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OLÁ, CLEBER
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INSCRIÇÃO: 239658

(home)

PROFISIO
ESPORTIVA E ATIVIDADE FÍSICA CICLO

7 VOLUME 1 O que você procura?

descrever a fisiopatologia da lesão muscular e diferenciar as fases de reparação tecidual;


listar os principais fatores de risco extrínsecos e intrínsecos para lesões musculares no esporte;
discutir o paradoxo entre a prevenção de lesões musculares e o treinamento;
classificar as lesões musculares de acordo com os principais sistemas propostos, incluindo o consenso de Munique;
propor soluções para a obtenção de maiores taxas de adesão e sucesso em programas de prevenção de lesões musculares descritos na literatura;
relacionar as variáveis da tríade de reabilitação das lesões musculares;
estabelecer protocolos de reabilitação para atletas que sofreram lesões musculares;
identificar quando o atleta que sofreu uma lesão está apto ao retorno ao esporte com segurança.

■ ESQUEMA CONCEITUAL
+

■ FISIOPATOLOGIA
A lesão causa um desarranjo na estrutura das fibras musculares, desencadeando os seguintes processos:3

necrose;
inflamação;
reparo;
fibrose.

Reparo é o processo de cura de lesões teciduais, podendo ocorrer por meio de dois eventos simultâneos: regeneração celular, em que ocorre o crescimento celular para substituir
as células lesionadas por outras do mesmo tipo, e cicatrização, em que há o preenchimento do local lesionado com tecido fibroso.3

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Antigamente, acreditava-se que o tecido muscular esquelético não teria a capacidade de regenerar-se. Contudo, existe uma reserva de células indiferenciadas, chamadas de células
satélites, que são armazenadas abaixo da lâmina basal (LB) de cada miofibrila. Em resposta à lesão, elas se diferenciam e são responsáveis pela regeneração do tecido.3
Os estudos de Carlson e Faulkner melhoraram a compreensão dos processos biológicos envolvendo a diferenciação das células satélites presentes dentro da estrutura muscular e que
participam da substituição de fibras lesionadas.4 Recentemente, o esforço de muitos pesquisadores (biólogos, imunologistas e fisiopatologistas) evidenciou ligações entre inflamação
muscular e regeneração, revelando um nível surpreendente de coordenação entre esses processos.5
A recuperação de uma lesão muscular, então, sofre um processo de cicatrização ou regeneração. O predomínio de um deles depende de alguns fatores, como extensão da lesão e
vascularização da área lesionada. Por exemplo, quando a LB não é lesionada, o tecido sofre uma regeneração, mantendo as mesmas características do tecido nativo. Por outro lado,
quando ocorre lesão da LB, forma-se um tecido cicatricial com grande quantidade de colágeno, provocando mudanças funcionais nesse tecido.

FASES DA REPARAÇÃO
Existem três fases na reparação da lesão muscular, conforme mostra o Quadro 1.
Quadro 1

FASES DA REPARAÇÃO DA LESÃO MUSCULAR

Fase 1 Fase 2 Fase 3

Destruição Reparo e remodelação Remodelação

Início imediato após a lesão Fagocitose do tecido necrótico Maturação das miofibrilas regeneradas
Resposta inflamatória Regeneração das miofibrilas Contração e reorganização do tecido cicatricial
Necrose das miofribilas Produção do tecido cicatricial conectivo Recuperação da capacidade funcional
Formação de hematoma Neoformação vascular
Crescimento neural

Fonte: Fernandes e colaboradores (2011).3

Na primeira fase de reparação da lesão muscular, é possível observar a ativação de células multinucleadas, principalmente as inflamatórias, mediadas por agentes quimiotáticos. Após 48
horas, os macrófagos são predominantes no sítio da lesão e têm como funções fagocitar o tecido necrosado e ativar as células miogênicas.6
Na segunda fase, ocorrem dois processos simultâneos e competitivos entre si: a regeneração da miofibrila rota e a formação do tecido conectivo cicatricial. Alguns fatores de crescimento
regulam a proliferação e diferenciação das células satélites, que vão formar miotúbulos dispostos ordenadamente. Nessa fase, as miofibrilas têm diâmetro menor e núcleos centrais. Ainda
nesse momento, a liberação de fator de crescimento de transformação β1 (TGF-β1) estimula fibroblastos a produzirem proteínas e proteoglicanos, que irão atuar diretamente na produção do
tecido fibroso.3
Na terceira e última fase, há maturação das miofibrilas e reorganização do tecido cicatricial.

Um progresso balanceado dos processos de regeneração e cicatrização é pré-requisito para uma ótima recuperação contrátil do músculo.

As Figuras 1A–F representam o esquema de reparação de uma lesão muscular, mostrando a evolução em dias (2, 3, 5, 7,14 e 21, respectivamente), incluindo as fases inflamatória, de
reparação e de remodelação.
+

Figura 1 — Ilustração esquemática da reparação do músculo estriado esquelético aos 2 (A), 3 (B),
5 (C), 7 (D), 14 (E) e 21 (F) dias após a lesão muscular.
Fonte: Järvinen e colaboradores (2007).7

Em lesões musculares extensas, podem ser geradas grandes áreas de cicatriz com pequenas áreas de regeneração. A grande quantidade de fibrose está associada à perda do
desempenho atlético, uma vez que esse tecido não é contrátil. Por esse motivo, atualmente há muitas pesquisas direcionadas a estimular a regeneração muscular e bloquear a
formação do tecido fibroso.

EVENTOS DA REGENERAÇÃO
Kaariainen e colaboradores descreveram os eventos que ocorrem durante a regeneração de uma lesão muscular (Quadro 2).
Quadro 2

EVENTOS QUE OCORREM DURANTE A REGENERAÇÃO DA LESÃO MUSCULAR

Tempo pós-lesão Eventos

Retração das miofibrilas rompidas e degrau preenchido com hematoma


Início da necrose das miofibrilas rompidas iniciam a necrose
Formação da banda de contração, permitindo a formação da membrana de demarcação, que impede o aumento na extensão da lesão
Ativação das células satélites em 24h
0–24h

Dias 2 e 3 Diferenciação das células satélites em mioblastos e início da fusão em miotubos


Fagocitose de miofibrilas necrosadas por macrófagos
Início da substituição do hematoma por tecido conectivo

Dia 5 Início do preenchimento das LBs vazias por miotubos


Início da adesão das miofibrilas regeneradas ao tecido conectivo formado

Dia 7 Manutenção das miofibrilas regeneradas fora das membranas


Início da densificação do tecido conectivo

Dia 14 Formação de novas junções miotendíneas

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Dias 21–56 Início da diminuição do tecido cicatricial e do entrelaçamento das miofibrilas


Maturação das fibras regeneradas e periferização dos mionúcleos

Fonte: Kaariainen e colaboradores (2000).8

ATIVIDADES

1. Com relação à fisiopatologia da lesão muscular, assinale a alternativa correta.

A) Na lesão muscular, ocorrem dois eventos independentes: a regeneração celular e o reparo. Somente um será responsável pela recuperação da lesão, dependendo da
gravidade.
B) A regeneração celular acontece graças à presença de células indiferenciadas que se localizam na LB das miofibrilas, chamadas de “células satélites”.
C) O reparo com tecido fibroso na lesão não modifica a capacidade contrátil do músculo.
D) A reparação da lesão muscular é dividida em três fases: destruição, substituição e remodelação.
Confira aqui a resposta

2. Assinale a alternativa que apresenta um processo que ocorre na segunda fase da reparação da lesão muscular.

A) Necrose das miofibrilas.


B) Contração e reorganização do tecido cicatricial.
C) Recuperação da capacidade funcional.
D) Produção do tecido cicatricial conectivo.
Confira aqui a resposta

3. Quanto tempo após a lesão ocorre a formação de novas junções miotendíneas?

A) 5 dias.
B) 7 dias.
C) 14 dias.
D) 21 dias.
Confira aqui a resposta

■ FATORES DE RISCO
Etiologicamente, o risco de lesões depende tanto de fatores extrínsecos, do ambiente, quanto intrínsecos, do próprio atleta (Quadro 3).
Quadro 3

FATORES DE RISCO PARA LESÕES NO ESPORTE

Extrínsecos Contato físico entre atletas adversários;


contato com objetos do campo de atuação (traves, rede, campo, piso).

Intrínsecos Assimetrias na força muscular;


déficits de flexibilidade e controle sensório-motor;
instabilidade articular anatômica;
assimetrias antropométricas;
idade;
lesão musculoesquelética prévia.

Fonte: Adaptado de Nielsen e Yde (1989);9 Árnason e colaboradores (2004);10 Devan e colaboradores (2004);11 Ostenberg e Roos (2000);12 Witvrouw e colaboradores (2003);13 Bradley e Portas (2007);14 Ibrahim, Murrell e Knapman (2007);15 Mandelbaum e
colaboradores (2005);16 Caraffa e colaboradores (1996);17 Ekstrand e Gillquist (1983);18 Söderman e colaboradores (2001).19

Os fatores extrínsecos podem acarretar as lesões por contato. Quanto aos fatores intrínsecos, seu impacto específico sobre as lesões musculares continua controverso, apesar de vários
estudos já terem investigado essa questão.

SISTEMAS DINÂMICOS
O British Journal of Sports Medicine publicou um editorial, assinado pelo Professor Chad Cook, da Duke University, que destaca algumas questões extremamente pertinentes a respeito dos
desenhos de estudo e métodos estatísticos para a documentação dos fatores de risco para lesões no esporte.20 Primeiramente, vale ressaltar a analogia feita por ele: qual é a relação entre
prever uma lesão esportiva e o resultado das eleições americanas, sempre muito disputadas e imprevisíveis?

Segundo Cook,20 as duas situações citadas têm muita relação entre si. A explicação para tal vem de que ambos os contextos de previsibilidade estão inseridos dentro de sistemas
dinâmicos. Esses sistemas dinâmicos dizem respeito a um ambiente que depende de fatores internos e externos para atingir a estabilidade, ou seja, é multifatorial e multivariado.

As lesões esportivas, então, ocorrem dentro de sistemas dinâmicos. Porém, comumente seus fatores de risco são avaliados de maneira isolada, linear, independentemente das mudanças
internas do indivíduo ao longo do tempo e de fatores extrínsecos que atuam para que uma lesão ocorra. Há limitações para predizer lesões que ocorrem nesses modelos lineares. Em geral,
eles recebem menor atenção dos pesquisadores em aspectos como:20

variações de competitividade dentro dos esportes;


excesso de refinamento do fator de risco analisado isoladamente;
fatores extraindivíduo, como tipos diferentes de campo;
aderência do atleta ao protocolo preventivo proposto.

É necessária uma reflexão ampla sobre os riscos que os atletas correm, mesmo se combatidos os fatores de risco avaliados de maneira isolada. A ideia central é ter em mente que o
atleta não fica “congelado” no tempo. As deficiências verificadas pela história pregressa, pelo perfil físico ou pelos déficits de desempenho muscular comparados com o lado oposto
(contralateral ou anteroposterior), avaliadas antes do início do período competitivo ou recreacional do atleta, sofrerão mudanças resultantes do tempo e da exposição do indivíduo
aos fatores ambientais, incluindo os treinamentos.

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS FATORES INTRÍNSECOS


Como tendência geral, os estudos relevantes sobre os fatores de risco intrínsecos para lesões no esporte atentaram ao pressuposto de que as assimetrias músculo–força alteram os
padrões cinéticos dos membros inferiores dos atletas, o que predispõe a lesões musculares.11,12,19,21,22 Enquanto alguns estudos encontraram uma correlação significativa entre essas
assimetrias e lesões,11,19,21 outros não conseguiram detectar significância nessa associação.12,22,23

A idade do atleta pode estar relacionada com a redução da capacidade fisiológica de lidar com o estresse e a alta demanda dos treinamentos. A massa muscular na idade adulta diminui
progressivamente com o envelhecimento, devido à redução na quantidade e na área de secção transversal das fibras musculares. Além disso, tendões perdem sua capacidade de
armazenar, retornar e transmitir energia ao longo da vida.24,25 Esse fenômeno é mais intenso em indivíduos mais velhos, o que pode contribuir para a associação entre idade do jogador e

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armazenar, retornar e transmitir energia ao longo da vida.24,25 Esse fenômeno é mais intenso em indivíduos mais velhos, o que pode contribuir para a associação entre idade do jogador e
quantidade e gravidade das queixas no membro inferior.

Outro fator que poderia explicar a associação supracitada é a ocorrência de lesões prévias.26 Considerando que as lesões do tendão e do músculo são frequentes, é possível que os
jogadores mais velhos tenham sofrido esse tipo de lesão em temporadas anteriores. Isso pode afetar a estrutura do tecido e predispô-lo à recorrência.

Jogos, competições, provas e treinos exigem que os atletas lidem com diferentes graus de cargas de trabalho mecânicas e assimétricas impostas às estruturas musculoesqueléticas de
suas extremidades inferiores, o que pode desencadear uma lesão.27,28 No futebol, por exemplo, a taxa de incidência de lesões varia de 1,5 a 15,4 por mil horas de treinos e de 7,4 a 47,5 por
mil horas de jogos.18,29,30

LEMBRAR
Em comparação com outros esportes de equipe, como vôlei, handebol e basquete, o futebol apresenta as taxas mais elevadas de lesões, sendo que de 68 a 88% delas são de
membros inferiores.31–33

No futebol, mecanismos relacionados às lesões também se associam ao tipo de demanda a que esses atletas em particular são submetidos e que, portanto, constitui um fator específico do
esporte.34 Por exemplo, quando o jogador chuta ou corta a direção da bola em dribles, o sistema musculoesquelético tem que armazenar parte da energia elástica para reutilização posterior,
na ação subsequente.34 Esse mecanismo garante menor sobrecarga muscular durante partidas e treinos.

A presença de alguns fatores intrínsecos que se relacionam com a execução do gesto esportivo, como fraqueza muscular, por exemplo, e que interferem diretamente na capacidade
de modular a energia elástica pode resultar em maior tensão sobre os tecidos associados a esse gesto. Isso aumenta o risco de lesão.35

LESÕES DE NÃO CONTATO


A maioria das lesões musculares é de não contato. Elas estão relacionadas com os fatores de risco intrínsecos do atleta, em que o mecanismo de lesão independe de uma força externa.36,37
Algumas atividades não só estão associadas ao mecanismo e ao tipo de lesão, mas também auxiliam no entendimento da prevalência dessas lesões de não contato, como:34,37

corrida;
sprints;
saltos;
cortes;
arremessos.

A predominância das lesões de não contato reforça a importância da implementação de programas e avaliações que facilitem a prevenção de seu surgimento ao longo da
temporada.

Aproximadamente 25% das lesões de não contato ocorrem na coxa.33,36 Elas decorrem principalmente do estiramento rápido da musculatura, contraída excentricamente, como no caso
de lesões em posteriores de coxa (isquiotibiais). Além disso, elas podem resultar de uma contração intensa e veloz do músculo, como em lesões em anteriores de coxa (quadríceps). As
principais complicações envolvem uma prolongada incapacidade funcional e uma forte tendência a recorrências.18

As lesões de não contato na coxa ocorrem, também, durante corridas e saltos, momentos em que os músculos isquiotibiais devem atuar na extensão do quadril. Há uma mudança brusca
da ação excêntrica para a concêntrica desses músculos durante esses gestos, o que aumenta o risco do aparecimento de lesões.38

PARADOXO ENTRE PREVENÇÃO DE LESÕES E TREINAMENTO


Outro fator de risco para lesões de esporte amplamente estudado atualmente é o rastreamento das cargas de trabalho impostas aos atletas nos treinamentos.

A relação entre cargas de treinamento, condicionamento físico, desempenho e lesões é fundamental para a medicina esportiva. Qualquer lesão relacionada à carga de treinamento é
comumente vista como evitável e do domínio da ciência do esporte.

O modelo clássico de desempenho esportivo propõe que o desempenho de um atleta em resposta ao treinamento pode ser estimado pela diferença entre uma função negativa (a fadiga) e
uma função positiva (a aptidão). O “ponto ideal” do estímulo de treinamento é aquele que maximiza o potencial de desempenho (aptidão), com uma carga de treino apropriada, ao mesmo
tempo que limita as consequências negativas do treinamento.

Cargas externas versus cargas internas


Para dificultar ainda mais o trabalho dos profissionais de medicina esportiva, é necessário considerar, na resposta do atleta, as cargas de treinamento externas (que são impostas pelo
profissional de medicina esportiva nos treinos) e as cargas de treinamento internas (que consistem na resposta fisiológica às cargas externas). Essas últimas se relacionam intimamente
com as características individuais do jogador, como:

idade;
peso;
capacidade física prévia;
histórico de lesão.

LEMBRAR
Cargas de treinamento externas idênticas podem provocar cargas internas consideravelmente diferentes entre os indivíduos. O que pode ser um treinamento adequado e com um
alto poder de minimizar riscos para um pode ser baixo ou exagerado para outro.

Oscilações semanais na carga de treinamento

A literatura tem indicado que mudanças relevantes na carga de treinamento externa de uma semana para outra, seja para um atleta são ou para um atleta entregue à reabilitação, constituem
um fator de risco para lesões.

Atualmente, modelos preditivos com base na carga externa consistem em uma ferramenta estudada para ordenar o treinamento dos atletas. Basicamente, para uma variável arbitrária, como
quantidade de um gesto (por exemplo, chutes) ou volume de sprints documentados por sistemas de monitoramento por global positioning system (GPS), a média da carga imposta nas
últimas semanas deve ser similar à média da carga da semana corrente, seja para o atleta de grupo ou para o atleta sob protocolo de reabilitação.39

Não é a carga elevada de treinamento propriamente dita que está relacionada invariavelmente a lesões, já que cargas altas melhoram a aptidão física, mas sim as variações, picos
nas cargas de treinamento. Com gatilhos internos desfavoráveis, essas mudanças elevam a chance de lesão.39

A preparação esportiva e a fisioterapia têm o objetivo de desenvolver a resiliência, expondo os jogadores a treinamentos fisicamente intensos para prepará-los para as demandas mais
exigentes dos jogos. Pelo que foi exposto anteriormente, treinamentos de alta intensidade não podem ser considerados sinônimo de fator de risco para lesões. O volume desse treinamento
é que vai nortear o esforço repetitivo e a possibilidade real de desencadear uma lesão em um indivíduo cujo substrato interno seja desfavorável.

Realizar ações próximas aos limites físicos dos atletas é parte integrante dos esportes. Cabe à medicina esportiva treinar a resistência do indivíduo a esses esforços, a fim de que,
em uma situação competitiva em que tal valência seja exigida em alta carga, ele possa desempenhar de maneira fisiológica e biomecanicamente eficiente e adequada. A literatura
demonstra que, mais do que as altas cargas de treinamento, as oscilações nesse volume, nessas cargas, podem constituir um importante fator de risco para as lesões relacionadas
ao treinamento.

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Piggott, Newton e McGuigan verificaram que 40% das lesões no esporte estavam associadas a uma mudança superior a 10% na carga de treinamento de uma semana em relação à
semana anterior.40 Quando a carga de treinamento tinha baixa oscilação entre as semanas (variando de 5 a 10% em relação à semana anterior), os atletas possuíam um risco inferior a 10%
de lesão. No entanto, quando ela era aumentada em 15% em comparação à da semana anterior, o risco de lesão aumentava em até 49%.

LEMBRAR
Para minimizar o risco de lesão, deve-se limitar o aumento semanal da carga de treinamento a 10%.39,41

A constância nos treinamentos ao longo da semana deve ser considerada. Além disso, é importante que a transição entre treinamentos semanais de alta e baixa intensidade seja realizada
de maneira paulatina. Pode-se, ainda, diluir diferentes níveis de treinamentos ao longo da mesma semana, para que esse volume alto e baixo se dissipe e possa ser similar ao das semanas
seguintes. Assim, deve-se tabular as cargas de treinamento em uma base de semana a semana, com o objetivo de delinear o risco de lesões.

ATIVIDADES

4. Observe as afirmativas sobre os fatores de risco para lesões musculares.

I — Podem ser divididos em extrínsecos (por exemplo, piso, calçado, contato) e intrínsecos (por exemplo, força, flexibilidade, propriocepção).
II — Os fatores de risco intrínsecos estão relacionados com déficits de flexibilidade, instabilidade articular, lesões prévias e assimetrias na força muscular dos membros, entre outros.
III — A idade do atleta não pode ser considerada um fator de risco para lesão muscular, uma vez que ele deve ser fisiologicamente capaz de lidar com o estresse e a alta demanda.

Qual(is) está(ão) correta(s)?

A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a I e a II.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta

5. O que são sistemas dinâmicos? Explique como esse conceito está relacionado aos fatores de risco para lesões musculares.

Confira aqui a resposta

6. Observe as afirmativas sobre as lesões de não contato.

I — Constituem a maioria das lesões musculares.


II — Cerca de um quarto delas ocorre na coxa.
III — Estão relacionadas com os fatores de risco extrínsecos para lesões.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta

7. Sobre os programas de prevenção de lesões musculares e o treinamento de atletas, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).

( ) A relação entre cargas de treinamento, condicionamento físico, desempenho e lesões é fundamental para a medicina esportiva.
( ) O “ponto ideal” do estímulo de treinamento é aquele que maximiza o potencial de desempenho (aptidão), com uma carga de treino apropriada, ao mesmo tempo que limita as
consequências negativas do treinamento.
( ) Mudanças na carga de treinamento externa de uma semana para outra não acarretam risco para lesões musculares.
( ) A literatura demonstra que, mais do que as altas cargas de treinamento, as oscilações nesse volume, nessas cargas, podem constituir um importante fator de risco para lesões
relacionadas ao treinamento.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — F — F — V.
B) F — V — F — V.
C) V — V — V — F.
D) V — V — F — V.
Confira aqui a resposta

8. Segundo o trabalho de Piggott e colaboradores, qual é o limite de incremento na carga semanal de treino para minimizar o risco de lesão?

Confira aqui a resposta

■ SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO
Ao falar em lesão muscular, uma das grandes dificuldades diz respeito a sua classificação.

Como em qualquer área da saúde, as lesões musculares devem ser classificadas de forma eficiente, para que sejam traçadas as estratégias terapêuticas e de reabilitação mais
adequadas a cada caso, diminuindo o tempo de afastamento dos atletas e a taxa de recorrência de lesões.

A literatura ainda traz pouco conteúdo sobre a definição e a classificação das lesões musculares. A terminologia e a própria classificação consistem em desafios, muito provavelmente pelo
fato de os músculos terem tamanhos e formas diferentes, além de uma complexa organização funcional e anatômica.
42

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A falha contínua em estabelecer um sistema de classificação com ampla aceitação resulta de fatores como:42

aplicabilidade clínica limitada;


inclusão de achados subjetivos;
terminologia ambígua.

Existem diferentes sistemas de classificação das lesões musculares publicados na literatura (Quadro 4), mas, como já dito, há pouca consistência de sua aplicação dentro da prática clínica.
Quadro 4

SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES MUSCULARES

O’Donoghue (1962) Ryan (1969), inicialmente para Takebayashi (1995) e Peetrons (2002), Stoller (2007), com base em MRI
quadríceps com base em US

Grau I Resposta inflamatória pequena Lesão em algumas fibras Sem anormalidade ou sangramento MRI negativa, 0% de dano estrutural
Sem lesão de tecido ou perda Fáscia intacta Sem ruptura de fibra, inferior a 5% do Edema intenso, com ou sem
funcional músculo envolvido hemorragia

Grau II Dano tecidual Lesão em um número moderado de Ruptura de fibra superior a 5% do MRI positiva com ruptura de até 50%
Resistência da unidade fibras músculo envolvido das fibras musculares
musculotendínea reduzida Fáscia sem lesão Apresentação ou não de lesão fascial Retração parcial das fibras
Alguma função residual musculares

Grau III Lesão completa da unidade Lesão em muitas fibras musculares Ruptura muscular completa de fibra, Ruptura muscular, 100% de dano
musculotendínea Lesão parcial da fáscia com retração estrutural
Perda completa de função Lesão fascial Rasgo completo, com ou sem retração
muscular

Grau IV Lesão completa do músculo e da


fáscia da unidade musculotendínea

US: ultrassom; MRI: imagem por ressonância magnética.


Fonte: Adaptado de Mueller-Wohlfahrt e colaboradores (2013).43

LEMBRAR
O sistema concebido por O’Donoghue ainda é o mais amplamente utilizado para classificar a gravidade das lesões musculares. Ele é baseado na quantidade de tecido lesionado e
na perda funcional associada.43

CONSENSO DE MUNIQUE
Em 2013, o consenso de Munique surgiu como um sistema de classificação criado para apresentar uma definição mais precisa da terminologia referente à lesão muscular.43 Ele foi projetado
para melhorar o entendimento acerca da grande variedade de lesões observadas em atletas. Esse consenso trouxe definições interessantes sobre o tema, como:

distúrbio muscular funcional — distúrbio indireto agudo, sem evidência macroscópica de ruptura muscular, muitas vezes associado ao aumento circunscrito do tônus (rigidez muscular);
lesão muscular estrutural — qualquer lesão muscular aguda com evidência macroscópica de ruptura muscular.
A lesão estrutural do músculo, assim, se caracteriza por uma desorganização, ruptura parcial ou completa de fibras ou feixes musculares, causada pelo esforço excessivo ou trauma. Há,
ainda, lesões não estruturais, que não ocasionam uma ruptura de fibras, mas geram incapacidade funcional, como as contraturas e as câimbras.
No Quadro 5, observam-se a representação do consenso de Munique e a forma como se apresenta sua classificação.43 Esse consenso busca padronizar as definições e os termos relativos
aos distúrbios às lesões musculares e propõe uma classificação prática e abrangente. Como já visto, distúrbios musculares funcionais são diferenciados de lesões estruturais.
Quadro 5

CLASSIFICAÇÃO DE DISTÚRBIOS MUSCULARES AGUDOS E LESÕES SEGUNDO O CONSENSO DE MUNIQUE

Distúrbio muscular funcional Tipo 1 — Distúrbio muscular relacionado com o excesso Tipo 1A — Distúrbio muscular induzido por fadiga
de esforço
Tipo 1B — DOMS

Tipo 2 — Distúrbio neuromuscular Tipo 2A — Doença neuromuscular relacionada à coluna


vertebral

Lesão muscular indireta Tipo 2B — Doença neuromuscular relacionada ao


músculo

Lesão muscular estrutural Tipo 3 — Lesão muscular parcial Tipo 3A — Lesão parcial mínima

Tipo 3B — Lesão parcial moderada

Tipo 4 — Lesão total Lesão muscular completa ou avulsão do tendão

Lesão muscular direta Contusão

Laceração

DOMS: dor muscular de início tardio.


Fonte: Adaptado de Mueller-Wohlfahrt e colaboradores (2013).43

■ PREVENÇÃO: ASPECTOS IMPORTANTES


A prevenção de lesões otimiza o desempenho dos atletas. Ela pode ser baseada em uma desordem específica ou no controle geral de fatores de risco.

O maior desafio na prevenção de lesões é traduzir os resultados obtidos nos estudos para as condições reais, em ambientes menos controlados.

Em 1983, o Professor Jan Ekstrand publicou o primeiro ensaio clínico aleatorizado de um programa de prevenção de lesões em esportes com bola. De lá para cá, inúmeros programas de
exercícios para prevenção nesses esportes foram publicados. O’Brien e Finch, em uma recente revisão sistemática, identificaram mais de 50 trabalhos envolvendo programas de exercícios
preventivos para esportes com bola.44 Se existem programas de prevenção, qual é a dificuldade para diminuir as taxas de lesões?

A mera existência de bons estudos de prevenção não é suficiente; é preciso mais do que isso. Por mais que existam programas preventivos altamente eficientes na literatura, seu efeito
diminui muito em condições reais, a menos que eles sejam adotados, implementados e mantidos, visando à obtenção de sucesso nessa tarefa.45 É aí que entra uma palavra-chave nos
estudos de prevenção de lesões: compliance. Essa palavra pode ser traduzida como a conformidade do atleta ao protocolo proposto, mas abrange mais do que isso, levando a discussões
na literatura sobre seu significado.

Não basta ter conformidade ao protocolo enquanto o realiza; deve-se executá-lo de acordo com as condições estabelecidas no estudo, com aderência igual à proposta no estudo,
sem “jeitinhos” nem adaptações. Isso aumenta a chance de sucesso do protocolo preventivo.

Treinadores e equipes de medicina esportiva, muitas vezes, modificam os protocolos de prevenção da literatura para adequá-los ao tempo e à logística de sua equipe, e esses ajustes

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Treinadores e equipes de medicina esportiva, muitas vezes, modificam os protocolos de prevenção da literatura para adequá-los ao tempo e à logística de sua equipe, e esses ajustes
afetam a eficácia dos programas. Tão importante quanto implementar programas preventivos direcionados aos atletas é trabalhar para que a equipe entenda melhor a importância de seguir
à risca os protocolos. Desse modo, todos podem encorajar os atletas a aderir e seguir o que se propõe.

■ REABILITAÇÃO: TRÍADE DE VARIÁVEIS A SEREM CONSIDERADAS


Ao trabalhar com um atleta lesionado, o fisioterapeuta do esporte depara com uma tríade na reabilitação. É necessário refletir sobre três variáveis:

fisiopatologia da lesão;
aptidão funcional (isto é, capacidade de desempenhar todas as funções do esporte sem déficit);
tempo de retorno ao esporte.
Os profissionais devem adequar essas variáveis a cada caso de lesão, a fim de auxiliar no raciocínio da montagem e na evolução do programa de reabilitação. Cada um desses itens deve
ser explorado de maneira eficiente, para um retorno seguro do atleta.

A reabilitação do atleta lesionado deve ter como objetivo fazê-lo regressar ao esporte no estágio mais avançado da fisiopatologia da lesão, estando funcionalmente apto para exercer
a maioria dos gestos do esporte com segurança, no menor tempo possível.

Os protocolos de reabilitação devem se pautar pelo respeito ao tempo de reparação, pelos estímulos tensionais necessários para uma boa cicatrização e, principalmente, pelo
reconhecimento de quando o músculo lesionado está apto ao retorno à atividade. É importante que o fisioterapeuta esportivo conheça os eventos que ocorrem imediatamente após a lesão e
saiba qual é a melhor maneira de colaborar para esse processo. O objetivo, com isso, é que se tenha um tecido de regeneração capaz de suportar cargas semelhantes às sustentadas pelo
tecido original.

ATIVIDADES

9. Sobre os sistemas de classificação de lesões musculares, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).


( ) Na literatura, são encontrados muitos e diferentes sistemas de classificação das lesões musculares, porém existe pouca consistência de sua aplicação dentro da prática clínica.
( ) O consenso de Munique foi criado para apresentar uma definição mais precisa da terminologia referente às lesões musculares, melhorando o entendimento acerca de sua grande
variedade.
( ) No consenso de Munique, a lesão muscular estrutural do tipo 4 é caracterizada por uma lesão parcial mínima.
( ) O consenso de Munique apresenta o termo “distúrbio muscular funcional” para caracterizar um distúrbio indireto agudo, sem evidência macroscópica de ruptura muscular, muitas
vezes associado ao aumento circunscrito do tônus.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — V — V — F.
B) V — V — F — V.
C) V — F — V — V.
D) F — V — V — V.
Confira aqui a resposta

10. Sobre os critérios de descrição do grau I de sistemas de classificação das lesões musculares propostos por diferentes autores, correlacione as colunas.

(1) O’Donoghue ( ) Edema intenso, com ou sem hemorragia


(2) Ryan ( ) Lesão em algumas fibras
(3) Takebayashi ( ) Ausência de lesão de tecido ou perda funcional
(4) Stoller ( ) Ausência de anormalidade ou sangramento

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) 4 — 2 — 1 — 3.
B) 4 — 1 — 2 — 3.
C) 3 — 2 — 1 — 4.
D) 3 — 1 — 2 — 4.
Confira aqui a resposta

11. Segundo o consenso de Munique, a contusão é um exemplo de:

A) distúrbio muscular funcional.


B) distúrbio muscular direto.
C) lesão muscular direta.
D) lesão muscular indireta.
Confira aqui a resposta

12. Sobre os programas de prevenção de lesões musculares, assinale a alternativa correta.

A) Programas de prevenção altamente eficientes estão disponíveis na literatura, trazendo benefícios tanto no ambiente real quanto no controlado.
B) O maior desafio na prevenção de lesões é traduzir os resultados obtidos nos estudos para as condições reais, em ambientes menos controlados.
C) É indicado que as equipes de medicina esportiva modifiquem os protocolos de prevenção da literatura para adequá-los a seu tempo e sua logística.
D) Compliance pode ser definido como as adaptações e mudanças realizadas em protocolos já existentes para adequá-los à situação de cada clube.
Confira aqui a resposta

13. Quais são as variáveis que compõem a tríade da reabilitação do atleta lesionado? Com base nisso, qual deve ser a meta do protocolo de reabilitação?

Confira aqui a resposta

■ LESÕES DA MUSCULATURA ISQUIOTIBIAL: MODELO DE CONDUTA FISIOTERAPÊUTICA


As lesões de não contato nos músculos que compõem o complexo isquiotibial são as mais comuns em diversos esportes. Elas acarretam a depreciação física focal e afetam a capacidade
física geral pela retirada da carga de treinamento aos níveis da aptidão física. Além disso, tais lesões trazem as seguintes consequências:46

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afastamento temporário do esporte;


custo financeiro referente ao tratamento;
risco de recorrência.
As elevadas taxas de recorrência de lesões da musculatura isquiotibial estão relacionadas a fatores como:47,48

recuperação incompleta no momento do retorno ao esporte;


reabilitação equivocada;
adaptação estrutural inadequada no local lesionado.
Essas lesões ocasionam déficits na estrutura muscular que podem perdurar após o atleta ser liberado. Isso é fruto da continuidade do processo fisiológico avançado de cicatrização, apesar
de o indivíduo estar funcionalmente apto e liberado para os treinamentos. Esses déficits podem ser causa ou efeito da lesão, apontando para gargalos relacionados à abordagem dessas
injúrias; uma lesão tratada de maneira equivocada será, futuramente, catalisadora de um risco de nova lesão.

AVALIAÇÃO DO PROGRESSO DE REABILITAÇÃO

A progressão da reabilitação muscular pode ser baseada nas etapas fisiopatológicas da cicatrização; todavia, esse é um pensamento complexo, visto que as fases se entrelaçam. O
tratamento também pode evoluir a partir de critérios individuais e funcionais.

Hickey e colaboradores, em uma revisão sistemática, avaliaram a progressão da reabilitação e os critérios de retorno ao esporte pós-lesão de isquiotibiais em 601 esportistas.49 Eles
verificaram que as progressões nas etapas da reabilitação eram amplamente baseadas na percepção da dor, ou seja, quando não havia percepção dolorosa no incremento dos protocolos,
mudava-se de conduta. Para o regresso ao esporte, os critérios eram fundamentados em testes de desempenho, como ser capaz de realizar sprints e movimentos do esporte sem dor, e
avaliações clínicas, também baseadas na dor, como o teste padrão de flexibilidade dos isquiotibiais.

No teste padrão de flexibilidade dos isquiotibiais, a perna, posicionada com o joelho estendido, é movida passivamente, progredindo a flexão do quadril até chegar a um limite de
desconforto para o paciente. Existe, ainda, um teste alternativo, em que o quadril é mantido a 90° de flexão e o joelho é passivamente trazido para a extensão.

Nos testes passivos, o paciente é instruído a relaxar e a dizer “parar” quando se alcança o nível máximo da amplitude de movimento (ADM). O ponto final é atingido quando o
indivíduo relata uma sensação de alongamento forte, mas tolerável na musculatura do isquiotibial.

Estudos que implementaram o teste de dinamometria isocinética no retorno ao esporte melhoraram, em parte, a confiança das avaliações. Porém, trata-se de um equipamento de alto
custo e indisponível para a maioria dos profissionais.49

Um critério recentemente estudado para o retorno ao esporte pós-lesão de isquiotibiais foi o teste H de Askling, que avalia a capacidade do atleta de tolerar o alongamento dinâmico dos
isquiotibiais sem dor.50

No teste H, a instrução para o paciente é realizar um levantamento ativo da perna reta, tão rápido quanto possível, até o ponto mais alto tolerável (Figuras 2A e B). Realizam-se três
movimentos ativos, e o paciente avalia a experiência de insegurança e dor em uma escala visual analógica.

A flexibilidade medida pelo teste é tabulada. A maior medida é comparada com o membro contralateral ou com a medida anterior obtida durante o tratamento (para documentar a
evolução) ou, ainda, com medidas de base realizadas previamente (na pré-temporada ou no início do seguimento do atleta).

Figura 2 — Início (A) e fim (B) do teste H, realizado ativamente na maior velocidade possível. Note-se a necessidade de
manter a extensão do joelho da perna em teste e a restrição da perna contralateral, para não influenciar o movimento.
Fonte: Askling e colaboradores(2010).50

O teste H mostrou ser sensível para detectar diferenças da ADM ativa em atletas com lesão em isquiotibiais. Seu uso foi sugerido como opção no arsenal de avaliação da
reabilitação de atletas lesionados e correlacionado com baixos índices de novas lesões. Esse teste ainda requer mais estudos, mas se trata de uma maneira padronizada de realizar
uma avaliação dinâmica, ativa da flexibilidade e de sua interação com o nível de evolução da recuperação do atleta.

INSERÇÃO DE SESSÕES DE ALONGAMENTO


Além do rastreamento do progresso de reabilitação, alguns fatores devem ser levados em consideração para a manutenção de um protocolo seguro e eficiente.

É importante considerar a inserção, no tratamento, de abordagens que incluam carga/resistência ativa durante o alongamento da musculatura posterior da coxa. A realização de quatro
sessões diárias de alongamentos estáticos se correlaciona com tempos de reabilitação mais curtos.51 Contudo, protocolos associados a exercícios que envolvem alongamento dinâmico
têm como principal característica a tentativa de se colocar carga sobre os isquiotibiais durante o alongamento dinâmico máximo, utilizando exercícios intitulados extender, diver e glider
(Quadro 6 e Figuras 3A–C).52
Quadro 6

EXERCÍCIOS PARA A REABILITAÇÃO DE LESÕES NOS ISQUIOTIBIAIS QUE ENVOLVEM ALONGAMENTO

Extender Diver Glider

O atleta deve segurar e estabilizar a perna machucada com o quadril flexionado a aproximadamente 90°.

Então, ele deve executar extensões lentas do joelho até o O exercício deve ser realizado como um mergulho simulado. O exercício começa de uma posição com o tronco ereto, com
ponto imediatamente anterior à dor. O atleta deve flexionar o quadril (de uma posição vertical do uma mão prendendo a barra de sustentação.
tronco) e a perna lesionada. Todo o peso corporal deve estar no calcanhar da perna
Ele deve realizar um estímulo simultâneo dos braços para lesionada (à esquerda na Figura 3C) com flexão de
uma tentativa de extensão máxima do quadril e da perna aproximadamente 10–20° no joelho.
levantada. O atleta deve iniciar o movimento deslizando para trás a outra
A pelve deve ser mantida na horizontal. perna, parando antes que comece a dor.
O ângulo do joelho deve ser mantido a 10–20° na perna Ele deve realizar o movimento de volta para a posição de
levantada. partida com a ajuda de ambos os braços, não usando a perna
Devido à complexidade, esse exercício deve ser realizado lesionada.
lentamente no início. A progressão é obtida aumentando a distância de deslize e
realizando o exercício mais rapidamente.

O atleta deve realizar 3 séries de 12 repetições, 2 vezes por dia. O atleta deve realizar 3 séries de 6 repetições, 1 vez a cada 2 O atleta deve realizar 3 séries com 4 repetições, 1 vez a cada 3
dias. dias.

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dias. dias.

Fonte: Askling e colaboradores (2014).52

Figura 3 — Exercícios para a reabilitação de lesões nos isquiotibiais que envolvem alongamento: extender (A); diver (B);
glider (C).
Fonte: Askling e colaboradores (2014).52

INSERÇÃO DE EXERCÍCIOS EXCÊNTRICOS


Com a evolução do paciente, reavaliado periodicamente pelos critérios clínicos anteriormente apresentados neste artigo, há necessidade de inserir exercícios com enfoque excêntrico para
auxiliar no ganho eficiente de força e no melhor arranjo arquitetônico da musculatura posterior. Esses exercícios podem contribuir para a produção de fascículos mais longos e maior número
de sarcômeros em série. Sugere-se que isso ajude para uma contração mais eficiente e uma biomecânica favorável durante os gestos do esporte.53,54

As contrações excêntricas explosivas são o mecanismo de trauma da maioria das lesões de isquiotibiais. Portanto, os exercícios excêntricos devem ser inseridos com cautela,
respeito à fase clínica do paciente e de maneira evolutiva.

Recomenda-se que atletas com histórico de lesão prévia participem de um protocolo preventivo baseado em exercícios excêntricos.

A literatura propõe alguns protocolos excêntricos para a musculatura isquiotibial. Um deles é o exercício nórdico (Figura 4A) e o outro é uma adaptação dele, porém com o movimento de
queda do tronco sendo realizado pela articulação do quadril (Figura 4B). As Figuras 4C e D apresentam exercício de extenção do quadril a 45º.
+

Figura 4 — A-B) Exercício nórdico para isquiotibiais. C-D) Exercício de extensão do quadril a 45º, progressivo da esquerda
para a direita.
Fonte: Bourne e colaboradores (2017).55

Ambos os exercícios apresentados nas Figuras 4A e B possuem a capacidade de uma produção de força superior a outros métodos não excêntricos. O exercício com o movimento realizado
pelo quadril (Figura 4B) consegue, ainda, produzir maior volume e área de secção transversal da cabeça longa do bíceps femoral, um foco importante de lesões nos isquiotibiais.55

Sugere-se uma combinação dos dois exercícios citados — nórdico e sua adaptação — durante a reabilitação de lesões nos isquiotibiais, na tentativa de obter o máximo benefício de
ambos, conforme o protocolo proposto no estudo de Bourne e colaboradores (Tabela 1).55

Tabela 1

PROGRAMA DE TREINAMENTO VARIÁVEL PARA OS EXERCÍCIOS NÓRDICO (ISQUIOTIBIAIS) E DE EXTENSÃO DO QUADRIL

Semana(s) Frequência Séries Repetições

1 2 2 6

2 2 3 6

3 2 4 8

4 2 4 10

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4 2 4 10

5–8 2 5 8–10

9 2 6 6

10 2 5 5

Fonte: Adaptada de Bourne e colaboradores (2017).55

ATLETA LIBERADO PARA O RETORNO AO ESPORTE: ACABOU A FISIOTERAPIA?


Principalmente no esporte competitivo, em que o tempo fora de atividade causa um ônus financeiro importante, é comum que os atletas regressem ao esporte ainda com a lesão em
remissão, porém em um estágio em que ela já suporta as demandas da fase final de reabilitação. Porém, é importante refletir se os testes finais, mesmo em altas energias, mimetizam o que
o atleta irá receber após o retorno às atividades, de maneira crônica e duradoura, até a resolução total da lesão, ou representam apenas uma fração, em que se não leva em conta o
acúmulo das cargas com que a lesão irá deparar.

Para suportar a reflexão supracitada, Wangensteen e colaboradores acompanharam 180 lesões de isquiotibiais em atletas de esportes com bola.56–58 Exames de ressonância nuclear
magnética (RNM) foram realizados 5 dias após a lesão para a documentação do local. Esses atletas foram seguidos até o retorno ao esporte. Das novas lesões ocorridas após o regresso,
79% delas foram no mesmo músculo e no mesmo local da primeira e 50% ocorreram nos primeiros 25 dias depois da volta às atividades. Considerando esses apontamentos, surge a
pergunta: o atleta liberado acabou a fisioterapia?

No mínimo, sugere-se manter um protocolo de fisioterapia por mais 30 dias após a entrega do atleta ao grupo, com o objetivo de dar suporte ao estágio final da lesão. É importante
inserir ações para a reestruturação da arquitetura muscular, com exercícios excêntricos para a otimização dos fascículos e da contração muscular, e reeducar os gestos do esporte.
Isso não é privar o atleta do uso de toda sua demanda física após o retorno estipulado, e sim dar o suporte necessário para que essa demanda seja realizada com segurança,
diminuindo as chances de recidivas.

Adiante, neste artigo, o retorno ao esporte após uma lesão muscular será abordado em mais profundidade.

PROTOCOLO DE PROTEÇÃO, REPOUSO, GELO, COMPRESSÃO, ELEVAÇÃO: QUANDO ADOTAR?


Outra pergunta pertinente com relação à fisioterapia direcionada a atletas com lesões nos isquiotibiais é: quando acabou de ocorrer a lesão, deve-se continuar a abordagem com o
clássico protocolo de proteção, repouso, gelo, compressão, elevação (PRICE)?
Um editorial do British Journal of Sports Medicine, em 2012, trouxe uma nova reflexão sobre o tema supracitado.59 O PRICE foi central para o manejo agudo de lesões nos tecidos moles por
muitos anos. Atualmente, ele é visto como um protocolo não para as lesões agudas, e sim apenas para a abordagem imediata após o ato lesional, uma vez que o fisioterapeuta muitas vezes
não está ao lado do atleta no momento da realização de suas atividades, ou para a abordagem final da sessão de fisioterapia.
O repouso preconizado no protocolo PRICE pode ser suportado no momento imediatamente após a lesão. Entretanto, a fase aguda é composta por vários dias; nesse contexto, o conceito
de repouso não pode ser mais válido, principalmente para atletas. Esse exemplo denota que o pensamento clínico do fisioterapeuta esportivo deve estar em constante evolução.

Períodos mais longos sem carga nos tecidos são prejudiciais e produzem mudanças adversas em sua biomecânica e morfologia. A carga mecânica progressiva, a mobilização
precoce e a reabilitação funcional têm maior probabilidade de restaurar a força e as características morfológicas do colágeno na fase aguda da lesão, por meio de um programa de
reabilitação equilibrado e incremental, em que a atividade precoce encoraja a recuperação precoce.

Tendo em vista as considerações supracitadas, o PRICE pode ser substituído pelo acrônimo POLICE (protection [proteção], optimal loading [carga ótima], ice [gelo], compression
[compressão], elevation [elevação]). Trata-se de uma maneira de pensar a fase aguda com a movimentação/mobilização precoce, “ótima” por ser tolerada, segura e específica dos
movimentos do esporte.59

ATIVIDADES

14. Sobre os testes utilizados na avaliação do progresso de reabilitação do atleta com lesão nos isquiotibiais, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).

( ) O ponto final dos testes passivos é atingido quando o indivíduo relata uma sensação de dor intensa na musculatura do isquiotibial.
( ) O teste de dinamometria isocinética envolve o uso de um equipamento de alto custo e indisponível para a maioria dos profissionais.
( ) O teste H é sensível para detectar diferenças da ADM ativa em atletas com lesão em isquiotibiais.
( ) No teste H, o joelho da perna em teste deve estar fletido e a perna contralateral deve estar restrita.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — F — F — V.
B) V — F — V — F.
C) F — V — F — V.
D) F — V — V — F.
Confira aqui a resposta

15. Descreva a técnica do teste padrão de flexibilidade dos isquiotibiais.

Confira aqui a resposta

16. Assinale a alternativa correta sobre o exercício diver.

A) O atleta deve realizar 3 séries de 12 repetições, 2 vezes por dia.


B) O atleta deve segurar e estabilizar a perna machucada com o quadril flexionado a aproximadamente 90°.
C) Devido à sua complexidade, deve ser realizado lentamente no início.
D) O exercício começa de uma posição com o tronco ereto, com uma mão prendendo a barra de sustentação.
Confira aqui a resposta

17. Observe as afirmativas sobre o uso de exercícios excêntricos nos protocolos de treinamento de atletas e tratamento de lesões musculares.
I — É aconselhável que o atleta com lesão prévia muscular no histórico profissional participe de um protocolo preventivo baseado nesses exercícios.
II — Este tipo de exercício intervém na reorganização da arquitetura muscular, produzindo fascículos mais curtos.
III — Não existe risco em trabalhar as contrações excêntricas explosivas no atleta que está em processo de recuperação de uma lesão muscular.
Qual(is) está(ão) correta(s)?

A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a I e a II.
D) Apenas a I e a III.

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D) Apenas a I e a III.
Confira aqui a resposta

18. Na sexta semana de um programa de treinamento envolvendo o exercício nórdico, quantas séries devem ser realizadas?

A) 2.
B) 3.
C) 4.
D) 5.
Confira aqui a resposta

19. Descreva como deve ser a conduta do fisioterapeuta imediatamente após a liberação para o retorno ao esporte do atleta que sofreu uma lesão nos isquiotibiais.

Confira aqui a resposta

20. Assinale a alternativa que apresenta um item do protocolo POLICE que o diferencia do protocolo PRICE.

A) Elevação.
B) Carga ótima.
C) Compressão.
D) Proteção.
Confira aqui a resposta

■ MODALIDADES TERAPÊUTICAS
O ultrassom (US) de baixa intensidade e a laserterapia de baixa potência (LBP) podem ser utilizados durante o tratamento das lesões musculares.

ULTRASSOM DE BAIXA INTENSIDADE

O US terapêutico é uma das modalidades mais comumente utilizadas por fisioterapeutas. Isso talvez se deva ao fato de ele ofertar uma energia mecânica, transmitida sob a forma
de onda de pressão acústica, que pode modificar fisiologicamente o tecido, resultando em eventos bioquímicos que podem acelerar o processo de cicatrização.60

O mecanismo pelo qual o US de baixa intensidade atua sobre os tecidos musculares não é totalmente compreendido, e seu uso como modalidade de tratamento ainda é controverso para
muitos. Além disso, a utilização de uma grande variedade de doses por diferentes autores, somada à ausência de condições experimentais padronizadas, dificulta muito a comparação dos
resultados publicados.

Um estudo de 2013 avaliou, por meio de uma análise histopatológica e imuno-histoquímica, os efeitos fisiológicos e as modificações teciduais ocorridas durante o processo de cicatrização
muscular em ratos após o tratamento com US pulsado de baixa intensidade. Concluiu-se que o uso dessa ferramenta teve efeitos positivos na estrutura do tecido (melhorando o alinhamento
das fibras de colágeno), bem como na organização e modulação do sistema inflamatório (aumentando a expressão de ciclo-oxigenase 2 [COX-2]).60
Chongsatientam e Yimlamai realizaram um estudo em que ratos foram lesionados e submetidos a um tratamento com US terapêutico pulsado durante 5 minutos, diariamente, iniciando no
dia 1 pós-lesão e continuando durante os dias 3, 7 e 14.61 A conclusão foi que essa modalidade acelera a recuperação muscular, pelo menos em parte, pela regulação positiva da
angiogênese.
Um estudo recente, duplo-cego e randomizado, de Aaron, Delgado-Diaz e Kostek, demonstrou que o uso do US contínuo causou uma redução da percepção da dor e um aumento do limiar
de pressão mecânica no bíceps braquial após danos musculares em 20 jovens que realizaram 50 contrações excêntricas máximas em um dinamômetro isocinético. As medidas de critério de
produção de força isométrica e atividade de creatinoquinase (CK) sérica confirmaram o dano tecidual.62

LASERTERAPIA DE BAIXA POTÊNCIA

O uso da LBP tem obtido excelentes resultados, porém depende da regulagem de parâmetros (frequência, potência, dose, comprimento de onda).56 Seu objetivo é acelerar o
processo de regeneração das fibras musculares. Isso ocorre por um aumento na síntese de adenosina trifosfato (ATP), pela consequente alteração do fluxo de cálcio entre as
mitocôndrias e o citoplasma e, também, pelo início da proliferação de células satélites.56

Para saber mais:

Reis e Nogueira, no artigo “Laserterapia nas lesões musculares do esporte”, publicado no Ciclo 2, Volume 3 do Programa de Atualização em Fisioterapia Esportiva e Traumato-
ortopédica, relatam que o lêiser com comprimento de onda no espectro infravermelho é mais eficaz na penetração de tecidos mais profundos.57

Uma revisão sistemática com metanálise de 2015 concluiu que a fototerapia (com lêiser e light emitting diode [LED]) melhora o desempenho muscular e acelera a recuperação quando
aplicada antes do exercício.56

Por orientação da World Association for Laser Therapy (WALT), as densidades de energia mais adequadas para o tratamento de lesões musculares são parâmetros entre 2 e 4J.58 Observa-
se que essa recomendação é para aparelhos específicos, bem diferentes dos que existem no Brasil.

■ RETORNO AO ESPORTE
Um dos maiores desafios no esporte é definir quando o atleta pode regressar com segurança às suas atividades após sofrer uma lesão. Como dito, o foco da reabilitação é permitir que o
paciente retorne o mais funcionalmente apto possível, no menor tempo e no mais avançado estágio da fisiopatologia da lesão, com controle dos riscos de novas lesões.

Nas lesões da musculatura isquiotibial, por exemplo, a taxa de novas lesões é alta. Por isso, é essencial estabelecer critérios específicos para o estadiamento do atleta e, a partir
disso, refletir se a aptidão ao retorno no menor risco já foi alcançada. Essa tomada de decisão é um processo complexo e deve ser multiprofissional.

A decisão sobre o retorno ao esporte passa por critérios clínicos e funcionais, envolvendo readequações estruturais para minimizar a adaptação da arquitetura diante da lesão e da
diminuição da demanda devido ao período fora do esporte em nível competitivo. Não se pode esquecer, ainda, da interação ambiental não linear a que os atletas são sujeitos diariamente no
esporte e de maneira cumulativa.

A avaliação do atleta para o regresso pós-lesão muscular é intrincada. Na ausência de critérios validados de retorno como melhor evidência disponível, o uso de boas práticas e
consensos de experts é uma alternativa.

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consensos de experts é uma alternativa.

O momento de voltar às atividades após uma lesão consiste em um tema de grande importância para a conduta do fisioterapeuta no esporte. Todavia, a complexidade de gerenciar
pesquisas em atletas sem impactar a confiança deles em seu rendimento dificulta a elaboração de muitos estudos sobre esse tema.

CONSENSO PROPOSTO POR ZAMBALDI, BEASLEY E RUSHTON


Zambaldi, Beasley e Rushton buscaram estabelecer um consenso de especialistas sobre os critérios de retorno ao esporte após a lesão de isquiotibiais.63 Esses critérios podem ser
agrupados em cinco grandes domínios:64

desempenho funcional (consiste na capacidade de atingir sprints máximos);


força (envolve o restabelecimento do equilíbrio contralateral);
flexibilidade (deve ser completa e similar bilateralmente);
dor (a ausência de dor não foi considerada um fator de corte para o retorno);
confiança do atleta (abrange o uso de critérios que mensurem o nível de tensão/ansiedade pré-retorno).

A existência de um consenso não significa que a resposta correta à questão tenha sido encontrada. Mesmo que uma alta evidência sobre o tema ainda não esteja disponível, esse é um
passo para direcionar novos estudos mais robustos sobre tais achados e um apoio às decisões dos fisioterapeutas esportivos.64

ACHADOS DE JACOBEN E COLABORADORES


Na tentativa de predizer o retorno ao esporte pós-lesão, Jacobsen e colaboradores documentaram as conclusões de um estudo envolvendo 90 atletas profissionais com lesões de
isquiotibiais de graus I e II.65 Eles avaliaram o prognóstico do tempo de reabilitação com base em um tripé:

avaliação inicial;
exame de imagem;
proposta de avaliação 7 dias após o início da reabilitação, com base na evolução do paciente.
Basicamente, dados clínicos foram computados nesses três critérios de avaliação. A partir da combinação dos achados desse tripé, os autores avaliaram o tempo de regresso do atleta às
atividades. Qual(is) desses desenhos de avaliação seria(m) preditor(es) do retorno estipulado para o esporte? Resumindo, eles chegaram às seguintes conclusões:

uma avaliação apenas inicial e/ou um exame de imagem por si só não têm utilidade clínica para predizer o retorno do atleta;
a combinação da avaliação inicial e da avaliação após 7 dias de tratamento foi considerada relevante para predizer e acompanhar o tempo de regresso do atleta;
entre as variáveis analisadas como importantes para acompanhar a evolução e o retorno do atleta, os autores destacaram as seguintes:
variação da força avaliada no exame inicial e no exame após 7 dias para o mid-range test;
dados isocinéticos, quando houver, da perna não lesionada, avaliada no exame inicial, a serem usados como linha de base para a perna lesionada;
máxima dor relatada no momento da lesão;
avaliação da força no exame inicial pelo inner-range test;
presença de dor na realização de uma ponte unilateral na avaliação após 7 dias;
força da perna lesionada, documentada pela porcentagem em relação à perna contralateral, por meio do outer-range test (obtida para comparação na avaliação inicial).

Em suma, considerando as observações de Jacobsen e colaboradores, conclui-se que variáveis coletadas dias depois do início da reabilitação podem ser um diferencial para traçar
a evolução do atleta lesionado.65

Os achados supracitados indicam que reavaliar o atleta 1 semana após o início da reabilitação, comparando os níveis de dor e força, a evolução desses parâmetros ao longo da semana,
pode dar uma ideia ao fisioterapeuta sobre o tempo de conduta. Aliados a isso, os seguintes critérios fornecem evidência para o retorno ao esporte:

capacidade de atingir sprints máximos;


restabelecimento de ADM similar bilateralmente;
confiança do atleta no regresso às atividades.

■ REABILITAÇÃO: FLUXOGRAMA RECOMENDADO


A Figura 5 apresenta um fluxograma para a reabilitação das lesões musculares, com base no que foi exposto neste artigo, complementando diretrizes anteriores.65 Para fins didáticos, utiliza-
se a reabilitação da musculatura isquiotibial como exemplo do protocolo. Todavia, o conceito pode ser aplicado a outras lesões, utilizando-se exercícios com efeitos similares para cada
padrão motor e segmento.
+

PRICE: proteção, repouso, gelo, compressão, elevação; POLICE: proteção, carga ótima, gelo, compressão, elevação.
Figura 5 — Fluxograma para a reabilitação das lesões musculares.
Fonte: Elaborada pelos autores.

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ATIVIDADES

21. Observe as afirmativas sobre os achados da literatura referentes ao uso do US de baixa intensidade no tratamento de lesões musculares.
I — O estudo duplo-cego de Aaron, Delgado-Diaz e Kostek evidenciou que o uso do US contínuo reduziu a percepção da dor e o limiar de pressão mecânica bíceps braquial após
danos musculares.
II — De acordo com o estudo de Chongsatientam e Yimlamai, essa ferramenta agiliza a recuperação muscular pela regulação positiva da angiogênese.
III — Um estudo de 2013 mostrou que seu uso melhorou o alinhamento das fibras de colágeno e aumentou a expressão de COX-2.
Qual(is) está(ão) correta(s)?

A) Apenas a I.
B) Apenas a III.
C) Apenas a I e a II.
D) Apenas a II e a III.
Confira aqui a resposta

22. Sobre o retorno do atleta ao esporte, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).

( ) Na ausência de critérios validados de retorno como melhor evidência disponível, o uso de boas práticas e consensos de experts é uma alternativa.
( ) Jacobsen e colaboradores concluíram que a avaliação inicial, isoladamente, é suficiente para predizer o regresso do atleta ao esporte.
( ) Segundo o consenso estabelecido por Zambaldi, Beasley e Rushton, um dos critérios para o retorno ao esporte é que a flexibilidade seja completa e similar bilateralmente.
( ) De acordo com o consenso estabelecido por Zambaldi, Beasley e Rushton, a ausência de dor é um fator de corte para o regresso ao esporte.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) F — V — F — V.
B) V — V — F — F.
C) V — F — V — F.
D) F — F — V — V.
Confira aqui a resposta

23. Quais foram as variáveis apontadas por Jacobsen e colaboradores como relevantes no acompanhamento do retorno do atleta ao esporte após uma lesão?

Confira aqui a resposta

■ CASO CLINÍCO
Um atleta de 24 anos, sexo masculino, jogador de futebol profissional, relata sentir uma dor “rasgando” [sic] na região posterior da coxa direita durante um sprint no segundo tempo
de partida. Ele apresenta dor à palpação, leve edema e diminuição da capacidade funcional, com dor para andar.

ATIVIDADE

24. Qual deve ser o procedimento no atendimento imediato ao atleta do caso clínico? Qual é a sequência natural de evolução do tratamento que se espera nesse caso?

Confira aqui a resposta

■ CONCLUSÃO
A competitividade e a capacidade física dos atletas aumentaram bastante nos últimos anos, com os avanços da ciência do treinamento. No entanto, as lesões musculares ainda constituem o
principal motivo de afastamento de atletas.
A recuperação de uma lesão muscular passa por dois processos simultâneos: regeneração e cicatrização. O reparo é feito por tecido fibroso e geralmente está presente em maior
quantidade em lesões grandes. A regeneração, por sua vez, acontece graças às células satélites existentes na LB, que irão regenerar uma parte do tecido lesado e deixá-lo semelhante ao
tecido original.
Os fisioterapeutas dispõem de diversos recursos para atuar nas fases de evolução da lesão muscular. Inicialmente, no controle do processo inflamatório, utilizam-se os protocolos PRICE e
POLICE. Posteriormente, empregam-se ferramentas como a LBP e o US de baixa intensidade, que podem ser benéficas no processo de cicatrização.
Os exercícios (isométricos, concêntricos e excêntricos) estão presentes em quase todas as fases do tratamento, exceto na etapa inicial ou inflamatória. Eles são fundamentais para manter a
qualidade e contratibilidade do tecido após sua recuperação e assegurar a consequente volta ao esporte.
São vários os critérios que devem ser observados no momento de retorno do atleta ao esporte. É importante avaliar aspectos como:

desempenho funcional;
força;
flexibilidade;
presença de dor;
confiança do atleta.

■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS


Atividade 1
Resposta: B

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Resposta: B
Comentário: São as células satélites, localizadas na LB, que irão se diferenciar e dar origem às células com características semelhantes àquelas existentes antes da lesão.
Atividade 2
Resposta: D
Comentário: Na segunda fase da reparação da lesão muscular, ocorrem os seguintes processos: fagocitose do tecido necrótico; regeneração das miofibrilas; produção do tecido cicatricial
conectivo; neoformação vascular; crescimento neural.
Atividade 3
Resposta: C
Comentário: É no 14º dia após a lesão muscular que ocorre a formação de novas junções miotendíneas.
Atividade 4
Resposta: C
Comentário: A idade do atleta é considerada um fator de risco para lesão muscular, pois, com o avançar da idade, diminui a capacidade fisiológica de lidar com o estresse e a alta demanda.
É importante lembrar também que a massa muscular diminui progressivamente com a idade, devido à redução na quantidade e na área de secção transversal das fibras musculares.
Atividade 5
Resposta: Sistemas dinâmicos dizem respeito a um ambiente que depende de fatores internos e externos para atingir a estabilidade, ou seja, é multifatorial e multivariado. As lesões
esportivas ocorrem dentro desses sistemas. Porém, comumente seus fatores de risco são avaliados de maneira isolada, linear, independentemente das mudanças internas do indivíduo ao
longo do tempo e de fatores extrínsecos que atuam para que uma lesão ocorra. É necessária uma reflexão ampla sobre os riscos que os atletas correm, mesmo se combatidos os fatores de
risco avaliados de maneira isolada. A ideia central é ter em mente que o atleta não fica “congelado” no tempo. As deficiências verificadas pela história pregressa, pelo perfil físico ou pelos
déficits de desempenho muscular comparados com o lado oposto (contralateral ou anteroposterior), avaliadas antes do início do período competitivo ou recreacional do atleta, sofrerão
mudanças resultantes do tempo e da exposição do indivíduo aos fatores ambientais, incluindo os treinamentos.
Atividade 6
Resposta: A
Comentário: A maioria das lesões musculares é de não contato. Elas estão relacionadas com os fatores de risco intrínsecos do atleta, em que o mecanismo de lesão independe de uma força
externa.
Atividade 7
Resposta: D
Comentário: Mudanças relevantes na carga de treinamento externa de uma semana para outra, seja para um atleta são ou para um atleta entregue à reabilitação, constituem um fator de
risco de lesões.
Atividade 8
Resposta: Para minimizar o risco de lesão, deve-se limitar o aumento semanal da carga de treinamento a 10% da semana anterior. Deve-se tabular as cargas de treinamento em uma base
de semana a semana, com o objetivo de delinear o risco de lesões.
Atividade 9
Resposta: B
Comentário: A lesão estrutural do tipo 4 é caracterizada por uma lesão muscular completa ou pela avulsão do tendão.
Atividade 10
Resposta: A
Comentário: Existem diferentes sistemas de classificação das lesões musculares publicados na literatura, mas há pouca consistência de sua aplicação dentro da prática clínica. O sistema
concebido por O’Donoghue ainda é o mais amplamente utilizado para classificar a gravidade dessas lesões. Ele se baseia na quantidade de tecido lesionado e na perda funcional associada.

Atividade 11
Resposta: C
Comentário: A contusão e a laceração são classificadas como lesões musculares diretas, segundo o consenso de Munique.
Atividade 12
Resposta: B
Comentário: O maior desafio na prevenção de lesões é conseguir reproduzir os resultados obtidos nos estudos em ambientes menos controlados. Para tanto, é importante executar os
protocolos conforme as condições estabelecidas nos trabalhos, sem “jeitinhos” nem adaptações. Isso aumenta a chance de sucesso do protocolo preventivo.
Atividade 13
Resposta: Ao trabalhar com um atleta lesionado, o fisioterapeuta do esporte depara com uma tríade na reabilitação. É necessário refletir sobre três variáveis: fisiopatologia da lesão; aptidão
funcional (isto é, capacidade de desempenhar todas as funções do esporte sem déficit); tempo de retorno ao esporte. A reabilitação, então, deve ter como objetivo fazê-lo regressar ao
esporte no estágio mais avançado da fisiopatologia da lesão, estando funcionalmente apto para exercer a maioria dos gestos do esporte com segurança, no menor tempo possível.
Atividade 14
Resposta: D
Comentário: Nos testes passivos, o paciente é instruído a relaxar e a dizer “parar” quando se alcança o nível máximo da ADM. O ponto final é atingido quando o indivíduo relata uma
sensação de alongamento forte, mas tolerável na musculatura do isquiotibial. No teste H, o joelho da perna em teste deve estar estendido e a perna contralateral deve estar restrita.
Atividade 15
Resposta: No teste padrão de flexibilidade dos isquiotibiais, a perna, posicionada com o joelho estendido, é movida passivamente, progredindo a flexão do quadril até chegar a um limite de
desconforto para o paciente.

Atividade 16
Resposta: C
Comentário: O exercício diver deve ser realizado como um mergulho simulado. Devido à complexidade, o exercício deve ser realizado lentamente no início.

Atividade 17
Resposta: A
Comentário: O local de ocorrência da lesão muscular normalmente apresenta uma área com fascículos mais curtos, o que desfavorece a função muscular ótima. Sabendo que o exercício
excêntrico atua na reorganização da arquitetura muscular, produzindo fascículos mais longos e mais eficientes, atletas com histórico de lesão prévia são aconselhados a participar de um
protocolo preventivo baseado nesse tipo de exercício.
Atividade 18
Resposta: D
Comentário: Nas semanas 5 a 8 de um programa de treinamento envolvendo o exercício nórdico, devem ser realizadas 5 séries de 8 a 10 repetições, 2 vezes por semana.
Atividade 19
Resposta: No mínimo, sugere-se manter um protocolo de fisioterapia por mais 30 dias após a entrega do atleta ao grupo, com o objetivo de dar suporte ao estágio final da lesão. É
importante inserir ações para a reestruturação da arquitetura muscular, com exercícios excêntricos para a otimização dos fascículos e da contração muscular, e reeducar os gestos do
esporte.
Atividade 20
Resposta: B
Comentário: No protoloco PRICE, preconiza-se o repouso em vez da carga ótima.
Atividade 21
Resposta: D
Comentário: Um estudo recente, duplo-cego e randomizado, de Aaron, Delgado-Diaz e Kostek, demonstrou que o uso do US contínuo causou uma redução da percepção da dor e um
aumento do limiar de pressão mecânica no bíceps braquial após danos musculares em 20 jovens que realizaram 50 contrações excêntricas máximas em um dinamômetro isocinético.
Atividade 22
Resposta: C
Comentário: De acordo com o consenso estabelecido por Zambaldi, Beasley e Rushton, a ausência de dor não é um fator de corte para o retorno ao esporte. Jacobsen e colaboradores
concluíram que uma avaliação apenas inicial e/ou um exame de imagem por si só não têm utilidade clínica para predizer o retorno do atleta. Por sua vez, a combinação da avaliação inicial e
da avaliação após 7 dias de tratamento foi considerada relevante para predizer e acompanhar o tempo de retorno do atleta.

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da avaliação após 7 dias de tratamento foi considerada relevante para predizer e acompanhar o tempo de retorno do atleta.
Atividade 23
Resposta: Entre as variáveis analisadas como importantes para acompanhar a evolução e o retorno do atleta, Jacobsen e colaboradores destacaram as seguintes: variação da força avaliada
no exame inicial e no exame após 7 dias para o mid-range test; dados isocinéticos, quando houver, da perna não lesionada, avaliada no exame inicial, a serem usados como linha de base
para a perna lesionada; máxima dor relatada no momento da lesão; avaliação da força no exame inicial pelo inner-range test; presença de dor na realização de uma ponte unilateral na
avaliação após 7 dias; força da perna lesionada, documentada pela porcentagem em relação à perna contralateral, por meio do outer-range test (obtida para comparação na avaliação
inicial).

Atividade 24
Resposta: Seguindo as diretrizes evidenciadas neste artigo, nas primeiras 24 horas, deve-se adotar o protocolo PRICE. Após a avaliação inicial e a classificação da lesão, evolui-se para o
protocolo POLICE e associam-se correntes com finalidade analgésica. Depois de 7 dias, é necessário reavaliar o atleta, para quantificar os ganhos iniciais e traçar uma evolução,
observando os seguintes fatores:

ADM — iniciar com movimentos passivos, passando para exercícios simples e evoluindo para exercícios em que se possa reproduzir o gesto esportivo;
força — começar com exercícios isométricos, passando para exercícios sem cargas externas, concêntricos e, por fim, excêntricos, até que se atinjam os níveis pré-lesão ou um grau
semelhante ao do membro contralateral;
dor — iniciar com recursos analgésicos até alcançar a ausência total de dor ou um nível em que ela não seja incapacitante;
flexibilidade — iniciar com alongamentos dinâmicos e evoluir para amplitudes máximas inseridas no gesto do esporte;
padrão de movimento — fracionar o gesto esportivo para facilitar a realização, evoluindo para gestos completos com carga reduzida até chegar a gestos completos com carga máxima,
restabelecendo as capacidades do atleta.

Após o atleta passar por todas as fases e o fisioterapeuta observar o alcance do conjunto de critérios de evidência citados anteriormente (capacidade de atingir sprints máximos,
restabelecimento de ADM similar bilateralmente e confiança do atleta no regresso às atividades), ele pode retornar ao esporte.

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