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Educação Inclusiva

Módulo Complementar
Aula 6

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO


SE 1 - Departamento de Ações Educacionais
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO
Silvia de Araújo Donnini

DEPARTAMENTO DE AÇÕES EDUCACIONAIS-SE 1


Nueli Olinda Quirino de Souza Vinturini
Patrícia dos Santos Vieira de Oliveira
Rosangela Alves Babinska

DIVISÃO DE ENSINO FUNDAMENTAL, EDUCAÇÃO INFANTIL E DE JOVENS E


ADULTOS- SE 11
Vanessa de Magalhães Pina

DIVISÃO DE SUPORTE AO ENSINO - SE 12


Regina Maura Mazzari Viegas

SEÇÃO DE VALORIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES- SE 121


Rosa Maria Monsanto Glória

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA- NEAD


Kátia Raquel Viana

COORDENAÇÃO GERAL DO CURSO


Joseleine de Campos Gomes
Olga Kikue Takinami
PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Ana Maria Diniz Canet
Ana Paula Neves Lopes
Andrea Mariz de Medeiros Girardi
Bárbara Lobo Gonçalves Preto
Flávia Alves Lente
Juliana Pereira Lopes
Márcia Azevedo de Sousa Matumoto
Márcia Maria Maiole Carvalho
Maria de Fátima Neves da Silva
Talita Rodrigues da Silva
Colaboradora: Carla Silvestre

COPIDESQUE E DESIGN INSTRUCIONAL


Katia Raquel Viana
Vinicius Salermo de Lima

EDIÇÃO GRÁFICA E DESENVOLVIMENTO WEB


Vinicius Amorim Belli

ADMINISTRAÇÃO DE DADOS
Bárbara Paz Rodrigues Marques Trovão
Introdução

Fonte: Pixabay

Olá!

Seja bem-vindo(a) a aula 6 do Módulo Complementar


do curso Educação Inclusiva.
Puxa, já caminhamos bastante pelos conteúdos
abordados! Agora teremos mais duas aulas finais que
pretendemos que tragam, à luz deste estudo, questões
pertinentes ao cotidiano escolar no que se relaciona mais
diretamente aos alunos com deficiência e transtorno do
espectro autista que, como já dissemos anteriormente, são
público alvo da Educação Especial na perspectiva da
Educação Inclusiva.
Falaremos nesta aula sobre acessibilidade no
cotidiano escolar, trazendo para nosso estudo as
tecnologias assistivas nos diferentes espaços e momentos
da rotina escolar.

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Na próxima e última aula, este tema terá continuidade,
porém sob a perspectiva das tecnologias que perpassam
toda a rotina do aluno na escola.
Incluir o aluno com deficiência ou transtorno do
espectro autista nos espaços escolares exige amplo
conhecimento de suas necessidades como vimos até aqui
a partir das referências de desenvolvimento psíquico, da
linguagem e do lúdico. No entanto, exige também
equipamentos, mobiliários e recursos que favoreçam a
aprendizagem frente às barreiras impostas pelas
condições individuais de cada aluno.

Bons estudos!

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A acessibilidade no cotidiano escolar

Todos nós, no dia a dia, nos defrontamos com


facilidades e dificuldades para realizar diferentes tarefas,
e as soluções que encontramos muitas vezes estão nas
tecnologias que se apresentam no nosso cotidiano e nem
as percebemos. Vamos fazer um exercício.
Você consegue lembrar de alguma situação onde a
tecnologia é fundamental na sua vida?
Com certeza você conseguiu pensar não em uma, mas
em muitas situações, como por exemplo, o interruptor de
luz, a campainha, o cartão do banco, o caixa eletrônico e….
Claro! O celular. Mas a tecnologia de ontem não é a
mesma de hoje e com certeza não será a mesma de
amanhã, pois ela evolui à medida que novas descobertas
são feitas.

SAIBA MAIS
O que é Tecnologia?
O que podemos dizer que é Tecnologia? Para que
possamos compreender melhor o conceito de tecnologia,
antes de avançarmos com este tema no âmbito escolar,
sugerimos que você estude o texto: O que é tecnologia?

Acesse:
https://www.hostmidia.com.br/blog/o-que-e-tecnol
ogia/
ou utilize o leitor de QR Code do seu smartphone

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A escola também passa por este processo no qual
tecnologias antigas e novas convivem para ajudar a todos
nas tarefas de ensinar e aprender. Quanto mais pessoas
conseguirem utilizar um recurso, dizemos que ele “tem
maior acessibilidade” ou “é mais acessível”.
Sugerimos que assista o vídeo a seguir, disponível em
https://youtu.be/J5MAc8qgkno

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O uso de tecnologias assistivas

A tecnologia vem a tornar mais fácil a vida da pessoa


sem deficiência e possível a vida da pessoa com
deficiência (RADABAUGH, 1993 In: BERSH, 2017).

A deficiência é um conceito em evolução. A legislação


brasileira traz como concepção que a deficiência resulta
da interação entre pessoas com incapacidades e as
possíveis barreiras (comportamentais/ambientais),
impedindo a participação plena e efetiva na sociedade em
condições de igualdade com as outras pessoas (BRASIL,
2012). Portanto, ao assumirmos o papel de eliminar as
barreiras (mudar intervenções, mediações, atitudes,
modificar o ambiente) minimizamos as possíveis
desvantagens que uma condição sensorial, motora ou
intelectual pode acarretar.
Como viram nas aulas anteriores, a inclusão é um
princípio defendido e adotado nas políticas públicas de
educação brasileira e uma das formas de propiciá-la é por
meio da alteração do ambiente que favoreça e facilite as
interações entre o indivíduo e o meio para atendimento de
suas necessidades individuais. Portanto, as adaptações e
modificações, desde as arquitetônicas até as mais
específicas, como a adaptação dos recursos pedagógicos,
são essenciais para garantir a inclusão de pessoas com
deficiência (GONÇALVES et al, 2013)

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Todos somos constantemente beneficiados
por diversas tecnologias. Contudo, quando a
tecnologia se direciona a diminuir as barreiras
que as Pessoas com Deficiência (PCD) encontram,
ampliando suas possibilidades no cotidiano,
estamos falando no conceito de Tecnologias
Assistivas. (BERSH, 2019)

Você pode estar se perguntando: “Todos os profissionais


da escola necessitam conhecer os equipamentos de
tecnologia assistiva para o aluno?”
Se sua resposta foi sim, a próxima pergunta poderia ser :
Para que estes profissionais precisam deste conhecimento?
E ainda: Quais são os itens de tecnologia assistiva
comumente mais utilizados na escola? Estas são apenas
algumas questões. Com certeza outras tantas podem estar
passando por sua cabeça. Que tal conversarmos sobre isso
nesta aula e esperamos que ao final dela você tenha
respostas às suas perguntas.
Vamos começar retomando o que é tecnologia assistiva,
agora por meio de uma animação, disponível em
https://youtu.be/PYRDhWnosQY , ou utilize o leitor de QR
Code do seu smartphone.

Podemos avançar agora para a aplicação destes


conceitos em situações escolares.

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H ora da entrada

Pensar na acessibilidade precisa ocorrer desde a


chegada do aluno à escola. Alguns alunos com deficiência
são trazidos pela família e outros utilizam o transporte
escolar adaptado. Alguns precisarão de ajuda neste
momento.
Conforme a orientação do Setor de Transporte Escolar
da Secretaria de Educação, é de responsabilidade da
escola manusear o aluno para colocar e retirar do
transporte escolar, conforme indicação e orientação da
FISIO ou T.O da EOT considerando o comprometimento
motor e a necessidade de manuseio específico. Os
auxiliares em educação são os funcionários
preferencialmente indicados para esse trabalho de
transferência postural do aluno, podendo ter a
colaboração de outros profissionais da escola neste
momento.

Transporte

Os alunos que são


transportados em sua cadeira
de rodas utilizam o veículo
escolar adaptado, como na
figura ao lado, o qual possui
espaço interno e travas de
segurança. Para subi-los e
descê-los deste transporte é
utilizado elevador ou rampa.
Fonte: Canet (2010)

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Os alunos que não possuem cadeira de rodas própria
são transportados em assento booster (também
conhecidos com o nome de poltrona veicular adaptada),
que são assentos acoplados à poltrona comum com cintos
de segurança. Nesses casos, o auxiliar deve transferir o
aluno dessa poltrona para a cadeira de rodas patrimoniada
que o aluno utiliza na escola.

Lembre-se que o atendimento à pessoa com


deficiência (PCD) é prioritário. É importante que o
aluno com deficiência seja sempre o primeiro a sair do
ônibus escolar, isso evita o constante atraso de
chegada dos alunos com deficiência nas atividades
escolares em relação aos outros alunos, por
questões logísticas fáceis de serem resolvidas.
Além disso, essa é uma ação educativa para os
demais alunos sobre a forma correta de lidar com a
pessoa com deficiência, e o atendimento prioritário.

SAIBA MAIS
Atendimento Prioritário
Para saber mais sobre o atendimento prioritário,
DECRETO Nº 5.296 DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004, acesse:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-200
6/2004/decreto/d5296.htm
ou utilize o leitor de QR Code do seu smartphone

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Na sala de aula

Quando entramos na sala de aula, muitas vezes nos


deparamos com uma estrutura física que dificulta a
possibilidade de permanência e de participação do aluno
com deficiência na aula. Mas como facilitar isso? O que
podemos fazer na escola?
Apresentamos algumas tecnologias assistivas (TAs)
que podem ser utilizadas para diminuir ou eliminar essas
barreiras. Essas TAs podem ser disponibilizadas pelo
Acervo da Seção de Inclusão Educacional na Secretaria de
Educação. Caso o aluno necessite de algum equipamento
de TA, a equipe gestora da escola deve solicitar o
agendamento com a EOT- Equipe de Orientação Técnica
referência (Fisioterapia, Terapia Ocupacional ou
Fonoaudiologia) para avaliação e dispensação conforme a
disponibilidade do Acervo.
A seguir, descrevemos algumas destas TAs que podem
ser necessárias para o aluno com deficiência na sala de
aula.

MOBILIÁRIO ESCOLAR ADAPTADO


Este é um item de significativa importância e merece
atenção na sala de aula, pois a postura corporal alinhada
em mobiliário escolar adaptado tem a função de favorecer
a aprendizagem, a atenção, a participação e interação do
aluno com deficiência na escola.

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As orientações sobre o tempo de permanência em cada
equipamento e a transferência postural entre eles será
abordado na próxima aula.

Mesa Com Recorte E Cantinho

A mesa com recorte em


semicírculo (U) garante melhor
posicionamento dos membros
superiores, com cotovelos e
todo o antebraço apoiados na
mesa, facilitando as atividades
bimanuais e o posicionamento
de tronco.

O Cantinho é indicado para


posicionamento e
estabilização na postura
sentada no chão.

Outra vantagem de se utilizar estes mobiliários (cadeira


escolar adaptada, mesa com recorte em U e cantinho) é
que estes podem proporcionar que o aluno participe das
atividades na mesma altura que seus colegas,
possibilitando melhora na qualidade da socialização e
melhor desempenho na execução das atividades.

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ADAPTAÇÕES PARA O REGISTRO GRÁFICO

Existem algumas adaptações simples que podem ser


realizadas a fim de facilitar a atenção e concentração do
aluno durante a execução das atividades de escrita,
desenho e leitura. Assista o vídeo a seguir, disponível em
https://youtu.be/jcXybEOpAxE ou utilize o leitor de QR
Code do seu smartphone e veja algumas dicas.

Neste vídeo vemos uma indicação de fonte aos


alunos com baixa visão, porém em nossa rede de
ensino utilizamos fontes como ARIAL ou
VERDANA, tamanho 24.

Lembramos que os alunos com baixa visão e cegos


necessitam de adaptações no material escolar que podem
ser indicadas pelos professores especialistas em
deficiência visual, após um avaliação funcional da visão que
é realizada no Serviço de Atendimento à Pessoa com
Deficiência Visual (SAPDV).
Veja alguns exemplos destas adaptações nas figuras a
seguir.

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Livros em Braille

Sistema de leitura e escrita destinado


à pessoas cegas por meio do tato.

Máquina de Braille

A máquina tem seis teclas básicas


correspondentes aos pontos de cada
cela braille. O toque simultâneo de
uma combinação de teclas produz os
pontos que correspondem aos sinais e
símbolos desejados. É um mecanismo
de escrita mais rápido, prático e
eficiente. (SAPDV)

Lupa

Recurso óptico para potencializar o


residuo visual.

Soroban
Instrumento utilizado para trabalhar
cálculos e operações matemáticas:
espécie de ábaco que contém cinco
contas em cada eixo e borracha
compressora para deixar as contas
fixas. (SAPDV)

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Material Ampliado

Os materiais podem ser ampliados


com alto relevo, com contraste ou
tridimensionais.

Reglete e Punção
Reglete: base plana de plástico ou
madeira mais régua contendo celas
braille e retângulos vazados para
produção manual da escrita braille.
Punção: objeto construído de uma
ponta metálica e de um cabo
plástico, madeira ou metal, usado
especificamente para a produção de
pontos em relevo em reglete

Pauta Ampliada

Destina-se a alunos de baixa visão


que terão em pautas ampliadas uma
referência visual para escrita
comum.

Mapa Tátil

Mapa tátil: combina alto relevo e


textos em braille e informações não
táteis como contraste.

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Você percebeu como podemos dispor de recursos de
tecnologia assistiva que auxilia o aluno em sua
aprendizagem? Você tinha conhecimento disso antes desta
aula ?
Agora vamos avançar em mais alguns exemplos de
adaptações existentes na rede de ensino municipal de São
Bernardo do Campo que podem ser utilizadas para
diminuir barreiras físicas, aumento da concentração ou
facilitar visualização da atividade.

PLANO INCLINADO
O plano inclinado favorece os movimentos do aluno
com deficiência, oferecendo estabilidade motora e
precisão no grafismo, de forma que ele tenha sucesso na
sua intencionalidade gráfica, como é possível observar na
imagem a seguir, favorecendo, também, outras atividades
que naturalmente são propostas na carteira escolar: como
leitura de livros, montagem com letras movéis etc. O plano
inclinado pode também ser utilizado com eficácia para os
alunos com deficiência visual.

Plano Inclinado

Prancha de apoio para leitura e


escrita com diferentes níveis de
inclinação e de fixação.

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TALAS

Diante de tudo que vimos até aqui, você pode ainda


estar se perguntando: “E aquelas talas que alguns alunos
utilizam no corpo? O que são e para que servem?"
As tais talas são denominadas de ”órteses”. Estes são
"dispositivos ou aparelhos de uso externo ao corpo,
conforme apresentado por DE REZENDE (2006) e possuem
alguns objetivos específicos.
As órteses de posicionamento para o corpo são
prescritas e dispensadas pelos profissionais de saúde que
atendem os alunos nas suas terapias e tratamentos, sendo
portanto de uso individual e próprio do educando.

Talas/ Órteses

Auxiliam a funcionalidade;
promovem o
posicionamento adequado
e previnem deformidades.

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REGISTRO UTILIZANDO ÓRTESE FUNCIONAL
Alguns alunos, para realizar as atividades, necessitam
de órteses funcionais. O procedimento em nossas escolas
é que os terapeutas ocupacionais da EOT avaliam e
indicam qual a mais indicada para o aluno e faz a
disponibilização da mesma pelo Acervo que possui órteses
comerciais ou indica/elabora um recurso artesanal feito
com materiais comuns para o atendimento individualizado
das necessidades do aluno.

Órteses funcionais

Exemplo da atividade de escrita, mas a


órtese funcional pode ser utilizada
para realização de outras atividades,
como: alimentar-se, escovar os dentes,
entre outras.

A pulseira de peso pode ser


necessária em alguns casos para que
o aluno realize as atividades, porém é
necessário a prescrição do terapeuta
ocupacional clínico ou do terapeuta
ocupacional referência da unidade
escolar para uso deste equipamento.

Engrossador para lápis - este item também


pode ser utilizado para caneta, pincel,
colher, garfo e faca..

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SAIBA MAIS
Como fazer um engrossador de lápis
Existe no mercado diferentes modelos, mas você
também pode construir um, não é difícil e pode fazer a
diferença para o aluno na escola. Para saber como
construir um deles, acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=ypI8h5G3MxI
ou utilize o leitor de QR Code do seu smartphone

E quando o aluno não consegue segurar a folha com a


outra mão enquanto faz alguma tarefa, e esta fica
“dançando” na mesa?Tem como melhorar esta situação?

Tem sim. Pode-se prender a folha com fita adesiva na


mesa ou numa prancheta. Dependendo do controle motor
apresentado pelo aluno, deve-se oferecer folhas de
tamanho A3, para que este possa vivenciar movimentos
mais amplos. Quando avançar no desenvolvimento de sua
coordenação motora fina, conseguirá utilizar folhas
tamanho A4 sem que sua produção avance nos limites
dados pelo papel.

ADAPTAÇÕES ARTESANAIS DE MATERIAIS OU


EQUIPAMENTOS DA ROTINA ESCOLAR

Existem necessidades do usuário tão específicas que


não encontramos a adaptação necessária no mercado, ou,
no momento, não temos a possibilidade de adquiri-la.
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Para estes casos, podemos construir as adaptações de
forma artesanal para contemplar as necessidades da
pessoa com deficiência.
A seguir temos exemplos de adaptações
confeccionadas artesanalmente nas unidades escolares
por terapeuta ocupacional da EOT.

Adaptações Artesanais

A tesoura foi adaptada com


o material que a escola
possuía: lata de leite
condensado, durepox,
tesoura padrão, tinta e
adesivos. essa adaptação
foi realizada para um aluno
com deformidade no
membro superior.

Adaptação para o aluno acionar o


clique esquerdo do mouse, enquanto
aguarda a chegada do mouse
adaptado e acionador do Acervo de
Tecnologia. Realizado com o material
existente na unidade escolar: retalho
de isopor, cola e pasta de arquivo.

Adaptação de tesoura
para treinamento do uso
pelo aluno com auxílio de
um adulto. Material
utilizado: miolo do durex e
fita adesiva.
Imagens:Canet (2014)

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BRINQUEDOS COM ACIONADOR

O brinquedo com acionador possibilita o acesso à


diferentes estímulos sensoriais, como: luz, som, vibração,
movimento, entre outros. Esta brincadeira favorece o
desenvolvimento da noção de causa e efeito. Essa noção é
importante para que o aluno compreenda que sua ação
provoca efeitos no mundo. Enquanto brinca, se aprende a
utilizar o acionador de forma intencional, para mais tarde,
utilizar o acionador no caderno digital, que veremos a
seguir, Isso pode contribuir inclusive, para o
desenvolvimento da comunicação, que será abordado no
próximo módulo. (SERRANO, 2018)

CADERNO DIGITAL
Para os educandos que não possuem o acesso
convencional para o registro gráfico, há a possibilidade do
uso do caderno digital, isto é, a substituição do caderno
convencional pelo computador (desktop ou notebook) ou
tablet.

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Existe na rede municipal de São Bernardo do Campo
adaptações de hardware e software que podem ser
propostos conforme a avaliação dos recursos adaptativos
de informática realizada pelas terapeutas ocupacionais da
EOT (2007-2019), conforme algumas fotos ilustrativas a
seguir:

SAIBA MAIS
Leitores de telas
Há no mercado, vários leitores de tela tanto pagos como
gratuitos, Nos links a seguir você poderá conhecer
alguns deles e saber como colocar o leitor de tela no
computador e no celular.
Acesse
https://oampliadordeideias.com.br/6-leitores-de-tel
a-para-seu-computador/
ou utilize o leitor de QR Code do seu smartphone

Acesse
https://youtu.be/c5eAAqvshJc
ou utilize o leitor de QR Code do seu smartphone

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SAIBA MAIS
Recursos de informática
Há muitas as possibilidades de adaptação dos recursos
na informática. Saiba mais sobre isso acessando:

https://prezi.com/ilaier4f_ipi/?utm_campaign=share
&utm_medium=copy
ou utilize o leitor de QR Code do seu smartphone

https://prezi.com/srzqebz47lvq/?utm_campaign=sh
are&utm_medium=copy
ou utilize o leitor de QR Code do seu smartphone

CADERNO DE COMUNICAÇÃO

“o desenvolvimento das formas narrativas pode


influenciar a maneira como a criança pequena
entende e representa suas experiências no mundo
real, e ainda, que por meio do ato de narrar, a criança
cria e confere significado à sua própria vida.” (Fivush e
Haden, 1997 In: Macedo e Sperb, 2007) - grifo nosso

Nas aulas anteriores você foi convidado a refletir sobre


a criança e a construção de suas relações com o outro,
com o mundo e das suas aprendizagens não apenas dos
conhecimentos sistematizados, mas também daqueles que
são individualizados. Viu como é importante que alguém
mais experiente seja sua parceira e possibilite ampliar seu
conhecimento no mundo da cultura.

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Podemos nos deparar com um aluno que não tem
intencionalidade comunicativa e/ou que mesmo tendo
intencionalidade, não consegue iniciar e manter uma
conversa e isso pode trazer frustração e
consequentemente os interlocutores podem desistir antes
mesmo de começar.
As primeiras narrativas surgem muito cedo, na
interação com o outro e se baseiam em contextos
imediatos, compartilhados. Com o desenvolvimento, a
criança passa ao relato de experiência pessoal e depois às
narrativas com outros atores. As narrativas são instrumento
mental e discursivo da construção da realidade
(PERRONI,1983). Perguntas como “Quem?” “Onde?” “O quê?”
“Quando?” “Por quê?” ampliam o discurso da criança e,
consequentemente, ampliam sua narrativa (Low & Durkin,
2001; Peterson e McCabe, 1994 In: Macedo & Sperb, 2007).
Belintane (2013) destaca que “a mudança da posição de
escuta para a de contador é que vai dar condições a uma
criança de reutilizar as matrizes que foram se acumulando
e se reformulando.” Assim, para assumir uma posição de
sujeito autor, as crianças precisam acumular experiências
de sucesso na comunicação e repertório dos diferentes
gêneros orais.

NARRATIVAS
substantivo feminino
1. Ação, efeito ou processo de narrar, de relatar, de
expor um fato, um acontecimento, uma situação (real
ou imaginária), por meio de palavras; narração
https://www.dicio.com.br/narrativa/

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Cadernos de comunicação

O caderno de comunicação (também nomeado em outras


publicações como diário de bordo, caderno de experiência,
dentre outros) é um recurso que permite o aluno o
exercício de expressão de experiências que lhe são
significativas, desenvolvendo suas narrativas pessoais. Ao
mesmo tempo, permite que as pessoas que convivem com
ele(a) no ambiente escolar e familiar (professores,
familiares e colegas de turma) tenham acesso ao que foi
vivido como significativo para este aluno quando sua fala
não é suficiente. Como um complemento ao relato oral, o
caderno de comunicação materializa um discurso sobre o
que se viveu.Segue alguns exemplos:

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Não precisa ser diário, mas precisa de sistematicidade
para que possa ser incorporado como ferramenta
simbólica e recurso alternativo à fala e incentivo às trocas
dialógicas. É imprescindível que escola e família
estabeleçam um contrato prévio de construção, usos e
parceria. Pode ser em formato de caderno, agenda, diário,
caixa, fichário, arquivo digital, pastinha, caixa de papelão,
etc., o que melhor atenda a todos. Nele, colocamos coisas
que apoiem o resgate da memória: objetos reais e
concretos, objeto colado no cartão, partes de objetos,
miniaturas, fotos, desenhos, rótulos, folhetos, convites,
escrita, sistemas de Comunicação Suplementar e
Alternativa (CSA), entre outras possibilidades; a cada dia,
novas ideias surgem entre os envolvidos. As informações
colocadas precisam ser suficientes para o mediador
(professor, familiar, colega de turma) transformá-lo em
relato oral.
Na escola, é comumente utilizado em rodas de
conversa, levantamento de conhecimentos prévios,
construção de textos coletivo, entre outros. Para tanto, o
plano de ação da turma precisa contemplar ações de uso
de fala pública e textos coletivos orais.

Há, na sua escola, momentos planejados com valorização


da fala dos alunos? Sobre o que os adultos conversam
com as crianças? E entre os adultos? Existe diferença
entre as situações? E quando a pessoa tem deficiência?
Quem e sobre o que se conversa com ela? Fala-se sobre
o aluno como se ele não estivesse presente?
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Portanto, o caderno de comunicação é uma atividade
indicada para o desenvolvimento do discurso da criança,
pois nele, nossa intencionalidade e ação estão focados no
gênero primeiro do discurso: a narrativa pessoal, imediata
e contextualizada com o apoio de imagens. Ele é um
excelente recurso para todos os alunos e traz segurança e
contexto à interação. Construir o caderno favorece o aluno
a se apropriar de sua história com suas conquistas e
potencialidades, promovendo autonomia, independência
e interação.
Na próxima aula, aprofundaremos as reflexões e
discussões sobre Comunicação Suplementar e Alternativa
(CSA), que deve ser utilizada e planejada para todo o
momento que a criança se encontra na escola.

SAIBA MAIS
Discurso narrativo
Caso queira se aprofundar em referências bibliográficas
sobre o assunto do desenvolvimento do discurso
narrativo acesse o link a seguir. O texto, por ser uma
revisão bibliográfica, apresenta um panorama da área e
possibilita aprofundar-se em outras fontes.

Acesse
https://doi.org/10.1590/S1413-294X2007000300005
ou utilize o leitor de QR Code do seu smartphone

27
H ora do lanche e do almoço

A hora da alimentação na escola tem muitas nuances.


Para além dos aspectos nutricionais, para alguns, é a hora
de aprender a servir-se e se alimentar sozinho,
experimentar novos sabores e texturas, identificar a
quantidade de alimento que saciará sua fome, estar com
os amigos.
Há nas escolas muitos alunos que apresentam
dificuldades na hora da alimentação. Observe em sua
escola, se tem algum aluno com esta dificuldade? Ela
pode ser uma dificuldade que precise de ajuda total ou de
alguma ajuda em alguns momentos específicos. Preste
atenção se na sua escola, a equipe escolar propõe
alternativas e apoios neste momento para estes alunos.
No documento EDUCAR E CUIDAR, é possível ver as
orientações sobre a alimentação na escola, cuidados
necessários, disfagia, manobras quando ocorrem
engasgos, entre outros conteúdos. Sugerimos que
retomem o material estudado.
Quando o aluno necessita de adaptações, há vários
aspectos a serem observados: consistência, temperatura,
utensílios, posicionamento, horários, preferências, entre
outros. Temos que garantir segurança, nutrição, hidratação
e promover independência. Quando há acompanhamento
clínico, pedimos relatórios aos profissionais
responsáveis (podem ser fonoaudiólogo,

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terapeuta ocupacional, nutricionista, nutrólogo, pediatra,
gastroenterologista, etc.) além de realizarmos entrevista
com a família. Em seguida, equipe escolar, EOT e
profissionais da merenda são envolvidos nas adaptações
de cardápio e orientações. Todos unidos com o objetivo
de que a criança participe ativamente deste momento,
que seja prazeroso, que conheça novos alimentos e
amplie o seu repertório para além do familiar e faça
amigos!
SAIBA MAIS
Disfagia
Todo aluno com disfagia tem o direito de ser
acompanhado pelo fonoaudiólogo da EOT. É realizado o
monitoramento da alimentação em ambiente escolar. A
equipe gestora contata o profissional referência que vai à
escola e segue um protocolo de acompanhamento, que
fica arquivado no prontuário do aluno. Em 2010, a
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia premiou a equipe
de fonoaudiologia da EOT por este trabalho. O trabalho
apresentado pode ser visto em:
http://www.sbfa.org.br/portal/anais2010/resumos/
3054.pdf
ou utilize o leitor de QR Code do seu smartphone

Veja os Trabalhos Vencedores do Prêmio Excelência em


Fonoaudiologia 2010
https://www.sbfa.org.br/fono2010/pdf/trabahospre
miadoscongresso2010.pdf
ou utilize o leitor de QR Code do seu smartphone

29
Atenção
● Somente oferte alimento se a criança estiver
acordada e atenta.
● Siga as orientações registradas no prontuário - na
dúvida, pergunte a equipe gestora o que já foi
orientado sobre a alimentação do aluno.
● Caso a criança não consiga se alimentar sozinha,
converse com o aluno, peça para abrir a boca,
pergunte se está gostando, diga o nome dos
alimentos, dê toques no rosto se for necessário para
os comandos de abrir e fechar a boca, incitar a
mastigação. Faça a criança participar o máximo
possível!

Autonomia dos alunos

Pontos de atenção para favorecer a autonomia do aluno:


❏ O aluno deve ir ao rechaud sempre que possível e ser
o primeiro da fila: olhar uma imagem representativa
não substitui ser apresentado para a comida
concreta, principalmente no caso de aluno com
deficiência visual;
❏ O aluno deve participar da escolha dos alimentos, e
sua escolha deve ser respeitada. Devemos estar
atentos às formas de sua recusa ou aceitação (se o
aluno não for verbal, ele pode comunicar-se utilizando
expressões faciais, vocalizações, movimentos
corporais, sorriso, choro, balançar a cabeça, etc).
Aproveite esse momento para ensiná-lo formas mais
convencionais de comunicação (o "não" com a cabeça,
gestos indicativos, apontar imagens);

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Autonomia dos alunos

Quando o aluno não conseguir realizar o movimento de


levar a colher à boca por suas condições motoras,
realize o movimento coativo: segure a mão do aluno e
faça o movimento junto a ele. Para isto, é importante se
certificar de que o aluno não está recusando o alimento,
e realmente se trata de uma dificuldade motora.

Este exemplo de alimentação


pastosa favorece que o aluno
possa sentir o gosto de cada
alimento.

Jogo americano com


vocabulário de comunicação
alternativa para a criança
poder se comunicar durante
a refeição.

Existem alguns recursos, que são prescritos por


profissionais clínicos ou orientados pela EOT, que podem
auxiliar o aluno. Tentaremos usar os utensílios mais
comuns possíveis e parecidos com o que os outros
alunos utilizam.
Para visualizar estas adaptações acesse
https://prezi.com/view/9YKotI2Ye712hLNu5VAn/

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Higiene Bucal

Alterações na integração sensorial e ou nas


habilidades de destreza manual podem dificultar o
desempenho do aluno nas atividades do cotidiano,
sobretudo nas tarefas de higiene. Nesse sentido, o
momento da escovação de dentes pode apresentar
alguns desafios. (VITORINO, 2014). A seguir
apresentaremos algumas possíveis dificuldades e
sugestões para superá-los.

Dificuldades Motoras

❏ O aluno pode apresentar dificuldade em realizar o


movimento de levar a escova à boca de forma
independente ou de fazer o movimento circular com a
escova nos dentes. Você pode realizar o movimento
coativo nesses casos, segurando nas mãos do aluno e
realizando o movimento de forma conjunta;
❏ Dificuldade de alcançar a torneira. Utilize dois copos de
água. O primeiro para levar a água à boca e o segundo
para que o aluno cuspa. Na maioria das vezes, é
necessário que o educador auxiliar se ofereça como
modelo (mostrar como faz ao aluno);
❏ Alguns alunos com deficiência neuromotora podem ter
reflexo de mordida e indicação de líquidos espessados.
Nesse caso, não dê água, use pouca pasta e não force a
abertura da boca. O excesso da pasta pode ser retirado
dos dentes com a escova limpa. Cuidado com mordidas,
pois o aluno não fará de propósito.

32
Lembre-se que ao escovar os dentes estamos lidando
com diferentes sensações: o contato com a escova, com o
sabor da pasta, com a água. O aluno que apresenta
alterações no processamento sensorial oral pode recusar
abrir a boca; morder ou chupar a escova impedindo a
escovação; etc.

Dicas
❏ Seja o exemplo, dê o modelo.
❏ Jamais force o aluno a colocar a escova de dentes na boca.
Esse momento deve ser lúdico e divertido.
❏ Incentive o aluno a provar a pasta colocando um pouquinho
no dedo.
❏ Brinquem com as cerdas da escova. Utilize as mãos do
aluno para pressionar a escova na parte externa dos
lábios e aos poucos o desafie a colocar dentro da boca.
❏ Inicialmente incentive o aluno explorar a escova de dentes,
e quando ele demonstrar maior confiança, você pode
realizar movimentos coativos, escovando os dentes juntos.
❏ Quando o aluno permitir o movimento coativo, sempre diga
o que está sendo feito, por exemplo: "estamos escovando os
dentes de cima, agora, estamos escovando os dentes de
baixo." Além disso, é interessante seguir uma rotina fixa e
https://www.dicio.com.br/alteridade/
previsível, com o passo a passo já conhecido pelo aluno,
podendo, inclusive ser realizada uma contagem com um
tempo fixo e predeterminado, assim o aluno tem previsão
do processo e do término da tarefa e consegue se
tranquilizar com mais facilidade.
❏ Alguns alunos podem se beneficiar de imagens que ilustram
o passo a passo da escovação, como será apresentado na
aula 5, em recursos visuais.

33
Troca de Fraldas

Na terceira aula do módulo Educar e Cuidar tivemos


algumas orientações gerais sobre as trocas de fraldas dos
alunos. Caso você já tenha cuidado de outras crianças,
não terá tantas dúvidas sobre esse procedimento. Mas e
com os alunos com deficiência? Para a troca de fraldas
dos alunos com deficiência física não há segredo, mas
existem pontos de atenção. Aqui, daremos algumas dicas
genéricas, mas você pode solicitar orientação presencial
da EOT para cada caso.

Troca de Fraldas

❏ Antes de iniciar a troca, prepare o ambiente e materiais,


dessa forma, terá toda sua atenção voltada ao cuidado e
à segurança do aluno enquanto realiza a troca de
fraldas, principalmente se estiver sozinho nessa tarefa.
❏ Examinar o local e remover os obstáculos.
❏ Observar a disposição do mobiliário.
❏ Obter condições seguras com relação ao piso.
❏ Travar as rodas da cadeira de rodas antes da
transferência ao trocador.
❏ Deixar o material posto à disposição.
❏ Solicitar auxílio adicional quando necessário.
❏ Sempre realizar a troca em local adequado e privativo,
mesmo em casos de crianças pequenas.
❏ Verificar o tamanho da fralda.

34
Atenção
Atenção às alergias; algumas crianças podem
apresentar alergia ao lenço umedecido, a alguns tipos
de fraldas, e principalmente ao látex. Em caso de alergia
ao látex, utilizar luvas de vinil ou neoprene. Aproveite o
momento da entrevista com a família para tirar essas
dúvidas e evitar reações alérgicas.

Durante a troca de fraldas você poderá identificar no


aluno algum hematoma. Algumas feridas, como por
exemplo, as úlceras por pressão, podem ser ocasionadas
pela postura prolongada numa mesma posição, como
aprofundaremos na próxima aula , quando abordarmos a
transferência postural. Entretanto, hematomas ou
ferimentos podem estar relacionados a outras situações.
Uma preocupação dos educadores é a possibilidade de
terem sido causados por alguma forma de violência. Caso
você identifique hematoma ou ferimento durante a troca é
imprescindível comunicar a equipe gestora imediatamente.
E lembre-se: essas situações costumam angustiar
muito os educadores, que sentem necessidade de
compartilhar o que perceberam, mas é necessário que isso
seja feito de modo a proteger o aluno, sem expô-lo, pois
essa exposição caracteriza uma situação de revitimização.
A recomendação para que você comunique o que
observou SOMENTE e IMEDIATAMENTE à Equipe Gestora,

35
que poderá tomar as providências necessárias, cuidando
do sigilo que a situação exige.
Atenção
Nunca tire fotos, mesmo que com a intenção de
comunicar ou de documentar uma situação pois a
exposição da imagem viola os direitos de proteção da
.
criança.

Para mais orientações, consulte a equipe gestora da


escola e o material disponível no portal da educação:
“Proteção Integral: Qualificando o Cotidiano Escolar” em
https://educacao.saobernardo.sp.gov.br/index.php/orient
acoes-gerais/protecao-integral.html, a partir da página 42.
Para acessar é necessário utilizar seu login e senha.

Vamos à troca de fraldas?

É importante que você observe as possibilidades de


movimento do aluno, você pode fazer isso por uma
.
observação visual, ou até mesmo realizando o movimento
coativo. Sim, e é claro que isso será feito com cuidado!
Nunca use a força ou a velocidade, faça sempre
movimentos lentos e ritmados com o aluno. No entanto,
você deve segurá-lo com firmeza, pois alguns alunos
apresentam reflexos com toques leves e superficiais.

36
Troca de Fraldas

Na imagem a
seguir você
poderá observar
possíveis regiões
do corpo que
podem apresentar
contraturas.

Conhecer as
contraturas,
deformidades e
também as
possibilidades
de movimento
podem te
ajudar na hora
da troca de
fralda,

Algumas crianças com deficiência física apresentam


atividade reflexa, ou seja, movimentos involuntários.
Nesses casos, nunca utilize a força, pois a mesma força
que você utilizar para mover para uma determinada
direção será refletida para o movimento contrário,
podendo machucar a criança.

37
Nesta situação,
recomenda-se parar
o movimento coativo
e esperar ceder a
resistência
neurológica. Veja o
exemplo:

Uma atividade
reflexa comum
é a extensão da
cabeça e do
tronco (colocar
a cabeça para
trás e o umbigo
para frente).

Uma forma de interromper o movimento reflexo de


extensão, é ajudando a criança a fletir (dobrar para
frente) o corpo. Isso pode ser feito com o uso de um
travesseiro, e flexionando os joelhos, como na imagem
abaixo.

38
Flexionar o joelho
também pode
auxiliar na abdução
(abertura) das
pernas para a
troca de fraldas. V

Sempre que possível, incentivar o aluno a realizar


movimentos durante a troca de fraldas. Por exemplo, você
pode pedir para o aluno tentar “levantar o bumbum”. Esse
movimento também contribui para a aquisição do controle
de tronco.

Quando não for


possível flexionar
os joelhos do
aluno, siga o
seguinte modelo.

Alguns alunos poderão esvaziar a bexiga regularmente


utilizando a sonda vesical e farão o uso de fraldas apenas
para conter os escapes.

39
CONTROLE DE ESFÍNCTER

O controle de esfíncter se trata da capacidade de


conter a urina ou as fezes até chegar ao vaso sanitário,
condição necessária para o desfralde.
Assista o vídeo para orientações sobre o tema em
https://youtu.be/iLLBXiGqoeE ou utilize o leitor de QR
Code do seu smartphone.

40
Acessibilidade no brincar

O brincar é a principal ocupação na vida de uma


criança. Brincar é essencial para sua autorregulação e
auto expressão, permitindo à criança organizar seus
pensamentos, sentimentos e muitas outras competências,
sejam elas motoras, sensoriais, sócio afetivas, cognitivas
ou de linguagem. É brincando com o mundo que ele
começa a fazer sentido (SERRANO, 2018). A participação
de todas as crianças ao brincar é um direito, para que a
escola seja um lugar de aprendizado, como vimos na aula
3 deste módulo.
O atraso no desenvolvimento neuropsicomotor infantil,
(o qual envolve os aspectos neurológico, emocional,
cognitivo, comunicativo, interacional, sensorial e motor)
pode interferir na participação do aluno. Partindo deste
entendimento, é fundamental a parceria entre a escola, a
Equipe de Orientação Pedagógica (EOP) e a EOT. A cada
profissional envolvido neste processo cabe a contribuição
conforme sua competência visando a participação
autonomia e do aluno que repercutirá positivamente no
seu desenvolvimento para além dos muros da escola.

Chegou a hora de brincar no parque...e


agora, como fazer?

41
O ato de brincar no parque para um aluno com
deficiência pode requerer algum apoio para efetivar a
participação junto de seus colegas nas brincadeiras e
favorecer a exploração deste ambiente. Neste contexto,
resgata-se a possibilidade do uso da abordagem coativa
mencionada anteriormente, com o "objetivo de
incrementar os recursos de comunicação e ampliar a ação
motora do educando através do espaço, provocando o
desenvolvimento da habilidade de antecipação dos
acontecimentos em uma área determinada
(CADER-NASCIMENTO, 2003, p.87)."
É a mão do mediador (ou de outro colega de turma
orientado por um educador) junto à mão do aluno com
deficiência para estimular a percepção sensorial (areia,
grama, brinquedos, texturas, temperaturas dos objetos) e
assim aprender a realizar os movimentos para brincar (o
chamado planejamento motor). Você pode observar um
exemplo de movimento coativo na figura abaixo:

42
Este processo pode ser realizado para a motricidade
fina ("mão junto à mão" mencionado acima) e também
para a motricidade global (ou corporal). Para a
motricidade corporal, a estratégia coativa visa favorecer
a aprendizagem de mudanças posturais, locomoção,
equilíbrio, propriocepção, coordenação motora ampla
para a interação e exploração de espaços, brinquedos e
brincadeiras. Em ambos aspectos (motricidades fina ou
corporal) o movimento coativo tem a finalidade comum
de favorecer a participação nas brincadeiras com a
turma. O objetivo desta estratégia é a autonomia do
aluno.
Embora a estratégia coativa tenha seus benefícios à
autonomia do aluno, é necessário considerar alguns
critérios para a sua utilização. Por exemplo, o
posicionamento da mão do mediador embaixo da mão
do educando cego, diferentemente de alunos com
outros tipos de deficiência, pois é com as mãos que o
aluno cego "enxerga" o mundo.
Em algumas situações em que pode ocorrer um tipo
de resistência física durante o movimento coativo,
involuntária e de origem neurológica, chamada
tecnicamente de hipertonia (tônus aumentado dos
músculos) com educandos com deficiência
neuromotora. Na prática, trata-se de uma dificuldade
percebida pelo mediador ao movimentar uma parte do
corpo do aluno junto com ele para a execução de uma
tarefa escolar.

43
É preciso respeitar alguns cuidados de manejo nos
movimentos coativos (de forma lenta e ritmada e em
alguns casos parar até que a resistência neurológica
diminua), como orientado no tópico de troca de fralda.
É importante salientar que alguns alunos, por
viverem de forma muito restrita na exploração do
ambiente, podem apresentar dificuldade em explorar
algumas sensações, sejam elas sensações táteis ou
sensações de movimento. Como por exemplo, alguns
alunos que possuem aversão a algumas texturas,
podem apresentar resistência em tocar diferentes
superfícies e materiais e apresentar sialorréia (salivação
abundante) quando forçados. Outros, podem apresentar
insegurança gravitacional e demonstrar desespero ao
serem colocados em brinquedos que tirem os pés do
chão. Aprofundaremos nesse aspecto mais adiante.
Enfatizamos aqui, a importância do envolvimento
voluntário por parte do aluno na brincadeira,
favorecendo e respeitando o seu prazer intrínseco.

Balanços Acessíveis

Dependendo das dificuldades


motoras da criança, peso e
estatura, este balanço infantil, com
encosto e cinto, já corresponde às
necessidades da criança, sem
necessidade de um equipamento
adaptado.

44
Quando houver maior necessidade de
suporte corporal ao aluno, o Acervo
de Tecnologia Assistiva da SE dispõe
do modelo da imagem ao lado, que
suporta crianças com peso corporal
até 50 kg, e possui apoio de cabeça e
cintos (pélvico e torácico), com
assento em formato de concha.

Em algumas unidades escolares


existem balanços com rampa e a
possibilidade do aluno subir no
balanço com sua própria cadeira
de rodas.

Há a possibilidade de adaptar
outros brinquedos do parque
além do balanço, como ao lado, a
adaptação de uma gangorra, uma
cadeira em concha com cintos.

Triciclo Infantil

Triciclo que possui cinto pélvico e


encosto, cercado de proteção, apoio
de pés removíveis e haste para
condução pelo adulto.

45
De olho nos aspectos sensoriais

Você sabia que nós temos mais do que 5 sentidos? Os


mais conhecidos são visão, audição, tato, olfato e paladar.
Mas se você fechar os olhos, você sabe em que posição
está seu corpo? Se você está sentado ou em pé? Ou se
sua mão está fechada ou aberta sem olhar para ela? E
como você sabe disso? Você sabe disso devido ao sentido
de propriocepção.
Outro sentido curioso é o da sensação de movimento
da cabeça. Quando você está dentro de um carro em
movimento, mesmo com os olhos fechados você sabe a
direção que o carro anda, e até mesmo se ele está parado
ou em movimento. (Serrano, 2016) Há quem tenha esse
sistema sensorial, chamado de Sistema Vestibular, muito
sensível. Essas pessoas podem se sentir enjoadas e passar
maus bocados quando andam de carro por muito tempo,
ou quando se aventura em brinquedos de parque de
diversões que giram. E é aí onde queremos chegar! Os
alunos com deficiências múltiplas e com mobilidade
reduzida podem ser muito sensíveis a balanços,
inicialmente, pois ainda não estão acostumados com tanta
movimentação.
Coelho et al. (2007) aponta que o enjoo causado pelo
movimento se manifesta através de uma sensação
desagradável de desmaio, náusea, vertigem, suores frios,
ou até mesmo sono.

46
Mas calma, essas sensações podem ser diminuídas ou
até evitadas se a exposição ao movimento aumentar de
forma gradual e ritmada, em intervalos curtos de tempo;
e ainda se for permitido aos participantes algum grau de
controle sobre as suas ações no ambiente. Nesse sentido,
formulamos algumas estratégias para que essa
experiência seja prazerosa, ao invés de uma sessão de
tontura.
Atenção
● Inicie com balanços leves e rítmicos, por períodos
pequenos de tempo. Pare e pergunte ao aluno se ele
deseja balançar mais.
● Se o aluno não fala verbalmente, busque outras
formas de comunicação, pois seu desejo deve ser
respeitado.
● É prudente que você balance o aluno de frente para o
mesmo, para estar atento às suas expressões faciais e
motoras.
● Uma dica legal é que você pode dar o impulso do
balanço empurrando a sola dos pés do aluno,
oferecendo a ele uma sensação que o ensina que toda
vez que ele bate os pés numa superfície, ele balança.
Um ótimo aprendizado de causa e efeito durante a
brincadeira.
● O balanço numa altura que seja possível o aluno
encostar os pés inteiros no chão, favorecendo a
sensação de segurança.

47
BRINCADEIRAS ACESSÍVEIS
De acordo com a BNCC para a educação infantil, no
campo de experiência “Corpo, gesto e movimento”:
"Com o corpo (...) as crianças, desde cedo, exploram o
mundo, o espaço e os objetos do seu entorno,
estabelecem relações, expressam-se, brincam e
produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro,
sobre o universo social e cultural (...). Assim, a
instituição escolar precisa promover oportunidades
ricas para que as crianças possam, sempre animadas
pelo espírito lúdico e na interação com seus pares,
explorar e vivenciar um amplo repertório de
movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o
corpo, para descobrir variados modos de ocupação e
uso do espaço com o corpo (tais como sentar com
apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar
apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar,
escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas,
alongar-se, etc." (BRASIL, 2017)

Sendo assim, o circuito psicomotor é uma das


possibilidades de brincadeiras/atividade elaborada pelos
professores. Neste tipo de atividade, podem ser
organizados brinquedos e objetos de forma a
percorreruma sequência de ações para atingir uma meta.
Esta atividade pode ser desenvolvida a partir de outro
conteúdo: números, histórias, artes, etc. Dentre os objetivos
estão o desenvolvimento da motricidade corporal e fina, o
equilíbrio, a coordenação, a propriocepção (percepção do
próprio corpo no espaço durante a brincadeira), a
locomoção, a cooperação e a interação entre colegas;
elaborar estratégias para transpor objetos e resolver

48
problemas para atingir a meta.
Para o educando com deficiência, esta brincadeira pode
ser um dos momentos em que se sinta mais potente para
participar e interagir, por estar em espaço e atividade
acessível; a turma se encontra em condições mais
aproximadas de ação em relação às possibilidades dele.
Esta atividade pode ser planejada tanto na educação
infantil como no ensino fundamental, considerando a
participação dos educandos com deficiência e cada nível
de ensino. A escola é protagonista neste processo e pode
solicitar parceria à EOT para pensar estratégias que
favoreçam o brincar inclusivo.

SAIBA MAIS

Quer saber mais?


Leia a matéria com uma proposta de brincadeira
direcionada a alunos do ensino fundamental, intitulada
"Circuito motor estimula autoestima de estudantes", do
site Diversa,
Acesse
https://diversa.org.br/relatos-de-experiencia/circui
to-motor-estimula-autoestima-estudantes/
ou utilize o leitor de QR Code do seu smartphone

Existem muitas outras possibilidades de brincadeiras


e jogos no universo escolar (como discutido na aula 3) e
devem ser acessíveis a todos, para as diferentes faixas
etárias, dentre elas as brincadeiras de tradição cultural.

49
Além de estimular a memória, os afetos e demais
aspectos, também se propõe a acessibilidade para a
participação de todos, considerando as potencialidades de
cada aluno para a sua independência e inclusão.
Retomando o primeiro parágrafo deste item, por vezes
pode surgir o receio, por parte dos educadores, do aluno
com deficiência explorar o parque. Mas, é preciso
considerar o direito de todas as crianças terem acesso a
este espaço na sua totalidade, como aos demais
ambientes da escola. Todos os alunos, inclusive aqueles
com deficiência, devem experimentar os equipamentos do
parque com sua turma, considerando os devidos cuidados
e suas escolhas. Neste sentido da participação com
segurança e gradativa autonomia, uma das possibilidades
é propor atividades e brincadeiras que naturalmente
incentivem as reações corporais de proteção, com a
parceria entre a EOT e equipe escolar.

AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA


Mediações Possíveis

A aula de educação física, desenvolvida pelo educador


desta especialidade, necessita do olhar inclusivo para o
aluno com deficiência. A parceria entre professores (de sala
e de AEE), auxiliar em educação, EOT, coordenador
pedagógico, orientador pedagógico, entre outros, é sempre
de grande importância para a inclusão, considerando os
mais variados aspectos (cognitivo, neuromotor, sensorial,
comunicativo, social e afetivo, etc).

50
Quando se trata do aspecto neuromotor do aluno com
deficiência, algumas ações podem ser consideradas para
possibilitar sua participação nesta aula:

❏ Utilizar materiais adaptados;


❏ Desenvolver atividades de forma que a turma fique em
condições de execução similares às do aluno (movimentos
e posicionamentos posturais);
❏ Elaborar estratégias que incentivem o planejamento
motor e facilitem a organização corporal (estática e
dinâmica) do aluno durante a aula.

Estas possibilidades podem ser elaboradas pela


equipe escolar em conjunto com os fisioterapeutas da EOT.
Deve-se considerar tanto as características e
potencialidades motoras e de locomoção bem como o
desejo e interesse manifesto pelo aluno, o que é
fundamental para a autonomia do mesmo e para sua
interação com os colegas.

MANEJOS POSTURAIS
Para favorecer a participação, autonomia viável e movimento do
aluno no contexto da sua turma durante a educação física

A fisioterapeuta Lígia Braccialli et al (2004) verificou em


um programa de jogos e brincadeiras adaptados para
estimular a habilidade motora de alunos com deficiência
física que " os movimentos de transferência postural

51
ofereceram segurança para que os alunos explorassem
com independência o ambiente”. Os variados
posicionamentos: sentar, rolar, ajoelhar, posição de gato,
ficar de pé (etc) com orientações direcionadas, possibilitou
a participação e gradativa autonomia nas atividades
escolares motoras acessíveis.
É preciso também observar os tempos de execução e
descanso das atividades/jogos/brincadeiras para a
prevenção de fadiga ao aluno com deficiência, no mesmo
contexto de tempo e espaço de sua turma.

MATERIAIS E JOGOS ACESSÍVEIS A TODOS


As atividades e jogos acessíveis, além de promover a
aprendizagem cognitiva e motora, o conhecimento e o
respeito às diferenças, também dão a oportunidade para o
aluno com deficiência se expressar por meio do
movimento, interagir e quem sabe até ensinar suas
estratégias de ação e autonomia para seus colegas e
educadores.
Nas escolas são utilizados alguns materiais e/ou
estratégias adaptadas para jogos acessíveis nas aulas de
educação física. Como exemplo, há bolas com guizos ou
embaladas em papel celofane e bambolês preenchidos
com grãos de arroz (deficiência visual), cestas de basquete
e redes de vôlei posicionadas em alturas mais baixas
acessíveis à todos os alunos (deficiência física), uso de
cordas ou barbantes fixados com fitas adesivas no chão
para orientação espacial das linhas da quadra (deficiência
visual, intelectual e física), dentre outros.

52
A criatividade dos educadores e alunos é fundamental
para a utilização significativa e funcional destes recursos,
por meio de jogos, atividades e brincadeiras na aula de
educação física.
Existem também diversos esportes adaptados que
podem ser apresentados pelo professor de educação física
para toda a turma. E ainda pode ser uma oportunidade para
o educando com deficiência se descobrir com um possível
potencial paradesportivo para o futuro. O benefício é para
todos!
SAIBA MAIS
Modalidades paraolímpicas
Você conhece algum jogo acessível ou modalidade
esportiva paraolímpica?
Veja no vídeo abaixo algumas modalidades paraolímpicas
adaptadas em contexto escolar, disponível também no
site Diversa.

https://diversa.org.br/relatos-de-experiencia/par
alimpiadas-na-escola-valoriza-habilidades-de-tod
os-os-estudantes/
ou utilize o leitor de QR Code do seu smartphone

Conheça as modalidades esportivas paraolímpicas,


acesse:
https://www.cpb.org.br
ou utilize o leitor de QR Code do seu smartphone

53
Os materiais acessíveis estão na escola. E agora, como o
aluno aprende a usá-los?

Muitos estudos desenvolvidos sobre o desenvolvimento


da escolarização e aprendizagem consideram:

"(...) o aspecto psicomotor como influente na


concretização da alfabetização, uma vez que este
abrange as atividades motoras que possibilitam o
conhecimento, o domínio e a execução habilidosa
dos movimentos corporais. E, estes movimentos são
essenciais para o desenvolvimento da escrita, da
construção do ritmo e da fluência na leitura."
(WEINERT, in Diversidade, Inclusão e Saúde, 2015)

Para esta finalidade de alfabetização e acesso ao


conhecimento, Silva (2019) enfatiza que "é importante
estimular desde o esquema corporal, coordenação motora
ampla, coordenação motora fina, equilíbrio, lateralidade e
organização espaço temporal."
Então, para que o aluno possa interagir e se
desenvolver em contexto escolar, algumas estratégias
podem ser utilizadas para facilitar a aprendizagem. Quando
há necessidade de auxílio para que o educando possa
aprender a se comunicar e a manusear os materiais
acessíveis e também aprender a organização postural
corporal (estática - manutenção de postura; dinâmica -
movimentos ajustados à tarefa) na participação de
atividades escolares, uma das possibilidades é utilizar-se
dos movimentos coativos.

54
De acordo com um estudo desenvolvido por
Cader-Nascimento (2003, p.86) sobre a mediação para a
comunicação de alunos surdocegos:
"(...)a estratégia co-ativa ocorre mediante uma
estimulação sensorial que inclui, entre outras ações,
toques freqüentes, tentativas de manter contato
visual (mesmo que a criança seja cega, é importante
desenvolver a postura do olhar), estimulação da
participação em brincadeiras infantis, mobilidade
conjunta com o adulto, união de atividades motoras
entre o surdocego e o mediador, uso constante de
formas diversificadas de comunicação (fala, gesto,
contração ou relaxamento muscular, postura
corporal, sinal, objetos, entonação verbal, expressão
facial)."

Este entendimento refere-se ao princípio de que as


atividades e/ou ações propostas precisam ser realizadas
junto com o aluno, sendo o mediador posicionado ao lado
do educando no início desta aprendizagem, de forma a
auxiliá-lo na percepção sensorial e no planejamento motor.
Gradativamente, conforme o aluno desenvolve sua
autonomia para participar das atividades escolares, o
distanciamento entre mediador e aluno pode dar
oportunidade a este de outras formas de interação,
comunicação e participação. (VAN DIJK, 1968 apud
CADER-NASCIMENTO, 2003, p.86,87).
Assista o vídeo disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=JO4NWh8AZQw, ou
utilize o leitor de QR Code do seu smartphone, para
entender melhor. Ele está em outra língua, então
sugerimos que configure a legenda em português.

55
O objetivo desta estratégia é promover a gradativa
independência ao educando com deficiência na sua
comunicação, organização postural (estática e dinâmica) e
de manuseio de materiais e recursos adaptados na escola
para favorecer sua aprendizagem, participação e interação
com sua turma assim como com o ambiente em que ele se
situa. A escola, a família e a E.O.T. conversam e trabalham
em parceria na rede municipal de educação de São
Bernardo do Campo para desenvolver estes objetivos e
estratégias com o aluno na sua rotina educacional.

56
Consolidações

Nessa aula, você aprendeu um pouco mais sobre


acessibilidade nos diversos espaços e rotina da escola.
Vimos que a tecnologia assistiva torna possível muitas
ações, aprendizagens, relações. Apresentamos algumas
possibilidades já estabelecidas ao longo do tempo, mas
este universo está constantemente sendo aprimorado
diante das necessidades. Vimos ainda que há tecnologias
comerciais (prontas para o uso por meio da compra) e
outras que são artesanais (feitas manualmente com
recursos diversificados e indicadas no caso a caso).
Porém, fundamental é a intervenção do educador no uso
da tecnologia com o aluno, pois sem esta
intervenção/ação, a tecnologia não é nada! Assim como
vimos em outra aula que o mediador insere a criança na
cultura, o mesmo deve ocorrer com as tecnologias
assistivas.
Tratamos de muitas dicas, alertas e orientações nas
diferentes atividades escolares, porém cabe reforçar que
é fundamental uma avaliação mais detalhada de cada
situação pelo técnico da EOT para que as orientações
sejam apropriadas.

57
Validando as Aprendizagens

A atividade de validação das aprendizagens desta


aula é um questionário e está disponível no ícone
TAREFAS deste curso na plataforma AVAMEC. Antes de
começar, certifique-se de ter visto cuidadosamente todo
o conteúdo desta aula.

ATENÇÃO:
Lembramos que ao acessar o QUESTIONÁRIO, o cronômetro da
plataforma é acionado e você terá 60 minutos para completar seu
envio. Caso saia do questionário, ou hajam interrupções no sinal de
internet e energia elétrica, o cronômetro continua contando o
tempo, não sendo possível responder depois, portanto
certifique-se de iniciar apenas quando for realizá-lo até o fim.

58
Referências Bibliográficas

ALEXANDRE, N. M. C; ROGANTE, M. M. Movimentação e


transferência de pacientes: aspectos posturais e ergonômicos.
Rev.Esc.Enf.USP, v. 34, n. 2, p. 165-73, jun. 2000.

BELINTANE, C. Oralidade e alfabetização: uma nova abordagem


da alfabetização e do letramento. São Paulo: Cortez Editora, 2013.
p.151.

BERSCH, R. C. R. Design de um serviço de tecnologia assistiva em


escolas públicas. Tese apresentada ao Programa de PósGraduação
em Design da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto
Alegre, 2009.

BERSCH, Rita. Introdução à tecnologia assistiva. Assistiva.


Tecnologia e Educação. Porto Alegre • RS. 2017 .Disponível em:
<https://www.assistiva.com.br/Introducao_Tecnologia_Assistiva.pd
f>. Acesso em 12 mai 2020.

BOBATH, K. Uma base neurofisiológica para o tratamento da


paralisia cerebral. 2 ed. São Paulo: Manole.

BRACCIALLI, Lígia Maria Presumido et al. Contribuição de um


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em:<http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisS
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BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.


Disponível
em:<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#infantil/os-ca
mpos-de-experiencias>. Acesso em 16 junho 2020.

59
BRASIL (2012). Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos, Secretaria
Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

BRUNO, M. M. G. O desenvolvimento integral do portador de


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As imagens desta publicação foram gentilmente cedidas pela


profissionais da Equipe de Orientação Técnica:
Ana Maria Canet, Andrea Mariz de Medeiros Girardi, Flávia Alves
Lente, Márcia Azevedo de Sousa Matumoto, Carla Silvestre e
Serviço de Apoio à Pessoa com Deficiência Visual (SAPDV)

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NEAD- NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
htpc.online@saobernardo.sp.gov.br

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