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Avaliação laboratorial da função hepática

Prof.ª Dra. Laysa Freire Franco e Silva

Patos - PB
Novembro de 2023
Avaliação laboratorial da função hepática

 O Fígado está envolvido em uma incrível variedade de


processos biológicos essenciais à vida
• Participação nos metabolismos de carboidratos, lipídios,
proteínas, hormônios e vitaminas
• Desintoxicação e excreção de catabólitos e de outras substâncias
tóxicas
• Digestão (especialmente de gordura)

• Produção de fatores de coagulação


Avaliação laboratorial da função hepática

 O Fígado altamente vascularizado


• Estrategicamente situado para receber

 Sangue arterial (através da artéria hepática)


 Sangue venoso (oriundo da veia porta)
 70 a 75% do fluxo sanguíneo ao fígado
Avaliação laboratorial da função hepática

 Os testes bioquímicos podem sugerir três categorias básicas


de doença hepática
• Lesão hepatocelular

• Colestase

• Redução da função hepática

A caracterização do tipo específico de doença hepática, em


geral, requer testes adicionais: radiografias, ultrassonografia,
aspirado de fígado com agulha fina, biopsia hepática.

Dar atenção cuidadosa ao histórico e sinais clínicos do paciente


Avaliação laboratorial da função hepática

 Doença hepática
• Inclui qualquer distúrbio que cause lesão de hepatócitos e/ou
colestase
 Hipoxia, doenças metabólicas, intoxicação, inflamação,
neoplasia, traumatismo mecânico e obstrução biliar
• Doenças primárias em outros tecidos

 Doença intestinal inflamatória e pancreatite


Avaliação laboratorial da função hepática

 Insuficiência hepática
• Decorrente de doença hepática

• Característica

 Insuficiência em depurar o sangue das substâncias


normalmente excretadas pelo fígado
 Falha na síntese das substâncias normalmente produzidas pelo
fígado

Deve ocorrer perda de 70 a 80% da massa hepática


funcional antes que se instale a insuficiência hepática
Avaliação laboratorial da função hepática

 Testes para diagnóstico


• Mensuração da atividade sérica de enzimas que detectam lesão
de hepatócitos
 AST, ALT, SDH, GLDH, GGT
• Mensuração da atividade sérica de enzimas que detectam
colestase
 Fosfatase Alcalina (FA/FAL/ALP), GGT
• Testes que avaliam a função hepática

 Bilirrubina, proteínas, substâncias diversas


Avaliação laboratorial da função hepática

 Conceitos e informações básicas para a interpretação correta


dos resultados
• Diferença entre enzimas de “extravasamento” e enzimas “de
indução”
• Tempo de atividade da enzima após sua entrada no sangue
(meia-vida biológica da enzima no sangue)
• Manuseio e armazenamento apropriados da amostra de soro
destinada aos testes enzimáticos
• Especificidade tecidual das enzimas

 Permite o direcionamento do local da lesão


Avaliação laboratorial da função hepática

 Enzimas de extravasamento
• Enzimas liberadas quando a lesão altera as membranas celulares

 Enzimas passam para o espaço extracelular e, em seguida, para


o sangue
 Enzimas de indução
• Aumento da produção e liberação de uma enzima por células
que normalmente a sintetizam em menor quantidade
Avaliação laboratorial da função hepática

Detectadas nas primeiras horas após a lesão

Detectadas em dias após a lesão


Avaliação laboratorial da função hepática

 A magnitude da atividade sérica da enzima não


necessariamente está relacionada com a gravidade da lesão
tecidual
Avaliação laboratorial da função hepática

 Taxa de desaparecimento da atividade enzimática


• Corresponde ao tempo necessário para que metade da atividade
da enzima desapareça do soro
 Útil para avaliar o quão recentemente ocorreu o
extravasamento ou o aumento de produção da enzima, bem
como para verificar se a doença é ativa
Avaliação laboratorial da função hepática

 A partir da determinação das atividades séricas de enzimas de


extravasamento hepatocelular
• Alanina aminotransferase (ALT)

• Aspartato aminotransferase (AST)

• Sorbitol desidrogenase (SDH)

• Glutamato desidrogenase (GLDH)


Avaliação laboratorial da função hepática

 Alanina aminotransferase (ALT)


• Também chamada de transaminase glutâmico-pirúvica (TGP)

• Não é totalmente hepatoespecífica

 Porém, é muito mais do que a AST em cães e gatos


 Doença ou lesão muscular grave (↑ALT )
 É importante mensurar a atividade sérica de uma enzima
mais específica (p. ex., creatinoquinase - CK)
Avaliação laboratorial da função hepática

 Alanina aminotransferase (ALT)


• Recuperação de lesão hepática - ALT (monitoramento)

• Meia-vida sérica

 17 a 60 h em cães e 3,5 h em gatos


• A concentração de ALT nos hepatócitos de equinos e ruminantes
é baixa, então, não é um teste de rotina para as espécies
Avaliação laboratorial da função hepática

 Aspartato aminotransferase (AST)


• Também chamada de transaminase glutâmico-oxalacética
(TGO)
 Não é uma enzima hepatoespecífica
 A magnitude do aumento pode ser menor do que aquela
induzida pela ALT
• Mais sensível para a detecção de alguns tipos de lesão de
hepatócitos
 Lipidose hepática em gatos
Avaliação laboratorial da função hepática

 Aspartato aminotransferase (AST)


• Faz parte dos exames de rotina de equinos e ruminantes

 Mais hepatoespecífica: sorbitol desidrogenase


• Meia-vida da AST é menor do que a de ALT

 4 a 12 h em cães; 77 min em gatos; 7 a 8 dias em equinos


Avaliação laboratorial da função hepática

 Mensuração da atividade sérica de enzimas, cujo aumento de


produção é induzido por colestase
• Fosfatase alcalina (ALP) e γ-glutamiltransferase (GGT)
 Mensuração do teor sérico de substâncias que normalmente
são consideradas como testes da função hepática
• Bilirrubina, ácidos biliares
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 Fosfatase alcalina (ALP)


• Presente em praticamente todos os tecidos do organismo –
membranas celulares
• Usado para investigação de doença hepatobiliar e ósseas

• Também pode ser sintetizada por rins, intestino, pâncreas e a


placenta
 Meia-vida de 2 a 6 minutos
Avaliação laboratorial da função hepática

 Fosfatase alcalina (ALP)


• Presença de duas isoenzimas

 Produzidas a partir do estímulo genético


 Isoenzima intestinal
 Isoforma induzida por ação de corticosteroide – CALP em
cães
 Isoenzima tecidual inespecífica
 Isoformas no fígado (LALP), nos ossos (BALP), nos rins e
na placenta
Avaliação laboratorial da função hepática

 Fosfatase alcalina (ALP)


• Em cães, as doenças colestáticas resultam em aumento marcante
da atividade sérica de ALP (até 10 vezes acima do LSIR)
• Em outras espécies, o aumento é variável

 Gatos – ↑ 2 a 3 vezes o limite superior do valor de referência é


significativo
 Equinos e ruminantes – amplo intervalo – menor sensibilidade
Avaliação laboratorial da função hepática
Avaliação laboratorial da função hepática

 γ-glutamiltransferase (GGT)
• Membrana plasmática de quase todas as células

• Transportando aminoácidos e peptídeos para dentro da célula

• Lesão hepática aguda – liberação de fragmentos de membrana –


aumento imediato da atividade sérica de GGT
• Não se encontra nos músculos
Avaliação laboratorial da função hepática

 γ-glutamiltransferase (GGT)
• Em gatos, a GGT é mais sensível, porém menos específica do
que a FA
Obs.: gatos com lipidose hepática apresentam aumento da atividade
sérica de ALP relativamente maior em comparação com GGT
• Em equinos e bovinos, a GGT é mais sensível do que a FA
(colestase)

Em cães e gatos, a determinação concomitante das atividades


séricas de ALP e GGT é mais confiável no diagnóstico de
doença hepatobiliar do que quando mensuradas isoladamente
Avaliação laboratorial da função hepática

 Mensurações das concentrações séricas de substâncias


• Normalmente removidas do sangue pelo fígado e, em seguida,
metabolizadas ou excretadas pelo sistema biliar
 Bilirrubina, ácidos biliares, amônia, colesterol
• Normalmente sintetizadas pelo fígado

 Albumina, globulinas, ureia, colesterol e fatores de coagulação


Avaliação laboratorial da função hepática

 Bilirrubina
Avaliação laboratorial da função hepática

 Bilirrubina
• Hiperbilirrubinemia pré-hepática

 Aumento da produção de bilirrubina (devido à destruição


acelerada de eritrócitos)
 Doença hemolítica e hemorragia interna
Avaliação laboratorial da função hepática

 Bilirrubina
• Hiperbilirrubinemia hepática

 Menor absorção ou conjugação de bilirrubina pelos hepatócitos


 Deficiência de enzimas, hepatite, tumores hepáticos
Avaliação laboratorial da função hepática

 Bilirrubina
• Hiperbilirrubinemia pós-hepática

 Menor excreção de bilirrubina (colestase)


 Obstrução de ductos biliares, cálculos biliares, tumores
biliares
 A obstrução do fluxo biliar resulta em regurgitação de
bilirrubina conjugada ao sangue
Avaliação laboratorial da função hepática

 Bilirrubina
• Bilirrubina total

 Bilirrubina indireta ou não conjugada


 Bilirrubina direta ou conjugada
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Avaliação laboratorial da função hepática

 Bilirrubina
Avaliação laboratorial da função hepática
Avaliação laboratorial da função hepática

 Ácidos biliares
Avaliação laboratorial da função hepática

 Ácidos biliares
• Aumento da concentração sérica

 Anormalidades da circulação porta


 O sangue é desviado dos hepatócitos, prejudicando a
depuração de primeira passagem dos ácidos biliares oriundos
de circulação porta
 Redução da massa hepática funcional
 Menor excreção de ácidos biliares na bile
Avaliação laboratorial da função hepática

 Outros analitos
• Amônia

• Albumina

• Globulinas

• Glicose

• Ureia

• Colesterol

• Fatores de coagulação
Avaliação laboratorial da função hepática

Prof.ª Dra. Laysa Freire Franco e Silva


E-mail: laysasilva@fiponline.edu.br

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