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Dra. Lucia Helena S. de Paiva


Advogada
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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO __ JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA
COMARCA DE DUQUE DE CAXIAS – RJ.

LUCIA HELENA SILVA DE PAIVA, brasileira, casada, advogada,


inscrita no CPF sob nº 069.784.377-78, portadora da carteira de identidade nº 155.508 –
OAB/RJ, residente e domiciliada à Rua Antônio Guedes, nº 245, Beco Célia, casa 2, Santo
Antônio, Duque de Caxias – RJ, CEP 25253-560, com endereço profissional à Praça
Roberto Silveira, nº 15, Sala 807 e endereço eletrônico lhp.adv@gmail.com, em causa
própria, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 319 e
seguintes do Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015, ajuizar

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER c/c INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

e PEDIDO DE TUTELA DE EVIDÊNCIA

em face de ELETROLUX DO BRASIL S/A, Empresa Jurídica de Direito Privado, inscrita no


CNPJ sob o nº 76.487.032/0001-25, com sede na Rua Ministro Gabriel Passos, nº 360,
Curitiba – PR, CEP 81520-900 e VIA VAREJO S/A (PONTO FRIO – CASA BAHIA),
Empresa Jurídica de Direito Privado, inscrita no CNPJ sob o nº 33.041.260/0652-90, com
endereço na Rod. Washington Luiz, 2895, Loja 206, Parque Duque, Duque de Caxias - RJ,
25085-008 pelos fatos e fundamentos a seguir delineados.

Praça Roberto Silveira, nº 15, Sala 807, Jardim Vinte e Cinco de Agosto
Duque de Caxias – RJ, CEP 25070-005
Tel.: 3658-5346
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I. DOS FATOS

1) No dia 06/07/2016, a Autora adquiriu no estabelecimento do 2º


Réu um Refrigerador Frost Free 553 L, modelo DF80X 220V INOX, pelo preço de R$
4.299,00 (quatro mil e duzentos e noventa e nove reais), com um desconto no valor de R$
250,00 (duzentos e cinquenta reais). O Produto foi adquirido juntamente com a garantia
estendida oferecida pelo 2º Réu. Juntamente com o refrigerador, contratou a garantia
estendida oferecida pelo vendedor pelo valor de R$ 544,00 (quinhentos e quarenta e quatro
reais), perfazendo um valor total de R$ 4.618,00 (quatro mil e seiscentos e dezoito reais),
conforme contrato de compra e venda e nota fiscal em anexo (docs. 02 e 03), com
pagamento em 8 (oito) parcelas através de cartão de crédito.
2) A Nota Fiscal Eletrônica nº 014377847 foi emitida em 10/07/2016
e entrada/saída ocorreu no dia 12/07/2016.

3) A Autora informa que, para a sua surpresa, seu refrigerador


funcionou por aproximadamente 15 dias, quando percebeu que esta não estava gelando.

4) A Autora constatou o defeito ao abrir o freezer para pegar um


pote de sorvete que havia guardado pela manhã, e o referido pote estava completamente
descongelado, assim como os demais itens que estavam no interior do freezer.

5) A Autora checou que o refrigerador estava programado da forma


correta e que não havia razão para que o refrigerador apresentasse tal defeito.

6) A Autora, que estava grávida de quase 8 meses, pediu ao seu


esposo que comparecesse ao estabelecimento do 2º Réu para requerer a troca do produto,
entretanto, não logrou êxito na troca, visto que o 2º Réu informou que a única coisa que
poderia fazer era solicitar a visita de um técnico, no prazo de 10 dias, para analisar o produto,
o que não foi aceito pelo esposo da Autora. A Autora adquiriu um bem essencial, de valor
considerável, que não estava atendendo ao fim a que se destinava.

7) Diante da negativa do 2ª Réu em trocar o produto, a Autora


contactou o 1º Réu que, por sua vez, orientou que entrasse em contato com a Assistência
Técnica que atenderia na localidade em que reside, que no caso em tela seria a Assistência
Técnica Eletrolar, localizada em Petrópolis. E assim procedeu a Autora.

8) Em 25/08/2016 a Autora recebeu a 1ª visita do Técnico


Quintanilha, conforme se faz provado pela Ordem de Serviço nº SVO-11240203, que, após
análise do produto, constatou que o defeito estava no compressor e que seria necessária sua
troca. Por sua vez, a Autora informou que não aceitaria a substituição do compressor, mas
sim a troca do refrigerador.
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9) Após a visita do Técnico, a Autora recebeu uma ligação do 1º


Réu que informou sobre a necessidade da troca do compressor, pois não seria possível fazer
a troca imediata do produto. A Autora, que já estava quase completando os 9 meses de
gestação, pois sua filha nasceria no dia 18/09/2016, e não poderia mais ficar argumentando
pela troca imediata do produto, pois no final da gravidez já não havia viabilidade nem tempo
para insistir na troca imediata do produto, resolveu ceder aos argumentos do 1º Réu e
autorizar a troca do compressor de seu refrigerador, fato que ocorreria em até 7 dias,
conforme orientado pela preposta do 1º Réu.

10) Em 22/09/2016 a Autora recebeu a 2ª visita do Técnico


Quintanilha, que desta vez efetuou a troca do compressor (motor) do refrigerador, conforme
relatado na Ordem de Serviço nº SVO-11279221: “COMPRESSOR QUEIMADO –
SUBSTITUIÇÃO DO COMPRESSOR”.

11) Para maior frustração da Autora, mesmo após a substituição do


compressor (motor), o refrigerador permaneceu sem funcionar corretamente, ou seja,
permanecia com o painel ligado, mas não refrigerava, tampouco produzia gelo no freezer.
Importante informar que o esposo da Autora percebeu que o refrigerador ficava ligado direto,
ou seja, o motor não armava e desarmava como deveria ocorrer.

12) Após comunicar a 1ª Ré que mesmo com a substituição do


compressor o refrigerador permaneceu sem funcionar, a Autora recebeu mais uma
vez, no dia 29/09/2016, um técnico em sua residência, conforme Ordem de Serviço nº
SVO-11307023. Após análise, o técnico informou que em razão de ter havido a troca do
compressor, e por ser um refrigerador consideravelmente grande, seria necessário
aguardar por aproximadamente uma semana, com o refrigerador ligado direto, para
que o gás do refrigerador passasse por completo por dentro do refrigerador e que,
após isso, o refrigerador iria funcionar como deveria.

13) A Autora seguiu a orientação do técnico e aguardou por


mais uma semana com a geladeira ligada e a garrafa de água que estava no freezer não
produziu sequer uma pedacinho de gelo, pelo contrário, ao abrir o freezer, o que
percebia era um vapor quente. Diante do quadro apresentado, a Autora informou ao 1º
Réu que exigia a troca do produto.

14) Necessário informar que a Autora passou por uma cirurgia


de cesariana no dia 18 de setembro de 2016, que ainda está no período de resguardo e
passando pelo transtorno de ter de ficar comprando gelo para armazenar os alimentos
em caixa de isopor e para ter água gelada. Necessário, ainda, informar que levou dias
para conseguir preparar a presente ação, tendo em visto o estado em que se encontra
no momento e com bebê recém-nascido.
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15) Diante de todo o alegado, não restou outra alternativa senão


ingressar em juízo para requerer a imediata substituição do produto e indenização
pelos danos morais sofridos, devendo, ainda, informar que tem feito uso de caixa de
isopor para armazenar água e alguns produtos necessários, além de comprar gelo
diariamente para preservar seu alimento no isopor, fato gerador de grande transtorno.

16) Desta forma, e sem ter a quem recorrer, após inúmeras


tentativas frustradas em tentar solucionar o litígio administrativamente, sem contudo
obter êxito, vem respeitosamente à presença de V. Exa. pleitear seus direito perante
esse MM Juízo, objetivando a imediata troca do produto.

II . DO PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE EVIDÊNCIA

O artigo 311, do Novo Código de Processo Civil, reza que:

Art. 311. A tutela da evidência será concedida,


independentemente da demonstração de perigo de dano ou de
risco ao resultado útil do processo, quando:

I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto


propósito protelatório da parte;

II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas


documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos
repetitivos ou em súmula vinculante;

III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova


documental adequada do contrato de depósito, caso em que será
decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob
cominação de multa;

IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente


dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha
prova capaz de gerar dúvida razoável.

Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá


decidir liminarmente.

A Tutela de Evidencia constitui uma tendência de evolução das tutelas


diferenciadas,caracterizada pelo afastamento da necessidade de urgência para aproximar-se
da evidencia, como um passo a mais do fumus boni iuris.

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A tutela da evidência será concedida, independentemente da


demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando do
preenchimento dos seguintes requisitos elencados, frisando que todos os documentos ora
acostados demonstram que a Autora tentou de todas as formas solucionar o litígio
amigavelmente, aceitando o reparo do produto. Entretanto,não logrou êxito, visto que o
produto está sem funcionar até a presente data.

O caso apresentado está amparado pelo inciso II do artigo 311 do


NCPC. Portanto, para evitar que a injustiça cometida contra a Autora continue a prejudicá-la,
é indispensável que seja prestada a proteção da tutela de evidência àquele provável titular de
um direito lesado, em breve tempo, pois, o indeferimento de um pedido de antecipação de
tutela “pode configurar uma tardança na prestação de justiça e justiça tardia, dizia Carnelutti,
frequentemente é uma justiça pela metade” (cf. José E. Carreira Alvim, in Código de
Processo Civil Reformado, 1995, pág. 125).

A existência de prova inequívoca para o convencimento a respeito da


verossimilhança da alegação, dentro dos limites necessários, em se tratando de matéria de
direito, é de fácil constatação.

Neste espectro, estabelece o art. 84, § 3º da Lei 8.078/90:

Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação


de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da
obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado
prático equivalente ao do adimplemento.
(...)
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado
o réu.

No caso em tela, a Autora adquiriu no estabelecimento da 2ª Ré um


Refrigerador Frost Free 553 L, modelo DF80X 220V INOX, pelo preço de R$ 4.299,00 (quatro
mil e duzentos e noventa e nove reais) e, com menos de 15 dias de uso, apresentou defeito
(não refrigelr, não produz gelo). A assistência técnica compareceu por 3 vezes na residência
da Autora, tendo inclusive trocado o compressor (motor) do refrigerador e mesmo assim o
produto continua defeituoso, ou seja, não gela, tampouco produz gelo.

Assim, requer à V. Exª., o deferimento de tutela de evidência,


determinando que a 1ª Ré, NO PRAZO DE 48 HORAS, EFETUE A TROCA DO
REFRIGERAR DA AUTORA, POR OUTRO, NOVO, DE MESMA MARCA E MODELO, SOB
PENA DE MULTA DIÁRIA NO VALOR DE R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS), pelo caráter
punitivo e pedagógico da medida, evitando o ilícito cometido para com outro consumidor.
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III. DO DIREITO

DA APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

O caso em tela fere nitidamente o Código de defesa do Consumidor


em vários artigos, tornando claro o direito da autora de ser indenizada.

A relação de consumo entre Autora e Réus é clara, restando


configurada a incidência do Código de Defesa do Consumidor, sendo a Autora, de acordo
com o artigo 2º do CDC, consumidora e os Réus, de acordo com o artigo 3º do referido
Código, fornecedoras. E o código de Defesa do Consumidor define, de maneira bem nítida,
que o consumidor de produtos e serviços deve ser agasalhado pelas suas regras e
entendimentos, senão vejamos:

“Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou


utiliza produto ou serviço como destinatário final.(...)”

“Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou


privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação
de serviços.(...)”

As empresas Réus são litisconsortes no pólo passivo desta demanda


pois possuem responsabilidade solidária de acordo com os artigos 7º, parágrafo único, 18 e
§§ 1º e 2º do artigo 25 do CDC:

“Art.7º(...)

Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos


responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas
norma de consumo.”

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não


duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou
quantidade que os tornem impróprios ou inadequados (...).

Art. 25 (...)

§ 1º Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos


responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas
Seções anteriores.

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§ 2º Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao


produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante,
construtor ou importador e o que realizou a incorporação.”

Ao receber a visita do técnico para reparo do defeito da geladeira,


começou a correr o prazo de 30 (trinta) dias previsto no § 1º do artigo 18 do CDC para que
os fornecedores do produto efetuassem seu conserto:

“Art. 18. (...)

§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o


consumidor exigir alternativamente e à sua escolha: (...)”

Com esse postulado, o Código de Defesa do Consumidor consegue


abarcar que devem responder por todos os fornecedores – sejam eles pessoas físicas ou
jurídicas – ficando evidente que quaisquer espécies de danos porventura causados aos seus
tomadores.

Com isso, fica espontâneo o vislumbre da responsabilização das


empresas sob a égide da Lei nº 8.078/90, visto que se trata de um fornecedor de produtos
que, independentemente de culpa, causou danos efetivos a um de seus consumidores.

Ou seja, como a visita do técnico ocorreu em 06/05/2010, o reparo no


eletrodoméstico deveria ter sido realizado até, no máximo, 05/06/2010 e não o foi até a
presente data.

Resta configurado então, o direito da autora de, em conformidade com


os incisos do artigo 18 do CDC, obter a substituição do produto por outro idêntico, sem
prejuízo dos danos morais:

“Art. 18 (...)

I- a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas


condições de uso; (...)”

Não havendo a possibilidade do produto ser substituído por outro da


mesma espécie e igual valor, cabe a autora o direito de reaver o valor pago corrigido
monetariamente, conforme artigo 18, § 1º, inciso II do CDC:

“Art. 18 (...)

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente


atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; (...)”

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É nítida a incidência do dever de indenizar pelos danos morais sofridos


pela autora, tendo em vista tratar-se de uma geladeira, bem considerado essencial devido à
sua importância modernamente conforme inciso VI do artigo 6º do CDC:

“Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...)

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,


individuais, coletivos e difusos; (...)

Cabe lembrar que a autora não precisava aguardar o prazo de trinta


dias previsto no CDC, pois por tratar-se de bem essencial, poderia exigir a substituição ou
restituição imediata do produto de acordo com o § 3º do artigo 18 do CDC e, no entanto,
aguardou bem mais do que isso para tomar as medidas legais cabíveis:

“Art. 18.(...)

§ 3º O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º


deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a
substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou
características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto
essencial.” (grifo nosso)

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Percebe-se, outrossim, que a Autora deve ser beneficiada pela


inversão do ônus da prova, pelo que reza o inciso VIII do artigo 6º do Código de Defesa do
Consumidor, tendo em vista que a narrativa dos fatos encontra respaldo nos documentos
anexos, que demonstram a verossimilhança do pedido, conforme disposição legal:

"Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

(...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do
juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências;"

O requerimento ainda encontra respaldo em diversos estatutos de


nosso ordenamento jurídico, a exemplo do Código Civil, que evidenciam a pertinência do
pedido de reparação de danos.

Além disso, segundo o Princípio da Isonomia, todos devem ser


tratados de forma igual perante a lei, mas sempre na medida de sua desigualdade. Ou seja,
no caso ora debatido, o requerente realmente deve receber a supracitada inversão, visto que
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se encontra em estado de hipossuficiência, uma vez que disputa a lide com uma empresa de
grande porte, que possui maior facilidade em produzir as provas necessárias para a cognição
do Excelentíssimo magistrado.

DA RESPONSABILIDADE

A responsabilidade pelos vícios de qualidade apresentados por


produtos de consumo duráveis é suportada solidariamente pelo comerciante, nos exatos
termos do artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor:

“Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não


duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou
quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a
que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do
recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o
consumidor exigir a substituição das partes viciadas.”

O dispositivo traduz a responsabilidade solidária, que obriga os


diversos níveis de fornecedores a resolver o problema. No caso de protelarem a solução por
um dos envolvidos, os outros também podem ser chamados à responsabilidade.

Basicamente, todas as empresas envolvidas na lesão ao consumidor


têm participação e devem responder pelos problemas causados. Cabe ao consumidor
escolher se quer acionar o comerciante ou o fabricante.

DA OPÇÃO PELA SUBSTITUIÇÃO DO PRODUTO

Se ao adquirir um produto, se o consumidor verificar que ele apresenta


defeito, o Código de Defesa do Consumidor assegura, em seu artigo 18, que:

“§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode


o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em


perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente


atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.”

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Portanto, findo o trintídio a que alude o parágrafo primeiro do artigo 18,


sem que o fornecedor efetue o reparo (é direito do revendedor tentar eliminar o vício nesse
prazo), cabe ao consumidor a escolha de qualquer das alternativas acima mencionadas.

Desta forma, opta a Autora por resolver o contrato pleiteando a


restituição imediata da quantia despendida, corrigida e atualizada monetariamente, com
fulcro no disposto no inciso II do § 1º do artigo 18, do diploma consumerista.

DO DANO MORAL

A empresa requerida, ao protelar uma resolução para o problema, seja


pelo conserto do aparelho em tempo hábil ou mesmo a restituição da quantia paga, tem
trazido toda sorte de transtornos ao requerente que se sentiu lesado e humilhado.

O desgaste imposto ao requerente, como já relatado, é ainda maior


pelo fato de ter que procurar o estabelecimento comercial requerido por diversas vezes nas
tentativas sempre falhas de solucionar a questão.

A sensação de impotência ao tentar solucionar o problema junto à


requerida, sendo tratado por esta com descaso e negligência mesmo diante da explanação
do problema, atingiu de pronto sua alma.

Dessa forma, as esferas patrimonial e emocional foram plenamente


atingidas, sendo que os efeitos do ato ilícito praticado pela requerida alcançaram a vida
íntima do requerente, que viu quebrada a paz, a tranquilidade e a harmonia, lhe originando
seqüelas que se refletem em sérios danos morais.

Vale ressaltar ainda que a responsabilidade dos réus é objetiva,


independente de culpa, não havendo o consumidor de demonstrá-la, de acordo com a
legislação consumerista em seus artigos 12 e 14:

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou


estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação,
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.(...)

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente


da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços,

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bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre


sua fruição e riscos" (grifo nosso)

Estando configurado os danos morais e materiais sofridos pela autora,


a responsabilidade objetiva e solidária dos réus e o nexo de causalidade entre a conduta
ilícita dos réus e os danos vividos pela autora, resta caracterizado o dever de indenizar dos
réus.

Com relação ao dano moral puro, resta igualmente comprovado que a


requerida, com sua conduta negligente, violou diretamente direito do requerente, qual seja,
de ter sua paz interior e exterior inabalada por situações com ao qual não concorreu. Trata-
se do direito da inviolabilidade à intimidade e à vida privada.

A indenização dos danos puramente morais deve representar punição


forte e efetiva, bem como, remédio para desestimular a prática de atos ilícitos, determinando,
não só à requerida, mas principalmente a outras empresas, a refletirem bem antes de
causarem prejuízo à outrem.

Imperativo, portanto, que o requerente seja indenizado pelo abalo


moral em decorrência do ato ilícito, em razão de ter sido vítima de completa e total falha e
negligência da demandada, assim como seja indenizado pelo abalo moral em decorrência do
ato ilícito.

Nesse sentido, Assis tem se posicionado o Tribunal de Justiça do Rio


de Janeiro:

Apelação Cível. Relação de Consumo. Ação de Obrigação de Fazer


c/c Indenizatória. Vício do Produto. Refrigerador. Prestador de serviço que não realiza a
troca. Bem imprestável ao uso. Falha na prestação do serviço caracterizada. Sentença de
parcial procedência. Irresignação da autora quanto a fixação da verba indenizatória.
Acolhimento que se impõe.Verba que se majora para R$ 6.000,00 (seis mil reais), em
atenção aos Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade, além dos parâmetros desta
Corte. Jurisprudência e Precedente citado: 0014161-50.2015.8.19.0045. DES. NATACHA
TOSTES OLIVEIRA - Julgamento: 25/05/2016 - VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL
CONSUMIDOR. PROVIMENTO DO RECURSO.

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III. DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requer a Vossa Excelência:

a) A designação de audiência prévia de conciliação, nos termos do art. 319, VII, do


CPC/2015;

b) a citação dos Réus, por meio postal, nos termos do art. 246, inciso I, do CPC/2015;

c) liminarmente, a concessão do pedido de tutela de evidência, com o fim de determinar que


o1ª Réu efetue a substituição do produto descrito na nota fiscal anexa, por um novo do
mesmo gênero e valor, a saber: Eletrolux Frost Free 553 L, modelo DF80X 220V INOX, em
até 48 horas, sob pena de multa diária no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) em caso de
descumprimento da obrigação;

e) Caso não seja possível a substituição do produto, requer seja restituído a quantia paga
pela autora no valor de R$ 4.299,00 (quatro mil e duzentos e noventa e nove reais);

f) A Condenação do 2º Réu para transferir a garantia estendida contratada para o novo


refrigerador, sob pena de conversão em perdas e danos no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais);

g) Requer a condenação dos Réus, solidariamente, ao pagamento de indenização por danos


morais, no valor não inferior a 40 salários mínimos, pelo caráter punitivo e pedagógico da
medida, evitando o ilícito cometido para com outros consumidores;

DAS PROVAS

Pretende-se provar o alegado por todos os meios de prova admitidos,


em especial, pelos documentos acostados à inicial, e novos documentos que se mostrarem
necessários ao deslinde da presente ação.

Dá-se a causa o valor de R$ 35.200,00 (Trinta e cinco mil e duzentos


reais).

Termos em que, pede deferimento.

Duque de Caxias, 26 de novembro de 2016.

Lucia Helena Silva de Paiva

OAB/RJ 155.508

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