Você está na página 1de 2

Bagatela – Documentário - https://youtu.be/dKoZAqP20Hg?

si=eNtVtPG6MGYcAqGB

CASO SUELI DA SILVA (ALVA DE SOLTURA)


Gabriel Nascimento de Carvalho
Simone Helen Drumond Ischkanian

No Brasil, uma realidade que muitas vezes passa despercebida é a extensão desesperadora das penas
pecuniárias e as implicações que estas têm sobre as vidas dos condenados.
Uma história que ilustra esse desafio é a de Maria, uma mulher que enfrenta uma sentença de 2 anos
e 8 meses para pagar uma multa, uma tarefa hercúlea em meio a uma situação econômica e social precária.
Maria se encontra em uma posição angustiante: ela não possui trabalho, o que a impede de sustentar a
si mesma e à sua família. Ao mesmo tempo, Maria é a principal cuidadora de sua neta, o que aumenta a
pressão e as responsabilidades sobre seus ombros. A falta de recursos e apoio a coloca em uma posição
precária, lutando para garantir o básico para sua sobrevivência.
A situação é ainda mais complexa pelo fato de Maria expressar sua revolta em relação à mediadora
judicial, Sonia. Essa tensão pode indicar falhas no processo de mediação, ressaltando a necessidade de um
sistema mais empático e eficaz que considere as circunstâncias individuais e as dificuldades enfrentadas por
indivíduos como Maria.
É importante destacar que Maria se recusou a assinar documentos de uso de imagem, protegendo
assim sua privacidade e dignidade em meio a essa situação difícil. Sua postura ressalta a importância de
respeitar os direitos e a autonomia dos envolvidos, mesmo em contextos legais desafiadores.
A situação de Maria é agravada pelo fato de que ela enfrenta a fome. A falta de acesso a alimentos
básicos é uma realidade desoladora que só amplifica o sofrimento e a incerteza em sua vida diária.
Maria fez uma observação crucial: a falta de emprego e oportunidades na vida a coloca em um beco
sem saída, tornando-a suscetível a retornar ao crime como uma forma de sobrevivência. Este ciclo vicioso é
uma dura realidade enfrentada por muitos indivíduos que, como Maria, lutam para encontrar um caminho
digno após uma condenação.
O caso de Maria é um apelo urgente para uma reforma abrangente no sistema judicial brasileiro. É
essencial que se busque soluções que não apenas punam, mas que também ofereçam oportunidades reais de
reabilitação e reintegração na sociedade.
A dignidade e os direitos humanos de cada indivíduo devem ser salvaguardados, independentemente
de seu passado ou das dificuldades que enfrentam.
A Bagatela Própria, também chamada de Princípio da Insignificância, é uma das primeiras teses que
aprendemos quando estudamos crimes contra o patrimônio.
Art. 155: Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena – reclusão de 1(um) a 4(quatro)
anos e multa. § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a
pena de reclusão pela detenção, diminuí-la de um a dois terços ou aplicar somente a pena de multa.
Em linhas gerais, por Bagatela Própria entende-se que a conduta realizada pelo agente, embora
possua tipicidade formal (subsunção do fato à norma), ela carece de tipicidade material, diante da irrisória
lesão ao bem jurídico.
É o clássico exemplo do indivíduo que é pego furtando uma caneta bic em uma grande rede de
papelarias.
Diante disso, o Supremo Tribunal Federal assentou quatro requisitos (vetores) para que a tese da
atipicidade material da conduta possa prosperar, ou seja, para que a insignificância seja reconhecida.

1. mínima ofensividade da conduta;


2. a ausência de periculosidade social da ação;
3. o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
4. a inexpressividade da lesão jurídica.

Bagatela Imprópria é pautada na noção da desnecessidade de aplicação da pena, ou seja, não existem
razões para que o Estado puna o agente que cometeu uma infração penal.
Um exemplo comumente dado pelas doutrinas reside nos crimes patrimoniais sem violência e nem
grave ameaça. É o caso em que o agente furtou um celular mas, arrependido, devolve no dia seguinte ao
verdadeiro dono. Nessa hipótese, além da bagatela imprópria, merece ser trazido como tese defensiva o
Arrependimento no artigo 16 do CP.
Além disso, ela também é muito evocada nos casos envolvendo violência doméstica em que após a
prática do crime, o casal se reconcilia e volta a viver juntos.
De todo modo, a Bagatela Imprópria é rechaçada pela Jurisprudência, mormente no que tange aos
crimes envolvendo a violência doméstica e familiar contra a mulher, pautada pela relevância penal da conduta.

Você também pode gostar