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Antônio Fernandes

A d v o g a d o

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL


DA CIDADE.

EMPRESA XISTA LTDA, sociedade empresária de direito


privado, estabelecida na Rua Delta, nº. 000, em Cidade (PP) – CEP .55.444-333,
inscrita no CNPJ (MF) sob o nº. 11.333.777/0001-88, com endereço
eletrônico xista@xista.com.br, vem, com o devido respeito a Vossa Excelência, por
intermédio de seu patrono – instrumento procuratório anexo --, causídico inscrito na
Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado, sob o nº 112233, com seu
escritório profissional consignado no timbre desta, motivo qual, em atendimento à
diretriz do art. 77, inc. V c/c art. 287, caput, um e outro do Código de Processo Civil,
indica-o para as intimações necessárias, para, com fulcro no art. 148, 166, 171, 186,
927, 942, todos do Código Civil Brasileiro, ajuizar a presente

AÇÃO DE CANCELAMENTO DE PROTESTO INDEVIDO


C/C REPARAÇÃO DE DANOS
COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE
URGÊNCIA,
contra

( 01 ) BANCO CLERO S/A, instituição financeira de direito privado, com sua sede na
Av. Y, nº. 0000, em Cidade (PP) – CEP nº. 33444-555, inscrita no CNPJ (MF) sob o
nº. 55.444.333/0001-22, com endereço eletrônico clero@clero.com.br;

e solidariamente, (CC, art. 942)

( 02 ) EMPRESA ZETA LTDA, sociedade empresária de direito privado, com sua sede
na Av. Y, nº. 0000, em Cidade (PP) – CEP nº. 33444-555, inscrita no CNPJ (MF) sob
o nº. 55.444.333/0001-22, endereço eletrônico zeta@zeta.com.br, em decorrência
dos fatos jurídicos, abaixo evidenciados.

( a ) Quanto à audiência de conciliação (CPC, art. 319, inc. VII)

Opta-se pela realização de audiência conciliatória (CPC, art. 319,


inc. VII), razão qual se requer a citação da Promovida, por carta (CPC, art. 247,
caput), para comparecer à audiência, designada para essa finalidade (CPC, art. 334,
caput c/c § 5º). Antes, porém, avaliando-se o pleito de tutela de urgência.

1 - Quadro fático
A Autora nunca tivera qualquer enlace jurídico com a segunda
demanda. Todavia, em 09 de setembro próximo passado, fora surpreendida pelo
apontamento de protesto da duplica mercantil nº. 335566. (doc. 01)

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Inegável, por isso, a nulidade desse título de crédito,


sobremaneira porquanto emitido sem qualquer lastro.

O apontamento para protesto fora feito pela primeira Ré. Atuou


na qualidade de endossatária do título. Quanto à segunda Ré, procedera com o
endosso àquela.

Nada obstante a Autora haver enviado correspondência, pedindo


providências para se evitar o aludido protesto, ambas Promovidas foram negligentes.
É dizer, sequer chegaram a respondê-la. (doc. 02)

Por conta desse fato, o nome daquela fora inserto nos órgãos de
restrições. Além disso, junto ao Cartório de Notas e Títulos Xista. (docs. 03/06)

Essa situação, de pretensa inadimplência, permanece até o


momento. Desse modo, requer-se a análise do pedido de tutela provisória de
urgência, além do pleito indenizatório.

2 - Legitimidade passiva

Na espécie, observa-se que o Banco-Requerido acolheu o título


de crédito, por meio de endosso translativo. Assim, a cártula fora alvo de operação
bancária denominada desconto. É dizer, por meio disso, a titular da duplicata,
segunda Promovida, mediante recebimento de valor, transferiu seu direito sobre o
título ao banco-réu. Assim, esse se tornou novo credor, decorrência do endosso-
translativo.

Diferente situação, porém, seria se a primeira Requerida


figurasse como mera procuradora da segunda Requerida (endosso-mandato),
maiormente para efetuar a cobrança do título (prestação de serviços). Não é a
hipótese, repise-se.

Nesse compasso, cabia a instituição financeira postulada verificar


a licitude do título. Ao contrário, mostrou-se negligente ao realizar a operação
bancária com título sem qualquer lastro de origem. Desse modo, deve ser
solidariamente responsabilizada (CC, art. 942).

Perlustrando esse caminho, Marlon Tomazette assevera, in verbis:

De outro lado, como o proveito é do endossante-mandante, o risco também será


dele. Se o endossatário-mandatário causar algum dano no exercício da sua função,
ele estará agindo em nome e em proveito do endossante. Assim sendo, a
responsabilidade pelos danos causados será, a princípio, do endossante-mandante.
Se o proveito é dele, o risco também será dele [ ... ]

Com esse mesmo enfoque, é altamente ilustrativo transcrever o


magistério de Arnaldo Rizzardo, in verbis:

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. . . como é sabido, constitui a duplicata um título com cláusula à ordem, o que


acarreta a possibilidade de sua circulação. (...) O endossatário pode ser acionado
por vícios do título, porquanto recebeu-o sem a devida averiguação de sua
autenticidade e veracidade. O Superior Tribunal de Justiça adota essa
solidariedade passiva: ‘O Banco que recebe por endosso duplicata sem causa e a
leva a protesto responde pelo dano que causa ao indicado devedor e pelas despesas
processuais com as ações que o terceiro foi obrigado a promover, ressalvado o
direito do banco de agir contra o seu cliente’. É que, reafirmando orientação da
Corte, justifica o voto do relator: ‘O Banco comercial que recebe por endosso
duplicata sem causa e a leva a protesto contra o indicado devedor responde pelo
dano a este causado, uma vez que corre o risco do exercício de sua atividade.
Também porque age com descuido ao receber o título causal sem correspondência
com a efetiva operação de compra e venda ou prestação de serviço [ ... ]

É ancilar a orientação jurisprudencial nesse tocante:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE


TÍTULO C/C CANCELAMENTO DE PROTESTO C/C DANO MORAL.
DUPLICATA MERCANTIL. ENDOSSO-MANDATO. INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA MANDATÁRIA. COMPROVANTE DE ENTREGA DAS
MERCADORIAS. INEXISTÊNCIA. PROTESTO INDEVIDO. NEGLIGÊNCIA
CARACTERIZADA. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM DEVIDO.
PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE.
Não se desconhece que as instituições bancárias, diuturnamente, realizam apontes e
protestos de títulos com base em endosso-mandato. Todavia, também não se pode
olvidar que, quem recebe estes títulos para cobrança e, por isso mesmo, acatam
ordem do mandante para efetivar o protesto, assumem o risco e a responsabilidade
pelas consequências do protesto indevido. A Instituição Financeira, enquanto
mandatária, age com negligência ao levar cártula sem aceite a protesto,
desacompanhada do comprovante da entrega das mercadorias, que comprovasse que
o protesto deveria ser realizado. O STJ já sufragou entendimento no sentido de que
nos casos de protesto indevido de título ou inscrição irregular em cadastros de
inadimplentes, o dano moral se configura in re ipsa, isto é, prescinde de prova, ainda
que a prejudicada seja pessoa jurídica. O quantum indenizatório por dano moral não
deve ser a causa de enriquecimento ilícito nem ser tão diminuto em seu valor que
perca o sentido de punição [ ... ]

APELAÇÃO CÍVEL. " AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE


RELAÇÃO JURÍDICA C/C CANCELAMENTO DE PROTESTO, PEDIDO DE
TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPATÓRIA E INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS". SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECURSO INTERPOSTO
PELA CASA BANCÁRIA RÉ. ILEGITIMIDADE PASSIVA. PRELIMINAR
QUE SE CONFUNDE COM O MÉRITO. RESPONSABILIDADE DA
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA ENDOSSATÁRIA. ALEGAÇÃO DE QUE NÃO
SERIA TITULAR DA OBRIGAÇÃO CONTRATUAL COM A AUTORA.
DUPLICATA MERCANTIL. CAMBIAL SEM LASTRO COMERCIAL.
ENDOSSO TRANSLATIVO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
PROTESTO INDEVIDO CARACTERIZADO. EXISTÊNCIA DO DEVER DE
INDENIZAR. MANUTENÇÃO DO PRONUNCIAMENTO JUDICIAL
RECORRIDO. APELO DESPROVIDO.

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1.Para efeito do art. 543-C do CPC: O endossatário que recebe, por endosso
translativo, título de crédito contendo vício formal, sendo inexistente a causa para
conferir lastro a emissão de duplicata, responde pelos danos causados diante de
protesto indevido, ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e
avalistas. 2. Recurso Especial não provido. (RESP 1213256/RS, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28/09/2011, DJe 14/11/2011)
Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, responde por danos
materiais e morais o banco endossatário que recebe o título por endosso translativo.
Inquestionável a legitimidade passiva da instituição financeira ora apelante para
figurar no polo passivo da demanda em que se busca a declaração de inexigibilidade
de duplicata emitida sem lastro comercial, bem como inarredável a responsabilidade
da mesma pelo protesto indevido do título, caso em que a jurisprudência é pacífica no
sentido de que o dano moral é presumido (in re ipsa).MONTANTE
INDENIZATÓRIO. ABALO MORAL. INEXISTÊNCIA DE CRITÉRIOS OBJETIVOS
PARA A FIXAÇÃO. ANÁLISE DO CASO CONCRETO. PROPORCIONALIDADE E
RAZOABILIDADE. CAPACIDADE FINANCEIRA DAS PARTES. PROTESTO QUE
PERMANECEU POR 5 (CINCO) ANOS. QUANTIA ARBITRADA NO PRIMEIRO
GRAU EM R$ 20.000,00 (VINTE MIL REAIS). PLEITO DE MINORAÇÃO DO
QUANTUM. INVIABILIDADE. VALOR ABAIXO DO PARÂMETRO DESTA
CÂMARA. REBELDIA INACOLHIDA. IMPOSSIBILIDADE DE AUMENTO DO
MONTANTE SOB PENA DE INCORRER EM REFORMATIO IN PEJUS. Inexistindo
critérios objetivos para a fixação do quantum indenizatório, cabe ao Magistrado
examinar as peculiaridades do caso concreto, ponderando, dentre outros fatores, a
capacidade financeira/econômica das partes e o lapso temporal de permanência do
ilícito. Na espécie, considerando que a recorrente, responsável reparação, é
instituição financeira de grande renome e amplo poderio econômico e a parte lesada é
pessoa física, qualificada na exordial como auxiliar de cozinha, e, ainda, o lapso de
permanência do protesto dos títulos pelo interregno de 5 (cinco) anos, afigura-se
inviável a minoração do valor da reparação arbitrado pelo Juízo a quo em R$
20.000,00 (vinte mil reais). Destaque-se, por oportuno, que referida quantia
encontra-se, inclusive, aquém do usualmente arbitrado por esta Câmara, sendo
impossível de majoração, sob pena de reformatio in pejus. PRETENSÃO DE
REFORMA QUANTO AOS "DANOS MATERIAIS". PEDIDO SEQUER FORMULADO
PELO AUTOR NA EXORDIAL RAZÃO PELA QUAL TAMBÉM NÃO FOI OBJETO
DA SENTENÇA. NÃO CONHECIMENTO NO TÓPICO. HONORÁRIOS RECURSAIS.
EXEGESE DO ART. 85, § 11, DA Lei ADJETIVA CIVIL. DESPROVIMENTO DO
RECLAMO E APRESENTAÇÃO DE CONTRARRAZÕES PELA ADVERSÁRIA.
MAJORAÇÃO CABIDA NA ESPÉCIE, EM PROL DO CAUSÍDICO DA RECORRIDA.
Sob a premissa de que o estipêndio patronal sucumbencial é devido em função do
trabalho realizado pelos causídicos, prevê a legislação processual civil a possibilidade
de majoração de honorários por ocasião do julgamento do recurso (art. 85, §
11).Nesse viés, na situação dos presentes autos, a apresentação de contrarrazões ao
recurso desprovido justifica a majoração de honorários recursais no percentual de 5%
(cinco por cento) sobre o valor da condenação em favor do patrono da parte autora
[ ... ]

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO


DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO COM PEDIDO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PROTESTO DE DUPLICATA.
FALTA DE COMPROVAÇÃO DA COMPRA E VENDA. PROTESTO

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INDEVIDO. CANCELAMENTO. DANO MORAL CONFIGURADO. RE IPSA


DANO IN.
1. A duplicata é título eminentemente causal, originando-se de uma compra e venda
mercantil ou prestação de serviços (Lei nº 5.474/68), restando inviável, dessa forma,
a sua emissão com fundamento em nota fiscal desacompanhada do comprovante da
entrega da mercadoria. O indicativo de existência de obrigações inadimplidas entre as
partes não obsta o cancelamento do protesto indevidamente lavrado, tampouco o
reconhecimento da inexistência da dívida representada pelo título irregularmente
emitido. 2. Cuidando-se de endosso translativo, a instituição financeira endossatária
responde, juntamente com o endossante, pelos prejuízos causados ao suposto
devedor. Cabia a esta verificar se o título possuía todos os requisitos necessários à
cobrança, o que não se evidenciou. 3. Danos morais decorrentes do protesto indevido
que se afiguram in re ipsa, o qual prescinde de comprovação, ante os efeitos nefastos
que da própria inscrição advém. Quantum indenizatório fixado em atenção aos
parâmetros desta corte em casos análogos. Apelação provida [ ... ]

Essa abordagem, até mesmo, encontra-se pacificada no


STJ, ad litteram:

STJ, Súmula 475: Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o


endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício
formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os
endossantes e avalistas.

Por esses motivos, a primeira demandada deve, igualmente,


figurar no polo passivo. De mais a mais, ser responsabilizada civilmente, máxime em
face dos ditames contidos na Legislação Substantiva Civil. (CC, art. 942)

3 - Dever de indenizar
3.1. Duplicata simulada

É cediço que a duplicata mercantil constitui título de crédito


fundamentalmente causal. Por esse ângulo, deve se apresentar vinculada ao negócio
subjacente que lhe deu causa, emitido em decorrência da compra e venda mercantil.
Aqui, ao invés disso, a duplicata não tem origem lícita; sequer
houve negócio jurídico entabulado entre a Autora e quaisquer das partes
demandadas.
Noutro giro, não se deve perder de vista que quaisquer provas,
em sentido contrário, deverão ser produzidas pelas Rés. (CPC, art. 373, inc. II)
Nesse sentido:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE


DÉBITO, COM PEDIDOS DE ANULAÇÃO DE PROTESTO E DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, PROMOVIDA EM FACE DA
EMPRESA SACADORA E DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
ENDOSSATÁRIA.
Protesto indevido de duplicata mercantil. Sentença de procedência. Reclamo da casa
bancária endossatária. Preliminar de ilegitimidade passiva ad causam. Matéria que se
confunde com o mérito. Análise conjunta. Pretendida reforma da sentença de

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procedência. Alegada ausência de responsabilidade pelo ilícito, dada a apresentação


do título a protesto na condição de mera mandatária da credora endossante. Tese
rejeitada. Ausência de prova nos autos da ocorrência de endosso mandato. Ônus que
incumbia à casa bancária arguente, dado o caráter excepcional da respectiva a
modalidade de transmissão de título. Presunção da transferência da cambial por
endosso translativo. Regra geral. Precedentes desta corte. Ausência de irresignação
quanto à ilegalidade do protesto. Dever de indenizar por parte da casa bancária
inarredável. Súmula nº 475 do Superior Tribunal de Justiça. Dano moral presumido.
Manutenção da sentença que se impõe. Pleito subsidiário de redução do quantum
indenizatório. Desprovimento. Importe estabelecido na origem. R$ 10.000,00 (dez
mil reais), dos quais a apelante é responsável por metade. Adequado. Observância à
extensão do dano e aos valores aplicados pela câmara em situações semelhantes.
Quantum preservado. Reclamo conhecido e não provido. Necessidade de análise, ex
officio, dos honorários advocatícios de sucumbência, ante a atuação do advogado da
autora em grau recursal. Impossibilidade de majoração da verba na hipótese, ante a
fixação pela magistrada sentenciante do estipêndio advocatício em favor da autora no
máximo legal previsto no art. 85, § 2º, do código de processo civil vigente (20% [vinte
por cento] sobre o valor atualizado da condenação). Precedentes desta corte [ ... ]

Inarredável que a anotação de protesto traz abalo de crédito a


qualquer empresa. Por reflexo, obviamente, inúmeros reflexos de prejuízos
financeiros. Nesse passo, trata-se de dano in re ipsa.
Doutro giro, a negligência, a ilicitude, foram francamente aqui
demonstradas. Assim, patente o dever de indenizar.
Quanto ao montante indenizatório, nesse âmbito de discussão, é
preciso lembrar que o STJ:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO RECURSAL. SÚMULA
Nº 284/STF. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA Nº 211/STJ.
REEXAME DE MATÉRIA PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA
Nº 7/STJ. CONSONÂNCIA DO ACÓRDÃO RECORRIDO COM O
ENTENDIMENTO DESTA CORTE. SÚMULA Nº 83/STJ. AGRAVO NÃO
PROVIDO.
1. A ausência de correta especificação, clara e objetiva, sobre a alegada violação dos
dispositivos tidos por violados, bem como a falta de arrazoado jurídico impugnativo
congruente com os fundamentos do acórdão que embasam o especial, caracterizam
argumentação deficiente a impossibilitar a compreensão exata da controvérsia,
atraindo a incidência da Súmula nº 284/STF. 2. A matéria dos dispositivos tidos por
violados não foi objeto de prequestionamento pelo tribunal de origem, mesmo após a
oposição de embargos de declaração. Persistindo a omissão, cabia à recorrente ter
alegado, nas razões do Recurso Especial, violação ao art. 535 do CPC/73, ônus do
qual não se desincumbiu. (Súmula nº 211/STJ). 3. O tribunal de origem consigna que
a notificação realizada in casu não tem o condão de evitar o pagamento da duplicata à
devedora originária, na medida que se trata de mera comunicação de cessão de
crédito desacompanhada do título, da anuência da cedente ou de qualquer elemento
que possibilitasse o ajuizamento de consignação em decorrência de dúvida. Logo, foi
regular o pagamento efetuado pela sacada à sacadora da duplicata e indevido o
protesto realizado pela recorrente, devendo arcar com a indenização correspondente
pelos danos morais in re ipsa causados à autora. A reforma do aresto, neste aspecto,

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demanda inegável necessidade de reexame de matéria probatória, providência


inviável de ser adotada em sede de Recurso Especial, ante o óbice da Súmula nº 7
desta corte. 4. De acordo com a jurisprudência do STJ, é razoável a indenização por
danos morais, decorrentes de protesto indevido, se for fixada em até cinquenta
salários mínimos. Precedentes. 5. Agravo interno não provido [ ... ]

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO (ART. 544


DO CPC/73). AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
DECORRENTE DE INCLUSÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE
INADIMPLENTES. DECISÃO MONOCRÁTICA QUE DEU PROVIMENTO
AO AGRAVO REGIMENTAL A FIM DE RECONSIDERAR A DECISÃO
MONOCRÁTICA ANTERIORMENTE PROFERIDA PARA, DE PLANO,
NEGAR PROVIMENTO AO RECLAMO POR FUNDAMENTAÇÃO
DIVERSA. INSURGÊNCIA RECURSAL DA RÉ.
1. Para acolhimento do apelo extremo, seria imprescindível derruir a afirmação
contida no decisum atacado no sentido de que houve a inscrição indevida, o que
demandaria o revolvimento das provas juntadas aos autos e forçosamente ensejaria
em rediscussão de matéria fática, incidindo, na espécie, o óbice da Súmula nº 7 deste
Superior Tribunal de Justiça. Precedentes. 1.1 O STJ já firmou entendimento que
"nos casos de protesto indevido de título ou inscrição irregular em cadastros de
inadimplentes, o dano moral se configura in re ipsa, isto é, prescinde de prova, ainda
que a prejudicada seja pessoa jurídica" (REsp 1059663/MS, Rel. Min. NANCY
ANDRIGHI, DJe 17/12/2008). Precedentes. 2. A indenização por danos morais,
fixada em quantum em conformidade com o princípio da razoabilidade, não enseja a
possibilidade de interposição do Recurso Especial, ante o óbice da Súmula n. 7/STJ.
2.1 Este Tribunal Superior tem prelecionado ser razoável a condenação no
equivalente a até 50 (cinquenta) salários mínimos por indenização decorrente de
inscrição indevida em órgãos de proteção ao crédito. Precedentes. 3. Agravo interno
desprovido [ ... ]

É digno também de aplausos o entendimento que emana da


jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE


DÉBITO COM PEDIDO DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS.
Duplicata mercantil. Cessão do crédito para duas empresas de fomento mercantil.
Sacada que efetua o pagamento a uma das faturizadoras e sofre protesto pela outra.
Sentença de parcial procedência. Irresignação da autora. Relação de consumo.
Inexistência. Autora pessoa jurídica que não era destinatária final dos produtos
adquiridos da sacadora e que não comprovou situação concreta de vulnerabilidade.
Cessão de crédito. Documentação carreada aos autos insuficiente à comprovação da
notificação da devedora. Ineficácia perante a sacada. Inteligência do art. 290 do
Código Civil. Dano moral. Restrição creditícia provada nos autos. Concorrência para
o evento, ante a omissão em comunicar a devedora da condição de cessionária.
Prejuízo à imagem da pessoa jurídica e ao desenvolvimento da sua atividade que são
presumidos. Reconhecimento do abalo anímico que se impõe. Quantum
indenizatório. Fixação de acordo com as peculiaridades do caso concreto e em
respeito aos preceitos da razoabilidade e da proporcionalidade. Levantamento do
protesto efetivado anteriormente ao deferimento da liminar pelo juízo. Ausência de

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comunicação à ré sobre o pagamento a terceiro, quando da intimação pelo


tabelionato. Recurso conhecido e parcialmente provido [ ... ]

DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO CUMULADA COM


MEDIDA CAUTELAR DE SUSTAÇÃO DE PROTESTO E DANOS MORAIS.
PROCEDÊNCIA. PRESTÍGIO.
Oralidade indisputável sufragou a emissão da duplicata sem lastro. Protesto indevido.
Ausência de qualquer prova que caracterize fato extintivo, modificativo ou impeditivo
do direito da autora, nas letras do artigo 373, inciso II, do CPC. Danos morais.
Cabimento. Existência ante a presunção de abalo de crédito. Dever de reparar
configurado. Dosimetria imune a críticas. Compensa-se monetariamente o abalo
econômico sofrido e desestimula-se o causador do aborrecimento na faina de se evitar
a recidiva. Hipótese do artigo 252 do RITJSP. Sentença mantida. Recurso improvido
[ ... ]

Ademais, é consabido que o abalo, suportado pela empresa


autora, seja mesmo na esfera moral, pode ser alvo de pleito indenizatório.

Súmula 227(STJ) - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

Não bastasse isso, as instituições financeiras são sabedoras que


essa fraude é comum. Dessarte, deveriam redobrar os cuidados na realização desses
contratos, minimante certificando-se de que as pessoas interessadas não estejam
praticando atos ilícitos.
É verdade que a dinâmica das transações, diárias, praticamente
inviabiliza que todas as medidas de precaução sejam realizadas. Tal-qualmente é
verdadeiro que existem diversas formas de falsificação, que dificultam, cada vez mais,
sua identificação.
Ingressa-se, no entanto, em área de arbítrio da instituição financeira,
que, ao optar por meios vulneráveis de contratação, assume o risco por eventual contratação
fraudulenta.
( ... )

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