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Álcool e drogas Detoxificação destas substâncias pelo

FÍGADO sistema enzimatico que possui

Bactérias e São removidos do sangue pela ação


detritos no fagocítica das células de Kupffer,
Profª Drª Fernanda Osso | fernandaosso@nutmed.com.br sangue presentes nos sinusóides hepáticos
(ação de filtro)

FÍGADO
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA FUNÇÃO
O fígado é a maior glândula do corpo humano, pesando HEPÁTICA
aproximadamente 1500g e tem a capacidade de se No caso de suspeita de doença hepática,podem ser
regenerar. Ele é suprido com sangue vindo da artéria utilizados marcadores bioquímicos como:
hepática (1/3 do total) + o vindo da aorta e veia porta, que
supre os outros 2/3 e leva para o fígado o sangue escoado  Níveis séricos de bilirrubina: quando aumentados,
do TGI. podem indicar produção excessiva ou captação
Apesar de somente 10 a 20% de fígado funcional serem hepática prejudicada
necessários para manutenção da vida, a sua remoção
completa causa óbito em 24h. Isto demonstra claramente o  Fosfatase alcalina: níveis aumentados sugerem
papel metabólico chave desempenhado pelo fígado, cujas colestase, mas também podem aumentar com
principais funções são mostradas na tabela abaixo. distúrbios ósseos, gravidez e alguns tipos de câncer, já
que não é uma enzima produzida apenas pelo fígado.
Principais funções do fígado
SUBSTÂNCIA FUNÇÃO HEPÁTICA  Gama GT (GGT): Sua elevação possui boa correlação
 transforma em glicose os produtos da com colestase e consumo alcoólico.
digestão de carboidratos
 armazena glicose na forma de Dica clínica: Na esteatose hepática pode ocorrer
glicogênio (glicogênese) elevação da GGT, que costuma normalizar após
Carboidratos  disponibiliza glicose dos estoques de melhora do quadro. Quando já existe cirrose, ela não
glicogênio (glicogenólise) quando é normaliza!
necessário (p. ex. em hipoglicemia)
 sintetiza glicose a partir de precursores  Enzimas hepáticas: elevação dos níveis séricos de
não glicídicos (ácido lático, AA, ácido aspartato aminotransferase (AST/TGO), uma enzima
tricarboxílico), processo denominado mitocondrial e alanina aminotransferase (ALT/TGP),
gliconeogênese uma enzima citoplasmática, denota dano ao hepatócito.

 conversão de AA em substratos Dica clínica:


energéticos  Relação TGO/TGP > 1 = sugere doença hépática
 síntese de AA não essenciais alcoólica
Proteínas  síntese de fatores de coagulação  Relação TGO/TGP < 1 = sugere doença hépática
(fibrinogênio e protrombina) não-alcoólica
 síntese de proteínas séricas
(albumina, globulinas, transferrina,
ceruloplasmina e lipoproteínas)  Albumina sérica: como é produzida apenas pelo fígado,
no caso de doença hepática pode ser um marcador de
 faz beta oxidação de ácidos graxos
função do fígado, denotando dano hepático frente a
gerando energia
uma síntese reduzida.
 sintetiza corpos cetônicos que
Lipídios servirão de substrato energético no
jejum HEPATITE ALCOÓLICA
 sintetiza e hidrolisa triglicerídeos, Ao ser metabolizado, o álcool gera acetaldeído + hidrogênio.
fosfolipídeos e colesterol O consumo excessivo de álcool produz excesso de
acetaldeído que causa dano à estrutura e função hepática,
 armazena todas as vitaminas
já o excesso de hidrogênio, causa acúmulo de gordura no
lipossolúveis (A, D, E, K)
fígado (esteatose hepática). O acúmulo de gordura
 armazena vitamina B12 associado ao dano causado pelo acetaldeído causa a
 sintetiza as proteínas hepatite, que pode evoluir para cirrose caso a ingestão
Vitaminas transportadoras de Vit A. alcoólica continue. De forma resumida, a hepatopatia
 converte caroteno em Vit A alcoólica evolui por 3 estágios: esteatose → hepatite
 ativa o folato alcoólica → cirrose, como esquematizado na figura abaixo.
 ativa a vit D
 armazena zinco, ferro, cobre e
magnésio
Minerais  sintetiza as proteínas carreadoras de
ferro, zinco e cobre
Transforma amônia (produto tóxico
Amônia resultante do metabolismo de proteínas)
em uréia, que pode ser excretada pelos
rins
Hormônios São inativados e excretados
esteróides (aldosterona, glicocorticóides, estrógeno,
progesterona e testosterona)
 Virais: ocasionada pelos vírus B (associado ou não ao
D ou delta) e C da hepatite

 Alcoólica: ocorre após ingestão média de > 60 a 80g


etanol/dia (Homens) e > 40 a 60g etanol/dia (Mulheres)
por aprox. 10 anos.

 Induzida por fármacos: metrotrexato, isoniazida,


oxifenisatina e alfa-metildopa

 Auto imune: afeta caracteristicamente mulheres jovens


ou pós menopausa e é conseqüente à evolução da
hepatite ou colangite auto imune

 Biliares: cirroses biliares primária e secundária

 Criptogenica: de etiolgia indeterminada (10 a 15% dos


Estudos mostram que independente da dose ingerida casos)
de etanol, apenas 30 a 35% dos alcoolistas evoluem para
cirrose, mostrando que há outros fatores que tem importante
papel na gênese da doença alcoólica, tais como: Manifestações clínicas

 Herança genética ou polimorfismos genéticos das Os pacientes são classificados em compensados ou


enzimas que metabolizam o álcool descompensados:
 Sexo (mulheres são mais suscetíveis)
 Exposição simultânea a outras drogas  Cirrose hepática compensada
 Infecção por vírus hepatotrópico Pobre em sinais e sintomas. Suspeita da doença por
 Fatores imunológicos alterações ao exame físico. Alguns pacientes podem
 Estado nutricional precário manter-se nesta fase por toda vida, outros, em poucos
meses ou anos, evoluem para falência hepatocelular e
Sintomas da hepatite alcoólica hipertensão portal. A incidência de desnutrição nos
 Hepatomegalia (fígado de tamanho aumentado) pacientes compensados é de 20%
 Elevação modesta das transaminases (AST e ALT)
 Cirrose hepática descompensada
 Albumina normal ou   Anemia/trombocitopenia
Presença de complicações da cirrose – ascite, encefalopatia
 Dor abdominal  Fraqueza e HDA, e sinais característicos como fraqueza, perda
 Anorexia  Náusea ponderal, hálito hepático, icterícia e circulação colateral. A
 Vômito  Diarréia incidência de desnutrição nos pacientes descompensados
 Febre  Perda de peso sobe para 60%

Se o álcool for retirado, a esteatose e hepatite podem se


Causas da desnutrição no hepatopata
resolver. Caso contrário, há evolução para o 3º estágio
(cirrose), como ocorre na maioria dos casos.
Como o fígado é um órgão chave para o
metabolismo de forma geral, um prejuízo importante em sua
função, como se observa na cirrose, acarreta uma série de
conseqüências inclusive nutricionais, sendo a desnutrição
CIRROSE HEPÁTICA extremamente prevalente. Entretanto, quando a terapia
Na cirrose hepática, ocorre destruição dos hepatócitos e
nutricional é fornecida, a desnutrição pode ser revertida e o
substituição do tecido hepático funcional por tecido cicatricial
prognóstico clínico melhorado.
(fibrose), fazendo com que haja além de perda funcional,
alteração estrutural do fígado. É uma doença irreversível e
1. Ingestão oral inadequada  é o principal contribuinte
só é curada com o transplante hepático.
para desnutrição e é acarretada por um conjunto de
fatores:
- anorexia
- disgeusia: estes pacientes podem apresentar
deficiência de zinco, que está associada à
disgeusia
- saciedade precoce: a ascite aumenta a pressão
intra-abdominal, comprimindo o estômago
- dietas muito restritas e não saborosas

2. Esteatorréia  é comum de ocorrer na cirrose,


especialmente se houver lesão ou obstrução do ducto biliar
ou por drogas utilizadas no tratamento que podem causar
má absorção (lactulose, sequestrantes de sais biliares).
Etiologias da cirrose
2. Metabolismo alterado  ocorre alteração no
 Metabólicas: decorrentes de erros congênitos como, metabolismo de macro e micronutrientes, com possível
galactosemia, tirosinemia, doença de Wilson, elevação do GEB.
hemocromatose, deficiência de alfa 1 antitripsina e
esteato-hepatite não alcoólica 3. Paracentese  consiste na retirada do líquido ascítico
por punção abdominal. Este líquido é rico em proteínas
e, portanto, ao retirá-lo ocorre perda protéica.
(pela redução da imunidade e risco de colonização
4. Ingestão alcoólica  Apesar de não estar envolvida em bacteriana no líquido ascítico que é nutritivo para bactéria).
100% dos casos de cirrose, a ingestão alcoólica é muito
freqüente e é uma importante causa de desnutrição Quanto maior for a gravidade da cirrose, pior é a
devido a fatores como: desnutrição, ou seja, pacientes Child B e C são mais
- substituição do alimento pelo álcool desnutridos do que Child A.
- o álcool possui efeito negativo sobre a digestão e
absorção de macro e micronutrientes.
- promove aceleração da peristalse e redução da AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO HEPATOPATA
lactase da borda em escova, causando diarréia e
esteatorréia. Diante de todas as causas de desnutrição presentes no
paciente hepatopata, e considerando que a desnutrição é
5. sangramento digestivo (melena)  pode ocorrer pela uma achado bastante freqüente, torna-se fundamental a
ruptura de varizes esofagianas e gástricas e é realização da avaliação nutricional. Entretanto, ainda não há
necessário que o paciente fique em dieta zero, de forma um “padrão ouro” para avaliação do hepatopata e portanto
que se isto ocorrer com freqüência pode levar a esta deve ser feita utilizando-se métodos antropométricos,
desnutrição bioquímicos e clínicos, conforme descritos abaixo:

6. alterações neurológicas: dependendo da gravidade, 1. História clínica: deve-se considerar o início, duração, e
podem impossibilitar uma ingestão por via oral segura. etiologia da doença hepática, bem como a presença de
comorbidades (nefropatia, DM, cardiopatia)
A desnutrição é mais acentuada na hepatipatia alcoólica,
mostrando participação direta do álcool na desnutrição. 2. exame físico: observar edema, ascite e sinais de
deficiências nutricionais (dermatites por carência de
zinco ou de ácidos graxos essenciais; pelagra por
Método de triagem da desnutrição no hepatopata deficiência de niacina e queilose ou queilite por
deficiência de complexo B)
O Free Hospital –Nutritional prioritizing tool (RFH-NPT
score) foi uma ferramenta de triagem que foi validada 3. Avaliação subjetiva global: Embora sofra críticas por
especificamente para hepatopatas e é considerada a melhor parte de alguns autores, devido à possibilidade de super
ferramenta disponível. ou subestimação da desnutrição, tem sido usada com
sucesso na prática clínica ao comparar
Segue abaixo a ferramenta: sequencialmente os resultados.

4. indicadores bioquímicos:

- proteínas séricas (albumina; pré-albumina;


transferrina; proteína ligadora do retinol) Não
apresentam fidedignidade do estado nutricional, já que
são produzidas pelo fígado, níveis baixos podem refletir
a disfunção hepática e não necessariamente
desnutrição

- índice creatinina/altura
Há uma tendência no entendimento de que pode
ser usado para estimar massa magra uma vez que
é mais afetado por doença renal do que hepática,
além de ser o que menos sofre interferência do
acúmulo de líquidos no terceiro espaço. Contudo,
há críticas a esta conduta, justificada pelo fato de
que a creatina (que dá origem à creatinina) é
sintetizada pelo fígado.

- balanço nitrogenado pode ser usado para avaliar a


adequação da terapia nutricional através do grau de
retenção de nitrogênio.

- contagem total de linfócitos: reduzida em alcoolistas


durante ingestão alcoólica, mas voltam ao normal em
abstinência

5. Antropometria
- é usada utilizando-se os mesmos parâmetros que se utiliza
para qualquer indivíduo.

- Nos casos de edema ou ascite, deve-se dar preferência a


Conseqüências da desnutrição PCT, PC biciptal , subescapular e CMB pois sofre menor
interferência na retenção hídrica.
A desnutrição pode contribuir com o aparecimento do ascite
(pela redução ainda maior das ptns totais), encefalopatia - deve-se avaliar circunferência abdominal e peso
(pela proteólise que o paciente faz) e peritonite bacteriana periodicamente para acompanhar a progressão ou remissão
da ascite, mas não para relacioná-los com estado
nutricional.
controlada (a maioria dos cirróticos apresenta
resistência à insulina).
6.Força muscular (dinamômetro) - pode ser utilizada para
avaliar a eficácia da terapia nutricional. Entretanto em casos Proteínas
de encefalopatia não pode ser usada pois não se sabe se é
devido à redução muscular ou às alterações bioquímicas. Não se recomenda mais restrição protéica para profilaxia de
encefalopatia. A maioria dos pacientes tolera bem dieta
7. impedância bioelétrica HIPERproteica.
 Cirrose compensada s/ desnutrição = 1,2g/kg/dia
Os múltiplos erros de interpretação, em caso de ascite e  Desnutrido e ou sarcopênico = 1,5g/kg/dia
edema, o transformam num método ruim nesses casos, para
avaliação do estado nutricional. Entretanto, pode ser usada Plauth M et al., ESPEN guideline on clinical nutrition in liver
para Identificação do risco prognóstico através do ângulo de disease, Clinical Nutrition, 2019
fase e em em casos de ascite, edema e uso de diuréticos,
para acompanhamento da retenção hídrica.
Lipídios

Como já visto, o paciente hepatopata requer um  máximo de 30% do VET


conjunto de parâmetros para avaliá-lo de forma mais correta,
uma vez que as alterações metabólicas presentes geram
dificuldades na interpretação destes parâmetros.
Vitaminas e minerais
Além dos parâmetros antropométricos, bioquímicos e
clínicos já vistos, é importante classificar a gravidade da  a suplementação é necessária em todos como doença
insuficiência hepática para estimar de forma mais correta as terminal
necessidades do paciente. Para tal, utiliza-se a classificação
de Child – Pugh, demonstrada abaixo: vitaminas lipossolúveis
 A deficiência de vitaminas lipossolúveis foram
encontradas em todos os tipos de insuf. Hepática, em
especial as colestáticas. Sendo assim, para casos
prolongados de colestase -se fazer esquema de
reposição:

vit A .......................................2.500 UI/dia


vit D3.................................. 2.000 UI/dia
vit E ...................................400 UI/dia

 Suplementação de vitamina A + zinco (Zn elementar


5 a 6 pontos = Child A (sobrevida em 1-2 anos de 100 a 85%) até 40mg) pode melhorar ganho de peso por melhorar
7 a 9 pontos = Child B (sobrevida em 1-2 anos de 80 a 60%) paladar.
10 a 15 pontos = Child C (sobrevida em 1-2 anos de 45 a 35%)

Minerais
TERAPIA NUTRICIONAL NO CIRRÓTICO
 ferro – pode estar diminuído (hemorragia digestiva) ou
Medidas gerais aumentado (hemocromatose)
  cobre e manganês nas hepatopatias colestáticas
 introdução de 5 – 6 refeições/dia (CBP e CEP), já que são excretados principalmente na
 evitar longos períodos de jejum (o paciente cirrótico faz bile.
hipoglicemia mais precocemente devido à menor   Zinco e magnésio principalmente pelo alcoolismo e
capacidade de armazenar glicogênio) em parte pela terapia diurética freqüentemente utilizada
 alimentos de fácil digestibilidade e alta densidade para redução de ascite e edema
calórica  Suplementação com Zinco favorece a disponibilidade
da Glicose, melhora a evolução clínica da cirrose, da
encefalopatia hepática e sinais neurológicos da
Energia desnutrição. A recomendação é até 40mg de Zn
elementar para pacientes com zinco plasmático
 os percentuais devem ser distribuídos normalmente reduzido.
entre os macronutrientes  cálcio pode estar  pela esteatorréia, pode ser
necessária suplementação com cálcio efervescente ou
 Os pacientes hepatopatas tendem a ser carbonato de cálcio.
hipermetabólicos e desnutridos  restrição de sódio é necessária apenas se houver
retenção hídrica
 Recomendação ESPEN 2019: 30 a 35 kcal/kg/dia
FITOTERAPIA NA CIRROSE
Sem Ascite: Usar peso atual
Com Ascite: Usar peso adequado (teórico) ou Apesar de populares na doença hepática, o cardo mariano
seco. (antifibrótico) e a S-adenosil-L-metionina (SAMe), que
participa da síntese de glutationa, não se mostraram
benéficos em pacientes com cirrose de etiologia alcoólica.
Carboidratos
 Podem compor de 50 a 60% do VET
 Preferencialmente carboidratos complexos, mas os
simples podem ser usados desde que a glicemia esteja
TERAPIA NUTRICIONAL NA PRESENÇA DE amônia na corrente sanguínea que irá causar toxicidade
COMPLICAÇÕES DA CIRROSE ao SNC.

Ascite Tratamento médico: como a maior fonte de amônia é a


produção pelas bactérias intestinais a partir de proteínas da
- A hipertensão portal + hipoalbuminemia + obstrução dieta ou do sangramento de varizes do TGI, um dos
linfática + maior estímulo do sistema renina, angiotensina, tratamentos médicos é a esterelização da flora com
aldosterona que promove maior retenção de água e sódio, neomicina, um antibiótico não absorvido. Associado a
contribuem para o aparecimento dela. neomicina, utiliza-se o laxante lactulona, que age por dois
mecanismos:
- eleva o GEB em 10% por ser um compartimento - alteração do pH intestinal resultando em menor
metabolicamente ativo absorção de amônia por retenção intestinal dela na forma de
íon amônio.
 Tratamento médico - estimula eliminação de amônia nas fezes pelo
efeito laxante.
- paracentese
- terapia diurética (furosemida + espironolactona) – devem  Teoria do neurotransmissor: O paciente cirrótico
ser monitorados sódio urinário, nitrogênio ureico sérico, apresenta uma redução de aminoácidos de cadeia
creatinina, albumina, ácido úrico e eletrólitos, peso e ramificada (AACR) e elevação dos aminoácidos de
circunferência abdominal. cadeia aromática (AACA), metionina, glutamina,
asparagina e histidina. Isto se dá porque os AACA são
degradados pelo fígado e como o fígado está doente,
esta degradação é menor, resultando em maiores
 Terapia Nutricional concentrações séricas deles. Já os AACR são
- a restrição hídrica só deve ser implementada em casos preferencialmente consumidos pelos músculos,
avançados de ascite. coração, e cérebro, fornecendo 30% da energia quando
- restrição de sódio a 2g/dia (80 mEq). Não devem ser feitas há redução da gliconeogênese e cetogênese,
restrições exageradas pois levam a menor ingestão e exatamente como ocorre na cirrose. Desta, forma as
comprometimento nutricional. concentrações de AACR se reduzem. A relação disso
- no caso de paracenteses freqüentes, deve-se atentar para com a encefalopatia hepática, está no fato de ambos os
ingestão protéica adequada, já que ocorre perda protéica tipos de Aminoácidos competirem pelo mesmo
com a retirada do líquido ascítico. transportador na barreira hematoencefálica, de maneira
que conseguirá atravessar aquele que estiver em maior
Hiponatremia concentração, neste caso os AACA. Ao atravessarem a
barreira hematoecefálica os AACA conseguem gerar
Ocorre devido à capacidade reduzida de excretar água por falsos neurotransmissores que irão levar a alterações
liberação persistente do hormônio antidiurético (o sangue neurológicas, como as vistas na encefalopatia
fica diluído causando uma hiponatremia dilucional), perdas
de sódio na paracentese e com a terapia diurética.
Entretanto, uma ingestão moderada de sódio deve ser
continuada a fim de evitar maior retenção hídrica, gerando
um circulo vicioso. O tratamento inicial consiste em restrição
hídrica a 1 a1,5L/dia.

Osteopenia

Tem sido identificada em pacientes com hepatopatia


alcoólica.
* aminoácidos essenciais
Terapia Nutricional:
- manutenção do peso
- dieta balanceada
- proteína adequada para manter massa muscular
- 1500 mg de cálcio/dia + vit. D adequada através de dieta .
e/ou suplemento.
- evitar o álcool Estágios da encefalopatia Hepática
- monitorar esteatorréia

Encefalopatia Hepática

Sua etiologia é multifatorial e apesar de ser uma


complicação freqüente nos cirróticos (50 a 70% apresenta),
apenas em 7 a 9% dos casos ela é precipitada por ingestão
protéica excessiva. Ela pode ser classificada do estágio 1 ao
4 (menos grave para mais grave) e as principais teorias
envolvidas na sua precipitação são:

 Amônia: a amônia é um produto neurotóxico, formado


no metabolismo das proteínas, que necessita ser
transformado em uréia pelo fígado para poder ser
excretada. Como o fígado está doente, esta
transformação não ocorre, levando a um acúmulo de
 Terapia Nutricional (esteatohepatite), podendo ou não estar associado a fibrose,
cirrose hepática e hepatocarcinoma. A evolução para forma
Energia: 25 – 40 kcal/kg/dia grave de doença, denominada esteatohepatite não alcoólica
(EHNA ou NASH), pode acometer 2 a 3% de indivíduos
Carboidratos: 60 – 70% VET eutróficos, porém sua maior prevalência está entre os
obesos e obesos mórbidos, podendo atingir 20% e 50%
Lipídios: 25 – 30% VET respectivamente.
Estudos epidemiológicos apontam a EHNA como
Proteínas um emergente problema de saúde pública mundial, devido
principalmente à sua forte associação com a cirrose.
 Restrição desnecessária de proteína pode piorar a Enquanto a esteatose é, na sua maioria benigna, com uma
perda protéica evolução para cirrose, em uma a duas décadas, inferior a
 Cirrose hepática e encefalopatia são beneficiados com 4%, cerca de 20% dos pacientes com EHNA podem
dietas NORMO ou HIPERproteicas modificadas desenvolver cirrose em um período de 5 anos. A DHGNA
(aumento de proteínas lácteas e proteínas vegetais). acomete 20 a 30% da população mundial e a esteato-
hepatite é hoje a principal causa de doença crônica nos EUA
Com relação aos AACR para os encefalopatas: e uma das principais causas de carcinoma hepatocelular em
todo mundo.
 Indicada para pacientes com encefalopatia grave ou Diante de sua forte associação com a obesidade, a
persistente, quando pode-se usar o seguinte cálculo: EHNA é considerada por alguns autores, uma manifestação
hepática da síndrome metabólica que consiste na presença
0,25g AACR/Kg/peso + completar ptn/Kg/peso de diversas anormalidades, envolvendo resistência à
insulina, obesidade visceral, hipertensão arterial,
dislipidemia, diabetes, entre outros.
Alimentos contra-indicados e permitidos para dieta rica em
AACR

Patogenia
A patogenese da EHNA é complexa, mas sabe-se que
aumento de adiposidade visceral associado à maior
liberação de ácidos graxos livres, representam o passo
inicial para perpetuação da esteatose hepática. Os eventos
adicionais, que contribuem para gênese e evolução da
doença, incluem estresse oxidativo e peroxidação lipídica,
redução das defesas antioxidantes, disfunção mitocondrial,
acúmulo de ferro, desbalanço das adipocinas gerando um
status pró-inflamatório crônico e disbiose intestinal. Mais
recentemente, foram identificados polimorfismos genéticos
que podem aumentar o risco de EHNA
Apesar de não estar ainda totalmente elucidada, sabe-
se que a resistência à insulina e elevada produção de
citocinas pró-inflamatórias são os mecanismos chave da
esteatose hepática e, provavelmente, também o da
esteatohepatite. Outros autores sugerem que o dano
oxidativo é necessário para ativar a sequência de esteatose
hepática para cirrose hepática, um claro fator de risco para
hepatocarcinoma.
Na EHNA, ocorre excessivo acúmulo hepático de
Probióticos São Indicados no tratamento da EH. Nos triglicerídeos, provenientes principalmente do tecido adiposo
cirróticos, os probióticos podem melhorar alguns sintomas e lipogênese de novo no fígado. A combinação de
de disfunção GI e reduzir conteúdo de amônia no sangue obesidade, acúmulo visceral de tecido adiposo branco,
portal. resistência periférica à insulina e liberação aumentada de
citocinas inflamatórias, estão associados com aumento de
Fibras: atingir 30g! Ajudam na função intestinal, evitando gliconeogenêse e de lipólise periférica com liberação de
constipação com consequente aumento da formação e ácidos graxos livres da gordura visceral, que levarão ao
absorção de amônia intestinal. aumento da captação hepática de ácidos graxos livres com
aumentada síntese hepática de triglicerídeos e consequente
acúmulo. Outro fator chave na gênese da EHNA é a
difunção mitocondrial hepática. As mitocôndrias do paciente
DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO portador de EHNA apresentam anormalidades
ultraestruturais, peroxidação de suas membranas
ALCOOLICA – DHGNA plasmáticas, com redução da respiração celular e
capacidade de gerar ATP, além de redução do número de
Definição cópias de DNA. Estudos demonstram que a inibição por
droga (4,4-diethylaminoethoxyhexestrol) da cadeia
A doença hepática gordurosa não alcoólica respiratória e da B-oxidação resultou em maior formação de
(DHGNA), primeiramente descrita em 1980, trata-se de uma radicais livres de oxigênio e peroxidação lipídica em ratos.
entidade histopatológica semelhante às alterações Estas alterações em conjunto, favorecem o surgimento das
encontradas na doença hepática alcoólica, entretanto, megamitocôndrias com conseqüente morte celular. É
acomete indivíduos sem consumo alcoólico significativo ou importante ressaltar que tais alterações mitocondriais não
mesmo ausência dele. É caracterizada pelo acúmulo de são observadas nos pacientes que apresentam somente
gordura nos hepatócitos, que pode variar de uma esteatose esteatose hepática simples, sugerindo que para o
simples, sem associação com inflamação ou fibrose, até desenvolvimento da EHNA, é necessária a associação de
uma esteatose com componente necroinflamatório resistência à insulina com disfunção mitocondrial.
A resistência à insulina é também responsável pela veia porta chegam ao fígado e são capazes de iniciar a
troca do substrato preferencial da glicose para beta- esteatose hepática, mesmo em indivíduos sem consumo
oxidação dos ácidos graxos. Entretanto, o influxo de ácidos significativo de etanol. Um estudo realizado em ratos
graxos livres na mitocôndria com uma capacidade oxidativa geneticamente obesos demonstrou que eles apresentavam
defeituosa, gera maior liberação de radicais livres de tanto aumento da permeabilidade intestinal, quanto
oxigênio contribuindo com injúria e fibrose hepática, devido à endotoxemia portal. No mesmo contexto, um recente
essa condição estimular os fibroblastos. Apesar da maior trabalho em humanos portadores de EHNA demonstrou
produção de radicais livres de oxigênio observada nos níveis elevados de IGg contra endotoxina bacteriana, que
pacientes portadores de EHNA, observa-se a depleção de aumentavam progressivamente com o agravamento da
enzimas antioxidantes, especialmente a glutationa, além de inflamação. Diante destas novas evidências da possível
depleção de vitaminas antioxidantes como E e C. relação da EHNA com a microbiota intestinal e
Outro fator ligado à EHNA é o aumento da permeabilidade intestinal alterada nos obesos, tem sido
permeabilidade intestinal e/ou supercrescimento bacteriano. utilizados probióticos no tratamento da EHNA.
A microflora bacteriana é capaz de produzir quantidade
considerável de ambos, etanol e acetaldeído, que através da

O complexo cenário envolvendo o início e progressão da esteatose hepática encontra-se ilustrado na figura.

Fonte: Krawczyk M., et al. 2010

Classificação
investigação com familiares. (Consenso da SBH)
1. DHGNA primária: observados em pacientes
obesos, diabéticos, hiperlipidemicos o Inferior a 290g etanol/sem para Homens e 196g/sem
2. DHGNA secundária:doenças familiares, agentes para Mulheres (Guia AASLD 2018)
ambientais, hipotireoidismo e medicamentos

ATENÇÃO: Ela só será classificada em primária ou  No exame físico: Apesar de ser possível o exame
secundaria após exclusão de Hepatite C ou alcoólica físico não apresentar alterações, a presença de
que são as principais causas de esteatose. desconforto em quadrante superior direito e
hepatomegalia podem estar presentes.
Aspectos Diagnósticos
 Ultrassom: representa o método mais prático e
 Na anamnese: Fundamental investigar ingestão simples para esse diagnóstico, especialmente quando
calórica, consumo de gordura saturada, colesterol, a esteatose excede 30%. Para esteatoses menos
gordura monoinsaturada, consumo de fibras e vits intensas (5 a 30%) a ressonância magnética é um
antioxidantes (especialmente E e C). Além disso, é método mais sensível.
imperativo comprovação de ausência ou consumo não
significativo de álcool:

o inferior a 140g de etanol/sem para Homens e 70g/sem


para Mulheres, incluindo
Alterações laboratoriais Perfil dos pacientes com DHGNA
- pode se manifestar com uma moderada elevação das
AUMENTO REDUÇÃO
aminotransferases hepáticas, sendo a razão AST/ALT
usualmente inferior a 1,0. Ingestão calórico-proteica Gordura Consumo de fibras
Gordura saturada Consumo de vits
- pode ocorrer elevação da ferritina em alguns pacientes antioxidantes principalmente
vit E
- raramente são evidenciadas alterações em albumina e colesterol Gorduras poliinsaturadas
bilirrubina
1. Avaliação Nutricional – utilizam-se parametros
bioquímicos, antropometricos (circunferencia da cintura,
Tratamento médico IMC, % gordura), dados do consumo alimentar
(recordatório de 24h e registro de 3 dias)
Até o momento não há um tratamento 2. Necessidades de energia e nutrientes
conclusivamente eficaz contra a EHNA, o que torna o estudo
das opções terapêuticas particularmente importante. As
recomendações atuais são direcionadas para intervenções Energia
com objetivo de melhorar o perfil metabólico dos pacientes,
incluindo o controle do sobrepeso/obesidade, da - dieta hipocalórica com 25kcal/kg/dia + 6h/semana de
dislipidemia, da resistência à insulina e diabetes. Vale atividade física aeróbia ou 30min/dia
ressaltar que de acordo com o Guia da Associação
Americana de estudo de doenças hepáticas 2018 (AASLD) Objetivo: perda de 10% do peso inicial em 6 meses, pois
recomenda que os medicamentos sejam utilizados pacientes que perdem peso rapidamente podem piorar a
exclusivamente nos pacientes com comprovação de DHGNA inflamação hepática pelo aumento do afluxo (chegada) de
por biópsia. ácidos graxos livres para o fígado. Esta perda resultou em
redução de aminotransferases, esteatose e inflamação.
Piolitazonas – Maior destaque vem sendo dado às
glitazonas, as quais atuam reduzindo a produção e Carboidratos
aumentando a oxidação de ácidos graxos. Desse modo, - 55 – 60% VET
ocorre a redistribuição da gordura para o tecido adiposo, - substituir grãos refinados por cereais integrais, frutas e
aumentando a sensibilidade à insulina no fígado e músculo. vegetais
Ela melhora parâmetros histológicos hepáticos em pacientes - estimular consumo de 3 a 5 porções de frutas e vegetais
com ou sem DM. Os efeitos colaterais mais frequentes são ao dia
frequentes são o ganho ponderal de 2 a 5kg e a perda óssea
em mulheres no período após a menopausa.
Lipídios
Metformina – Embora muito usada na prática é - dietas hiperlipidicas levam a resistência insulínica
desaconselhado o uso pelo guia AASL,2018. Contudo, - redução das gorduras saturadas e aumento das
insaturadas poderá elevar a sensibilidade à insulina além
delas reduzirem a inflamação e esteatose.
Vastatinas => As mais estudadas são a sinvastatina e a
atorvastatina. Elas foram testadas em diversos estudos e os
achados não têm sido consistentes, porém sabe-se que são Proteínas
medicamentos bem tolerados e seguros nos pacientes com
EHNA, geralmente melhoram o perfil lipídico e as Normoproteica, priorizando-se PTN de alto valor biológico
aminotransferases, são antiinflamatórios e diminuem a
incidência de eventos cardiovasculares (que são a principal
causa de morte neste grupo de pacientes). Antioxidantes

Àcido Ursodeoxicólico (AUDC): Há vários anos existe - estudos mostram que o baixo consumo de vit antioxidantes
grande interesse pela utilização do ácido ursodesoxicólico (A, C e principalmente E) contribui para gênese da DHGNA,
(AUDC) na EHNA. Trata-se de um ácido biliar hidrofílico, portanto deve-se estimular o consumo de fontes
natural, que habitualmente constitui cerca de 3% da bile alimentares.
humana. São variados os potenciais efeitos benéficos do
AUDC, incluindo efeito imunomodulador, efeito - estimula consumo de fontes de Zinco e selênio (castanha,
antiapoptótico e efeito de redução da citocinas pró- nozes, brócolis, cebola, alho, cereais integrais, fígado,
inflamatórias como o TNF-a. O conjunto de resultados dos peixes e frutos do mar) por serem potentes antioxidantes ,
últimos trabalhos sugere que o AUDC em monoterapia e na reduzindo assim a incidência de hepatite.
dose standard parece não demonstrar eficácia no tratamento
da EHNA. No entanto, a sua utilização em combinação com
a vitamina E poderá ser útil. Embora usado na prática Vitamina E: Os mecanismos pelos quais a vitamina E
clínica, foi desaconselhado pelo Guia da AASLD (2018) por exerce efeito na EHNA não são totalmente elucidados,
falta de evidência de benefício. porém, sabe-se que ela é capaz de inibir a expressão gênica
de TGF-B1 e, consequentemente, atenuar a estimulação de
células estreladas, protegendo o figado da fibrose. O TGF-
B1 é um peptideo multifuncional, que controla proliferação,
Tratamento Nutricional tradicional diferenciação e outras funções em diversas células. A
relação entre fibrose hepática e TGF-B1 é reportada na
A única medida consensual de tratamento é a modificação literatura e considerada como tendo papel central na
de estilo de vida (MEV), ou seja prática de atividade física fibrogênese e apoptose hepáticas.
+ hábitos alimentares adequados.
Em estudos randomizados, duplo cego, reduziu a atividade
inflamatória e em 30% dos casos houve regressão de
esteato-hepatite.

Dose: 800 UI/dia (400UI......2x/dia) – Guia AASLD 2018

Vitamina D3: A deficiência de vitamina D é uma condição


altamente prevalente no mundo todo. Baixos níveis séricos
de 25 (OH) D3 concentrações têm sido relatados entre
adultos e crianças com EHNA e além disso, um estudo
demonstrou a existência de uma associação forte e
independente entre DHGNA e os baixos níveis de 25 (OH)
D3 em uma grande população de adulto com enzimas
hepáticas normais (Phillips RS. et AL. Patient characteristics
in SUPPORT: disease specific clinical data. J Clin Epidemiol
1990; 43 Suppl: 41S-45S). Entretanto, apesar dos resultados
serem promissores, não há até o momento ensaios clínicos
randomizados, placebo controlados de longo prazo, de
modo que é prematuro recomendar a vitamina D3 para
o tratamento específico da DHGNA e EHNA. Porém, é
importante que na prática clínica haja preocupação com a
dosagem sérica dessa vitamina para correção em caso de
deficiência.

Dose: 400 a 2000 UI/dia

W-3: é um componente dietético importante nos pacientes


com DHGNA e EHNA, pois aumenta a sensibilidade à
insulina.

Dose: 1000mg 3x/dia (total 3000mg)

Probióticos:

A microbiota intestinal difere entre os indivíduos obesos


e eutróficos. Estudos em animais mostraram aumento da
permeabilidade intestinal em DHGNA, EHNA e cirrose. Isto
aumenta o risco de lesão inflamatória oxidativa no fígado a
partir de bactérias intestinais. O mecanismo proposto para o
início da DHGNA a partir da translocação bacteriana é que
as bactérias e suas endotoxinas que translocam ativam as
células de Kupffer no fígado e aumentar a produção de TNF-
α e IL-6, o que contribui para o aparecimento de fibrose
hepática. Além disso, a translocação bacteriana está
associada ao aumento hipertensão portal e encefalopatia
hepática na cirrose.
Diante do exposto, ao impedir a adesão bacteriana e
translocação, os probióticos podem ter um papel no
tratamento de doentes com DHGNA, EHNA e cirrose. Vários
estudos têm sugerido que os probióticos melhoram alguns
dos marcadores clínicos em pacientes com DHGNA e
EHNA, especialmente reduzindo as transaminases
hepáticas, o TNF-a e a resistência à insulina. Os Probióticos
usados são muito variados, mas todos os trabalhos que
encontraram resultados significativos usaram multicepa.
Parece que a presença de Bifidobacteria Longum é benéfica
por reduzir fibrose além dos marcadores inflamatórios.

Não há padronização de dose, sendo elas bastante


variadas entre os estudos e o tempo de tratamento é
variado, mas em geral, 12 semanas é o mínimo.

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