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O foco no cliente parece ser a mais antiga lição de marketing. Há quem afirme
que o adágio Consumer is King tenha sido proferido em 1912, há quase um século,
por um dos precursores da pesquisa de mercado, Charles Coolidge Parlin.
No entanto, durante mais de 60 anos, o foco no consumidor ficou apenas na
retórica. Em 1977, John Campbell (1), um reconhecido professor de marketing,
denunciava que até aquela data ninguém havia se preocupado em assegurar, com
base científica, a verdade da tão decantada relação entre a orientação para o cliente
e o desempenho da empresa no mercado.
Em 1994, outro pesquisador de renome no marketing internacional, George Day
(2), explicava as dificuldades encontradas pelas empresas na implantação do foco no
cliente. O grande responsável seria o excesso de palavras de ordem e expressões
dogmáticas, em detrimento de metodologias e instrumentos que materializassem esta
relação no cotidiano das organizações.
A lição do passado parece surpreendente. A fundamentação científica do
marketing ainda repousa em poucos e heróicos esforços, enquanto sua popularidade
nos dias atuais depende ainda da retórica e das frases de efeito. O que, pelo menos à
primeira vista, condenaria a orientação para o cliente à condição de mais um modismo
passageiro.
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Um processo complexo
1
Por onde começar ?
2
Como fazer ?
1. Enfoque estratégico
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A primeira pergunta, como se sabe, foi formulada há quase quarenta anos por
Theodore Levitt (7). As demais referem-se respectivamente a três momentos do
processo de elaboração da estratégia: a segmentação de mercado e seleção de
segmentos - alvos, a estratégia de posicionamento e a definição da vantagem
diferencial .
2. Disseminação
Russell Ackoff dizia que, numa empresa, um plano deve ter o mesmo papel que
o Santo Graal teve nas Cruzadas : não precisa ser praticável, mas tem que ser
desejável. Esta linha de raciocínio, mesmo que aparentemente polêmica, vem
ganhando adeptos na alta administração de corporações internacionais. Em artigo
recentemente publicado, o diretor executivo de planejamento da 3M reportou o
seguinte (8) :
“Em uma pesquisa realizada na 3M, os funcionários solicitaram à administração
que lhes fosse permitido sentirem-se excitados com o futuro da empresa e que os
dirigentes demonstrassem sua confiança e entusiasmo no futuro da 3M.”
E, mais adiante, completou :
“O sucesso final de nossos planos depende de quão efetivamente nós
inspiramos as pessoas que fazem estes planos acontecerem .”
A disseminação dos principais componentes do plano estratégico da empresa
trata exatamente desta questão : o comprometimento de todo o corpo funcional com o
plano estratégico da empresa. Este envolvimento é parte fundamental do processo de
orientação da empresa para o mercado porque (i) contribui para o conhecimento do
consumidor atual e potencial e (ii) identifica com clareza os vínculos existentes e
pretendidos entre a empresa e estes consumidores .
Com base neste conhecimento, os funcionários, gerentes e dirigentes da
empresa estão aptos a refletirem sobre o modus operandi da organização, avaliando
os processos através dos quais os clientes e os objetivos estratégicos da empresa são
atendidos.
Para tanto, a experiência recorrente sugere a realização de seminários de
sensibilização, nos moldes utilizados para os dirigentes e gerentes. Materiais didáticos
deverão ser preparados especialmente para tal fim, dissecando expressões e conceitos
mais complexos. Alguma elaboração teórica sobre a função do planejamento
estratégico na empresa é sempre oportuna como pano de fundo. O mesmo se pode
dizer de uma análise ambiental, mesmo que sucinta, mas que permita aos participantes
uma clara visão das oportunidades e ameaças contempladas no plano estratégico da
empresa. No entanto, o mais importante é se garantir o livre trânsito de idéias,
incentivando-se a participação de todos de tal forma que todos percebam que o futuro
pretendido para a empresa depende, em algum grau, de sua participação e
comprometimento .
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3. Instrumentação
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A título de conclusão
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Referências
1. John P. Campbell - On the nature of organizational effectivenes 1977, citado por George Day in The
capabilities of market-drive organizations, artigo publicado em Journal of Marketing, Oct 199 pp. 37-52 .
R. Deshpandé, John U. Farley e F.E. Webster - Corporate culture customer orientation and
innovativeness in Japanese firms : a quadrad analysis, artigo publicado em Journal of Marketing, Jan 1993 , pp.
23-37.
Bernard J. Jaworski e Ajay K. Kohli - Market orientation: antecedents and consequences, artigo
publicado em Journal of Marketing, Jul 1993, pp. 53-70.
John C. Narver e Stanley F. Slater - The effect of market orientation on business profitability, artigo
publicado em Journal of Marketing Oct 1990, pp. 20-35.
4. Robert F. Hurley e G.T.M. Hult - Innovation, market orientation na organizational learning; and
integration and empirical examination em Journal of Marketing, Jul 1998, pp. 42-54.
5.Destacamos como referência a edição especial de Management Review, March 1997, sobre esta
temática, e ainda as obras de Frederick R. Reichheld - The loyalty effect, Harvard Business School Press, 1996 e
de R.E. Wayland e P.M. Cole - Customer Connections, também da Harvard Business School Press, 1997.
Gary Hamel e C.K. Prahalad - Strategic Intent, artigo publicado em Harvard Business Review, vol. 67 # 3,
pp. 63-76 Graham J. Hooley e john Saunders - Posicionamento Competitivo, Makron Books, 1996, pp. 39 a 42.
7. Theodore Levitt - Marketing Myopia, artigo publico em Harvar Business Review, vol. 38 3 4 , pp. 45-56.
8. Gordon Shaw, Robert Brown e Philip Bromiley - Strategic Stories: how 3M is rewriting business
planning, artigo publicado em Harvard Business Review, vol. 76 # 3 , pp. 41-50 .
9. John P. Kotter e James L. Heskett - Corporate Culture and Performance, Free Press, 1992, cap. 8.
10.Michael Beer, Russell Eisenstat e Bert Spector - The critical path, Harvard Business School Press,
1990.
11.Constantinos Markides - Strategic Innovation, artigo publicado em Sloan Management Review, Spring
1997, pp. 9-23.
12. Gary Hamel - Strategy as Revolution, artigo publicado em Harvard Business Review, vol. 74 # 4, pp.
69-82 .
13. Prahalad , C. K. e Ramaswamy , V. - Co-opting customer competence , Harvard Business Review , vol.
78 # 1 , pp. 79-87.