Você está na página 1de 41

DOENÇAS HEPÁTICAS

Profª Fernanda Osso

FÍGADO

1
Principais Funções do Fígado
SUBSTÂNCIA FUNÇÃO HEPÁTICA
 armazena glicose na forma de glicogênio
(glicogênese)
 disponibiliza glicose dos estoques de glicogênio
Carboidratos (glicogenólise) quando é necessário (p. ex. em
hipoglicemia)
 sintetiza glicose a partir de precursores não
glicídicos (ácido lático, AA, glicerol):
gliconeogenese

 conversão de AA em substratos energéticos


 síntese de AA não essenciais
Proteínas  síntese de fatores de coagulação (fibrinogênio e
protrombina)
 síntese de proteínas séricas (albumina, globulinas,
transferrina, ceruloplasmina e lipoproteínas, etc.)

Principais Funções do Fígado


SUBSTÂNCIA FUNÇÃO HEPÁTICA

Lipídios  faz beta oxidação de ácidos graxos


 sintetiza corpos cetônicos que servirão de substrato
energético no jejum
 sintetiza e hidrolisa triglicerídeos, fosfolipídeos e colesterol

Vitaminas  armazena todas as vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K)


 armazena vitamina B12
 sintetiza as proteínas transportadoras de Vit A.
 converte caroteno em Vit A
 ativa o folato
 ativa a vit D
Minerais  armazena zinco, ferro, cobre e magnésio
 sintetiza as proteínas carreadoras de ferro, zinco e cobre

Amônia • Transforma amônia em uréiaexcretada pelos rins

2
Principais Funções do Fígado
SUBSTÂNCIA FUNÇÃO HEPÁTICA

• São inativados e excretados (aldosterona,


Hormônios glicocorticóides, estrógeno, progesterona e
esteróides testosterona)

• Detoxificação destas substâncias pelo


Álcool e drogas sistema enzimático que possui (Cit P450)

Bactérias e • São removidos do sangue pela ação


detritos no fagocítica das células de Kupffer, presentes
sangue nos sinusóides hepáticos (ação de filtro).

AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA FUNÇÃO HEPÁTICA

 Enzimas hepáticas: elevação dos níveis séricos de aspartato


aminotransferase (AST/TGO), uma enzima mitocondrial e alanina
aminotransferase (ALT/TGP), uma enzima citoplasmática, denota dano
ao hepatócito.

Dica clínica:
Relação TGO/TGP > 1 = sugere doença hepática alcoólica
Relação TGO/TGP < 1 = sugere doença hepática não-alcoólica

Albumina sérica: como é produzida apenas pelo fígado, no caso de


doença hepática pode ser um marcador de função do fígado, denotando
dano hepático frente a uma síntese reduzida.

3
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA FUNÇÃO HEPÁTICA

 Níveis séricos de bilirrubina: quando aumentados, podem indicar


produção excessiva ou captação hepática prejudicada.

 Fosfatase alcalina: níveis aumentados sugerem colestase, mas também


podem aumentar com distúrbios ósseos, gravidez e alguns tipos de
câncer, já que não é uma enzima produzida apenas pelo fígado.
Dica clínica: Elevação desproporcional de ALT e AST em relação à FA geralmente indica
lesão hepatocelular, ao passo que elevação desproporcional de FA em relação às mesmas
indica lesão colestáticas

 Gama GT (GGT): Sua elevação possui boa correlação com colestase e


consumo alcoólico.

Dica clínica: Na esteatose hepática pode ocorrer elevação da GGT, que costuma
normalizar após melhora do quadro. Quando já existe cirrose, ela não normaliza!

FÍGADO

DOENÇAS DO FÍGADO

 Cirrose
 DHGNA / EHNA

4
Cirrose Hepática

Cirrose Hepática

destruição dos hepatócitos

substituição do tecido hepático funcional por fibrose

perda funcional alteração estrutural do fígado

5
Etiologias da Cirrose

 Metabólicas: decorrentes de erros congênitos como, galactosemia,


tirosinemia, doença de Wilson, hemocromatose, deficiência de alfa 1
antitripsina e esteato hepatite não alcoólica (EHNA ou NASH)

 Virais: ocasionada pelos vírus B (associado ou não ao D ou delta) e C da


hepatite

 Alcoólica: ocorre após ingestão média de 80g (homens) e 60g (mulheres) de


alcool/dia por um período de 5 a 10 anos.

 Induzida por fármacos: metrotrexato, isoniazida, oxifenisatina e alfa-


metildopa

 Auto imune: afeta caracteristicamente mulheres jovens ou pós menopausa e


é conseqüente à evolução da hepatite ou colangite auto imune

 Biliares: cirroses biliares primária e secundária

 Criptogenica: de etiologia indeterminada (10 a 15% dos casos)

Álcool

10g – 250 ml 10g – 80 ml 10g – 20 ml

6
Manifestações clínicas

Os pacientes são classificados em compensados ou


descompensados

 Cirrose compensada
 Pobre em sinais e sintomas. Suspeita da doença por alterações ao exame
físico.

 Cirrose descompensada
 Presença de complicações da cirrose – ascite, encefalopatia e HDA, e
sinais característicos como fraqueza, hálito hepático, icterícia e circulação
colateral.

Causas da desnutrição no hepatopata

 Ingestão oral inadequada  é o principal contribuinte para


desnutrição e é acarretada por um conjunto de fatores:
- anorexia
- disgeusia: deficiência de zinco
- Saciedade precoce (ascite)
- dietas muito restritas e não saborosas

 Esteatorréia  é comum de ocorrer na cirrose, especialmente se


houver lesão ou obstrução do ducto biliar.

- drogas utilizadas no tratamento que podem causar má absorção


(lactulose, sequestrantes de sais biliares)

7
Causas da desnutrição no hepatopata

 Paracentese  perda protéica

 Ingestão alcoólica  muito freqüente e é uma


importante causa de desnutrição devido a fatores como:

- substituição do alimento pelo álcool

- o álcool possui efeito negativo sobre a digestão e absorção de


macro e micronutrientes.

- promove aceleração da peristalse e redução da lactase da borda


em escova, causando diarréia e esteatorréia.

Causas da desnutrição no hepatopata

 sangramento digestivo (melena)  pode ocorrer pela


ruptura de varizes esofagianas e gástricas e é
necessário que o paciente fique em dieta zero, de forma
que se isto ocorrer com freqüência pode levar a
desnutrição

 alterações neurológicas: dependendo da gravidade,


podem impossibilitar uma ingestão por via oral segura.

Doença alcoólica = mais desnutrição!

8
Como triar a desnutrição?

 The Free Hospital –Nutritional prioritizing tool


(RFH-NPT score)
 Ferramenta de triagem de desnutrição
desenvolvida e validada especificamente para
hepatopata.

Considerada a melhor opção atual de triagem!

9
E como avalio o Estado nutricional desse
paciente?

10
Avaliação Nutricional do Hepatopata

NÃO há um “padrão ouro”

antropometria
+
bioquímica
+
dados clínicos

Avaliação Nutricional do Hepatopata

 História clínica: deve-se considerar o início,


duração e etiologia da doença hepática, bem como
a presença de comorbidades (nefropatia, DM,
cardiopatia)

 exame físico: observar edema, ascite e sinais de


deficiências nutricionais:
 dermatites por carência de zinco ou
de AGE
 pelagra por deficiência de niacina
 queilose ou queilite por deficiência
de complexo B

11
Avaliação Nutricional do Hepatopata

 Avaliação subjetiva global: Embora sofra críticas por


parte de alguns autores, devido à possibilidade de super
ou subestimação da desnutrição, tem sido usada com
sucesso na prática clínica ao comparar sequencialmente
os resultados.

Avaliação Nutricional do Hepatopata

 indicadores bioquímicos:

- - proteínas séricas (albumina; pré-albumina; transferrina; proteína


ligadora do retinol) níveis baixos podem refletir a disfunção
hepática e não necessariamente desnutrição.

- índice creatinina/altura:

Só não pode
em Dç renal Não pode em
renal e hepática

12
Avaliação Nutricional do Hepatopata

 Antropometria
 Nos casos de edema ou ascite, deve-se dar preferência a PCT,
PC biciptal, subescapular e CMB pois sofre menor interferência na
retenção hídrica.

Não se recomenda uso de IMC nestes casos

 deve-se avaliar circunferência abdominal e peso periodicamente para


acompanhar a progressão ou remissão da ascite, mas não para relacioná-los
com estado nutricional.

Avaliação Nutricional do Hepatopata

 impedância bioelétrica (BIA):

 Múltiploserros de interpretação em caso de ascite e


edema=>método ruim nesses casos

 Pode ser usada para Identificação do risco prognóstico


=> ângulo de fase

 Ascite/ edema => acompanhamento da retenção hídrica.

13
Nutrindo o cirrótico

Terapia Nutricional No Cirrótico

3 a 4 hs de jejum para um pcte


Medidas gerais cirrótico Child C pode equivaler a 3
dias em uma pessoa saudável

 introdução de 5 – 6 refeições/dia

 evitar longos períodos de jejum

 alimentos de fácil digestibilidade e alta


densidade calórica

14
Terapia Nutricional No Cirrótico

Energia
 os percentuais devem ser distribuídos normalmente entre os
macronutrientes

 Os pacientes hepatopatas tendem a ser hipermetabólicos e desnutridos

Desnutridos = 30 a 35 kcal/kg/dia.

(ESPEN 2019)

Sem Ascite: Usar peso atual


Com Ascite: Usar peso adequado (teórico) ou seco.

Terapia Nutricional No Cirrótico


CHO
 Podem compor de 50 a 60% do VET

 Preferencialmente carboidratos complexos, mas os simples podem ser


usados desde que a glicemia esteja controlada (a maioria dos cirróticos
apresenta resistência à insulina)

Proteínas

 Não se recomenda mais restrição protéica para profilaxia de encefalopatia.


A maioria dos pacientes tolera bem dieta HIPERproteica.

 Cirrose compensada s/ desnutrição = 1,2g/kg/dia

 Desnutrido e ou sarcopênico = 1,5g/kg/dia


Plauth M et al., ESPEN guideline on clinical nutrition in liver disease, Clinical Nutrition, 2019

15
Terapia Nutricional No Cirrótico

 Vitaminas
a suplementação é necessária em todos com doença terminal

lipossolúveis
 A deficiência de vitaminas lipossolúveis foram encontradas em todos os
tipos de insuf. Hepática, em especial as colestáticas. Sendo assim, para
casos prolongados de colestase fazer esquema de reposição:

vit A ....................................2.500 UI/dia


vit D3.................................. 2.000 UI/dia
vit E ...................................400 UI/dia

 Suplementação de vitamina A + zinco (Zn elementar até 40mg)


pode melhorar ganho de peso por melhorar paladar.

Terapia Nutricional No Cirrótico


 Minerais/eletrólito
 Ferro – pode estar diminuído (hemorragia digestiva) ou aumentado
(hemocromatose)

 cobre e manganês:  nas hepatopatias colestáticas (CBP e CEP), já que


são excretados principalmente na bile.

 Zinco e magnésio:  principalmente pelo alcoolismo e em parte pela


terapia diurética freqüentemente utilizada para redução de ascite e edema

até 40mg de Zn elementar para pacientes com zinco plasmático reduzido.

melhora a evolução clínica da cirrose, da encefalopatia hepática e sinais


neurológicos da desnutrição.

16
Terapia Nutricional No Cirrótico
 Minerais/eletrólito

 Cálcio: pode estar  pela esteatorréia, pode ser necessária


suplementação.

 Sódio: restrição é necessária apenas se houver retenção hídrica

Terapia Nutricional nas


complicações da cirrose

17
FÍGADO – Cirrose Hepática
 Ascite

- eleva o GEB em 10% por ser um


compartimento metabolicamente
ativo

Terapia Nutricional

 a restrição hídrica só deve ser implementada


em casos avançados de ascite

 restrição de sódio a 2g/dia (80 mEq). Não


devem ser feitas restrições exageradas pois
levam a menor ingestão e comprometimento
nutricional

FÍGADO – Cirrose Hepática


 Encefalopatia Hepática
1. Amônia: Como o fígado está doente, a transformação de amônia
em uréia não ocorre, levando a um acúmulo de amônia na corrente
sanguínea que irá causar toxicidade ao SNC.

2. Teoria do neurotransmissor:

AACR AACA

18
FÍGADO – Cirrose Hepática

FÍGADO – Cirrose Hepática


Terapia Nutricional na encefalopatia

 Energia: 25 – 40 kcal/kg/dia

 Carboidratos: 60 – 70% VET

 Lipídios: 25 – 30% VET

 Proteínas
 Restrição desnecessária de proteína pode piorar a perda protéica
 Cirrose hepática e encefalopatia são beneficiados com dietas
NORMO ou HIPER proteicas modificadas (aumento de proteínas
lácteas e proteínas vegetais).

19
Por que não a dieta hipoproteica?

46% dos Child A


eram desnutridos

ascite refratária 95% dos Child C

peritonite bacteriana eram desnutridos

Hemorragia digestiva
84% dos Child B
eram desnutridos

Carvalho L, Parise ER. Evaluation of nutritional status of nonhospitalized patients with liver cirrhosis. Arq
Gastroenterol. 2006;43(4):269-74.

Sarcopenia x hiperamonemia

Glutamina sintase

Exerce papel compensatório


no metabolismo da amônia

20
E os AACR?

 Indicada para pacientes com encefalopatia


grave ou persistente, quando pode-se usar
o cálculo:

0,25g AACR/Kg + completar ptn/Kg

Plauth M et al., ESPEN guideline on clinical nutrition in liver disease, Clinical


Nutrition, 2019

Alimentos contra-indicados e permitidos para


dieta rica em AACR

R$ 60,00

21
 Recomendação Proteica

 Cirrose compensada s/ desnutrição = 1,2g/kg/dia

 Desnutrido e ou sarcopênico = 1,5g/kg/dia

Plauth M et al., ESPEN guideline on clinical nutrition in liver disease, Clinical


Nutrition, 2019

Exemplo de uso de AACR


Paciente cirrótico Child B, desnutrido, encefalopatia III
refratária.

 Peso seco = 50kg


Oferta proteica = 1,5g/kg => 75g PTN total
Recomendação AACR = 0,25g/kg peso => 12g

Oferta proteica = 12g de AACR + 63g PTN completa

22
FÍGADO – Cirrose Hepática
Terapia Nutricional na encefalopatia

 Probióticos
 São Indicados no tratamento da EH.
 podem melhorar alguns sintomas de disfunção GI e
reduzir conteúdo de amônia no sangue portal.

 Fibras: atingir 30g!


 Ajudam na função intestinal, evitando constipação com
consequente aumento da formação e absorção de
amônia intestinal.

DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO


ALCOOLICA – DHGNA

23
DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOOLICA
(DHGNA)

O início de tudo:

Resistência
à insulina

DHGNA
Baixo
consumo
vits A,C,E

HEPATOLOGY, Vol. 67, No. 1, 2018

24
Incidência por gênero

Masuoka HC, et al.. Nonalcoholic fatty liver disease: an emerging threat to obese and diabetic individuals. Ann N Y Acad Sci 2013

Fattahi MR, et al. The prevalence of metabolic syndrome in non-alcoholic fatty liver disease; a population-based study. Middle East J
Dig Dis 2016
Frith J, et al. Nonalcoholic fatty liver disease in older people. Gerontology 2009

DHGNA EHNA ou NASH

2 a 3% de eutróficos
20% obesos e 50% obesos mórbidos

Evolução para cirrose < 4% Evolução para cirrose de aprox


20% em 5 anos!

Manisfestação hepática da sd
metabólica!

25
Patogenia

-anormalidades
ultraestruturais
-peroxidação de suas
membranas plasmáticas
-redução da respiração
celular e capacidade de
gerar ATP,

resistência à insulina troca do substrato preferencial da glicose para


beta-oxidação dos ácidos graxos

Disfunção
mitocondrial
> radical livre => > influxo de ácidos graxos livres
estresse oxidativo com menor B-oxidação

Estímulo fibroblastos Fibrose

EHNA = depleção de glutationa, vitaminas E e C.

26
E como estamos de obesos?

> 18 anos com IMC > 25kg/m2

Homens mulheres
• 49 a 67% • 44 a 58%

VIGITEL 2018/2019, Ministério da Saúde

27
Prática insuficiente de atividade física*

Homens mulheres
• 29 a 38% • 45 a 56%

*atividades físicas no tempo livre + deslocamento para o trabalho/escola +


atividade ocupacional < 150 min/sem de atividades moderadas ou pelo menos
75 min/sem de atividades vigorosas

VIGITEL 2018/2019, Ministério da Saúde

Como é feito o diagnóstico?

28
Aspectos Diagnósticos
 Na anamnese: investigar ingestão calórica, consumo de gordura saturada,
colesterol, gordura monoinsaturada, consumo de fibras e vits antioxidantes
(especialmente E e C). Além disso, é imperativo comprovação de ausência ou
consumo não significativo de álcool

 inferior a 140g de etanol/sem para H e 70g/sem para M, incluindo


investigação com familiares.
(Consenso da SBH)

 Inferior a 290g etanol/sem para H e 196g/sem para M


(Guia AASLD 2018)

 No exame físico: Apesar de ser possível o exame físico não apresentar alterações,
a presença de desconforto em quadrante superior direito e hepatomegalia podem
estar presentes.

 Ultrassom: representa o método mais prático e simples para esse diagnóstico,


especialmente quando a esteatose excede 30%. Para esteatoses menos intensas (5
a 30%) a ressonância magnética é um método mais sensível.

Aspectos Diagnósticos

 Alterações laboratoriais:

 moderada elevação das aminotransferases hepáticas,


sendo a razão AST/ALT usualmente inferior a 1,0.

 pode ocorrer elevação da ferritina em alguns pacientes

 raramente são evidenciadas alterações em albumina e


bilirrubina

29
Como o médico trata?

Tratamento farmacológico
deve geralmente ser
limitado àqueles pacientes
com comprovação por
biópsia de EHNA e fibrose.

CHALASANI ET AL. HEPATOLOGY, 2018 – Guia AASLD

30
Tratamento médico
!! Não há um tratamento conclusivamente eficaz contra a EHNA!!

 Pioglitazonas – melhora parâmetros histológicos hepáticos em


pacientes com ou sem DM.

 Metformina – embora muito usada na prática é desaconselhado o


uso pelo guia AASL,2018

 AUDC = ácido biliar com efeito imunomodulador, efeito


antiapoptótico e efeito de redução da citocinas pró-inflamatórias em
combinação com a vit E – Embora usado na prática clínica, foi
desaconselhado pelo Guia da AASLD (2018) por falta de evidência
de benefício.

 Vastatinas => antiinflamatória e reduz evento CV (principal causa


de morte nesses pactes)

 esteatose simples não está relacionada com mais DCV, doença hepática
ou mortalidade em comparação com a população em geral;

 aumento de fibrose (em pacientes EHNA) está ligada a um aumento


progressivo na mortalidade total em cerca de 70% comparada à indivíduos
sem fibrose, devido à aumento na mortalidade por DCV.

 EHNA estão relacionadas ao aumento da rigidez arterial, um fator de


risco cardiovascular independente, que aumenta ainda mais o risco de DCV.

EHNA => inflamação no fígado => eleva citocinas => lesão renal => risco
CV

31
Como o nutricionista trata?

Tratamento Nutricional
modificação de estilo de vida (MEV)

prática de atividade física + háb. alimentares adequados.

32
C57BL/6

 investigou o efeito da combinação de Exercício (EX) e


restrição calórica (RC) na esteatose hepática e seus
mecanismos subjacentes, em ratos com indução de
obesidade por dieta hiperlipídica.
 Em comparação com EX ou RC sozinho:
 a combinação de EX e CR resultou em maior alívio das
complicações metabólicas associadas a DHGNA.
 Os benefícios do tratamento combinado foram associados a
maiores concentrações de adiponectina e seus receptores
hepáticos

Tratamento Nutricional

 Perfil alimentar dos pacientes com


DHGNA/EHNA
Perfil dos pacientes com DHGNA

AUMENTO REDUÇÃO
Ingestão calórico-proteica Consumo de fibras
Gordura saturada Consumo de vits antioxidantes
principalmente vit E

colesterol Gorduras poliinsaturadas

33
Tratamento Nutricional
Avaliação Nutricional

 parametros bioquímicos

 antropométricos (circunferencia da cintura, IMC,


% gordura)

 dados do consumo alimentar (recordatório de


24h e registro de 3 dias)

 BIA

Tratamento Nutricional
Necessidades de energia e nutrientes

 Energia

- dieta hipocalórica com 25kcal/kg/dia + 6h/semana de


atividade física aeróbia ou 30min/dia

Objetivo: perda de 10% do peso inicial em 6 meses

Perda rápida de peso => aumento do afluxo de AGL


para o fígado => piora a inflamação hepática

34
Tratamento Nutricional
 Carboidratos
- 55 – 60% VET
- substituir grãos refinados por cereais integrais, frutas e
vegetais
- estimular consumo de 3 a 5 porções de frutas e vegetais
ao dia

 Lipídios
- dietas hiperlipidicas levam a resistência insulínica
- redução das gorduras saturadas e aumento das
insaturadas poderá elevar a sensibilidade à insulina
além delas reduzirem a inflamação e esteatose.

Tratamento Nutricional

 Proteínas

Normoproteica, priorizando-se PTN de alto valor biológico

 Antioxidantes

- estudos mostram que o baixo consumo de vit antioxidantes (A, C e


principalmente E) contribui para gênese da DHGNA, portanto deve-
se estimular o consumo de fontes alimentares.

- estimular consumo de fontes de Zinco e selênio por serem potentes


antioxidantes , reduzindo assim a incidência de hepatite.

35
Vitamina E

 inibe a expressão gênica de TGF-B1(controla


proliferação celular!) atenuando a estimulação
de células estreladas, protegendo o fígado da
fibrose.

 Em estudos randomizados, duplo cego, reduziu


a atividade inflamatória e em 30% dos casos
houve regressão de esteato-hepatite.

 Dose: 800 UI/dia (400UI......2x/dia)


Guia AASLD, 2018

Vitamina E
ATENÇÃO

 Dose de 800UI já é eficaz e a recomendada pelo guia AASLD


(2018) mas estudos de uso em longo prazo mostraram aumento de
mortalidade usando ela. Assim, não se deve usar a longo prazo,
apenas até corrigir a esteatose.

 Em grandes doses (> 1200UI) pode causar sintomas no TGI


(diarréia, constipação, nausea) e dor de cabeça que costumam
melhorar após a primeira semana.

estratégia para intolerantes: Usar dose mais baixa (400UI) e associar


com outros antioxidantes (Astaxantina - 4mg [não ultrapassar pelo
risco de hipersecreção de histamina] ou licopeno 10mg)

36
Vitamina D3
 Baixos níveis séricos de 25 (OH) D3 concentrações têm sido relatados
entre adultos e crianças com EHNA
(Arteh J, et al. Prevalence of vitamin d deficiency in chronic liver disease. Dig Dis Sci, 2010)

 não há até o momento ensaios clínicos randomizados, placebo controlados


de longo prazo =>prematuro recomendar a vitamina D3 para o tratamento
específico da DHGNA e EHNA.

 Na prática clínica deve haver preocupação com a dosagem sérica dessa


vitamina para correção em caso de deficiência.

 Dose: 400 a 2000 UI/dia

W-3
 aumenta a sensibilidade à insulina.
 Dose: 1000mg 3x/dia (total 3000mg)

 LIQUID SUPER ÔMEGA-3 SUPER ÔMEGA-3 CÁPSULAS


 150ml | 30 Doses
90 capsulas
 no fishy taste
no fishy taste
720mg EPA/dose
660mg EPA/dose de 2 cáps

37
OMEGAFOR PLUS CÁPSULAS
60 OU 120 capsulas
no fishy taste

660mg EPA/dose de 2 cáps

SAMe
 Benéfica na redução da EHNA por reduzir a
atividade do TNF-a.
 A deficiência de SAMe promove favorecimento
do acúmulo de gordura no fígado.

 Dose: 400 a 1200mg/dia

38
Probióticos:

 Disbiose produz etanol e acetaldeído

 Produção de endotoxinas

 Translocação das bactérias e endotoxinas


=> estímulo cels Kupffer => aumenta IL-6 e
TNF-a => fibrose

 DHGNA está associada a:


 aumento de permeabilidade intestinal por
ruptura das tight junctions

 Aumento de SIBO

39
Published: 4 November 2019

 reduziram as transaminases hepáticas;

 Reduziram TNF-a e IL-6;

 Reduziram resistência à insulina (HOMA – IR);

 Reduziram esteatose comparado à placebo

Probióticos:
Considerações:

 Probióticos usados são muito variados, mas todos os


trabalhos com resultados usaram multicepa. Parece que a
presença de Bifidobacteria Longum é benéfica por reduzir
fibrose além dos marcadores inflamatórios.

 Não há padronização de dose, sendo elas bastante


variadas entre os estudos.

 O tempo de tratamento é variado mas em geral, 12


semanas é o mínimo.

40
Bifidobacteria Longum

Obrigada!

41

Você também pode gostar