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Bacharelado em Engenharia Mecânica

Disciplina: Manutenção Industrial


Aula 2 – Estrutura do Setor de Manutenção

Marcelo Lourenço Antunes


Estrutura do Setor de Manutenção
2.1. Estrutura organizacional da manutenção
A atividade de manutenção é encontrada em todos os lugares e situações. Para isso, tanto a sua estruturação
quanto a sua subordinação na empresa podem ter alguma variação em virtude da diversificação das atividades e
do porte das empresas, características dos serviços e/ou produtos.
Não é difícil imaginar os diferentes aspectos que envolvem a manutenção dentro de um grande hospital, em
uma siderúrgica ou a bordo de um navio. No entanto, a filosofia básica é a mesma e de um certo modo, algumas
relações estruturais ou organizacionais são muito semelhantes.
2.1.1. Subordinação
A subordinação da manutenção nas empresas varia de acordo com:
a) o tamanho da empresa;
b) a política organizacional;
c) o impacto das atividades de manutenção nos resultados.
Estrutura do Setor de Manutenção
2.1.1. Subordinação

Nas empresas pequenas, as funções técnicas ficam reunidas, estando nelas incluídas manutenção, engenharia,
inspeção e serviços gerais.

A função suprimentos pode ficar na manutenção, porém, mais comumente, está ligada à área administrativa.

No decorrer dos últimos 20 anos, em função de alguns movimentos como a Reengenharia e Redução de
níveis hierárquicos, a subordinação da manutenção à Diretoria e Superintendência foi reduzida, enquanto crescia a
sua consolidação no nível gerencial.

Dados da ABRAMAN mostram que, no Brasil, entre 1991 e 1997, “em 80% das empresas pesquisadas, a
Manutenção se subordina à Diretoria ou Superintendência”.
Estrutura do Setor de Manutenção
2.1.1. Subordinação
Estrutura do Setor de Manutenção
2.1.2. Forma de atuação

A primeira abordagem no aspecto estrutural, que depende do tamanho e produtos da planta, é a definição da
forma de atuação da manutenção, isto é, centralizada, descentralizada ou mista. Se a decisão for descentralizar,
é necessário caracterizar se é por área, linha de produto, unidade de negócios ou departamento, ou ainda, uma
combinação destes.
Obviamente que na maioria das pequenas e médias empresas, grandes edifícios e hospitais, a manutenção é
centralizada pelas características do processo. Em grande parte das indústrias de processamento, tais como
fábricas de cimento, refinarias e plantas petroquímicas, por exemplo, a manutenção é centralizada pelas
características do layout, que proporciona uma grande concentração de equipamentos em uma área relativamente
pequena.

Entretanto, em grandes usinas siderúrgicas, por exemplo, as características do processo e a grande distância
entre as diversas linhas de produção promovem uma tendência pela manutenção descentralizada.
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2.1.2. Forma de atuação

A terceira forma de atuação da manutenção é a mista, que combina as duas anteriores. A manutenção mista
tem sido muito bem aplicada em plantas grandes ou muito grandes, pois proporciona as vantagens da manutenção
centralizada e da descentralizada.
Uma quarta forma de atuação é a tendência moderna de formação de times multifuncionais alocados por
unidade (s) para fazer um pronto atendimento, em plantas mais complexas, e já aplicada em poucas empresas
brasileiras de alta competitividade, com excelentes resultados. Essa forma apresenta as seguintes vantagens:
a) entrosamento das diversas especialidades;
b) aumento da produtividade e da qualidade;
c) maior conhecimento da unidade;
d) atuação multifuncional;
e) maior integração entre as pessoas e a unidade.
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2.1.2. Forma de atuação
No Brasil a forma de atuação da manutenção é mostrada no gráfico abaixo.

100

90

80
70

60

50
40

30

20

10
Estrutura do Setor de Manutenção
2.1.2. Forma de atuação
Verifica-se que no período de 16 anos, compreendido entre 1995 e 2011, apesar de não ter ocorrido uma
mudança significativa no percentual das três formas de atuação, o decréscimo verificado na manutenção
descentralizada foi ocupado pela forma de atuação mista. Em média, 32% da manutenção são centralizados, 28%
descentralizados e 40% mistos.
Observa-se que há uma queda acentuada na adoção da manutenção centralizada em detrimento das
manutenções descentralizada e mista.
A manutenção centralizada apresenta as seguintes vantagens:
a) a eficiência global é maior do que a da manutenção descentralizada, pela maior flexibilidade na alocação de
mão de obra em vários locais da planta;
b) o efetivo da manutenção tende a ser bem menor;
c) a utilização de equipamentos e instrumentos é maior e normalmente eles pode ser adquiridos em menor
número do que na manutenção descentralizada;
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2.1.2. Forma de atuação
d) favorece a aplicação de polivalência;
e) a estrutura de supervisão é bem mais enxuta.
A manutenção centralizada apresenta as seguintes desvantagens:
a) a supervisão dos trabalhos costuma ser mais difícil pela necessidade de deslocamentos a várias frentes de
serviço, por vezes distante uma das outras;
b) o desenvolvimento de especialistas que entendam os equipamentos com a profundidade necessária demanda
mais tempo do que na descentralizada;
c) maiores custos com facilidades, como transporte em plantas que ocupam maiores áreas;
d) menor cooperação entre operação e manutenção. Na manutenção descentralizada, o espírito de equipe pela
convivência diária das pessoas favorece o espírito de cooperação.
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2.1.3. Estruturas de manutenção
A estrutura da manutenção nas empresas tem aspectos distintos em função das atividades que lhe são
pertinentes.
Se tomamos como exemplo uma fábrica de cimento, teremos:
a) manutenção mecânica – mecânica, caldeiraria, soldagem e lubrificação – equipamentos rotativos e
estacionários, incluindo equipamentos de mineração e correias;
b) manutenção de caminhões;
c) manutenção elétrica;
d) manutenção da instrumentação / automação;
e) manutenção complementar – pintura, limpeza, refratários, montagem de andaimes, isolamento;
f) planejamento da manutenção – inclui dia-a-dia e planejamento de paradas.
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2.1.3. Estruturas de manutenção
Entretanto, também podem fazer parte da manutenção:
a) inspeção de equipamentos;
b) suprimentos – inclui administração do almoxarifado, previsão e compra de material;
c) ferramentaria;
d) segurança no trabalho;
e) engenharia de manutenção – inclui pequenos projetos, condução de obras mais simples, estudos e análises,
manutenção preditiva (que pode ficar também alocada às especialidades);
f) contratação – elaboração de contratos, fiscalização, apropriação;
g) manutenção de prédios e pátios.
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2.1.3. Estruturas de manutenção
A estruturação organizacional da manutenção pode apresentar-se de diversas formas, sendo as mais comuns:
a) em linha direta, convencional ou tradicional;
b) em estrutura matricial;
c) em estrutura mista, à partir de formação de times.
A estrutura em linha preserva a identidade da manutenção desde que ela funcione como um grupo coeso,
com subordinação tanto técnica como hierárquica ao mesmo gerente.
Apresenta as vantagens de garantir o domínio tecnológico e incorporação de novas tecnologias, além de
efetivo menor, pela possibilidade e facilidade de remanejamento dos recursos.
Estrutura do Setor de Manutenção
2.1.3. Estruturas de manutenção
Estrutura em linha
Estrutura do Setor de Manutenção
2.1.3. Estruturas de manutenção
Contrariamente à estrutura em linha, que apresenta uma única linha hierárquica, a estrutura matricial
apresenta duas linhas de autoridade:
a) uma vertical – funcional que, normalmente, define o que e quando fazer;
b) outra horizontal – técnica que define o como e com quem executar a intervenção.
Ou seja , o grupamento de manutenção da unidade está hierarquicamente ligado à Gerência de Operação e
tecnicamente ligado à Gerência de Manutenção. Embora a estrutura matricial privilegie a formação de um
agrupamento preocupado com o funcionamento daquela Unidade, gerando um grau maior de cooperação entre a
operação e manutenção, ela pode apresentar as seguintes distorções:
a) descentralização dos arquivos da manutenção;
b) resistência do pessoal de manutenção em adaptar-se à dupla gestão;
c) maior inércia na ajuda mútua entre grupos de unidades diferentes, provocando aumento do efetivo da planta;
d) procedimentos diferentes para serviços iguais (falta de padronização de procedimentos).
Estrutura do Setor de Manutenção

Estrutura matricial
Estrutura do Setor de Manutenção
2.1.3. Estruturas de manutenção
Na estrutura mista, à partir de formação de times, os grupos de estudo e preditiva devem ser centralizados e
subordinados à manutenção, prestando serviço para todas as unidades.
Isso permite um melhor planejamento e cumprimento de programação das medições e análises, além de
maximizar a utilização dos instrumentos.
A estruturação de times de manutenção pode ter várias versões, em função das características da indústria,
tamanho, entre outros.
No entanto, para plantas de portes médio e grande, uma solução que vem apresentando bons resultados é a
que congrega um grupo responsável por uma área ou unidade, composto por supervisores das especialidades da
manutenção, inspeção, segurança e operador da unidade.
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2.1.3. Estruturas de manutenção
Esse grupo faz a programação dos serviços, a análise e facilitação, supervisiona os serviços e garante o
registro e alimentação do sistema informatizado. Sua vinculação técnico-funcional é com a manutenção, mas seu
local de trabalho é na área, dentro da unidade.
De um modo geral, o que se verifica, hoje em dia, é uma busca por estruturas organizacionais cada vez mais
leves. Isso significa:
a) eliminar níveis de chefia e supervisão;
b) adotar polivalência tanto na área de manutenção como na de operação;
c) contratação de serviços por parceria;
d) fusão de especialidades como, por exemplo, eletricidade e instrumentação.
Estrutura do Setor de Manutenção
2.1.3. Estruturas de manutenção

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