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Novo médio|
Ensino Fase
Médio| 1I
Fase

Um caminho, longos diálogos...

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Um caminho, longos diálogos...

Quando falamos de empreender, estamos tratando de realizar. É o lugar do fazer, da


construção, do canalizar energias por meio de práticas que conduzam o estudante ao
melhor de suas potencialidades, mediadas pelo conhecimento de si mesmo e das escolhas
que os alunos estarão aptos a percorrem.

Pensar e sentir são características exclusivamente humanas, porém,


por muitos anos, apenas a razão era conteúdo de valor social e
acadêmico, restrito a homens brancos da aristocracia. A emoção era,
até então, vista de forma separada como algo feminino e maternal.
Nos últimos anos do século passado, a neurociência apontou o
importante papel das emoções no funcionamento cognitivo, provando
que estão interconectados (MORENO e SASTRE,2002) e são tão
relevantes quanto no processo de formação do indivíduo.
(REFERENCIAL CURRICULAR DO ENSINO MÉDIO SESI-SP, 2020, p. 64).

Mas a grande pergunta


Como realizar se não sabemos o quê queremos?
Professor, a ideia desse momento no componente sobre o empreendedorismo é levar os
estudantes à reflexão de si mesmo. Pedimos atenção aos objetivos e aos níveis de
avaliação no transcorrer do componente e, também, ao acompanhamento dos
estudantes nas etapas dentro da Fase 1.

Quem eu sou?
De que forma pretendo
agir no mundo?

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CAIXA DE FERRAMENTAS
Professor(a), na caixa de ferramentas você encontrará as atividades que serão
direcionadas para os seus alunos de acordo com o tema desse estudo.
Se necessário, poderá fazer a impressão da atividade.

Menu
Sugerimos imprimir e entregar a cada estudante uma
ficha de personagem, oferecendo aos alunos a
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possibilidade de criação de um avatar seu.

A busca pela criação de sentidos nas nossas ações cotidianas não é algo necessariamente
novo, já que nossos antepassados também construíram suas trajetórias baseados nos
objetivos e nos contextos das sociedades em que viviam. Contudo, a trajetória é um
caminho singular, na qual entregamos às emoções (aspirações e ambições) “rostos” ao
que pretendemos nos tornar.

A Globalização trouxe profundas mudanças estruturais das formas de trabalho e de


relacionamento com o mundo. E, atreladas a esse mundo, estão as emoções. Nele, as
emoções são associadas às escolhas pessoais podendo ganhar formas por meio das
condutas individuais e pela mediação dos novos objetos que compõem a realidade e o
nosso cotidiano.

É nesse contexto que nasce um universo de objetos e processos industriais que alteram
a ordem e a disposição das coisas no Planeta. Trata-se da eclosão da Indústria 4.0:
Robótica, Internet, Sistemas, Integração, Nuvens Digitais, Segurança Digital, BIG DATA,
etc. Daí, diante do mundo novo em construção, de que forma nos posicionamos nele?

Conhecendo a si mesmo e ao outro


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Hoje, utilizamos aplicativos, assistimos a um número maior de filmes, ouvimos mais


músicas, lemos mais jornais e revistas, participamos de redes sociais e interagimos com
nossos colegas e amigos por meio de uma comunicação instantânea. Porém, isso parece
não engajar a todos(as) estudantes na elaboração de um projeto de vida associado ao
exercício de metas e objetivos.
A dispersão causada por estímulos em excesso é um lugar comum e o números de jovens
que parecem não querer ou poder participar de aulas, por exemplo, é muito alto.

A modernização deve ser uma aliada à construção de projetos, não o seu freio. A escola
deve acolher métodos de inovação tecnológica a fim de garantir a inserção do estudante
na sociedade com suas diferentes linguagens e códigos, bem como projetar as ações dos
alunos para a construção de caminhos. Justamente, é a escola, esse território
educacional de excelência à construção de futuro.

Professor: pergunte aos seus alunos quais os principais sites e aplicativos os


estudantes utilizam.

Peça aos estudantes dizerem quais as funções destes aplicativos e sites eles mais utilizam
e porque eles os consideram importantes.

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Em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de


Geografia e Estatística (IBGE), o abandono escolar
ou o atraso atingia 12,5% dos adolescentes de 11 a
14 anos e 28,6% das pessoas de 15 a 17 anos. Entre
os jovens de 18 a 24 anos, quase 75% estavam
atrasados ou abandonaram os estudos, sendo que
11,0% estavam atrasados e 63,5% não
frequentavam escola e não tinham concluído o
ensino obrigatório. Já, entre as pessoas de 15 a
17 anos de idade, 78,8% se dedicavam exclusivamente ao estudo. No entanto, considerando
as 46,9 milhões de pessoas de 15 a 29 anos de idade, 22,1% não trabalhavam, não
estudavam, nem se qualificavam, sendo que entre as mulheres esse percentual foi de 27,5%
e entre pessoas pretas e pardas, 25,3%.

Dentre outros indicadores, a pesquisa mostrou ainda que a taxa de analfabetismo está em
6,6%, o que corresponde a 11 milhões de pessoas, sendo que mais da metade (56,2% ou 6,2
milhões) vive na região Nordeste. Para pretos e pardos, a taxa é 5,3 pontos maior do que
para brancos (8,9% e 3,6%).

Nesse sentido, estamos falando que cerca de 1/5 das pessoas em plena idade ativa não
exercem qualquer tipo de função. Em termos produtivos, não produzem riquezas, não geram
renda, não estudam, nem se qualificam.

O excesso de informação não garante o processamento


adequado ao volume de estímulos. O que fazemos com
essa quantidade de informações e como as convertemos
em princípios para nossa ação? Sabemos mais ou menos o
que queremos e quem somos?

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Estas perguntas nos orientam a questionar os conteúdos dos projetos que elaboramos
em nossas vidas. A elaboração de projetos está associada ao mundo íntimo de nossas
emoções e dos planos racionais que traçarão novos rumos para a nossa vida. Nesse
sentido, é preciso que saibamos lidar com as nossas emoções. Para Jean-Paul Sartre,
uma emoção é uma transformação no mundo. Em outras palavras, as emoções
transformam o estado das coisas.

BOAS LEITURAS Jean-Paul Sartre, filósofo existencialista.1970, França.

“Quando os caminhos traçados se tornam muito difíceis ou quando não vemos caminho
algum, não podemos mais permanecer num mundo tão urgente e tão difícil. Todos os
caminhos estão barrados, no entanto é preciso agir. Então, tentemos mudar o mundo,
isto é, vivê-lo como se as relações das coisas com suas potencialidades não estivessem
reguladas por processos deterministas, mas pela magia. Entendamos bem que não se
trata de um jogo: estamos acuados e nos lançamos nessa nova atitude com toda a
força de que dispomos. Entendamos também que essa tentativa não é consciente
enquanto tal, pois então seria o objeto de uma reflexão. Ela é antes de tudo a captura
de relações novas e de exigências novas. [...]. Em suma, na emoção é o corpo que,
dirigido pela consciência, muda suas relações com o mundo para que o mundo mude
suas qualidades. Se a emoção é um jogo, é um jogo no qual acreditamos”.

Sartre, Jean-Paul. Esboço para uma teoria das emoções.


Trad. Paulo Neves. Porto Alegre: L&PM, 2009.

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SOBRE O MINDSET

Nosso pensamento controla nossas emoções e, simultaneamente, nossas emoções


moldam nossos pensamentos. Essa posição que contrapõe razão e emoção não faz
mais sentido.

Diante disso, como podemos ordenar nosso pensamento para que a prática de nossa
vida possa encaminhar nossas atitudes ao cumprimento de ações que nos permitam
alcançar nossas metas? É aí que entramos no terreno do pensamento que não exclui a
paixão, mas que abraça nossas paixões para transformá-las em meios para obter as
melhores alternativas às possibilidades de construção de um caminho.

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BOAS LEITURAS

O que se aprendia era que o pensamento, enquanto atividade pura, ou


seja, não motivada pela sede de saber ou pelo anelo de conhecer, pode
se converter em uma paixão capaz não tanto de dominar, mas sim, de
ordenar e atravessar todas as outras faculdades e capacidades. Estamos
tão acostumados à antiga contraposição entre razão e paixão, entre
espírito e vida, que a ideia de um pensamento passional, em que a vida
e o pensamento constituem uma unidade, deixa-nos de certo modo
estupefatos.

ARENDT, Hannah. “Martin Heidegger cumple ochenta años (1969)”. In:


ARENDT, H...(Et. Al.) Sobre Heidegger: cinco voces judías. Buenos
Aires: Manantial, 2008.

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INDICAÇÃO DE LEITURA

Minsdet
A nova psicologia do sucesso

Carol S. Dweck é professora de psicologia na Universidade Stanford e especialista


internacional em sucesso e motivação, desenvolveu, ao longo de décadas de
pesquisa, um conceito fundamental: a atitude mental com que encaramos a vida,
que ela chama de “mindset”.

Ela inicia o livro narrando sua curiosidade em saber como as


pessoas lidam com os fracassos. Seus estudos iniciaram a partir
de observações de como as crianças reagiam aos desafios
impostos a elas que, neste caso, tratavam-se de resoluções de
quebra-cabeças. A partir dessa experiência, verificou que
algumas crianças se desmotivavam e se frustravam e que as
outras mesmo não conseguindo resolver a situação se sentiam
desafiadas e queriam mais desafios.

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Isso fez com que a autora se questionasse uma outra vez, pois acreditava que as
pessoas ou sabiam ou não sabiam lidar com os fracassos uma vez que aquelas
crianças que se sentiam desafiadas demonstraram gostar do fracasso, pois isso as
impulsionava a aprender.

Portanto, a teoria do Mindset propõe que haveriam dois grandes conjuntos de


configurações gerais do mindset: o Fixo e o de Crescimento. As pessoas podem ter
um mindset positivo de crescimento, ou um mindset fixo, mais arraigado aos
medos e às desistências.

Desiste de situações muito desafiadoras

Acredita que a aptidão é inata

Fixo
Não tenta por medo de fracassar

Pensa que já sabe tudo o que precisa

Se acha mais inteligente que os outros

MINDSET
Entende que sucesso esta atrelado ao esforço

Se abre para obter novos conhecimentos

Crescimento Encara os desafios como forma de prosperar

Tem facilidade de adaptação

São flexíveis em situações de adversidade

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Em termos gerais, as opiniões que adotamos afetam profundamente a maneira pela


qual conduzimos nossa vida.

Por meio de tal premissa, configuram-se dois mindsets:

❑ Fixo: o sujeito acredita que suas qualidades são imutáveis, criando a necessidade
constante de provar a si mesmo seu valor;
❑ Crescimento: baseia-se na crença de que o sujeito é capaz de cultivar qualidades
básicas por meio de seus próprios esforços. Cada um dos sujeitos é capaz de se
modificar e de se desenvolver por meio de esforços e de experiências.

De acordo com a teoria proposta por Carol Dweck, todos possuímos um mindset fixo, no
qual a visão de mundo tende a ser binária considerando “mundo” entre aqueles que ganham
e aqueles que perdem. Nesse contexto, os indivíduos que tendem a possuir um mindset fixo
utilizam frases como “eu não posso”, “não consigo” e o “que importa é o resultado”. Os
indivíduos que possuem mentalidades fixas geralmente não se permitem enfrentar desafios
ou de tornarem menos dispostos a abraçar novos empreendimentos pessoais.

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CAIXA DE FERRAMENTAS

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Clique na caixa para ter acesso à atividade – Na prática

O cérebro das pessoas é motivado por meio de desafios, em que os sujeitos se encontram
em situações de adversidade e são provocados à criação de novos caminhos e soluções. Isso
produz novas sinapses.

Nesse quadro de coisas, existe um conjunto de pessoas associadas à configuração mental


de crescimento. É o reconhecimento de si mesmo, o desenvolvimento da sua
autopercepção e o acreditar que é capaz de se aperfeiçoar. A teoria dos mindsets não
assume que estes são rígidos, e para cada situação um ou outro é acionado.

Para estimular o mindset de crescimento dos alunos, o professor deve considerar o erro
enquanto uma forma de aprendizagem para, assim, levar os estudantes a entenderem as
falhas como parte do processo de aprendizagem. Dessa forma, propostas de situações
desafiadoras que engajem os estudantes, desenvolvendo sua autonomia e protagonismo,
podem despertar seu mindset de crescimento.

Professor(a), neste momento a orientação central é olhar para o entorno do estudante. O


que os alunos enxergam no mundo que não gostariam de reproduzir? De acordo com a visão
de mundo deles, o que devem negar? Sobre quais coisas eles discordam?

Aqui a proposta é engajar os alunos em seus projetos individuais e coletivos.

Atividade – Construindo relatos e trajetórias


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Podcast 1

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O mundo que eu não quero

O projeto de vida bem desenhado é do interesse de todos, porque nos ajuda a propor perguntas
fundamentais, a buscar as respostas possíveis, a fazer escolhas difíceis e a avaliar continuamente
nosso percurso. Isso dará sentido e prazer ao aprender em todos os espaços e tempos
e de múltiplas formas, em cada etapa da nossa vida.

José Moran.
Educador e pesquisador de projetos de inovação
A importância de construir Projetos de Vidana Educação
.

Ao olhar para o mundo ao seu redor: o que você não gostaria de se tornar?

Essa é a pergunta que levará o estudante a observar o entorno criticamente com o anseio
de agir sobre ele.

Para
. mudarmos nossas circunstâncias diante do mundo é preciso elaborar um relato
do que não aprovamos e de que forma podemos criar estratégias para alterar estes
conjuntos de realidades.

Todo caminho é construído em etapas. Vamos partir para a primeira etapa (negação do que
está posto na realidade) a partir da seguinte pergunta:
o que não queremos para a nossa vida?

Planejar os caminhos e conhecer o que nos torna mais ou menos realizados diante de nossos
propósitos é um dos meios possíveis para minimizar situações que criam em nós
adversidades emocionais, dor e sofrimento.

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Atividade – Etapa de autoconhecimento 1
Poema

Geralmente, as situações que envolvem conflitos existenciais que fomentam sofrimentos


estão atreladas àquilo que não estamos de acordo e que nos falta harmonia. Daí a eclosão
de sentimentos, que servem para nos alertar que nossos caminhos precisam de ajustes de
rotas, ou seja, mudanças de rumos ou de orientações.

Por exemplo: de que serve fantasiar me tornar um escritor se a leitura não me oferece
uma fonte de prazer, ou ainda, de que adianta eu querer trabalhar com psicologia se não
estou disposto a ajudar pessoas a superarem seus problemas dentro de seus próprios
ritmos?

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BOAS LEITURAS

Os seres humanos, livres para viver em qualquer lugar do


universo, podem se posicionar no alto, entre os seres
superiores, ou embaixo, entre os animais irracionais. Tudo
dependerá de suas escolhas. Quem se deixar guiar pela
investigação filosófica será capaz de compreender que a
verdadeira dignitas não se conquista com aquelas
atividades que procuram exclusivamente o ganho, mas
com o conhecimento ‘das causas dos fenômenos, dos
processos da natureza, do princípio ordenador do
universo, dos desígnios divinos, dos mistérios do céu e da
terra’. E, deixando de lado os limites da visão
antropocêntrica e mística de Pico, permanece importante
o esforço para libertar a sabedoria e a dignidade humana.

ORDINE, Nuccio. A utilidade do inútil: um manifesto. Trad.


Luiz Carlos Bombassaro. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.

Professor(a), consideremos isso: todo projeto pessoal é a construção de um projeto


coletivo, e todo projeto coletivo também colabora na construção dos nossos projetos
individuais. Dessa forma, os aperfeiçoamentos que realizamos possuem um efeito em
nossa coletividade, ou seja, na vida de nossos amigos, familiares, em nossa escola e em
nosso bairro.

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O que eu sou?

Professor(a), o objetivo dessa etapa da Fase I é trabalhar com atividades de leitura e


reflexão junto aos alunos, sugerindo trabalhos individuais, ainda que a escolha destes
esteja focada na realização de discussões coletivas.

Sugerimos que o trabalho coletivo inspire práticas individuais. O coletivo, nesse caso,
será um ponto de apoio para que os alunos possam sair do lugar onde estão sendo
observados por meio do olhar do outro ( que discute e debate)e, assim, retornem a si
mesmos com novos olhares.

BOAS LEITURAS

Ser um mesmo é, sempre, chegar a ser outro que somos e que


levamos escondidos em nosso interior, mais do que nada como
promessa ou possibilidade de ser.

CALVINO, Ítalo. El labirinto de la soledad. 3. Ed. México: FCE, 1999.

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Atividade – Aspectos para desenvolver

Em tal contexto, professor(a), o debate deverá partir de questionamentos de ordem


filosófica e existencial: como projetamos o que somos? Consideramos o que os outros
pensam e julgam de nós ou moldamos nossa imagem ao que acreditamos ser bom?

Perguntas para estimular a reflexão e a troca de ideias:

❑ Você já se questionou sobre os seus pensamentos?


❑ No que mais você pensa?
❑ O que mais te motiva?
❑ O que mais te gera animação?

Qual será a nossa disposição para olhar para dentro e conhecermos a nós mesmos?

BOAS LEITURAS
O que posso dizer a meu respeito? Ser “sincera”? Relativamente
sou. Não minto para formar verdades falsas. Mas usei demais as
verdades como pretexto. A verdade como pretexto para mentir?
Eu poderia relatar a mim mesma o que me lisonjeasse, e também
fazer o relato da sordidez. Mas tenho que tomar cuidado de não
confundir defeitos com verdades. Tenho medo daquilo a que me
levaria uma sinceridade: à minha chamada nobreza, que omito, à
minha chamada sordidez, que também omito. Quanto mais sincera
eu fosse, mais seria levada a me lisonjear tanto com as ocasionais
nobrezas como sobretudo com a ocasional sordidez. A sinceridade
só não me levaria a me vangloriar da mesquinhez. Essa eu omito,
e não só por falta do autoperdão, eu que me perdoei tudo o que
foi grave e maior em mim. A mesquinhez eu também a omito
porque a confissão me é muitas vezes uma vaidade, mesmo a
confissão penosa.

LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Editora Rocco: São


Paulo, 2008.

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Atividade – O que dizer a meu respeito?

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Atividade – Etapa de autoconhecimento 2-
Arte/Autorretrato

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Atividade – Construindo relatos e trajetórias
Podcast 2

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O que eu gostaria de me tornar?

Professor(a), caminhamos para uma nova pergunta a ser realizada junto aos estudantes:
como planejar e construir o caminho que queremos no futuro?

Um grande filosofo francês, Gaston Bachelard (2009, p. 169), em seu livro “O Ar e os


Sonhos”, escreveu: “o ser que medita é o primeiro que sonha [...]. O mundo é belo antes
de ser verdadeiro. O mundo é admirado antes de ser verificado”.

Tomando como inspiração o trecho de Bachelard, retomamos que o trabalho primordial do


educador é estimular o cultivo dos sonhos em seus alunos, antes de serem verificados pela
realidade em seu estado cru, sonhos devem existir.

Os sonhos constituem nossa entrada para a construção de caminhos que nos conduza para
uma estrada mais feliz e menos árida.

A realidade dará moldes e formas aos sonhos destes estudantes, ajustando-os na


verificação do que é real. Contudo, os sonhos não devem deixar de existir, permear e
balizar a estrutura existencial dos estudantes. Devemos estimular os sonhos que tragam
felicidade para nossos alunos.

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BOAS LEITURAS

O essencial é não mentir, e antes de mais nada não se mentir. Não se mentir sobre a
vida, sobre nós mesmos, sobre a felicidade. E é porque eu gostaria de não mentir que
adotei o projeto que se segue. Num primeiro tempo, tentarei compreender por que não
somos felizes, ou tão pouco, ou tão mal, ou tão raramente: é o que chamarei de a
felicidade malograda, ou as armadilhas da esperança. [...].

Por que a sabedoria é necessária? Porque não somos felizes. Isso coincide com uma
fórmula de Camus, que tinha o dom de dizer simplesmente coisas graves e fortes: "Os
homens morrem, e não são felizes." Acrescentarei: por isso a sabedoria é necessária.
Porque morremos e porque não somos felizes. Se não morrêssemos, mesmo sem ser
felizes, teríamos tempo de aguardar, diríamos a nós mesmos que a felicidade acabaria
chegando, nem que daqui a alguns séculos... Se fôssemos plenamente felizes, aqui e
agora, poderíamos talvez aceitar morrer: esta vida, tal como é, em sua finitude, em
sua brevidade, bastaria para nos satisfazer... Se fôssemos felizes sem ser imortais, ou
imortais sem ser felizes, nossa situação seria aceitável. Mas ser ao mesmo tempo
mortal e infeliz, ou se saber mortal sem se julgar feliz, é uma razão forte para tentar
se safar, para filosofar de verdade, como dizia Epicuro, em suma, para tentar ser sábio.

Isso também vai ao encontro de outra fórmula, relatada por Malraux. Certo dia,
Malraux encontra um velho padre católico; e o que fascina o livre pensador que era
Malraux, no personagem do velho padre, é principalmente o que ele supõe a justo
título que seja sua experiência de confessor. Malraux interroga-o: padre, diga-me o que
descobriu em toda essa sua vida de confessor, o que lhe ensinou essa longa intimidade
com o segredo das almas... O velho padre reflete alguns instantes, depois responde a
Malraux (eu cito de memória): 'Vou lhe dizer duas coisas. A primeira é que as pessoas
são muito mais infelizes do que se imagina. A segunda é que não há grandes pessoas."
Acrescentarei mais uma vez: por isso a sabedoria é necessária, por isso é preciso
filosofar.

COMTE-SPONVILLE, André. A felicidade desesperadamente. Ed. Martins Fontes: São


Paulo, 2010.

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Aguce os sentidos dos alunos para seus sonhos e os incentive a construir caminhos que
os levem ao encontro de condições para exercer sua felicidade, de tal modo que sejam
capazes de se questionarem: “qual é a minha realização mais voraz?”; “Qual é a fome
do meu sonho?”.

Inflame esse anseio de felicidade em projetos pessoais de seus alunos. Não os permita
ser combalidos pela realidade burocrática de um negócio, nem deixe que eles se
permitam abater pelos desafios, nem pelas circunstâncias macroeconômicas.

Todos os contextos são adaptáveis. Tentaremos oferecer elementos para que eles
comecem a produzir seus planos para construir projetos significativos.

Insira frases fortes no discurso sobre a imagem que eles têm de si, questionando-os:
quais são as formas de criarmos e o que há de melhor em nós hoje? E quais são as
melhores versões de mim mesmo?

Esse é o fundamento que encontramos para traçarmos metas. Afinal, as metas são
caminhos a trilhar.
.

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Veja exemplos de pessoas que cultivaram uma trajetória ligada diretamente


ao empreendedorismo.

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Atividade – Construindo relatos e trajetórias
Podcast 3

PARA FICAR LIGADO

Mantendo boas relações

A comunicação é essencial nas civilizações. Manter boas relações é algo positivo. Aqui,
deve-se entender que a construção de relações são pontes para novas ideias, para
encontrar solução para os problemas e para pedir ajuda.

Hoje, o termo Network ganhou grande visibilidade. Trata-se da sua rede de contatos,
trocando informações relevantes com base na colaboração e ajuda mútua. O Network
envolve uma ação com diferentes atividades voltadas à carreira e aos negócios, por meio
da manutenção de uma rede de relacionamentos.

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Atividade – Construindo relatos e trajetórias
Podcast 4

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Atividade – Confiante

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Professor(a), procure estimular seus alunos a mostrar e buscar quais as histórias que os
inspiram.
Sugerimos que comece com um exemplo sobre si mesmo: o que te inspirou a se tornar
um professor? Quais os ideais ou paixões moveram suas escolhas?

Ao dividir isso com os alunos, eles se sentirão mais próximos e abertos a também
contarem sobre suas aspirações.

Atividade – Etapa de autoconhecimento 3 Clique aqui


Arte

Nesse momento, retome com os alunos a Ficha do


Personagem entregue no início da Fase 1, destacando os
aspectos que os estudantes julgam importantes partilhar
sobre si mesmos e de projetos que pretendem alcançar.
Como trilhamos os caminhos é uma construção individual e,
por mais que estejamos em uma sociedade, nossas escolhas
são individuais. Nosso caminho vai se transformando na
medida em mudamos a nós mesmos. Por essa razão é muito
difícil prever o tipo de pessoa que iremos nos tornar ou,
ainda, entender o que de fato queremos ser.

Nossa principal tendência constitutiva é permitir que as opiniões alheias nos moldem
aos parâmetros de segurança financeira e afetiva e, assim, por vezes, deixamos nossos
sonhos de lado.
O que te faria feliz? Realmente feliz? Você já sabe? Se sim, mostre para seus colegas.
Divida seus sonhos: não importa o tamanho deles.

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