Você está na página 1de 11

BASES ANATÔMICAS E FISIOLÓGICAS DO APARELHO REPRODUTOR FEMININO

FUNÇÃO:
Produção de óvulos e hormônios

Fecundação

Desenvolvimento/Nascimento (GESTAÇÃO)

 Ovários = alojar folículo primário e função hormonal


 Tuba uterina = conexão entre ovário e útero, leva o óvulo até o útero
 Útero = órgão gestacional, localiza-se entre bexiga e reto
 Vagina = órgão de cópula, insere-se no cérvix do útero atravessa o diafragma urogenital e abre-se no
pudendo feminino (óstio da vagina); composto por camada fibrosa, muscular e mucosa

ASSOALHO PÉLVICO FEMININO


Estrutura composta por camadas de músculos e fáscias para suporte das vísceras pélvicas
 Formado por fibras de contração lenta (resistentes), enquanto os esfíncteres por fibras de contração
rápida (fortes)
“Estabilização Central” = centro tendíneo, região em que as fibras de grupos musculares se encontram
em “X”

ANATOMIA DO ASSOALHO PÉLVICO


 1° camada = mm. bulboesponjoso, transverso superficial do períneo, isquiocavernoso (trígono
urogenital) e esfíncter anal externo (trígono anal)

 2° camada = mm. elevadores do ânus (pubococcígeno, ileococcígeno e coccígeno – diafragma


pélvico)

 Corpo Perineal = centro tendíneo ou estabilização central (ponto de maior força de contração do AP)
Fáscias Endopélvicas = parietal e visceral (sua lesão determina prolapsos e IU)
 Alterações na próstata é a principal causa p/homens procurarem fisioterapia pélvica

INERVAÇÃO DOS MM. AP = raízes nervosas de S2, S3 e S4 e o nervo pudendo  função sensitiva e
motora

FUNÇÃO MAP:

 Fechamento da uretra, vagina e ânus (continência)


 Sustentação da bexiga, útero e reto
 Estabilidade da articulação sacro-ilíaca e tronco
 Função sexual
REABILITAÇÃO PÉLVICA

SISTEMA URINÁRIO
Rabdoesfíncter = anel muscular ao redor da uretra, composto de fibras lentas (tônus basal) e rápidas
(contração reflexa quando P intra-abdominal)
 inibi a contratilidade detrusora e a micção

NEUROFISIOLOGIA DA MICÇÃO
Fase de enchimento = P uretral  e P vesical , SN simpático estimula relaxamento do detrusor e
contração do colo e uretra
Fase de esvaziamento = P uretral  e P vesical , SN parassimpático inibi SN simpático e estimula
contração do detrusor

REGULAÇÃO DO CICLO MICCIONAL – comando voluntário da função vésico-esfincteriana


 Reconhecimento do estado de repleção da bexiga (desejo de urinar) pelo estiramento das fibras do
detrusor em 50% (da capacidade) e 100%
 A contratilidade do detrusor pode ser inibida pela contração do MAP (inibição SN parassimpático)

CONTINÊNCIA URINÁRIA
É a relação existente entre os mecanismos de controle central (inervações somáticas e autonômicas) e
mecanismos de controle periférico (bexiga e uretra)

Mecanismos de fechamento uretral:


 Esfíncter uretral interno e externo
 Coaptação mucosa uretral (tec. vascularizado)

HIPOESTROGENISMO = menor volume muscular e qualidade dos tecidos enfraquecem os ligamentos


uretrais, modificando o posicionamento e deteriorando a capacidade funcional da uretra

INCONTINÊNCIA URINÁRIA
Definição de Continência: capacidade de conter a saída de urina e depende da

Manutenção do gradiente de pressão entre bexiga e uretra e a estabilidade do mm. detrusor

Definição de Incontinência: perda involuntária de urina que possa constituir um problema social e/ou
higiênico
ETIOLOGIA – Fatores de Risco:
 Sexo, genética e raça
 Envelhecimento
 Menopausa (deficiência estrogênica)
 Obesidade
 História/lesão obstétrica (gestações, partos, intervalos e tamanho do bebê)
 Sedentarismo e tabagismo
 Histerectomia
 Cirurgias vaginais
 Fraqueza ou lesão do assoalho pélvico

TIPOS DE IU

IU ESFORÇO

 Ocorre com o  da pressão intra-abdominal, durante esforços, na ausência da contração do m. detrusor


 A P intravesical ultrapassa a P uretral (MAP fraco)

Fatores intrínsecos = hipermobilidade da uretra (disfunção do MAP e na transmissão da P intra-abd),


deficiência dos esfíncteres e do controle motor do AP
 No MAP fraco, o lúmen é maior e aumenta probabilidade de escapes

Classificação:
I. GRAU = aos grandes esforços
II. GRAU = em pé ou ao deambular
III. GRAU = ao movimentar-se ou deitada
IV. GRAU = perda contínua

IU URGÊNCIA

Ocorre por contrações involuntárias do mm. detrusor durante a fase de enchimento (hiperatividade
vesical)
  Frequência miccional c/perdas, sem relação com o esforço (urgência)

Testes Diagnósticos = reprodução dos sintomas referentes à perda urinária da paciente


Tratamento Clínico:
a) Conservador = mudanças comportamentais e medicações (reposição hormonal ou inibidor da
contratilidade excessiva do detrusor)

b) Cirúrgico = “telinhas” (suspensões via vaginal, retropúbicas ou transvaginal do colo vesical) e sling
pubovaginal (suspensão da uretra, funciona como esfíncter)

IU MISTA
OBJETIVOS FISIOTERAPÊUTICOS GERAIS

IU ESFORÇO
 promover recuperação do reflexo perineal de fechamento ao esforço
 promover conscientização e fortalecimento do MAP
 promover reeducação miccional

IU URGÊNCIA
 promover inibição do m. detrusor
 promover conscientização e fortalecimento do MAP
 promover reeducação miccional

INCONTINÊNCIA FECAL
Definição de Continência: capacidade de identificar o conteúdo retal (fezes e gases) e eliminá-lo sem
esforço, em local apropriado e na presença de desejo evacuatório
A continência fecal é mantida pelos mecanismos:

 Esfíncter sigmóide-retal
 Ângulo anorretal (m. puborretal contrai e modifica ângulo, facilitando a evacuação ou contenção)
 Esfíncteres anais (interno e externo)
 Sensação anorretal (receptor de estiramento para enchimento e discriminação de forma e consistência)
Fatores que podem comprometer a evacuação: consistência das fezes, sensibilidade retal, capacidade de
armazenamento, lesões obstétricas e neurológicas

Definição de Incontinência: perda involuntária de gases e/ou fezes (líquidas ou sólidas) pelo reto,
promovendo prejuízo pessoal e social
 Geralmente quem possui IF também apresenta IU

ETIOLOGIA – Fisiopatologia da IF
 80% idiopática (fraqueza MAP e canal anal)
 Desordens colorretais ( ângulo, disfunção de esfíncter, tumores e hemorroidas)
 Desordens da motilidade intestinal (diarreia e constipação)
 Desordens traumáticas cirúrgicas ou obstétricas (gestação e partos)
 Obesidade e tabagismo
 Envelhecimento (hipoestrogenismo)

CLASSIFICAÇÃO
 IF tipo sensorial = perda sem percepção do paciente, derivado de prolapso retal ou distúrbio
neuropático
 IF tipo motora = sensação de desejo evacuatório, mas sem controle sobre a defecação

 TRATAMENTO = clínico (dietas e medicações), cirúrgico e neuromodulação sacral definitiva (eletro)


OBJETIVOS FISIOTERAPÊUTICOS
  capacidade de percepção e contração/controle do esfíncter anal externo
 Melhorar coordenação, força e resistência do MAP
 Melhorar reflexo de fechamento perineal ao esforço
 Melhorar ciclo de continência (reeducação coloproctológica)

CONSTIPAÇÃO INTESTINAL – dificuldade de evacuar


 Menor que 3x na semana
 Esforço ou dor
 Fezes endurecidas
 Sensação de evacuação incompleta e manobras digitais

ETIOLOGIA
 Má alimentação
 Negligência ao reflexo de defecação adiando evacuação
 Uso excessivo de laxantes
 Sedentarismo e medicações
 Fatores psicológicos
 Distúrbios do esvaziamento do reto (anismo, incoordenação ou fraqueza mm. abdominais)

CLASSIFICAÇÃO = primária (envolve o trânsito intestinal) ou secundária (causa clínica ou farmacológica

ANISMO = dissinergia/incoordenação, caracterizada por contrações involuntárias do m. puborretal durante


esforço evacuatório (impedindo relaxamento e eliminação das fezes)
Complicações da constipação: hemorroidas, fissuras, prolapso e incontinência por lesão de nervos e
esfíncter devido a esforço evacuatório frequente

 TRATAMENTO
  capacidade de percepção, contração e controle do esfíncter anal externo
 Promover normalização da sensibilidade retal e do tônus basal
 Promover analgesia e fortalecimento do MAP
 Estimular peristaltismo intestinal e fluxo sanguíneo
 Estimular controle muscular abdomino-pélvico para evacuação
PROLAPSOS DE ÓRGÃOS PÉLVICOS

Definição: é a saída de um órgão ou parte deste de sua posição anatômica (fraqueza MAP)
Fatores que mantém a estática pélvica = pressão intra-abdominal, tônus uterino (gestação), aparelho de
fixação do útero e aparelho de sustentação
a) aparelho de fixação do útero: ligg. (redondo, largo e transverso)
b) aparelho de sustentação: diafragma pélvico e urogenital, fáscias

FISIOPATOLOGIA = desequilíbrio entre as forças responsáveis por manter o órgão na posição normal e
forças que tendem a empurrá-lo para fora

ETIOLOGIA
 Fatores traumáticos e obstétricos
 Envelhecimento
 Obesidade e histerectomia
 P intra-abdominal
 Tumores e fraqueza congênita

TIPOS DE PROLAPSO

PROLAPSO VAGINAL
I. Parede anterior (bexiga e uretra)
Cistocele = deslocamento bexiga para baixo e para trás contra parede anterior da vagina (fraqueza ou
lesão fáscia pubocervical)
Uretrocele = queda da uretra e parede vaginal anterior para dentro do canal vaginal
 SINTOMAS: perda ou retenção de urina, infecções urinarias, dificuldade iniciar micção, sensação de
pressão ou massa na vagina

II. Parede posterior (reto e porção intestinal)


Retocele = protusão do reto para dentro do canal vaginal (enfraquecimento da fáscia retovaginal por
danos no períneo)
Enterocele = herniação ou protusão da porção final do intestino através da parede posterior da vagina
(fraqueza da fáscia retovaginal)
 SINTOMAS: perda ou retenção de fezes, sensação de pressão ou massa na vagina, compromete
motilidade intestinal

PROLAPSO PORÇÃO APICAL DA VAGINA


I. Prolapso uterino = descida do colo do útero ao longo do canal vaginal
Quando completo trará consigo: bexiga e uretra (anterior) ou reto e intestino (posterior)
CLASSIFICAÇÃO
0. Estágio: ausência de prolapso
1. Estágio: até 1cm acima do hímen
2. Estágio: entre 1cm acima e 1cm abaixo hímen
3. Estágio: entre 1cm abaixo hímen e menos 2cm
4. Estágio: inversão completa

CLASSIFICAÇÃO SIMPLIFICADA
I. GRAU: cérvix permanece dentro da vagina
II. GRAU: cérvix surge no períneo ou saliente
III. GRAU: útero fora do corpo (total inversão)

 TRATAMENTOS
a) Profilático: gestantes e jovens
b) Conservador: pessários, remédio e fisioterapia
c) Cirúrgico: obliterativa (oclusão parcial/total da vagina) e reconstrutiva (telinhas)

OBJETIVOS FISIOTERAPÊUTICOS – prolapsos estágios I e II

 Recuperar o reflexo perineal ao esforço


 Promover conscientização e fortalecimento MAP
 Promover reeducação miccional e fecal

 Promover profilaxia (prevenção)


 Prevenir progressão do prolapso
 Promover orientações pré/pós parto e cirurgias
ALGIAS PÉLVICAS

Definição: dor e/ou desconforto na região lombo-sacra e/ou abdomino-pélvica, podendo ser por doença
orgânica ou distúrbio psíquico
 não menstrual ou clínica, excluindo gravidez e malignidade
 disfunções sistema musculoesquelético (SME)

DOR PÉLVICA CRÔNICA (DPC)


Disfunções pélvicas + Posturas anormais = aumento da tensão/espasmo provocam encurtamento
adaptativo

Gera, exacerba ou perpetua a dor

ETIOLOGIA – ginecológicas, urológicas, gastrintestinais e musculoesqueléticas


I. ENDOMETRIOSE (“doença da mulher jovem”)
O endométrio migra e se desenvolve em locais fora da cavidade uterina, caracterizado como ectópica e
causa dor e cólicas intensas, alterações do fluxo e infertilidade
Teoria do fluxo retrógrado = o sangue, ao sair do útero, também dirige-se para as tubas uterinas e
cavidade pélvica. Assim, as céls endometriais podem aderir à parede destes órgãos e implantar
 SINTOMAS = dor e infertilidade

 OBJETIVOS FISIOTERAPÊUTICOS – promover:

 Melhorar FM, flexibilidade e mobilidade pélvica


 Dessensibilização do MAP
 Conscientização e fortalecimento do MAP
 Analgesia e relaxamento muscular
 Reeducação postural e consciência corporal

FISIOLOGIA DO CICLO MENSTRUAL


  estrogênio e progesterona durante menstruação
 TPM: ocorre na 2° fase do ciclo (secretora)
 Etiopatogenia = fatores neuropsicoendócrinos, fatores ambientais e socioculturais, histórico
familiar, menarca precoce

 Sintomatologia = tristeza, distúrbios do apetite, irritabilidade

DISMENORREIA: menstruação dolorosa ou cólica menstrual


I. PRIMÁRIA = após a menarca ou depois de 2 anos, dor s/causa definida

II. SECUNDÁRIA = após ciclos indolores, existe uma causa definida (alterações uterinas, DIU,
DIP)
ETIOLOGIA: fatores emocionais e prostaglandinas
TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Reduzir edemas, dores e desconfortos


 Manter/Melhorar força, cardiorrespiratório e atv. intestinal
 Promover relaxamento, reeducação e consciência corporal

DISFUNÇÕES SEXUAIS = situações em que os componentes orgânicos da resposta sexual


apresentam alguma alteração
 Mesmos objetivos das algias
ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NAS DISFUNÇÕES PÉLVICAS

OBJETIVOS GERAIS
 Promover inibição do m. detrusor (eletro)
 Promover conscientização do MAP
 Promover fortalecimento do MAP
 Promover reeducação miccional e/ou fecal
 Promover normalização da sensibilidade retal e do tônus basal (biofeedback)
 Promover analgesia e relaxamento muscular

TERAPIA COMPORTAMENTAL (conscientização)

 reensinar a paciente o controle vesical/anal


 ensinar novos hábitos pelo calendário miccional/fecal
 orientar sobre a diferença de necessidade e vontade
 ensinar o treino evacuatório (realizar antero-retroversão pélvica)

TERAPIA MANUAL (conscientização e fortalecimento)


 percepção e reeducação do controle da contração e relaxamento do MAP
 promover desenvolvimento da força muscular

BIOFEEDBACK (fortalecimento)
 aprendizado e controle muscular de forma consciente
 capacita a paciente identificar o MAP e ter uma contração em qualquer situação
 aumenta força de contração do MAP

ELETROTERMOTERAPIA
Analgesia = liberação de peptídeos endógenos e aumenta fluxo sanguíneo
Fortalecimento = ativação seletiva de fibras promovendo hipertrofia
Inibição vesical = corrente bifásica estimulação na região parassacral ou tibial-posterior promovendo
relaxamento ou reflexo inibitório eferente
CONES VAGINAIS (fortalecimento)
 identificação muscular e treino funcional do MAP durante AVD
 favorece contração muscular
 estimula fibras lentas do MAP
PESSÁRIOS
 reeducação de sintomas urinários e defecatórios
 suporte de órgãos pélvico

EXERCÍCIOS ATIVOS PARA MAP


Cinesioterapia perineal (KEGEL) = estimular e treinar as contrações durante atividades que reproduzam
as situações de perda
 Treino de força dos mm. abdominais

Pontos importantes para prova:

👉🏻 Função do MAP

👉🏻 Conceito de continência

👉🏻 Diferença da incontinência urinária de esforço e de urgência (principalmente em relação à


participação do m. Detrusor)

👉🏻 Fatores de risco para incontinência urinária

👉🏻 Objetivos e condutas do tratamento de incontinência (na nossa prova ela deu uma tabelinha e tinha
que preencher com 3 ou 4 objetivos e do lado qual conduta seria usada pra atingir aquele objetivo)

Você também pode gostar