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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ

CURSO DE ENFERMAGEM
MÓDULO: SAÚDE MENTAL-TURMA I

ESTUDO DOS PSICOFÁRMACOS NAS VIVÊNCIAS PRÁTICAS DO MÓDULO SAÚDE MENTAL


PROFESSORA: MARIA AMÉLIA CARNEIRO BEZERRA
SEMESTRE: 2023.2

ALUNOS: FRANCISCO CID DA SILVA LOPES | JOSÉ OLIVAR PAULO OLIVEIRA | LAISSE CARLOS
DE MESQUITA

ESTUDO DOS PSICOFÁRMACOS NAS VIVÊNCIAS PRÁTICAS DO MÓDULO SAÚDE MENTAL

Sujeito (Usuário do Serviço de Saúde): L.M.V., sexo feminino, 59 a.

Diagnóstico: Depressão
Prescrição Medicamentosa: VENLAXIN (Cloridrato de Venlafaxina) 100 mg
Grupo(s) de Fármacos: Antidepressivos
Classe(s) de Fármacos: Inibidores da Recaptação da Serotonina e Norepinefrina (IRSN).
Mecanismo(s) de Ação:

O mecanismo da ação antidepressiva da Venlafaxina em seres humanos está


relacionado com a potencialização de sua atividade neurotransmissora no Sistema Nervoso
Central (SNC). Estudos pré-clínicos têm demonstrado que a Venlafaxina e o seu metabólito
O-desmetilvenlafaxina, são inibidores potentes da recaptação neuronal da serotonina e da
noradrenalina e inibidores fracos da recaptação da dopamina. Ainda, a Venlafaxina e a O-
desmetilvenlafaxina não têm afinidade significativa para os receptores muscarínicos,
histaminérgicos ou alfa l-adrenérgicos in vitro. A atividade a nível destes receptores pode
estar relacionada com a ocorrência de vários efeitos anticolinérgicos, sedativos e
cardiovasculares observados com outros psicotrópicos. Em modelos animais roedores, a
Venlafaxina demonstrou uma atividade que fazia prever ação antidepressiva, ansiolítica e
propriedades de potenciação cognitiva.

Efeitos Biológicos:
Estudos indicam que a atividade antidepressiva da Venlafaxina está relacionada à
potencialização da atividade neurotransmissora do sistema nervoso central. O resultado é
que há um amento na sensação de bem-estar nos pacientes em tratamento da depressão,
levando à uma melhora dos quadros depressivos.
Perfil Farmacocinético:
Os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação neuronal da serotonina,
norepinefrina (noradrenalina) e dopamina, como a Venlafaxina, aumentam a
disponibilidade dos neurotransmissores no corpo e no cérebro, levando à melhora
dos sintomas da depressão. Este fármaco é bem absorvida e amplamente metabolizado no
fígado, sendo a O-desmetilvenlafaxina (ODV) o único metabólito ativo importante. Com
base nos estudos de equilíbrio de massa, no mínimo, 92% de uma dose única da Venlafaxina
é absorvida. Aproximadamente 87% da dose da Venlafaxina é recuperada na urina em até
48 horas como Venlafaxina inalterada (5%), ODV não conjugada (29%), ODV conjugada
(26%) ou outros metabólitos inativos secundários (27%). Além disso, a principal via de
excreção é a eliminação renal da Venlafaxina e seus metabólitos. A biodisponibilidade
relativa da Venlafaxina em comprimido foi 100% em comparação à solução oral e a taxa de
ligação da Venlafaxina às proteínas plasmáticas não é elevada. A Venlafaxina é
metabolizada, dando origem ao seu metabólito ativo, ODV, pela CYP2D6, a isoenzima
responsável pelo polimorfismo genético observado no metabolismo de muitos
antidepressivos. O medicamento é liberado lentamente no intestino, através de pequenos
grânulos presentes nas cápsulas. Parte desses grânulos que não são absorvidos, são
eliminados, e podem ser vistos nas fezes. O tempo estimado da ação terapêutica do
medicamento é de 3 a 4 dias.

Possíveis Efeitos Colaterais:


• Perturbações gerais:
Frequentes: Astenia/fadiga.
Pouco frequentes: Fotossensibilidade.
Muito raras: Anafilaxia.

• Aparelho cardiovascular:
Frequentes: Hipertensão, vasodilatação (geralmente afrontamentos/rubor).
Pouco frequentes: Hipotensão, hipotensão postural, síncope, taquicárdia.
Muito Raras: Prolongamento do intervalo QT, fibrilação ventricular, taquicardia ventricular
(incluindo Torsade de Pointes).

• Aparelho digestivo:
Frequentes: Diminuição do apetite, obstipação, náuseas, vómitos.
Pouco frequentes: Bruxismo, diarreia.
Muito raras: Pancreatite.

• Sangue e Sistema linfático:


Pouco frequentes: Manifestações hemorrágicas tais como equimose, hemorragia
ginecológica, gastrointestinal e outras hemorragias cutâneas ou mucosas.
Raras: Aumento do tempo de hemorragia, trombocitopenia.
Muito raras: Discrasias sanguíneas (incluindo agranulocitose, anemia aplástica,
neutropenia e pancitopenia).
• Metabólicos e nutricionais:
Frequentes: Aumento do colesterol sérico, perda de peso.
Pouco frequentes: Alterações dos testes da função hepática, hiponatremia, aumento de
peso.
Raras: Hepatite, síndrome da secreção inadequada de hormona antidiurética (SIADH).
Muito raras: Aumento da prolactina.

• Sistema nervoso:
Frequentes: Sonhos anormais, diminuição da libido, tonturas, boca seca, aumento do tónus
muscular, insónia, nervosismo, parestesias, sedação, tremor.
Pouco frequentes: Apatia, alucinações, mioclonia, agitação.
Raras: Convulsões, reação maníaca, síndrome neuroléptica maligna (NMS), síndrome
serotoninérgica, agitação psicomotora/acatisia.
Muito raras: Estados confusionais, reações extrapiramidais (incluindo distonia e discinesia).
Frequência não conhecida: Foram notificados casos de ideação/comportamento suicida
durante o tratamento com Venlafaxina ou imediatamente após a sua descontinuação.

• Aparelho respiratório:
Frequentes: Bocejos.
Muito raras: Eosinofilia pulmonar.

• Pele:
Frequentes: Sudação (incluindo suores noturnos).
Pouco frequentes: Erupção cutânea, alopecia.
Muito raras: Eritema multiforme, síndrome de Stevens-Johnson, prurido e urticária.

• Afecções musculoesqueléticas:
Muito raras: Rabdomiólise.

• Sentidos:
Frequentes: Anomalias de acomodação, midríase, alterações visuais.
Pouco frequentes: Alteração do paladar, zumbidos.
Muito raras: Glaucoma de ângulo fechado.

• Aparelho urogenital:
Frequentes: Ejaculação/orgasmo anormais (homens), anorgasmia, disfunção eréctil,
alterações da micção (geralmente hesitação).
Pouco Frequentes: Orgasmo anormal (mulheres), menorragia, retenção urinária.

• Reações de privação observadas durante a descontinuação do tratamento com


venlafaxina.

Os sintomas de privação observados durante a descontinuação do tratamento são


frequentes, em particular se a descontinuação é feita de forma abrupta.
O risco de ocorrência de sintomas de privação poderá depender de vários fatores, incluindo
a duração do tratamento, a dose administrada e a taxa de redução da dose. Tonturas,
distúrbios sensoriais (incluindo parestesia), distúrbios do sono (incluindo insónia e sonhos
intensos), agitação ou ansiedade, náuseas e/ou vómitos, tremor e cefaleia são as reações
mais frequentemente notificadas.

• Outros sintomas detectados foram:

Hipomania, nervosismo, confusão, fadiga, sonolência, convulsões, vertigens,


zumbidos, sudação, xerostomia, anorexia, diarreia. Geralmente estes sintomas são de
intensidade ligeira a moderada, contudo em alguns doentes podem ser intensos. Estes
sintomas ocorrem geralmente durante os primeiros dias de descontinuação do tratamento,
no entanto também têm sido muito raramente notificados em doentes que
inadvertidamente falharam uma toma do medicamento.
Em geral estes sintomas são autolimitados e normalmente desaparecem dentro de
2 semanas, apesar de em alguns indivíduos se poderem prolongar (2 a 3 meses ou mais).
Consequentemente é aconselhável a redução gradual de Venlafaxina quando o tratamento
é descontinuado durante um período de várias semanas ou meses, de acordo com as
necessidades do doente.

Observação Pessoal:

Paciente apresenta boa adesão ao tratamento, sem queixas de reações após o uso da
medicação.

Sujeito (Usuário do Serviço de Saúde): I. S. V. sexo masculino, 27 a.

Diagnóstico: Ansiedade
Prescrição Medicamentosa: Clonazepan - Rivotril
Grupo(s) de Fármacos: Ansiolíticos
Classe(s) de Fármacos: Benzodiazepínicos
Mecanismo(s) de Ação:

O clonazepam aumenta a atividade do neurotransmissor inibitório ácido gama-


aminobutírico (GABA) no sistema nervoso central, conferindo-lhe
efeitos anticonvulsivantes, relaxantes musculares esqueléticos e ansiolíticos. Atua ligando-
se ao sítio benzodiazepínico dos receptores GABA, o que aumenta o efeito elétrico da
ligação GABA nos neurônios, resultando em um aumento do influxo de íons cloreto nos
neurônios. Isso resulta ainda em uma inibição da transmissão sináptica através do sistema
nervoso central. Os benzodiazepínicos não têm nenhum efeito sobre os níveis de GABA no
cérebro. O clonazepam não tem efeito sobre os níveis de GABA e não tem efeito sobre a
transaminase do ácido gama-aminobutírico. No entanto, o clonazepam afeta a atividade
da glutamato descarboxilase. Ele difere de outras drogas anticonvulsivantes com as quais
foi comparado em um estudo. O principal mecanismo de ação do clonazepam é a
modulação da função GABA no cérebro, pelo receptor benzodiazepínico, localizado
nos receptores GABAA, que, por sua vez, leva a uma inibição GABAérgica aumentada do
disparo neuronal. Os benzodiazepínicos não substituem o GABA, mas aumentam o efeito
do GABA no receptor GABAA, aumentando a frequência de abertura dos canais de íons
cloreto, o que leva a um aumento dos efeitos inibitórios do GABA e à consequente
depressão do sistema nervoso central. Além disso, o clonazepam diminui a utilização de 5-
HT (serotonina) pelos neurônios e demonstrou ligar-se fortemente aos receptores
benzodiazepínicos do tipo central. Como o clonazepam é eficaz em doses baixas de
miligramas (0,5 mg de clonazepam = 10 mg de Diazepam), diz-se que está entre a classe
dos benzodiazepínicos "altamente potentes".

Efeitos Biológicos:
O Clonazepam age na potencialização da ação do GABA, um neurotransmissor
inibitório que reduz a atividade do sistema nervoso a partir da inibição da atividade dos
neurônios, reduzindo seu estado de agitação e ansiedade.

Perfil Farmacocinético:

O clonazepam é quase completamente absorvido após administração oral. A


biodisponibilidade absoluta dos comprimidos de clonazepam é maior do que 90%. As
concentrações plasmáticas máximas de clonazepam são alcançadas dentro de 2-3 horas
após a administração oral. O clonazepam é eliminado por biotransformação, com a
eliminação subsequente de metabólitos na urina e bile. Menos que 2% de clonazepam
inalterado é excretado na urina. A biotransformação ocorre principalmente pela redução
do grupo 7-nitro para o derivado 4-amino. O produto pode ser acetilado para formar 7-
acetamido-clonazepam ou glucuronizado. O 7-acetamido-clonazepam e o 7-
aminoclonazepam podem ser adicionalmente oxidados e conjugados. Os citocromos P-450
da família 3 A desempenham um importante papel no metabolismo de clonazepam. A meia-
vida de eliminação de clonazepam é de 33 a 40 horas. O clonazepam está ligado em 82% a
88% às proteínas plasmáticas. Os dados disponíveis indicam que a farmacocinética de
clonazepam é dose-independente.

Possíveis Efeitos Colaterais:

• Sistema imunológico:
Algumas reações alérgicas foram relatadas, bem como casos de anafilaxia.

• Endócrinos:
Em seu uso pediátrico, observou-se o desenvolvimento de puberdade precoce incompleta.
• Psiquiátricos:
Amnésia, histeria, insônia, psicose, libido diminuída ou aumentada, ataques de ansiedade,
tremor, disforia, labilidade emocional, distúrbios de memória, diminuição da concentração,
desorientação e inquietação.

• Sistema nervoso:
Lentidão, sonolência, tonturas, ataxia, hipotonia muscular. Em alguns casos, observaram-
se cefaleia e aumentos de crises de epilepsia.

• Oculares:
Aparência de olho vítreo e distúrbios reversíveis da visão.

• Distúrbios cardiovasculares:
Dor torácica, palpitação, insuficiência cardíaca.

• Sistema respiratório:
Respiração ofegante, hipersecreção, congestão pulmonar, tosse, bronquite, rinite,
dispneia, faringite e congestão nasal.

• Gastrointestinais:
Diarreia, gastrite, apetite aumentado ou diminuído, dores abdominais, anorexia.

• Pele e do tecido subcutâneo:


Prurido, perda de cabelo, erupção cutânea, urticária, edema facial.

• Musculoesqueléticos e do tecido conectivo:


Já foram relatados casos de fraqueza muscular, lombalgia, mialgia e tensões.

• Renais e urinários:
Retenção urinária, cistite, enurese, noctúria e infecção do trato urinário.

• Sistema reprodutivo:
Diminuição da libido e disfunção erétil.

• Perturbações gerais:
Irritabilidade e cansaço.

• Lesões:
Já foram observados casos de quedas e fraturas devido a seu efeito associado a sedativos,
por exemplo.

• Ouvido:
Otite.

• Sintomas diversos:
Febre, desidratação, perda ou ganho de pesa, infecção viral.

Observação Pessoal:

Paciente usa medicação há mais de 12 anos e já foi indicado pelo psiquiatra a


realização do desmame. O CAPS e CSF ainda não trabalharam no desmame, portanto, ele
continua realizando o uso da medicação normalmente. Paciente relatou que vem sentindo
nos últimos meses, fortes dores de cabeça ao acordar, acrescido de fraqueza muscular,
tonturas, fala desconexa e hemiparesia no lado direito, sintomas esses que podem ou não
estar relacionados ao uso prolongado da medicação.

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