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SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA DE ALAGOAS – SETBAL

JOÃO MARCOS FERNADNES DA SILVA

A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA NO ESTUDO TEOLÓGICO

MACEIÓ
2023
A Importância da Filosofia no Estudo Teológico

A fé é o caminho do entendimento.
(Agostinho)

A filosofia, que tem por objetivo ir em busca de todas as coisas, busca compreendê-las
e toda a realidade em volta para se chegar à verdade. É uma área que tenta ou pretende
explicar todas as coisas, toda a realidade, não apenas as suas partes, mas através da explicação
racional de acordo com o argumento da razão. Aristóteles dizia que a origem da Filosofia está
no espanto, ou seja, no encantamento, que é quando o ser humano percebe algo ao seu redor e
vê que sabe muito pouco daquilo. Sendo assim, a Filosofia tenta libertar o ser humano de sua
ignorância.

A filosofia se pretende, ou seja, nasce como mãe de todas as ciências a partir do


argumento racional. Ela se define como a amiga ou o amor à sabedoria. Essa definição é
variada e vai depender muito do teórico que a utilizar segundo a sua própria experiência. De
acordo com Geisler e Feinberg (2016, p.20-21), a Filosofia nos ajuda a perceber o que está
envolvido nas “grandes perguntas” que indivíduos e sociedades devem fazer.

Esses autores também afirmam que os elementos críticos da Filosofia ajudam a


libertar a pessoa das garras do preconceito, do provincialismo e do raciocínio pobre.
Podemos enxergar, a partir desta afirmação, a contribuição que a Filosofia proporciona ao
indivíduo, uma vez que este, enquanto produz suas reflexões filosóficas, se distancia das
crenças pessoais e alheias, deixando de lado o ceticismo.

Filosofia – sua importância

Apesar de todos os pontos relevantes que são observados e analisados à luz da


Filosofia, um deles merece destaque, pois embora aparente não haver nenhuma conexão entre
este termo e a Filosofia, na verdade o que há, de fato, é uma forte necessidade de um para a
compreensão do outro. Estamos falando sobre a importância da Filosofia nas questões de
ordem Teológica.

A princípio precisamos lembrar que o termo Teologia surge a partir de um Filósofo. A


palavra eologia aparece em Platão num contexto crítico a propósito do discurso poético
sobre o divino e os deuses. O estudo sobre os deuses é muito anterior ao Cristianismo.
Quando surgiu o Cristianismo, por volta do Século I, as comunidades do Império Romano,
inclusive as populações judaicas helenizadas, conheciam muito bem a filosofia grega. Quando
passamos a observar o texto sagrado, em especial os evangelhos, percebemos claramente a
influência da cultura grega, principalmente sua língua. Basta lembrar que é sob o uso da
língua grega, o Koiné, que o Novo Testamento é escrito.

Algo muito importante que merece ser apresentado é a questão referente ao logos
(logos) por se tratar de um dos pontos de conexão mais importante entre a Filosofia Grega e o
Evangelho. Exemplo claro sobre esta situação é o Evangelho de João, em que ficou bem
claro, logo no início do livro, a conexão com logos de Deus, ou seja, a ideia do uso da razão.
en ἀρχῇ ἦν ὁ λόγος, καὶ ὁ λόγος ἦν πρὸς τὸν θεόν, καὶ θεὸς ἦν ὁ λόγος. (No princípio era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.João 1:1). Jesus é apresentado por
João como o Logos que se fez carne e habitou entre os homens. Além de os evangelhos
terem sido escritos na língua grega, as expressões utilizadas nos sínodos também eram de
origem da Filosofia Grega.

Ao olharmos para o pensamento Filosófico no contexto da Idade Média poderemos


perceber a visão de São Tomás de Aquino quanto a Distinção entre Filosofia e Teologia e a
maneira como ambas se relacionam. Para ele, enquanto a Teologia visa verdades necessárias à
Salvação, a Filosofia visa verdades naturais, porém as duas provêm de uma mesma fonte, que
é Deus. Por esta razão, Aquino afirmava que não havia contradição entre ambas, justamente
pelo fato de virem de uma mesma fonte.Ele ainda dizia que a Teologia fazia de uso de
argumentos da 1ª causa (Deus), enquanto a Filosofia fazia uso de argumentos das causas
próprias à 1ª causa.

Se olharmos para esta relação em um contexto mais próximo, veremos que alguns
teólogos de comportamento mais conservador defenderão a tese de que o papel da Filosofia
na Teologia é um de aspecto mais instrumental, ou seja, embora a filosofia seja empregada,
não haverá comprometimento com algum sistema filosófico como tal. Em vez disso,
insistiremos na autonomia da teologia; assim, a explicação do conteúdo revelado não
precisará se ajustar a nenhum sistema filosófico em particular", como afirma Millard
Erickson (1998, p. 56).

Ainda dentro desta perspectiva, vale ressaltar a contribuição apresentada por GEISLER e
FEINBERG no que diz respeito à importância da Filosofia na teologia.

Não se pode fazer teologia sistemática sem a ajuda da filosofia. A Bíblia fornece os
dados básicos para a teologia cristã, mas a teologia não é sistemática até que tenha
sido “sistematizada”. Por exemplo, cristãos ortodoxos creem em um só Deus que
existe eternamente em três pessoas — a Trindade. No entanto, essa doutrina é o
fruto de vários procedimentos filosóficos. Primeiramente, há um estudo indutivo das
Escrituras. Em segundo lugar, há uma correlação sistemática de todos os dados
bíblicos que dizem respeito a Deus. Isso produz, entre outras coisas, duas premissas:
(a) Há um só Deus e (b) há três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo) que são Deus.
Em terceiro, há uma dedução lógica tirada dessas duas premissas, que é a doutrina
da Trindade: há um só Deus que existe em três pessoas. (GEISLER; FEINBERG,
1980, p. 72).

Enfim, podemos concluir, tomando como base a afirmação dos autores acima mencionados,
quando estes também afirmaram que sem a ajuda da lógica e da filosofia, a teologia cristã
não seria possível. O pensar coerente e consistente acerca da Bíblia (que é uma boa
definição simples da teologia) não pode ser realizado sem a ajuda da filosofia. O teólogo
cristão é, nesse aspecto, um estudante bíblico filosófico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

ERICKSON, Millard J. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2015.

Geisler, Norman L. Introdução à filosofia: uma perspectiva cristã Norman L.Geisler e Paul D.
Feinberg; tradução de Gordon Chown. — 3. ed. rev. — São Paulo: Vida Nova, 2016.464 p.

https://www.youtube.com/watch?v=wJhXZCXhfXg&t=452s

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