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Os países do mundo que já proibiram celular nas

escolas
Entenda o contexto nacional e internacional – e quais os argumentos da Unesco que alertam
para os riscos do smartphone em sala de aula

26 FEV 2024

Cada vez mais, estados brasileiros e países ao redor do mundo criam restrições a respeito dos
celulares nas salas de aula. O argumento principal é que o uso dessa tecnologia nas escolas é
prejudicial para a concentração e socialização das crianças e jovens.

A discussão ao redor do tema tem várias nuances e é importante entender o que tem sido
debatido, tanto para conhecimento de mundo quanto para os vestibulares, já que o assunto
que tem impacto na sociedade e pode aparecer como tema de redação.

Para te ajudar, o GUIA DO ESTUDANTE fez um resumo sobre o contexto nacional em relação à
proibição, como outros países estão se posicionando e como a tecnologia pode afetar a
educação.

No Brasil
Um dos casos mais recentes foi a proibição do uso de celulares nas escolas da rede municipal
do Rio de Janeiro. Após uma consulta pública, na qual 83% dos entrevistados foram favoráveis
à medida, os estudantes não podem usar o dispositivo nem mesmo fora da sala de aula, como
no recreio e nos intervalos entre as aulas.

Existem algumas exceções, como:

1.caso a cidade esteja pelo menos em nível 3 de alerta por causa de alguma situação
impactante, como chuvas intensas, é permitido o uso antes do início e após o fim de todas as
aulas e durante os intervalos;

2.caso seja expressamente autorizado pelo professor, os alunos poderão fazer pesquisas ou
leituras no celular;

3.a proibição não se aplica aos estudantes com alguma deficiência ou condição de saúde que
precisem do aparelho por alguma razão específica.

Mas não foi só o Rio de Janeiro que tomou essa decisão. Outros estados e capitais impuseram
diferentes tipos de restrição ao uso de smartphones nas redes públicas, como Roraima, Paraná,
Maranhão, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Tocantins e São Paulo.

Em Roraima, por exemplo, há uma lei regulamentando o uso de aparelhos, mas cada escola
define como será a fiscalização, assim como no Distrito Federal, onde as instituições têm
autonomia para decidir se permitem ou não o uso. No Paraná, o uso está proibido em sala se
não estiver vinculado à aprendizagem de alguma forma.
O Maranhão limita o uso em sala de aula, permitindo apenas para fins pedagógicos, da mesma
forma que acontece em São Paulo. As escolas também devem fazer ações de conscientização
sobre o tema e os prejuízos que a tecnologia pode trazer ao aprendizado. O Tocantins segue
um esquema parecido, pois a orientação dos professores é que o uso seja realizado apenas
para a aprendizagem.

No Rio Grande do Sul, dispositivos que permitam o acesso das plataformas de leitura e do
Google Classroom “fazem parte da estrutura de apoio pedagógico”, segundo a Secretaria de
Educação.

Ao redor do mundo
Segundo o Relatório Global de Monitoramento da Educação 2023, divulgado pela Unesco
(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), quase um quarto dos
países proibiram os smartphones nas escolas.

O levantamento aponta que só a proximidade do aparelho já é suficiente para distrair os


estudantes e prejudicar o processo de aprendizagem. Sem contar que o tempo prolongado em
frente às telas pode afetar negativamente o autocontrole e a estabilidade emocional,
aumentando as chances de desenvolver distúrbios, como ansiedade e a depressão.

Confira algumas das nações que já baniram ou têm políticas de restrição sobre o uso de celular
na escola:

Estados Unidos;

França;

Finlândia;

Espanha;

Portugal;

Holanda;

México;

Suíça;

Escócia;

Canadá.

As restrições variam de país para país, mas basicamente defendem que o uso só deve ser
liberado se tiver algum propósito pedagógico. Na França, por exemplo, o uso é proibido desde
2018 para estudantes com menos de 15 anos. A única exceção é para alunos com deficiência
que precisam do aparelho. Na Holanda, as regras devem ser alinhadas entre pais, professores e
alunos. Já no Canadá, em algumas províncias, smartphones foram banidos total ou
parcialmente.

Será que a tecnologia mais ajuda ou atrapalha nos estudos?


Toda essa onda de proibição reacende o debate: a tecnologia é uma aliada ou uma inimiga da
educação? De um lado, há quem defenda que os celulares atrapalham a socialização e a
capacidade de concentração dos estudantes; de outro, os defensores da liberação afirmam que
a tecnologia pode impulsionar o aprendizado e sua proibição seria uma forma de privar os
alunos do direito à comunicação.

O relatório da Unesco sobre o tema destaca que as tecnologias têm o potencial de aumentar a
inclusão já que alcançam os estudantes desfavorecidos e difundem mais conhecimento em
formatos mais atraentes e acessíveis. Além disso, em certos contextos e para alguns tipos de
aprendizagem, ela pode melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem de habilidades
básicas.

“A tecnologia digital também pode apoiar a gestão e aumentar a eficiência, ajudando a lidar
com volumes maiores de dados educacionais”, afirma a Unesco.

Todavia, ela também pode “excluir e ser irrelevante e onerosa, ou até totalmente prejudicial”,
diz o documento, já que o acesso à internet, por exemplo, ainda está longe de ser
democratizado. O relatório destaca que apenas 40% das escolas primárias no mundo estão
conectadas à rede. Uma outra evidência importante, segundo a Unesco, foi fornecida pelo PISA
(Programa de Avaliação Internacional de Estudantes), e sugere uma correlação negativa entre o
uso excessivo das tecnologias e o desempenho na escola – foi constatado que em 14 países, a
simples proximidade do celular distraia os estudantes e atrapalhava o aprendizado.

Outros pontos negativos da tecnologia na sala de aula listados pelo


relatório são:
1.Despreparo de professores;

2.Falta de dados confiáveis sobre os benefícios das tecnologias, já que os estudos são
fornecidos por quem as vende para as escolas;

3.Conteúdos digitais são produzidos especialmente pelos países mais ricos, dificultando o
acesso pelos mais pobres;

Nesse contexto, o papel dos governos seria garantir as condições para o acesso igualitário à
educação, regulamentar o uso da tecnologia para proteger os estudantes de suas influências
negativas e preparar os professores.

Assim, a recomendação do relatório é que a tecnologia seja introduzida na educação com base
em “evidências que demonstrem que ela seria apropriada, igualitária, escalonável e
sustentável”. Ou seja, seu uso deve ter como prioridade os interesses dos estudantes e garantir
uma educação baseada na interação humana.

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