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03 de novembro de 2021

MULTIVIX VITÓRIA

Darla Cagliari,
Gabriele Zanotti
Kamila Polini, ,
Stefany Bissi,
Thais Assini e T
halita De Souza.

Psicologia
e
O nco logia

Psicologia Hospitalar
Introdução

Psico-oncologia

Na década de 1970, a psiquiatra Jimmie Holland, no Memorial


Sloan-Kettering Cancer Center em Nova Iorque, criou um serviço
de atendimento, pesquisa e treinamento para investigar os
aspectos emocionais envolvidos no processo de doença e
tratamento do câncer e avaliar sua interferência na vida do
paciente

gi a é um r a mo da
A oncolo a q ue lida
ciênc ia mé di c
com
com tumores e avra
câncer. A pal igem em
co lo gi a t em or
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g i a é o es t
oncolo
tumores.
Psicologia e o paciente em tratamento

1 O papel do psicólogo em oncologia propõe o apoio psicossocial e


psicoterapêutico diante do impacto do diagnóstico e de suas consequências e
mostra a possibilidade de auxílio para melhor enfrentamento e qualidade de vida
do doente e de seus familiares.

2 Vale ressaltar que estudos têm demonstrado que pacientes com câncer em
acompanhamento psicológico durante o tratamento oncológico, além da
qualidade de vida tem maior tolerância aos efeitos adversos do tratamento,

A internação muda a rotina de vida de todos os envolvidos, por isso é importante


trabalhar as novas possibilidades de adaptações, seus ganhos secundários, rotina de
visitas, avaliações de visitas de crianças e seus benefícios para ambas as partes, visando
contribuir para a qualidade de vida do paciente nesse processo.
Neste caso, a psicologia não trabalha com fatores que
desencadeiam a doença e sim com os aspectos a ela relacionados
e com a subjetividade do sujeito buscando identificar os aspectos
psicológicos que se manifestam frente a suas fantasias, medos,
desejos, emoções, crenças, frustações, etc., e que tenham relação
com a enfermidade.

Compreender o processo de adoecimento, o que é a doença a


qual está acometido, seus tratamentos, possibilidades de cura
ou paliação, esclarecimentos em torno da hospitalização e
internamento também são questões que necessitam de atenção
específica.
Carlos, 57 anos, diagnostico de Adenocarcinoma de
próstata há aproximadamente 7 anos e, há alguns meses,
sem possibilidade de tratamento. Nascido na Paraíba,
casado a quase 30 anos com Rosa e possui 3 filhos.
Durante o primeiro contato fica evidente a relevância do
vínculo familiar para o paciente. Ao longo do
acompanhamento é identificado um componente
or é u m s i ntoma emocional ligado ao sintoma da dor, apesar das
A d n tes
te e m p a c ie intervenções farmacológicas se mantinha.
frequen u e , por
oncoló g i co s q O paciente descrevia “é uma dor que vem de entro pra
às
vezes, escapa cas. fora”
p li ca ç õ e s f ísi
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Escuta s s i bi lita
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eco ao que di ir.
suporta ouv
Os sintomas de difícil manejo trouxeram a
A dor total é uma definição proposta por Cicely equipe médica a impressão de que o “paciente
Saunders que considera o sintoma dor nas dimensões: não queria” ter alta, pois “todas as vezes em que
físicas, psíquica, social e espiritual. falamos em alta Carlos descompensa um
sintoma”.
No primeiro contato, Rosa demonstrou intensa
sobrecarga física e emocional em virtude do prolongado
A s ob r ec a r ga identificada período de cuidados, e quando se defrontava com a
an t er i o rm e n te , apresenta possibilidade de perda do esposo, rosa direcionava sua No texto “o lugar da
no v a n u a nc e: mostra- preocupação com os filhos “não sei como eles vão psicanálise na medicina”,
uma
e n o i n co m o d o de Rosa em reagir, tenho medo de que eles não suportem”. Lacan traz a diferença
s ela família entre demanda e desejo
r r ot u l ad a p
se a “grande
e am i g os , co m o
m homem na
Durante o segundo contato, rosa tinha um discurso dirigidos ao médico, muitas
esposa”, de u e sentia racional e novamente direcionava sua preocupação vezes, o doente solicita a
s
qual ela não para os filhos e o esposo, até o momento em que foi cura de um sintoma, mas na
mais casada. questionada “como estava o relacionamento de vocês verdade seu mecanismo
antes da doença?”. inconsciente teme a perda
desse sintoma, perda que
atuaria como um
desorganizador da ordem
psíquica.
No terceiro contato com o
paciente além da dor, outro
sintoma surgiu, o cansaço,
que simbolicamente o
paciente traduz “estou
cansado de lutar contra essa
doença... sempre que to bem
ela vem e me dá uma
rasteira!”.
A psicóloga apresenta o
questionamento: “Valeu a
pena casa?”. Onde Carlos
chora compulsivamente e diz
“eu amo minha família, eu
amo meus filhos, minha
mulher... oh Deus me
ajuda?!”.
Intervenção
Tendo em vista que no caso descrito a cura da doença já não era possível, não curar um sintoma é um
“fracasso” inadmissível ao saber médico.
O caminho mais confortável é a alta hospitalar e atribui a responsabilidade da não cura ao paciente que “não
quer” ficar bem, ou “não quer” ir para casa.
No caso descrito não havia elementos, que sustentassem essa discussão em maior profundidade. A partir do
conteúdo trazido pelo paciente que seu sintoma não se explicava apenas pela via física, mas também era
regido pela ordem psíquica.

A equipe médica se eximiu “já que é psíquico eu não tenho mais que contribuir”, mas se viu a necessidade de
ter cautela em relação as intervenções medicamentosas.
Após 9 dias de alta

Paciente retorna ao hospital com as mesmas queixas de dores intensas e refratária


às intervenções medicamentosas.

É relatado no texto que diferente das internações anteriores a esposa não se


encontra tão presente ao lado do paciente.
Contato com psicólogo na segunda internação

Episódio de dor:
Relatou uma crise de dor que não cabia em seu corpo e uma angústia que não conseguia ser traduzida em
palavras. O primeiro atendimento se deu por contenção simbólica.

O último atendimento:
A psicóloga fez algumas perguntas para desvendar os motivos dos sintomas aparentes de Carlos.
Durante quase todo o atendimento, os olhos do paciente se mantiveram fechados e as mãos agarradas na
cama, tal como no episódio de dor.
Carlos relata histórias que passam na tv sobre maridos infiéis, e relata a psicóloga que nunca havia traído a
esposa.
O paciente tinha receio de ser abandonado pela esposa (a esposa havia relatado que antes das doenças
aparecerem havia descoberto traições do marido e que eles estavam em processo de separação)
Motivações que causavam as dores era a angústia por medo da perda da esposa.
Reflexões importantes
É preciso transpor o limite do acolhimento, pois permanecer apenas no
papel de figura acolhedora não teria permitido que o paciente e a esposa
acessassem conteúdos que estavam no âmago dos sintomas não só do
paciente, mas da família, que também estava adoecida.

É importante reconhecer o potencial e ter segurança no trabalho que está sendo


feito para suportar o desconforto de sair da posição de acolhimento para ir junto
com o sujeito remexer sua carcaça e muitas vezes chegar nos lugares mais
obscuros do seu ser.

A discussão em equipe por mais que não atinja o alcance ideal, precisa e deve ser
feita, não o fazer é negligenciar grande parte do trabalho do psicólogo e faltar com
seu dever ético perante o sujeito atendido. Por mais indigestas que muitas
discussões sejam, elas são necessárias, o trabalho do psicólogo deve ser norteado
pelas necessidades do sujeito e não por seus incômodos pessoais.
A boa morte
Ana Bea estava em estágio terminal de um triplo câncer no intestino, que
foi descoberto em 2016. Resolveu não se submeter a nenhuma cirurgia e
deixar a vida seguir seu curso natural, enfrentar a doença sem
tratamentos.

Vamos contar um pouco da sua história.


“A decisão de abrir mão da cirurgia me deu calma”, disse, ao enxergar a
finitude com serenidade. “Estou pronta para morrer. Não estou desistindo.
Apenas não quero ficar viva a qualquer preço.”
vide
ilus o
trat
de c ivo
aso
MULTIVIX VITÓRIA 3 de novembro de 2021

Muito
obrigado!

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