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Prof.

Doutor João Espírito Santo


Dr. João Marques Martins
Dr. David Nunes dos Reis

EXAME DE DIREITO COMERCIAL I – NOITE

18 DE FEVEREIRO DE 2016

Tópicos de Correção

Grupo I (8 valores)

1. Caracterização do contrato em causa

 Concessão. Designadamente: notas essenciais do contrato, em particular: a aquisição


da propriedade das bicicletas; duração do contrato.

2. O problema do regime aplicável: a aplicação analógica do Regime da Agência (RJCA)

 Relevância da autonomia privada; Argumentos a favor dessa aplicação analógica,


designadamente: tratar-se de contrato de distribuição; matriz do contrato; tipo social
mas não tipo legal.

3. Validade da Cláusula

 Foi acordado pela parte ao abrigo da autonomia provada (art. 405.º CC). Vem bulir
com o regime da agência? Discussão e conclusão pela validade e eficácia da referida
cláusula. Normas potencialmente aplicáveis: discussão em torno do art. 7.º al. a)
RJCA e preâmbulo.

4. Pedido de lista das propostas comerciais e angariações fracassadas

 Trata-se de matéria abrangida pela supervisão e fiscalização, pelo que deveriam ter
sido prestadas estas informações.
 Mais: cláusula vigésima permite dirigir instruções. Donde: quem permite o mais
permite o menos. Logo: deveria ter sido prestada essa informação.

5. Exigência de descida do preço

 Discussão em trono do art. 7.º al. a) RJCA. Tratando-se de (parte) da política


comercial, teria que descer. Caso se tratasse, por exemplo, de matéria relativa aos
métodos de trabalho, não haveria que acatar a ordem dada.

6. Cessão do contrato: Resolução

 Não poderia haver lugar a denúncia, uma vez que o contrato tinha prazo
determinado.
 Quanto à resolução: existência de fundamento: al. a) e al. b) do art. 30.º. O não
acatamento das ordens – num contrato intuitu personae – é justa causa para efeitos de

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resolução? Discussão. A situação do mercado – facto inimputável ao concessionário


– é justa causa para efeitos de resolução?
 A não indicação do motivo: relevância enquanto situação de incumprimento por
parte de António, podendo dar lugar a indemnização nos termos gerais.
7. Pretensões indemnizatória

 Indemnização de clientela: discussão em torno do art. 33.º. Seria de difícil


preenchimento. A clientela diminui. Ainda assim, poder-se-ia admitir que foram
angariados novos clientes que permaneceram para lá da crise.
 Indemnização por força da resolução operada: aplicação do art. 32.º.
Grupo III (8 valores)
1. Mútuo Bancário e Pretensão do Banco Boas Contas:

 Devedores são, seguramente, Inês (artigo 1142.º CC), Manuel e Martim (artigos
627.º/1 e 634.º CC).
 Poderia colocar-se a dúvida no que toca a Nuno, casado com Inês, tendo em conta o
disposto no artigo 1691.º/1 CC, ou seja, interessaria decidir se a dívida responsabiliza
ambos os cônjuges.
 Não se verificando nenhuma das hipóteses previstas nas alíneas a), b), c) e e) do
artigo 1691.º/1 CC, restaria a previsão da alínea d) – dívida contraída no exercício do
comércio.
 Muito embora Inês devesse ser considerada comerciante (artigos 463.º/1 e 13.º/1
ambos do CCom.), a dívida em causa dificilmente se consideraria comercial (para
efeitos do artigo 15.º CCom.) ou contraída no exercício do comércio.
 Em todo o caso, a comunicabilidade estaria, em princípio, excluída, uma vez que Inês
e Nuno eram casados no regime de separação de bens [artigo 1691.º/1, d), parte final
CC].
 Seria valorizado o debate sobre se o Banco Boas Contas poderia demandar os
devedores antes de o Banco Dark Side ou a Seguradora Golden Parachute o terem
interpelado para pagar a letra, atendendo a que Inês o não havia feito.

2. Acidente de viação: obrigação de indemnizar

 A única devedora da indemnização a Zulmira é, se verificados os pressupostos da


responsabilidade civil (artigos 483.º/1 ou 503.º/1 CC), Inês, ou a seguradora para a
qual tivesse sido transferida a responsabilidade resultante da circulação do veículo.
 Novamente, poderia surgir o debate sobre a responsabilidade de Nuno [artigos
1692.º, b) e 1691.º/1, d), ambos do CC].
 O regime de bens sob o qual Inês e Nuno celebraram casamento seria impedimento
suficiente à utilização da norma extraível do artigo 1691.º/1, d) CC.
 Embora suficiente, a invocação do regime de bens não seria necessária para afastar o
artigo 1691.º/1, d) CC: apesar de Inês ser comerciante, a condução da qual decorreu
o acidente nem ocorreu no exercício do comércio nem tinha qualquer conexão com a
atividade comercial de Inês, não sendo por isso comercial a obrigação indemnizatória
que dela resultou [artigos 2.º (2.ª parte) e 15.º CCom.).

3. Banco Dark Side

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 Não tendo Inês pago a letra, como seria sua obrigação (artigo 28.º LULL), poderia o
Banco Dark Side solicitar também o pagamento da mesma ao Banco Boas Contas e à
Seguradora Golden Parachute (artigos 15.º e 47.º LULL).
 Seria debatível se o pacto de preenchimento contemporâneo da letra em branco
havia ou não sido transmitido.

4. Relações cambiárias

 Seria valorizada a caracterização da letra, do saque, do aceite e do endosso;


 Inês é sacada e aceitante da letra de que o Banco Boas Contas é sacador;
 O Banco Boas Contas é endossante relativamente à Seguradora Golden Parachute e ao
Banco Dark Side;
 A Seguradora Golden Parachute seria endossatária relativamente ao Banco Boas Contas e
endossante relativamente ao Banco Dark Side.

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EXAME DE DIREITO COMERCIAL I – NOITE

14 DE JANEIRO DE 2016

Duração: 120 minutos

I (10 valores)

B é proprietária de uma livraria on-line que tem sido bem-sucedida. Em janeiro de 2014,
comprou livros a C, no valor de €50.000, os quais acumulou em stock. Os livros foram entregues
de imediato, mas o pagamento foi diferido para o final do ano em curso, tendo B e C acordado,
todavia, que B poderia antecipar o pagamento, no todo ou em parte. O pagamento foi garantido
por uma livrança, subscrita por B a favor de C ou à sua ordem, com vencimento em 31 de
Dezembro de 2014 e sem preenchimento da quantia; foi convencionado que a C preencheria a
quantia que estivesse em dívida em 31 de dezembro de 2014.
Em julho de 2014, B fez uma transferência bancária para C, no montante de €10.000, e,
logo depois, vendeu a sua empresa a D, sendo o contrato celebrado entre as partes omisso
relativamente à obrigação de pagamento dos livros fornecidos por C. Entretanto, C endossou a
letra a E, sem a preencher, para pagamento parcial de uma dívida de fornecimento, no montante
de €50.000.
Em dezembro de 2014, B viajou para a Índia, com o intuito de se descobrir, tendo ficado
incontactável. C, que nunca recebeu o remanescente do preço, perante a impossibilidade de falar
com B, pediu a D que lho pagasse. Em julho de 2015, B regressou da viagem de autodescoberta, e,
arrependida de ter vendido a sua livraria, decidiu reabri-la, com um nome novo. Para o efeito,
criou uma sociedade unipessoal, de que é a única sócia, e que é a proprietária da nova livraria.
D considera-se lesado pela abertura da nova livraria e pretende reagir.
E preencheu a livrança com a quantia de €50.000 e, no dia 4 de janeiro de 2016, exigiu a B o
pagamento desse montante.

Quid iuris?

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II (2 valores)

Comente uma (e apenas uma) das seguintes afirmações:

1. O Direito Comercial não pode distinguir-se do Direito Civil em razão da matéria regulada.

2. No Direito Comercial Português, as únicas pessoas não singulares que podem qualificar-se como comerciantes
são as sociedades comerciais.

III (8 valores)

B e C, amigos de longa data, celebraram entre si um contrato mediante o qual C se obrigava a


comprar a B, por ano, 10.000 unidades de um produto inovador que este produz, e a revendê-lo
em território português. O negócio ficou fechado durante o almoço, não tendo sido reduzido a
escrito. Durante a refeição, B entusiasmou-se e prometeu a C que ele seria o único distribuidor
do produto em Portugal. Acordaram ainda que o contrato vigoraria por cinco anos. Nos três
primeiros anos de vigência do contrato, C comprou sempre entre 11.000 a 15.000 unidades do
produto, as quais revendeu com facilidade. Mas B convenceu-se de que o seu produto poderia
vender muito mais, mas que assim não sucedia porque C era preguiçoso. De modo que decidiu
contratar D como agente para o mesmo produto, podendo este promover negócios em todo o
território nacional.
Vindo a saber desta contratação, C decidiu resolver o contrato invocando a violação do pacto
de exclusividade. Depois de fazê-lo, remoeu sobre a hipótese de pedir uma indemnização de
clientela a B. Pensava em fazê-lo, mas depois hesitava, pois não lhe agradava a ideia de demandar
um velho amigo. Até que, quase 15 meses passados sobre a resolução, lá se decidiu propor ação
contra B.

1. Qualifique e caracterize o contrato celebrado entre B e C. (3 valores)


2. A resolução operada por C é lícita? (3 valores)
3. Tem o C direito a receber uma indemnização de clientela? (2 valores)

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TÓPICOS DE CORREÇÃO

TÓPICOS DE CORREÇÃO DO EXAME DE DIREITO COMERCIAL I – TAN

DATA: 14 de janeiro de 2016


DURAÇÃO: 120 minutos

I (10 Valores)

1. Livraria online:

 Discussão quanto à sua qualificação como estabelecimento comercial designadamente


quanto à potencial existência de elementos essenciais; bens corpóreos e incorpóreos.
 Seria valorizada a referência à (i)relevância de se tratar de uma “loja online” e à
desmaterialização dos estabelecimento comerciais.

2. Problemas respeitantes à venda da livraria online:

 Trespasse?
 O âmbito da entrega; a transmissão de dívidas para o comprador/trespassário.
 A discutida existência da obrigação de não concorrência na sequência de trespasse de
estabelecimento comercial: indicação das diferentes teses e respetivos fundamentos;
âmbitos de não concorrência.

3. Livrança:

 Caraterização da livrança enquanto título de crédito: literalidade e autonomia.


 A livrança em branco; o pacto de preenchimento: função, relevância e execução.
 Endosso, respetivo sentido e significado: uma nova ordem de pagamento; a circulação da
livrança enquanto “vocação” dos títulos de crédito em geral.
 A função garantística dos títulos de crédito: passagem para a ação executiva.
 Efeito do endosso: nova ordem de pagamento a B a favor de E;

III (8 valores)

4. Qualifique e caracterize o contrato celebrado entre B e C:

 O negócio jurídico celebrado entre B e C é um contrato de concessão, uma vez que a


prestação a que C se obrigou – comprar a B o seu produto e revendê-lo – constitui a
característica essencial do contrato de concessão e é incompatível com o conteúdo
obrigacional de um contrato de agência, sendo ainda certo que os dados da hipótese não
indiciam a presença dos elementos característicos do contrato de franquia.

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 O contrato de concessão é legalmente atípico; havendo, todavia, AA. que o consideram


socialmente típico.
 Sendo legalmente atípico, a validade do contrato de concessão não está condicionada pelo
cumprimento de um requisito de forma na celebração (v. artigo 219.º CC).
 Sendo legalmente atípico, o contrato de concessão não é um ato de comércio objetivo (v.
artigo 2.º, 1.ª parte, C.Com.). Todavia, atendendo a que a prestação principal típica do
contrato de concessão – compra para revenda – é um ato de comércio objetivo (artigo
463.º/1.º e 3.º CCom.), o concessionário, neste caso o C, se executar profissionalmente o
mencionado contrato, deve ser considerado comerciante (v. artigo 13.º/1 CCom.). Acresce
que os dados da hipótese indiciam que também B desempenha, a título profissional, uma
atividade objetivamente comercial (v. artigo 230.º/1.º CCom.). Sob este prisma, o contrato
de concessão pode ser considerado ato de comércio subjetivo (artigo 2.º, 2.ª parte, CCom.).

5. A resolução operada por C é lícita?

 A resolução será lícita se foi fundada em justa causa, ou seja, se C incumpriu uma obrigação
a que estava adstrito e se as características desse incumprimento tornam inexigível a
subsistência do vínculo na perspetiva do contraente adimplente.
 No caso em apreço, é debatível se a contratação de um agente corresponde ao
incumprimento de uma obrigação a que B se encontrava adstrito. Com efeito:

o Muito embora a validade do contrato de concessão não esteja sujeita à adoção de forma
escrita, alguma jurisprudência e doutrina considera que, tal como sucede no âmbito do
contrato de agência (v. artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 178/86 de 3 de julho – adiante
RJCA), a aquisição de exclusividade depende de acordo escrito entre as partes. No caso
em apreço, não foi celebrado qualquer acordo escrito entre as partes;
o Admitindo a validade, no caso em apreço, do acordo não escrito por meio do qual B
concedeu exclusividade a C, haveria ainda que discutir se a mesma se circunscreve à figura
do concessionário, ou se abrange toda a distribuição, independentemente da forma
jurídica que assuma. A hipótese aponta para esta segunda solução, designadamente no
trecho seguinte: "(…)B entusiasmou-se e prometeu a C que ele seria o único distribuidor do produto
em Portugal."

 Caso se entendesse que a conduta de B é qualificável como incumprimento do contrato,


haveria ainda que discutir se o mesmo encerrava uma gravidade que tornaria, na perspetiva
de B, insustentável a manutenção do vínculo contratual. Em casos como o da hipótese,
supondo que a extensão do investimento que o concessionário realiza na preparação e
execução da sua atividade pode ser avultada em consequência da exclusividade concedida, a
violação deste direito encerra gravidade suficiente para justificar a resolução. Com efeito,
com a sua conduta, B estaria a impedir ou a dificultar a C a obtenção de proveitos
resultantes da execução do contrato de concessão.

6. Tem o C direito a receber uma indemnização de clientela?

 Como questão prévia, seria necessário discutir se o disposto no artigo 33.º do RJCA é
aplicável ao contrato de concessão. A maioria da jurisprudência e da doutrina responde
positivamente a esta questão.

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 Supondo que a tese deve ser seguida, o direito à indemnização de clientela estaria
dependente de a resolução do contrato ter sido considerada lícita. Caso contrário, seria de
aplicar a exclusão prevista no artigo 33.º/3 RJCA.
 Finalmente, atendendo a que, entre a cessação do contrato de agência e a propositura da
ação de indemnização de clientela mediou um período de quase 15 meses, e que a hipótese
não revela que B tivesse, anteriormente, comunicado a C a sua pretensão compensatória,
seria de considerar que o direito à indemnização de clientela que, hipoteticamente, assistia a
B havia caducado (v. artigo 33.º/4 RJCA).

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FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA


Exame de Direito Comercial I – Noite – 27 de janeiro de 2016
Duração: 120 minutos

I (4 valores)
ALBERTO é proprietário de uma loja de material informático, na qual também realiza pequenas
reparações de computadores. Desenvolve a sua atividade com a colaboração de um trabalhador -
CARLOS. ALBERTO dedica-se preferencialmente às reparações, tendo incumbido das vendas
CARLOS, a quem nomeou gerente de loja.
Pergunta-se: ALBERTO é comerciante?

II (6 valores)
Quando abriu a loja, ALBERTO fez uma encomenda de material informático no valor de
€60.000, para compor o seu stock. O fornecedor, a BIT, SA, concedeu que o pagamento fosse
realizado ao longo de um ano, em 6 prestações bimestrais de igual valor. Para garantia do
pagamento, ALBERTO subscreveu uma livrança em branco a favor da BIT, SA, tendo ficado
acordado que se, e somente se, ALBERTO entrasse em mora, poderia a mesma ser preenchida
com o valor que, nessa data, fosse devido. As duas primeiras prestações foram pontualmente
cumpridas. Aliás, a loja vendia tão bem que CARLOS, desconhecedor da existência da livrança,
decidiu antecipar o pagamento das demais prestações; o que a BIT, SA aceitou. Devido a um
problema no sistema de Netbanking, o pagamento dos €40.000 veio a ser realizado, apenas, dois
dias depois do vencimento da terceira prestação. No dia anterior, a BIT, SA havia preenchido a
livrança pelo valor de €40.000 e, para pagamento de uma dívida de igual valor, endossou-a à
DYNC, LDA., que vem, agora, pedir a ALBERTO que lhe pague aquela quantia.
Pergunta-se: (i) ALBERTO tem de pagar à DYNC, LDA. ? (ii) Caso pague, poderá ALBERTO, e
com que fundamento, demandar a BIT, SA?

III (5 Valores)
ERNESTO colocou à disposição da BIT, SA €5.000.000, os quais deveriam ser utilizados no
desenvolvimento e fabrico de um potente microcomputador – o Guioza. Acordaram que
ERNESTO receberia parte dos lucros gerados pela venda do inovador produto, mas não a
quantificaram. Antes de iniciar o projeto Guioza, a BIT, SA decidiu fazer um estudo de mercado,
do qual resultou que o consumidor prefere os tablets aos microcomputadores. Sem consultar
ERNESTO, mas utilizando o dinheiro deste, a BIT, SA lançou-se no desenvolvimento e produção
do Niguiri, um poderoso tablet.
Pergunta-se: (i) Como qualificaria o contrato celebrado entre ERNESTO e a BIT, SA? (ii) Como
se determinaria a percentagem nos lucros da venda do Guioza devidos a ERNESTO? (iii) Como
pode ERNESTO reagir à mudança de planos da BIT, SA?

IV (5 valores)
A BIT, SA decidiu conceder a ALBERTO o exclusivo nacional para a distribuição do Niguiri. O
acordo foi o seguinte: (i) ALBERTO publicitaria a existência do novo tablet, nas suas duas versões –
a convencional e a personalizada; (ii) ALBERTO venderia na sua loja a versão convencional; (iii) se
o interessado pretendesse adquirir a versão personalizada, o Niguiri-iu, então o negócio teria de
ser efetuado diretamente com a BIT, SA, nas suas instalações, sem prejuízo de ALBERTO receber
uma comissão pela venda que se concretizasse.
ALBERTO, cada vez mais brilhante tecnicamente, conseguiu reprogramar um Niguiri e criar um
Niguiri-iu, que depois ofereceu à sua filha, no aniversário.
Pergunta-se: (i) Como qualificaria o contrato celebrado entre ALBERTO e a BIT, SA; (ii) Pode a
prenda de aniversário que ALBERTO ofereceu à sua filha ocasionar a cessação do contrato?

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Tópicos de Correção do Exame de Direito Comercial I – Noite – 27 de janeiro de 2016

I (4 valores)
Alberto é Comerciante?

 Comerciante é aquele que, tendo capacidade para praticar atos de comércio, faz deste profissão
(v. artigo 13 CCom.).
 A hipótese não sugere qualquer limitação da capacidade de ALBERTO, pelo que debatível é, tão-
-somente, se este faz do comércio a sua profissão.
 A atividade da loja de informática consiste, centralmente, na venda de coisas móveis cuja
aquisição foi realizada com o intuito de revendê-las (v. artigo 463.º/3 CCom.). Sendo ALBERTO o
proprietário da loja, ele é parte contraente nesses negócios jurídicos.
 A intervenção de CARLOS, na qualidade de gerente (v. artigo 248.º CCom.), não abala as
conclusões precedentes. Trata-se de um trabalhador subordinado que, consequentemente, foi
investido de poderes de representação de ALBERTO (v. artigo 250.º CCom. e artigo 115.º/3 do
Código do Trabalho). CARLOS negoceia, pois, em representação de ALBERTO; é na esfera jurídica
deste que se produzem os efeitos jurídicos dos negócios implicados na atividade da loja de
informática.
 ALBERTO pratica de modo sistemático e reiterado atos de comércio (objetivos – v. artigos 2.º e
463.º/3 CCom.), com fim lucrativo, pelo que deve entender-se que faz do comércio profissão e,
em consequência, é comerciante.

II (6 valores)

(i) ALBERTO tem de pagar à DYNC, LDA. ?

 Caracterização da livrança enquanto título de crédito (literalidade, autonomia, circulabilidade,


etc.) e ato de comércio abstrato. O significado negocial da subscrição da livrança: promessa de
pagamento de certa quantia ao beneficiário ou à sua ordem.
 Caracterização do endosso da livrança, bem como identificação das suas consequências: faz
circular o título; institui um novo beneficiário da promessa de pagamento (o endossatário) (v.
artigos 77.º e 14.º LULL); nova promessa de pagamento, desta feita realizada pelo endossante,
condicionada à falta de pagamento pelo subscritor (artigos 77.º e 15.º LULL).
 Atendendo aos efeitos do endosso, ALBERTO estaria obrigado a pagar à DYNC, LDA (artigo 78.º e
28. LULL)
 Seria considerada errada a mobilização do artigo 10.º LULL, para fundar a obrigação de
pagamento que impende sobre ALBERTO, sem a precedente justificação da qualificação do
preenchimento como abusivo.

(ii) Caso pague, poderá ALBERTO, e com que fundamento, demandar a BIT, SA?

 Embora condicionado ao pagamento da livrança por ALBERTO, o endosso referido na hipótese


tem um efeito liberatório da BIT, SA perante a DYNC, LDA.: a BIT, SA utilizou o direito cartular
que tinha sobre ALBERTO para pagar a dívida à DYNC, LDA.
 O preenchimento da livrança e subsequente endosso deveriam ter sido evitados, atendendo a
que estava em curso a execução de um acordo do qual resultaria a satisfação integral do crédito
subjacente.
 Tendo o preenchimento e endosso sido realizados, a BIT, SA não deveria ter aceitado receber
quantia destinada a satisfazer o crédito subjacente que causou o direito cartular de que se serviu
para pagar à DYNC, LDA.

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 Seria aceitável invocar como fundamento da ação a responsabilidade civil contratual ou a


restituição do enriquecimento sem causa.

III (5 Valores)

(i) Como qualificaria o contrato celebrado entre ERNESTO e a BIT, SA?

 O contrato celebrado parece reunir as características da associação em participação, tais como


descritas no artigo 21.º do Decreto-Lei n.º 231/81 de 28.07 e substanciadas pela doutrina.
 Seria valorizado o desenvolvimento da conclusão precedente, bem como a confrontação
caracterizante com o contrato de consórcio.

(ii) Como se determinaria a percentagem nos lucros da venda do Guioza devidos a ERNESTO?

 A questão deveria ser resolvida nos termos do artigo 25.º do Decreto-Lei n.º231/81 de 28.07.
Atendendo aos dados fornecidos pela hipótese, seria de concluir pela percentagem de 50%.

(iii) Como pode ERNESTO reagir à mudança de planos da BIT, SA?

 O contrato de associação em participação descrito na hipótese visava um projeto específico, uma


operação determinada, resultante de uma opção estratégica comum às partes. A margem de
discricionariedade deixada à associante parece estar limitada aos meios, e não ao fim-causa da
celebração do contrato.
 Seria valorizado o debate sobre o incumprimento dos deveres do associante protagonizado pela
BIT, SA., designadamente o previsto no artigo 26.º/1, a) do Decreto-Lei n.º231/81 de 28.07.
 A hipotização de uma reação deveria ser ponderada ao abrigo do artigo 30.º do Decreto-Lei
n.º231/81 de 28.07.

IV (5 valores)

(i) Como qualificaria o contrato celebrado entre ALBERTO e a BIT, SA?

 O negócio em causa encerra características do contrato de agência e do contrato de concessão.


 Seria valorizada a discussão sobre se se trataria de um contrato misto ou de uma união (externa
ou interna) de contratos.
 Seria valorizada a discussão sobre o regime aplicável, designadamente fazendo apelo à natureza
/função matricial do RJCA (Decreto-Lei n.º178/86 de 03.07) e ao debate respeitante à sua
aplicação ao contrato de concessão.

(ii) Pode a prenda de aniversário que ALBERTO ofereceu à sua filha ocasionar a cessação do contrato?

 A questão solicitava o debate sobre se a conduta de ALBERTO consubstanciaria uma violação do


contrato celebrado com a BIT, SA.
 Seria valorizada a discussão sobre o regime aplicável à cessação do contrato de concessão – é o
disposto nos artigos 24.º e ss. do RJCA? Por que motivo?
 Hipotizando a afirmação do incumprimento, seria oportuno debater se este, atendendo à
respetiva gravidade, constituía justa causa da resolução do contrato.

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Exame de Direito Comercial I – Noite – 15.09.2016
Duração: 120 minutos

Grupo I
(12 valores)

No final de 2014, Alberto, advogado com escritório na Guarda, herdou algumas terras
de cultivo por morte de seu tio. Decidiu, então, dedicar-se à produção de frutos
silvestres, tendo contratado alguns trabalhadores. Por cautela, não deixou de exercer
advocacia.
Para escoar a produção, optou por implementar simultaneamente duas estratégias.
Por um lado, abriu uma loja na cidade da Guarda, que vendia, exclusivamente, os seus
produtos.
Por outro, acordou com Bernardo, que vive em Lisboa, conceder-lhe, em exclusivo, o
direito de vender os seus produtos na área do território português que fica a sul do
Mondego. Em contrapartida Bernardo comprometeu-se a comprar para revender,
mensalmente, pelo menos 3000 mil caixas de mirtilos e 5.000 caixas de amoras da
produção de Alberto. O contrato não foi celebrado por escrito.
No início de agosto de 2015, Alberto confrontou Bernardo com o facto de este não
ter cumprido, em junho e em julho, as ordens de encomenda a que se havia obrigado.
Bernardo retorquiu que a procura era inferior ao que esperara, tendo inclusivamente
alegado que a qualidade dos frutos de Alberto não era satisfatória.
Revoltado, Alberto celebrou um contrato de agência com Carlos, para vender os
frutos silvestres na zona de Lisboa e Vale do Tejo. Bernardo pretende agora resolver o
contrato que o vincula a Alberto e obter uma indemnização.
Carlos viria a mostrar grande talento e empreendedorismo. Tal foi o seu sucesso que,
em meados de 2016, comprou a Alberto a loja de que este era proprietário na Guarda.
Todavia, Alberto viria a arrepender-se deste negócio. Tanto lamentou a sua decisão que,
passados alguns meses, abriu, na Guarda, uma nova loja, onde passou a vender os frutos
silvestres da sua produção.

Quid iuris?

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Grupo II
(8 Valores)

Duarte, Ema e Filipa exploram há já quase 10 anos o conhecido “Café da Liberdade”,


na Av. da Liberdade.
Ao fim do dia afluíam ao referido café dezenas de pessoas só para saborearem o
batido de morango.
Ainda assim, após terem tudo planeado, decidiram vender o seu negócio a Gustavo e
Heitor.
Celebraram, por isso, um contrato de compra e venda no dia 1 de janeiro de 2016,
onde se podia ler o seguinte:

“Clausula 15 (objeto)
1. O Contrato de Compra e Venda inclui mobília, loiça e máquinas de café.
2. É excluída do presente contrato a receita do batido de morango.”

Duarte, Ema e Filipa consultaram-no a si porque querem abrir um novo café nos
Restauradores, no qual contam vender apenas batidos, entre os quais o famosíssimo
batido de morango, agora com o nome “I’shake”.
Gustavo e Heitor souberam de tal intento e instauraram uma providência cautelar
com vista a impedir a construção do novo café dos restauradores.

Responda, justificadamente, às seguintes questões:

1. Qualifique e caracterize o contrato celebrado entre os vendedores Duarte, Ema e


Filipa e os compradores Gustavo e Heitor tendo em atenção o clausulado pelas partes (5
valores).
2. Em que sentido deve decidir o tribunal? (3 valores).

Tópicos de Correção

Grupo I

1. QUALIDADE DE COMERCIANTE

 Comerciante é aquele que, tendo capacidade para praticar atos de comércio, faz deste
profissão (v. artigo 13 CCom.).
 A hipótese não sugere qualquer limitação da capacidade de Alberto, pelo que
debatível é, tão-somente, se este faz do comércio a sua profissão.
 A qualidade de comerciante não lhe advém do exercício da advocacia, visto que não
não têm, de acordo com o CCom., natureza mercantil os atos próprios da advocacia.
 A produção de frutos silvestres é igualmente inapta para lhe conferir a qualidade de
comerciante (v. artigo 230.º §§1.º e 2.º, bem como o artigo 464.º/2 CCom.).
 Resta a possibilidade de a qualidade de comerciante advir da venda, na sua loja, da
fruta produzida na sua exploração. Seria valorizado o debate doutrinário em torno

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desta questão, devendo ser apresentadas as construções que negam esta via de
qualificação, designadamente com fundamento nos preceitos referidos no ponto
precedente, e as que advogam a sua aceitação (agricultura empresarial)

2. CONTRATO CELEBRADO ENTRE ALBERTO E BERNARDO

2.1. Caracterização do contrato. Forma

 A hipótese contém dados que permitem concluir que se trata de um contrato de


concessão, designadamente atendendo a que Bernardo se obrigava a comprar, para
revenda, os frutos produzidos por Alberto.
 O contrato de concessão é legalmente atípico; havendo, todavia, AA. que o
consideram socialmente típico.
 Sendo legalmente atípico, a validade do contrato de concessão não está, em
princípio, condicionada pelo cumprimento de um requisito de forma na celebração
(v. artigo 219.º CC).

2.2. Resolução do contrato. Celebração de contrato entre Alberto e Carlos. Exclusividade.

 A resolução será lícita se foi fundada em justa causa. Todavia, no caso em apreço
era colocável a dúvida sobre se Alberto havia incumprido alguma obrigação.
 Com efeito, muito embora a validade do contrato de concessão não esteja sujeita à
adoção de forma escrita, alguma jurisprudência e doutrina consideram que, tal
como sucede no âmbito do contrato de agência (v. artigo 4.º do Decreto-Lei n.º
178/86 de 3 de julho – adiante RJCA), a aquisição de exclusividade depende de
acordo escrito entre as partes. No caso em apreço, não foi celebrado qualquer
acordo escrito entre as partes.
 Se se considerasse que Alberto havia incumprido, cabia ainda a Bernardo
demonstrar que a inadimplência havia tornado insustentável a manutenção da
relação contratual.
 Seria valorizada a discussão sobre o regime aplicável ao contrato de concessão,
designadamente fazendo apelo à natureza /função matricial do RJCA (Decreto-
Lei n.º178/86 de 03.07) e ao debate respeitante à sua aplicação ao contrato de
concessão.

3. CONTRATO DE COMPRA E VENDA ENTRE ALBERTO E CARLOS

3.1. Caracterização do contrato

 O contrato celebrado entre os identificados intervenientes é um trespasse, uma vez


que se trata da transmissão definitiva de um estabelecimento comercial.
 Seria valorizada a caracterização detalhada deste contrato.

3.2. Concorrência

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 Atenta a conduta de Alberto, seria oportuno debater o tema da concorrência


realizada pelo trespassante, após a celebração do contrato de trespasse. Seria
valorizada a exposição, em abstrato, das correntes doutrinárias e jurisprudenciais
sobre o tema.
 Finalmente, caberia decidir se, no caso concreto, Alberto poderia ter agido como a
hipótese descreve.

Grupo II

1. Identificação e caraterização geral do estabelecimento comercial. O âmbito


mínimo do estabelecimento comercial: discussão. No caso concreto: haveria ainda um
estabelecimento comercial atendendo à exclusão da receita? Discussão atendendo à
centralidade do batido e da sua (previsível) importância para a faturação do café.
Qualificação do negócio projetado: um trespasse de estabelecimento comercial,
concretizado através de uma compra e venda. Em concreto: negócio unitário. O
problema do esvaziamento do estabelecimento comercial e da descaraterização do
trespasse. O peso da receita e discussão das consequências da sua exclusão. Eventual
descaracterização do trespasse e demais consequências de regime.

2. Breve caraterização da obrigação de não concorrência no direito comercial, em


geral e nos negócios sobre estabelecimento comercial em particular. A sua (discutida)
existência e fundamentação. Distinção entre obrigação implícita de não concorrência e
obrigação convencional de não concorrência e contratual e pós-contratual. Peso da
receita e capacidade do batido de morango “angariar” clientela. Segundo uma das
teses em presença: conclusão pela procedência do pedido: proximidade temporal,
territorial e de objeto.

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Tópicos de Correção do Exame de Direito Comercial I – 3º Ano – TAN,

de 26 de Fevereiro de 2016 (coincidência do exame de recurso)

1. António é comerciante (artigos 7º, 13º/1, 230º/2, 463º/1 e 3 do C. Comercial):


explicar os quatro requisitos da qualificação como comerciante em nome
individual – personalidade, capacidade jurídica de gozo e exercício, prática de
atos de comércio objetivos e profissionalidade (dentro deste explicar os
índices-tipo que a caracterizam – prática autónoma, tendencialmente exclusiva,
exercida com intuito lucrativo, constituindo principal modo de vida).
Bernardo não é comerciante (artigo 230º § 1º - 2ª parte do C. Comercial).

2. A aquisição do veículo não é um ato objetivamente comercial (art.º 2º - 1ª


parte do C. Comercial), porquanto é uma compra não comercial feita para uso
próprio (art.º 464º/1 do C. Comercial).
A aquisição do veículo é um ato subjetivamente comercial (art.º 2º - 2ª parte
do C. Comercial) por se tratar de um contrato do comerciante, não
exclusivamente civil, nada resultando, em princípio, em contrário do próprio
ato.

3. Os livros de escrituração comercial podem ser admitidos em juízo a fazer prova


entre comerciantes, em factos do seu comércio (art.º 44º do C. Comercial).
Todavia, Bernardo não é comerciante e o pagamento do preço da viagem não é
um facto do comércio de António.

4. Carla, na qualidade de endossatária, é a legítima portadora da Letra (artigos


11º e 16º da LULL).
É necessário que Bernardo tenha aceite a Letra, para ser responsável pelo seu
pagamento (artigos 25º e 28º da LULL), para que Carla possa exigir de Bernardo
o pagamento da mesma.
Caso contrário, o sacador-endossante António é o garante tanto da aceitação
como do pagamento da Letra (artigos 9º e 15º da LULL).

5. Trata-se de um contrato de consórcio (artigos 1º, 2º/a) do Decreto-Lei nº


231/81, de 28/7). Consórcio interno (art.º 5º/1/a) do Decreto-Lei nº 231/81, de
28/7), pelo que a responsabilidade perante terceiros é meramente do membro
do consórcio (António) que estabelece relações com terceiros, ao vender no
seu Stand os carros.
Não se trata de um consórcio externo, nem se verifica a existência de uma
obrigação plural, pelo que não se aplica nem o art.º 19º do Decreto-Lei nº
231/81, de 28/7, nem o art.º 100º do Código Comercial.

6. A venda do estabelecimento comercial trata-se de um contrato de trespasse.


Pressupondo que Eduardo seja comerciante e que o trespasse seja um ato de
comércio subjetivo, as dívidas comerciais do cônjuge comerciante presumem-
se contraídas no exercício do seu comércio (art.º 15º do C. Comercial) e
comunicáveis, salvo se se provar que não foram contraídas em proveito comum
do casal ou se vigorar entre os cônjuges o regime de separação de bens (art.º
1691º/1/d) do C. Civil), pelo que Daniela é responsável pelo pagamento do
preço (art.º 1695º/1 do C. Civil).

7. Contrato de concessão comercial, que é um contrato de distribuição comercial,


mediante o qual o concessionário adquire ao concedente os bens, para depois
os revender, assumindo o risco e ganhando na diferença entre o preço de
compra e o de revenda. Poderá estar em causa uma obrigação implícita de não
concorrência face ao trepasse celebrado (discutir as posições doutrinárias:
aplicação das regras da boa-fé versus liberdade de concorrência e autonomia
privada).

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