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- Ânimus - conjunto de elementos masculinos inconscientes presente nas mulheres – surge ao longo das experiências que a mulher tem com o
homem ao longo da vida, com o pai, professor, líder religioso, entre outros;
- Self – algo que o indivíduo se destina no seu desenvolvimento interior, a totalidade da sua personalidade – seu desabrochar resulta do
conhecimento da própria sombra, da resolução mais ou menos feliz dos diversos complexos, da assimilação e da integração de aspectos parciais
e cindidos do psiquismo individual – o autoconhecimento pessoal produz um alargamento do mundo interior e possibilita que o self passe a
ocupar o centro da personalidade, fazendo com que o indivíduo se aproxime de uma perspectiva totalizante e integrada de si mesmo e supere
as fragmentações interiores da sua personalidade;
- O movimento e a direção da energia psíquica na vida de cada pessoa fundamentam-se em duas atitudes básicas a extroversão (a libido flui sem
embaraço ou dificuldade em direção aos objetos externos) e a introversão (a libido recua perante os objetos do mundo externo, voltando-se
para seu interior, uma vez que o mundo externo é ameaçador ou sem importância);
- Funções Psíquicas Básicas: (pensamento) esclarece o significado dos objetos, racionalidade e lógica dos processos, desinteressado pelo valor
afetivo; (sentimento) capacidade de estimar afetivamente o mundo, de decidir o valor afetivo e emocional do fenômeno para o indivíduo;
(sensopercepção) capta e identifica com precisão os objetos do mundo externo e permite o contato objetivo com a realidade; (intuição)
percepção inconsciente, apreensão imediata de como os objetos do mundo se comportam e de como os fenômenos ocorrem - indivíduo usa
para se adaptar ao mundo, sendo sempre uma a principal, uma segunda auxiliar, uma terceira rudimentar e quase silenciosa e uma quarta a
função inferior, inconsciente e totalmente adormecida para cada indivíduo;
- As funções se dispõem em pares de oposição, pensamento X sentimento e sensopercepção X intuição;
- Tipologia Humana de Jung: tipo sentimento introvertido, tipo sentimento extrovertido, tipo pensamento introvertido, tipo pensamento
extrovertido, tipo intuição introvertido, tipo intuição extrovertido, tipo percepção introvertido e tipo percepção extrovertido;
c. PERSONALIDADE SEGUNDO FREUD
- Para Freud, a constituição da personalidade passa pelas vicissitudes da libido (energia vital/sexual), pelo seu desenvolvimento em diversas
fases, como se estrutura o desejo inconsciente e as formas como o Eu lida com seus conflitos e frustações libidinais;
- Freud acredita que a personalidade se desenvolve marcada pelo modo como a criança é gratificada em termos de sua libido (energia vital-
sexual);
- As pulsões sexuais atravessam um complicado curso de desenvolvimento e só tem seu final na fase genital, assim antes disso existem vários
organizações pré-genitais da libido, em que o indivíduo pode ficar fixado ou regredir, quando ocorre repressão subsequente, determinando o
perfil de personalidade do adulto ou as neuroses;
- Fases da libido: (fase oral) o prazer encontra-se na boca e no ato de sucção, assim o libido se concentra no mamar, ocorrendo ao longo do
primeiro ano de vida; (fase anal) interesse e prazer da criança em reter e expelir as fezes, ocorrendo do segundo ao terceiro ano de vida; (fase
fálica) as crianças dos 3 aos 5 anos encontram interesse crescente por seus próprios genitais, dirigindo o libido ao phalus no menino e a ausência
do phalus na menina, além de aguardar a represália sob a forma de castração/destruição do que julga ser mais valioso no seu ser; (fase genital)
ocorre no adulto;
**complexo de Édipo – conflito que ocorre na fase fálica, caracterizado por amor e desejo da criança dirigido ao progenitor do sexo oposto e
ódio e rivalidade ao progenitor do mesmo sexo**
- Intojeção – a personalidade do adulto se forma a partir de aspectos dos relacionamentos que se estabelecem no interior das relações familiares,
sobretudo da criança pequena com seus pais e destes com ela;
- A personalidade é marcada pelo modo como se estrutura o desejo inconsciente e pelas formas como o ego lida com seus conflitos e frustações
libidinais, a partir dos mecanismos de defesa;
- Caráter Oral – indivíduos fixados na fase oral de organização da libido, tende à avidez no tomar e no receber, não suporta a privação e tem
dificuldade com a rejeição – tende a ser passivo e exigentemente ávido por receber em relação às pessoas mais próximas – costumam a ser
pessoas dependentes, sem iniciativa, passivos e acomodados;
- Caráter Anal – indivíduos fixados na fase anal, que podem ter seu prazer concentrado na retenção dos seus afetos, atos e pensamentos ou no
expulsar abruptamente esses elementos psíquicos – apresentam trações de caráter obsessivo e compulsivo, desejo de controlar a si mesmo e
aos outros, tendências a fantasias de onipotência e pensamento mágico – costumam ser pessoas organizadas, econômicas, obstinadas, com
inclinação para a ira e a vingança, enfrentando os problemas de forma unilateral;
- Caráter Fálico – indivíduo fixado na fase fálica, tende ao narcisismo de suas qualidades, ao exibicionismo físico e mental, aos atributos e poderes
ou à inibição amedrontada em desejar qualquer coisa que lhe seja de valor – costumam ser pessoas exibicionistas, agressivas, intrometidas e
que se julgam narcisticamente merecedoras de entrar em qualquer espaço que se considera como seu de direito;
- Tipos Libidinais Básicos: (tipo erótico) emprega toda a libido na vida amorosa, desejando intensamente amar e ser amado, de modo a ser
governado pela angústia da possível perda do amor dos outros, ou seja, torna-se dependente dos demais; (tipo compulsivo) dominado pelo
superego e governado pela consciência moral, de modo a depender internamente das normas de conduta, considerando-se o genuíno portador
dos valores de sua sociedade; (tipo narcisista) não apresenta qualquer tensão entre o ego e o superego, não atribui importância às necessidades
eróticas, tende a se impor com personalidade forte diante dos outros, para liderar, desprezando os valores estabelecidos – podem ocorrer de
formas combinadas;
d. BIOTIPOLOGIA DE KRETSCHMER
- Tenta aproximar os tipos anatômicos, fisiológicos ou endócrinos de determinados padrões de caráter psicológico;
- Divide os tipos humanos em 3 espécies morfológicas e psicológicas distintas;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Longilíneos/Leptossômicos – indivíduos com predomínio do diâmetro longitudinal, vertical, sobre os outros, com ombros estreitos, peito
aplainado, rosto alargado e estreito, membros longos e delgados – personalidade tende à esquizoidia, sendo hiper-racional, lógico, esquemático,
desconfiado, com dificuldade no contato afetivo espontâneo com pessoas, preferência para os esquemas teóricos e tendência às fantasias
persecutórias – tem propensão à esquizofrenia e a personalidade esquizoide ou esquizotípica;
- Brevelíneos/Pícnicos – indivíduos com predomínio do diâmetro ântero-posterior do tronco, principalmente do abdome, com rosto arredondado
e membros curtos – tendem à ciclotimia ou à sintonia afetiva com as pessoas circundantes – tem propensão ao transtorno afetivo bipolar, à
depressão e às timopatias;
- Tipo Atlético/Muscular – forma intermediária, com sistema ósseo e musculatura desenvolvidos, predomínio do diâmetro transversal, ombros
largos – tendem à esquizofrenia ou à epilepsia;
e. TRAÇOS DE PERSONALIDADE / TRAÇOS ALLPORT
- Visão mãos ideográfica (centrada nas singularidades de cada pessoa), com profunda sensibilidade sobre aspectos existenciais, únicos e
profundos de cada indivíduo, ao longo da sua história pessoal;
- Traços – tendências, características, modos específicos, que são estáveis e determinantes para a personalidade do indivíduo;
- Traços Cardiais – revelam disposições penetrantes e marcantes para o conjunto da personalidade de uma pessoa – ex.: marcadamente
autoritário, sádico e tímido;
- Traços Centrais – são importantes e cobrem amplas áreas da vida de uma pessoa, mas não sua totalidade – ex.: honestidade, assertividade e
generosidade;
- Traços Secundários – disposições menos significativas, consistentes e conspícuas;
- Os diferentes traços podem se combinar de distintas formas;
- Estados – aspectos temporários e breves, eliciados por fatores externos circunstanciais, como demissão, briga familiar ou outro fator
estressante;
Hipótese Léxica Fundamental (HLF)
- Capta-se de forma sensível os traços de personalidade, a partir de perguntas ou afirmações formuladas com elementos semânticos da
linguagem cotidiana, natural;
- Usa descritores de traços baseados em adjetivos, como: inseguro, irritado, ousado, vingativo;
- É fundamental para a vida social a identificação e falar sobre as características que melhor definem um indivíduo;
- Os traços colhidos com a linguagem léxica fundamental se agrupam de forma mais ou menos intensa, mais ou menos estável;
f. MODELOS ATUAIS DE PERSONALIDADE
- Teste Minnesota Multiphasic Personality Inventory-2-Restructured Form (MMPI-2-RF) – contém 567 afirmações, consideradas certas ou
erradas, em 90 a 120 minutos – apresenta boas propriedades psicométricas – inclui em uma mesma avaliação o diagnóstico de síndromes
mentais com avaliação e diagnóstico de personalidade
- Sixtenn Personality Factos Questionnaire (Questionário 16PF) – proposto por Raymond Cattel - busca agrupamentos de personalidade;
- Modelo de Personalidade de Eysenck – sua abordagem incorpora os aspectos da proposta de Jung (extroversão/introversão), a visão da
importância genética na personalidade humana e a aceitação de pressupostos do behaviorismo – domínios: (neuroticismo) traços como
instabilidade emocional, tensão, tendência à ansiedade e à depressão, preocupação e autopiedade, sendo oposto à estabilidade emocional;
(extroversão) presença de traços de propensão à atividade, assertividade, energia, entusiasmo e socialização, sendo o oposto da introversão;
(psicoticismo) tendência a ter experiências incomuns, bizarras, percepções incomuns ou estranhas, expressão anormal das emoções, negligência
em relação a si mesmo e excentricidade;
g. MODELO BIG FIVE (CGF)
- Os 5 domínios apresentam subdomínios/facetas que podem ser avaliados separadamente – ex.: (domínio desinibição) apresenta as facetas
irresponsabilidade, impulsividade, perfeccionismo rígido, distraibilidade e exposição a riscos; (domínio antagonismo) apresenta as facetas
manipulação, desonestidade, grandiosidade, busca de atenção e insensibilidade;
- Domínio da Extroversão – propensão a atividade, energia, entusiasmo, busca dos outros e assertividade – oposto da introversão;
- Domínio do Neuroticismo – afetividade negativa, com traços ansiosos, tensão, preocupação, autopiedade e instabilidade – esses indivíduos
tendem a apresentar alterações na neurotransmissão de serotonina e noradrenalina, na integridade da substância branca, alterações da
amígdala e déficits da regulação da amígdala pelas áreas pré-frontais – faz com que as áreas corticais exerçam controle deficitário sobre as
regiões subcorticais e sobre estruturas límbicas;
- Domínio da Responsabilidade/Conscienciosidade – indivíduos organizados, autodisciplinados, que planejam e se esforçam para obter seus
objetivos – necessidade alta de realização, tendem a ser pontuais, organizados e confiáveis – colocam as obrigações antes do prazer – relaciona-
se à integridade das áreas pré-frontais dorsolaterais, uma vez que essa relaciona-se aos comportamentos orientados para objetivos e ao
direcionamento da atenção;
- Domínio da Desinibição – indivíduos irresponsáveis, impulsivos, descuidados, negligentes, que se expõe a risco e hedonistas;
- Domínio do Antagonismo – indivíduos rudes, insensíveis, hostis, não cooperativas, manipuladoras, tendência a inescrupulosidade, cinismo,
grandiosidade e busca de atenção;
- Domínio da Sociabilidade/Amabilidade – indivíduos empáticos, honestos, prestativos, confiantes, tendem à generosidade e a perdoar –
depende da conectividade global do cérebro, que permite o altruísmo e a cooperação, além do pequeno volume da amígdala, relacionada à
inibição dos impulsos agressivos;
- Domínio da Abertura à Experiência – indivíduos mais curiosos, imaginativos, buscam a novidade e a variedade, tem preferência pela
complexidade, consciência dos próprios sentimentos, reconhecem os sentimentos dos outros, são sensíveis à beleza na arte e à natureza, tem
atração por sistemas de valores e pensamentos não convencionais, tendendo a ser mais tolerantes e criativos;
- Domínio de Fechamento – indivíduo mais convencional, com interesses limitados, não imaginativos, não criativos, não reflexivos;
- Usado no modelo alternativo do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5);
h. MODELO PSICOBIOLÓGICO DE TEMPERAMENTO E CARÁTER / MODELO DE CLONINGER
- Busca fundamentos neuroestruturais, neuroquímicos e genéticos para identificar padrões de reação a estímulos específicos e
consequentemente padrões de personalidade;
- Seu modelo de personalidade apresenta base teórica explícita, que visa integrar o temperamento ao caráter, produzindo como resultado final
a personalidade;
- Usa como instrumento de avaliação o Inventário de Temperamento e Caráter (TCI-R);
Dimensões ou Fatores de Temperamento
- Dimensões de natureza genética e neurobioquímica, que revelam padrões previsíveis de interação em suas respostas adaptativas a classes
específicas de estímulos do meio ambiente;
- Procura por Novidade/Novelty Seeking – estímulos mais relevantes são a novidade, a recompensa potencial e o alívio da monotonia – tendência
herdada para a excitação e exaltação perante estímulos novos e busca intensa por aventuras e explorações emocionantes – indivíduo intolerante
à monotonia, que age por impulso e muda rapidamente de interesses e amizades – associa-se ao maior risco de uso e dependência de substâncias
em adolescentes e aos comportamentos de risco e potencialmente antissociais – apresenta como vias neuronais mais ativadas os sistemas
dopaminérgico de recompensa
- Evitação de Danos/Harm Avoidance – tendência inata do indivíduo responder com intensidade a sinais de estímulos aversivos – indivíduo
temeroso, pessimista, inibido, que evita os menores riscos, busca o familiar, o previsível e antecipa os danos possíveis – envolve as vias
neuroquímicas serotonérgicas;
- Dependência de Gratificação / Reward Dependence – tendência herdável do indivíduo responder intensamente a sinais ou indicativos de
recompensa ou de aprovação social – indivíduo com extrema dependência de apoios emocionais e intimidade com os outros, muito sensíveis às
sugestões sociais, responsivos à pressão social, extremamente sensíveis à rejeição, menos em relação a pequenos menosprezos – envolve as
vias neuroquímicas noradrenérgicas;
- Persistência / Persistence – indivíduo ambicioso, tenaz, perseverante, com tendência de manter um comportamento inicialmente
recompensado, mesmo que com o tempo esse não seja mais reforçado;
Dimensões ou Fatores de Caráter
- O caráter é concebido como os aspectos da personalidade que por meio das experiências e dos hábitos surgem do desenvolvimento da
interação do temperamento com os fatores ambientais da história pessoal de cada indivíduo;
- Autodirecionamento / Self-Directedness – percepção de si mesmo como uma pessoa autônoma – indivíduo responsável, capaz de estabelecer
objetivos para si – seu oposto faz-se nos indivíduos que culpam os outros e não tem objetivos na vida pessoal;
- Cooperatividade / Cooperativeness – capacidade de perceber as outras pessoas com seus interesses, valores e visões e de estabelecer soluções
conciliatórias, de ser tolerante – seu oposto faz-se na propensão a ser vingativo e preconceituoso;
- Autotranscedência / Self-Transcendence – dimensão relacionada à espiritualidade, autoaceitação, com a percepção de si mesmo como parte
integral de uma realidade ampliada – seu oposto é a propensão a ser egocêntrico, preso a aspectos exclusivamente materialistas da existência;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE
- Conforme o DSM-5, os transtornos de personalidade são um padrão persistente de experiência interna e comportamentos que se desvia
acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo;
- Padrão inflexível, que gera sofrimento ou prejuízo pessoal e social, devido à desarmonia que se reflete tanto no plano intrapsíquico, quanto
nas relações interpessoais;
- Inicia na adolescência ou no início da idade adulta, sendo estável ao longo do tempo e não facilmente modificáveis;
- Manifestam um conjunto de comportamentos e reações afetivas desarmônicas, que envolvem vários aspectos da vida do indivíduo - manifesta-
se em pelo menos 2 dessas áreas: cognição, afetividade, funcionamento interpessoal ou controle de impulsos;
- O padrão anormal de comportamento e de respostas afetivas e volitivas é permanente, de longa duração e não limitado ao episódio de doença
mental associada;
- O padrão anormal de comportamento inclui muitos aspectos do psiquismo e da vida social do indivíduo, não sendo restrito a apenas um tipo
de reação ou uma área do psiquismo;
- O padrão comportamental é mal-adaptativo, produz uma série de dificuldades para o indivíduo e/ou para as pessoas que com ele convivem;
- São condições não relacionadas diretamente à lesão cerebral evidente ou a transtorno psiquiátrico, embora ocorra alterações de personalidade
secundárias à lesão cerebral;
- O transtorno de personalidade gera algum grau de sofrimento, que pode se tornar aparente para o indivíduo apenas tardiamente;
- Contribui para o mau desempenho ocupacional e social;
- Apresenta sintomas egossintônicos (aceitáveis ao ego) e aloplásticos (tentam alterar o ambiente externo em vez de si mesmos);
- Diagnostica-se um transtorno de personalidade quando os traços de personalidade são rígidos e mal-adaptativos e produzem prejuízo funcional
ou sofrimento subjetivo;
1. EPIDEMIOLOGIA
- São transtornos comuns e crônicos, perdurando por décadas;
- Ocorrem em 10 a 20% da população em geral;
- Cerca de 50% dos pacientes psiquiátricos apresentam um transtorno de personalidade, frequentemente em combinação com outras síndromes
clínicas;
- O transtorno de personalidade é um fator predisponente para outros transtornos psiquiátricos, como o uso de substâncias, suicídio, transtornos
afetivos, do controle de impulsos, alimentares e ansiedade;
- Interfere no resultado dos tratamentos de várias síndromes clínicas;
- Aumenta a incapacitação pessoal, a morbidade e a mortalidade dos pacientes;
- Apresentam maior propensão em recusar auxílio psiquiátrico e a negar seus problemas, em comparação a indivíduos com ansiedade ou
depressão, uma vez que não identificam dor a partir do que os outros percebem como seus sintomas;
2. CLASSIFICAÇÃO
- Diferencia-se 3 grandes subgrupos de transtornos de personalidade;
- Grupo A – esquisitos e/ou desconfiados - inclui transtornos de personalidade com características estranhas ou de afastamento - esquizotípico,
esquizoide e paranoide;
- Grupo B – instáveis e/ou manipuladores - inclui transtornos de personalidade com características dramáticas, impulsivas ou erráticas -
narcisista, borderline, antissocial e histriônico;
- Grupo C – ansiosos e/ou controlados-controladores - inclui transtornos de personalidade com características de ansiedade e medo - obsessivo-
compulsivo, dependente e evitativo;
**frequentemente os indivíduos apresentam traços que não se limitam a um único transtorno de personalidade, devendo ser diagnosticado
cada um deles**
3. ETIOLOGIA
a. FATORES GENÉTICOS
- A concordância dos transtornos de personalidade é maior entre os gêmeos monozigóticos do que entre os dizigóticos, sendo similar entre os
criados juntos e separados – assemelham-se em múltiplas medidas de personalidade, temperamento, interesses ocupacionais, lazer e atitudes
sociais;
- Grupo A – comumente apresentam parentes biológicos com esquizofrenia, sendo essa correlação mais comum na personalidade esquizotípica
do que na esquizoide ou paranoide;
- Grupo B – comumente apresentam parentes biológicos com transtorno de humor - a personalidade antissocial encontra-se relacionada com
antecedentes familiares de transtornos por uso de álcool; a personalidade borderline relaciona-se com os antecedentes familiares de depressão
- pessoas com transtorno de personalidade borderline também costumam apresentar um transtorno do humor - o transtorno de personalidade
histriônica se associa a sintomas somáticos (síndrome de Briquet);
- Grupo C – o transtorno de personalidade evitativa costuma se associar a níveis elevados de ansiedade – o transtorno de personalidade
obsessivo-compulsiva associa-se a sinais de depressão, como o período de latência reduzido do movimento rápido dos olhos (REM) e resultados
anormais nos testes de supressão com dexametasona (TSD);
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
b. FATORES BIOLÓGICOS
Hormônios
- Os traços impulsivos frequentemente ocorre em indivíduos com níveis elevados de testosterona, 17-estradiol e estrona;
- Os níveis da dexametasona podem ser anormais em pacientes com transtorno de personalidade borderline que apresentem sintomas
depressivos;
Monoaminoxidase Plaquetária (MAO)
- Os seus baixos níveis são associados a atividade e sociabilidade;
- Pacientes com transtornos esquizotípicos apresentam baixos níveis plaquetários de MAO;
Movimentos Oculares de Seguimento Suave
- Pessoas com transtorno de personalidade esquizotípica apresentam movimentos oculares de seguimento suave sacádicos (irregulares), sendo
esses também comuns em pessoas introvertidas, com baixa autoestima;
Neurotransmissores
- Níveis elevados de endorfinas endógenas podem estar associados a indivíduos apáticos;
- Os níveis de ácido 5-hidroxi-indolacético (5-HIAA – metabólito de serotonina) é baixo em indivíduos que tentam suicídio e nos que são
impulsivos e agressivos;
- Agentes serotonérgicos, como fluoxetina, podem produzir alterações drásticas em traços de personalidade referentes ao caráter – ex.: pode
diminuir a depressão, impulsividade e reuminação, além de produzir uma sensação geral de bem-estar;
- O aumento de dopamina no SNC causado por psicoestimulantes, como anfetaminas, pode gerar euforia;
Eletrofisiologia
- Os transtornos de personalidade antissocial e borderline apresentam mudanças na condução elétrica do eletroencefalograma, com ondas
lentas;
c. FATORES PSICANALÍTICOS
- Freud – os traços de personalidade se relacionam a uma fixação em um dos estágios psicossexuais do desenvolvimento – ex.: (caráter oral)
indivíduos passivos e dependentes, devido à fixação ao estágio oral, quando dependem dos outros para alimentação; (caráter anal) indivíduos
teimosos, parcimoniosos e altamente escrupulosos devido às dificuldades no treinamento para o uso do banheiro na fase anal;
- Relações Objetivas Internas – durante o desenvolvimento, padrões específicos do self em relação aos outros são internalizados, assim a criança
pela identificação internaliza um dos genitores ou outra pessoa significativa como uma presença interna que continua a ser sentida,
incorporando os traços do objeto externo ao seu próprio self – as representações internas do self e do objeto são cruciais para o desenvolvimento
da personalidade, fazendo com que mediante a exteriorização e a identificação projetiva se desenrolem cenários interpessoais em que os outros
são coagidos a desempenhar um papel na vida interior do indivíduo – permite que as pessoas com transtornos da personalidade sejam
identificadas por padrões específicos de relacionamentos interpessoais que se originam dos padrões internos de relações objetais;
Teoria de Reich - Mecanismos de Defesa
- A marca singular da personalidade de cada indivíduo é determinada por seus mecanismos de defesa característicos;
- O ego usa processos mentais inconscientes para resolver conflitos entre os 4 princípios-guia da vida interior, sendo eles instinto, realidade,
pessoas importantes e consciência;
- O processo mental de defesa, em sua eficácia máxima nos indivíduos com transtorno de personalidade, podem abolir a ansiedade e a depressão
do nível consciente, protegendo-os dos impulsos internos - quando os mecanismos de defesa funcionam, os indivíduos com transtorno de
personalidade conseguem controlar os sentimentos de ansiedade, depressão, raiva, vergonha, culpa e outros afetos, de modo a apresentar
comportamento egossintônico, que não o causa sofrimento mesmo ao afetar outras pessoas de forma adversa, e serem relutantes ao
tratamento, uma vez que suas defesas são importantes para o controle dos afetos desagradáveis;
- Cada transtorno de personalidade apresenta um mecanismo de defesa dominante ou mais rígido, como por exemplo as pessoas com transtorno
de personalidade paranoide usam projeção, enquanto as com transtorno de personalidade esquizoide apresentam retraimento, no entanto cada
paciente pode usar várias defesas;
Fantasia
- Busca de conforto e satisfação dentro de si mesmo, criando vidas imaginárias e amigos imaginários;
- Costumam apresentar indiferença excessiva, devido à dependência da fantasia;
- Apresentam medo de intimidade, cursando com a insociabilidade – faz com que para se aproximar seja necessário a manutenção do interesse
tranquilo, reconfortante e atencioso, sem insistir em reações recíprocas;
- Ocorre em pessoas classificadas como esquizoides, ou seja, pessoas excêntricas, solitárias ou assustadas;
Dissociação/Negação
- Substituição de afetos desagradáveis por agradáveis;
- Podem ser vistas como dramáticas e emocionalmente superficiais;
- Para reduzir a ansiedade expõem-se sem preocupações a perigos excitantes, aceitando-os como exuberantes e sedutores – buscam
reconhecimento da sua coragem e atração, de modo que quando confrontados com as vulnerabilidades e imperfeições entram na defensiva;
- Costumam mentir sem perceber, podendo durante o processo lembrar de coisas esquecidas;
- Para ocorrer aproximação faz-se necessário que não se porte com circunspecção exagerada e usar o deslocamento, para conversar sobre uma
questão de negação em circunstância não ameaçadora – demonstrar empatia com o afeto negado sem confrontar o paciente diretamente com
os fatos pode trazer por si mesmo os tópicos originais à tona;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Em situações sociais, podem transmitir uma ideia de profissionalismo e eficiência, mas costumam gerar medo e conflito entre outras pessoas;
- Obstinado senso de direitos pessoais e tendência a autovalorização excessiva;
- Raramente buscam terapia por si mesmo, sendo comumente encaminhados por um cônjuge ou empregador, conseguindo se recompor e
demonstrar falta de sofrimento;
c. DIAGNÓSTICO
- Apresentam, durante o exame psiquiátrico, modos formais e ações perplexas por terem que
buscar ajuda psiquiátrica;
- Possíveis sinais evidentes: tensão muscular, incapacidade de relaxar, necessidade de
vasculhar o ambiente por pistas, modo sério e sem humor, fala objetiva e lógica (pode ter
como base argumentos falsos), conteúdo de pensamento com projeção, preconceito e ideias
de referência;
d. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Transtorno Delirante – apresenta delírios fixos;
- Esquizofrenia Paranoide – apresentam alucinações e um transtorno manifesto do
pensamento;
- Transtorno de Personalidade Borderline – são capazes de desenvolver um envolvimento
excessivo ou relacionamento tumultuoso com outras pessoas;
- Pessoas com Caráter Antissocial – apresentam longa história de comportamento antissocial;
- Transtorno de personalidade Esquizoide – são retraídos, indiferentes e sem ideação
paranoide;
e. CURSO E PROGNÓSTICO
- Pode ser vitalício ou ser o prenúncio da esquizofrenia;
- Em alguns os traços paranoides podem ceder espaço para formação reativa, preocupação adequada com moralidade e preocupações
altruísticas quando amadurecem ou quando há redução do estresse;
- A maioria dos indivíduos apresentam problemas vitalícios de trabalho e convivência com outras pessoas, que acarretam problemas profissionais
e conjugais;
f. TRATAMENTO
Psicoterapia
- Tratamento recomendado, preferindo-se a psicoterapia individual;
- Os terapeutas devem tratar os pacientes sempre de forma direta, assim caso seja acusado de incoerência ou falha deve agir com sinceridade e
desculpas;
- A psicoterapia individual exige um estilo profissional e não muito afetuoso do terapeuta, uma vez que a confiança e a tolerância à intimidade
são áreas problemáticas para essas pessoas;
- As interpretações sobre sentimentos profundos de dependência, preocupações sexuais e desejos de intimidade do terapeuta sobre o paciente
pode fomentar a sua desconfiança;
- A psicoterapia de grupo pode ser útil para melhorar habilidades sociais e reduzir suspeitas;
- A terapia comportamental pode não ser tolerada para treinamento das habilidades sociais;
- Esses pacientes podem se comportar de forma ameaçadora, sendo necessário a imposição de limites e o controle dos seus atos pelo terapeuta;
- Aborda-se acusações delirantes de forma delicada e realista, sem humilhar os pacientes;
- O terapeuta nunca deve se oferecer para assumir o controle, a menos que seja capaz e esteja disposto a fazê-lo, pois o indivíduo paranoide fica
assustando quando sente que as pessoas que tentam ajuda-lo são fracas e desamparadas;
Farmacoterapia
- Útil para lidar com a agitação e a ansiedade;
- Ansiolítico – comumente o diazepam é suficiente;
- Antipsicótico – o haloperidol, em pequenas doses, por períodos curtos de tempo, pode ser necessário para o manejo da agitação grave ou
pensamento quase delirante;
5. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZOIDE
a. EPIDEMIOLOGIA
- Acomete 5% da população em geral;
- Mais prevalente em homens, ocorrendo em 2 homens:1 mulher;
b. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Padrão vitalício de retraimento social - vivem suas vidas com pouca necessidade ou vontade de formar laços afetivos;
- Apresentam introversão, retraimento distante, falta de envolvimento com eventos diários, desconforto com a interação humana e afeto frio e
constrito;
- São vistos como frios, excêntricos, isolados, indiferentes e calados;
- Apresentam capacidade limitada para expressar sentimentos calorosos, ternos ou raiva para com os outros;
- Tendem a assumir trabalhos solitários, não competitivos, que envolvam pouco ou nenhum contato com os outros – preferem trabalhar à noite,
para que não precisem lidar com muitas pessoas;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Vida Sexual- comumente adiam indefinidamente o amadurecimento da sexualidade, vivendo uma vida sexual apenas na fantasia, devido ao
pouco interesse em ter experiência sexual com terceiro – (homens) podem não se casar, pois são incapazes de atingir intimidade; (mulheres)
pode concordar de forma passiva a se casar com um homem agressivo que deseje o casamento;
- Indiferentes a elogios ou críticas;
- Podem investir muita energia afetiva a interesses não humanos, como matemática, astronomia e serem muito ligados a animais;
- Direcionam atenção a modismos de saúde, alimentação, correntes filosóficas e esquemas de melhoria social, que não exigem envolvimento
pessoal;
- Possuem capacidade normal de reconhecer a realidade, lidando com a maioria das ameaças (reais ou imaginadas) a partir de fantasias de
onipotência ou resignação;
- São capazes de desenvolver e proporcionar ao mundo ideias originais e criativas;
- Preocupação excessiva com fantasias e introspecção;
- Ausência de relacionamentos íntimos ou de relacionamentos confidentes;
- Insensíveis com as normas e convenções sociais;
c. DIAGNÓSTICO
- Aparentam estar pouco à vontade no exame psiquiátrico inicial, mostrando-se ansiosos para
que a entrevista termine;
- Raramente toleram contato visual;
- Seu afeto constrito, distante ou inadequadamente sério, porém pode se perceber por trás
da indiferença o medo;
- Apresentam dificuldade para levar as coisas a sério, com esforços para serem engraçados
fora de contexto;
- Dirigem suas falas a objetivos, mas são propensos a fornecer respostas curtas às perguntas
e evitar conversas espontâneas;
- Podem empregar figuras de linguagem incomuns, como uma metáfora estranha;
- Costumam ter um senso de intimidade com pessoas que não conhecem bem ou que
passaram um longo tempo sem encontrar;
- Sensório intacto e memória com bom funcionamento;
d. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Esquizofrenia, Transtorno Delirante e Transtorno Afetivo – apresentam características
psicóticas, com períodos com sintomas psicóticos positivos, como delírios e alucinações;
- Transtorno de Personalidade Paranoide – apresentam maior envolvimento social, história
de comportamento verbal agressivo e maior tendência a projetar seus sentimentos nos
outros;
- Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva – experimentam a solidão como disfórica, apresentam história mais rica de relações
objetais anteriores e não se entregam com a mesma frequência aos devaneios autistas;
- Transtorno de Personalidade Esquizotípica – assemelha-se mais a paciente com esquizofrenia, com estranhezas de percepção, pensamento,
comportamento e comunicação;
- Transtorno de Personalidade Evitativa – são isolados, mas apresentam forte desejo de participar de atividades;
- Transtorno Autista e Síndrome de Asperger – interação social menos prejudicada e comportamentos e interesses estereotipados menos graves
do que no transtorno de personalidade esquizoide;
e. CURSO E PROGNÓSTICO
- Costuma iniciar no início da infância ou adolescência;
- Apresenta longa duração, mas necessariamente se estabelece de forma vitalícia;
- A proporção da incidência de esquizofrenia nesses pacientes é desconhecida;
f. TRATAMENTO
Psicoterapia
- Apesar da tendência à introspecção, com o desenvolvimento de confiança, o paciente esquizoide pode ainda com apreensão e distantes
revelarem as fantasias, amigos imaginários e temores de dependência insuportáveis;
- Terapias em Grupo – apesar de ficarem envolvidos, podem ficar calados por longos períodos, até que os membros do grupo assumam
importância para o indivíduo;
Farmacoterapia
- As pequenas doses de antipsicóticos, antidepressivos e psicoestimulantes podem beneficiar alguns pacientes;
- Agentes serotonérgicos – deixam o paciente menos sensível a rejeição;
- Benzodiazepínicos – ajudam a diminuir a ansiedade interpessoal;
6. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA
a. EPIDEMIOLOGIA
- Considerado pelo CID-11 como transtorno psicótico primário, no espectro da esquizofrenia, não é mais considerado transtorno de
personalidade;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Ocorre em 3% da população;
- Frequentemente diagnosticada em mulheres com síndrome do X frágil;
- Ligeiramente mais comum no sexo masculino;
- Maior associação entre parentes biológicos de pacientes com esquizofrenia;
- Maior incidência entre gêmeos monozigóticos;
b. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Demonstram perturbação de pensamento e comunicação – o transtorno do pensamento pode não ser totalmente manifesto, porém sua fala
pode ser distinta ou peculiar, fazendo sentido apenas para eles mesmos;
- Apresentam pensamento vago, metafórico, hiperelaborado ou estereotipado;
- Características estranhas ou excêntricas impressionantes, mesmo para leigos – comportamento e/ou aparência física estranha;
- Podem desconhecer seus próprios sentimentos e ter extrema sensibilidade e consciência a respeito dos sentimentos dos outros, sobretudo os
negativos;
- Apresentam pensamento mágico, noções peculiares, ideias de referência, ilusões corporais e desrealização – mundo interior cheio de
relacionamentos imaginários vívidos, temores e fantasias infantis;
- Ideias frequentes de auto-referênca, como se tudo o que acontece no mundo se refere a ele;
- Comumente são supersticiosos, alegando poderes de clarividência e acreditando serem dotados de poderes especiais de pensamento e insight;
- Possuem poucos relacionamentos interpessoais e podem ser isolados ou ter poucos amigos, pois agem de forma inadequada – desconforto
para ter relações interpessoais íntimas;
- Ansiedade excessiva em situações sociais;
- Indivíduos muito desconfiados, com ideação paranoide;
- Apresentam afetos inapropriados ou reduzidos;
- Sob estresse, esses pacientes podem sofrer descompensação e apresentar sintomas psicóticos breves;
- Podem exibir características de transtorno da personalidade borderline, podendo ser concomitantes;
- Os casos graves de transtorno podem apresentar anedonia e depressão grave;
c. DIAGNÓSTICO
- Baseia-se nas peculiaridades de pensamento, comportamento e aparência do paciente;
- Pode ser difícil colher história devido a sua forma incomum de comunicação;
d. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Transtorno de Personalidade Esquizoide e Evitativa – ausêcia de excentricidades em seu
comportamento e pensamento, percepção e comunicação;
- Esquizofrenia – apresenta psicose – no transtorno de personalidade esquizotípico, caso
apareçam sintomas psicóticos, eles são breves e fragmentados;
- Transtorno de Personalidade Paranoide – não apresentam o comportamento estranho dos
pacientes com o subtipo esquizotípico;
e. CURSO E PROGNÓSTICO
- É a personalidade pré-mórbida do paciente com esquizofrenia;
- Pode ser mantida durante toda a vida, casando e trabalhando, apesar das excentricidades;
- 10% desses acabam cometendo suicídio;
f. TRATAMENTO
Psicoterapia
- O clínico deve lidar com o paciente com maior sensibilidade;
- Os pacientes apresentam padrões de pensamento peculiares, estando envolvidos em cultos,
práticas religiosas estranhas e ocultismo;
Farmacoterapia
- Medicamentos Antipsicóticos – úteis para lidar com a ideia de referência, ilusões e outros sintomas do transtorno;
- Antidepressivos – usados quando houver um componente depressivo da personalidade;
7. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL / SOCIOPATIA
a. EPIDEMIOLOGIA
- Ocorre em 0,2 a 3% da população;
- Mais comum em áreas urbanas pobres;
- Maior incidência no sexo masculino, principalmente nos provenientes de famílias maiores;
- Apresenta alta prevalência entre os homens com transtorno por uso de álcool (> 70%) e na população carcerária (75%);
- Inicia-se antes dos 15 anos de idade – ocorre nas meninas antes da puberdade e nos meninos ainda mais cedo;
- Apresentam padrão familiar, sendo 5 vezes mais comum em parentes de primeiro grau de homens com o transtorno de personalidade
antissocial;
b. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Podem parecer normais, simpáticos e lisonjeiros, sendo autênticos representantes dos vigaristas - suas histórias revelam perturbação do
funcionamento das várias áreas da vida;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Incapacidade de se adequar às regras sociais que governam o comportamento de um indivíduo – irresponsabilidade e desrespeito por normas,
regras e obrigações sociais;
- Comumente apresentam atos contínuos de natureza antissocial ou criminosa;
- Baixa tolerância a frustações e baixo limiar para descarga de agressão;
- São extremamente manipuladores, podendo convencer os outros a participarem de esquemas para obter dinheiro fácil ou para alcançar fama
ou notoriedade;
- Não falam a verdade, não podendo confiar neles para executar qualquer tipo de tarefa ou aderir a qualquer padrão convencional de moralidade;
- Apresentam histórico de mentiras, vadiagem, fuga de casa, roubos, brigas, abuso de substâncias, atividades ilegais, promiscuidade, abuso
conjugal, abuso infantil e condução de veículos em estado de embriaguez – ausência de remorso por esses atos;
- Não apresentam compaixão pelas outras pessoas – indiferentes e insensíveis aos sentimentos alheios, incapazes de experimentar a culpa e de
aprender com a experiência;
- Podem impressionar clínicos do sexo oposto com aspectos sedutores e pitorescos da sua personalidade, enquanto clínicos do mesmo sexo
podem enxerga-los como manipuladores e exigentes;
- Não apresentam dificuldade de estabelecer relacionamentos, mas são incapazes de mantê-los - são incapazes de uma interação afetiva
verdadeira e amorosa;
- Propensão para culpar os outros ou para oferecer racionalizações plausíveis para o comportamento que gerou o conflito;
- Não apresentam ansiedade, nem depressão, apesar das ameaças de suicídio e preocupações somáticas poderem ser comum;
- Conteúdo mental sem delírios ou pensamentos irracionais, apresentando comumente senso de realidade aguçado e boa inteligência verbal;
c. DIAGNÓSTICO
- Durante a entrevista podem parecer calmos e confiáveis, mas sob a máscara de sanidade
escondem tensão, hostilidade, irritabilidade e fúria, podendo enganar até o clínico mais
experiente – torna necessário entrevista de estresse, com confrontamento vigoroso do
paciente frente as incoerências da sua história;
- Testes Neurológicos – comumente apresentam resultados de eletroencefalograma
anormais e leves sinais neurológicos, que sugerem dano cerebral mínimo na infância;
d. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Comportamento Ilegal - visa apenas a ganhos, não estando acompanhado pelos traços de
personalidade rígidos, mal-adaptativos e persistentes de um transtorno da personalidade;
- Abuso de Substâncias – diferenciação difícil quando se iniciam na infância e continuam na
vida adulta, devendo diagnosticar ambos os transtornos, porém quando o comportamento
antissocial é secundário ao abuso pré-mórbido de álcool ou de outra substância, o
diagnóstico do transtorno de personalidade antissocial não se justifica;
- Deve-se descartar deficiência intelectual, esquizofrenia ou mania;
e. CURSO E PROGNÓSTICO
- Quando se desenvolve o transtorno de personalidade antissocial segue um curso ininterrupto, com auge do comportamento no fim da
adolescência;
- O prognóstico varia, podendo ocorrer redução dos sintomas com a idade;
- Muitos pacientes podem evoluir com sintomas somáticos e queixas físicas;
- São comuns transtornos depressivos, transtornos por uso de álcool e abuso de outras substâncias;
f. TRATAMENTO
Psicoterapia
- Frequentemente são receptivos a psicoterapia;
- O terapeuta deve lidar com o comportamento autodestrutivo do paciente, superando seu medo de intimidade;
- Terapias em Grupo – são úteis, motivando-os;
Farmacoterapia
- Usados de forma criteriosa para lidar com ansiedade, raiva e depressão, devido ao frequente uso abusivo de substâncias;
- Psicoestimulantes – o metilfenidato pode ser útil em pacientes com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade;
- Antiepilépticos – a carbamazepina ou o valproato podem ser usados para controlar o comportamento impulsivo, quando houverem ondas
anormais no eletroencefalograma;
- Antagonistas dos receptores Beta-adrenérgicos – usados para reduzir a agressividade;
8. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE / TRANSTORNO DE PERSONALIDADE EMOCIONALMENTE INSTÁVEL
a. EPIDEMIOLOGIA
- Ocorre em 1 a 2% da população;
- É 2 vezes mais comum em mulheres do que em homens;
- Associa-se a parentes de primeiro grau com maior incidência de transtorno depressivo maior, transtorno por uso de álcool e abuso de
substâncias;
b. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Encontram-se no limiar entre a neurose e psicose, com instabilidade emocional intensa;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
Farmacoterapia
- Funciona como tratamento adjunto quando direcionada aos sintomas, como o uso de antidepressivos para depressão e queixas somáticas,
agentes ansiolíticos para ansiedade e antipsicóticos para desrealização e ilusões;
10. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE NARCISISTA
a. EPIDEMIOLOGIA
- Ocorre em 1 a 6% das amostras da comunidade;
- Comumente pode ter uma prevalência familiar, pois os pais podem transmitir uma ideia irrealista de onipotência, grandiosidade, talento e
beleza aos seus filhos;
b. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Sentimento de autoimportância grandioso, considerando-se especiais e merecedores de tratamento especial;
- Ausência de empatia pelas pessoas comuns;
- Por trás dessas características existe uma autoestima frágil e vulnerável às menores críticas – costumam lidar mal com críticas, ficando com
raiva quando alguém ousa criticá-las ou ser completamente indiferentes a críticas – devido à sua frágil autoestima, são suscetíveis a depressão;
- Querem que as coisas sejam do seu jeito;
- Frequentemente apresentam ambição por fama e fortuna;
- Apresentam relacionamentos pouco importantes, caracterizados pela exploração interpessoal;
- Comumente recusam obedecer às regras convencionais de comportamento, gerando fúria nas outras pessoas;
- Não conseguem demonstrar empatia;
- Fingem simpatia apenas para atingir seus próprios objetivos egoístas;
- São incapazes de lidar com dificuldades interpessoais, problemas profissionais, rejeição e perda;
- Pode se relacionar com fantasias de grande sucesso pessoal, de poder brilho, beleza ou amor ideal;
- Requerem admiração excessiva;
- Tendem a ser exploradores nas relações interpessoais, buscando vantagens sobre os outros para atingir o seu sucesso pessoal;
- Apresentam inveja do sucesso alheio, mas acha sempre que os outros possuem inveja dele;
- Frequentemente arrogante;
c. DIAGNÓSTICO
d. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Frequentemente acompanhado pelos transtornos de personalidade borderline, histriônica
e antissocial;
- Transtorno de Personalidade Borderline – mais ansiosos, mais propensos a uma vida caótica
e a tentativas de suicídio;
- Transtorno de Personalidade Antissocial – história de comportamento impulsivo associado
ao álcool e a substâncias de abuso, gerando problemas legais;
- Transtorno de Personalidade Histriônica – características de exibicionismo e manipulação
interpessoal;
e. CURSO E PROGNÓSTICO
- Transtorno crônico e difícil de tratar;
- Lidam mal com o processo de envelhecimento, uma vez que valorizam a beleza, força e
atributos da juventude, apegando-se a esses de forma inadequada – torna-os mais
vulneráveis a crises de meia-idade;
f. TRATAMENTO
Psicoterapia
- O tratamento é difícil, pois os pacientes precisam renunciar a seu narcisismo para progredir;
- Terapias em Grupo – ajudam os pacientes a compartilhar e a desenvolver uma reação empática com os outros;
Farmacoterapia
- Lítio – usado em pacientes com quadro clínico com mudanças de humor;
- Antidepressivos – principalmente os fármacos serotonérgicos podem ser úteis em pacientes com baixa tolerância a rejeição e suscetíveis à
depressão;
11. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE EVITATIVA
a. EPIDEMIOLOGIA
- Ocorre em 2 a 3% da população;
- Acomete principalmente crianças pequenas classificadas com um temperamento tímido;
b. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Caracterizadas por um complexo de inferioridade, com crença de ser socialmente incapaz, desinteressante ou inferior;
- Estado constante de tensão e apreensão;
- Apresentam hipersensibilidade extrema a rejeição, podendo levar vidas socialmente retraídas;
- São tímidos (traço principal da personalidade), mas não associais, uma vez que desejam o afeto e a segurança da companhia humana, sendo
sua esquiva justificada pelo suposto medo de rejeição;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
c. DIAGNÓSTICO
- Na entrevista podem ter atitude formal, rígida e distante;
- Afeto constrito, não demonstrando espontaneidade e com humor sério;
- Podem ficar ansiosos por não estarem no controle da entrevista;
- Respondem as perguntas com detalhamento incomum;
- Mecanismos de defesa: racionalização, isolamento, intelectualização, formação reativa e
anulação;
d. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Faz-se difícil a distinção de traços obsessivos-compulsivos para os com transtorno de
personalidade obsessivo-compulsiva, sendo este diagnóstico reservado para indivíduos com
prejuízos significativos no desempenho profissional ou social;
- Pode coexistir com transtorno delirante;
e. CURSO E PROGNÓSTICO
- Curso variável e imprevisível;
- De tempos em tempos, o indivíduo pode desenvolver obsessões ou compulsões no curso
do transtorno;
- Alguns adolescentes tornam-se adultos afetuosos, abertos e simpáticos, outros o transtorno
pode ser o prenúncio da esquizofrenia ou do transtorno depressivo maior;
- Podem prosperar em trabalhos metódicos, dedutivos ou detalhados;
- São vulneráveis a mudanças inesperadas;
- Comumente desenvolvem transtorno depressivo tardiamente;
f. TRATAMENTO
Psicoterapia
- Esses pacientes costumam estar cientes dos seus sofrimentos e buscam tratamento sozinhos;
- O tratamento é prolongado e complexo;
- Os problemas de contratransferência são frequentes;
- Terapia em Grupo – permite interromper o paciente em suas explicações ou interações mal-adaptativas, impedindo que seu comportamento
habitual se complete – podem receber recompensas diretas para mudanças;
Farmacoterapia
- Clonazepam – benzodiazepínico que reduz os sintomas desses pacientes;
- Clormipramina – 60 a 80 mg/dia – pode ser útil se sinais e sintomas se manifestarem;
14. OUTROS TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE ESPECIFICADO
- São transtornos que não se encaixam em nenhuma das categorias (A, B, C e D);
a. PERSONALIDADE PASSIVO-AGRESSIVA
Características Clínicas
- Manifestam a agressividade subjacente de forma passiva;
- Caracterizam-se por obstrucionismo velado, procrastinação, teimosia e ineficácia;
- Resistem a solicitação para desempenho adequado;
- Encontram desculpas para atrasos e defeitos nas pessoas de quem dependem, mas se recusam a desvencilhar desses relacionamentos;
- Não apresentam assertividade e não são diretos quanto a suas próprias necessidades e desejos;
- Ficam ansiosos quando forçados a obter sucesso ou quando sua defesa habitual de voltar sua raiva para si mesmo é removida;
- Tentam manipular seus relacionamentos interpessoais para assumir uma posição de dependência – alguns experimentam esse comportamento
passivo autoprejudicial como punitivo e manipulativo;
- Esperam que outros façam suas tarefas e executem suas responsabilidades de rotina;
- Relacionamentos íntimos raramente tranquilos e felizes;
- Podem jamais elaborar objetivos para encontrar divertimento na vida;
- Não possuem autoconfiança;
- Apresentam visão pessimista do futuro;
- São menos exagerados, dramáticos, afetivos e abertamente agressivos do que os com transtorno de personalidade histriônica e borderline;
Tratamento
- Psicoterapia – o paciente pode tentar se tornar dependente das sessões de terapia – o terapeuta deve indicar as consequências dos
comportamentos passivo-agressivos;
- Antidepressivos – indicados em caso de indicações clínicas de depressão ou possibilidade de suicídio;
b. PERSONALIDADE DEPRESSIVA
Etiologia
- Teorias Psicológicas - pode se associar a perda precoce, maus cuidados paternos, superegos punitivos e sentimentos extremos de culpa;
- Teorias Biológicas – envolve o eixo hipotalâmico-hipofisário-suprarrenal-tireoide, incluindo os sistemas de amina noradrenérgicos e
serotonérgicos;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
REFERÊNCIAS
- KAPLAN & SADOCK. Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 11 ed. 2017. Cap 22 (pg 758 – 778);
- AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-V). 5 ed. 2014. Secção II (pg 684 – 723);
- DALGALARRONDO. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3 ed. 2019. Cap 25 (Pg 492 – 542);
- UNIFESP. Manual de psiquiatria clínica. 2016. Cap 12 (pg 135 - 150).