações do legislador

foi inserir regras claras sobre a proteção à incolumidade econômica do consumidor,

materializadas por meio da regra de responsabilidade por vício dos produtos e dos

serviços colocados no mercado de consumo.

Seguindo o mesmo grau de importância da regra de responsabilidade dos forne-

cedores em relação aos acidentes de consumo, também podemos dizer que o Códi-

go de Defesa do Consumidor é um divisor de águas em relação à responsabilização

dos agentes que provocam lesões à incolumidade econômica dos consumidores,

eis que antes do CDC tínhamos uma legislação frágil e ineficiente para enfrentar a

problemática da adequação dos produtos e serviços aos fins a que se destinam, ou

seja, do bom funcionamento, da qualidade verificada em produtos e serviços, do

atendimento às justas expectativas do consumidor.

Na análise dessa temática à luz dos princípios da Política Nacional das Relações de

Consumo, nos termos dos incisos I, II “d”, III, V, VI do art. 4º do CDC, reforçam-se:

• as linhas norteadoras que garantem a proteção de seus interesses econômicos;

• a transparência das relações de consumo;

• a melhoria da qualidade de vida dos consumidores;

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• a ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor por

meio da garantia de produtos e serviços inseridos no mercado de consumo com

padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho;

• a boa-fé e o equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;

• o incentivo à criação de meios eficientes de controle de qualidade de produtos

e serviços;

• a coibição e repressão de todos os abusos praticados no mercado de consumo;

• bem como a racionalização e melhoria dos serviços públicos.

Sob a luz dos direitos básicos dos consumidores, nos termos dos incisos III, IV, VI,

VII e VIII do art. 4º do CDC, a temática da responsabilidade por vício tem como base:

• a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços;

• a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais co-

ercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou im-

postas no fornecimento de produtos e serviços;

• a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,

coletivos e difusos;

• o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou

reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos;

• bem como a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão

do ônus da prova.

Ganha importância, também com mais ênfase, o reconhecimento da vulnerabili-

dade do consumidor (inclusive como premissa de interpretação das regras do Códi-

go); além de se transferir imediatamente os riscos da atividade ao fornecedor, que

passa a ser responsável por eventual disparidade de informações constantes do re-

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cipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária. Nessa lógica, assim


como nos acidentes de consumo, prevalece a regra da responsabilidade objetiva e
solidária entre os participantes da cadeia de fornecimento de produtos e serviços.
Com base nisso, ao lado da exigência de que os produtos e serviços oferecidos
no mercado devem ser seguros, o CDC também se preocupa com a adequada fun-
cionalidade dos bens e serviços, ou seja, o aparelho celular deve receber e efetuar
chamadas, a velocidade do pacote de serviços de internet deve ser condizente com
a oferecida, a colocação de telhas deve impedir a entrada de chuva etc.

Antes de adentrarmos à regra de responsabilidade por vício, cabe, aqui, ressal-


tarmos a distinção entre vício e fato do produto, pois essa diferenciação pautará a
utilização das regras do CDC pelo operador do Direito. Pois bem, podemos entender
como vício aquela inadequação do produto que por si só não causa um acidente
de consumo, mesmo que se trate de um item de segurança, mesmo que traga
potencial de ofender a integridade física do consumidor e seu patrimônio, sendo a
questão tratada à luz dos artigos 18 e seguintes do CDC. Já a disciplina do fato do
produto, como vimos na aula 2, só deve ser invocada após a ocorrência de acidente
de consumo, sendo a questão tratada à luz dos artigos 12 e seguintes do CDC.
Um bom exemplo para tratarmos dessa diferenciação seria um defeito no sistema
de freios de um automóvel. Mesmo que esse defeito importe em potencial risco
à integridade física do consumidor, a simples verificação do defeito direciona o
operador da lei à aplicação da regra de responsabilidade por vício, remetendo-o à
recuperação do dano patrimonial causado pelo fornecedor. Somente a ocorrência
do acidente de consumo direciona o operador à aplicação da regra de responsabi-
lidade pelo fato, remetendo-o à reparação de todos os danos causados em virtude

do acidente.

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Vejamos a seguir como a banca abordou esse tema:

Questão 1    (PROMOTOR DE JUSTIÇA VESPERTINA/MPE-SC/2014) De acordo

com o Código de Defesa do Consumidor, as imperfeições dos produtos dividem-se

em duas categorias: defeitos e vícios. Os primeiros possuem natureza mais grave,

pois são capazes de causar danos à saúde ou à segurança do consumidor, enquanto

os segundos têm como consequência apenas a inservibilidade ou a diminuição do

valor do produto.

Certo.

Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para a diferen-

ça de conceito entre as responsabilidades pelo fato e pelo vício do produto e do

serviço.

O próprio legislador do CDC procurou estabelecer o conceito de produtos e ser-

viços impróprios ao consumo, vinculando essa definição aos aspectos da apresen-

tação do produto (deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados,

corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos), da adequação

ao prazo de validade, da adequação aos fins que razoavelmente deles se

esperam e do atendimento às normas regulamentares de prestabilidade,

conforme disposto nos artigos 18, § 6º e 20, § 2º).

Assim, a responsabilidade por vício deve se pautar em três vetores de análise:

a impropriedade ou a inadequação de produtos e serviços, a diminuição de valor de

produtos e serviços, bem como a disparidade de informações constantes do reci-

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piente, rótulo ou fôlder. Do ponto de vista didático, seguindo a ordem estabelecida

pelo legislador do CDC, vamos analisar primeiramente a regra de responsabilidade

por vício do produto para, em seguida, analisarmos a regra referente ao vício do

serviço. Antes, porém, reforçaremos o conceito de solidariedade entre fornecedo-

res, em especial quando envolvidos em condutas referentes ao vício de produtos e

serviços.

1.1. Solidariedade entre Fornecedores

Um aspecto de extrema relevância no estudo da responsabilidade por vício é

a aplicação direta da regra geral de responsabilidade objetiva e solidária prevista

no CDC. Isso quer dizer que tanto o fabricante quanto o comerciante ou qualquer

outro integrante do ciclo de produção do bem estão igualmente obrigados perante

o consumidor a efetuar os reparos nos produtos, proceder à devolução do dinheiro,

substituir o produto ou efetuar o respectivo abatimento proporcional do preço.

Um dos pontos que confirma essa intenção do legislador é a expressão utiliza-

da na redação dos artigos 18, 19 e 20 do CDC (“Os fornecedores…” ou “O forne-

cedor…”), deixando bem clara a intenção de vincular, ao mesmo tempo, todos da

cadeia de fornecimento de produtos e serviços. Portanto, eventual reclamação nos

Procons ou ações judiciais podem ser dirigidas ao comerciante, ao fabricante, ao

produtor, ao distribuidor, ao importador, ou qualquer outro fornecedor da cadeia ou

contra ambos.

Como exemplo, podemos citar a aplicação direta dos artigos 18, § 1º e 20 do

CDC, ou seja, a pretensão do consumidor em relação à substituição do produto, à

reexecução do serviço, à restituição da quantia paga ou do abatimento proporcio-

nal do preço pode ser dirigida tanto ao comerciante (fornecedor imediato) como ao

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fabricante ou a qualquer outro fornecedor intermediário que integre o ciclo produ-

tivo-distributivo.

Em suma, a responsabilidade solidária se mostra como um relevante instru-

mento de defesa dos interesses do consumidor; pois, em diversas situações, a

satisfação do direito do consumidor só é possível em virtude da existência de uma

regra que garanta a pluralidade de responsáveis, principalmente, p. ex., quando

um comerciante encerra suas atividades e desaparece da noite para o dia sem dei-

xar qualquer patrimônio para responder pelas suas dívidas.

Vejamos a seguir como as bancas abordaram esse tema:

Questão 2    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – X – 1ª FASE/OAB/FGV/2013) Eli-

sabeth e Marcos, desejando passar a lua de mel em Paris, adquiriram junto à Ope-

radora de Viagens e Turismo “X” um pacote de viagem, composto de passagens

aéreas de ida e volta, hospedagem por sete noites, e seguro saúde e acidentes

pessoais, este último prestado pela seguradora “Y”. Após chegar à cidade, Elisabeth

sofreu os efeitos de uma gastrite severa e Marcos entrou em contato com a ope-

radora de viagens a fim de que o seguro fosse acionado, sendo informado que não

havia médico credenciado naquela localidade. O casal procurou um hospital, que

manteve Elisabeth internada por 24 horas, e retornou ao Brasil no terceiro dia de

estada em Paris, tudo às suas expensas.

Partindo da hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.

a) O casal poderá acionar judicialmente a operadora de turismo, mesmo que a

falha do serviço tenha sido da seguradora, em razão da responsabilidade solidária

aplicável ao caso.

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b) O casal somente poderá acionar judicialmente a seguradora Y, já que a operado-

ra de turismo responderia por falhas na organização da viagem, e não pelo seguro

porque esse foi realizado por outra empresa.

c) O casal terá que acionar judicialmente a operadora de turismo e a seguradora

simultaneamente por se tratar da hipótese de litisconsórcio necessário e unitário,

sob pena de insurgir em carência da ação.

d) O casal não poderá acionar judicialmente a operadora de turismo já que havia

liberdade de contratar o seguro saúde viagem com outra seguradora e, portanto,

não se tratando de venda casada, não há responsabilidade solidária na hipótese.

Letra a.

Na análise dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar que na regra de

responsabilidade por vício do produto e do serviço a responsabilidade é solidária,

envolvendo, de uma só vez, todos da cadeia de fornecimento, conforme artigos 18

a 20 do CDC.

Questão 3    (DIREITO NA ÁREA DA SAÚDE PÚBLICA/HOSPITAL DAS CLÍNICAS

DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO/CFMUSP/VU-

NESP/2015) De conformidade com as regras do Código de Defesa do Consumidor,

é correto afirmar que

a) Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do pro-

duto apresentado. Assim sendo, o consumidor prejudicado poderá exigir, alternati-

vamente e à sua escolha, a complementação do peso ou medida ou ainda o abati-

mento proporcional do preço.

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b) a reexecução dos serviços poderá ser exigida pelo consumidor, porém acarreta-

rá custo adicional quando cabível.

c) no fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer

produto, não estará implícita a obrigação de empregar componentes de reposição

originais e novos.

d) a ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos

produtos e serviços o eximirá de responsabilidade.

e) aquele que efetivar o pagamento ao consumidor prejudicado não poderá exer-

cer o direito do regresso dos demais responsáveis, segundo sua participação na

causação do evento danoso.

Letra a.

Na análise dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para dois pontos

fundamentais da regra geral de responsabilidade por vício do produto e do serviço:

responsabilidade objetiva e solidariedade, eis que envolve, de uma só vez, todos da

cadeia de fornecimento.

Questão 4    (PROCURADOR DO MUNICÍPIO/PREFEITURA DE ROSANA-SP/VU-

NESP/2016) Um consumidor adquiriu um pacote de macarrão da marca “Adriana”,

no supermercado “Rumba”. Quando chegou em casa, abriu o pacote do alimento e

percebeu que estava repleto de carunchos, sendo impossível consumir tal produto.

Diante dessa situação hipotética, é correto afirmar que o caso revela um

a) defeito no produto, pelo qual o consumidor terá prazo de cinco anos para recla-

mar perante o supermercado e o fabricante do produto, respondendo o supermer-

cado subsidiariamente pelos fatos.

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b) vício de qualidade e, portanto, o consumidor poderá reclamar em até 90 dias

apenas contra o fabricante do produto.

c) vício de quantidade e, assim, o consumidor poderá reclamar tanto para o super-

mercado como para o fabricante num prazo de 30 dias, tendo ambos responsabili-

dade solidária.

d) defeito no produto, a respeito do qual o consumidor terá prazo de 30 dias para

reclamar perante o supermercado e o fabricante, que responderão solidariamente

pelos fatos.

e) vício de qualidade, sobre o qual o supermercado e o fabricante respondem soli-

dariamente, tendo o consumidor até 30 dias para fazer a reclamação.

Letra e.

Na análise dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para a solidariedade

presente na regra geral de responsabilidade por vício do produto e do serviço, com

atenção ainda em relação ao prazo decadencial para o consumidor apresentar sua

reclamação.

Questão 5    (JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/TJDFT/CESPE/2014) João adquiriu,

na Casa dos Eletroeletrônicos Ltda., um aparelho de televisão fabricado por Televi-

sores S.A. Passados quarenta dias da aquisição, o produto não mais ligava, tendo

João, então, contatado a assistência técnica e enviado o produto para reparo. Sem

obter resposta acerca do conserto no prazo de trinta dias, João ajuizou ação conde-

natória contra o fabricante e o comerciante do aparelho de televisão. Em contradita,

o comerciante argumentou que, para esse caso, não há, no CDC, previsão de sua

responsabilidade.

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Com base nessa situação hipotética, assinale a opção correta.

a) No caso, a responsabilidade do comerciante é subsidiária.

b) O comerciante e o fornecedor são solidariamente responsáveis, pois se trata de

“vício do produto”.

c) A responsabilidade do comerciante terá de ser apurada mediante a verificação

de culpa.

d) O comerciante não será responsabilizado se provar não ter colocado o produto

no mercado ou, ainda que o tenha colocado, a inexistência do defeito, além da cul-

pa exclusiva da vítima ou de terceiro.

e) A hipótese é de “fato do produto” e, de acordo com o CDC, o comerciante, em

regra, não pode ser responsabilizado pelo ocorrido.

Letra b.

Trata-se de questão fácil, exigindo do(a) candidato(a) atenção quanto à solidarie-

dade presente na regra geral de responsabilidade por vício do produto e do serviço.

Obviamente, após a efetiva satisfação do direito do consumidor, poderão os forne-

cedores, entre si, pelas vias consensuais ou judiciais, discutir quem arcará com os

prejuízos daquela demanda, de modo individual ou de maneira concorrente.

Meu(minha) caro(a), muita atenção para esse ponto discutido acima. É importante

fixar a informação de que, na regra de responsabilidade PELO FATO do produto

e do serviço, a responsabilidade é identificada em várias situações (fabricante,

construtor, produtor, importador, comerciante), nos termos dos artigos 12 a 14 do

CDC, enquanto que, na regra de responsabilidade POR VÍCIO do produto e do ser-

viço, a responsabilidade é solidária, envolvendo, de uma só vez, todos da cadeia

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de fornecimento, conforme artigos 18 a 20 do CDC.

Atenção, pois o legislador previu uma ordem de preferência na responsabilização

do fornecedor de produtos in natura (aqueles que não sofrem nenhum processo

industrial), estabelecendo que primeiramente será responsável perante o consumi-

dor o produtor, quando este puder ser claramente identificado. Não sendo possível,

a responsabilidade pela reparação recairá sobre o fornecedor imediato (comercian-

te, p. ex.), nos termos do § 5º do art. 18 do CDC.

Ainda sobre a ordem de preferência, na regra de responsabilidade por vício de

quantidade do produto, o § 2º do art. 19 prevê que o fornecedor imediato (comer-

ciante) será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento

utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais.

É importante frisar que a maioria da doutrina consumerista, assim como a jurispru-

dência dominante, entende não ser possível o uso de alguns institutos processuais

em demandas de consumidores, como a intervenção de terceiros e a denunciação

da lide, pelo fato de que tais mecanismos tendem a atrasar a conclusão do proces-

so enquanto se discutem os níveis e montantes de responsabilidade da cadeia de

fornecedores, trazendo prejuízos ao consumidor, parte mais fraca da relação, que

aguarda a indenização pelos danos sofridos.

2. O Vício de Qualidade do Produto no CDC


A regra geral de responsabilidade por vício do produto no CDC encontra-se pre-

vista nos artigos 18 e 19, com abordagens específicas acerca, respectivamente,

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dos vícios de qualidade e de quantidade verificados em produtos inseridos no mer-

cado de consumo.

O conceito de vício do produto no CDC se mostra bem mais amplo, por exemplo,

do que o conceito de vícios redibitórios previsto no Código Civil. O legislador do

CDC preocupou-se em definir praticamente três espécies de vícios:

• i) o vício que torne o produto impróprio ao consumo;

• (ii) o vício que diminua o valor do produto; e

• (iii) o vício decorrente da disparidade das características dos produtos com

aquelas veiculadas na oferta e publicidade.

Vejamos a seguir como as bancas abordaram os vetores de análise da respon-

sabilidade por vício de qualidade do produto:

Questão 6    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XI – 1ª FASE/OAB/FGV/2013) O

Mercado A comercializa o produto desinfetante W, fabricado por “W. Industrial”. O

proprietário do Mercado B, que adquiriu tal produto para uso na higienização das

partes comuns das suas instalações, verifica que o volume contido no frasco está

em desacordo com as informações do rótulo do produto. Em razão disso, o Mer-

cado B propõe ação judicial em face do Mercado A, invocando a Lei n. 8.078/1990

(CDC), arguindo vícios decorrentes de tal disparidade. O Mercado A, em defesa,

apontou que se tratava de responsabilidade do fabricante e requereu a extinção do

processo.

A respeito do caso sugerido, assinale a alternativa correta.

a) O processo merece ser extinto por ilegitimidade passiva.

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b) O caso versa sobre fato do produto, logo a responsabilidade do réu é subsidiária.

c) O processo deve ser extinto, pois o autor não se enquadra na condição de con-

sumidor.

d) Trata-se de vício do produto, logo o réu e o fabricante são solidariamente res-

ponsáveis.

Letra d.

Trata-se mais uma vez de questão fácil, devendo o(a) candidato(a) se atentar para

a solidariedade presente na regra geral de responsabilidade por vício do produto e

do serviço.

Questão 7    (PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE-RR/CESPE/2017) Antô-

nio adquiriu um televisor em um estabelecimento comercial e entrou em contato com

a assistência técnica para instalação. Contudo, o técnico, ao concluir de modo correto

o procedimento de instalação do aparelho, constatou que este não emitia som.

Nessa situação hipotética, a responsabilidade civil prevista no CDC está fundada no


a) vício do serviço.
b) fato do produto.
c) fato do serviço.
d) vício do produto.

Letra d.
Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá observar que o legislador do
CDC definiu praticamente três espécies de vício do produto, nos termos do caput
do art. 18 do CDC: vício de qualidade, de quantidade e de informação. No caso em
análise, trata-se de vício de qualidade.

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Questão 8    (PROMOTOR/MPE-PR/2014) Analise as assertivas a seguir e responda:


I – Não se considera impróprio ao consumo o produto, cujo prazo de validade
estiver vencido, se não vier a acarretar danos à saúde do consumidor;
II – O fabricante, o produtor, o construtor, o profissional liberal e o importador
respondem pessoal e independentemente da existência de culpa, pela re-
paração dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de
projetos, serviços, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipula-
ção, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e risco;
III – A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos
produtos e serviços o exime de responsabilidade.

a) Apenas as assertivas I e II são corretas;


b) Apenas as assertivas I e III são corretas;
c) Apenas as assertivas II e III são corretas;
d) Todas as assertivas são corretas;

e) Nenhuma assertiva é correta.

Letra e.

Na análise dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para os aspectos

gerais da regra de responsabilidade por vício do produto e do serviço, bem como o

aspecto da solidariedade, que envolve, de uma só vez, todos da cadeia de forneci-

mento, conforme artigos 18 a 20 do CDC.

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Questão 9    (AGENTE FISCAL/PREFEITURA DE OSASCO-SP/FGV/2014) Se uma

geladeira adquirida recentemente apresentar um problema que impeça seu funcio-

namento, temos uma hipótese de:

a) cláusula abusiva;

b) vício do produto;

c) prática abusiva;

d) fato do produto;

e) fato do serviço.

Letra b.

Trata-se de questão bem fácil, na qual o(a) candidato(a) deverá se atentar para

os aspectos gerais da regra de responsabilidade por vício do produto e do serviço.

Sobre o vício de qualidade do produto, utilizamos como vetores de análise a

impropriedade ou a inadequação de produtos e serviços, a diminuição de valor de

produtos e serviços, bem como a disparidade de informações constantes do reci-

piente ou rótulo, nos termos do caput do art. 18 do CDC:

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis res-


pondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem im-
próprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o
valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações cons-
tantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas
as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição
das partes viciadas. (grifo nosso)

A questão do vício de qualidade pode apresentar novos contornos ao longo da

evolução do mercado de consumo, colocando à prova a rigidez das normas jurídicas.

É o caso, por exemplo, de um veículo importado da Alemanha que apresenta in-

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compatibilidade – não informada ao consumidor – com os combustíveis disponíveis

nos postos de abastecimento do Brasil, não estando esse preparado para funcionar

adequadamente com o tipo de diesel aqui comercializado (REsp. n. 1.443.268).

Vejamos a seguir como a banca abordou a questão da disparidade de infor-

mações:

Questão 10    (PROCURADOR DA REPÚBLICA/PGR/2013) Com relação aos produ-

tos colocados à disposição dos consumidores no mercado, o Código de Proteção e

Defesa do Consumidor, CDC – Lei n. 8.078/1990, prevê que:

a) O pacote de arroz que anuncia em seu rótulo conter o conteúdo líquido de um

quilo, ensacado pela empresa XYZ, mas que contenha apenas 800 gramas tem um

vício de produto e o prazo para reclamar contra qualquer dos fornecedores que in-

tegram a cadeia de fornecimento solidariamente caduca em 30 dias;

b) O pacote de arroz que anuncia em seu rótulo conter o conteúdo líquido de um

quilo, ensacado pela empresa XYZ, que contenha excesso de pesticida nocivo à

saúde humana tem um defeito de segurança, fato do produto, e o prazo para que

seja efetuada a reclamação solidária contra o fabricante ou o comerciante é deca-

dencial de 120 dias, a partir da data da compra;

c) O arroz vendido a granel, pesado em frente ao consumidor, que contenha soda

cáustica nociva à saúde humana tem um defeito de segurança, fato do produto, e

o prazo para o consumidor que passou mal ao ingerir o cereal efetuar reclamação

contra o comerciante ou o produtor é prescricional de 2 anos;

d) O consumidor que sofrer dano irreparável ao consumir arroz ensacado pela

empresa XYZ tem prazo decadencial de 2 anos para propor ação contra o fabri-

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cante. A responsabilidade por fato do produto que colocou em risco a saúde e a

segurança do consumidor da empresa XYZ é objetiva não havendo excludentes

de responsabilidade.

Letra a.

Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá observar que o legislador do

CDC definiu praticamente três espécies de vício do produto, nos termos do caput

do art. 18 do CDC: vício de qualidade, de quantidade e de informação. No caso em

análise, trata-se de vício de quantidade.

O legislador do CDC estabeleceu a regra da responsabilidade por vício, direcionan-

do-a para produtos ou serviços duráveis ou não duráveis, nos termos do caput do

art. 18. Essa diferenciação tem implicação diretamente na aplicação das garantias

referentes ao direito de reclamar pelos prejuízos sofridos, na inteligência do artigo

26 do Código, que prevê o prazo de 30 dias para reclamar dos vícios aparentes (de

fácil constatação) verificados em produtos não duráveis e de 90 dias para reclamar

dos vícios aparentes (de fácil constatação) verificados em produtos duráveis.

Mas, enfim, o que são produtos ou serviços duráveis e não duráveis?

Produtos ou serviços duráveis são aqueles que apresentam uma vida útil não efê-

mera, embora não muito prolongada (ex.: imóveis, automóveis, computadores,

móveis, serviços de assistência técnica, de oficinas mecânicas, de reforma em ha-

bitações etc.).

Produtos ou serviços não duráveis são aqueles que se exaurem ao primeiro uso ou

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em pouco tempo após a aquisição ou início de utilização (ex.: alimentos, medica-

mentos, cosméticos, serviços de transporte, de lazer etc.).

A análise acerca da durabilidade ou não do serviço não necessariamente está vin-

culada ao tempo decorrido em sua prestação, ou seja, a sua viagem efetivada por

meio do serviço de transporte de ônibus pode demorar a tarde toda para ser con-

cretizada, porém o serviço continuará a ser não durável, pois se exauriu ao primei-

ro uso.

Por outro lado, o serviço de dedetização, mesmo sendo realizado em no máximo

trinta minutos, será considerado serviço durável, pois os efeitos do veneno utili-

zado devem fazer efeito por vários meses, sendo esta a legítima expectativa do

consumidor.

2.1. Vício Aparente e Vício Oculto

Antes de adentrarmos aos efeitos da aplicação da regra de responsabilidade por

vício de qualidade do produto, convém ressaltar uma diferenciação de suma impor-

tância, qual seja, a compreensão do que se configura como vício aparente e como

vício oculto, bem como os efeitos práticos daí decorrentes.

Para os efeitos do CDC, vício aparente pode ser compreendido como aquela

inadequação de fácil constatação, que se mostra plenamente perceptível ao con-

sumidor, a exemplo dos riscos ou amassados existentes em produtos entregues

em domicílio numa compra on-line, da televisão que não funciona no momento do

teste realizado na loja, ou seja, aquelas desconformidades que se mostram visíveis

de pronto ao consumidor, que são de fácil constatação.

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Os vícios ocultos, como a própria nomenclatura indica, são aquelas descon-

formidades que no momento da compra não se mostram visíveis ao consumidor,

não se mostram de fácil constatação, aqueles defeitos que demoram a aparecer,

a exemplo dos aparelhos de televisão que apresentam defeito após seis meses de

uso. Nesses casos, a obrigação de reparar por parte fornecedor aparece a partir da

constatação do vício.

Entretanto, se ela está oculta, até quando o fornecedor fica obrigado a reparar

tal desconformidade? Essa obrigação é eterna? Obviamente que não, eis que os

bens de consumo possuem uma durabilidade determinada, comumente chamada

de “vida útil”. Portanto, o fornecedor fica obrigado a reparar os danos causados por

vícios ocultos que se tornem aparentes ou de fácil constatação dentro do período

de vida útil do produto.

A adoção desse critério confere coerência ao ordenamento jurídico, reite-

rando as garantias constitucionais de defesa dos direitos dos consumidores,

considerando sua vulnerabilidade no mercado de consumo e revelando a im-

portância do caso concreto em que o fator tempo é apenas um dos elementos

a ser apreciado.

O(a) candidato(a) deve se atentar para o fato de que a contagem do prazo de vida

útil do produto não deve se confundir com o prazo da garantia contratual even-

tualmente fornecida pelo comerciante ou fabricante, referindo-se tão somente ao

tempo em que aquele produto ou seu determinado componente apresenta de vida

útil, para a partir daí se definir o tempo em que o fornecedor estará vinculado com

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aquela obrigação de reparação. O Superior Tribunal de Justiça, inclusive, já se

manifestou a respeito quando da votação do REsp. n. 984.106, vejamos:

Com efeito, em se tratando de vício oculto não decorrente do desgaste natural gerado
pela fruição ordinária do produto, mas da própria fabricação, e relativo a projeto, cálculo
estrutural, resistência de materiais, entre outros, o prazo para reclamar pela repara-
ção se inicia no momento em que ficar evidenciado o defeito, não obstante tenha isso
ocorrido depois de expirado o prazo contratual de garantia, devendo ter-se sempre em
vista o critério da vida útil do bem. (…) a venda de um bem tido por durável com vida
útil inferior àquela que legitimamente se esperava, além de configurar um defeito de
adequação (art. 18, CDC), evidencia uma quebra da boa-fé objetiva…

Voltaremos a analisar esses pontos quando discutirmos a decadência e a pres-

crição no CDC, mais especificamente no item 6 desta aula.

2.2. Saneamento do Vício de Qualidade do Produto (a Tríplice


Opção do Consumidor)

O legislador do CDC, ao estabelecer a aplicação da regra prevista no caput do

artigo 18, concedeu ao fornecedor um prazo para tentativa de saneamento do vício,

deixando expressas no § 1º do mesmo artigo três opções ao consumidor em caso

de não saneamento do vício, vejamos:

Art. 18.
(…)
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:
I – a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo
de eventuais perdas e danos;
III – o abatimento proporcional do preço.

Dessa forma, a partir da reclamação apresentada pelo consumidor dentro

dos prazos previstos no art. 26 do CDC, o fornecedor tem até 30 (trinta) dias

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para tentar sanar o vício do produto. Isso mesmo, apesar de o Código ser uma

lei extremamente protetiva aos consumidores, nesse caso os fornecedores ga-

nharam do legislador um voto de confiança para que, dentro desse prazo, pu-

dessem tomar medidas resolutivas a respeito do vício de qualidade verificado

no produto.

Vejamos a seguir como a banca abordou essa matéria:

Questão 11    (JUIZ/TJ-BA/CESPE/2012) A respeito das relações de consumo, as-

sinale a opção correta.

a) A concessão do prazo de 30 dias para sanar o vício do produto é um direito as-

segurado ao fornecedor e que obriga o consumidor.

b) A responsabilidade de uma fábrica pelos ferimentos sofridos por um empregado

em decorrência da explosão de um produto nas suas dependências será dirimida

pelas regras aplicáveis ao fornecedor de produtos.

c) Para que determinada relação seja considerada de consumo, não é necessária a

habitualidade quanto ao fornecedor do produto.

d) Conforme entendimento do STJ, as entidades beneficentes não se enquadram

no conceito de fornecimento, porquanto lhes falta a finalidade lucrativa.

e) Por disposição legal, a responsabilidade do comerciante pelo fato do produto é

solidária com a do fabricante.

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Letra a.

Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para as regras

gerais do saneamento do vício de qualidade do produto, nos termos do § 1º do art.

18 do CDC.

Não sendo o vício sanado dentro desse prazo, em uma única oportunidade, o con-

sumidor, alternativamente ou à sua escolha, poderá:

• exigir a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas

condições de uso;

• a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem pre-

juízo de eventuais perdas e danos;

• bem como o abatimento proporcional do preço, nos termos do § 1º do art.

18 do CDC.

Vejamos a seguir como as bancas abordaram esse tema:

Questão 12    (EXAME DE ORDEM – 1ª FASE/OAB/CESPE/2009) Acerca da respon-

sabilidade no Código de Defesa do Consumidor, assinale a opção correta.

a) É permitida a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou

atenue a obrigação de indenizar.

b) Caso o vício do produto ou do serviço não seja sanado no prazo legal, pode o

consumidor exigir o abatimento proporcional do preço.

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c) No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o

consumidor o fornecedor imediato, mesmo se identificado claramente o produtor.

d) A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos

produtos e serviços o exime de responsabilidade.

Letra b.

Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para a regra

constante do § 1º do art. 18 do CDC, pela qual não sendo o vício sanado pelo for-

necedor dentro do prazo de 30 (trinta) dias, em uma única oportunidade, o consu-

midor poderá fazer uso de uma tríplice opção:

• (i) a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas con-

dições de uso;

• (ii) a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem

prejuízo de eventuais perdas e danos; e

• (iii) o abatimento proporcional do preço.

Questão 13    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – V – 1ª FASE/OAB/FGV/2011) Ao

instalar um novo aparelho de televisão no quarto de seu filho, o consumidor verifica

que a tecla de volume do controle remoto não está funcionando bem. Em contato

com a loja onde adquiriu o produto, é encaminhado à autorizada.

O que esse consumidor pode exigir com base na lei, nesse momento, do comerciante?

a) A imediata substituição do produto por outro novo.

b) O dinheiro de volta.

c) O conserto do produto no prazo máximo de 30 dias.

d) Um produto idêntico emprestado enquanto durar o conserto.

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Letra c.

Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para a obri-

gação constante do § 1º do art. 18 do CDC, pela qual o fornecedor deve sanar

o vício verificado no produto dentro do prazo de 30 (trinta) dias, em uma única

oportunidade.

Questão 14    (ADVOGADO/COMPANHIA DE SERVIÇO DE ÁGUA, ESGOTO E

RESÍDUOS DE GUARATINGUETÁ-SAEG/VUNESP/2015) Um consumidor adqui-

re na loja Y um videogame, da marca X, para dar de presente ao seu filho. Ao

instalar o produto em sua casa, percebe que um dos controles de acesso ao jogo

não está funcionando, mas que o restante está em perfeito estado. O que pode

esse consumidor exigir?

a) Só poderá exigir do fabricante a imediata troca do produto.

b) Poderá reclamar na loja ou com o fabricante do produto, que terão 30 dias para

sanar o vício apresentado.

c) Só poderá reclamar com a loja, requerendo a imediata devolução do dinheiro

empregado na compra do bem.

d) Poderá reclamar apenas com o fabricante que tem como única alternativa con-

ceder o abatimento no preço do produto.

e) Poderá reclamar na loja, em 7 dias após a compra do produto, sendo que, pas-

sado esse prazo, só poderá reclamar com o fabricante que terá 30 dias para sanar

o vício.

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Letra b.

Na resolução dessa questão, mais uma vez o(a) candidato(a) deverá se atentar

para a obrigação constante do § 1º do art. 18 do CDC, pela qual o fornecedor deve

sanar o vício verificado no produto dentro do prazo de 30 (trinta) dias, em uma

única oportunidade.

Questão 15    (TÉCNICO ADMINISTRATIVO/AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO,

GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS-ANP/CESGRANRIO/2016) Sr. Z adquiriu um

automóvel de luxo da empresa LR, tendo o bem-vindo com defeito no sistema de

freios. Constatou-se que o vício veio da fábrica e não poderia ser consertado, dian-

te da sofisticação do sistema de computadores utilizado no automóvel.

De acordo com as regras do Código de Defesa do Consumidor, Sr. Z deverá receber

a) valor em dobro do anteriormente pago.

b) bem superior em qualidade ao adquirido.

c) bem inferior com quitação total do preço.

d) bem equivalente em condições de uso.

e) bem e a devolução do preço pago.

Letra d.

Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para a regra

constante do § 1º do art. 18 do CDC, pela qual não sendo o vício sanado pelo for-

necedor dentro do prazo de 30 (trinta) dias, em uma única oportunidade, o consu-

midor poderá fazer uso de uma tríplice opção:

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• (i) a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas con-

dições de uso;

• (ii) a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem

prejuízo de eventuais perdas e danos; e

• (iii) o abatimento proporcional do preço.

Questão 16    (PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE-AM/FMP CONCUR-

SOS/2015) Consideram-se produtos essenciais os indispensáveis para satisfazer

as necessidades imediatas do consumidor. Logo, na hipótese de falta de qualidade

ou quantidade, não sendo o vício sanado pelo fornecedor, assinale a alternativa

correta.

a) O consumidor tem apenas o direito de exigir a substituição do produto por outro

de mesma espécie, em perfeitas condições de uso.

b) Abre-se, para o consumidor, o direito de, alternativamente, solicitar, dentro do

prazo de 7 (sete) dias, a substituição do produto durável ou não durável por outro

de mesma espécie, em perfeitas condições de uso, ou a restituição imediata da

quantia paga, sem prejuízo de eventuais perdas e danos, ou, ainda, o abatimento

proporcional do preço.

c) É direito do consumidor exigir apenas a substituição do produto durável por

outro de mesma espécie, em perfeitas condições de uso, ou, sendo não durável, a

restituição imediata da quantia paga, sem prejuízo de eventuais perdas e danos,

ou, ainda, o abatimento proporcional do preço.

d) É direito do consumidor exigir a substituição do produto por outro de mesma

espécie, em perfeitas condições de uso, ou, a seu critério exclusivo, a restituição

imediata da quantia paga, sem prejuízo de eventuais perdas e danos, ou, ainda, o

abatimento proporcional do preço.

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e) É direito do consumidor exigir a substituição do produto durável ou não durável,

dentro do prazo de 90 (noventa) dias, por outro de mesma espécie, em perfeitas

condições de uso, ou, a seu critério exclusivo, a restituição imediata da quantia

paga, sem prejuízo de eventuais perdas e danos, ou, ainda, o abatimento propor-

cional do preço.

Letra d.

Na resolução dessa questão, mais uma vez o(a) candidato(a) deverá se atentar

para a regra constante do § 1º do art. 18 do CDC, pela qual não sendo o vício sa-

nado pelo fornecedor dentro do prazo de 30 (trinta) dias, em uma única oportuni-

dade, o consumidor poderá fazer uso de uma tríplice opção:

• (i) a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas con-

dições de uso;

• (ii) a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem

prejuízo de eventuais perdas e danos; e

• (iii) o abatimento proporcional do preço.

Questão 17    (JUIZ/TJ-AP/FCC/2014) Nas relações de consumo, entende-se por

saneamento dos vícios,

a) a substituição das partes viciadas, que pode ser executada a qualquer tempo

pelo fornecedor.
b) a substituição das partes viciadas de um produto, que deve ser executada pelo
fornecedor, desde que sua execução não comprometa a qualidade do produto ou
possa diminuir-lhe o valor, no prazo de 30 dias.

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c) a substituição das partes viciadas que deve ser executada pelo fornecedor, in-
condicionalmente, no prazo de 30 dias.
d) o direito de o consumidor exigir a substituição do produto, a restituição da
quantia paga ou o abatimento do preço no prazo de 30 dias.
e) o direito de o consumidor exigir, a qualquer tempo, a substituição do produto, a
restituição da quantia paga ou o abatimento do preço.

Letra b.
Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para a regra
constante do inciso I do § 1º do art. 18 do CDC, pela qual não sendo o vício sanado
pelo fornecedor dentro do prazo de 30 (trinta) dias, em uma única oportunidade, o
consumidor poderá exigir a substituição do produto por outro da mesma espécie,
em perfeitas condições de uso.

Meu(minha) caro(a), muita atenção para o fato de que o legislador previu um pra-
zo de 30 (trinta) dias ao fornecedor apenas nos casos envolvendo vício
do produto, nos termos do § 1º do art. 18. No tocante ao vício do serviço, o
legislador não menciona qualquer prazo específico para uma tentativa de sa-
neamento, deixando diretamente claras três opções ao consumidor:
• a reexecução do serviço;
• a restituição da quantia paga; ou
• o abatimento proporcional do preço.

Sendo assim, aplicando-se a lógica do CDC e a partir da interpretação mais proteti-

va ao consumidor, verifica-se que não existe nenhum prazo ao fornecedor em

relação a vício do serviço, devendo ser imediatamente atendida a opção

escolhida pelo consumidor.

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Nessa mesma linha, o art. 35 do CDC, que trata do vício decorrente da dispa-

ridade com a oferta, estabelece que se o fornecedor de produtos ou serviços

recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor

poderá, alternativamente e à sua livre escolha:

• exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apre-

sentação ou publicidade;

• aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; ou

• rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente ante-

cipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.

Mais uma vez o legislador não menciona qualquer prazo ao fornecedor para ten-

tativa de reparar o vício, podendo o consumidor exigir tal providência de maneira

imediata.

Vale ressaltar, ainda sobre a questão do prazo do § 1º, que o legislador previu a

possibilidade do consumidor e do fornecedor pactuarem a sua extensão ou redu-

ção, desde que o novo prazo não seja inferior a sete nem superior a 180 dias. Nos

contratos de adesão, a cláusula que trata dessa pactuação acerca do prazo deverá

ser convencionada em separado, com manifestação expressa do consumidor, nos

termos do § 2º do art. 18 do CDC.

Além das três opções acima destacadas (substituição do bem, restituição da quan-

tia e abatimento proporcional do preço), o consumidor poderá acionar o fornecedor

por eventuais perdas e danos decorrentes do vício do produto, tanto com base na

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parte final do inciso II do § 1º do art. 18 como em virtude de que a reparação in-

tegral de danos patrimoniais e morais é um direito básico do consumidor, expresso

no inciso VI do art. 6º do CDC.

Vale lembrar que o STJ já se posicionou acerca dessa questão, na oportunidade

do julgamento do REsp. n. 324.629, vejamos:

O vício do produto ou serviço, ainda que solucionado pelo fornecedor no prazo legal,
poderá ensejar a reparação por danos morais, desde que presentes os elementos carac-
terizadores do constrangimento à esfera moral do consumidor. Se o veículo zero-quilô-
metro apresenta, em seus primeiros meses de uso, defeitos em quantidade excessiva e
capazes de reduzir substancialmente a utilidade e a segurança do bem, terá o consumi-
dor direito à reparação por danos morais, ainda que o fornecedor tenha solucionado os
vícios do produto no prazo legal.

Seguindo a lógica aplicada pelo CDC na regra de responsabilidade por vício de

qualidade do produto, o legislador deixou expressa a possibilidade do consumidor

se utilizar de maneira imediata da tríplice opção prevista no § 1º do art. 18, sem-

pre que em razão da extensão do vício a substituição das partes viciadas puder

comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se

tratar de produto essencial, nos termos do § 3º do art. 18.

EXEMPLO 1

Um bom exemplo para ilustrar a questão do comprometimento da qualidade do

produto seria a hipótese de queima no circuito elétrico de um aparelho e a troca

comprometer a qualidade do produto, ou seja, o aparelho não manter a mesma efi-

ciência de outrora. Acerca do comprometimento das características do produto, um

bom exemplo seria a hipótese de um copo de liquidificador trincado e o fornecedor

não possuir peças de reposição daquele modelo específico. Ao disponibilizar o copo

de outro modelo, prejudicam-se as características do produto.

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EXEMPLO 2

Sobre a diminuição do valor, um bom exemplo seria a hipótese de um automóvel

com a lataria amassada que, mesmo existindo a possibilidade de reparo, a situação

implicará naturalmente na diminuição do preço do produto, além da depreciação

natural.

EXEMPLO 3

Um bom exemplo acerca da essencialidade do produto poderia ser a constatação de

um vício em aparelho celular, principalmente quando o consumidor o utiliza profis-

sionalmente, presente a situação de vulnerabilidade diante do fornecedor, tornan-

do-se, para aquele consumidor em especial, um produto essencial.

Em relação à essencialidade dos produtos, a doutrina consumerista trata o bem

essencial como aquele que possui importância para as atividades cotidianas do con-

sumidor ou que foi comprado para um evento específico que ocorrerá em breve, a

exemplo da consumidora que adquire um sapato para o seu casamento e que não

pode aguardar o reparo no prazo de 30 (trinta) dias. Em outras palavras, a análise

acerca da essencialidade do produto deve ser casuística, pautando-se na necessi-

dade concreta de cada consumidor.

Vejamos a seguir como a banca abordou esse tema:

Questão 18    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XVIII – 1ª FASE/OAB/FGV/2015)

Dulce, cinquenta e oito anos de idade, fumante há três décadas, foi diagnosticada

como portadora de enfisema pulmonar. Trata-se de uma doença pulmonar obstru-

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tiva crônica caracterizada pela dilatação excessiva dos alvéolos pulmonares, que

causa a perda da capacidade respiratória e uma consequente oxigenação insufi-

ciente. Em razão do avançado estágio da doença, foi prescrito como essencial o

tratamento de suplementação de oxigênio. Para tanto, Joana, filha de Dulce, adqui-

riu para sua mãe um aparelho respiratório na loja Saúde e Bem-Estar. Porém, com

uma semana de uso, o produto parou de funcionar. Joana procurou imediatamente

a loja para substituição do aparelho, oportunidade na qual foi informada pela ge-

rente que deveria aguardar o prazo legal de trinta dias para conserto do produto

pelo fabricante.

Com base no caso narrado, em relação ao Código de Proteção e Defesa do Consu-

midor, assinale a afirmativa correta.

a) Está correta a orientação da vendedora. Joana deverá aguardar o prazo legal

de trinta dias para conserto e, caso não seja sanado o vício, exigir a substituição

do produto, a devolução do dinheiro corrigido monetariamente ou o abatimento

proporcional do preço.

b) Joana não é consumidora destinatária final do produto, logo tem apenas direito

ao conserto do produto durável no prazo de noventa dias, mas não à devolução da

quantia paga.

c) Joana não precisa aguardar o prazo legal de trinta dias para conserto, pois tem

direito de exigir a substituição imediata do produto, em razão de sua essencialidade.

d) Na impossibilidade de substituição do produto por outro da mesma espécie,

Joana poderá optar por um modelo diverso, sem direito à restituição de eventual

diferença de preço, e, se este for de valor maior, não será devida por Joana qual-

quer complementação.

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Letra c.
Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para o fato de
que o legislador do CDC deixou expressa na lei as situações em que o consumidor
pode se utilizar de maneira imediata da tríplice opção prevista no § 1º do art. 18:
• (i) em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder
comprometer a qualidade ou características do produto;
• (ii) em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder
diminuir-lhe o valor; ou

• (iii) quando se tratar de produto essencial.

Ainda acerca das escolhas disponibilizadas ao consumidor, o legislador do CDC

inseriu um mecanismo no § 4º do art. 18 para regular as situações em que a substi-

tuição do produto não puder ser realizada, possibilitando ao consumidor a substitui-

ção por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou

restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do uso imediato das outras

duas opções existentes, quais sejam, a devolução imediata da quantia paga e o aba-

timento proporcional do preço, nos termos dos incisos II e III do § 1° deste artigo.

Para concluir a racionalidade utilizada pelo legislador acerca da regra de respon-

sabilidade por vício de qualidade do produto, o § 6º do art. 18 traz os vetores para

a definição do que seriam produtos impróprios ao uso e consumo, vejamos:

Art. 18.
(…)
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
I – os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II – os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompi-
dos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo
com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
III – os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se
destinam.

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3. Vício de Quantidade do Produto


Ao lado da responsabilidade por vício de qualidade do produto, o legislador do

CDC definiu uma regra protetiva para aquelas situações em que o vício se manifes-

tará no tocante à quantidade do produto.

Seguindo a mesma linha de racionalidade das questões que envolvem o vício de

qualidade do produto, o art. 19 do CDC estabelece que os fornecedores respondem

solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as va-

riações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações

constantes do recipiente, da embalagem, da rotulagem ou da mensagem publicitária.

Aqui, na racionalidade do vício por quantidade, o vetor de análise será a incom-

patibilidade do conteúdo líquido realmente existente e o conteúdo líquido indicado

na embalagem, rotulagem ou oferta. Nesses casos, poderá o consumidor exigir,

alternativamente e à sua escolha:

• o abatimento proporcional do preço;

• a complementação do peso ou medida;

• a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo,

sem os aludidos vícios;

• bem como a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualiza-

da, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.

A respeito do vício de quantidade, vale destacar o posicionamento da 2ª Turma

do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp. n. 1.364.915/MG,

de relatoria do Ministro Humberto Martins, no qual o Tribunal entendeu que ainda

que haja abatimento no preço do produto, o fornecedor responderá por

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vício de quantidade na hipótese em que reduzir o volume da mercadoria

para quantidade diversa da que habitualmente fornecia no mercado, sem

informar na embalagem, de forma clara, precisa e ostensiva, a diminuição

do conteúdo.

Na argumentação utilizada pelo Tribunal, entendeu-se que o direito à informa-

ção confere ao consumidor uma escolha consciente, permitindo que suas expectati-

vas em relação ao produto ou serviço sejam de fato atingidas, manifestando o que

vem sendo denominado de consentimento informado ou vontade qualificada. Dian-

te disso, o comando legal somente será efetivamente cumprido quando a informa-

ção for prestada de maneira adequada, assim entendida aquela que se apresenta

simultaneamente completa, gratuita e útil, vedada, no último caso, a diluição da

comunicação relevante pelo uso de informações soltas, redundantes ou destituídas

de qualquer serventia.

Dessa forma, confirmou-se o entendimento de que o dever de informar não é

tratado como mera obrigação anexa, e sim como dever básico, essencial e intrínse-

co às relações de consumo, não podendo afastar a índole enganosa da informação

que seja parcialmente falsa ou omissa a ponto de induzir o consumidor a erro, uma

vez que não é válida a “meia informação” ou a “informação incompleta”.

Acerca das escolhas disponibilizadas ao consumidor nos casos envolvendo vício

de quantidade, o legislador do CDC também disponibilizou ao consumidor a mesma

regra prevista no § 4º do art. 18, regulando as situações em que a substituição do

produto não puder ser realizada, possibilitando ao consumidor a substituição por

outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou resti-

tuição de eventual diferença de preço, sem prejuízo, por analogia, do uso imediato

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das outras três opções existentes, quais sejam, o abatimento proporcional do pre-

ço, a complementação do peso ou da medida e a restituição imediata da quantia

paga, nos termos dos incisos I, II e IV do § 1° do art. 18.

Vejamos a seguir como as bancas abordaram esse tema:

Questão 19    (PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE-MS/FAPEC/2015) De

acordo com o art. 19 da Lei n. 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor),

os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto

sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo

líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotula-

gem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente

e à sua escolha:

I – o abatimento proporcional do preço.

II – complementação do peso ou medida.

III – a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo,

sem os aludidos vícios.

IV – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem

prejuízo de eventuais perdas e danos.

A esse respeito, pode-se concluir que:

a) Apenas as assertivas I e IV estão corretas.

b) Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas.

c) Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas.

d) Apenas a assertiva IV está incorreta.

e) Todas as assertivas estão corretas.

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Letra e.

Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para as opções

disponíveis ao consumidor nos casos que envolvem a responsabilidade por vício de

quantidade do produto, nos termos do art. 19 do CDC.

Questão 20    (JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO/TRT-21ª REGIÃO-RN/2015) Ob-

servando o disposto no Código de Defesa do Consumidor, é incorreto afirmar:

a) Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante re-

muneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,

salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

b) É direito básico do consumidor a modificação das cláusulas contratuais que es-

tabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos superve-

nientes que as tornem excessivamente onerosas.

c) Em relação ao consumidor, os fornecedores respondem subsidiariamente pelos

vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes

de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior ao indicado no recipiente, na em-

balagem, rotulagem ou mensagem publicitária.

d) A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos

produtos e serviços não o exime de responsabilidade.

e) Considera-se contrato de adesão aquele que contém cláusulas estabelecidas

unilateralmente pelo fornecedor, sem que o consumidor possa discutir ou modificar

substancialmente seu conteúdo.

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Letra c.

Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para os vetores

de análise da regra de responsabilidade por vício de quantidade do produto, nos

termos do art. 19 do CDC.

Questão 21    (JUIZ SUBSTITUTO/TJ-PE/FCC/2015) Se o conteúdo líquido de deter-

minado produto comercializado for inferior às indicações constantes do recipiente,

da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, o consumidor poderá exigir

a) cumulativamente, o abatimento proporcional do preço, a complementação do

peso ou medida, a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou

modelo, sem o aludido vício, ou ainda a restituição imediata da quantia paga, atu-

alizada monetariamente, sem prejuízo de eventual indenização por perdas e danos

b) alternativamente e à sua escolha, o abatimento proporcional do preço, a com-

plementação do peso ou medida, a substituição do produto por outro da mesma

espécie, marca ou modelo, sem o aludido vício, ou ainda a restituição imediata da

quantia paga, atualizada monetariamente, com prejuízo de eventual indenização

por perdas e danos.

c) alternativamente e à sua escolha, somente o abatimento proporcional do preço,

a restituição da quantia paga, monetariamente atualizada, ou ainda a substituição

do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem o aludido vício.

d) cumulativamente, a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atu-

alizada, e indenização por eventuais perdas e danos.

e) alternativamente e à sua escolha, somente o abatimento proporcional do preço,

a complementação do peso ou medida, ou a restituição imediata da quantia paga,

monetariamente atualizada.

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Letra d.

Na resolução dessa questão, mais uma vez o(a) candidato(a) deverá se atentar

para os vetores de análise da regra de responsabilidade por vício de quantidade do

produto, nos termos do art. 19 do CDC.

Questão 22    (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-MS/VUNESP/2014) Assinale a alternati-

va correta, no que concerne aos vícios de quantidade do produto.

a) O fabricante responde objetivamente e o comerciante subsidiariamente.

b) O consumidor poderá exigir, à sua escolha, a substituição do produto por outro

da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios ou de qualidade su-

perior, sem custos adicionais.

c) O consumidor poderá exigir a restituição imediata da quantia paga, moneta-

riamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos, somente quando

impossível a substituição do produto.

d) O fornecedor imediato será responsável objetivamente quando fizer a pesagem ou

a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais.

Letra d.

Trata-se de questão fácil, exigindo do(a) candidato(a) atenção quanto à regra cons-

tante do § 2º do art. 19 do CDC, pela qual o fornecedor imediato (comerciante)

será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado

não estiver aferido segundo os padrões oficiais.

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Ainda sobre a responsabilidade por vício de quantidade do produto, o legislador

do CDC definiu uma regra de preferência na responsabilização dos produtos que

necessitam de pesagem ou medição no momento da compra, estabelecendo que o

fornecedor imediato (comerciante) será responsável quando fizer a pesagem ou a

medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais,

nos termos do § 2º do art. 19 do CDC.


Vejamos a seguir como as bancas abordaram esse tema:

Questão 23    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XIX – 1ª FASE/OAB/FGV/2016)


Antônio desenvolve há mais de 40 anos atividade de comércio no ramo de hortifrú-
ti. Seus clientes chegam cedo para adquirir verduras frescas entregues pelos pro-
dutores rurais da região. Antônio também vende no varejo, com pesagem na hora,
grãos e cereais adquiridos em sacas de 30 quilos, de uma marca muito conhecida
e respeitada no mercado. Determinado dia, a cliente Maria desconfiou da pesagem
e fez a conferência na sua balança caseira, que apontou suposta divergência de
peso. Procedeu com a imediata denúncia junto ao Órgão Oficial de Fiscalização, que
confirmou que o instrumento de medição do comerciante estava com problemas
de calibragem e que não estava aferido segundo padrões oficiais, gerando prejuízo
aos consumidores. A cliente denunciante buscou ser ressarcida pelo vício de quan-
tidade dos produtos.
Com base na hipótese sugerida, assinale a afirmativa correta.
a) Trata-se de responsabilidade civil solidária, podendo Maria acionar tanto o co-
merciante quanto os produtores.
b) Trata-se de responsabilidade civil subsidiária, pois o comerciante só responde se
os demais fornecedores não forem identificados.

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c) Trata-se de responsabilidade civil exclusiva do comerciante, na qualidade de

fornecedor imediato.

d) Trata-se de responsabilidade civil objetiva, motivo pelo qual inexistem exclu-

dentes de responsabilidade.

Letra c.

Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá observar a preferência que o

CDC estabeleceu nos casos de vício de quantidade de produtos que necessitam de

pesagem ou medição no ato da compra, com atenção ao § 2º do art. 19 do Código.

Questão 24    (JUIZ LEIGO/TJ-RJ/VUNESP/2014) O Código de Defesa do Consu-

midor estabelece medidas de proteção contra vícios que sejam apresentados por

produtos ou serviços. À luz dessas disposições, é correto afirmar que

a) serão considerados com vício aqueles que se tornarem obsoletos em vista do

incremento tecnológico.

b) o produto apresenta vício quando não oferece a segurança que dele legitima-

mente se espera.

c) nos casos em que o consumidor concorre para a adulteração ou avaria do pro-

duto, o vício será considerado impróprio.

d) em qualquer hipótese, na qual o produto apresentar vício, o consumidor pode,

de imediata, exigir a substituição das partes viciadas ou a imediata substituição do

produto por outro da mesma espécie e em perfeitas condições de uso.

e) o fornecedor imediato do produto in natura será responsável perante o consu-

midor, salvo quando identificado claramente o produtor.

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Letra e.

Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá observar a preferência que

o CDC estabeleceu nos casos de vício de quantidade de produtos que necessitam

de pesagem ou medição no ato da compra, os chamados produtos in natura, com

atenção ao § 5º do art. 18 do Código.

4. O Vício do Serviço no CDC


Ao lado da regra de responsabilidade por vício do produto, o legislador do CDC

construiu toda uma racionalidade para proteger o consumidor nos casos envolven-

do vício na prestação de serviços.

O art. 20 do CDC estabelece que o fornecedor de serviços responde pelos vícios

de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, as-

sim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da

oferta ou mensagem publicitária.

Sendo assim, seguindo a regra que envolve a comercialização de produtos,

percebe-se que na prestação de serviços utilizamos como vetores de análise da

ocorrência de vício a impropriedade dos serviços e a diminuição de valor, bem como

a disparidade de informações constantes da oferta ou mensagem publicitária, nos

termos do caput do art. 20 do CDC.

Nesses casos, o consumidor terá à sua disposição mais uma tríplice opção, po-

dendo exigir, alternativamente e à sua escolha:

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• (i) a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível, podendo

ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do forne-

cedor (§ 1º do art. 20);

• (ii) a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem

prejuízo de eventuais perdas e danos; e

• (iii) o abatimento proporcional do preço.

Vejamos a seguir como as bancas abordaram esse tema:

Questão 25    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XVIII – 1ª FASE/OAB/FGV/2015)

Hugo colidiu com seu veículo e necessitou de reparos na lataria e na pintura. Para

tanto, procurou, por indicação de um amigo, os serviços da Oficina Mecânica M,

oportunidade na qual lhe foi ofertado orçamento escrito, válido por 15 (quinze)

dias, com o valor da mão de obra e dos materiais a serem utilizados na realização

do conserto do automóvel. Hugo, na certeza da boa indicação, contratou pela pri-

meira vez com a Oficina.

Considerando as regras do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, assinale a

afirmativa correta.

a) Segundo a lei do consumidor, o orçamento tem prazo de validade obrigatório de

10 (dez) dias, contados do seu recebimento pelo consumidor Hugo. Logo, no caso,

somente durante esse período a Oficina Mecânica M estará vinculada ao valor orçado.

b) Uma vez aprovado o orçamento pelo consumidor, os contraentes estarão vin-

culados, sendo correto afirmar que Hugo não responderá por quaisquer ônus ou

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acréscimos no valor dos materiais orçados; contudo, ele poderá vir a responder

pela necessidade de contratação de terceiros não previstos no orçamento prévio.

c) Se o serviço de pintura contratado por Hugo apresentar vícios de qualidade,

é correto afirmar que ele terá tríplice opção, à sua escolha, de exigir da oficina

mecânica: a reexecução do serviço sem custo adicional; a devolução de eventual

quantia já paga, corrigida monetariamente, ou o abatimento do preço de forma

proporcional.

d) A lei consumerista considera prática abusiva a execução de serviços sem a

prévia elaboração de orçamento, o que pode ser feito por qualquer meio, oral ou

escrito, exigindo-se, para sua validade, o consentimento expresso ou tácito do con-

sumidor.

Letra c.

Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para o fato de

que o fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade na prestação do

serviço, podendo o consumidor fazer uso imediato da tríplice opção prevista no art.

20 do CDC.

Questão 26    (TÉCNICO EM REGULAÇÃO DE SAÚDE SUPLEMENTAR/AGÊNCIA

NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR-ANS/FUNCAB/2016) O fornecedor de servi-

ços responde pelos vícios decorrentes da disparidade com as indicações constantes

da oferta ou mensagem publicitária. Nesse caso, o consumidor pode exigir:

a) alternativamente e à escolha do consumidor, a reexecução dos serviços, sem

custo adicional e quando cabível; e a restituição imediata da quantia paga, mone-

tariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.

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b) sucessivamente, a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabí-

vel; a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem pre-

juízo de eventuais perdas e danos; e o abatimento proporcional do preço.

c) sucessivamente, a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando ca-

bível; e a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem

prejuízo de eventuais perdas e danos.

d) alternativamente e à escolha do consumidor, a reexecução dos serviços, sem

custo adicional e quando cabível; a restituição imediata da quantia paga, mone-

tariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; e o abatimento

proporcional do preço.

e) apenas a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem

prejuízo de eventuais perdas e danos.

Letra d.

Na resolução dessa questão, mais uma vez o(a) candidato(a) deverá se atentar

para o fato de que o fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade na

prestação do serviço, podendo o consumidor fazer uso imediato da tríplice opção

prevista nos incisos I a III do art. 20 do CDC.

Vale frisar que antes do CDC não existia uma disciplina própria no Código Civil

acerca da responsabilidade por vício na prestação do serviço, sendo que as ques-

tões eram tratadas como inadimplemento contratual. A vantagem do CDC é que

a noção de vício passa a ser mais objetiva, diminuindo a importância do contrato

que, de regra, é elaborado unilateralmente pelo fornecedor com vistas à proteção

dos interesses da empresa.

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A intenção do legislador a esse respeito foi clara no sentido de que os serviços

oferecidos no mercado de consumo devessem atender a um grau de qualidade e

funcionalidade, bem como que sua avaliação não ficasse unicamente pelas cláusu-

las contratuais, mas de modo objetivo, vinculando a obrigação do fornecedor dire-

tamente às indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, à adequação

do serviço para os fins que razoavelmente dele se esperam, bem como às normas

regulamentares de prestabilidade.

Por fim, no tocante ao vício na prestação do serviço, o legislador do CDC fez

questão de deixar expresso no art. 21 que na reparação de qualquer produto con-

siderar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de re-

posição originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas

do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização em contrário do consumi-

dor, garantindo maior confiabilidade no serviço que estiver sendo executado.

Vejamos a seguir como a banca abordou essa questão do emprego de compo-

nentes de reposição:

Questão 27    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XIII – 1ª FASE/OAB/FGV/2014)

Mauro adquiriu um veículo zero-quilômetro da fabricante brasileira Surreal, na con-

cessionária Possante Ltda., revendedora de automóveis que comercializa habitual-

mente diversas marcas nacionais e estrangeiras. Na época em que Mauro efetuou a

compra, o modelo adquirido ainda não era produzido com o opcional de freio ABS,

o que só veio a ocorrer seis meses após a aquisição feita por Mauro. Tal sistema de

frenagem (travagem) evita que a roda do veículo bloqueie quando o pedal do freio

é pisado fortemente, impedindo com isso o descontrole e a derrapagem do veículo.

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Mauro, inconformado, aciona a concessionária postulando a substituição do seu

veículo, pelo novo modelo com freio ABS.

Diante do caso narrado e das regras atinentes ao Direito do Consumidor, assinale

a afirmativa correta.

a) Mauro tem direito à substituição, pois o fato de o novo modelo ter sido ofereci-

do com o opcional do freio ABS, de melhor qualidade, configura defeito do modelo

anterior por ele adquirido.

b) Se o veículo adquirido por Mauro apresentar futuro defeito no freio dentro do

prazo de garantia, a concessionária Possante Ltda. é obrigada a assegurar a oferta

de peças de reposição originais enquanto não cessar a fabricação do veículo.

c) Somente quando cessada a produção no país do veículo adquirido por Mauro, a

fabricante Surreal ficará exonerada do dever legal de assegurar o oferecimento de

componentes e peças de reposição para o automóvel.

d) Havendo necessidade de reposição de peças ou componentes no veículo de

Mauro, a fabricante Surreal deverá, ainda que cessada a fabricação no país, efetu-

ar o reparo com peças originais por um período razoável de tempo, fixado por lei.

A reposição com peças usadas só é admitida pelo Código do Consumidor quando

houver autorização do consumidor.

Letra d.

Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá observar as obrigações do

fornecedor no tocante ao emprego de componentes de reposição, nos termos do

art. 21 do CDC.

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Encerrando a seção do CDC destinada à responsabilidade por vício dos produtos

e serviços, o legislador fixou duas importantes regras para proteção dos consumi-

dores submetidos às condutas dos fornecedores, com destaque para os artigos 23

a 25, vejamos:

Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos
produtos e serviços não o exime de responsabilidade.
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo ex-
presso, vedada a exoneração contratual do fornecedor.
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou
atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão soli-
dariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço,
são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a
incorporação.

A regra do artigo 23 assegura a não ocorrência de prejuízos ao consumidor nos

casos em que o fornecedor alegar ignorância acerca dos vícios de qualidade por

inadequação dos produtos e serviços, hipóteses que não o eximem de responsabili-

dade na reparação de eventuais danos. Segundo a doutrina consumerista, tal regra

se pauta na teoria do risco da atividade econômica, pela qual o fornecedor deve

conhecer todas as informações relevantes para a prática do negócio, em diálogo

com o direito básico do consumidor de ampla e integral reparação de danos (art.

6º, VI, CDC) e com a regra geral da responsabilidade objetiva e solidária.

Já em relação à garantia legal de adequação, o legislador deixou claro sua de-

corrência em virtude de lei, em franco diálogo com o art. 51, I, do CDC, pelo qual

são nulas de pleno direito as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de

produtos e serviços que impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade

do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impli-

quem renúncia ou disposição de direitos.

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Reforçando a regra geral de responsabilidade solidária do CDC, o legislador

buscou deixar claro no § 1º do art. 25 que todos os responsáveis pela causação do

dano advindo de uma relação de consumo envolvendo vício do produto e do serviço

responderão solidariamente pela reparação, inclusive nos casos em que o dano for

causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, respondendo

pela reparação o fabricante, o construtor ou o importador e o ente que realizou a

incorporação, nos termos do § 2º do mesmo artigo.

Vejamos a seguir como as bancas abordaram essa temática:

Questão 28    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – VII – 1ª FASE/OAB/FGV/2012)

Martins celebrou negócio jurídico com a empresa Zoop Z para o fornecimento de

dez volumes de determinada mercadoria para entretenimento infantil. No contrato

restava estabelecido que Martins vistoriaria toda mercadoria antes da aquisição

e que o consumidor retiraria os produtos no depósito da empresa. Consideran-

do tal situação fictícia, assinale a alternativa correta à luz do disposto na Lei n.

8.078/1990, de acordo com cada hipótese a seguir apresentada:

a) A garantia legal do produto independe de termo expresso no contrato, bem

como é lícito ao fornecedor estipular que se exime de responsabilidade na hipótese

de vício de qualidade por inadequação do produto, desde que fundada em ignorân-

cia sobre o vício.

b) É nula de pleno direito a cláusula contratual que exonere a contratada de qual-

quer obrigação de indenizar por vício do produto em razão de ter sido a mercadoria

vistoriada previamente pelo consumidor.

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c) O contrato poderia prever a impossibilidade de reembolso da quantia por Mar-

tins, bem como ter transferido previamente a responsabilidade por eventual vício

do produto, com exclusividade, ao fabricante.

d) A Zoop Z tem liberdade para estabelecer compulsoriamente a utilização de arbi-

tragem, bem como exigir o ressarcimento dos custos de cobrança da obrigação de

Martins, sem que o mesmo seja conferido contra o fornecedor.

Letra b.

Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se pautar nos direitos bási-

cos que preveem a proteção contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no

fornecimento de produtos e serviços, bem como a efetiva prevenção e reparação

integral de danos, nos termos do inciso IV do art. 6º do CDC.

Questão 29    (JUIZ/TJ-RS/OFFICIUM/2012) Assinale a assertiva correta.

a) A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos

produtos e serviços o exime de responsabilidade.

b) O fabricante, o produtor, o construtor e o importador respondem, independente-

mente da existência de culpa, pela reparação de danos causados aos consumidores

por vício do serviço, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre

sua utilização e riscos.

c) Se o dano for causado por componente ou peça incorporada ao produto ou ser-

viço, são responsáveis solidários o fabricante, o construtor, o importador e o que

realizou a incorporação.

d) No caso de fornecimento de produtos in natura que sejam impróprios ao consu-

mo, o único responsável perante o consumidor é o produtor.

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e) O direito de reclamar por vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em 30

(trinta) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto duráveis.

Letra c.

Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se pautar nos direitos bási-

cos que preveem a proteção contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no

fornecimento de produtos e serviços, a efetiva prevenção e reparação integral de

danos, bem como a responsabilidade objetiva e solidária entre os fornecedores, nos

termos dos incisos IV e VI do art. 6º e art. 7º, todos do CDC.

Ressalta-se o caráter estratégico dos §§ 1º e 2º do art. 25 do CDC ao destacarem a

responsabilidade solidária por parte de todos os fornecedores envolvidos na causa-

ção dos danos, bem como a identificação da responsabilidade do fabricante, cons-

trutor ou importador nas hipóteses em que o dano seja causado por componente

ou peça incorporada ao produto ou serviço, recaindo prioritariamente a responsa-

bilidade àquele que realizou a incorporação.

5. Serviços Públicos no CDC


Seguindo a racionalidade acerca da regra de responsabilidade por vício do servi-

ço, o legislador do CDC dedicou especial atenção aos serviços públicos submetidos

à proteção do CDC, trazendo para a esfera de responsabilização os órgãos públicos

(por si ou suas empresas), bem como as concessionárias, permissionárias ou qual-

quer outra forma de empreendimento.


Antes de adentrar nos pontos específicos que geram maior debate a respeito
desse tema, vale recapitularmos alguns conceitos discutidos na nossa Aula 1, na

oportunidade em que falamos sobre o conceito de serviço no CDC.

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Na linha de raciocínio da forma de remuneração do serviço, temos a incidência

do CDC na prestação de alguns serviços públicos, eis que as pessoas jurídicas de

direito público também poderão ser enquadradas como fornecedores à luz do CDC

quando do fornecimento de produtos ou serviços em que haja uma contraprestação

direta pelos consumidores.

Nessa ótica, quais seriam os serviços públicos protegidos pelo CDC? Justamente

aqueles prestados mediante contraprestação ou remuneração diretamente efetu-

ada pelos consumidores por tarifa ou preço público e que a sua medição seja re-

alizada individualmente (também denominados de serviços uti singuli): água, luz,

telefone, transporte público etc.

Pois bem, mas e quanto aos demais serviços públicos? Há incidência das nor-

mas do CDC na prestação de serviço público de saúde? Existe alguma espécie de

remuneração?

No julgamento do Recurso Especial n. 493.181/SP, o STJ entendeu que não

se pode falar em prestação de serviço subordinada às regras previstas no Código

de Defesa do Consumidor, pois inexiste qualquer forma de remuneração direta

referente ao serviço de saúde prestado pelo hospital público, o qual pode ser clas-

sificado como uma atividade geral exercida pelo Estado à coletividade em cumpri-

mento de garantia fundamental, prevista no art. 196 da CF/1988.

Nesse sentido, o STJ também se manifestou no sentido de que os serviços públi-

cos prestados por concessionárias são remunerados por tarifas, regidos, portanto,

pelo CDC; diferentemente da remuneração do serviço público próprio, realizada por

meio de taxa (REsp. n. 840.864).

A partir desse entendimento, o próprio STJ decidiu que, em caso de erro médi-

co que causou a morte de paciente em hospital público, “se o serviço for prestado

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diretamente pelo Estado e custeado por meio de receitas tributárias não se carac-

teriza uma relação de consumo nem se aplicam as regras do Código de Defesa do

Consumidor” (REsp. n. 1.187.456).

Prezado(a) candidato(a), a lógica acima não se aplica aos serviços prestados pelos

Correios, ensejando-se, nesses casos, a reparação dos danos causados aos consu-

midores com base no CDC. Trata-se, pois, de serviços remunerados por preço

público, daí a confirmação do entendimento acima externado.

Referido serviço, em face das próprias características, normalmente é prestado

pelo Estado de maneira universal, o que impede a sua individualização, bem como

a mensuração de remuneração específica, afastando a possibilidade da incidência

das regras de competência contidas na legislação específica.

Sendo assim, para analisarmos a questão dos serviços públicos na esfera do

direito do consumidor, o art. 22 do CDC nos direciona para a utilização dos vetores

de adequação, eficiência, segurança e continuidade (serviços essenciais), vejamos:

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias


ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços
adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações refe-
ridas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os
danos causados, na forma prevista neste código.

Algumas questões se mostram controversas a respeito desse assunto, principal-

mente quando analisadas em conjunto com o campo de aplicação do CDC e com a

manifestação da doutrina e jurisprudência. A primeira questão diz respeito à forma

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de remuneração do serviço público, eis que será determinante para verificar se o

CDC será ou não aplicado àquela situação específica.

A princípio, a polêmica diz respeito à necessidade do serviço ser remunerado di-

reta ou indiretamente por meio de tarifa, preço público ou taxa, ou, de outra banda,

a suficiência de que a remuneração seja remota (impostos). Como já vimos acima,

essa última hipótese estaria descartada, pois existe a necessidade de remuneração

diretamente vinculada à prestação do serviço.

Dessa forma, a controvérsia acerca da remuneração ora por taxa ora por tarifa

diz respeito à liberdade que se daria ao Estado para escolher entre uma ou outra

forma de remuneração, sempre que estivesse diante de um serviço público divisí-

vel e específico. Essa liberdade não existe, pois existem regimes jurídicos distintos

envolvidos, ou seja, a taxa e a tarifa aplicam-se aos serviços públicos específicos e

divisíveis, mas em situações distintas.

A taxa, por ser uma das espécies de tributo, exige que se siga estritamente as

normas de Direito Tributário, o que implica uma série de limitações, até como ga-

rantia da população, seguindo os princípios da tributação, dentre os quais os mais

importantes são o princípio da legalidade (art. 150, I, CF/1988) e o da anteriorida-

de (um tributo não será cobrado no mesmo exercício financeiro em que tiver sido

publicada a lei que o instituiu ou aumentou), evitando que contribuintes sejam pe-

gos de surpresa e permitindo que seja feito um planejamento sobre quanto incidirá

de carga tributária a cada ano.

A tarifa, por sua vez, aplica-se sob um regime jurídico equivalente ao de mer-

cado, o que aproxima a tarifa a um preço privado, tanto que também é conhecida

como “preço público”, encontrando-se em um nível intermediário entre a taxa e o

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preço privado, pois não se submete às normas rígidas do Direito Tributário, mas

também não é instituída com a liberdade e a autonomia do preço privado.

Nesse sentido, a instituição ou majoração da tarifa podem ser feitas pelo próprio

Poder Executivo, por meio de ato administrativo, não se exigindo que seja feito so-

mente por lei, podendo gerar efeitos de forma imediata.

Vale ressaltar que, na remuneração por tarifa, o prestador de serviço público,

mesmo que seja um particular, por meio de um contrato de concessão, não terá

poder absoluto sobre a tarifa, tal como as empresas privadas têm sobre os preços

que lançam no mercado, pois deverá haver obediência ao regime jurídico-adminis-

trativo, podendo implicar algumas restrições.

Sendo assim, é quase pacífico o entendimento de que um serviço público objeto

de concessão só poderá ser explorado pela concessionária mediante a cobrança de

tarifa, que segue o regime jurídico-administrativo, e não por meio de taxa, espécie

tributária.

Diante disso, a análise sobre as espécies de remuneração do serviço público

segue os vetores da remuneração específica do serviço (podendo ser direta ou

indireta, todavia se exigindo que seja uma atividade desenvolvida no mercado de

consumo) e a noção de mercado de consumo (compreendendo-se pela abrangência

do mercado de consumo, ou seja, quais atividades econômicas são próprias do ciclo

de produção e circulação de produtos ou fornecimento de serviços).

Em suma, estão sujeitos ao CDC os serviços públicos cuja remuneração, inde-

pendentemente da sua natureza, seja feita diretamente pelo consumidor.

Para que esses vetores de análise se confirmem, deve-se estabelecer uma cor-

respondência entre o valor pago e o serviço prestado, isto é, deve haver uma

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correlação entre o que se paga e o que se recebe ou deveria receber, uma relação

econômica de troca, além do serviço ser divisível e mensurável individualmen-

te. Ressalta-se que a CF/1988, em seus artigos 173 e 175, refere-se a empresa

pública, sociedade de economia mista, subsidiárias, concessionárias ou permissio-

nárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens

ou de prestação de serviços, com destaque, para o nosso caso, ao fato de que os

prestem no mercado de consumo.

A segunda questão controversa acerca dos serviços públicos submetidos ao CDC

seriam a legalidade ou não do corte de fornecimento de energia elétrica e água em

razão de inadimplemento do consumidor, questão essa vastamente discutida na

doutrina consumerista e na jurisprudência.

Para essa questão, os vetores de análise mais utilizados são:

• o princípio da dignidade da pessoa humana, previsto no art. 1º, inciso III, da

CF/1988;

• os princípios da política nacional das relações de consumo; e

• os direitos básicos dos consumidores, previstos nos artigos 4º e 6º do CDC,

em conjunto com as regras dos artigos 22 (continuidade de serviços públicos

essenciais) e 42 (na cobrança de dívidas, o consumidor não será submetido a

qualquer tipo de constrangimento), ambos do CDC.

Aliado ao CDC, outro vetor de análise seria a aplicação do art. 6º, § 3º, II, da

Lei n. 8.987/1995, pelo qual não se caracteriza como descontinuidade do serviço a

sua interrupção, após prévio aviso, por inadimplemento do usuário, considerando o

interesse da coletividade.

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Aplicando uma análise calcada no diálogo das fontes, sob a inspiração do art. 7º

do CDC e com base na CF/1988, a solução mais coerente leva em consideração a

proteção da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF/1988), ressaltando que

o CDC também dispõe sobre a importância da dignidade, dos direitos existenciais,

da continuidade dos serviços públicos de primeira necessidade (essenciais), bem

como protege o consumidor de constrangimento na cobrança de dívidas, enquanto

que a Lei n. 8.987/1995 baseia-se no interesse da coletividade que utiliza o serviço

essencial.

Sendo assim, o ponto chave seria verificar, no caso concreto, se o corte im-

porta em ofensa à dignidade da pessoa humana, ou seja, se pessoas físicas serão

diretamente afetadas com a interrupção do serviço.

A análise acima mencionada necessita ser realizada de forma a não permitir o equí-

voco de considerar somente se o devedor é pessoa física ou pessoa jurídica, mas

sim o destinatário do serviço público envolvido no corte de fornecimento.

Por exemplo, no caso do inadimplente ser pessoa jurídica, o corte poderia ser re-

alizado per se? Evidente que não, pois, no caso concreto, se essa pessoa jurídica

for um hospital, outras formas devem ser lançadas para a recuperação do crédito,

pois a interrupção deixaria várias pessoas físicas sem o serviço de água e energia

dentro do hospital, causando risco à saúde e segurança dessas pessoas.

Outro exemplo pode envolver uma pessoa física inadimplente e mesmo assim ser

possível o corte no fornecimento do serviço, desde que o imóvel em questão esteja

desabitado e por conta disso os proprietários deixem de pagar pelo serviço dispo-

nível ao imóvel.

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Em suma, o debate acerca da possibilidade ou não de corte no fornecimento de

serviços essenciais deve ser realizado à luz do diálogo das fontes normativas; visto

que, a partir do enfoque constitucional, prestigiam-se ambas as fontes normativas,

sem qualquer exclusão prévia. Nesse sentido, considerando o projeto constitucional

de proteção à dignidade da pessoa humana, confere-se, em concreto, relevância à

continuidade do serviço (Lei n. 8.078/1990) ou à possibilidade do corte em atenção

ao interesse da manutenção do serviço à coletividade (Lei n. 8.987/1995), quando

não houver ofensa, direta ou indireta, à dignidade da pessoa humana.

Encerrando a seção do CDC destinada à responsabilidade por vício dos produtos

e serviços, o legislador fixou duas importantes regras para proteção dos consumi-

dores submetidos às condutas dos fornecedores, com destaque para os artigos 23

a 25, vejamos:

Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos
produtos e serviços não o exime de responsabilidade.
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo ex-
presso, vedada a exoneração contratual do fornecedor.
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou
atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão soli-
dariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço,
são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a
incorporação.

A regra do artigo 23 assegura a não ocorrência de prejuízos ao consumidor nos

casos em que o fornecedor alegar ignorância acerca dos vícios de qualidade por

inadequação dos produtos e serviços, hipóteses que não o eximem de responsabili-

dade na reparação de eventuais danos. Segundo a doutrina consumerista, tal regra

se pauta na teoria do risco da atividade econômica, pela qual o fornecedor deve

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com o direito básico do consumidor de ampla e integral reparação de danos (art.

6º, VI, CDC) e com a regra geral da responsabilidade objetiva e solidária.

Já em relação à garantia legal de adequação, o legislador deixou claro sua de-

corrência em virtude de lei, em franco diálogo com o art. 51, I, do CDC, pelo qual

são nulas de pleno direito as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de

produtos e serviços que impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade

do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impli-

quem renúncia ou disposição de direitos.

Vejamos a seguir como a banca abordou esse tema:

Questão 30    (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-MG/FUNDEP GESTÃO DE CONCUR-

SOS/2014) Analise a situação a seguir.

Caio adquiriu, para sua casa, um aparelho de aquecimento solar fabricado e co-

mercializado pela empresa Y. Logo após a instalação, Caio notou que as placas de

captação de luz do equipamento não funcionavam, de forma tal que água de sua

casa não era aquecida, motivo pelo qual fez contato com a empresa Y solicitando a

solução do problema. Todavia, passados 40 dias do referido contato, a dita fornece-

dora não solucionou o defeito. Diante disso, Caio procurou o Defensor Público que,

então, oficiou a fornecedora para informações sobre o caso. Por sua vez, a empresa

Y em resposta ao ofício da Defensoria Pública, além de enviar cópia do contrato de

adesão firmado com Caio, informou que o equipamento estava sendo reparado, de

sorte que, nos termos da contratação feita, teria ela até 200 dias para solucionar o

problema. Ao analisar o contrato, o Defensor Público verifica que, realmente, existe

uma cláusula estabelecendo tal prazo aduzido pela empresa, cláusula esta conven-

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cionada em separado das demais disposições contratuais e com expressa anuência

de Caio sobre o seu conteúdo.

Considerando a narrativa acima, bem como o disposto na Lei n. 8.078/1990, são

dadas as proposições 1 e 2.

1. A Cláusula contratual aduzida pela empresa Y, estabelecendo um prazo de até

200 dias para solucionar vício de qualidade que tornava o aquecedor solar impró-

prio ou inadequado ao consumo a que se destinava, é nula ante a sistemática inau-

gurada pelo Código de Defesa do Consumidor.

PORQUE,

2. Nos termos do artigo 18, §1º da Lei n. 8.078/1990, não sendo o vício sanado no

prazo máximo de trinta dias, surge em favor do consumidor a faculdade de, alter-

nativamente e à sua escolha, exigir a substituição do produto por outro da mesma

espécie em perfeitas condições de uso, a restituição imediata da quantia paga, mo-

netariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos ou, por fim, o

abatimento proporcional do preço.

Assinale a alternativa CORRETA.

a) A proposição 1 é verdadeira e a proposição 2 é falsa.

b) A proposição 1 é falsa e a proposição 2 é verdadeira.

c) As proposições 1 e 2 são verdadeiras, sendo que a segunda justifica a primeira.

d) As proposições 1 e 2 são verdadeiras, mas a segunda não justifica a primeira.

Letra d.

Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para as regras do

CDC quanto à nulidade de cláusulas contratuais que impossibilitem, exonerem ou

atenuem a responsabilidade do fornecedor perante o consumidor.

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Ressalta-se o caráter estratégico dos §§ 1º e 2º do Art. 25 do CDC ao destaca-

rem a responsabilidade solidária por parte de todos os fornecedores envolvidos na

causação dos danos, bem como a identificação da responsabilidade do fabricante,

construtor ou importador nas hipóteses em que o dano seja causado por compo-

nente ou peça incorporada ao produto ou serviço, recaindo prioritariamente a res-

ponsabilidade àquele que realizou a incorporação.

6. Decadência e Prescrição
O legislador do CDC, ao estabelecer os parâmetros para o exercício do direito

de reclamar por vícios do produto ou do serviço, vinculou a diferenciação entre os

prazos decadenciais à questão da durabilidade ou não de tais produtos ou serviços.

Assim, o direito de reclamar pelos prejuízos sofridos, na inteligência do artigo

26 do Código, pode ser exercido no prazo de 30 dias em relação aos vícios apa-

rentes verificados em produtos não duráveis e no prazo de 90 dias em relação aos

produtos duráveis.

Mas, enfim, o que são produtos ou serviços duráveis e não duráveis?

Produtos ou serviços não duráveis são aqueles que se exaurem ao primeiro

uso ou em pouco tempo após a aquisição ou início de utilização (ex.: alimentos,

medicamentos, cosméticos, serviços de transporte, de lazer etc.).

Produtos ou serviços duráveis são aqueles que apresentam uma vida útil

não efêmera, embora não muito prolongada (ex.: imóveis, automóveis, computa-

dores, móveis, serviços de assistência técnica, de oficinas mecânicas, de reforma

em habitações etc.).

Vale ressaltar que a análise acerca da durabilidade ou não do serviço não ne-

cessariamente está vinculada ao tempo decorrido em sua prestação, isto é, a sua

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viagem efetivada por meio do serviço de transporte de ônibus pode demorar a tar-

de toda para ser concretizada, porém o serviço continuará a ser não durável, pois

se exauriu ao primeiro uso. Por outro lado, o serviço de dedetização, mesmo sendo

realizado em no máximo trinta minutos, será considerado serviço durável, pois os

efeitos do veneno utilizado devem fazer efeito por vários meses, sendo esta a legí-

tima expectativa do consumidor.

Considerando as particularidades dos variados segmentos do mercado de con-

sumo, o legislador do CDC preferiu deixar expressa uma regra para a contagem

desses prazos decadenciais, iniciando-se a partir da entrega efetiva do produto ou

do término da execução dos serviços, nos termos do § 1º do art. 26.

Vejamos a seguir como as bancas abordaram esse tema:

Questão 31    (PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE-RR/CESPE/2017) Pe-

dro entregou seu veículo para ser lavado e polido em um estabelecimento especia-

lizado. Ao retornar, ele constatou riscos na pintura do veículo e reclamou formal-

mente ao fornecedor do serviço.

Essa situação hipotética mostra um caso de

a) vício de fácil constatação, no qual a reclamação formulada por Pedro obstou a

prescrição.

b) vício de fácil constatação, no qual a reclamação formulada por Pedro obstou a

decadência.

c) vício oculto, no qual o direito de reclamar estará sujeito a prazo decadencial.

d) vício de fácil constatação, no qual o direito de reclamar estará sujeito a prazo

prescricional.

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Letra b.

Trata-se de questão relativamente fácil, eis que exige do(a) candidato(a) conheci-

mento dos aspectos gerais das regras atinentes ao vício do produto, bem como da

sua implicação nos prazos decadenciais expressos no CDC.

Questão 32    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – VI – 1ª FASE/OAB/FGV/2011) Fran-

co adquiriu um veículo zero-quilômetro em novembro de 2010. Ao sair com o auto-

móvel da concessionária, percebeu um ruído todas as vezes em que acionava a em-

breagem para a troca de marcha. Retornou à loja, e os funcionários disseram que tal

barulho era natural ao veículo, cujo motor era novo. Oito meses depois, ao retornar

para fazer a revisão de dez mil quilômetros, o consumidor se queixou que o ruído

persistia, mas foi novamente informado de que se tratava de característica do mode-

lo. Cerca de uma semana depois, o veículo parou de funcionar e foi rebocado até a

concessionária, lá permanecendo por mais de sessenta dias. Franco acionou o Poder

Judiciário alegando vício oculto e pleiteando ressarcimento pelos danos materiais e

indenização por danos morais. Considerando o que dispõe o Código de Proteção e De-

fesa do Consumidor, a respeito do narrado acima, é correto afirmar que, por se tratar

de vício oculto,

a) o prazo decadencial para reclamar se iniciou com a retirada do veículo da con-

cessionária, devendo o processo ser extinto.

b) o direito de reclamar judicialmente se iniciou no momento em que ficou eviden-

ciado o defeito, e o prazo decadencial é de noventa dias.

c) o prazo decadencial é de trinta dias contados do momento em que o veículo

parou de funcionar, tornando-se imprestável para o uso.

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d) o consumidor Franco tinha o prazo de sete dias para desistir do contrato e, ten-

do deixado de exercê-lo, operou-se a decadência.

Letra b.

Na análise dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para o momento em

que se inicia a contagem do prazo decadencial no tocante aos vícios ocultos, nos

termos do § 3º do art. 26 do CDC.

Questão 33    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – III – 1ª FASE/OAB/FGV/2010) O

prazo para reclamar sobre vício oculto de produto durável é de

a) 90 (noventa) dias a contar da aquisição do produto.

b) 90 (noventa) dias a contar da entrega do produto.

c) 30 (trinta) dias a contar da entrega do produto.

d) 90 (noventa) dias a contar de quando ficar evidenciado o vício.

Letra d.

Na análise dessa questão, mais uma vez o(a) candidato(a) deverá se atentar para

o prazo decadencial no tocante aos vícios ocultos, nos termos do inciso II e § 3º do

art. 26 do CDC.

Questão 34    (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-ES/FCC/2016) Para as ações fundadas

no Código de Defesa do Consumidor, aplica-se a seguinte regra:

a) os prazos prescricionais não se sujeitam a interrupção, nem a suspensão, en-

quanto os decadenciais se sujeitam a suspensão, mas não se sujeitam a interrupção.

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b) sujeita-se a prescrição a pretensão por danos causados por fato do produto ou

do serviço e a decadência somente a reclamação por vício oculto de serviço ou de

produto.

c) sujeita-se a decadência a pretensão à reparação por danos causados por fato do

produto ou do serviço e a prescrição o direito de reclamar por vícios aparentes ou

de fácil constatação no fornecimento de serviços e produtos.

d) sujeita-se à prescrição a pretensão à reparação pelos danos causados por fato

do produto ou do serviço e a decadência o direito de reclamar por vícios aparentes

ou de fácil constatação, no fornecimento de serviços e de produtos.

e) os prazos prescricionais e decadenciais se identificam quanto à incidência de

causas suspensivas e interruptivas.

Letra d.

Na análise dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para os pressupos-

tos de aplicação das regras previstas no CDC acerca da decadência e prescrição,

previstas nos artigos 26 e 27 do Código.

Questão 35    (PROMOTOR DE JUSTIÇA-VESPERTINA/MPE-SC/2016) Prescreve

em cinco anos, a partir do conhecimento do dano e de sua autoria, a pretensão à

reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço segundo o nor-

matizado no Código de Defesa do Consumidor.

Certo.

Na análise dessa questão, mais uma vez o(a) candidato(a) deverá se atentar para

os pressupostos de aplicação das regras previstas no CDC acerca da decadência e

prescrição, previstas nos artigos 26 e 27 do Código.

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Questão 36    (JUIZ SUBSTITUTO/TJ-RJ/VUNESP/2016) Marisa de Lima adquiriu

um aparelho de telefone celular em uma loja de departamentos para dar como

presente a um sobrinho em seu aniversário. O bem foi adquirido em 10 de maio de

2015 e entregue ao sobrinho na primeira semana de julho, quando Paulinho ime-

diatamente passou a utilizar o aparelho. No dia das crianças do mesmo ano, quando

novamente encontrou o sobrinho, este informou que o aparelho está apresentando

problema de aquecimento e desligamento espontâneo quando está brincando em

um jogo e que notou a existência do vício em meados de setembro.

A partir desses fatos, é correta a seguinte afirmação.

a) Já decorreu o prazo prescricional para apresentar reclamação perante o forne-

cedor, pois o direito de reclamar pelos vícios apresentados iniciou-se a partir da

retirada do aparelho de telefone celular da loja.

b) O prazo para apresentar reclamação perante o fornecedor é de natureza deca-

dencial, mas não poderá ser exercido, pois decorrido mais de 90 dias desde a data

do início da efetiva utilização do aparelho celular.

c) A reclamação que venha a ser formulada pelo consumidor perante o fornecedor

e a instauração do inquérito civil interrompem o fluxo do prazo para o exercício do

direito de reclamar, que é de natureza prescricional, pois se fosse decadencial não

suspenderia nem interromperia.

d) Ainda não decorreu o prazo decadencial para apresentar reclamação perante o

fornecedor, pois como se trata de vício oculto, o prazo iniciou-se no momento em

que o aparelho começou a apresentar o problema.

e) Tratando-se de vício oculto, o consumidor poderá formular reclamação perante

o fornecedor por escrito, a qualquer tempo, mediante instrumento enviado pelo

cartório de títulos e documentos, carta registrada ou simples, encaminhada pelo

serviço postal ou entregue pelo consumidor, inclusive de forma verbal.

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Letra d.

Na análise dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para o momento em

que se inicia a contagem do prazo decadencial no tocante aos vícios ocultos, nos

termos do § 3º do art. 26 do CDC.

Questão 37    (JUIZ SUBSTITUTO/TJ-PI/FCC/2015) Oscar adquiriu conjunto de

lâmpadas para sua residência e verificou, no momento da instalação, feita no mes-

mo dia da compra, que algumas delas não acendiam. Por tal razão, requereu, tam-

bém no mesmo dia da compra, a substituição do produto. Como, no momento da

reclamação, o fornecedor se recusou de maneira inequívoca a realizar a substitui-

ção, Oscar ajuizou ação para este fim. Fê-lo, porém, passados cem dias da entrega

do produto. O fornecedor alegou prescrição. De acordo com o Código de Defesa do

Consumidor,

a) passados noventa dias da compra, ocorreu prescrição do direito de reclamar

pelo fato do produto.

b) não ocorreu a prescrição, pois prescreve em três anos o direito de reclamar pelo

fato do produto.

c) passados noventa dias da compra, ocorreu prescrição do direito de reclamar

pelo vício do produto.

d) passados noventa dias da compra, ocorreu não prescrição mas decadência do

direito de reclamar pelo vício do produto.

e) não ocorreu a prescrição, pois prescreve em cinco anos o direito de reclamar

pelo fato do produto.

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Letra d.

Na análise dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para os pressupos-

tos de aplicação das regras previstas no CDC acerca da decadência e prescrição,

nos termos dos artigos 26 e 27 do Código.

Questão 38    (ANALISTA DE PROTEÇÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR/SERVIÇOS

DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR/PREFEITURA DE LONDRINA-PR/FA-

FIPA/2015) O Código de Defesa do Consumidor estabelece regras sobre a responsa-

bilidade pelo fato e pelo vício de produto e de serviço, podendo-se afirmar que:

O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em 45

(quarenta e cinco) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e produto duráveis.

Errado.

Na análise dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para os prazos de-

cadenciais previstos nos incisos I e II do art. 26 do CDC. No caso em tela, o prazo

para reclamação é de 90 (noventa) dias.

Questão 39    (PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE-GO/2014) O direito de

reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação, tratando-se de forneci-

mento de serviço e de produtos duráveis caducará em:

a) 07 dias.

b) 30 dias.

c) 90 dias.

d) 120 dias.

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Letra c.

Na análise dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para os prazos de-

cadenciais previstos nos incisos I e II do art. 26 do CDC.

Questão 40    (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-MS/VUNESP/2014) Em relação ao direito

de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação, é correto afirmar que:

a) inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto

ou do término da execução dos serviços.

b) caduca em sessenta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos

não duráveis.

c) caduca em cento e vinte dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de pro-

dutos duráveis.

d) obsta a decadência, a reclamação comprovadamente formulada pelo consumi-

dor perante qualquer órgão de defesa do consumidor até a cientificação do forne-

cedor acerca de seus termos.

Letra a.

Na análise dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para o momento em

que se inicia a contagem do prazo decadencial, nos termos do § 1º do art. 26 do

CDC.

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Questão 41    (JUIZ LEIGO/TJ-RJ/VUNESP/2014) O prazo para reclamação pelos

vícios do produto será

a) de 02 meses para a pretensão de reparação de danos causados pelo produto.

b) de 120 dias, tratando-se do fornecimento de produtos duráveis e vício oculto.

c) obstado pelo término da execução do serviço.

d) de 60 dias no caso de fornecimento de produtos duráveis e vício aparente.

e) de 30 dias, tratando-se do fornecimento de produtos não duráveis e vício apa-

rente ou de fácil constatação.

Letra e.

Na análise dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para os pressupos-

tos de aplicação das regras previstas no CDC acerca da decadência, nos termos do

artigo 26 do Código.

Vale ressaltar que o legislador inseriu de forma estratégica a expressão “entrega

efetiva”, possibilitando maior proteção ao consumidor naqueles casos de produtos

que são transportados desmontados e que a montagem ocorre definitivamente

no local indicado pelo consumidor, ou, ainda, nos casos em que a entrega de uma

compra de vários itens seja realizada de forma fracionada. Para esses casos, a

contagem do prazo terá seu início com a “efetiva entrega” que só ocorre, respec-

tivamente, após o término da montagem do produto ou no último dia da efetiva

entrega dos produtos.

Com base no critério da vida útil dos produtos e dos serviços, que alarga subs-

tancialmente os prazos para reclamar de produtos com vício oculto, o legislador do

CDC inseriu mais uma vantagem na defesa dos consumidores, qual seja, a possi-

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bilidade de se obstar o prazo decadencial. De acordo com essa regra, prevista no §

2º do art. 26, os prazos de 30 e 90 dias podem, em razão de alguns fatos, deixar

de correr, beneficiando o consumidor, vejamos:

Art. 26.
(…)
§ 2° Obstam a decadência:
I – a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de
produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida
de forma inequívoca;
II – (Vetado).
III – a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.

Vejamos a seguir como as bancas abordaram as causas obstativas do prazo

decadencial:

Questão 42    (PROCURADOR DO ESTADO/PGE-MT/FCC/2016) Donizete adquiriu

um veículo zero-quilômetro da Concessionária Rode Bem. Ao dirigi-lo pela primeira

vez, verificou que o veículo apresentava avarias nos freios, colocando sua segu-

rança em risco. Passados oitenta dias, Donizete formulou reclamação extrajudicial

perante o fornecedor, requerendo a reparação do vício, a qual foi respondida, ne-

gativamente, vinte dias depois. No dia da resposta negativa, Donizete ajuizou ação

judicial. O direito de reclamar pelo vício

a) decaiu, porque, embora o consumidor tenha formulado reclamação perante o

fornecedor, a decadência não admite interrupção nem suspensão.

b) prescreveu, porque, da constatação do vício, até o ajuizamento da ação, passa-

ram-se mais de noventa dias.

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c) decaiu, porque, da constatação do vício, até o ajuizamento da ação, passaram-se

mais de noventa dias.

d) não decaiu, porque, até a resposta negativa à reclamação, a fluência do prazo

ficou obstada.

e) não decaiu, porque, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, é de

cinco anos o prazo para reclamar pelo vício do produto.

Letra d.

Na análise dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para os pressupostos de

aplicação das regras previstas no CDC acerca da decadência, notadamente em relação

às causas obstativas do prazo decadencial, nos termos do § 2º do artigo 26 do Código.

Questão 43    (ASSESSOR/ÁREA DE DIREITO/MPE-RS/2014) O Código de Defe-

sa do Consumidor, Lei n. 8.070, de 11 de setembro de 1990, estabelece o direito

de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação, conforme disposto no

caput do artigo 26, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não du-

ráveis ou de fornecimento de serviços e de produtos duráveis.

Assinale com V (verdadeiro) ou com F (falso) as seguintes afirmações sobre esse

tema.

 (  ) Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do pro-

duto ou do término da execução do serviço.

 (  ) Não obsta a decadência a reclamação formulada pelo consumidor perante o

fornecedor de produtos e serviços até a resposta correspondente, que deve

ser transmitida de forma inequívoca.

 (  ) Obsta a decadência a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.

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 (  ) O prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito,

quando relativo a vício oculto.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

a) V – F – V – V.

b) F – F – V – F.

c) F – V – F – F.

d) V – F – F – V.

e) V – V – F – F.

Letra a.

Na análise dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para os pressupos-

tos de aplicação das regras previstas no CDC acerca da decadência, nos termos do

artigo 26 do Código.

Ganham importância, a partir dessa regra, as formas de reclamação de que

dispõe o consumidor e a importância de sua comprovação, eis que não existe uma

forma preestabelecida para se realizar a reclamação. Efetivamente, pode o consu-

midor apresentar sua reclamação perante o fornecedor por todos os meios possí-

veis, seja verbal, pessoalmente ou por telefone, nos SACs, por escrito, mensagem

eletrônica via internet, mediante instrumento enviado pelo cartório de títulos e

documentos, carta registrada ou simples, encaminhada pelo serviço postal ou en-

tregue diretamente pelo consumidor.

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A respeito das formas de apresentação da reclamação do consumidor perante o for-

necedor, vale destacar o entendimento firmado pela 3ª Turma do Superior Tribunal

de Justiça no julgamento do REsp. n. 1.442.597/DF, de relatoria da Ministra Nan-

cy Andrighi, julgado em 24/10/2017, pelo qual reconheceu-se que a reclamação

obstativa da decadência, prevista no art. 26, § 2º, I, do CDC pode ser feita docu-

mentalmente ou verbalmente. Nos termos desse dispositivo, é causa obstativa da

decadência, a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante

o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que

deve ser transmitida de forma inequívoca.

Sendo assim, de acordo com o Tribunal, infere-se do preceito legal que a lei

não preestabelece uma forma para a realização da reclamação, exigindo apenas

comprovação de que o fornecedor tomou ciência inequívoca quanto ao propósito

do consumidor de reclamar pelos vícios do produto ou serviço. Com efeito, a recla-

mação obstativa da decadência pode ser feita documentalmente (por meio físico ou

eletrônico) ou mesmo verbalmente (pessoalmente ou por telefone) e, consequen-

temente, a sua comprovação pode dar-se por todos os meios admitidos em direito.

Embora menos frequente, é possível que prazo decadencial seja obstado pela

instauração de inquérito civil, procedimento administrativo e investigatório utilizado

pelo Ministério Público para apurar lesão a direitos coletivos, permitindo posterior

ajuizamento de ação coletiva. Essa instauração pode ocorrer de ofício pelo próprio

MP ou por provocação de qualquer pessoa. Nesses casos, o prazo decadencial fica

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obstado automaticamente com o início do inquérito civil, perdurando o bloqueio até

o seu encerramento.

Cabe registrar que existem divergências doutrinárias sobre os efeitos do termo

“obstar”, previsto no § 2º do art. 26 do CDC, ou seja, se a nova contagem de prazo

aproveitaria o prazo já transcorrido ou se a recontagem seria de prazo integral. Em

outras palavras, caso o consumidor queira reclamar novamente a partir da resposta

do fornecedor sobre a reclamação originária, o novo prazo decadencial teria início

considerando o prazo transcorrido anteriormente ou o prazo seria retomado de ma-

neira integral? A primeira hipótese diz respeito à suspensão do prazo decadencial e

a segunda hipótese diz respeito à interrupção do prazo decadencial. Considerando

os fundamentos e linhas norteadoras do Código, a mais acertada doutrina acredi-

ta que o novo prazo deve ser exercido pelo consumidor em sua totalidade. Nesse

caso, o termo “obstar” teria o sentido de invalidar o prazo já transcorrido, o que se

assemelha ou se aproxima da hipótese de interrupção.

Por fim, mesmo carregada de obviedade, o legislador do CDC preferiu deixar

expressa a regra da contagem do prazo em relação aos vícios ocultos, definindo, no

§ 3° do art. 26, que, em se tratando de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se

no momento em que esse se tornar aparente, regra essa que guarda toda a relação

com a questão da vida útil do produto, assim como debatido no item 2.1 desta aula.

No tocante à prescrição, o CDC procurou regular apenas o prazo para o exercício

do direito de reparação de danos, fixando-o em 05 (cinco) anos a partir do conhe-

cimento do dano e de sua autoria, conferindo amplo benefício ao consumidor ao

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prever duas condições para o início da contagem do prazo, tendo em vista ser per-

feitamente possível acontecer, na vida prática, de o consumidor sofrer um dano e

não conseguir de imediato identificar o responsável pela atividade ou pelo produto.

Portanto, nos casos em que o consumidor necessite demandar a reparação pelos

danos causados em virtude da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço, a

contagem do prazo previsto no art. 27 do CDC terá início a partir do conhecimento

do dano e de sua autoria, ou seja, não basta apenas a ocorrência do dano para o

início do prazo decadencial, sendo imprescindível, em conjunto, a efetiva identifi-

cação da autoria do dano.

Vejamos a seguir como as bancas abordaram esse tema:

Questão 44    (JUIZ/TJDFT/CESPE/2016) A respeito dos institutos jurídicos da pres-

crição e da decadência, no âmbito das relações de consumo, de acordo com o CDC

e o entendimento atual e prevalente do STJ, assinale a opção correta.

a) Pelo princípio da actio nata, o termo inicial do prazo prescricional para a proposi-

tura de ação indenizatória, fundada em inscrição indevida em cadastros restritivos

de crédito, é a data em que ocorre, efetivamente, a negativação, em face do cará-

ter público das informações lançadas nos bancos de dados.

b) Para as ações de indenização por danos morais decorrentes de inscrição indevi-

da em cadastro de inadimplentes, promovida por instituição financeira, aplica-se o

prazo prescricional de cinco anos, previsto no CDC para as hipóteses de responsa-

bilidade decorrente de fato do serviço.

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c) À luz do ordenamento jurídico em vigor, é de cinco anos o prazo para que o

consumidor possa reclamar a remoção de vícios aparentes ou de fácil constatação,

decorrentes da construção civil, que não estejam ligados à solidez e à segurança

do imóvel.

d) A simples reclamação do consumidor, comprovadamente formulada apenas pe-

rante o fornecedor de produtos e serviços, não obsta a fluência do prazo decaden-

cial do direito de reclamar, quando se tratar de vício aparente ou de fácil constata-

ção, que será de trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto

não duráveis, e de noventa dias, caso se trate de serviço ou produto durável.

e) O ajuizamento de ação de indenização, fundada em erro médico ocorrido após a

entrada em vigor do CDC, deve observar o prazo de prescrição quinquenal, previsto

no CDC para os casos de fato do produto ou do serviço, iniciando-se a contagem do

prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

Letra e.

Na análise dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para os pressupos-

tos de aplicação das regras previstas no CDC acerca da prescrição, nos termos do

artigo 27 do Código.

Questão 45    (JUIZ SUBSTITUTO/TJ-PI/FCC/2015) Romeu adquiriu da agên-

cia Zulu um pacote de viagens para a Holanda, onde comemoraria sua lua de

mel. Na data programada, porém, sem prévio aviso, a viagem foi cancelada,

causando danos morais. Passados cem dias do fato, Romeu ajuizou ação de

indenização contra Zulu, que alegou prescrição. De acordo com o Código de

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a) passados noventa dias do conhecimento do dano e de sua autoria, ocorreu não

prescrição, mas decadência do direito de reclamar pelo fato do serviço.

b) a prescrição não ocorreu, pois prescreve em cinco anos a pretensão à reparação

por fato do serviço, contados do conhecimento do dano e de sua autoria.

c) passados noventa dias da realização do negócio, ocorre não prescrição, mas

decadência do direito de reclamar pelo vício do serviço.

d) a prescrição não ocorreu, só prescreve em cinco anos a pretensão à reparação

por vício do serviço, contados da realização do negócio.

e) passados noventa dias do conhecimento do dano e de sua autoria, ocorreu não

prescrição, mas decadência do direito de reclamar pelo vício do serviço.

Letra b.

Na análise dessa questão, mais uma vez o(a) candidato(a) deverá se atentar para

os pressupostos de aplicação das regras previstas no CDC acerca da prescrição, nos

termos do artigo 27 do Código.

6.1 Da Relação entre os Prazos de Garantia Legal e Garantia


Contratual

Pelo exposto até aqui, constatamos que o legislador do CDC fixou regras bem

rígidas quanto à obrigatoriedade de produtos e serviços serem inseridos no mer-

cado de serviço com padrões adequados de segurança, qualidade, durabilidade e

desempenho, nos termos dos artigos 4º, II, “d” e das regras de responsabilidade

pelo fato e por vício do produto e do serviço.

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Essa garantia prevista no CDC pode ser denominada de “garantia legal”, sendo
disciplinada, do ponto de vista operacional, no art. 26 do CDC, não podendo ser
afastada contratualmente e independentemente de qualquer documento do forne-
cedor. Didaticamente, o art. 24 do CDC dispõe que “a garantia legal de adequação
do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a exoneração contra-
tual do fornecedor”.
Ao lado da garantia legal, muitos fornecedores, objetivando principalmente au-
mentar a rede de clientes de seus produtos e serviços, oferecem a denominada
“garantia contratual”, ou seja, estabelecem que, se surgir vício em determinado
produto, contado da data de compra, será efetuado o reparo ou troca do bem sem
qualquer custo para o consumidor. A garantia contratual, ao contrário da legal,
decorre de mera liberalidade do fornecedor; entretanto, se este decidir fornecê-la,
deverá prestar todas as informações necessárias à sua aplicação, com destaque
para o prazo e a abrangência da garantia.
Normalmente, o prazo é de um ano, mas pode variar conforme a particularidade
do produto e do serviço, seu nível de competição no mercado, a questão das peças
de reposição, dentre outras, sendo mais comum a garantia contratual de um ano
fornecida pelo fabricante, chegando a cinco anos, como ocorre com algumas mon-
tadoras de veículos.

Nos termos do art. 50 do CDC, a garantia contratual é complementar à legal

e será conferida mediante termo escrito, devendo conter o objeto da garantia, ou

seja, em que consiste a garantia, sua forma, seu prazo e o lugar em que pode ser

exercitada, bem como o ônus que eventualmente fique a cargo do consumidor, de-

vendo ser entregue devidamente preenchido pelo fornecedor.

Como se trata de garantia que depende da vontade do fornecedor, é possível

estabelecer condições, ônus e limites ao consumidor, de acordo, obviamente, com

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a razoabilidade e com a especificidade de cada produto ou serviço. A garantia con-

tratual poderá ser parcial, com abrangência apenas de algumas peças do produto

ou itens específicos da prestação do serviço.

Pois bem, nesses termos, existe uma relação entre a garantia legal e contratual?

Embora ambas se refiram à qualidade do produto e serviço, há independência

entre elas, sendo que a garantia legal decorre diretamente da aplicação do artigo

26, e a garantia contratual nada mais é do que uma liberalidade do fornecedor. Essa

seria a diferença básica entre ambas. Porém, uma pode surtir efeito na outra, pois

a garantia contratual jamais poderá afetar negativamente os direitos dos consu-

midores decorrentes da garantia legal. Ao mencionar a expressão “complementar”

no art. 50 do CDC, o legislador estabeleceu que a garantia contratual, ao ser con-

cedida, deve complementar a proteção já estipulada pela garantia legal, e nunca

diminuir ou excluir tal proteção.

Nesse sentido, a jurisprudência do STJ vem se consolidando no entendimento

de que o início da contagem do prazo de decadência, a respeito do vício do produto,

dá-se após o encerramento da garantia contratual (REsp. n. 1.021.261).

A expressão “complementar” também não deve ser compreendida como a soma

de prazos de garantia legal e contratual, não sendo essa a intenção do legislador,

pois o critério mais favorável ao consumidor é a contagem do prazo decadencial

com base na vida útil do produto. Em outras palavras, para se garantir a efetiva

prevenção e reparação de danos ao consumidor, basta considerar que se o vício

oculto venha a se tornar aparente dentro do período de vida útil do produto, é as-

segurado, a partir daí, no prazo de 90 (noventa) dias (produtos duráveis), o acio-

namento da regra de saneamento do vício, prevista no § 1º do art. 18 do CDC.

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A mesma racionalidade aplicada em relação à falácia acerca da “contagem dos pra-

zos” de garantia contratual e legal deve ser utilizada na abordagem da chamada

“garantia estendida”, amplamente comercializada pelas redes de varejo, com custo

adicional ao consumidor, mostrando-se na realizada como uma espécie de segu-

ro, cujas regras e critérios de operação encontram-se previstos na Resolução do

Conselho Nacional de Seguros Privados n. 296, de 25 de outubro de 2013. Neste

seguro, pagando-se determinado valor, são estendidas no tempo as coberturas ori-

ginalmente previstas na garantia contratual.

A questão que se coloca é se existe ou não vantagem na aquisição de um seguro

com vestes de garantia contratual estendida.

Como já debatido anteriormente, sabemos que o Código de Defesa do Consu-

midor, independentemente da existência de garantia contratual, obriga os fornece-

dores (tanto o fabricante como o comerciante)a realizarem o reparo do bem, pro-

moverem a substituição do produto por outro (em perfeitas condições de uso) ou

o abatimento proporcional do preço, em razão de eventual diminuição do valor da

coisa decorrente do defeito, além de indenização por perdas e danos, regras essas

materializadas na responsabilidade por vício do produto e do serviço.


Se já existe essa obrigação que atinge também o vício oculto, em razão do cri-
tério da vida útil, a garantia legal pode tranquilamente chegar a dois, três ou cinco
anos após a data de aquisição do bem, iniciando-se o prazo de 90 dias (produtos
duráveis, art. 26, II, CDC) após tal vício oculto se tornar aparente, de fácil consta-
tação. Não seria necessário, pois, qualquer pagamento de valor adicional referente
a uma garantia contratual que já está abarcada pela garantia legal.

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De acordo com a doutrina mais acertada sobre a matéria, se já existe garantia


contratual e esta foi estipulada para vigorar a partir da data do contrato, as ga-
rantias (contratual e legal) começam a correr juntas, pois a garantia legal nasce
necessariamente com o contrato de consumo, com a entrega do produto e com sua
colocação no mercado de consumo. Ao consumidor é que cabe escolher de qual
delas fará uso. Pode o consumidor utilizar a garantia contratual porque lhe é mais
vantajosa, no sentido de não ter de arguir que o vício já existia à época do forneci-
mento. Pode o consumidor utilizar a garantia legal porque, p. ex., o vício se localiza
no motor do produto (geladeira), que não está incluído na garantia contratual.
Portanto, dependendo do prazo e do valor do denominado seguro garantia es-
tendida, não se vê qualquer vantagem em adquiri-la. Se a contagem do prazo para
reclamar de vícios de produto for realizada corretamente, o CDC já oferece prote-
ção aos interesses do consumidor.
E mais, como a garantia contratual decorre da vontade do fornecedor, ela tende
a apresentar condições menos vantajosas ao consumidor, muitas vezes limitando
a garantia a apenas algumas partes do produto. Em suma, via de regra, a garantia
contratual não oferece as mesmas opções que o CDC oferece na garantia legal,
nos termos do art. 18, notadamente a substituição do produto por outro de mesma
espécie, a devolução da quantia paga ou o abatimento proporcional do preço, além
de garantir ao consumidor a efetiva reparação dos danos causados por condutas
lesivas dos fornecedores.

7. Desconsideração da Personalidade Jurídica no CDC


No tocante aos efeitos da responsabilidade pelo fato e por vício do produto e do

serviço, o legislador do CDC estabeleceu um mecanismo para auxiliar na efetiva re-

paração de danos causados pelos fornecedores: a possibilidade de desconsideração

da personalidade jurídica.

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Mesmo considerando todos os efeitos produzidos pelo princípio da autonomia

patrimonial na doutrina do direito civil, o legislador buscou desenvolver um me-

canismo que quebrasse a lógica de que somente a pessoa jurídica, e não seus in-

tegrantes, fossem parte legítima para demandar e ser demandada em juízo; bem

como a lógica de que os bens da pessoa jurídica não se confundem com o patrimô-

nio de seus proprietários.

O ponto de partida, então, foi considerar que o princípio da autonomia patrimo-

nial não pode ser utilizado de forma indevida, dando margem à realização de frau-

des e abusos na tentativa de lesar credores e locupletar-se ilicitamente, passando

a se considerar, então, que o uso irregular ou abusivo da pessoa jurídica poderia

ensejar a desconsideração da personalidade jurídica, atingindo o patrimônio pesso-

al dos seus proprietários ou sócios.

Sendo assim, o legislador estabeleceu a regra prevista no art. 28 do CDC,

vejamos:

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando,


em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da
lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração
também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou
inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.

O legislador, ao acolher a teoria da desconsideração da personalidade jurídica,

propicia a efetiva proteção ao consumidor, com respaldo nos direitos básicos que

promovem:

• a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,

coletivos e difusos;

• o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou

reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos;

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• bem como a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão

do ônus da prova; nos termos dos incisos VI, VII e VIII do art. 6º do CDC.

Nesse sentido, a teoria da desconsideração da personalidade jurídica representa

a quebra do princípio da autonomia da pessoa jurídica, para atribuir responsabi-

lidade aos sócios por danos causados a terceiros, com vistas a coibir a prática de

abusos e fraudes cometidos por intermédio da pessoa jurídica.

Ao prever a regra da desconsideração da personalidade jurídica, o CDC buscou

conferir ao consumidor um instrumento jurídico para obter a reparação integral aos

danos materiais e morais advindos da violação de seus direitos. Trata-se de uma

atitude concreta que atende a uma necessidade social de impedir que a persona-

lidade jurídica sirva de amparo para injustiças em detrimento da parte mais fraca

da relação de consumo.

O art. 28 estabelece em quais situações deve-se desconsiderar a personalida-

de jurídica, dando ênfase para o abuso de direito, para o excesso de poder, para a

infração da lei, a violação aos estatutos ou contrato social, atingindo também os

casos de falência, insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica.

Nesse sentido, um bom exemplo para o abuso de direito seria um empresário

que transfere parte substancial de seu patrimônio para outra sociedade, agindo

exatamente para fugir dos efeitos de uma ação coletiva.

Vejamos a seguir como a banca abordou esse tema:

Questão 46    (JUIZ/TJ-RJ/VUNESP/2011) Assinale a alternativa correta.

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a) A ignorância do comerciante sobre os vícios de qualidade por inadequação dos

produtos o exime de responsabilidade.

b) A garantia contratual de adequação do serviço depende de termo expresso e

deverá ter em destaque cláusula limitativa da garantia legal.

c) O abuso de direito praticado em detrimento do consumidor é fundamento para

que o juiz desconsidere a personalidade jurídica do fornecedor.

d) Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças

de reposição pelo período de cinco anos contados da data de fabricação do produto.

Letra c.

Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá recordar que a teoria da

desconsideração da personalidade jurídica representa a oportunidade de se respon-

sabilizar os sócios por danos causados a terceiros, com vistas a coibir a prática de

abusos e fraudes cometidos por intermédio da pessoa jurídica.

O excesso de poder se caracteriza pela prática de ato para o qual o proprietário ou

administrador não está autorizado, tanto pela lei como pelo contrato social. Já a

infração da lei, para os efeitos desse artigo, seria a violação aos termos previstos

em lei ou a prática de conduta diversa à prevista no ordenamento jurídico.

Nas demais situações:

• a violação dos estatutos ou contrato social seria caracterizada pela ação do admi-

nistrador de modo contrário às disposições dos atos constitutivos da sociedade;

• a falência seria a condição do comerciante que, ilegalmente, deixa de adimplir

com suas obrigações líquidas, certas e exigíveis;

• o estado de insolvência seria a situação em que o patrimônio da pessoa jurí-

dica se revela incapaz de fazer frente aos débitos que o oneram; e

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• o encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má admi-

nistração se referiria aos atos incompetentes de gerência, não se confundindo

com a ocorrência de práticas abusivas.

É importante registrar que o Superior Tribunal de Justiça já se manifestou

a respeito desse instituto no julgamento do REsp. n. 332.763, pela relatoria da

Ministra Nancy Andrighi, vejamos:

Havendo gestão fraudulenta e pertencendo a pessoa jurídica devedora a grupo de socie-


dades sob o mesmo controle e com estrutura meramente formal, o que ocorre quando
as diversas pessoas jurídicas do grupo exercem suas atividades sob unidade gerencial,
laboral e patrimonial, é legítima a desconsideração da personalidade jurídica da deve-
dora para que os efeitos da execução alcancem as demais sociedades do grupo e os
bens do sócio majoritário. Impedir a desconsideração da personalidade jurídica nesta
hipótese implicaria prestigiar a fraude à lei ou contra credores.

A eminente relatora ainda se manifesta quanto à operacionalização dessa regra,

ou seja:

A aplicação dessa teoria dispensa a propositura de ação autônoma. Verificados os pres-


supostos de sua incidência, poderá o Juiz, incidentemente no próprio processo de exe-
cução, levantar o véu da personalidade jurídica para que o ato de expropriação atinja os
bens particulares de seus sócios, de forma a impedir a fraude à lei ou contra terceiros.

Para o doutrinador Alexandre Ferreira de Assumpção Alves, na aplicação da

teoria da desconsideração da personalidade jurídica, deve o julgador aplicar a des-

consideração sem esquecer seus pressupostos, quais sejam, a constituição regular

da pessoa jurídica, o abuso do direito ou fraude por meio de uma pessoa jurídica,

o prejuízo a terceiro em decorrência do ato praticado pela pessoa jurídica, bem

como a impossibilidade de aplicação da sanção de modo diverso, em virtude de se

constituir como uma medida extrema.

Em suma, o autor alerta para o fato de que a aplicação da teoria deve ser ex-

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cepcional, e não ordinária como muito se vê na jurisprudência acerca da matéria.

Meu(minha) caro(a), a desconsideração da personalidade jurídica ocorrerá exclusi-

vamente a critério do juiz? Deve ser aplicada de ofício ou depende de requerimento

da parte?

Pois bem, nos termos do art. 1º do CDC, suas normas são de ordem pública e

interesse social, fazendo com que o juiz, nesse caso, ao verificar qualquer das

hipóteses do art. 28, impute a responsabilidade diretamente aos sócios da em-

presa.

Em outras palavras, a “faculdade” do juiz se converte em “dever” de aplicar a

norma. A base de sustentação dessa racionalidade está calcada no fato de que

o CDC propicia a efetiva proteção ao consumidor nos termos dos artigos 6º, VI,

VII e VIII, estipulando expressamente a possibilidade de afetação do patrimônio

dos sócios.

Meu(minha) caro(a), muita atenção para o tratamento dado pelo Superior Tribu-

nal de Justiça em relação à desconsideração da personalidade jurídica no âmbito

do CDC. No julgamento do REsp. n. 279.273/SP, a Min. Nancy Andrighi analisou

a questão suscitando duas teorias que se destacam na desconsideração da pessoa

jurídica e na definição de limites para responsabilização dos sócios:

• a Teoria Maior, pela qual, além da prova da insolvência, exige-se que o in-

teressado demonstre o desvio de finalidade ou a demonstração de confusão

patrimonial realizada pelos proprietários ou sócios da pessoa jurídica; e

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• a Teoria Menor, pela qual, basta a prova de insolvência da pessoa jurídica

para o pagamento de suas obrigações, independentemente da ocorrência de

desvio de finalidade ou confusão patrimonial.

No entendimento da relatora, a teoria menor deve ser aplicada, eis que o risco

empresarial normal às atividades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro

que contratou com a pessoa jurídica, mas pelos sócios e/ou administradores desta,

ainda que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é, mesmo que não

exista nenhuma prova capaz de identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos

sócios e/ou administradores da pessoa jurídica.

A aplicação da teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica às rela-

ções de consumo está calcada na aplicação autônoma do § 5º do art. 28, do CDC,

considerando que a incidência desse dispositivo não se subordina à demonstração

dos requisitos previstos no caput do artigo 28, mas apenas à prova de causar obs-

táculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

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RESUMO

Meu(minha) caro(a), após a análise das regras de responsabilidade por vício do

produto e do serviço, da decadência e prescrição, bem como da desconsideração

da personalidade jurídica no CDC; além da verificação de algumas abordagens das

bancas a respeito desses temas, chegou a hora de fazermos um compilado de lem-

bretes para fixação da matéria que acabamos de estudar:

• Seguindo o mesmo grau de importância da regra de responsabilidade dos

fornecedores em relação aos acidentes de consumo, também podemos dizer

que o Código de Defesa do Consumidor é um divisor de águas em relação à

responsabilização dos agentes que provocam lesões à incolumidade econômi-

ca dos consumidores.

• Ao lado da exigência de que os produtos e serviços oferecidos no mercado

devem ser seguros, o CDC também se preocupa com a adequada funcionali-

dade dos bens e serviços.

• Podemos entender como vício aquela inadequação do produto que por si só

não causa um acidente de consumo, mesmo que se trate de um item de

segurança, mesmo que traga potencial de ofender a integridade física do

consumidor e seu patrimônio, sendo a questão tratada à luz dos artigos 18 e

seguintes do CDC.

• Independentemente da garantia oferecida pelo fornecedor do ciclo produtivo,

mais conhecida como “garantia de fábrica”, o CDC determina que os produtos e

serviços inseridos no mercado de consumo brasileiro devam ser adequados aos

fins a que se destinam, devem atender à legítima expectativa do consumidor.

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• A responsabilidade por vício deve se pautar em três vetores de análise: a im-

propriedade ou a inadequação de produtos e serviços, a diminuição de valor

de produtos e serviços, bem como a disparidade de informações constantes

do recipiente, rótulo ou fôlder.

• Um aspecto de extrema relevância no estudo da responsabilidade por vício

é a aplicação direta da regra geral de responsabilidade objetiva e solidária

prevista no CDC. Isso quer dizer que tanto o fabricante quanto o comerciante

ou qualquer outro integrante do ciclo de produção do bem estão igualmente

obrigados perante o consumidor a efetuar os reparos nos produtos, proceder

à devolução do dinheiro, substituir o produto ou efetuar o respectivo abati-

mento proporcional do preço.

• A responsabilidade solidária se mostra como um relevante instrumento de de-

fesa dos interesses do consumidor; pois, em diversas situações, a satisfação

do direito do consumidor só é possível em virtude da existência de uma regra

que garanta a pluralidade de responsáveis, principalmente, p. ex., quando um

comerciante encerra suas atividades e desaparece da noite para o dia sem

deixar qualquer patrimônio para responder pelas suas dívidas.

• Na regra de responsabilidade PELO FATO do produto e do serviço, a respon-

sabilidade é identificada em várias situações (fabricante, construtor, produtor,

importador, comerciante), nos termos dos artigos 12 a 14 do CDC, enquanto

que na regra de responsabilidade POR VÍCIO do produto e do serviço a res-

ponsabilidade é solidária, envolvendo, de uma só vez, todos da cadeia de

fornecimento, conforme artigos 18 a 20 do CDC.

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• O legislador previu uma ordem de preferência na responsabilização do for-

necedor de produtos in natura (aqueles que não sofrem nenhum proces-

so industrial), estabelecendo que primeiramente será responsável perante o

consumidor o produtor, quando este puder ser claramente identificado. Não

sendo possível, a responsabilidade pela reparação recairá sobre o fornecedor

imediato (comerciante, p. ex.), nos termos do § 5º do art. 18 do CDC.

• O legislador do CDC preocupou-se em definir praticamente três espécies de

vícios:

− (i) o vício que torne o produto impróprio ao consumo;

− (ii) o vício que diminua o valor do produto; e

− (iii) o vício decorrente da disparidade das características dos produtos com

aquelas veiculadas na oferta e publicidade.

• Sobre o vício de qualidade do produto, utilizamos como vetores de análise

a impropriedade ou a inadequação de produtos e serviços, a diminuição de

valor de produtos e serviços, bem como a disparidade de informações cons-

tantes do recipiente ou rótulo.

• O que são produtos ou serviços duráveis e não duráveis? Produtos ou ser-

viços duráveis são aqueles que apresentam uma vida útil não efêmera,

embora não muito prolongada (ex.: imóveis, automóveis, computadores,

móveis, serviços de assistência técnica, de oficinas mecânicas, de reforma

em habitações etc.). Produtos ou serviços não duráveis são aqueles que se

exaurem ao primeiro uso ou em pouco tempo após a aquisição ou início de

utilização (ex.: alimentos, medicamentos, cosméticos, serviços de trans-

porte, de lazer etc.).

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• Para os efeitos do CDC, vício aparente pode ser compreendido como aquela

inadequação de fácil constatação, que se mostra plenamente perceptível ao

consumidor, a exemplo dos riscos ou amassados existentes em produtos en-

tregues em domicílio numa compra on-line, da televisão que não funciona no

momento do teste realizado na loja, ou seja, aquelas desconformidades que

se mostram visíveis de pronto ao consumidor, que são de fácil constatação.

• Os vícios ocultos, como a própria nomenclatura indica, são aquelas descon-

formidades que no momento da compra não se mostram visíveis ao consu-

midor, não se mostram de fácil constatação, aqueles defeitos que demoram a

aparecer, a exemplo dos aparelhos de televisão que apresentam defeito após

seis meses de uso. Nesses casos, a obrigação de reparar por parte fornecedor

aparece a partir da constatação do vício.

• O fornecedor fica obrigado a reparar os danos causados por vícios ocultos que

se tornem aparentes ou de fácil constatação dentro do período de vida útil do

produto. A adoção desse critério confere coerência ao ordenamento jurídico,

reiterando as garantias constitucionais de defesa dos direitos dos consumido-

res, considerando sua vulnerabilidade no mercado de consumo e revelando

a importância do caso concreto em que o fator tempo é apenas um dos ele-

mentos a ser apreciado.

• Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor

exigir, alternativamente e à sua escolha:

− i – a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas

condições de uso;

− II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada,

sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

− III – o abatimento proporcional do preço.

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• No tocante ao vício do serviço, o legislador não menciona qualquer prazo es-


pecífico para uma tentativa de saneamento, deixando diretamente claras três
opções ao consumidor:
− a reexecução do serviço;
− a restituição da quantia paga; ou
− o abatimento proporcional do preço.
• Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apre-
sentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre
escolha:
− exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresen-
tação ou publicidade;
− aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; ou
− rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente
antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
• Seguindo a lógica aplicada pelo CDC na regra de responsabilidade por vício de
qualidade do produto, o legislador deixou expressa a possibilidade do consu-
midor utilizar-se de maneira imediata da tríplice opção prevista no § 1º do art.
18, sempre que em razão da extensão do vício, a substituição das partes vicia-
das puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-
-lhe o valor ou se tratar de produto essencial, nos termos do § 3º do art. 18.
• Em relação à essencialidade dos produtos, a doutrina consumerista trata o
bem essencial como aquele que possui importância para as atividades coti-
dianas do consumidor ou que foi comprado para um evento específico que
ocorrerá em breve, a exemplo da consumidora que adquire um sapato para
o seu casamento e que não pode aguardar o reparo no prazo de 30 (trinta)
dias. Em outras palavras, a análise acerca da essencialidade do produto deve
ser casuística, pautando-se na necessidade concreta de cada consumidor.

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• O legislador do CDC inseriu um mecanismo no § 4º do art. 18 para regular as


situações em que a substituição do produto não puder ser realizada, possibi-
litando ao consumidor a substituição por outro de espécie, marca ou modelo
diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de
preço, sem prejuízo do uso imediato das outras duas opções existentes, nos
termos dos incisos II e III do § 1° do mesmo artigo.
• Seguindo a mesma linha de racionalidade das questões que envolvem o vício
de qualidade do produto, o art. 19 do CDC estabelece que os fornecedores
respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre que,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido
for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem
ou de mensagem publicitária.
• Na racionalidade do vício por quantidade, o vetor de análise será a incompati-
bilidade do conteúdo líquido realmente existente e o conteúdo líquido indica-
do na embalagem, rotulagem ou oferta. Nesses casos, poderá o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:
− o abatimento proporcional do preço;
− a complementação do peso ou medida;
− a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo,
sem os aludidos vícios;
− bem como a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atuali-
zada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.
• Seguindo a regra que envolve a comercialização de produtos, percebe-se que
na prestação de serviços utilizamos como vetores de análise da ocorrência de
vício a impropriedade dos serviços e a diminuição de valor, bem como a dis-
paridade de informações constantes da oferta ou mensagem publicitária, nos

termos do caput do art. 20 do CDC.

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• Na responsabilidade por vício do serviço, o consumidor terá à sua disposição

mais uma tríplice opção, podendo exigir, alternativamente e à sua escolha:

− (i) a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível, po-

dendo ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco

do fornecedor (§ 1º do art. 20);

− (ii) a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada,

sem prejuízo de eventuais perdas e danos; e

− (iii) o abatimento proporcional do preço.

• Seguindo a racionalidade acerca da regra de responsabilidade por vício do

serviço, o legislador do CDC dedicou especial atenção aos serviços públicos

submetidos à proteção do CDC, trazendo para a esfera de responsabilização

os órgãos públicos (por si ou suas empresas), bem como as concessionárias,

permissionárias ou qualquer outra forma de empreendimento.

• Para analisarmos a questão dos serviços públicos na esfera do direito do

consumidor, o art. 22 do CDC nos direciona para a utilização dos vetores de

adequação, eficiência, segurança e continuidade (serviços essenciais).

• A análise sobre as espécies de remuneração do serviço público seguem os

vetores da remuneração específica do serviço (podendo ser direta ou indire-

ta, todavia, exigindo-se que seja uma atividade desenvolvida no mercado de

consumo) e a noção de mercado de consumo (compreendendo-se pela abran-

gência do mercado de consumo, ou seja, quais atividades econômicas são pró-

prias do ciclo de produção e circulação de produtos ou fornecimento de servi-

ços). Em suma, estão sujeitos ao CDC os serviços públicos cuja remuneração,

independentemente da sua natureza, seja feita diretamente pelo consumidor.

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• Para que esses vetores de análise se confirmem, deve-se estabelecer uma

correspondência entre o valor pago e o serviço prestado, ou seja, deve haver

uma correlação entre o que se paga e o que se recebe ou deveria receber,

uma relação econômica de troca, além do serviço ser divisível e mensurável

individualmente.

• O debate acerca da possibilidade ou não de corte no fornecimento de serviços

essenciais deve ser realizado à luz do diálogo das fontes normativas; pois, a

partir do enfoque constitucional, prestigiam-se ambas as fontes normativas,

sem qualquer exclusão prévia. Nesse sentido, considerando o projeto consti-

tucional de proteção à dignidade da pessoa humana, confere-se, em concreto,

relevância à continuidade do serviço (Lei n. 8.078/1990) ou à possibilidade do

corte em atenção ao interesse da manutenção do serviço à coletividade (Lei

n. 8.987/1995), quando não houver ofensa, direta ou indireta, à dignidade da

pessoa humana.

• A regra do artigo 23 assegura a não ocorrência de prejuízos ao consumidor

nos casos em que o fornecedor alegar ignorância acerca dos vícios de quali-

dade por inadequação dos produtos e serviços, hipóteses que não o eximem

de responsabilidade na reparação de eventuais danos.

• O direito de reclamar pelos prejuízos sofridos, na inteligência do artigo 26 do

Código, pode ser exercido no prazo de 30 dias em relação aos vícios aparen-

tes verificados em produtos não duráveis e no prazo de 90 dias em relação

aos produtos duráveis.

• Com base no critério da vida útil dos produtos e dos serviços, que alarga

substancialmente os prazos para reclamar de produtos com vício oculto, o

legislador do CDC inseriu mais uma vantagem na defesa dos consumidores,

qual seja, a possibilidade de se obstar o prazo decadencial.

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• No tocante à prescrição, o CDC procurou regular apenas o prazo para o exer-

cício do direito de reparação de danos, fixando-o em 05 (cinco) anos a partir

do conhecimento do dano e de sua autoria, conferindo amplo benefício ao

consumidor ao prever duas condições para o início da contagem do prazo,

tendo em vista ser perfeitamente possível acontecer, na vida prática, de o

consumidor sofrer um dano e não conseguir de imediato identificar o respon-

sável pela atividade ou pelo produto.

• Ao lado da garantia legal, muitos fornecedores, objetivando principalmente

aumentar a rede de clientes de seus produtos e serviços, oferecem a deno-

minada “garantia contratual”, ou seja, estabelecem que, se surgir vício em

determinado produto, contado da data de compra, será efetuado o reparo ou

troca do bem sem qualquer custo para o consumidor. A garantia contratual,

ao contrário da legal, decorre de mera liberalidade do fornecedor; entretanto,

se este decidir fornecê-la, deverá prestar todas as informações necessárias à

sua aplicação, com destaque para o prazo e a abrangência da garantia.

• Embora ambas se refiram à qualidade do produto e serviço, há independência

entre elas, sendo que a garantia legal decorre diretamente da aplicação do

artigo 26 e a garantia contratual nada mais é do que uma liberalidade do for-

necedor. Essa seria a diferença básica entre ambas. Porém, uma pode surtir

efeito na outra, pois a garantia contratual jamais poderá afetar negativamen-

te os direitos dos consumidores decorrentes da garantia legal.

• A expressão “complementar” também não deve ser compreendida como a

soma de prazos de garantia legal e contratual, não sendo essa a intenção do

legislador, pois o critério mais favorável ao consumidor é a contagem do prazo

decadencial com base na vida útil do produto.

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• Acerca da possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica, mes-

mo considerando todos os efeitos produzidos pelo princípio da autonomia

patrimonial na doutrina do direito civil, o legislador buscou desenvolver um

mecanismo que quebrasse a lógica de que somente a pessoa jurídica, e não

seus integrantes, fossem a parte legítima para demandar e ser demandada

em juízo; bem como a lógica de que os bens da pessoa jurídica não se con-

fundem com o patrimônio de seus proprietários.

• O legislador, ao acolher a teoria da desconsideração da personalidade jurídi-

ca, propicia a efetiva proteção ao consumidor, com respaldo nos direitos bá-

sicos que promovem a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais

e morais, individuais, coletivos e difusos; o acesso aos órgãos judiciários e

administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais

e morais, individuais, coletivos ou difusos; bem como a facilitação da defesa

de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova

• A teoria da desconsideração da personalidade jurídica representa a quebra do

princípio da autonomia da pessoa jurídica, para atribuir responsabilidade aos

sócios por danos causados a terceiros, com vistas a coibir a prática de abusos

e fraudes cometidos por intermédio da pessoa jurídica.

• O art. 28 estabelece em quais situações deve-se desconsiderar a personali-

dade jurídica, dando ênfase para o abuso de direito, para o excesso de poder,

para a infração da lei, a violação aos estatutos ou contrato social, atingindo,

também, os casos de falência, insolvência, encerramento ou inatividade da

pessoa jurídica.

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• Havendo gestão fraudulenta e pertencendo a pessoa jurídica devedora a gru-

po de sociedades sob o mesmo controle e com estrutura meramente formal,

o que ocorre quando as diversas pessoas jurídicas do grupo exercem suas

atividades sob unidade gerencial, laboral e patrimonial, é legítima a desconsi-

deração da personalidade jurídica da devedora para que os efeitos da execu-

ção alcancem as demais sociedades do grupo e os bens do sócio majoritário.

• Na aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, deve o

julgador aplicar a desconsideração sem esquecer seus pressupostos, quais

sejam:

− a constituição regular da pessoa jurídica;

− o abuso do direito ou fraude por meio de uma pessoa jurídica;

− o prejuízo a terceiro em decorrência do ato praticado pela pessoa jurídica;

− bem como a impossibilidade de aplicação da sanção de modo diverso, em

virtude de se constituir como uma medida extrema.

• No julgamento do REsp. n. 279.273/SP, a Min. Nancy Andrighi analisou a

questão suscitando duas teorias que se destacam na desconsideração da pes-

soa jurídica e na definição de limites para responsabilização dos sócios:

− a Teoria Maior, pela qual, além da prova da insolvência, exige-se que o inte-

ressado demonstre o desvio de finalidade ou a demonstração de confusão

patrimonial realizada pelos proprietários ou sócios da pessoa jurídica; e

− a Teoria Menor, pela qual, basta a prova de insolvência da pessoa jurídica

para o pagamento de suas obrigações, independentemente da ocorrência

de desvio de finalidade ou confusão patrimonial.

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• A teoria menor deve ser aplicada, eis que o risco empresarial normal às ati-

vidades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que contratou com

a pessoa jurídica, mas pelos sócios e/ou administradores desta, ainda que

estes demonstrem conduta administrativa proba.

• A aplicação da teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica às

relações de consumo está calcada na aplicação autônoma do § 5º do art. 28,

do CDC, considerando que a incidência desse dispositivo não se subordina à

demonstração dos requisitos previstos no caput do artigo 28, mas apenas à

prova de causar obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos con-

sumidores.

Pois bem, fixados esses pontos, seguidos de uma leitura detida dos comentários

dos itens anteriores, passamos agora para o nosso bloco de exercícios. Boa sorte!!!

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QUESTÕES COMENTADAS EM AULA


Questão 1    (PROMOTOR DE JUSTIÇA-VESPERTINA/MPE-SC/2014) De acordo

com o Código de Defesa do Consumidor, as imperfeições dos produtos dividem-se

em duas categorias: defeitos e vícios. Os primeiros possuem natureza mais grave,

pois são capazes de causar danos à saúde ou à segurança do consumidor, enquanto

os segundos têm como consequência apenas a inservibilidade ou a diminuição do

valor do produto.

Questão 2    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – X – 1ª FASE/OAB/FGV/2013) Eli-

sabeth e Marcos, desejando passar a lua de mel em Paris, adquiriram junto à Ope-

radora de Viagens e Turismo “X” um pacote de viagem, composto de passagens

aéreas de ida e volta, hospedagem por sete noites, e seguro saúde e acidentes

pessoais, este último prestado pela seguradora “Y”. Após chegar à cidade, Elisabeth

sofreu os efeitos de uma gastrite severa e Marcos entrou em contato com a ope-

radora de viagens a fim de que o seguro fosse acionado, sendo informado que não

havia médico credenciado naquela localidade. O casal procurou um hospital, que

manteve Elisabeth internada por 24 horas, e retornou ao Brasil no terceiro dia de

estada em Paris, tudo às suas expensas.

Partindo da hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.

a) O casal poderá acionar judicialmente a operadora de turismo, mesmo que a

falha do serviço tenha sido da seguradora, em razão da responsabilidade solidária

aplicável ao caso.

b) O casal somente poderá acionar judicialmente a seguradora Y, já que a operado-

ra de turismo responderia por falhas na organização da viagem, e não pelo seguro

porque esse foi realizado por outra empresa.

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c) O casal terá que acionar judicialmente a operadora de turismo e a seguradora

simultaneamente por se tratar da hipótese de litisconsórcio necessário e unitário,

sob pena de insurgir em carência da ação.

d) O casal não poderá acionar judicialmente a operadora de turismo já que havia

liberdade de contratar o seguro saúde viagem com outra seguradora e, portanto,

não se tratando de venda casada, não há responsabilidade solidária na hipótese.

Questão 3    (DIREITO NA ÁREA DA SAÚDE PÚBLICA/HOSPITAL DAS CLÍNICAS

DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO/CFMUSP/VU-

NESP/2015) De conformidade com as regras do Código de Defesa do Consumidor, é

correto afirmar que

a) Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do pro-

duto apresentado. Assim sendo, o consumidor prejudicado poderá exigir, alternati-

vamente e à sua escolha, a complementação do peso ou medida ou ainda o abati-

mento proporcional do preço.

b) a reexecução dos serviços poderá ser exigida pelo consumidor, porém acarreta-

rá custo adicional quando cabível.

c) no fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer

produto, não estará implícita a obrigação de empregar componentes de reposição

originais e novos.

d) a ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos

produtos e serviços o eximirá de responsabilidade.

e) aquele que efetivar o pagamento ao consumidor prejudicado não poderá exer-

cer o direito do regresso dos demais responsáveis, segundo sua participação na

causação do evento danoso.

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Questão 4    (PROCURADOR DO MUNICÍPIO/PREFEITURA DE ROSANA-SP/VU-


NESP/2016) Um consumidor adquiriu um pacote de macarrão da marca “Adriana”,
no supermercado “Rumba”. Quando chegou em casa, abriu o pacote do alimento e
percebeu que estava repleto de carunchos, sendo impossível consumir tal produto.
Diante dessa situação hipotética, é correto afirmar que o caso revela um
a) defeito no produto, pelo qual o consumidor terá prazo de cinco anos para recla-
mar perante o supermercado e o fabricante do produto, respondendo o supermer-
cado subsidiariamente pelos fatos.
b) vício de qualidade e, portanto, o consumidor poderá reclamar em até 90 dias
apenas contra o fabricante do produto.
c) vício de quantidade e, assim, o consumidor poderá reclamar tanto para o super-
mercado como para o fabricante num prazo de 30 dias, tendo ambos responsabili-
dade solidária.
d) defeito no produto, a respeito do qual o consumidor terá prazo de 30 dias para
reclamar perante o supermercado e o fabricante, que responderão solidariamente
pelos fatos.
e) vício de qualidade, sobre o qual o supermercado e o fabricante respondem soli-
dariamente, tendo o consumidor até 30 dias para fazer a reclamação.

Questão 5    (JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/TJDFT/CESPE/2014) João adquiriu,


na Casa dos Eletroeletrônicos Ltda., um aparelho de televisão fabricado por Televi-
sores S.A. Passados quarenta dias da aquisição, o produto não mais ligava, tendo
João, então, contatado a assistência técnica e enviado o produto para reparo. Sem
obter resposta acerca do conserto no prazo de trinta dias, João ajuizou ação con-
denatória contra o fabricante e o comerciante do aparelho de televisão. Em contra-
dita, o comerciante argumentou que, para esse caso, não há, no CDC, previsão de
sua responsabilidade.

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Com base nessa situação hipotética, assinale a opção correta.


a) No caso, a responsabilidade do comerciante é subsidiária.
b) O comerciante e o fornecedor são solidariamente responsáveis, pois se trata de
“vício do produto”.
c) A responsabilidade do comerciante terá de ser apurada mediante a verificação
de culpa.
d) O comerciante não será responsabilizado se provar não ter colocado o produto
no mercado ou, ainda que o tenha colocado, a inexistência do defeito, além da cul-
pa exclusiva da vítima ou de terceiro.
e) A hipótese é de “fato do produto” e, de acordo com o CDC, o comerciante, em
regra, não pode ser responsabilizado pelo ocorrido.

Questão 6    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XI – 1ª FASE/OAB/FGV/2013) O


Mercado A comercializa o produto desinfetante W, fabricado por “W. Industrial”. O
proprietário do Mercado B, que adquiriu tal produto para uso na higienização das
partes comuns das suas instalações, verifica que o volume contido no frasco está
em desacordo com as informações do rótulo do produto. Em razão disso, o Mercado
B propõe ação judicial em face do Mercado A, invocando a Lei n. 8.078/1990 (CDC),
arguindo vícios decorrentes de tal disparidade. O Mercado A, em defesa, apontou
que se tratava de responsabilidade do fabricante e requereu a extinção do processo.
A respeito do caso sugerido, assinale a alternativa correta.
a) O processo merece ser extinto por ilegitimidade passiva.
b) O caso versa sobre fato do produto, logo a responsabilidade do réu é subsidiária.
c) O processo deve ser extinto, pois o autor não se enquadra na condição de con-
sumidor.
d) Trata-se de vício do produto, logo o réu e o fabricante são solidariamente res-
ponsáveis.

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Questão 7    (PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE-RR/CESPE/2017) Antô-


nio adquiriu um televisor em um estabelecimento comercial e entrou em contato com
a assistência técnica para instalação. Contudo, o técnico, ao concluir de modo correto
o procedimento de instalação do aparelho, constatou que este não emitia som.
Nessa situação hipotética, a responsabilidade civil prevista no CDC está fundada no
a) vício do serviço.
b) fato do produto.
c) fato do serviço.
d) vício do produto.

Questão 8    (PROMOTOR/MPE-PR/2014) Analise as assertivas a seguir e responda:


I – Não se considera impróprio ao consumo o produto, cujo prazo de validade
estiver vencido, se não vier a acarretar danos à saúde do consumidor;
II – O fabricante, o produtor, o construtor, o profissional liberal e o importador
respondem pessoal e independentemente da existência de culpa, pela re-
paração dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de
projetos, serviços, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipula-
ção, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e risco;
III – A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos
produtos e serviços o exime de responsabilidade.

a) Apenas as assertivas I e II são corretas;


b) Apenas as assertivas I e III são corretas;
c) Apenas as assertivas II e III são corretas;
d) Todas as assertivas são corretas;

e) Nenhuma assertiva é correta.

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Questão 9    (AGENTE FISCAL/PREFEITURA DE OSASCO-SP/FGV/2014) Se uma

geladeira adquirida recentemente apresentar um problema que impeça seu funcio-

namento, temos uma hipótese de:

a) cláusula abusiva;

b) vício do produto;

c) prática abusiva;

d) fato do produto;

e) fato do serviço.

Questão 10    (PROCURADOR DA REPÚBLICA/PGR/2013) Com relação aos produ-

tos colocados à disposição dos consumidores no mercado, o Código de Proteção e

Defesa do Consumidor, CDC – Lei n. 8.078/1990, prevê que:

a) O pacote de arroz que anuncia em seu rótulo conter o conteúdo líquido de um

quilo, ensacado pela empresa XYZ, mas que contenha apenas 800 gramas tem um

vício de produto e o prazo para reclamar contra qualquer dos fornecedores que in-

tegram a cadeia de fornecimento solidariamente caduca em 30 dias;

b) O pacote de arroz que anuncia em seu rótulo conter o conteúdo líquido de um

quilo, ensacado pela empresa XYZ, que contenha excesso de pesticida nocivo à

saúde humana tem um defeito de segurança, fato do produto, e o prazo para que

seja efetuada a reclamação solidária contra o fabricante ou o comerciante é deca-

dencial de 120 dias, a partir da data da compra;

c) O arroz vendido a granel, pesado em frente ao consumidor, que contenha soda

cáustica nociva à saúde humana tem um defeito de segurança, fato do produto, e

o prazo para o consumidor que passou mal ao ingerir o cereal efetuar reclamação

contra o comerciante ou o produtor é prescricional de 2 anos;

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d) O consumidor que sofrer dano irreparável ao consumir arroz ensacado pela em-

presa XYZ tem prazo decadencial de 2 anos para propor ação contra o fabricante. A

responsabilidade por fato do produto que colocou em risco a saúde e a segurança

do consumidor da empresa XYZ é objetiva não havendo excludentes de responsa-

bilidade.

Questão 11    (JUIZ/TJ-BA/CESPE/2012) A respeito das relações de consumo, as-

sinale a opção correta.

a) A concessão do prazo de 30 dias para sanar o vício do produto é um direito as-

segurado ao fornecedor e que obriga o consumidor.

b) A responsabilidade de uma fábrica pelos ferimentos sofridos por um empregado

em decorrência da explosão de um produto nas suas dependências será dirimida

pelas regras aplicáveis ao fornecedor de produtos.

c) Para que determinada relação seja considerada de consumo, não é necessária a

habitualidade quanto ao fornecedor do produto.

d) Conforme entendimento do STJ, as entidades beneficentes não se enquadram

no conceito de fornecimento, porquanto lhes falta a finalidade lucrativa.

e) Por disposição legal, a responsabilidade do comerciante pelo fato do produto é

solidária com a do fabricante.

Questão 12    (EXAME DE ORDEM – 1ª FASE/OAB/CESPE/2009) Acerca da respon-

sabilidade no Código de Defesa do Consumidor, assinale a opção correta.

a) É permitida a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou

atenue a obrigação de indenizar.

b) Caso o vício do produto ou do serviço não seja sanado no prazo legal, pode o

consumidor exigir o abatimento proporcional do preço.

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c) No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o

consumidor o fornecedor imediato, mesmo se identificado claramente o produtor.

d) A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos

produtos e serviços o exime de responsabilidade.

Questão 13    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – V – 1ª FASE/OAB/FGV/2011) Ao

instalar um novo aparelho de televisão no quarto de seu filho, o consumidor verifica

que a tecla de volume do controle remoto não está funcionando bem. Em contato

com a loja onde adquiriu o produto, é encaminhado à autorizada.

O que esse consumidor pode exigir com base na lei, nesse momento, do comer-

ciante?

a) A imediata substituição do produto por outro novo.

b) O dinheiro de volta.

c) O conserto do produto no prazo máximo de 30 dias.

d) Um produto idêntico emprestado enquanto durar o conserto.

Questão 14    (ADVOGADO/COMPANHIA DE SERVIÇO DE ÁGUA, ESGOTO E RE-

SÍDUOS DE GUARATINGUETÁ-SAEG/VUNESP/2015) Um consumidor adquire na

loja Y um videogame, da marca X, para dar de presente ao seu filho. Ao instalar

o produto em sua casa, percebe que um dos controles de acesso ao jogo não está

funcionando, mas que o restante está em perfeito estado. O que pode esse consu-

midor exigir?

a) Só poderá exigir do fabricante a imediata troca do produto.

b) Poderá reclamar na loja ou com o fabricante do produto, que terão 30 dias para

sanar o vício apresentado.

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c) Só poderá reclamar com a loja, requerendo a imediata devolução do dinheiro

empregado na compra do bem.

d) Poderá reclamar apenas com o fabricante que tem como única alternativa con-

ceder o abatimento no preço do produto.

e) Poderá reclamar na loja, em 7 dias após a compra do produto, sendo que, pas-

sado esse prazo, só poderá reclamar com o fabricante que terá 30 dias para sanar

o vício.

Questão 15    (TÉCNICO ADMINISTRATIVO/AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO,

GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS-ANP/CESGRANRIO/2016) Sr. Z adquiriu um

automóvel de luxo da empresa LR, tendo o bem-vindo com defeito no sistema de

freios. Constatou-se que o vício veio da fábrica e não poderia ser consertado, dian-

te da sofisticação do sistema de computadores utilizado no automóvel.

De acordo com as regras do Código de Defesa do Consumidor, Sr. Z deverá receber

a) valor em dobro do anteriormente pago.

b) bem superior em qualidade ao adquirido.

c) bem inferior com quitação total do preço.

d) bem equivalente em condições de uso.

e) bem e a devolução do preço pago.

Questão 16    (PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE-AM/FMP CONCUR-

SOS/2015) Consideram-se produtos essenciais os indispensáveis para satisfazer as

necessidades imediatas do consumidor. Logo, na hipótese de falta de qualidade ou

quantidade, não sendo o vício sanado pelo fornecedor, assinale a alternativa correta.

a) O consumidor tem apenas o direito de exigir a substituição do produto por outro

de mesma espécie, em perfeitas condições de uso.

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b) Abre-se, para o consumidor, o direito de, alternativamente, solicitar, dentro do

prazo de 7 (sete) dias, a substituição do produto durável ou não durável por outro

de mesma espécie, em perfeitas condições de uso, ou a restituição imediata da

quantia paga, sem prejuízo de eventuais perdas e danos, ou, ainda, o abatimento

proporcional do preço.

c) É direito do consumidor exigir apenas a substituição do produto durável por

outro de mesma espécie, em perfeitas condições de uso, ou, sendo não durável, a

restituição imediata da quantia paga, sem prejuízo de eventuais perdas e danos,

ou, ainda, o abatimento proporcional do preço.

d) É direito do consumidor exigir a substituição do produto por outro de mesma

espécie, em perfeitas condições de uso, ou, a seu critério exclusivo, a restituição

imediata da quantia paga, sem prejuízo de eventuais perdas e danos, ou, ainda, o

abatimento proporcional do preço.

e) É direito do consumidor exigir a substituição do produto durável ou não durável,

dentro do prazo de 90 (noventa) dias, por outro de mesma espécie, em perfeitas

condições de uso, ou, a seu critério exclusivo, a restituição imediata da quantia

paga, sem prejuízo de eventuais perdas e danos, ou, ainda, o abatimento propor-

cional do preço.

Questão 17    (JUIZ/TJ-AP/FCC/2014) Nas relações de consumo, entende-se por

saneamento dos vícios,

a) a substituição das partes viciadas, que pode ser executada a qualquer tempo

pelo fornecedor.

b) a substituição das partes viciadas de um produto, que deve ser executada pelo

fornecedor, desde que sua execução não comprometa a qualidade do produto ou

possa diminuir-lhe o valor, no prazo de 30 dias.

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c) a substituição das partes viciadas que deve ser executada pelo fornecedor, in-

condicionalmente, no prazo de 30 dias.

d) o direito de o consumidor exigir a substituição do produto, a restituição da

quantia paga ou o abatimento do preço no prazo de 30 dias.

e) o direito de o consumidor exigir, a qualquer tempo, a substituição do produto, a

restituição da quantia paga ou o abatimento do preço.

Questão 18    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XVIII – 1ª FASE/OAB/FGV/2015)

Dulce, cinquenta e oito anos de idade, fumante há três décadas, foi diagnosticada

como portadora de enfisema pulmonar. Trata-se de uma doença pulmonar obstruti-

va crônica caracterizada pela dilatação excessiva dos alvéolos pulmonares, que cau-

sa a perda da capacidade respiratória e uma consequente oxigenação insuficiente.

Em razão do avançado estágio da doença, foi prescrito como essencial o tratamento

de suplementação de oxigênio. Para tanto, Joana, filha de Dulce, adquiriu para sua

mãe um aparelho respiratório na loja Saúde e Bem-Estar. Porém, com uma semana

de uso, o produto parou de funcionar. Joana procurou imediatamente a loja para

substituição do aparelho, oportunidade na qual foi informada pela gerente que de-

veria aguardar o prazo legal de trinta dias para conserto do produto pelo fabricante.

Com base no caso narrado, em relação ao Código de Proteção e Defesa do Consu-

midor, assinale a afirmativa correta.

a) Está correta a orientação da vendedora. Joana deverá aguardar o prazo legal

de trinta dias para conserto e, caso não seja sanado o vício, exigir a substituição

do produto, a devolução do dinheiro corrigido monetariamente ou o abatimento

proporcional do preço.

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b) Joana não é consumidora destinatária final do produto, logo tem apenas direito

ao conserto do produto durável no prazo de noventa dias, mas não à devolução da

quantia paga.

c) Joana não precisa aguardar o prazo legal de trinta dias para conserto, pois tem

direito de exigir a substituição imediata do produto, em razão de sua essencialidade.

d) Na impossibilidade de substituição do produto por outro da mesma espécie,

Joana poderá optar por um modelo diverso, sem direito à restituição de eventual

diferença de preço, e, se este for de valor maior, não será devida por Joana qual-

quer complementação.

Questão 19    (PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE-MS/FAPEC/2015) De

acordo com o art. 19 da Lei n. 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor), os

fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto

sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conte-

údo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem,

rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternati-

vamente e à sua escolha:

I – o abatimento proporcional do preço.

II – complementação do peso ou medida.

III – a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo,

sem os aludidos vícios.

IV – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem

prejuízo de eventuais perdas e danos.

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A esse respeito, pode-se concluir que:

a) Apenas as assertivas I e IV estão corretas.

b) Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas.

c) Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas.

d) Apenas a assertiva IV está incorreta.

e) Todas as assertivas estão corretas.

Questão 20    (JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO/TRT-21ª REGIÃO-RN/2015) Ob-

servando o disposto no Código de Defesa do Consumidor, é incorreto afirmar:

a) Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante re-

muneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,

salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

b) É direito básico do consumidor a modificação das cláusulas contratuais que es-

tabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos superve-

nientes que as tornem excessivamente onerosas.

c) Em relação ao consumidor, os fornecedores respondem subsidiariamente pelos

vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes

de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior ao indicado no recipiente, na em-

balagem, rotulagem ou mensagem publicitária.

d) A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos

produtos e serviços não o exime de responsabilidade.

e) Considera-se contrato de adesão aquele que contém cláusulas estabelecidas

unilateralmente pelo fornecedor, sem que o consumidor possa discutir ou modificar

substancialmente seu conteúdo.

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Questão 21    (JUIZ SUBSTITUTO/TJ-PE/FCC/2015) Se o conteúdo líquido de deter-


minado produto comercializado for inferior às indicações constantes do recipiente,
da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, o consumidor poderá exigir
a) cumulativamente, o abatimento proporcional do preço, a complementação do
peso ou medida, a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou
modelo, sem o aludido vício, ou ainda a restituição imediata da quantia paga, atu-
alizada monetariamente, sem prejuízo de eventual indenização por perdas e danos
b) alternativamente e à sua escolha, o abatimento proporcional do preço, a com-
plementação do peso ou medida, a substituição do produto por outro da mesma
espécie, marca ou modelo, sem o aludido vício, ou ainda a restituição imediata da
quantia paga, atualizada monetariamente, com prejuízo de eventual indenização
por perdas e danos.
c) alternativamente e à sua escolha, somente o abatimento proporcional do preço,
a restituição da quantia paga, monetariamente atualizada, ou ainda a substituição
do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem o aludido vício.
d) cumulativamente, a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atu-
alizada, e indenização por eventuais perdas e danos.
e) alternativamente e à sua escolha, somente o abatimento proporcional do preço,
a complementação do peso ou medida, ou a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada.

Questão 22    (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-MS/VUNESP/2014) Assinale a alternati-


va correta, no que concerne aos vícios de quantidade do produto.
a) O fabricante responde objetivamente e o comerciante subsidiariamente.
b) O consumidor poderá exigir, à sua escolha, a substituição do produto por outro
da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios ou de qualidade su-
perior, sem custos adicionais.

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c) O consumidor poderá exigir a restituição imediata da quantia paga, moneta-


riamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos, somente quando
impossível a substituição do produto.
d) O fornecedor imediato será responsável objetivamente quando fizer a pesagem ou
a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais.

Questão 23    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XIX – 1ª FASE/OAB/FGV/2016)


Antônio desenvolve há mais de 40 anos atividade de comércio no ramo de hortifrú-
ti. Seus clientes chegam cedo para adquirir verduras frescas entregues pelos pro-
dutores rurais da região. Antônio também vende no varejo, com pesagem na hora,
grãos e cereais adquiridos em sacas de 30 quilos, de uma marca muito conhecida
e respeitada no mercado. Determinado dia, a cliente Maria desconfiou da pesagem
e fez a conferência na sua balança caseira, que apontou suposta divergência de
peso. Procedeu com a imediata denúncia junto ao Órgão Oficial de Fiscalização, que
confirmou que o instrumento de medição do comerciante estava com problemas
de calibragem e que não estava aferido segundo padrões oficiais, gerando prejuízo
aos consumidores. A cliente denunciante buscou ser ressarcida pelo vício de quan-
tidade dos produtos.
Com base na hipótese sugerida, assinale a afirmativa correta.
a) Trata-se de responsabilidade civil solidária, podendo Maria acionar tanto o co-
merciante quanto os produtores.
b) Trata-se de responsabilidade civil subsidiária, pois o comerciante só responde se
os demais fornecedores não forem identificados.
c) Trata-se de responsabilidade civil exclusiva do comerciante, na qualidade de
fornecedor imediato.
d) Trata-se de responsabilidade civil objetiva, motivo pelo qual inexistem exclu-
dentes de responsabilidade.

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Questão 24    (JUIZ LEIGO/TJ-RJ/VUNESP/2014) O Código de Defesa do Consu-


midor estabelece medidas de proteção contra vícios que sejam apresentados por
produtos ou serviços. À luz dessas disposições, é correto afirmar que
a) serão considerados com vício aqueles que se tornarem obsoletos em vista do
incremento tecnológico.
b) o produto apresenta vício quando não oferece a segurança que dele legitima-
mente se espera.
c) nos casos em que o consumidor concorre para a adulteração ou avaria do pro-
duto, o vício será considerado impróprio.
d) em qualquer hipótese, na qual o produto apresentar vício, o consumidor pode,
de imediata, exigir a substituição das partes viciadas ou a imediata substituição do
produto por outro da mesma espécie e em perfeitas condições de uso.
e) o fornecedor imediato do produto in natura será responsável perante o consu-
midor, salvo quando identificado claramente o produtor.

Questão 25    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XVIII – 1ª FASE/OAB/FGV/2015)


Hugo colidiu com seu veículo e necessitou de reparos na lataria e na pintura. Para
tanto, procurou, por indicação de um amigo, os serviços da Oficina Mecânica M,
oportunidade na qual lhe foi ofertado orçamento escrito, válido por 15 (quinze) dias,
com o valor da mão de obra e dos materiais a serem utilizados na realização do con-
serto do automóvel. Hugo, na certeza da boa indicação, contratou pela primeira vez
com a Oficina.
Considerando as regras do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, assinale a
afirmativa correta.
a) Segundo a lei do consumidor, o orçamento tem prazo de validade obrigatório de
10 (dez) dias, contados do seu recebimento pelo consumidor Hugo. Logo, no caso,
somente durante esse período a Oficina Mecânica M estará vinculada ao valor orçado.

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b) Uma vez aprovado o orçamento pelo consumidor, os contraentes estarão vin-

culados, sendo correto afirmar que Hugo não responderá por quaisquer ônus ou

acréscimos no valor dos materiais orçados; contudo, ele poderá vir a responder

pela necessidade de contratação de terceiros não previstos no orçamento prévio.

c) Se o serviço de pintura contratado por Hugo apresentar vícios de qualidade,

é correto afirmar que ele terá tríplice opção, à sua escolha, de exigir da oficina

mecânica: a reexecução do serviço sem custo adicional; a devolução de eventual

quantia já paga, corrigida monetariamente, ou o abatimento do preço de forma

proporcional.

d) A lei consumerista considera prática abusiva a execução de serviços sem a prévia

elaboração de orçamento, o que pode ser feito por qualquer meio, oral ou escrito,

exigindo-se, para sua validade, o consentimento expresso ou tácito do consumidor.

Questão 26    (TÉCNICO EM REGULAÇÃO DE SAÚDE SUPLEMENTAR/AGÊNCIA

NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR-ANS/FUNCAB/2016) O fornecedor de servi-

ços responde pelos vícios decorrentes da disparidade com as indicações constantes

da oferta ou mensagem publicitária. Nesse caso, o consumidor pode exigir:

a) alternativamente e à escolha do consumidor, a reexecução dos serviços, sem

custo adicional e quando cabível; e a restituição imediata da quantia paga, mone-

tariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.

b) sucessivamente, a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabí-

vel; a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem pre-

juízo de eventuais perdas e danos; e o abatimento proporcional do preço.

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c) sucessivamente, a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando ca-

bível; e a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem

prejuízo de eventuais perdas e danos.

d) alternativamente e à escolha do consumidor, a reexecução dos serviços, sem

custo adicional e quando cabível; a restituição imediata da quantia paga, mone-

tariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; e o abatimento

proporcional do preço.

e) apenas a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem

prejuízo de eventuais perdas e danos.

Questão 27    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XIII – 1ª FASE/OAB/FGV/2014)

Mauro adquiriu um veículo zero-quilômetro da fabricante brasileira Surreal, na con-

cessionária Possante Ltda., revendedora de automóveis que comercializa habitual-

mente diversas marcas nacionais e estrangeiras. Na época em que Mauro efetuou a

compra, o modelo adquirido ainda não era produzido com o opcional de freio ABS,

o que só veio a ocorrer seis meses após a aquisição feita por Mauro. Tal sistema de

frenagem (travagem) evita que a roda do veículo bloqueie quando o pedal do freio

é pisado fortemente, impedindo com isso o descontrole e a derrapagem do veículo.

Mauro, inconformado, aciona a concessionária postulando a substituição do seu

veículo, pelo novo modelo com freio ABS.

Diante do caso narrado e das regras atinentes ao Direito do Consumidor, assinale

a afirmativa correta.

a) Mauro tem direito à substituição, pois o fato de o novo modelo ter sido ofereci-

do com o opcional do freio ABS, de melhor qualidade, configura defeito do modelo

anterior por ele adquirido.

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b) Se o veículo adquirido por Mauro apresentar futuro defeito no freio dentro do

prazo de garantia, a concessionária Possante Ltda. é obrigada a assegurar a oferta

de peças de reposição originais enquanto não cessar a fabricação do veículo.

c) Somente quando cessada a produção no país do veículo adquirido por Mauro, a

fabricante Surreal ficará exonerada do dever legal de assegurar o oferecimento de

componentes e peças de reposição para o automóvel.

d) Havendo necessidade de reposição de peças ou componentes no veículo de

Mauro, a fabricante Surreal deverá, ainda que cessada a fabricação no país, efetu-

ar o reparo com peças originais por um período razoável de tempo, fixado por lei.

A reposição com peças usadas só é admitida pelo Código do Consumidor quando

houver autorização do consumidor.

Questão 28    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – VII – 1ª FASE/OAB/FGV/2012)

Martins celebrou negócio jurídico com a empresa Zoop Z para o fornecimento de

dez volumes de determinada mercadoria para entretenimento infantil. No contrato

restava estabelecido que Martins vistoriaria toda mercadoria antes da aquisição

e que o consumidor retiraria os produtos no depósito da empresa. Consideran-

do tal situação fictícia, assinale a alternativa correta à luz do disposto na Lei n.

8.078/1990, de acordo com cada hipótese a seguir apresentada:

a) A garantia legal do produto independe de termo expresso no contrato, bem

como é lícito ao fornecedor estipular que se exime de responsabilidade na hipótese

de vício de qualidade por inadequação do produto, desde que fundada em ignorân-

cia sobre o vício.

b) É nula de pleno direito a cláusula contratual que exonere a contratada de qual-

quer obrigação de indenizar por vício do produto em razão de ter sido a mercadoria

vistoriada previamente pelo consumidor.

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c) O contrato poderia prever a impossibilidade de reembolso da quantia por Mar-

tins, bem como ter transferido previamente a responsabilidade por eventual vício

do produto, com exclusividade, ao fabricante.

d)A Zoop Z tem liberdade para estabelecer compulsoriamente a utilização de arbi-

tragem, bem como exigir o ressarcimento dos custos de cobrança da obrigação de

Martins, sem que o mesmo seja conferido contra o fornecedor.

Questão 29    (JUIZ/TJ-RS/OFFICIUM/2012) Assinale a assertiva correta.

a) A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos

produtos e serviços o exime de responsabilidade.

b) O fabricante, o produtor, o construtor e o importador respondem, independente-

mente da existência de culpa, pela reparação de danos causados aos consumidores

por vício do serviço, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre

sua utilização e riscos.

c) Se o dano for causado por componente ou peça incorporada ao produto ou ser-

viço, são responsáveis solidários o fabricante, o construtor, o importador e o que

realizou a incorporação.

d) No caso de fornecimento de produtos in natura que sejam impróprios ao consu-

mo, o único responsável perante o consumidor é o produtor.

e) O direito de reclamar por vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em 30

(trinta) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto duráveis.

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Questão 30    (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-MG/FUNDEP GESTÃO DE CONCUR-

SOS/2014) Analise a situação a seguir.

Caio adquiriu, para sua casa, um aparelho de aquecimento solar fabricado e co-

mercializado pela empresa Y. Logo após a instalação, Caio notou que as placas de

captação de luz do equipamento não funcionavam, de forma tal que água de sua

casa não era aquecida, motivo pelo qual fez contato com a empresa Y solicitando a

solução do problema. Todavia, passados 40 dias do referido contato, a dita fornece-

dora não solucionou o defeito. Diante disso, Caio procurou o Defensor Público que,

então, oficiou a fornecedora para informações sobre o caso. Por sua vez, a empresa

Y em resposta ao ofício da Defensoria Pública, além de enviar cópia do contrato de

adesão firmado com Caio, informou que o equipamento estava sendo reparado, de

sorte que, nos termos da contratação feita, teria ela até 200 dias para solucionar o

problema. Ao analisar o contrato, o Defensor Público verifica que, realmente, existe

uma cláusula estabelecendo tal prazo aduzido pela empresa, cláusula esta conven-

cionada em separado das demais disposições contratuais e com expressa anuência

de Caio sobre o seu conteúdo.

Considerando a narrativa acima, bem como o disposto na Lei n. 8.078/1990, são

dadas as proposições 1 e 2.

1. A Cláusula contratual aduzida pela empresa Y, estabelecendo um prazo de até

200 dias para solucionar vício de qualidade que tornava o aquecedor solar impró-

prio ou inadequado ao consumo a que se destinava, é nula ante a sistemática inau-

gurada pelo Código de Defesa do Consumidor.

PORQUE,

2. Nos termos do artigo 18, §1º da Lei n. 8.078/1990, não sendo o vício sanado no

prazo máximo de trinta dias, surge em favor do consumidor a faculdade de, alter-

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nativamente e à sua escolha, exigir a substituição do produto por outro da mesma

espécie em perfeitas condições de uso, a restituição imediata da quantia paga, mo-

netariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos ou, por fim, o

abatimento proporcional do preço.

Assinale a alternativa CORRETA.

a) A proposição 1 é verdadeira e a proposição 2 é falsa.

b) A proposição 1 é falsa e a proposição 2 é verdadeira.

c) As proposições 1 e 2 são verdadeiras, sendo que a segunda justifica a primeira.

d) As proposições 1 e 2 são verdadeiras, mas a segunda não justifica a primeira.

Questão 31    (PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE-RR/CESPE/2017) Pe-

dro entregou seu veículo para ser lavado e polido em um estabelecimento especia-

lizado. Ao retornar, ele constatou riscos na pintura do veículo e reclamou formal-

mente ao fornecedor do serviço.

Essa situação hipotética mostra um caso de

a) vício de fácil constatação, no qual a reclamação formulada por Pedro obstou a

prescrição.

b) vício de fácil constatação, no qual a reclamação formulada por Pedro obstou a

decadência.

c) vício oculto, no qual o direito de reclamar estará sujeito a prazo decadencial.

d) vício de fácil constatação, no qual o direito de reclamar estará sujeito a prazo

prescricional.

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Questão 32    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – VI – 1ª FASE/OAB/FGV/2011)

Franco adquiriu um veículo zero-quilômetro em novembro de 2010. Ao sair com o

automóvel da concessionária, percebeu um ruído todas as vezes em que acionava

a embreagem para a troca de marcha. Retornou à loja, e os funcionários disseram

que tal barulho era natural ao veículo, cujo motor era novo. Oito meses depois, ao

retornar para fazer a revisão de dez mil quilômetros, o consumidor se queixou que

o ruído persistia, mas foi novamente informado de que se tratava de característica

do modelo. Cerca de uma semana depois, o veículo parou de funcionar e foi re-

bocado até a concessionária, lá permanecendo por mais de sessenta dias. Franco

acionou o Poder Judiciário alegando vício oculto e pleiteando ressarcimento pelos

danos materiais e indenização por danos morais. Considerando o que dispõe o Có-

digo de Proteção e Defesa do Consumidor, a respeito do narrado acima, é correto

afirmar que, por se tratar de vício oculto,

a) o prazo decadencial para reclamar se iniciou com a retirada do veículo da con-

cessionária, devendo o processo ser extinto.

b) o direito de reclamar judicialmente se iniciou no momento em que ficou eviden-

ciado o defeito, e o prazo decadencial é de noventa dias.

c) o prazo decadencial é de trinta dias contados do momento em que o veículo

parou de funcionar, tornando-se imprestável para o uso.

d) o consumidor Franco tinha o prazo de sete dias para desistir do contrato e, ten-

do deixado de exercê-lo, operou-se a decadência.

Questão 33    (EXAME DE ORDEM UNIFICADO – III – 1ª FASE/OAB/FGV/2010) O

prazo para reclamar sobre vício oculto de produto durável é de

a) 90 (noventa) dias a contar da aquisição do produto.

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b) 90 (noventa) dias a contar da entrega do produto.

c) 30 (trinta) dias a contar da entrega do produto.

d) 90 (noventa) dias a contar de quando ficar evidenciado o vício.

Questão 34    (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-ES/FCC/2016) Para as ações fundadas

no Código de Defesa do Consumidor, aplica-se a seguinte regra:

a) os prazos prescricionais não se sujeitam a interrupção, nem a suspensão,

enquanto os decadenciais se sujeitam a suspensão, mas não se sujeitam a inter-

rupção.

b) sujeita-se a prescrição a pretensão por danos causados por fato do produto ou

do serviço e a decadência somente a reclamação por vício oculto de serviço ou de

produto.

c) sujeita-se a decadência a pretensão à reparação por danos causados por fato do

produto ou do serviço e a prescrição o direito de reclamar por vícios aparentes ou

de fácil constatação no fornecimento de serviços e produtos.

d) sujeita-se à prescrição a pretensão à reparação pelos danos causados por fato

do produto ou do serviço e a decadência o direito de reclamar por vícios aparentes

ou de fácil constatação, no fornecimento de serviços e de produtos.

e) os prazos prescricionais e decadenciais se identificam quanto à incidência de

causas suspensivas e interruptivas.

Questão 35    (PROMOTOR DE JUSTIÇA-VESPERTINA/MPE-SC/2016) Prescreve

em cinco anos, a partir do conhecimento do dano e de sua autoria, a pretensão à

reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço segundo o nor-

matizado no Código de Defesa do Consumidor.

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Questão 36    (JUIZ SUBSTITUTO/TJ-RJ/VUNESP/2016) Marisa de Lima adquiriu

um aparelho de telefone celular em uma loja de departamentos para dar como

presente a um sobrinho em seu aniversário. O bem foi adquirido em 10 de maio de

2015 e entregue ao sobrinho na primeira semana de julho, quando Paulinho ime-

diatamente passou a utilizar o aparelho. No dia das crianças do mesmo ano, quando

novamente encontrou o sobrinho, este informou que o aparelho está apresentando

problema de aquecimento e desligamento espontâneo quando está brincando em

um jogo e que notou a existência do vício em meados de setembro.

A partir desses fatos, é correta a seguinte afirmação.

a) Já decorreu o prazo prescricional para apresentar reclamação perante o forne-

cedor, pois o direito de reclamar pelos vícios apresentados iniciou-se a partir da

retirada do aparelho de telefone celular da loja.

b) O prazo para apresentar reclamação perante o fornecedor é de natureza deca-

dencial, mas não poderá ser exercido, pois decorrido mais de 90 dias desde a data

do início da efetiva utilização do aparelho celular.

c) A reclamação que venha a ser formulada pelo consumidor perante o fornecedor

e a instauração do inquérito civil interrompem o fluxo do prazo para o exercício do

direito de reclamar, que é de natureza prescricional, pois se fosse decadencial não

suspenderia nem interromperia.

d) Ainda não decorreu o prazo decadencial para apresentar reclamação perante o

fornecedor, pois como se trata de vício oculto, o prazo iniciou-se no momento em

que o aparelho começou a apresentar o problema.

e) Tratando-se de vício oculto, o consumidor poderá formular reclamação perante

o fornecedor por escrito, a qualquer tempo, mediante instrumento enviado pelo

cartório de títulos e documentos, carta registrada ou simples, encaminhada pelo

serviço postal ou entregue pelo consumidor, inclusive de forma verbal.

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Questão 37    (JUIZ SUBSTITUTO/TJ-PI/FCC/2015) Oscar adquiriu conjunto de

lâmpadas para sua residência e verificou, no momento da instalação, feita no mes-

mo dia da compra, que algumas delas não acendiam. Por tal razão, requereu, tam-

bém no mesmo dia da compra, a substituição do produto. Como, no momento da

reclamação, o fornecedor se recusou de maneira inequívoca a realizar a substitui-

ção, Oscar ajuizou ação para este fim. Fê-lo, porém, passados cem dias da entrega

do produto. O fornecedor alegou prescrição. De acordo com o Código de Defesa do

Consumidor,

a) passados noventa dias da compra, ocorreu prescrição do direito de reclamar

pelo fato do produto.

b) não ocorreu a prescrição, pois prescreve em três anos o direito de reclamar pelo

fato do produto.

c) passados noventa dias da compra, ocorreu prescrição do direito de reclamar

pelo vício do produto.

d) passados noventa dias da compra, ocorreu não prescrição mas decadência do

direito de reclamar pelo vício do produto.

e) não ocorreu a prescrição, pois prescreve em cinco anos o direito de reclamar

pelo fato do produto.

Questão 38    (ANALISTA DE PROTEÇÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR/SERVIÇOS

DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR/PREFEITURA DE LONDRINA-PR/FA-

FIPA/2015) O Código de Defesa do Consumidor estabelece regras sobre a responsa-

bilidade pelo fato e pelo vício de produto e de serviço, podendo-se afirmar que:

O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em 45

(quarenta e cinco) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e produto duráveis.

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Questão 39    (PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE-GO/2014) O direito de

reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação, tratando-se de forneci-

mento de serviço e de produtos duráveis caducará em:

a) 07 dias.

b) 30 dias.

c) 90 dias.

d) 120 dias.

Questão 40    (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-MS/VUNESP/2014) Em relação ao direito

de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação, é correto afirmar que:

a) inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto

ou do término da execução dos serviços.

b) caduca em sessenta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos

não duráveis.

c) caduca em cento e vinte dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de pro-

dutos duráveis.

d) obsta a decadência, a reclamação comprovadamente formulada pelo consumi-

dor perante qualquer órgão de defesa do consumidor até a cientificação do forne-

cedor acerca de seus termos.

Questão 41    (JUIZ LEIGO/TJ-RJ/VUNESP/2014) O prazo para reclamação pelos

vícios do produto será

a) de 02 meses para a pretensão de reparação de danos causados pelo produto.

b) de 120 dias, tratando-se do fornecimento de produtos duráveis e vício oculto.

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c) obstado pelo término da execução do serviço.

d) de 60 dias no caso de fornecimento de produtos duráveis e vício aparente.

e) de 30 dias, tratando-se do fornecimento de produtos não duráveis e vício apa-

rente ou de fácil constatação.

Questão 42    (PROCURADOR DO ESTADO/PGE-MT/FCC/2016) Donizete adquiriu

um veículo zero-quilômetro da Concessionária Rode Bem. Ao dirigi-lo pela primeira

vez, verificou que o veículo apresentava avarias nos freios, colocando sua segu-

rança em risco. Passados oitenta dias, Donizete formulou reclamação extrajudicial

perante o fornecedor, requerendo a reparação do vício, a qual foi respondida, ne-

gativamente, vinte dias depois. No dia da resposta negativa, Donizete ajuizou ação

judicial. O direito de reclamar pelo vício

a) decaiu, porque, embora o consumidor tenha formulado reclamação perante o

fornecedor, a decadência não admite interrupção nem suspensão.

b) prescreveu, porque, da constatação do vício, até o ajuizamento da ação, passa-

ram-se mais de noventa dias.

c) decaiu, porque, da constatação do vício, até o ajuizamento da ação, passaram-se

mais de noventa dias.

d) não decaiu, porque, até a resposta negativa à reclamação, a fluência do prazo

ficou obstada.

e) não decaiu, porque, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, é de

cinco anos o prazo para reclamar pelo vício do produto.

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Questão 43    (ASSESSOR/ÁREA DE DIREITO/MPE-RS/2014) O Código de Defe-

sa do Consumidor, Lei n. 8.070, de 11 de setembro de 1990, estabelece o direito

de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação, conforme disposto no

caput do artigo 26, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não du-

ráveis ou de fornecimento de serviços e de produtos duráveis.

Assinale com V (verdadeiro) ou com F (falso) as seguintes afirmações sobre esse

tema.

 (  ) Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do pro-

duto ou do término da execução do serviço.

 (  ) Não obsta a decadência a reclamação formulada pelo consumidor perante o

fornecedor de produtos e serviços até a resposta correspondente, que deve

ser transmitida de forma inequívoca.

 (  ) Obsta a decadência a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.

 (  ) O prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito,

quando relativo a vício oculto.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

a) V – F – V – V.

b) F – F – V – F.

c) F – V – F – F.

d) V – F – F – V.

e) V – V – F – F.

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Questão 44    (JUIZ/TJDFT/CESPE/2016) A respeito dos institutos jurídicos da pres-

crição e da decadência, no âmbito das relações de consumo, de acordo com o CDC

e o entendimento atual e prevalente do STJ, assinale a opção correta.

a) Pelo princípio da actio nata, o termo inicial do prazo prescricional para a proposi-

tura de ação indenizatória, fundada em inscrição indevida em cadastros restritivos

de crédito, é a data em que ocorre, efetivamente, a negativação, em face do cará-

ter público das informações lançadas nos bancos de dados.

b) Para as ações de indenização por danos morais decorrentes de inscrição indevi-

da em cadastro de inadimplentes, promovida por instituição financeira, aplica-se o

prazo prescricional de cinco anos, previsto no CDC para as hipóteses de responsa-

bilidade decorrente de fato do serviço.

c) À luz do ordenamento jurídico em vigor, é de cinco anos o prazo para que o

consumidor possa reclamar a remoção de vícios aparentes ou de fácil constatação,

decorrentes da construção civil, que não estejam ligados à solidez e à segurança

do imóvel.

d) A simples reclamação do consumidor, comprovadamente formulada apenas pe-

rante o fornecedor de produtos e serviços, não obsta a fluência do prazo decaden-

cial do direito de reclamar, quando se tratar de vício aparente ou de fácil constata-

ção, que será de trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto

não duráveis, e de noventa dias, caso se trate de serviço ou produto durável.

e) O ajuizamento de ação de indenização, fundada em erro médico ocorrido após a

entrada em vigor do CDC, deve observar o prazo de prescrição quinquenal, previsto

no CDC para os casos de fato do produto ou do serviço, iniciando-se a contagem do

prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

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Questão 45    (JUIZ SUBSTITUTO/TJ-PI/FCC/2015) Romeu adquiriu da agência

Zulu um pacote de viagens para a Holanda, onde comemoraria sua lua de mel. Na

data programada, porém, sem prévio aviso, a viagem foi cancelada, causando da-

nos morais. Passados cem dias do fato, Romeu ajuizou ação de indenização contra

Zulu, que alegou prescrição. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor,

a) passados noventa dias do conhecimento do dano e de sua autoria, ocorreu não

prescrição, mas decadência do direito de reclamar pelo fato do serviço.

b) a prescrição não ocorreu, pois prescreve em cinco anos a pretensão à reparação

por fato do serviço, contados do conhecimento do dano e de sua autoria.

c) passados noventa dias da realização do negócio, ocorre não prescrição, mas

decadência do direito de reclamar pelo vício do serviço.

d) a prescrição não ocorreu, só prescreve em cinco anos a pretensão à reparação

por vício do serviço, contados da realização do negócio.

e) passados noventa dias do conhecimento do dano e de sua autoria, ocorreu não

prescrição, mas decadência do direito de reclamar pelo vício do serviço.

Questão 46    (JUIZ/TJ-RJ/VUNESP/2011) Assinale a alternativa correta.

a) A ignorância do comerciante sobre os vícios de qualidade por inadequação dos

produtos o exime de responsabilidade.

b) A garantia contratual de adequação do serviço depende de termo expresso e

deverá ter em destaque cláusula limitativa da garantia legal.

c) O abuso de direito praticado em detrimento do consumidor é fundamento para

que o juiz desconsidere a personalidade jurídica do fornecedor.

d) Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e

peças de reposição pelo período de cinco anos contados da data de fabricação do

produto.

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QUESTÕES DE CONCURSO

Questão 47    (SECRETÁRIO DE DILIGÊNCIAS/MPE-RS/2014) Em relação às nor-

mas de proteção e defesa do consumidor, é correto afirmar que

a) consumidor é, exclusivamente, a pessoa física que adquire ou utiliza produto ou

serviço como destinatário final.

b) o direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em

90 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.

c) o fornecedor de serviços será responsabilizado mesmo que o dano for causado

por culpa exclusiva do consumidor.

d) contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido estabelecidas pelo for-

necedor de produtos ou serviços e pelo consumidor, chanceladas pela autoridade

competente.

e) Se o consumidor exercitar o seu direito de arrependimento, os valores eventu-

almente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos de

imediato, sem atualização monetária.

Questão 48    (ADVOGADO/TJ-SP/VUNESP/2013) De acordo com o Código de De-

fesa do Consumidor (Lei n. 8.078/1990), havendo vício do produto, pode o consu-

midor exigir.

a) a substituição do produto e a restituição da quantia paga, a título de perdas e

danos.

b) que o fornecedor exerça sua opção legal de substituir o produto ou restituir ime-

diatamente a quantia paga.

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c) imediatamente após a constatação do vício, a substituição do produto por outro

em perfeitas condições de uso.

d) a restituição da quantia paga, que poderá se dar em até 30 (trinta) dias do

apontamento do vício ao fornecedor.

e) a restituição imediata da quantia paga, desde que decorridos 30 (trinta) dias

sem que o vício fosse sanado.

Questão 49    (TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/CRITÉRIO

PROVIMENTO/TJ-MG/FUMARC/2012) Considerando o Código de Defesa do Con-

sumidor, sobre o direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação,

é correto o que se afirma em

a) Prescreve em trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos

duráveis.

b) Caduca em noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos

não duráveis.

c) Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento da com-

pra do produto defeituoso.

d) Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produ-

to ou do término da execução dos serviços.

Questão 50    (ANALISTA DE NEGÓCIO/PROCEMPA/FMP CONCURSOS/2012) As-

sinale, a seguir, a única alternativa correta.

a) Se o consumidor adquiriu um produto com vício de quantidade, pode exigir,

alternativamente e à sua escolha, o abatimento proporcional do preço; a comple-

mentação do peso ou medida; a substituição por outro da mesma espécie, marca

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ou modelo, sem o aludido vício; a restituição imediata da quantia paga, atualizada

monetariamente, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.

b) A garantia legal de adequação do produto depende da entrega de termo expres-

so pelo fornecedor ao consumidor.

c) A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação do

produto o exime de responsabilidade civil perante o fornecedor.

d) Se o consumidor adquiriu um produto durável com vício de qualidade de fácil

identificação, deverá reclamar no prazo de 15 dias da data que o adquiriu, sob pena

de decair do direito à garantia legal.

e) Se o consumidor adquiriu um produto não durável com vício de qualidade de

fácil identificação, deverá reclamar no prazo de 5 dias da data que o adquiriu, sob

pena de decair do direito à garantia legal.

Questão 51    (PROCURADOR/ALERJ/FGV/2017) Eduardo adquiriu um automóvel

zero km, com prazo de garantia de dois anos. Dois meses após a compra, Eduar-

do seguia com o veículo em velocidade moderada, dirigindo com a devida cautela,

quando a barra de direção quebrou em virtude de um defeito de fabricação, cau-

sando um acidente que vitimou apenas o próprio Eduardo, que sofreu fraturas no

braço direito e na perna esquerda, além de uma série de escoriações. Constatado

o problema, Eduardo somente ajuizou a ação perante a montadora do automóvel

dois anos após o ocorrido.

Sobre o caso, é correto afirmar que:

a) tratando-se de hipótese de fato do produto, não há como responsabilizar o fa-

bricante do veículo, já que a ação somente foi ajuizada após o decurso do prazo de

garantia convencional do bem;

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b) tratando-se de hipótese de vício do produto, não há como responsabilizar o fa-

bricante do veículo, já que a ação somente foi ajuizada após o decurso do prazo de

garantia legal do bem;

c) tratando-se de hipótese de vício do produto, há como responsabilizar o fabri-

cante do veículo, já que a ação foi ajuizada dentro da soma dos prazos de garantia

legal e de garantia convencional do bem;

d) tratando-se de hipótese de fato do produto, há como responsabilizar o fabri-

cante do veículo, já que a ação foi ajuizada dentro da soma dos prazos de garantia

legal e de garantia convencional do bem;

e) tratando-se de hipótese de fato do produto, há como responsabilizar o fabrican-

te do veículo, já que a ação foi ajuizada dentro do prazo prescricional.

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GABARITO
1. C 25. c 49. a

2. a 26. d 50. b

3. a 27. d 51. e

4. e 28. b

5. b 29. c

6. d 30. d

7. d 31. b

8. e 32. b

9. b 33. d

10. a 34. d

11. a 35. C
12. b 36. d
13. c 37. d
14. b 38. E
15. d 39. c
16. d 40. a
17. b 41. e
18. c 42. d
19. e 43. a
20. c 44. e
21. d 45. b
22. d 46. c
23. c
47. d
24. e
48. a

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