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[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes

PSIQUIATRIA – PROBLEMA 01 – TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE


 PERSONALIDADE
- Conotações Etimológicas: (persona) máscara dos personagens do teatro na Roma; (personare) em latim significa ressoar por meio de algo –
origina o termo personalidade, apontando para o sentido de que o ator faz ressoar a sua voz, por meio das diversas máscaras e personagens
que cria;
- Modo característico como uma pessoa sente, pensa, reage, se comporta e se relaciona com as outras pessoas;
- Conjunto integrado de traços psíquicos, consistindo no total das características individuais, em sua relação com o meio, conjugando tendências
inatas e experiências adquiridas no curso da sua existência;
- Inclui todas as características de adaptação de formas únicas e ambientes internos e externos em constante modificação (não é
necessariamente instável);
- A personalidade apresenta duplo aspecto, o relativamente estável ao longo da vida e o relativamente dinâmico, sujeito a modificações,
dependendo das mudanças existenciais ou alterações neurobiológicas;
- É impossível conhecer a personalidade do ser humano de uma forma total, uma vez que sempre haverá elementos e dimensões que não podem
ser alcançadas;
- Busca-se construir uma tipologia humana, que integre as várias dimensões e aspectos relacionados à personalidade, como as noções de
constituição corporal, temperamento, caráter e traços de personalidade;
1. CONCEITOS BÁSICOS
a. CONSTITUIÇÃO CORPORAL
- Busca relacionar a personalidade com um conjunto de propriedades morfológicas, metabólicas, bioquímicas e hormonais, que são transmitidas
ao indivíduo principalmente pelos mecanismos genéticos;
- A constituição corporal é responsável pelo aspecto corporal do indivíduo, sua aparência física, o perfil dos seus gestos, voz e estilo dos
movimentos, sendo que esses influenciam significativamente as experiências psicológicas da pessoa ao longo da sua vida;
- Até hoje não se definiu uma biotipologia consensual, ou seja, a aproximação dos tipos anatômicos, fisiológicos ou endócrinos dos padrões de
caráter psicológico;
b. TEMPERAMENTO
- Conjunto de particularidades psicofisiológicas e de padrões de reação psicológica inatos, de base neurobiológica, que diferenciam um indivíduo
do outro -> base genético-neuronal da personalidade;
- Fundamenta que indivíduos nasceriam com temperamento astênico (tendência à passividade, hipoatividade e baixa reatividade), enquanto
outros nasceriam com temperamento estênico (ativo, tendência à iniciativa e reagem prontamente aos estímulos ambientais);
- Essas dimensões iniciam sua expressão muito cedo, sendo estáveis ao longo do ciclo vital;
**a identificação de traços congênitos individuais de temperamento é difícil, pois os indivíduos sempre trazem consigo a combinação dos
aspectos inatos aos aspectos adquiridos, aprendidos e incorporados pela interação constante com os pais e a sociedade – o temperamento inato
se integra ao caráter para formar a personalidade total**
c. CARÁTER
- Conjunto de elementos da personalidade de base psicossocial e sociocultural;
- Representa os aspectos da experiência psicológica do indivíduo que desde cedo incide sobre seu temperamento;
- Resulta do temperamento moldado, modificado e inserido no meio familiar e sociocultural;
- Tipo de reação predominante da pessoa frente as diversas situações e estímulos do ambiente;
- Sobrecompensação Psíquica – caráter que se desenvolve no sentido oposto ao do temperamento – ex.: indivíduo com caráter exibicionista e
teatral, que esconde um temperamento tímido e fóbico;
2. TIPOLOGIAS HUMANAS OU PADRÕES DE PERSONALIDADE
- Buscam agrupar e classificar as pessoas em tipos a partir das suas características individuais, modos de ser e reagir, fragilidades e pontos fortes;
- Durante os séculos várias tipologias foram formuladas por diferentes autores e escolas;
a. TEORIA DE HIPÓCRATES
- Os tipos humanos básicos dependem da presença equilibrada e da convivência harmônica dos 4 humores (sangue, bílis, fleuma e antrabílis);
- Temperamentos: (sanguíneo) fácies rosada, porte atlético e musculatura consistente, tipo expansivo e otimista, irritável, impulsivo, que se
submete aos seus instintos; (fleumático) fácies pálidas, formas arredondadas, olhar doce e vago, sonhador, pacífico e dócil, subordina-se a
hábitos e leva existência isenta de paixões; (colérico/bilioso) olhar ardente, protuberante musculatura evidente, vontade tenaz e poderosa de
demonstrar ambição, desejo de domínio, propensão a reações abruptas e explosivas; (melancólico) tipo nervoso, de olhar triste, músculos pouco
desenvolvidos, caráter muito excitável, tende ao pessimismo, ao rancor e à solidão;
b. TIPOLOGIA DE CARL GUSTAV JUNG
- Instâncias da personalidade: persona, sombra, animus e anima;
- Persona – dimensão exterior e relacional da personalidade, ou seja, máscara adotada pelo indivíduo nas relações sociais, que é introjetada
inconscientemente por meio de múltiplas identificações com o desejo dos outros – papel social;
- Sombra – elementos inconscientes e inaceitáveis da personalidade, reprimidos pela consciência e comumente projetados sobre o outro – polo
oposto ao da persona;
- Ânima – conjunto de elementos femininos inconscientes presente nos homens – surge ao longa das experiências que o homem teve com a
mulher ao longo da história, com a mãe, namoradas, atrizes, professoras, entre outras;
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- Ânimus - conjunto de elementos masculinos inconscientes presente nas mulheres – surge ao longo das experiências que a mulher tem com o
homem ao longo da vida, com o pai, professor, líder religioso, entre outros;
- Self – algo que o indivíduo se destina no seu desenvolvimento interior, a totalidade da sua personalidade – seu desabrochar resulta do
conhecimento da própria sombra, da resolução mais ou menos feliz dos diversos complexos, da assimilação e da integração de aspectos parciais
e cindidos do psiquismo individual – o autoconhecimento pessoal produz um alargamento do mundo interior e possibilita que o self passe a
ocupar o centro da personalidade, fazendo com que o indivíduo se aproxime de uma perspectiva totalizante e integrada de si mesmo e supere
as fragmentações interiores da sua personalidade;
- O movimento e a direção da energia psíquica na vida de cada pessoa fundamentam-se em duas atitudes básicas a extroversão (a libido flui sem
embaraço ou dificuldade em direção aos objetos externos) e a introversão (a libido recua perante os objetos do mundo externo, voltando-se
para seu interior, uma vez que o mundo externo é ameaçador ou sem importância);
- Funções Psíquicas Básicas: (pensamento) esclarece o significado dos objetos, racionalidade e lógica dos processos, desinteressado pelo valor
afetivo; (sentimento) capacidade de estimar afetivamente o mundo, de decidir o valor afetivo e emocional do fenômeno para o indivíduo;
(sensopercepção) capta e identifica com precisão os objetos do mundo externo e permite o contato objetivo com a realidade; (intuição)
percepção inconsciente, apreensão imediata de como os objetos do mundo se comportam e de como os fenômenos ocorrem - indivíduo usa
para se adaptar ao mundo, sendo sempre uma a principal, uma segunda auxiliar, uma terceira rudimentar e quase silenciosa e uma quarta a
função inferior, inconsciente e totalmente adormecida para cada indivíduo;
- As funções se dispõem em pares de oposição, pensamento X sentimento e sensopercepção X intuição;
- Tipologia Humana de Jung: tipo sentimento introvertido, tipo sentimento extrovertido, tipo pensamento introvertido, tipo pensamento
extrovertido, tipo intuição introvertido, tipo intuição extrovertido, tipo percepção introvertido e tipo percepção extrovertido;
c. PERSONALIDADE SEGUNDO FREUD
- Para Freud, a constituição da personalidade passa pelas vicissitudes da libido (energia vital/sexual), pelo seu desenvolvimento em diversas
fases, como se estrutura o desejo inconsciente e as formas como o Eu lida com seus conflitos e frustações libidinais;
- Freud acredita que a personalidade se desenvolve marcada pelo modo como a criança é gratificada em termos de sua libido (energia vital-
sexual);
- As pulsões sexuais atravessam um complicado curso de desenvolvimento e só tem seu final na fase genital, assim antes disso existem vários
organizações pré-genitais da libido, em que o indivíduo pode ficar fixado ou regredir, quando ocorre repressão subsequente, determinando o
perfil de personalidade do adulto ou as neuroses;
- Fases da libido: (fase oral) o prazer encontra-se na boca e no ato de sucção, assim o libido se concentra no mamar, ocorrendo ao longo do
primeiro ano de vida; (fase anal) interesse e prazer da criança em reter e expelir as fezes, ocorrendo do segundo ao terceiro ano de vida; (fase
fálica) as crianças dos 3 aos 5 anos encontram interesse crescente por seus próprios genitais, dirigindo o libido ao phalus no menino e a ausência
do phalus na menina, além de aguardar a represália sob a forma de castração/destruição do que julga ser mais valioso no seu ser; (fase genital)
ocorre no adulto;
**complexo de Édipo – conflito que ocorre na fase fálica, caracterizado por amor e desejo da criança dirigido ao progenitor do sexo oposto e
ódio e rivalidade ao progenitor do mesmo sexo**
- Intojeção – a personalidade do adulto se forma a partir de aspectos dos relacionamentos que se estabelecem no interior das relações familiares,
sobretudo da criança pequena com seus pais e destes com ela;
- A personalidade é marcada pelo modo como se estrutura o desejo inconsciente e pelas formas como o ego lida com seus conflitos e frustações
libidinais, a partir dos mecanismos de defesa;
- Caráter Oral – indivíduos fixados na fase oral de organização da libido, tende à avidez no tomar e no receber, não suporta a privação e tem
dificuldade com a rejeição – tende a ser passivo e exigentemente ávido por receber em relação às pessoas mais próximas – costumam a ser
pessoas dependentes, sem iniciativa, passivos e acomodados;
- Caráter Anal – indivíduos fixados na fase anal, que podem ter seu prazer concentrado na retenção dos seus afetos, atos e pensamentos ou no
expulsar abruptamente esses elementos psíquicos – apresentam trações de caráter obsessivo e compulsivo, desejo de controlar a si mesmo e
aos outros, tendências a fantasias de onipotência e pensamento mágico – costumam ser pessoas organizadas, econômicas, obstinadas, com
inclinação para a ira e a vingança, enfrentando os problemas de forma unilateral;
- Caráter Fálico – indivíduo fixado na fase fálica, tende ao narcisismo de suas qualidades, ao exibicionismo físico e mental, aos atributos e poderes
ou à inibição amedrontada em desejar qualquer coisa que lhe seja de valor – costumam ser pessoas exibicionistas, agressivas, intrometidas e
que se julgam narcisticamente merecedoras de entrar em qualquer espaço que se considera como seu de direito;
- Tipos Libidinais Básicos: (tipo erótico) emprega toda a libido na vida amorosa, desejando intensamente amar e ser amado, de modo a ser
governado pela angústia da possível perda do amor dos outros, ou seja, torna-se dependente dos demais; (tipo compulsivo) dominado pelo
superego e governado pela consciência moral, de modo a depender internamente das normas de conduta, considerando-se o genuíno portador
dos valores de sua sociedade; (tipo narcisista) não apresenta qualquer tensão entre o ego e o superego, não atribui importância às necessidades
eróticas, tende a se impor com personalidade forte diante dos outros, para liderar, desprezando os valores estabelecidos – podem ocorrer de
formas combinadas;
d. BIOTIPOLOGIA DE KRETSCHMER
- Tenta aproximar os tipos anatômicos, fisiológicos ou endócrinos de determinados padrões de caráter psicológico;
- Divide os tipos humanos em 3 espécies morfológicas e psicológicas distintas;
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- Longilíneos/Leptossômicos – indivíduos com predomínio do diâmetro longitudinal, vertical, sobre os outros, com ombros estreitos, peito
aplainado, rosto alargado e estreito, membros longos e delgados – personalidade tende à esquizoidia, sendo hiper-racional, lógico, esquemático,
desconfiado, com dificuldade no contato afetivo espontâneo com pessoas, preferência para os esquemas teóricos e tendência às fantasias
persecutórias – tem propensão à esquizofrenia e a personalidade esquizoide ou esquizotípica;
- Brevelíneos/Pícnicos – indivíduos com predomínio do diâmetro ântero-posterior do tronco, principalmente do abdome, com rosto arredondado
e membros curtos – tendem à ciclotimia ou à sintonia afetiva com as pessoas circundantes – tem propensão ao transtorno afetivo bipolar, à
depressão e às timopatias;
- Tipo Atlético/Muscular – forma intermediária, com sistema ósseo e musculatura desenvolvidos, predomínio do diâmetro transversal, ombros
largos – tendem à esquizofrenia ou à epilepsia;
e. TRAÇOS DE PERSONALIDADE / TRAÇOS ALLPORT
- Visão mãos ideográfica (centrada nas singularidades de cada pessoa), com profunda sensibilidade sobre aspectos existenciais, únicos e
profundos de cada indivíduo, ao longo da sua história pessoal;
- Traços – tendências, características, modos específicos, que são estáveis e determinantes para a personalidade do indivíduo;
- Traços Cardiais – revelam disposições penetrantes e marcantes para o conjunto da personalidade de uma pessoa – ex.: marcadamente
autoritário, sádico e tímido;
- Traços Centrais – são importantes e cobrem amplas áreas da vida de uma pessoa, mas não sua totalidade – ex.: honestidade, assertividade e
generosidade;
- Traços Secundários – disposições menos significativas, consistentes e conspícuas;
- Os diferentes traços podem se combinar de distintas formas;
- Estados – aspectos temporários e breves, eliciados por fatores externos circunstanciais, como demissão, briga familiar ou outro fator
estressante;
 Hipótese Léxica Fundamental (HLF)
- Capta-se de forma sensível os traços de personalidade, a partir de perguntas ou afirmações formuladas com elementos semânticos da
linguagem cotidiana, natural;
- Usa descritores de traços baseados em adjetivos, como: inseguro, irritado, ousado, vingativo;
- É fundamental para a vida social a identificação e falar sobre as características que melhor definem um indivíduo;
- Os traços colhidos com a linguagem léxica fundamental se agrupam de forma mais ou menos intensa, mais ou menos estável;
f. MODELOS ATUAIS DE PERSONALIDADE
- Teste Minnesota Multiphasic Personality Inventory-2-Restructured Form (MMPI-2-RF) – contém 567 afirmações, consideradas certas ou
erradas, em 90 a 120 minutos – apresenta boas propriedades psicométricas – inclui em uma mesma avaliação o diagnóstico de síndromes
mentais com avaliação e diagnóstico de personalidade
- Sixtenn Personality Factos Questionnaire (Questionário 16PF) – proposto por Raymond Cattel - busca agrupamentos de personalidade;
- Modelo de Personalidade de Eysenck – sua abordagem incorpora os aspectos da proposta de Jung (extroversão/introversão), a visão da
importância genética na personalidade humana e a aceitação de pressupostos do behaviorismo – domínios: (neuroticismo) traços como
instabilidade emocional, tensão, tendência à ansiedade e à depressão, preocupação e autopiedade, sendo oposto à estabilidade emocional;
(extroversão) presença de traços de propensão à atividade, assertividade, energia, entusiasmo e socialização, sendo o oposto da introversão;
(psicoticismo) tendência a ter experiências incomuns, bizarras, percepções incomuns ou estranhas, expressão anormal das emoções, negligência
em relação a si mesmo e excentricidade;
g. MODELO BIG FIVE (CGF)

- Modelo de base empírica mais estudado


e difundido no mundo acadêmico, uma
vez que apresenta maior sucesso
empírico e estabilidade em culturas
distintas;
- Define domínios baseados em
pares/polos antagônicos/opostos, que
resumem os principais aspectos da
personalidade;
- Baseia-se em 5 agrupamentos, sendo
eles: (1) extroversão/introversão; (2)
neuroticismo/estabilidade emocional; (3)
responsabilidade/desinibição; (4)
sociabilidade/antagonismo; (5) abertura
à experiência/fechamento;
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- Os 5 domínios apresentam subdomínios/facetas que podem ser avaliados separadamente – ex.: (domínio desinibição) apresenta as facetas
irresponsabilidade, impulsividade, perfeccionismo rígido, distraibilidade e exposição a riscos; (domínio antagonismo) apresenta as facetas
manipulação, desonestidade, grandiosidade, busca de atenção e insensibilidade;
- Domínio da Extroversão – propensão a atividade, energia, entusiasmo, busca dos outros e assertividade – oposto da introversão;
- Domínio do Neuroticismo – afetividade negativa, com traços ansiosos, tensão, preocupação, autopiedade e instabilidade – esses indivíduos
tendem a apresentar alterações na neurotransmissão de serotonina e noradrenalina, na integridade da substância branca, alterações da
amígdala e déficits da regulação da amígdala pelas áreas pré-frontais – faz com que as áreas corticais exerçam controle deficitário sobre as
regiões subcorticais e sobre estruturas límbicas;
- Domínio da Responsabilidade/Conscienciosidade – indivíduos organizados, autodisciplinados, que planejam e se esforçam para obter seus
objetivos – necessidade alta de realização, tendem a ser pontuais, organizados e confiáveis – colocam as obrigações antes do prazer – relaciona-
se à integridade das áreas pré-frontais dorsolaterais, uma vez que essa relaciona-se aos comportamentos orientados para objetivos e ao
direcionamento da atenção;
- Domínio da Desinibição – indivíduos irresponsáveis, impulsivos, descuidados, negligentes, que se expõe a risco e hedonistas;
- Domínio do Antagonismo – indivíduos rudes, insensíveis, hostis, não cooperativas, manipuladoras, tendência a inescrupulosidade, cinismo,
grandiosidade e busca de atenção;
- Domínio da Sociabilidade/Amabilidade – indivíduos empáticos, honestos, prestativos, confiantes, tendem à generosidade e a perdoar –
depende da conectividade global do cérebro, que permite o altruísmo e a cooperação, além do pequeno volume da amígdala, relacionada à
inibição dos impulsos agressivos;
- Domínio da Abertura à Experiência – indivíduos mais curiosos, imaginativos, buscam a novidade e a variedade, tem preferência pela
complexidade, consciência dos próprios sentimentos, reconhecem os sentimentos dos outros, são sensíveis à beleza na arte e à natureza, tem
atração por sistemas de valores e pensamentos não convencionais, tendendo a ser mais tolerantes e criativos;
- Domínio de Fechamento – indivíduo mais convencional, com interesses limitados, não imaginativos, não criativos, não reflexivos;
- Usado no modelo alternativo do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5);
h. MODELO PSICOBIOLÓGICO DE TEMPERAMENTO E CARÁTER / MODELO DE CLONINGER
- Busca fundamentos neuroestruturais, neuroquímicos e genéticos para identificar padrões de reação a estímulos específicos e
consequentemente padrões de personalidade;
- Seu modelo de personalidade apresenta base teórica explícita, que visa integrar o temperamento ao caráter, produzindo como resultado final
a personalidade;
- Usa como instrumento de avaliação o Inventário de Temperamento e Caráter (TCI-R);
 Dimensões ou Fatores de Temperamento
- Dimensões de natureza genética e neurobioquímica, que revelam padrões previsíveis de interação em suas respostas adaptativas a classes
específicas de estímulos do meio ambiente;
- Procura por Novidade/Novelty Seeking – estímulos mais relevantes são a novidade, a recompensa potencial e o alívio da monotonia – tendência
herdada para a excitação e exaltação perante estímulos novos e busca intensa por aventuras e explorações emocionantes – indivíduo intolerante
à monotonia, que age por impulso e muda rapidamente de interesses e amizades – associa-se ao maior risco de uso e dependência de substâncias
em adolescentes e aos comportamentos de risco e potencialmente antissociais – apresenta como vias neuronais mais ativadas os sistemas
dopaminérgico de recompensa
- Evitação de Danos/Harm Avoidance – tendência inata do indivíduo responder com intensidade a sinais de estímulos aversivos – indivíduo
temeroso, pessimista, inibido, que evita os menores riscos, busca o familiar, o previsível e antecipa os danos possíveis – envolve as vias
neuroquímicas serotonérgicas;
- Dependência de Gratificação / Reward Dependence – tendência herdável do indivíduo responder intensamente a sinais ou indicativos de
recompensa ou de aprovação social – indivíduo com extrema dependência de apoios emocionais e intimidade com os outros, muito sensíveis às
sugestões sociais, responsivos à pressão social, extremamente sensíveis à rejeição, menos em relação a pequenos menosprezos – envolve as
vias neuroquímicas noradrenérgicas;
- Persistência / Persistence – indivíduo ambicioso, tenaz, perseverante, com tendência de manter um comportamento inicialmente
recompensado, mesmo que com o tempo esse não seja mais reforçado;
 Dimensões ou Fatores de Caráter
- O caráter é concebido como os aspectos da personalidade que por meio das experiências e dos hábitos surgem do desenvolvimento da
interação do temperamento com os fatores ambientais da história pessoal de cada indivíduo;
- Autodirecionamento / Self-Directedness – percepção de si mesmo como uma pessoa autônoma – indivíduo responsável, capaz de estabelecer
objetivos para si – seu oposto faz-se nos indivíduos que culpam os outros e não tem objetivos na vida pessoal;
- Cooperatividade / Cooperativeness – capacidade de perceber as outras pessoas com seus interesses, valores e visões e de estabelecer soluções
conciliatórias, de ser tolerante – seu oposto faz-se na propensão a ser vingativo e preconceituoso;
- Autotranscedência / Self-Transcendence – dimensão relacionada à espiritualidade, autoaceitação, com a percepção de si mesmo como parte
integral de uma realidade ampliada – seu oposto é a propensão a ser egocêntrico, preso a aspectos exclusivamente materialistas da existência;
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 TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE
- Conforme o DSM-5, os transtornos de personalidade são um padrão persistente de experiência interna e comportamentos que se desvia
acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo;
- Padrão inflexível, que gera sofrimento ou prejuízo pessoal e social, devido à desarmonia que se reflete tanto no plano intrapsíquico, quanto
nas relações interpessoais;
- Inicia na adolescência ou no início da idade adulta, sendo estável ao longo do tempo e não facilmente modificáveis;
- Manifestam um conjunto de comportamentos e reações afetivas desarmônicas, que envolvem vários aspectos da vida do indivíduo - manifesta-
se em pelo menos 2 dessas áreas: cognição, afetividade, funcionamento interpessoal ou controle de impulsos;
- O padrão anormal de comportamento e de respostas afetivas e volitivas é permanente, de longa duração e não limitado ao episódio de doença
mental associada;
- O padrão anormal de comportamento inclui muitos aspectos do psiquismo e da vida social do indivíduo, não sendo restrito a apenas um tipo
de reação ou uma área do psiquismo;
- O padrão comportamental é mal-adaptativo, produz uma série de dificuldades para o indivíduo e/ou para as pessoas que com ele convivem;
- São condições não relacionadas diretamente à lesão cerebral evidente ou a transtorno psiquiátrico, embora ocorra alterações de personalidade
secundárias à lesão cerebral;
- O transtorno de personalidade gera algum grau de sofrimento, que pode se tornar aparente para o indivíduo apenas tardiamente;
- Contribui para o mau desempenho ocupacional e social;
- Apresenta sintomas egossintônicos (aceitáveis ao ego) e aloplásticos (tentam alterar o ambiente externo em vez de si mesmos);
- Diagnostica-se um transtorno de personalidade quando os traços de personalidade são rígidos e mal-adaptativos e produzem prejuízo funcional
ou sofrimento subjetivo;
1. EPIDEMIOLOGIA
- São transtornos comuns e crônicos, perdurando por décadas;
- Ocorrem em 10 a 20% da população em geral;
- Cerca de 50% dos pacientes psiquiátricos apresentam um transtorno de personalidade, frequentemente em combinação com outras síndromes
clínicas;
- O transtorno de personalidade é um fator predisponente para outros transtornos psiquiátricos, como o uso de substâncias, suicídio, transtornos
afetivos, do controle de impulsos, alimentares e ansiedade;
- Interfere no resultado dos tratamentos de várias síndromes clínicas;
- Aumenta a incapacitação pessoal, a morbidade e a mortalidade dos pacientes;
- Apresentam maior propensão em recusar auxílio psiquiátrico e a negar seus problemas, em comparação a indivíduos com ansiedade ou
depressão, uma vez que não identificam dor a partir do que os outros percebem como seus sintomas;
2. CLASSIFICAÇÃO
- Diferencia-se 3 grandes subgrupos de transtornos de personalidade;
- Grupo A – esquisitos e/ou desconfiados - inclui transtornos de personalidade com características estranhas ou de afastamento - esquizotípico,
esquizoide e paranoide;
- Grupo B – instáveis e/ou manipuladores - inclui transtornos de personalidade com características dramáticas, impulsivas ou erráticas -
narcisista, borderline, antissocial e histriônico;
- Grupo C – ansiosos e/ou controlados-controladores - inclui transtornos de personalidade com características de ansiedade e medo - obsessivo-
compulsivo, dependente e evitativo;
**frequentemente os indivíduos apresentam traços que não se limitam a um único transtorno de personalidade, devendo ser diagnosticado
cada um deles**
3. ETIOLOGIA
a. FATORES GENÉTICOS
- A concordância dos transtornos de personalidade é maior entre os gêmeos monozigóticos do que entre os dizigóticos, sendo similar entre os
criados juntos e separados – assemelham-se em múltiplas medidas de personalidade, temperamento, interesses ocupacionais, lazer e atitudes
sociais;
- Grupo A – comumente apresentam parentes biológicos com esquizofrenia, sendo essa correlação mais comum na personalidade esquizotípica
do que na esquizoide ou paranoide;
- Grupo B – comumente apresentam parentes biológicos com transtorno de humor - a personalidade antissocial encontra-se relacionada com
antecedentes familiares de transtornos por uso de álcool; a personalidade borderline relaciona-se com os antecedentes familiares de depressão
- pessoas com transtorno de personalidade borderline também costumam apresentar um transtorno do humor - o transtorno de personalidade
histriônica se associa a sintomas somáticos (síndrome de Briquet);
- Grupo C – o transtorno de personalidade evitativa costuma se associar a níveis elevados de ansiedade – o transtorno de personalidade
obsessivo-compulsiva associa-se a sinais de depressão, como o período de latência reduzido do movimento rápido dos olhos (REM) e resultados
anormais nos testes de supressão com dexametasona (TSD);
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b. FATORES BIOLÓGICOS
 Hormônios
- Os traços impulsivos frequentemente ocorre em indivíduos com níveis elevados de testosterona, 17-estradiol e estrona;
- Os níveis da dexametasona podem ser anormais em pacientes com transtorno de personalidade borderline que apresentem sintomas
depressivos;
 Monoaminoxidase Plaquetária (MAO)
- Os seus baixos níveis são associados a atividade e sociabilidade;
- Pacientes com transtornos esquizotípicos apresentam baixos níveis plaquetários de MAO;
 Movimentos Oculares de Seguimento Suave
- Pessoas com transtorno de personalidade esquizotípica apresentam movimentos oculares de seguimento suave sacádicos (irregulares), sendo
esses também comuns em pessoas introvertidas, com baixa autoestima;
 Neurotransmissores
- Níveis elevados de endorfinas endógenas podem estar associados a indivíduos apáticos;
- Os níveis de ácido 5-hidroxi-indolacético (5-HIAA – metabólito de serotonina) é baixo em indivíduos que tentam suicídio e nos que são
impulsivos e agressivos;
- Agentes serotonérgicos, como fluoxetina, podem produzir alterações drásticas em traços de personalidade referentes ao caráter – ex.: pode
diminuir a depressão, impulsividade e reuminação, além de produzir uma sensação geral de bem-estar;
- O aumento de dopamina no SNC causado por psicoestimulantes, como anfetaminas, pode gerar euforia;
 Eletrofisiologia
- Os transtornos de personalidade antissocial e borderline apresentam mudanças na condução elétrica do eletroencefalograma, com ondas
lentas;
c. FATORES PSICANALÍTICOS
- Freud – os traços de personalidade se relacionam a uma fixação em um dos estágios psicossexuais do desenvolvimento – ex.: (caráter oral)
indivíduos passivos e dependentes, devido à fixação ao estágio oral, quando dependem dos outros para alimentação; (caráter anal) indivíduos
teimosos, parcimoniosos e altamente escrupulosos devido às dificuldades no treinamento para o uso do banheiro na fase anal;
- Relações Objetivas Internas – durante o desenvolvimento, padrões específicos do self em relação aos outros são internalizados, assim a criança
pela identificação internaliza um dos genitores ou outra pessoa significativa como uma presença interna que continua a ser sentida,
incorporando os traços do objeto externo ao seu próprio self – as representações internas do self e do objeto são cruciais para o desenvolvimento
da personalidade, fazendo com que mediante a exteriorização e a identificação projetiva se desenrolem cenários interpessoais em que os outros
são coagidos a desempenhar um papel na vida interior do indivíduo – permite que as pessoas com transtornos da personalidade sejam
identificadas por padrões específicos de relacionamentos interpessoais que se originam dos padrões internos de relações objetais;
 Teoria de Reich - Mecanismos de Defesa
- A marca singular da personalidade de cada indivíduo é determinada por seus mecanismos de defesa característicos;
- O ego usa processos mentais inconscientes para resolver conflitos entre os 4 princípios-guia da vida interior, sendo eles instinto, realidade,
pessoas importantes e consciência;
- O processo mental de defesa, em sua eficácia máxima nos indivíduos com transtorno de personalidade, podem abolir a ansiedade e a depressão
do nível consciente, protegendo-os dos impulsos internos - quando os mecanismos de defesa funcionam, os indivíduos com transtorno de
personalidade conseguem controlar os sentimentos de ansiedade, depressão, raiva, vergonha, culpa e outros afetos, de modo a apresentar
comportamento egossintônico, que não o causa sofrimento mesmo ao afetar outras pessoas de forma adversa, e serem relutantes ao
tratamento, uma vez que suas defesas são importantes para o controle dos afetos desagradáveis;
- Cada transtorno de personalidade apresenta um mecanismo de defesa dominante ou mais rígido, como por exemplo as pessoas com transtorno
de personalidade paranoide usam projeção, enquanto as com transtorno de personalidade esquizoide apresentam retraimento, no entanto cada
paciente pode usar várias defesas;
 Fantasia
- Busca de conforto e satisfação dentro de si mesmo, criando vidas imaginárias e amigos imaginários;
- Costumam apresentar indiferença excessiva, devido à dependência da fantasia;
- Apresentam medo de intimidade, cursando com a insociabilidade – faz com que para se aproximar seja necessário a manutenção do interesse
tranquilo, reconfortante e atencioso, sem insistir em reações recíprocas;
- Ocorre em pessoas classificadas como esquizoides, ou seja, pessoas excêntricas, solitárias ou assustadas;
 Dissociação/Negação
- Substituição de afetos desagradáveis por agradáveis;
- Podem ser vistas como dramáticas e emocionalmente superficiais;
- Para reduzir a ansiedade expõem-se sem preocupações a perigos excitantes, aceitando-os como exuberantes e sedutores – buscam
reconhecimento da sua coragem e atração, de modo que quando confrontados com as vulnerabilidades e imperfeições entram na defensiva;
- Costumam mentir sem perceber, podendo durante o processo lembrar de coisas esquecidas;
- Para ocorrer aproximação faz-se necessário que não se porte com circunspecção exagerada e usar o deslocamento, para conversar sobre uma
questão de negação em circunstância não ameaçadora – demonstrar empatia com o afeto negado sem confrontar o paciente diretamente com
os fatos pode trazer por si mesmo os tópicos originais à tona;
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- Ocorre em pessoas com personalidade histriônica;


 Isolamento
- É característico de pessoas controladas e metódicas, que se lembram da verdade em detalhes, sem afeto;
- Durante crises, o paciente pode apresentar maior autocontrole, comportamento social excessivamente formal e teimosia;
- Tentam assumir o controle e reagem bem a explicações precisas, sistemáticas e racionais;
- Valorizam a eficiência, limpeza, pontualidade e agilidade;
- Ocorre em pessoas com personalidade obsessivo-compulsiva;
 Projeção
- O indivíduo atribui seus próprios sentimentos a outros, sem admiti-los;
- Apresentam excessiva censura e preconceituosa e hipervigilante cobrança de injustiças – faz necessário que para que ocorra aproximação
reconheça-se com honestidade mesmo os enganos de pouca importância cometidos e dialogar sobre a possibilidade de dificuldades que ainda
podem acontecer;
- Pode ser necessário para aproximação usar a honestidade austera e demonstrar preocupação com os direitos do paciente, mantendo a
distância formal e atenciosa, como na defesa de fantasia – o confronto assegura inimizade duradoura, devendo concordar que apresentam
opiniões diferentes;
- Técnica de Contraprojeção – reconhece-se e da razão total aos sentimentos e às percepções dos paranoides, não argumenta contra as queixas
dos pacientes nem as reforça, mas concorda que o mundo descrito por eles é concebível;
 Cisão
- Divide as pessoas que são alvo de sentimentos ambivalentes do paciente em boas e más;
- Pode ser necessário para aproximação a antecipação do processo, confrontar gentilmente o indivíduo com o fato de que ninguém é totalmente
bom, nem totalmente mau;
 Agressividade Passiva
- O indivíduo volta sua raiva contra si mesmo, com fracasso, procrastinação, comportamento tolo ou provocativo, ridicularizção autodegradante
e atos de autodestruição manifestos – masoquismo;
- A hostilidade nesse comportamento nunca está totalmente encoberta;
- Para a aproximação é necessário lidar com a agressividade passiva e ajudar o paciente a desafogar sua raiva;
 Atuação
- Os pacientes expressam diretamente desejos inconscientes ou conflitos por meio de ações para evitar a consciência da ideia e do afeto que a
acompanha;
- Comumente ocorrem ataques de raiva, agressões sem motivo, abuso infantil e promiscuidade sem prazer;
- O comportamento ocorre fora da consciência refletiva, a atuação frequentemente aparente ao observador estar desacompanhada de culpa,
porém quando a atuação é impossível, o conflito por trás da defesa pode ficar acessível;
- Pode ser necessária para aproximação reconhecer que o paciente perdeu o controle, que tudo que disser será mal interpretado e que atrair a
atenção do paciente é fundamental;
 Identificação Projetiva
- Passos: (1) projeta-se um aspecto do self sobre outra pessoa; (2) o indivíduo que projetou tenta coagir a outra pessoa a se identificar com o
que foi projetado; (3) cria-se um sentimento de unidade ou união entre a pessoa que foi alvo da projeção e a pessoa que a realizou;
- Ocorre em pessoas com transtorno de personalidade borderline;
4. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE PARANOIDE
a. EPIDEMIOLOGIA
- Acomete 2 a 4% da população em geral;
- Apresenta incidência mais elevada em pessoas com parentes esquizofrênicos, principalmente os com transtorno delirante do tipo persecutório;
- Ocorre em maior frequência em homens;
- Mais prevalente entre grupos de minorias, como imigrantes e surdos;
b. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Apresentam suspeita e desconfiança excessiva em relação a pessoas em geral, com tendência global de interpretar os atos dos outros como
ameaçadores, malévolos, enganadores ou exploradores;
- Recusam a responsabilidade por seus próprios sentimentos e atribui a outros, esperando ser lesados ou explorados pelos outros de alguma
forma;
- Questionam a lealdade, integridade e fidelidade das pessoas (cônjuge, amigo, sócio) sem qualquer justificativa;
- Exteriorizam suas próprias emoções, usando o mecanismo de defesa de projeção, em que atribuem a outros os impulsos e pensamentos que
não podem aceitar em si mesmos;
- Defendem ideias de referência e ilusão com argumentos lógicos;
- Apresentam afeto restrito, aparentando serem frias e sem emoção – orgulham-se da sua racionalidade e objetividade;
- Expressam desdém em relação a indivíduos que percebem como fracos, doentios, debilitados ou deficientes;
- Apresentam sensibilidade excessiva a rejeições e contratempos;
- Costumam ser hostis, irritáveis, irascíveis, intolerantes, colecionadores de injustiças, rancorosos, cônjuges patologicamente ciumentos, mal-
humorados e litigiosos - essas características surgem no início da vida adulta, em diversos contextos;
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- Em situações sociais, podem transmitir uma ideia de profissionalismo e eficiência, mas costumam gerar medo e conflito entre outras pessoas;
- Obstinado senso de direitos pessoais e tendência a autovalorização excessiva;
- Raramente buscam terapia por si mesmo, sendo comumente encaminhados por um cônjuge ou empregador, conseguindo se recompor e
demonstrar falta de sofrimento;
c. DIAGNÓSTICO
- Apresentam, durante o exame psiquiátrico, modos formais e ações perplexas por terem que
buscar ajuda psiquiátrica;
- Possíveis sinais evidentes: tensão muscular, incapacidade de relaxar, necessidade de
vasculhar o ambiente por pistas, modo sério e sem humor, fala objetiva e lógica (pode ter
como base argumentos falsos), conteúdo de pensamento com projeção, preconceito e ideias
de referência;
d. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Transtorno Delirante – apresenta delírios fixos;
- Esquizofrenia Paranoide – apresentam alucinações e um transtorno manifesto do
pensamento;
- Transtorno de Personalidade Borderline – são capazes de desenvolver um envolvimento
excessivo ou relacionamento tumultuoso com outras pessoas;
- Pessoas com Caráter Antissocial – apresentam longa história de comportamento antissocial;
- Transtorno de personalidade Esquizoide – são retraídos, indiferentes e sem ideação
paranoide;
e. CURSO E PROGNÓSTICO
- Pode ser vitalício ou ser o prenúncio da esquizofrenia;
- Em alguns os traços paranoides podem ceder espaço para formação reativa, preocupação adequada com moralidade e preocupações
altruísticas quando amadurecem ou quando há redução do estresse;
- A maioria dos indivíduos apresentam problemas vitalícios de trabalho e convivência com outras pessoas, que acarretam problemas profissionais
e conjugais;
f. TRATAMENTO
 Psicoterapia
- Tratamento recomendado, preferindo-se a psicoterapia individual;
- Os terapeutas devem tratar os pacientes sempre de forma direta, assim caso seja acusado de incoerência ou falha deve agir com sinceridade e
desculpas;
- A psicoterapia individual exige um estilo profissional e não muito afetuoso do terapeuta, uma vez que a confiança e a tolerância à intimidade
são áreas problemáticas para essas pessoas;
- As interpretações sobre sentimentos profundos de dependência, preocupações sexuais e desejos de intimidade do terapeuta sobre o paciente
pode fomentar a sua desconfiança;
- A psicoterapia de grupo pode ser útil para melhorar habilidades sociais e reduzir suspeitas;
- A terapia comportamental pode não ser tolerada para treinamento das habilidades sociais;
- Esses pacientes podem se comportar de forma ameaçadora, sendo necessário a imposição de limites e o controle dos seus atos pelo terapeuta;
- Aborda-se acusações delirantes de forma delicada e realista, sem humilhar os pacientes;
- O terapeuta nunca deve se oferecer para assumir o controle, a menos que seja capaz e esteja disposto a fazê-lo, pois o indivíduo paranoide fica
assustando quando sente que as pessoas que tentam ajuda-lo são fracas e desamparadas;
 Farmacoterapia
- Útil para lidar com a agitação e a ansiedade;
- Ansiolítico – comumente o diazepam é suficiente;
- Antipsicótico – o haloperidol, em pequenas doses, por períodos curtos de tempo, pode ser necessário para o manejo da agitação grave ou
pensamento quase delirante;
5. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZOIDE
a. EPIDEMIOLOGIA
- Acomete 5% da população em geral;
- Mais prevalente em homens, ocorrendo em 2 homens:1 mulher;
b. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Padrão vitalício de retraimento social - vivem suas vidas com pouca necessidade ou vontade de formar laços afetivos;
- Apresentam introversão, retraimento distante, falta de envolvimento com eventos diários, desconforto com a interação humana e afeto frio e
constrito;
- São vistos como frios, excêntricos, isolados, indiferentes e calados;
- Apresentam capacidade limitada para expressar sentimentos calorosos, ternos ou raiva para com os outros;
- Tendem a assumir trabalhos solitários, não competitivos, que envolvam pouco ou nenhum contato com os outros – preferem trabalhar à noite,
para que não precisem lidar com muitas pessoas;
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- Vida Sexual- comumente adiam indefinidamente o amadurecimento da sexualidade, vivendo uma vida sexual apenas na fantasia, devido ao
pouco interesse em ter experiência sexual com terceiro – (homens) podem não se casar, pois são incapazes de atingir intimidade; (mulheres)
pode concordar de forma passiva a se casar com um homem agressivo que deseje o casamento;
- Indiferentes a elogios ou críticas;
- Podem investir muita energia afetiva a interesses não humanos, como matemática, astronomia e serem muito ligados a animais;
- Direcionam atenção a modismos de saúde, alimentação, correntes filosóficas e esquemas de melhoria social, que não exigem envolvimento
pessoal;
- Possuem capacidade normal de reconhecer a realidade, lidando com a maioria das ameaças (reais ou imaginadas) a partir de fantasias de
onipotência ou resignação;
- São capazes de desenvolver e proporcionar ao mundo ideias originais e criativas;
- Preocupação excessiva com fantasias e introspecção;
- Ausência de relacionamentos íntimos ou de relacionamentos confidentes;
- Insensíveis com as normas e convenções sociais;
c. DIAGNÓSTICO
- Aparentam estar pouco à vontade no exame psiquiátrico inicial, mostrando-se ansiosos para
que a entrevista termine;
- Raramente toleram contato visual;
- Seu afeto constrito, distante ou inadequadamente sério, porém pode se perceber por trás
da indiferença o medo;
- Apresentam dificuldade para levar as coisas a sério, com esforços para serem engraçados
fora de contexto;
- Dirigem suas falas a objetivos, mas são propensos a fornecer respostas curtas às perguntas
e evitar conversas espontâneas;
- Podem empregar figuras de linguagem incomuns, como uma metáfora estranha;
- Costumam ter um senso de intimidade com pessoas que não conhecem bem ou que
passaram um longo tempo sem encontrar;
- Sensório intacto e memória com bom funcionamento;
d. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Esquizofrenia, Transtorno Delirante e Transtorno Afetivo – apresentam características
psicóticas, com períodos com sintomas psicóticos positivos, como delírios e alucinações;
- Transtorno de Personalidade Paranoide – apresentam maior envolvimento social, história
de comportamento verbal agressivo e maior tendência a projetar seus sentimentos nos
outros;
- Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva – experimentam a solidão como disfórica, apresentam história mais rica de relações
objetais anteriores e não se entregam com a mesma frequência aos devaneios autistas;
- Transtorno de Personalidade Esquizotípica – assemelha-se mais a paciente com esquizofrenia, com estranhezas de percepção, pensamento,
comportamento e comunicação;
- Transtorno de Personalidade Evitativa – são isolados, mas apresentam forte desejo de participar de atividades;
- Transtorno Autista e Síndrome de Asperger – interação social menos prejudicada e comportamentos e interesses estereotipados menos graves
do que no transtorno de personalidade esquizoide;
e. CURSO E PROGNÓSTICO
- Costuma iniciar no início da infância ou adolescência;
- Apresenta longa duração, mas necessariamente se estabelece de forma vitalícia;
- A proporção da incidência de esquizofrenia nesses pacientes é desconhecida;
f. TRATAMENTO
 Psicoterapia
- Apesar da tendência à introspecção, com o desenvolvimento de confiança, o paciente esquizoide pode ainda com apreensão e distantes
revelarem as fantasias, amigos imaginários e temores de dependência insuportáveis;
- Terapias em Grupo – apesar de ficarem envolvidos, podem ficar calados por longos períodos, até que os membros do grupo assumam
importância para o indivíduo;
 Farmacoterapia
- As pequenas doses de antipsicóticos, antidepressivos e psicoestimulantes podem beneficiar alguns pacientes;
- Agentes serotonérgicos – deixam o paciente menos sensível a rejeição;
- Benzodiazepínicos – ajudam a diminuir a ansiedade interpessoal;
6. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA
a. EPIDEMIOLOGIA
- Considerado pelo CID-11 como transtorno psicótico primário, no espectro da esquizofrenia, não é mais considerado transtorno de
personalidade;
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- Ocorre em 3% da população;
- Frequentemente diagnosticada em mulheres com síndrome do X frágil;
- Ligeiramente mais comum no sexo masculino;
- Maior associação entre parentes biológicos de pacientes com esquizofrenia;
- Maior incidência entre gêmeos monozigóticos;
b. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Demonstram perturbação de pensamento e comunicação – o transtorno do pensamento pode não ser totalmente manifesto, porém sua fala
pode ser distinta ou peculiar, fazendo sentido apenas para eles mesmos;
- Apresentam pensamento vago, metafórico, hiperelaborado ou estereotipado;
- Características estranhas ou excêntricas impressionantes, mesmo para leigos – comportamento e/ou aparência física estranha;
- Podem desconhecer seus próprios sentimentos e ter extrema sensibilidade e consciência a respeito dos sentimentos dos outros, sobretudo os
negativos;
- Apresentam pensamento mágico, noções peculiares, ideias de referência, ilusões corporais e desrealização – mundo interior cheio de
relacionamentos imaginários vívidos, temores e fantasias infantis;
- Ideias frequentes de auto-referênca, como se tudo o que acontece no mundo se refere a ele;
- Comumente são supersticiosos, alegando poderes de clarividência e acreditando serem dotados de poderes especiais de pensamento e insight;
- Possuem poucos relacionamentos interpessoais e podem ser isolados ou ter poucos amigos, pois agem de forma inadequada – desconforto
para ter relações interpessoais íntimas;
- Ansiedade excessiva em situações sociais;
- Indivíduos muito desconfiados, com ideação paranoide;
- Apresentam afetos inapropriados ou reduzidos;
- Sob estresse, esses pacientes podem sofrer descompensação e apresentar sintomas psicóticos breves;
- Podem exibir características de transtorno da personalidade borderline, podendo ser concomitantes;
- Os casos graves de transtorno podem apresentar anedonia e depressão grave;
c. DIAGNÓSTICO
- Baseia-se nas peculiaridades de pensamento, comportamento e aparência do paciente;
- Pode ser difícil colher história devido a sua forma incomum de comunicação;
d. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Transtorno de Personalidade Esquizoide e Evitativa – ausêcia de excentricidades em seu
comportamento e pensamento, percepção e comunicação;
- Esquizofrenia – apresenta psicose – no transtorno de personalidade esquizotípico, caso
apareçam sintomas psicóticos, eles são breves e fragmentados;
- Transtorno de Personalidade Paranoide – não apresentam o comportamento estranho dos
pacientes com o subtipo esquizotípico;
e. CURSO E PROGNÓSTICO
- É a personalidade pré-mórbida do paciente com esquizofrenia;
- Pode ser mantida durante toda a vida, casando e trabalhando, apesar das excentricidades;
- 10% desses acabam cometendo suicídio;
f. TRATAMENTO
 Psicoterapia
- O clínico deve lidar com o paciente com maior sensibilidade;
- Os pacientes apresentam padrões de pensamento peculiares, estando envolvidos em cultos,
práticas religiosas estranhas e ocultismo;
 Farmacoterapia
- Medicamentos Antipsicóticos – úteis para lidar com a ideia de referência, ilusões e outros sintomas do transtorno;
- Antidepressivos – usados quando houver um componente depressivo da personalidade;
7. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL / SOCIOPATIA
a. EPIDEMIOLOGIA
- Ocorre em 0,2 a 3% da população;
- Mais comum em áreas urbanas pobres;
- Maior incidência no sexo masculino, principalmente nos provenientes de famílias maiores;
- Apresenta alta prevalência entre os homens com transtorno por uso de álcool (> 70%) e na população carcerária (75%);
- Inicia-se antes dos 15 anos de idade – ocorre nas meninas antes da puberdade e nos meninos ainda mais cedo;
- Apresentam padrão familiar, sendo 5 vezes mais comum em parentes de primeiro grau de homens com o transtorno de personalidade
antissocial;
b. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Podem parecer normais, simpáticos e lisonjeiros, sendo autênticos representantes dos vigaristas - suas histórias revelam perturbação do
funcionamento das várias áreas da vida;
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- Incapacidade de se adequar às regras sociais que governam o comportamento de um indivíduo – irresponsabilidade e desrespeito por normas,
regras e obrigações sociais;
- Comumente apresentam atos contínuos de natureza antissocial ou criminosa;
- Baixa tolerância a frustações e baixo limiar para descarga de agressão;
- São extremamente manipuladores, podendo convencer os outros a participarem de esquemas para obter dinheiro fácil ou para alcançar fama
ou notoriedade;
- Não falam a verdade, não podendo confiar neles para executar qualquer tipo de tarefa ou aderir a qualquer padrão convencional de moralidade;
- Apresentam histórico de mentiras, vadiagem, fuga de casa, roubos, brigas, abuso de substâncias, atividades ilegais, promiscuidade, abuso
conjugal, abuso infantil e condução de veículos em estado de embriaguez – ausência de remorso por esses atos;
- Não apresentam compaixão pelas outras pessoas – indiferentes e insensíveis aos sentimentos alheios, incapazes de experimentar a culpa e de
aprender com a experiência;
- Podem impressionar clínicos do sexo oposto com aspectos sedutores e pitorescos da sua personalidade, enquanto clínicos do mesmo sexo
podem enxerga-los como manipuladores e exigentes;
- Não apresentam dificuldade de estabelecer relacionamentos, mas são incapazes de mantê-los - são incapazes de uma interação afetiva
verdadeira e amorosa;
- Propensão para culpar os outros ou para oferecer racionalizações plausíveis para o comportamento que gerou o conflito;
- Não apresentam ansiedade, nem depressão, apesar das ameaças de suicídio e preocupações somáticas poderem ser comum;
- Conteúdo mental sem delírios ou pensamentos irracionais, apresentando comumente senso de realidade aguçado e boa inteligência verbal;
c. DIAGNÓSTICO
- Durante a entrevista podem parecer calmos e confiáveis, mas sob a máscara de sanidade
escondem tensão, hostilidade, irritabilidade e fúria, podendo enganar até o clínico mais
experiente – torna necessário entrevista de estresse, com confrontamento vigoroso do
paciente frente as incoerências da sua história;
- Testes Neurológicos – comumente apresentam resultados de eletroencefalograma
anormais e leves sinais neurológicos, que sugerem dano cerebral mínimo na infância;
d. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Comportamento Ilegal - visa apenas a ganhos, não estando acompanhado pelos traços de
personalidade rígidos, mal-adaptativos e persistentes de um transtorno da personalidade;
- Abuso de Substâncias – diferenciação difícil quando se iniciam na infância e continuam na
vida adulta, devendo diagnosticar ambos os transtornos, porém quando o comportamento
antissocial é secundário ao abuso pré-mórbido de álcool ou de outra substância, o
diagnóstico do transtorno de personalidade antissocial não se justifica;
- Deve-se descartar deficiência intelectual, esquizofrenia ou mania;
e. CURSO E PROGNÓSTICO
- Quando se desenvolve o transtorno de personalidade antissocial segue um curso ininterrupto, com auge do comportamento no fim da
adolescência;
- O prognóstico varia, podendo ocorrer redução dos sintomas com a idade;
- Muitos pacientes podem evoluir com sintomas somáticos e queixas físicas;
- São comuns transtornos depressivos, transtornos por uso de álcool e abuso de outras substâncias;
f. TRATAMENTO
 Psicoterapia
- Frequentemente são receptivos a psicoterapia;
- O terapeuta deve lidar com o comportamento autodestrutivo do paciente, superando seu medo de intimidade;
- Terapias em Grupo – são úteis, motivando-os;
 Farmacoterapia
- Usados de forma criteriosa para lidar com ansiedade, raiva e depressão, devido ao frequente uso abusivo de substâncias;
- Psicoestimulantes – o metilfenidato pode ser útil em pacientes com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade;
- Antiepilépticos – a carbamazepina ou o valproato podem ser usados para controlar o comportamento impulsivo, quando houverem ondas
anormais no eletroencefalograma;
- Antagonistas dos receptores Beta-adrenérgicos – usados para reduzir a agressividade;
8. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE / TRANSTORNO DE PERSONALIDADE EMOCIONALMENTE INSTÁVEL
a. EPIDEMIOLOGIA
- Ocorre em 1 a 2% da população;
- É 2 vezes mais comum em mulheres do que em homens;
- Associa-se a parentes de primeiro grau com maior incidência de transtorno depressivo maior, transtorno por uso de álcool e abuso de
substâncias;
b. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Encontram-se no limiar entre a neurose e psicose, com instabilidade emocional intensa;
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- Apresentam afeto, humor, comportamento, relações objetais e autoimagem instáveis;


- Quase sempre parecem estar em crise;
- Comumente apresentam mudanças de humor – a pessoa pode estar inclinada a discussões em um momento, deprimida no momento seguinte
e mais tarde se queixar de não ter sentimentos;
- Podem apresentar micropsicóticos, que são episódios psicóticos de curta duração, com sintomas limitados, fugazes ou questionáveis;
- Possuem comportamento extremamente imprevisível;
- Raramente suas realizações encontram-se no mesmo nível das suas capacidades;
- Refletem a natureza dolorosa da sua vida em atos autodestrutivos repetidos, podendo cortar os pulsos ou realizar outras formas de
automutilação para obter ajuda dos outros, para exprimir a raiva ou para se anestesiar do afeto que o consome;
- Não toleram ficar sozinhas, realizando uma brusca frenética por companhia e sendo dependentes das pessoas com quem tem intimidade –
fazem estranho de amigo ou se comportam de forma promíscua;
- Comumente apresentam relacionamentos interpessoais intensos, mas tumultuosos, pois quando se frustram dirigem a outra pessoa uma
grande raiva e hostilidade;
- Queixam-se frequentemente de sentimentos crônicos de vazio, tédio, falta de um senso de identidade coerente (difusão de identidade) e de
um turbilhão de outros afetos;
- Apresentam dificuldade e instabilidade em relação à auto-imagem, aos objetivos e às preferências pessoais;
- Apresentam como mecanismo de defesa primitivo a identificação projetiva, projetando aspectos intoleráveis do self no outro, de modo a fazer
com que a outra pessoa seja induzida a desempenhar o papel projetado;
- Mecanismo de defesa cisão - distorcem seus relacionamentos, caracterizando cada pessoa como totalmente boa (idealizada) ou totalmente
más (desvalorizada), como figuras de ligação afetuosas ou como figuras sádicas odiosas, que os privam de suas necessidades de segurança e
ameaçam abandoná-los;
- Caracterizados pela panfobia, pan-ansiedade, pan-ambivalência e sexualidade caótica;
- Demonstram capacidades de raciocínio normais em testes estruturados (como a Escala Wechsler de Inteligência para Adultos), com processos
aberrantes apenas em testes projetivos não estruturados, como o teste de Rorschach;
- Apresentam atos repetitivos de autolesão, envolvendo-se em atuações perigosas e atos suicidas repetitivos;
c. DIAGNÓSTICO
- Pode ser estabelecido no início da idade adulta;
- O paciente deve apresentar ao menos 5 dos critérios do DSM-5;
- Apresentam redução da latência REM e perturbações na continuidade do sono;
- Possuem resultados anormais no TSD e no teste de hormônio liberador de tireotrofina;
d. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Esquizofrenia – apresenta episódios psicóticos prolongados e transtorno do pensamento;
- Transtorno de Personalidade Esquizotípica – apresentam peculiaridades acentuadas de
pensamento, ideação estranha e ideias de referência recorrentes;
- Transtorno de Personalidade Paranoide – suspeita extrema;
e. CURSO E PROGNÓSTICO
- Razoavelmente estável, com pouca mudança ao longo do tempo;
- Não há progressão para esquizofrenia;
- Apresentam incidência elevada de episódios de transtorno depressivo maior;
- Comumente o diagnóstico é estabelecido antes dos 40 anos, quando as pessoas devem fazer
escolhas profissionais ou conjugais;
f. TRATAMENTO
 Psicoterapia
- Difícil para o paciente e para o terapeuta, pois facilmente o paciente regride, age por impulso e demonstra transferências positivas ou negativas
lábeis ou fixas;
- A identificação projetiva pode causar problemas de contratransferência quando o terapeuta não tem a percepção de que o paciente se encontra
inconscientemente tentando coagi-lo a desempenhar um comportamento específico;
- O mecanismo de defesa cisão faz o paciente amar ou odiar o terapeuta de forma alternada;
- A abordagem é mais eficaz quando voltada para a realidade;
- Pode-se empregar o treinamento de habilidades sociais com reprodução de gravações em vídeo, para que o paciente veja como suas ações
afetam outras pessoas e assim melhorem seu comportamento interpessoal;
- Terapia Comportamental – usada para controlar os impulsos e as explosões de raiva dos pacientes e para reduzir sua sensibilidade a críticas e
rejeição – a terapia comportamental dialética (TCD) pode ser usada nos casos de comportamento parassuicida, como cortes frequentes;
 Tratamento Baseado na Mentalização (TBM)
- Baseia-se na teoria de que os sintomas da personalidade borderline são resultado das capacidades reduzidas de mentalização do paciente,
assim a recuperação da mentalização ajuda a regular melhor seus pensamentos e sentimentos;
- Mentalização – construto social que permite a pessoa estar atenta a seus estados mentais e aos dos outros – origina-se da consciência do
indivíduo, dos processos mentais e dos estados subjetivos que surgem nas interações interpessoais;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes

 Psicoterapia Focada na Transferência (PFT)


- Forma modificada de psicoterapia psicodinâmica, em que o terapeuta usa dois processos principais;
- Clarificação – analisa a transferência de forma mais direta, fazendo com que o paciente rapidamente se torne consciente das suas distorções
com relação ao terapeuta;
- Confrontação – o terapeuta indica como essas distorções de transferência interferem nas relações interpessoais com outros;
- Indicativos de sucesso: redução da necessidade de cisão, melhora das relações objetais e alcance de nível de funcionamento mais normal;
 Farmacoterapia
- Lida com características específicas da personalidade que interferem no funcionamento geral do paciente;
- Antipsicóticos – usados para controlar raiva, hostilidade e episódios psicóticos breves;
- Antidepressivos – melhoram o humor deprimido;
- Inibidores de MAO (IMAO) – modulam o comportamento impulsivo;
- Benzodiazepínicos – ajudam com ansiedade e depressão;
- Anticonvulsivantes – podem melhorar o funcionamento global de alguns pacientes;
9. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE HISTRIÔNICA
a. EPIDEMIOLOGIA
- Ocorrem em 1 a 3% da população;
- Mais frequente em mulheres;
- Pode se associar com transtornos de sintomas somáticos e transtornos por uso de álcool;
b. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Pessoas excitáveis e emotivas, que se comportam de forma dramática, teatral, florida e extrovertida;
- Incapacidade de manterem ligações profundas e duradouras;
- Apresentam grau elevado de comportamento de busca por atenção;
- Tendem a exagerar seus pensamentos e sentimentos, fazendo tudo soar mais importante do que realmente é;
- Exibem ataques de raiva, choro e acusações quando não são o centro das atenções ou não estão recebendo elogios ou aprovação;
- Sugestionabilidade aumentada, sendo facilmente influenciados por outros ou pelas circunstâncias;
- Busca contínua de atenção e apreciação pelos outros, querendo ser o centro das atenções;
- Ambos os sexos apresentam comportamento sedutor – sedução inapropriada em aparência (vestimenta, maquiagem), comportamento,
erotização de situações não eróticas;
- Possuem fantasias sexuais com as pessoas com quem se envolvem, demonstrando-as com incoerência ao verbalizar ou se comportando de
forma tímida;
- Podem apresentar disfunção psicossexual, com mulheres anorgásmicas e homens impotentes;
- Afetividade superficial, pueril e lábil - seus relacionamentos são propensos a serem superficiais;
- Necessitam de tranquilização infinita;
- Caracterizam-se por serem vaidosos, egocêntricos, volúveis, ingênuos e crédulos;
- Seus principais mecanismos de defesa são repressão e dissociação – esses pacientes não estão cientes de seus verdadeiros sentimentos e não
conseguem explicar suas motivações;
c. DIAGNÓSTICO
- São cooperativos e ávidos por fornecer história detalhada em entrevistas;
- Comumente apresentam gesticulações e exclamações dramáticas em seu discurso, com
linguagem pitoresca;
- Apresentam exibição afetiva comum, mas quando pressionados a reconhecer determinados
sentimentos podem reagir com surpresa, indignação ou negação;
- Os resultados do exame cognitivo costumam ser normais, porém pode-se demonstrar a falta
de perseverança em tarefas aritméticas ou de concentração e o esquecimento do paciente
de material com carga afetiva;
d. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Transtorno de Personalidade Borderline – tentativas de suicídio, difusão de identidade e
episódios psicóticos breves – pode ser diagnosticado em um mesmo paciente histriônico;
- Síndrome de Briquet – transtorno de sintomas somáticos que pode ocorrer em conjunto
com o da personalidade histriônica;
e. CURSO E PROGNÓSTICO
- Com a idade os sintomas tornam-se menos evidentes no transtorno de personalidade histriônica;
- Esses indivíduos podem ter problemas legais, fazer abuso de substâncias e agir de forma promíscua, pois buscam sensações;
f. TRATAMENTO
 Psicoterapia
- Clarificação – processo terapêutico importante, pois esses pacientes costumam não estar cientes dos seus próprios sentimentos reais;
- O tratamento mais indicado para essas pessoas é a psicoterapia e a orientação psicanalítica em grupo ou individual;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes

 Farmacoterapia
- Funciona como tratamento adjunto quando direcionada aos sintomas, como o uso de antidepressivos para depressão e queixas somáticas,
agentes ansiolíticos para ansiedade e antipsicóticos para desrealização e ilusões;
10. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE NARCISISTA
a. EPIDEMIOLOGIA
- Ocorre em 1 a 6% das amostras da comunidade;
- Comumente pode ter uma prevalência familiar, pois os pais podem transmitir uma ideia irrealista de onipotência, grandiosidade, talento e
beleza aos seus filhos;
b. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Sentimento de autoimportância grandioso, considerando-se especiais e merecedores de tratamento especial;
- Ausência de empatia pelas pessoas comuns;
- Por trás dessas características existe uma autoestima frágil e vulnerável às menores críticas – costumam lidar mal com críticas, ficando com
raiva quando alguém ousa criticá-las ou ser completamente indiferentes a críticas – devido à sua frágil autoestima, são suscetíveis a depressão;
- Querem que as coisas sejam do seu jeito;
- Frequentemente apresentam ambição por fama e fortuna;
- Apresentam relacionamentos pouco importantes, caracterizados pela exploração interpessoal;
- Comumente recusam obedecer às regras convencionais de comportamento, gerando fúria nas outras pessoas;
- Não conseguem demonstrar empatia;
- Fingem simpatia apenas para atingir seus próprios objetivos egoístas;
- São incapazes de lidar com dificuldades interpessoais, problemas profissionais, rejeição e perda;
- Pode se relacionar com fantasias de grande sucesso pessoal, de poder brilho, beleza ou amor ideal;
- Requerem admiração excessiva;
- Tendem a ser exploradores nas relações interpessoais, buscando vantagens sobre os outros para atingir o seu sucesso pessoal;
- Apresentam inveja do sucesso alheio, mas acha sempre que os outros possuem inveja dele;
- Frequentemente arrogante;
c. DIAGNÓSTICO
d. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Frequentemente acompanhado pelos transtornos de personalidade borderline, histriônica
e antissocial;
- Transtorno de Personalidade Borderline – mais ansiosos, mais propensos a uma vida caótica
e a tentativas de suicídio;
- Transtorno de Personalidade Antissocial – história de comportamento impulsivo associado
ao álcool e a substâncias de abuso, gerando problemas legais;
- Transtorno de Personalidade Histriônica – características de exibicionismo e manipulação
interpessoal;
e. CURSO E PROGNÓSTICO
- Transtorno crônico e difícil de tratar;
- Lidam mal com o processo de envelhecimento, uma vez que valorizam a beleza, força e
atributos da juventude, apegando-se a esses de forma inadequada – torna-os mais
vulneráveis a crises de meia-idade;
f. TRATAMENTO
 Psicoterapia
- O tratamento é difícil, pois os pacientes precisam renunciar a seu narcisismo para progredir;
- Terapias em Grupo – ajudam os pacientes a compartilhar e a desenvolver uma reação empática com os outros;
 Farmacoterapia
- Lítio – usado em pacientes com quadro clínico com mudanças de humor;
- Antidepressivos – principalmente os fármacos serotonérgicos podem ser úteis em pacientes com baixa tolerância a rejeição e suscetíveis à
depressão;
11. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE EVITATIVA
a. EPIDEMIOLOGIA
- Ocorre em 2 a 3% da população;
- Acomete principalmente crianças pequenas classificadas com um temperamento tímido;
b. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Caracterizadas por um complexo de inferioridade, com crença de ser socialmente incapaz, desinteressante ou inferior;
- Estado constante de tensão e apreensão;
- Apresentam hipersensibilidade extrema a rejeição, podendo levar vidas socialmente retraídas;
- São tímidos (traço principal da personalidade), mas não associais, uma vez que desejam o afeto e a segurança da companhia humana, sendo
sua esquiva justificada pelo suposto medo de rejeição;
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- Precisam de garantias fortes de aceitação;


- Ao conversar com alguém, podem falar de modo discreto, expressando incerteza e falta de autoconfiança;
- Devido ao fato de serem hipervigilantes quanto à rejeição, temem falar em público ou fazer pedidos a outras pessoas;
- Apresentam inclinação a interpretar mal os comentários dos outros, como depreciativos ou ridicularizadores;
- A recusa de qualquer pedido os leva ao retraimento e a se sentirem magoados;
- Apresentam restrições na vida diária devido à necessidade de seguranças física ou psíquica;
- Costumam assumir empregos que recebam pouca atenção;
- Raramente alcançam muito avanço pessoal ou exercem muita autoridade;
- Não se encontram dispostas a começar relacionamentos a menos que recebam uma forte garantia de aceitação sem críticas;
- Comumente não apresentam amigos íntimos, nem confidentes;
c. DIAGNÓSTICO
- Apresentam ansiedade acerca de falar com um entrevistador;
- Comportamento tenso e nervoso parece se expandir e se retrair conforme a percepção de
ser apreciado ou não pelo entrevistador;
- Demonstra ser vulnerável aos comentários e às sugestões do entrevistador;
- Pode interpretar uma clarificação ou interpretação como crítica;
d. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Transtorno de Personalidade Esquizoide – desejam ficar sozinhos;
- Transtorno de Personalidade Borderline e Histriônica – exigentes, irritáveis ou imprevisíveis;
- Transtorno de Personalidade Dependente – temor maior de serem abandonados ou não
amados – o quadro clínico pode ser indistinguível;
e. CURSO E PROGNÓSTICO
- São capazes de funcionar em um ambiente protegido;
- Alguns desses se casam, tem filhos e vivem suas vidas rodeadas apenas por membros da família, porém caso seu sistema de apoio falhe, ficam
sujeitas a depressão, ansiedade e raiva;
- Comumente apresentam esquivas fóbicas, com histórias de fobia social;
f. TRATAMENTO
 Psicoterapia
- Depende da solidificação de uma aliança com o paciente, com o desenvolvimento da confiança, a partir da atitude de aceitação dos temores
do paciente e do medo de rejeição;
- O terapeuta deve encorajar o paciente a sair para o mundo e assumir os riscos de humilhação, rejeição e fracasso – deve-se ter cautela ao
estabelecer as tarefas fora da terapia, pois o fracasso pode reforçar a baixa autoestima;
- Terapia Comportamental – treinamento de assertividade, ensinando-o a expressar abertamente suas necessidades e aumentar sua autoestima;
- Terapia em Grupo – ajuda o paciente a compreender como sua sensibilidade a rejeição o afeta e atinge os outros;
 Farmacoterapia
- Usada para o manejo da ansiedade e depressão;
- Antagonistas de Receptores Beta-Adrenérgicos – o atenolol pode ser útil para o manejo de hiperatividade do sistema nervoso autônomo, que
é elevada em indivíduos com transtorno de personalidade evitativa, principalmente ao lidarem com situações que lhes dão medo;
- Fármacos Dopaminérgicos- podem gerar comportamento de busca por novidades – só devem ser empregados em indivíduos psicologicamente
preparados para possíveis resultados de novas experiências;
12. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE DEPENDENTE
a. EPIDEMIOLOGIA
- Ocorre em 0,6% da população;
- Mais comum em mulheres;
- Comumente ocorre em crianças pequenas, com maior prevalência em pessoas com doenças físicas crônicas na infância;
b. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Apresentam padrão global de comportamento dependente e submisso;
- Não apresentam autoconfiança;
- Não conseguem tomar decisões sem uma quantidade excessiva de aconselhamento e tranquilização dos outros - fazem outras pessoas
assumirem a responsabilidade por áreas importantes da sua vida;
- Subordinam suas próprias necessidades e desejos às necessidades de outros;
- Podem apresentar desconforto intenso ao ficar sozinhas por mais que breves períodos, buscando pessoas de quem possa depender –
encontram dificuldade de perseverar em tarefas quando sozinhas e apresentam relacionamentos distorcidos, devido à necessidade de estar
apegado à outra pessoa;
- Apresentam preocupação e/ou medo exagerado de ser abandonado pela pessoa da qual depende;
- Possuem capacidade limitada de tomar as decisões cotidianas sem excesso de conselhos e reasseguramento pelos outros;
- Evitam posições de responsabilidade, ficando ansiosos ao precisarem assumir um papel de liderança – preferem ser submissas;
- Caracterizam-se pelo pessimismo, insegurança, passividade, temor de expressar sentimentos sexuais e agressividade;
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- Relutância em fazer exigências às pessoas de que depende;


- Transtorno Psicótico Compartilhado/Folie à Deux – um membro apresenta transtorno de personalidade dependente, assim este assume o
sistema delirante do parceiro mais agressivo e com maior autoafirmação, de quem depende;
c. DIAGNÓSTICO
- Paciente complacente na entrevista, tenta cooperar, é receptivo a perguntas específicas e
busca orientação;
d. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Transtorno de Personalidade histriônica e Borderline – dependência com uma série de
pessoas e propensos a serem abertamente manipuladores;
- Transtorno de Personalidade Esquizoide e Esquizotípica – pode ser indistinguível;
- Pessoas com Agorafobia – podem apresenta comportamento dependente, mas com nível
elevado de ansiedade manifesta ou pânico;
e. CURSO E PROGNÓSTICO
- Compromete o funcionamento ocupacional;
- Limita seus relacionamentos sociais às pessoas de quem dependem;
- Frequentemente sofrem abuso físico ou mental, pois não conseguem se impor;
- Apresentam risco elevado de desenvolver transtorno depressivo ao perderem a pessoa de
quem dependem;
- Prognóstico favorável com tratamento;
f. TRATAMENTO
 Psicoterapia
- O terapeuta deve mostra respeito pelos sentimentos de apego desses pacientes, independentemente de quanto esses sentimentos possam
parecer patológicos;
- Terapias voltadas para o insight – permite o paciente compreender os antecedentes do seu comportamento, podendo se tornar mais
independente, assertivo e autossuficiente;
- Formas de terapia possíveis: terapia comportamental, treinamento de assertividade, terapia de família e terapia em grupo;
 Farmacoterapia
- Usada para lidar com sintomas específicos como ansiedade e depressão;
- Imipramina – pode ser benéfica em pacientes com ataques de pânico ou com níveis elevados de ansiedade de separação;
- Psicoestimulantes – podem ser usados em caso de depressão ou em pacientes com sintomas de abstinência;
13. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE OBSESSIVO-COMPULSIVA / ANACÁSTICO
a. EPIDEMIOLOGIA
- Ocorre em 2 a 8% da população;
- Mais comum em homens do que em mulheres;
- Diagnosticado com maior frequência em irmãos mais velhos;
- Mais observado em parentes biológicos em 1º grau de pessoas com o transtorno;
- Esses pacientes costumam ter antecedentes com disciplina rígida;
b. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Apresentam padrão global de perfeccionismo e inflexibilidade;
- São pessoas obcecadas por regras, regulamentos, listas, ordem, esquemas, método, limpeza, organização, detalhes e desejo de alcançar a
perfeição – insistem que as regras devem ser seguidas de forma rígida, não conseguindo tolerar infrações;
- Caracterizam-se por constrição emocional, organização, perseverança, teimosia e indecisão;
- O perfeccionismo interfere na conclusão de tarefas;
- Conseguem trabalhar por muito tempo em serviços com rotina e que não exija mudanças as quais não se podem adaptar;
- Apresentam dúvidas excessivas sobre assuntos irrelevantes;
- Cautela demasiada e rigidez;
- Possuem habilidades interpessoais limitadas – a rigidez impede ou anula o prazer nas relações interpessoais;
- São formais e sérios, costumando não ter senso de humor;
- Isolam pessoas, são incapazes de ceder e insistem para que os outros se submetam a suas necessidades;
- Preocupados indevidamente com detalhes da vida;
- Anseiam por agradar pessoas que consideram mais poderosas, executando seus desejos de forma autoritária;
- Apresentam poucos amigos, mas costumam ter casamento estável e adequação profissional;
- Fatores que ameaçam a estabilidade da sua rotina geram ansiedade;
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c. DIAGNÓSTICO
- Na entrevista podem ter atitude formal, rígida e distante;
- Afeto constrito, não demonstrando espontaneidade e com humor sério;
- Podem ficar ansiosos por não estarem no controle da entrevista;
- Respondem as perguntas com detalhamento incomum;
- Mecanismos de defesa: racionalização, isolamento, intelectualização, formação reativa e
anulação;
d. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Faz-se difícil a distinção de traços obsessivos-compulsivos para os com transtorno de
personalidade obsessivo-compulsiva, sendo este diagnóstico reservado para indivíduos com
prejuízos significativos no desempenho profissional ou social;
- Pode coexistir com transtorno delirante;
e. CURSO E PROGNÓSTICO
- Curso variável e imprevisível;
- De tempos em tempos, o indivíduo pode desenvolver obsessões ou compulsões no curso
do transtorno;
- Alguns adolescentes tornam-se adultos afetuosos, abertos e simpáticos, outros o transtorno
pode ser o prenúncio da esquizofrenia ou do transtorno depressivo maior;
- Podem prosperar em trabalhos metódicos, dedutivos ou detalhados;
- São vulneráveis a mudanças inesperadas;
- Comumente desenvolvem transtorno depressivo tardiamente;
f. TRATAMENTO
 Psicoterapia
- Esses pacientes costumam estar cientes dos seus sofrimentos e buscam tratamento sozinhos;
- O tratamento é prolongado e complexo;
- Os problemas de contratransferência são frequentes;
- Terapia em Grupo – permite interromper o paciente em suas explicações ou interações mal-adaptativas, impedindo que seu comportamento
habitual se complete – podem receber recompensas diretas para mudanças;
 Farmacoterapia
- Clonazepam – benzodiazepínico que reduz os sintomas desses pacientes;
- Clormipramina – 60 a 80 mg/dia – pode ser útil se sinais e sintomas se manifestarem;
14. OUTROS TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE ESPECIFICADO
- São transtornos que não se encaixam em nenhuma das categorias (A, B, C e D);
a. PERSONALIDADE PASSIVO-AGRESSIVA
 Características Clínicas
- Manifestam a agressividade subjacente de forma passiva;
- Caracterizam-se por obstrucionismo velado, procrastinação, teimosia e ineficácia;
- Resistem a solicitação para desempenho adequado;
- Encontram desculpas para atrasos e defeitos nas pessoas de quem dependem, mas se recusam a desvencilhar desses relacionamentos;
- Não apresentam assertividade e não são diretos quanto a suas próprias necessidades e desejos;
- Ficam ansiosos quando forçados a obter sucesso ou quando sua defesa habitual de voltar sua raiva para si mesmo é removida;
- Tentam manipular seus relacionamentos interpessoais para assumir uma posição de dependência – alguns experimentam esse comportamento
passivo autoprejudicial como punitivo e manipulativo;
- Esperam que outros façam suas tarefas e executem suas responsabilidades de rotina;
- Relacionamentos íntimos raramente tranquilos e felizes;
- Podem jamais elaborar objetivos para encontrar divertimento na vida;
- Não possuem autoconfiança;
- Apresentam visão pessimista do futuro;
- São menos exagerados, dramáticos, afetivos e abertamente agressivos do que os com transtorno de personalidade histriônica e borderline;
 Tratamento
- Psicoterapia – o paciente pode tentar se tornar dependente das sessões de terapia – o terapeuta deve indicar as consequências dos
comportamentos passivo-agressivos;
- Antidepressivos – indicados em caso de indicações clínicas de depressão ou possibilidade de suicídio;
b. PERSONALIDADE DEPRESSIVA
 Etiologia
- Teorias Psicológicas - pode se associar a perda precoce, maus cuidados paternos, superegos punitivos e sentimentos extremos de culpa;
- Teorias Biológicas – envolve o eixo hipotalâmico-hipofisário-suprarrenal-tireoide, incluindo os sistemas de amina noradrenérgicos e
serotonérgicos;
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- A predisposição genética também pode contribuir para o transtorno;


 Características Clínicas
- Apresentam traços vitalícios do espectro depressivo;
- Caracterizam-se por serem pessimistas, anedônicas, presas ao dever, inseguras e cronicamente infelizes;
- Sentem pouco do prazer normal de viver – queixam-se de sentimentos crônicos de infelicidade;
- Apresentam inclinação para serem solitários, tristes, submissos e autodepreciativos – propensos a se denegrirem, detratar seus trabalhos e
seus relacionamentos;
- Propensos a exprimirem arrependimentos e sentimentos de inadequação e desesperança;
- Costumam ser meticuloso, perfeccionista, extremamente zeloso e obcecado com o trabalho – apresentam sentimentos agudos de
responsabilidade;
- Desencorajam-se facilmente sob novas condições;
- Apresentam medo de desaprovação;
- Tendem à hesitação, indecisão e cautela, devido ao sentimento inerente de insegurança;
- Frequentemente sua fisionomia reflete seu humor, com má postura, expressão facial deprimida, voz rouca e retardo psicomotor;
- Grupos de Traços Depressivos, conforme Hagop Akiskal: (1) calado, introvertido, passivo e não assertivo; (2) triste, pessimista, sério e incapaz
de se divertir; (3) dotado de autocrítica, autocensura e autodepreciação; (4) cético, crítico aos outros e difícil de agradar; (5) consciencioso,
responsável e autodisciplinado; (6) taciturno e dado a preocupações; (7) obcecado com eventos negativos, sentimentos de inadequação e falhas
pessoais;
- O transtorno distímico o transtorno depressivo maior são variantes mais graves dessa personalidade;
 Tratamento
- Psicoterapia – respondem a psicoterapia voltada para o insight, entendendo os efeitos da sua doença nos relacionamentos interpessoais –
tratamento de longo prazo;
- Antidepressivos – sertralina (agente serotoninérgico), 50 mg/dia;
- Psicoestimulante – anfetamina, 5 a 15 mg/dia;
c. PERSONALIDADE SADOMASOQUISTA
- Não constitui uma categoria diagnóstica oficial do DSM-5, mas pode ser diagnosticada como transtorno de personalidade sem outra
classificação;
- Sadismo – desejo de causar dor a outros, pelo abuso sexual, físico ou psicológico geral – alcançar prazer sexual apenas quando fazem nos outros
o que temem que seja feito a eles;
- Masoquismo – obtenção de gratificação social ao infligir a dor a si mesmo – os masoquistas morais buscam humilhação e fracasso em vez de
dor física;
- O comportamento sádico e o masoquista costumam estar presentes na mesma pessoa;
- Psicoterapia – pode usar o insight e a psicanálise, com resultados eficazes, tornando o paciente ciente da necessidade de autopunição
secundária e culpa inconsciente e excessiva;
d. PERSONALIDADE SÁDICA
- Exibem padrão global de comportamento cruel, depreciativo e agressivo em relação aos outros;
- Usa crueldade ou violência física para causar dor às outras pessoas, sem outros objetivos;
- Gostam de humilhar ou depreciar pessoas na frente dos outros;
- São fascinados por violência, armas, ferimentos ou tortura;
- Não é motivado unicamente pelo desejo de obter excitação sexual;
15. MUDANÇA DE PERSONALIDADE DEVIDO A OUTRA CONDIÇÃO MÉDICA
- Transtornos de personalidade e comportamentais causado por doenças, lesões ou disfunções cerebrais;
- Caracteriza-se pela alteração acentuada no estilo da personalidade e em seus traços a partir de um nível de funcionamento anterior;
- Deve-se existir evidências de um fator causativo de origem orgânica anterior ao início da mudança de personalidade;
- Inclui: transtorno orgânico da personalidade, síndrome pós-encefalítica e síndrome pós-concussão;
- Etiologia: traumatismo craniano, neoplasia cerebral, AVE;
- Prejudica o controle da expressão de emoções e de impulsos;
- Tornam as emoções lábeis e superficiais ou podem manifestar euforia (excitação e bom humor soa falsos e tolos) e apatia proeminentes;
- Podem ocorrer explosões de raiva com pouca ou nenhuma provocação;
- Apresentam habilidade reduzida de prever as consequências legais dos atos futuros;
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 REFERÊNCIAS
- KAPLAN & SADOCK. Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 11 ed. 2017. Cap 22 (pg 758 – 778);
- AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-V). 5 ed. 2014. Secção II (pg 684 – 723);
- DALGALARRONDO. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3 ed. 2019. Cap 25 (Pg 492 – 542);
- UNIFESP. Manual de psiquiatria clínica. 2016. Cap 12 (pg 135 - 150).

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