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Gabriela Dilascio | 74

SEMIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO


INSPEÇÃO ESTÁTICA

ABAULAMENTOS OU RETRAÇÕES
- O primeiro passo da inspeção estática do tórax é a pesquisa por abaulamentos ou retrações indicativos de patologias.

FORMA DO TÓRAX
- Os tipos de tórax variam de acordo com alterações ósseas da coluna vertebral, costelas e esterno. São eles:

• Tórax normal
• Chato ou plano
• Globoso ou em tonel
• Infundibuliforme
• Cariniforme
• Cônico ou em sino
• Cifótico
• Cifoescoliótico

A. Normal.

B. Em tonel (enfisema).

C. Tórax infundibuliforme
(pectus excavatum).

D. Tórax cariniforme
(pectus carinatum).

E. Escoliose.

F. Cifose.

G. Gibosidade.

- TÓRAX NORMAL: a relação entre os diâmetros ântero-posterior e lateral é de 1:2.

- TÓRAX CHATO OU PLANO


. Redução do diâmetro ântero-posterior.
. Ângulo de Louis mais nítido.
. Musculatura pouco desenvolvida.
. Pode ser não patológico em indivíduos longilíneos.

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- TÓRAX GLOBOSO OU EM TONEL


. Aumento exagerado do diâmetro ântero-posterior.
. Tórax mais curto.
. Ex: enfisema; processo natural do envelhecimento

- TÓRAX INFUNDIBULIFORME OU PECTUS EXCAVATUM


. Depressão na parte inferior do esterno e região epigástrica.
. É uma alteração congênita.

- TÓRAX CARINIFORME OU PECTUS CARINATUM


. Esterno proeminente.
. Costelas horizontalizadas.
. Pode ser congênito ou adquirido.
. Ex: raquitismo na infância.

- TÓRAX CÔNICO OU EM SINO


. Parte inferior exageradamente alargada.
. Ex: hepatoesplenomegalia volumosa, ascite.

- TÓRAX CIFÓTICO
. Aumento da curvatura da coluna dorsal, com concavidade anterior.
. Gibosidade na região de transição entra a coluna cervical e dorsal.
. Ex: congênita, postura defeituosa, mal de Pott
(infecção da coluna vertebral pelo bacilo da tuberculose),
osteomielite, neoplasias.

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- TÓRAX ESCOLIÓTICO
. Desvio lateral da coluna.

- TÓRAX CIFOESCOLIÓTICO
. Cifose acompanhada de desvio lateral da coluna

INSPEÇÃO DINÂMICA

TIPO RESPIRATÓRIO
- RESPIRAÇÃO COSTAL SUPERIOR
. Movimentos respiratórios predominantes na caixa torácica.
. Ex: mullheres.

- RESPIRAÇÃO TORACOABDOMINAL
. Movimentos respiratórios predominantes na metade inferior do tórax e no andar superior do abdome.
. Ex: homens e crianças, no decúbito dorsal em ambos os sexos.

OBS: Em casos de fadiga e paralisia diafragmática, pode ocorrer retração da parede abdominal na inspiração. O normal
é a protusão da caixa torácica para permitir a entrada do ar

FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA
A frequência respiratória normal é de 16-20 irpm no adulto. No recém nascido, os parâmetros são diferentes:

Até 2 meses → normal até 60 irpm


Entre 2 meses e 12 meses → normal até 50 irpm
Mais de 12 meses → → normal até 40 irpm

- Taquipneia: frequência respiratória acima do normal. Observada durante:


• esforços físicos
• emoções
• febre
• lesões pleuropulmonares

- Bradipneia: frequência respiratória abaixo do normal. Observada em caso de:


• lesões cerebrais (como hipertensão craniana),
• após o uso de drogas sedativas: como álcool, tabaco, opioides, opiáceos, e benzodiazepínicos

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AMPLITUDE RESPIRATÓRIA
- RESPIRAÇÃO PROFUNDA
. Representa o aumento da amplitude. Ex: esforços, emoções.

- RESPIRAÇÃO SUPERFICIAL
. Redução da amplitude. Ex: durante o sono.

RITMO RESPIRATÓRIO
- RESPIRAÇÃO NORMAL: inspiração e expiração de mesma duração, se sucedendo com a mesma amplitude.

- RESPIRAÇÃO DE KUSSMAUL
. Inspirações profundas e curtas seguidas de pausas e expirações profundas e curtas também seguidas de pausas
. Respiração característica do “peixe fora d’água”.
. Esse padrão de resp. não é considerado cíclico, pois a insp. e a exp. não tem a mesma frequência, e a apneia também
não dura sempre o mesmo tempo.
- Frequentemente presente nos casos de:
• cetoacidose diabética do tipo 01 (comum em obesos)
• outras acidoses
Inspiração expiração
profunda e Apneia profunda e Apneia
→ rápida →
rápida →

- RESPIRAÇÃO DE BIOT
. Duas fases de características: apneia e movimentos inspiratórios e expiratórios aleatórios quanto a ritmo e amplitude.
. Frequentemente presente nos casos de:
• comprometimento encefálico grave
• Meningite
• Coma
• processos expansivos
• neoplasias

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- RESPIRAÇÃO DE CHEYNE-STOKES

. Normal em recém-nascidos.

. A respiração de Cheyne-Stokes pode ser explicada por um aumento da concentração de CO2 no sangue, estimulando
o centro respiratório a aumentar a frequência e a amplitude da respiração para eliminar o CO2 acumulado. Uma vez
eliminado o CO2, o centro respiratório deixa de ser estimulado, e a frequência e amplitude diminuem até atingir uma
fase de apneia. Com isso, os níveis de CO2 voltam a subir e recomeça o ciclo.

Frequentemente presente nos casos de:


• Insuficiência cardíaca grave
• hipertensão intracraniana,
• AVCs (acidente vascular cerebral)
• TCEs (trauma crânio encefálico)
• Uremia (elevação de ureia no sangue > 20 mg/dl)
• intoxicação por morfina

. OBS: pode ser mais facilmente percebida pela audição do que pela inspeção.

- DISPNEIA
- Sensação consciente e desagradável do ato de respirar.
. Marcada por movimentos respiratórios amplos e rápidos.
Frequentemente presente nos casos de:
• insuficiência cardíaca
• enfisema pulmonar
• bronquite
• atelectasia
• pneumonia
• pneumotórax
• derrame pleural
• anemias graves.

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- RESPIRAÇÃO SUSPIROSA
. Movimentos inspiratórios de amplitude crescente seguidos de expiração breve e rápida.
. Movimentos respiratórios normais são interrompidos por “suspiros” isolados ou agrupados.
- Não é necessariamente patológica.
. Frequentemente presente nos casos de:
• Tensão emocional
• transtornos de ansiedade, etc.

PALPAÇÃO

EXPANSABILIDADE
A e B. Manobra para
avaliação de
expansibilidade da
porção superior do
tórax (posição inicial
em A e posição após
inspiração em B).

C e D. Manobra para
avaliação de
expansibilidade da
porção inferior do
tórax (posição inicial
em C e posição após
inspiração em D).

O examinador posiciona-se atrás do paciente na avaliação dos componentes posteriores e na frente para avalição dos
componentes anteriores. As mãos devem estar espalmadas e pousadas sobre a região avaliada do tórax. Para avaliação
dos ápices pulmonares, os polegares devem estar em contato/apoiados na coluna vertebral e as bordas internas do
segundo dedo na base do pescoço. Para avaliação das bases pulmonares os polegares em contato/apoiados nas linhas
paravertebrais e os outros dedos recobrindo os últimos arcos costais. Com os movimentos respiratórios, os polegares
devem separar-se igualmente, caso contrário, estará reduzida. ATENÇÃO! nenhuma patologia do sist. resp. cursa com
aumento da expansibilidade sempre será normal ou reduzida.
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PRINCIPAIS CAUSAS DE ALTERAÇÕES NA EXPANSIBILIDADE

UNILATERAL BILATERAL
APICAL Processo infeccioso ou cicatricial Processo infeccioso ou cicatricial
BASAL Derrame pleural unilateral Derrame pleural bilateral
Hepatomegalia Gravidez
Esplenomegalia Ascite
Obesidade
DIFUSO Pneumotórax Enfisema
Hidrotórax Esclerodermia
Atelectasia Senilidade
Espondilite anquilosante

FRÊMITO TORACOVOCAL

ABOLIDO AUMENTADO
Derrames pleurais Consolidação pulmonar
(pneumonia)
Atelectasias
Pneumotórax

O FTV é causado pelas vibrações das cordas vocais transmitidas e percebidas na parede torácica pela mão do
examinador quando o paciente emite algum som.

- Costuma ser mais nítido em homens e indivíduos com parede torácica delgada (fina).
- Mais acentuado à direita e nas bases.
- Regiões homólogas são comparadas.
- A palpação é feita com a superfície palmar dos dedos.
- O paciente deve repetir “33”.

PERCUSSÃO

PERCUSSÃO NORMAL

Tonalidade de sons
- CLARO PULMONAR: ar nos alvéolos. Ex: pulmões.
- TIMPÂNICO: regiões que contenham ar. Ex: espaço de Traube.
- SUBMACIÇO: ar em quantidade restrita. Ex: região precordial.
- MACIÇO: regiões desprovidas de ar. Ex: macicez hepática.

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PERCUSSÃO ANORMAL

HIPERSONORIDADE
SUBMACICEZ E MACICEZ TIMPÂNICO
PULMONAR
Aprisionamento de ar no espaço
Aumento de ar nos alvéolos Redução ou inexistência de ar nos
pleural ou numa grande cavidade
pulmonares. alvéolos
intrapulmonar
• enfisema pulmonar
• Atelectasia
• crise de asma • pneumotórax
• derrames pleurais
• cavernas pulmonares • caverna tuberculosa
• condensação pulmonar
• estenose brônquica

OBS: Em casos de caverna, o tamanho da cavidade irá determinar se o som será timpânico (cavidades grandes) ou uma
hipersonoridade pulmonar (cavidades menores).

AUSCULTA

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SONS PLEUROPULMONARES NORMAIS


SOM TRAQUEAL (I < E com intervalo)
- Audível na região de projeção da traqueia, no pescoço e na região esternal.
- Origina-se na passagem de ar através da fenda glótica e na própria traqueia.
- Componente inspiratório constituído de ruído soproso, mais ou menos rude.
- Nítido intervalo entre inspiração e expiração.
- Componente expiratório mais rude (forte) e longo.

SOM BRONQUIAL (I≅ E com intervalo)


- Ocorre onde há brônquios de maior calibre (face anterior do tórax, próximo ao esterno).
- É semelhante ao som traqueal, com componente expiratório menos intenso

MÚRMURIO VESICULAR OU SOM VESICULAR (I > E sem intervalo)


- Ouvido na maior parte do tórax, exceto nas regiões esternal superior, interescapulovertebral direita e no nível da 3 e
4ª vértebras dorsais.

- Produzido pela turbulência do ar circulante ao chocar-se contra as saliências das bifurcações brônquicas, ao passar
por cavidades de tamanhos diferentes, tais como bronquíolos para os alvéolos.

- Componente inspiratório mais intenso, mais duradouro e de tom mais alto que o expiratório.

- Não se percebe intervalo silencioso entre as duas fases.

- É mais fraco e mais suave que a respiração brônquica.

- Sofre variações na intensidade dependendo da espessura da parede torácica. É mais forte na parte anterossuperior,
nas axilas e nas regiões infra-escapulares.

SOM BRONCOVESICULAR (I = E sem intervalo)


- Mescla características da respiração brônquica com as do murmúrio vesicular.
- A intensidade e a duração da inspiração e expiração tem igual magnitude.
- Não há intervalo entre inspiração e expiração
- Auscultada na região esternal superior, na interescapulovertebral direita e no nível da quarta vértebra dorsal.

SONS PLEUROPULMONARES ANORMAIS


MELHORES LOCAIS DE AUSCULTA
(a foto do slide n está 100% correta!)

Contínuos
- Roncos e Sibilos – saída dos brônquios principais
- Estridor – áreas de projeção da traqueia
- Atrito pleural – região axilar inferior

Descontínuos
- Estertores finos – bases pulmonares
- Estertores grossos – ápice e qualquer outro
campo pulmonar
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SONS PLEUROPULMONARES ANORMAIS DESCONTÍNUOS


ESTERTORES
- Ruídos audíveis na inspiração ou na expiração, superpondo-se aos sons respiratórios normais.
- Ocorrem com a abertura das vias respiratórias, como em casos de pressão por:
- conteúdo líquido (finos)
- conteúdo mais espesso (grossos).

ESTERTORES FINOS: conteúdo líquido exerce pressão sobre as vias respiratórias provocando sua abertura
- é a “crepitação pulmonar” encontrada na congestão passiva pulmonar (edema agudo de pulmão) e nas pneumonias.
- acontece principalmente na fase INSpiratória.
- muco não se mobiliza com a tosse
- ruídos mais audíveis nas bases pulmonares, que são áreas de mais gravidade

DICA! Coloque o cabelo na ponta do ouvido e atrite um contra o outro para simular esse som.

ESTERTORES GROSSOS: conteúdo mais espesso exerce pressão sobre as vias respiratórias provocando sua abertura
- presentes nas patologias que cursam com MUITA secreção na via aérea, como nas bronquites e bronquiectasias.
OBS.: fibrose cística nada mais é do que bronquiectasia.

- O estertor grosso se mobiliza com a tosse (grande diferença para o estertor fino), ou seja, quando o paciente tossir, a
secreção vai para outra área pulmonar ou pode “desaparecer”

ATENÇÃO! Não confunda ESTRIDOR (som contínuo) com ESTERTOR (som descontínuo)

SONS PLEUROPULMONARES ANORMAIS CONTÍNUOS


RONCOS:
- Baixa frequência = graves.
- Predominam na expiração.
- Fugazes, rápidos
- Repercussão das vibrações das paredes brônquicas e do conteúdo gasoso
quando há estreitamento dos brônquios.
Ex: asma brônquica, bronquites, bronquiectasias, obstruções localizadas

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SIBILOS:
- Alta frequência = agudos.
- “Miado de gato”
- Inspiração e expiração.
- Múltiplos
- Podem ser:
Disseminados por todo o tórax (ex: asma, bronquite)
Localizados (ex: semiobstrução por corpo estranho ou neoplasia).

- Representam a repercussão das vibrações das paredes bronquiolares e de seu conteúdo gasoso.
- O broncoespasmo/sibilo é uma resposta do corpo a várias situações; uma espécie de tentativa que o pulmão exerce
de se livrar de substâncias irritantes ou alérgenos que possam estar presentes nas vias aéreas.

ESTRIDOR:
- Semiobstrução da laringe e da traqueia.
- Não é esperado em alterações a nível de brônquios/pleura.
- Intensificado na respiração forçada.
- Ex: difteria, laringites agudas, câncer de laringe, estenose de traqueia.

OBS.: muito comum em pacientes traqueostomizados após retirada da cânula devido à estenose de traqueia.

Esse som é muito mais percebido na área de projeção da traqueia. Muito frequente na difteria, mas na clínica médica
é mais comum percebermos após cirurgias de traqueia.

ATRITO PLEURAL (pleurite seca):


- Ruído irregular e descontínuo.
- Mais intenso na inspiração.
- Som grave.
- É comparado ao “ranger de couro atritável”.
- Produz vibração palpável.
- Pleurite seca: é uma situação onde o líquido existente entre a pleura parietal e visceral desaparece e o atrito das
pleuras produz esse som.
- Auscultado principalmente na região axilar inferior e com aumento da pressão do receptor do estetoscópio.
- Ocorre em casos de inflamação pleural, mas desaparece com a evolução do quadro e instalação do derrame pleural,
já que o líquido impede o atrito da pleura.
- Ex: tuberculose pleural

AUSCULTA PULMONAR
presença de líquido
Aumenta o som auscultado
(ex.: derrame cavitário)
presença de ar e/ou massas Diminui o som auscultado

SONS VOCAIS – RESSONÂNCIA VOCAL


A ressonância vocal diz respeito aos sons produzidos pela voz e ouvidos na parte torácica. São incompreensíveis e
podem ser encontrados normais, diminuídos, ou aumentados.

Ausculta-se o tórax do paciente enquanto ele repete 33, sempre comparando lados homólogos.

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O que altera/interfere na ressonância vocal, sendo capaz de diminuí-la ou aumentá-la? A ressonância vocal pode ser
alterada por diferentes condições pulmonares e anatomias, resultando em diminuição ou aumento da nitidez dos
sons da voz durante o exame físico. Essas condições pulmonares dizem respeito a (in)existência de líquido e/ou
secreção no pulmão, pois quando presentes, ajudam na condução dos sons. Por outro lado, quando existe um
aprisionamento de ar no pulmão, espessamento das paredes ou presença de massas, os sons são auscultados mais
baixos que o normal, pois ar e massas atrapalham a transmissão dos sons.

1) Ressonância vocal normal – ausculta de sons incompreensíveis


Ex.: paciente fala “BANANA” você não consegue compreender o que ele diz, apesar de saber que ele está falando
algo. Ou seja, o médico detecta algum tipo de padrão sonoro na voz do paciente.

2) Ressonância vocal diminuída (ex: atelectasia, espessamento pleural, derrames pleurais).


Ex.: paciente fala “BANANA” e você não consegue ouvir nada, não reconhece nenhum padrão sonoro, ou
ouve só um ruído bem de longe.

3) Ressonância vocal aumentada (ex: consolidações, pneumonias, tuberculose)

3.1) BRONCOFONIA: ausculta-se a voz sem nitidez nenhuma.


Ex.: paciente fala “BANANA”, e apesar de você não conseguir compreender direito o que ele falou,
você detecta MAIS do que apenas um padrão sonoro na voz do paciente. Você não consegue ter
certeza, mas se te perguntar o que ele disse, você é capaz de reconhecer que foi algo com um sufixo
tipo “ANA”. Será que foi “PIJAMA” ? Observe que ele não SABE, não pode afirmar que foi isso, mas
desconfia.

3.1.1) EGOFONIA: broncofonia (voz sem nenhuma nitidez) de qualidade nasalada e metálica
(ex: parte superior dos derrames pleurais, condensação pulmonar).

3.2) PECTORILÓQUIA FÔNICA: ausculta-se voz nitidamente.


Ex.: paciente fala “BANANA” e você entende perfeitamente que ele disse “BANANA”.

3.3) PECTORILÓQUIA AFÔNICA: ausculta-se voz mesmo se cochichada.


Ex.: paciente conta um segredo baixinho no ouvido do acompanhante e o médico consegue ouvir
claramente e compreender tudo que ele falou.

ATENÇÃO! A ressonância vocal (sons produzidos pela voz) acompanha o frêmito toracovocal. Assim, se o frêmito está
diminuído, a ressonância também estará, e assim por diante.

CONDENSAÇÕES X CONSOLIDAÇÃO

• Condensações é uma “classe” ou “tipo” de doença.


• Consolidação, por sua vez, é uma “característica” de várias doenças, à exemplo da condensação.
• Ou seja, toda condensação é uma consolidação, mas nem toda consolidação é uma condensação (existem
doenças que não são consideradas condensações nas quais pode existir uma consolidação.).

ATENÇÃO! FRÊMITO DA CONGESTÃO PASSIVA DE PULMÃO – De acordo com a bibliografia de referência, PORTO &
PORTO, o FTV (e consequentemente a ressonância vocal) referente à congestão passiva do pulmão seria normal ou
aumentado. No entanto, a prof. Lívia disse na aula que nessa situação o FTV estaria diminuído, porque o acúmulo de
líquido desta afecção ocorre no interstício, não nos alvéolos. Consequentemente, não exerceria o papel de ajudar na
condução do som, podendo inclusive atrapalhá-la.

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SÍNDROMES PLEURO PULMONARES

SÍNDROMES BRÔNQUICAS
- Acontecem por uma redução de calibre dos brônquios.
- Principais causas:
• edema de mucosa brônquica
• aumento de produção de muco
• aumento do tônus broncomotor.

- As principais síndromes brônquicas são:


• asma brônquica
• bronquites
• bronquiectasias

1) ASMA BRÔNQUICA
Na asma brônquica ocorre um aumento da espessura da parede brônquica por inflamação secundária a um processo
alérgico. Devido ao processo alérgico, há a liberação de mediadores inflamatórios, causando a inflamação que acaba
por diminuir a luz do brônquio.

- PRINCIPAIS SINTOMAS: dispneia, dor torácica em aperto, sibilância e tosse (geralmente seca)

- INSPEÇÃO: os principais achados são tiragem intercostal, dispneia e utilização de musculatura acessória nas crises.

- PALPAÇÃO: o frêmito toracovocal pode estar normal ou diminuído.

- PERCUSSÃO: normal ou hipersonoridade (em momentos de crise).

- AUSCULTA (sons típicos da asma)

o Murmúrio vesicular reduzido com expiração prolongada.


o Sibilos expiratórios.
o Roncos e/ou estertores grossos

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2) BRONQUITE AGUDA
- É a inflamação de parede brônquica, secundária a uma infecção, normalmente, viral. Com isso, há aumento moderado
na produção de muco e alterações inflamatórias na parede, causando redução da luz brônquica.

- SINTOMAS: febre, cefaleia, desconforto retroesternal, rouquidão, tosse seca (pode passar a ser produtiva em casos
de infecção bacteriana sobreposta).

- INSPEÇÃO: normal.
- PALPAÇÃO: normal.
- PERCUSSÃO: normal.
- AUSCULTA
o Estertores grossos bilaterais.
o Roncos e sibilos esparsos.

3) BRONQUITE CRÔNICA
- A bronquite crônica é um dos espectros da doença pulmonar obstrutiva crônica. O outro espectro da DPOC é o
enfisema pulmonar.

- Ocorre por um aumento da parede do brônquio por inalação de substâncias tóxicas (poeira, partículas tóxicas), que
acabam causando uma hiperreatividade e inflamação da parede brônquica.

- Diferente da bronquite aguda, na bronquite crônica há muito muco.

- SINTOMAS: tosse com expectoração mucopurulenta crônica intermitente.


- INSPEÇÃO: redução da expansibilidade.
- PALPAÇÃO: redução da expansibilidade e do frêmito toracovocal.
- PERCUSSÃO: hipersonoridade (se houver enfisema associado, por acúmulo de ar nos alvéolos).
- AUSCULTA:
o . Estertores grossos bilaterais.
o . Roncos e sibilos.

4) BRONQUIECTASIAS
As bronquiectasias são caracterizadas por dilatação e alargamento dos brônquios (resultado da destruição dos
componentes elástico e muscular da parede brônquica), espessamento de paredes, muita produção e acúmulo de
fluído (muco) nessa região e, consequente, estreitamento sua luz.

O acúmulo de muco nas vias aéreas pode levar à obstrução parcial das vias respiratórias, resultando em áreas de
retenção de ar e diminuição da ventilação. Isso resulta em um som de percussão normal ou mais abafado em vez de
hipersonoridade.

- SINTOMAS: tosse produtiva com expectoração mucopurulenta, principalmente pela manhã; hemoptises; podem
ocorrer dispneia, broncoespasmo e dor torácica.

- INSPEÇÃO: taquipneia e redução da expansibilidade.


- PALPAÇÃO: redução da expansibilidade e do frêmito toracovocal.
- PERCUSSÃO: sonoridade normal ou diminuída (hiposonoridade)
- AUSCULTA
o . Redução do murmúrio vesicular.
o . Estertores grossos localizados.
o . Roncos e sibilos.
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SÍNDROMES PULMONARES

CONSOLIDAÇÕES
- Nas consolidações os alvéolos estão preenchidos por células ou exsudato.
- Ocorre principalmente em:
• Pneumonias
• infarto pulmonar
• tuberculose.

- SINTOMAS: dispneia, tosse seca ou produtiva (hemoptóica), dor/desconforto retroesternal.

- INSPEÇÃO: taquipneia e expansibilidade diminuída.


- PALPAÇÃO: aumento do frêmito toracovocal e expansibilidade diminuída.
- PERCUSSÃO: submacicez ou macicez, já que os alvéolos estão preenchidos.
- AUSCULTA: estertores finos, broncofonia e pectorilóquia.

ATELECTASIA
- É marcada pelo colapso/colabamento dos alvéolos. Estes deixam de estar preenchidos por ar, devido alguma
obstrução superior, mas também não estão preenchidos por outro tipo de conteúdo (ou seja, “alvéolos vazios”).

- As principais causas de atelectasia são neoplasias e corpos estranhos.

- SINTOMAS: dispneia, tosse seca.


- INSPEÇÃO: tiragem, retração do hemitórax.
- PALPAÇÃO:
o . Redução ou abolição do frêmito toracovocal.
(não há ar para produzir vibrações na parede torácica)
o . Expansibilidade diminuída.

- PERCUSSÃO: macicez, devido a ausência de ar nos alvéolos.


- AUSCULTA: murmúrio vesicular reduzido.

ATENÇÃO! A atelectasia e o derrame pleural são situações que não tem nenhum som anormal característico, existe
apenas a ausência do murmúrio vesicular. Por isso fica muito difícil de diferenciar uma atelectasia de um derrame
pleural apenas com as características do exame físico, o que irá chamar atenção será a história clínica.
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HIPERAERAÇÃO / ENFISEMA PULMONAR


- O principal exemplo de hiperaeração é o enfisema pulmonar, um dos espectros da DPOC.
- No enfisema há destruição da parede dos alvéolos, que ficam colapsados, e comprometimento dos bronquíolos, que
tem sua luz diminuída. Com isso, menos ar chega aos alvéolos, que já estão destruídos.

- SINTOMAS: dispneia progressiva e insuficiência respiratória.

- INSPEÇÃO: tórax em tonel e expansibilidade diminuída.

- PALPAÇÃO: redução do FTV e expansibilidade diminuída.


- PERCUSSÃO:
o Inicialmente: normal.
o Progressão da doença: hipersonoridade
(quando o paciente passa a reter uma grande
quantidade de ar na árvore brônquica e o ar
não consegue sair).

- AUSCULTA: murmúrio vesicular reduzido e fase expiratória


prolongada.

CONGESTÃO PULMONAR

- Na congestão pulmonar, há o acúmulo de líquido (transudato)


nos alvéolos.

- Acontece, principalmente na insuficiência ventricular esquerda


e na estenose mitral.

- SINTOMAS: dispneia de decúbito, dispneia paroxística noturna,


tosse seca ou com expectoração rósea.

- INSPEÇÃO: expansibilidade normal ou diminuída.


- PALPAÇÃO: expansibilidade normal ou diminuída e FTV normal
ou aumentado.
- PERCUSSÃO: submacicez nas bases.
- AUSCULTA: estertores finos nas bases.

CAVERNAS PULMONARES
As cavernas são lesões cavitárias que surgem como consequência da necrose liquefativa/necrobiose e posterior
drenagem do conteúdo caseoso de uma lesão granulomatosa, que dá lugar a uma cavidade no local degenerado do
pulmão. Ocorre em casos de tuberculose, abcessos, neoplasias e micoses.

- SINTOMAS: tosse produtiva, vômica (eliminação de conteúdo mucopurulento, proveniente da via aérea, pela boca).
- INSPEÇÃO: expansibilidade diminuída na região afetada.
- PALPAÇÃO: expansibilidade diminuída e frêmito toracovocal aumentado.
- PERCUSSÃO: hipersonoridade (caverna com ar) ou som timpânico (caverna preenchida por outro conteúdo).
- AUSCULTA: som broncovesicular e ressonância vocal aumentada.

OBS: As alterações só serão percebidas no exame físico caso a caverna esteja próxima à parede torácica e com tamanho
considerável (> 4 cm).
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SÍNDROMES PLEURAIS
• Pleurite
• Derrame pleural
• Pneumotórax

1) PLEURITE
- É uma inflamação dos dois folhetos da pleura. Essa inflamação forma um exsudato entre os folhetos, fazendo com
que o deslizar de um folheto sobre o outro tenha atrito e repercussões.
- Acontece na tuberculose, pneumonias, colagenoses, neoplasias da pleura e pulmão, infecções virais.
- SINTOMAS: dor pleurítica, tosse, dispneia e febre. Em caso de evolução do quadro, pode haver derrame pleural.
- INSPEÇÃO: expansibilidade diminuída.
- PALPAÇÃO: expansibilidade e frêmito toracovocal normais ou diminuídos.
- PERCUSSÃO: submacicez difusa.
- AUSCULTA: atrito pleural.

2) DERRAME PLEURAL
- É a principal evolução da pleurite, marcada pela presença de líquido no espaço pleural.
- As principais causas de derrame pleural são: pleurite, pneumonia, neoplasias, colagenoses, síndrome nefrótica e
insuficiência cardíaca.
- SINTOMAS: dor torácica não pleurítica, tosse seca e dispneia.
- INSPEÇÃO: expansibilidade diminuída.
- PALPAÇÃO: expansibilidade diminuída e frêmito toracovocal diminuído ou abolido na área do derrame.
- PERCUSSÃO: macicez, em função do líquido ocupando a região
- AUSCULTA: murmúrio vesicular reduzido ou abolido na área do derrame.

OBS.: Não tem som anormal característico, assim como a atelectasia e o pneumotórax.

3) PNEUMOTÓRAX

- É a presença de ar entre os folhetos pleurais.


- Ocorre em casos de lesão traumática, ruptura de bolhas subpleurais, tuberculose, pneumoconiose e neoplasias.
- SINTOMAS: dor no hemitórax comprometido, tosse seca e dispneia aguda.
- INSPEÇÃO: sem alterações. Em casos de maior gravidade, há abaulamento do hemitórax acometido.
- PALPAÇÃO: frêmito toracovocal reduzido e expansibilidade diminuída.
- PERCUSSÃO: hipersonoridade.
- AUSCULTA: múrmurio vesicular diminuído ou abolido e ressonância vocal diminuída.

OBS.: Não tem som anormal característico, assim como a atelectasia e o derrame pleural.

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CASOS CLÍNICOS DA AULA

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