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Modalidade de Curso
Curso Livre de Capacitação Profissional
1. INTRODUÇÃO
A mediação, em linhas gerais, pode ser definida como uma técnica que,
através da linguagem, permite a criação ou recriação da relação humana; para isso,
se utiliza da figura de um intermediário – o mediador – que intervém de forma
imparcial com a facilitação da comunicação entre os indivíduos. (LASCOUX, 2006).
Assim, sua aplicabilidade não se restringe à Ciência do Direito, mas se estende a
uma infinidade de outras áreas. O termo mediação procede do latim mediare, que
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oriundos do movimento de acesso à justiça daquele país (AMARAL et. al., 2007, p.
15). Em 1974, o psicólogo e advogado Dr. Coogler desenvolveu estudos sobre a
mediação como forma de resolução de quaisquer disputas (AMARAL et. al., 2007,
p.15).
Na França, por sua vez, a mediação surgiu no início dos anos 80, através do
contato dos franceses com a interdisciplinaridade (AMARAL et. al., 2007, p. 16),
configurando-se como um método de resolução de conflitos em que os mediandos,
além do dever de optar de maneira voluntária pelo procedimento, deveriam também
realizar a escolha do mediador (LASCOUX, 2006). Com o passar do tempo, a
prática passou a exigir maior regulamentação, o que ocorreu com o Código de
Processo Civil de 1995, pelo qual adveio a mediação ordenada no curso do
processo pelo juiz, que também passou a ser responsável pela designação do
mediador dependendo para isso da anuência dos envolvidos (LASCOUX, 2006).
No Brasil, tem-se notícia sobre a mediação desde o século XII (AMARAL et.
al., 2007, p. 16); todavia, há poucos resultados em termos de legislação, uma vez
que o instituto é aplicado, mormente, como meio alternativo ao Poder Judiciário.
Por fim, é possível afirmar que as duas últimas décadas do século passado
foram sobremaneira marcadas pela expansão da mediação. De acordo com Morais
e Spengler (2009, p. 147), naquele período observou-se o uso exacerbado do termo,
o que levou justamente à sua banalização. Atualmente, tendo em vista a
necessidade de comunicação – já que os indivíduos não conseguem restabelecer o
liame rompido pelo litígio (MORAIS; SPENGLER, 2009, p. 147) – emerge a
necessidade de situar a mediação na nossa sociedade; (re)surge, assim, a
mediação como uma forma de tratamento de conflitos que possa responder a esta
demanda.
Para que a mediação obtenha êxito, faz-se necessário que haja equilíbrio
nas relações entre os envolvidos, considerando ser fundamental que a todos seja
conferida a oportunidade de se manifestar, bem como garantida a compreensão das
ações que forem sendo desenvolvidas ao longo do procedimento (MORAIS;
SPENGLER, 2009, p. 137).
Assim, o mediador não é um juiz porque não impõe um veredicto, nem tem o
poder outorgado pela sociedade para decidir pelos demais; também não é um
negociador que toma parte na negociação como interessado pelo resultado: via de
regra, sequer cabe a ele a proposta de acordo, limitando-se sua função à garantia
aos envolvidos, de um espaço saudável, com vistas a facilitar o diálogo entre os
envolvidos e a sua consequente (re)aproximação ao consenso acerca da decisão
sobre o conflito e ao restabelecimento da relação que possuem.
para que se estabeleça um ambiente em que estes se sintam à vontade para falar
sobre seus problemas pessoais de maneira sincera. Essa relação de confiança da é,
pois, pressuposto ao êxito do procedimento.
convencionados – desde que não contrarie a ordem pública] e diligência [deverá ter
cuidado e prudência para a observância da regularidade, assegurando a qualidade
do processo e cuidando ativamente de todos os seus princípios fundamentais]
(CONIMA, 2011a).
De acordo com Breitman (apud AMARAL et. al., 2007, p. 27) o perfil ideal do
mediador seria, pela interdisciplinaridade do procedimento, o profissional com
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5. CONCLUSÃO
emitir decisão, tem em suas mãos o dever ainda mais complexo de manter um
espaço saudável entre os envolvidos para que estes cheguem num consenso.
Referências
ALBERTON, Genacéia da Silva. Repensando a jurisdição conflitual. Revista Brasileira de Direito, Passo Fundo,
v. 4, n. 1, p. 53-98, jan./dez. 2009.
AMARAL, Alan Marins et al. Mediação Familiar como Alternativa de Acesso à Justiça. Programa Conhecimento
Prudente para uma Vida Decente: Construção de Saberes na Prática Jurídica Contemporânea e a Questão do
Pluralismo Jurídico (Artigo Científico). Faculdade Anhanguera Educacional – Atlântico Sul: Pelotas, 2007.(artigo
inédito)
BREITMAN, Stella; PORTO, Alice Costa. Mediação Familiar: Uma Intervenção em busca da paz. Porto Alegre:
Criação Humana, 2001.
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; GRINOVER, Ada Pelegrini. Teoria Geral do
Processo. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
FONKERT, Renata. Mediação. In.: Centro Brasileiro de Mediação [on line]. Disponível em:
http://www.cacb.org.br/mediacao_arbitragem/artigos/Media%E7%E3o%20por%20Renata%20Fonkert.doc.
Acesso em: 09 set. 2011.
HAYNES, John M. Fundamentos de La mediación familiar como afrontar La separación de pareja de forma
pacífica para seguir desfrutando de la vida. Madrid: Gaia Ediciones, 1993.
LEAL, Israel Silveira. Formas Alternativas de Resolução de Litígios. Rio Grande, 2010. 65p. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Direito) – Faculdade de Direito. Universidade Federal do Rio Grande – FURG.
MOORE, Christoper W. O processo de mediação: estratégias práticas para a resolução de conflitos. Tradução
de Magda frança Lopes. Porto Alegre: Arted, 1998.
MORAIS, José Luis Bolzan; SPENGLER, Fabiana Marion. Mediação e Arbitragem: Alternativas à Jurisdição! 2.
ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.
ROBERTS, E. A.; PASTOR, B. Dicionário etimológico indoeuropeo de la lengua española. Madrid: Alianza,
1997.
WARAT, Luis Alberto (org.) Em nome do acordo: A mediação no direito. Florianópolis: ALMED, 1998.
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Notas
[2] Conforme apontam José Morais e Fabiana Spengler (2009, p. 113): “A sociedade, consciente das limitações
estatais frente aos seus reclamos, jamais deixou de reservar outros métodos de tratamento dos conflitos,
embora o Estado detivesse o monopólio da Jurisdição”.
[3] De acordo com a referida lei, no caso de resultar frustrada a negociação direta, as partes poderão escolher,
de comum acordo, um mediador para a composição do conflito; discordando quanto à pessoa deste ou não
estando as partes em situação de equilíbrio para participar da negociação direta, poderão solicitar, a
designação de mediador pelo Ministério Trabalho. O mediador, por sua vez, será pessoa previamente
credenciada conforme regulamentação, ou servidor do referido Ministério.
[4] São exemplos: projeto de lei n° 4.827/98 de iniciativa da Deputada Zulaiê Cobra, o qual pretende
institucionalizar e disciplinar a mediação como método de prevenção e solução consensual de conflitos com
aplicação em toda matéria que admita conciliação, reconciliação, transação, ou acordo; projeto de lei n°
5.696/01 o qual pretende ampliar a competência do Juizado Especial Civel [Lei n° 9.099/95] para que julgue as
ações de família cujo patrimônio não exceda um imóvel, bem como introduzir a mediação em tais demandas de
maneira antecedente à conciliação devendo ser conduzida por equipe multidisciplinar, responsável por realizar
o trabalho de sensibilização das partes.
[5] O procedimento de mediação não produz título com força executiva; caso às partes queiram dar ao acordo
força de título de natureza judicial [sentença] deverão requerer sua homologação por juiz competente.
[6] Dentre as diversas téncias utilizadas na mediação, podem ser citadas: a arte de perguntar, o resumo, o
destaque dos aspectos positivos nas falas dos envolvidos, a validação do entendimento, a identificação de
soluções, o afago, o silêncio e a inversão de papéis [esta última utilizada apenas em reuniões unilaterais