O tema "Prisão Preventiva e a Busca por um 'DNA' de Intolerabilidade" aborda de maneira
aprofundada a análise justificativa da prisão preventiva no contexto legal. Neste contexto, a prisão preventiva é uma medida cautelar essencial que visa equilibrar a garantia do devido processo legal com a necessidade de preservar a ordem pública, instrução criminal e aplicação da lei penal. O conceito de "DNA" de intolerabilidade sugere uma análise minuciosa e específica na identificação de elementos que de maneira clara e robusta demonstrem a necessidade imperativa da prisão preventiva. Esta abordagem envolve a consideração detalhada da gravidade do crime, risco de fuga do acusado, potencial interferência nas investigações e ameaça à ordem pública.
Portanto, a busca por um "DNA" de intolerabilidade destaca a importância de uma análise
criteriosa e fundamentada para justificar a prisão preventiva, respeitando os princípios legais e constitucionais. Este enfoque assegura que a decisão de adotar uma medida tão excepcional como a prisão preventiva seja respaldada por evidências sólidas, contribuindo para a equidade e justiça no sistema legal. A prisão preventiva visa assegurar a eficácia do processo penal, enquanto a prisão penal executa uma pena após condenação. Ambas têm propósitos distintos, sendo crucial considerar cada uma de forma sensível às circunstâncias do caso, promovendo equidade e respeitando os direitos individuais. As garantias no âmbito penal têm uma contribuição fundamental na proteção dos direitos individuais e na promoção da justiça. Essas garantias incluem a presunção de inocência, o devido processo legal, o habeas corpus, direito à privacidade, não autoincriminação, assistência jurídica adequada, proibição de tortura, duplo grau de jurisdição e o princípio da legalidade. Em conjunto, essas garantias atuam para prevenir abusos, assegurar um julgamento justo e proteger a dignidade e liberdade dos indivíduos no sistema penal. O primeiro modelo teórico aborda a prisão preventiva de forma autoritária, usando linguagem bélica e vendo-a como uma ferramenta da política criminal. Sob a perspectiva do realismo jurídico, critica a falta de respeito às formas e questiona conceitos abertos como periculosidade do sujeito e gravidade do fato. Destaca o aumento do papel ativo do juiz, argumentando que quem é detido é considerado perigoso e culpado de algo sério, justificando assim sua permanência na prisão. No segundo modelo teórico, a prisão preventiva é tratada de forma generalista, sendo considerada uma medida cautelar comum no direito processual penal. Essa abordagem simplificada deixa de incorporar contribuições importantes de áreas como criminologia, visão econômica e pensamento crítico no processo penal, que baseiam suas análises na teoria geral do processo. O terceiro modelo propõe limites constitucionais à prisão preventiva, com foco em restrições temporais, objetivos específicos, revisões regulares e requisitos mais claros. Busca uma reestruturação do processo penal, retornando às bases teóricas e históricas da legislação brasileira, considerando influências estrangeiras. Essa perspectiva está alinhada aos princípios humanitários internacionais. No quarto modelo, ocorre uma deslegitimação do uso da prisão preventiva, seguindo uma visão constitucional do processo penal. Nesse contexto, o indivíduo tem o direito de se manifestar em juízo antes de qualquer ato de encarceramento, proibindo o aprisionamento prévio ao processo. Destaca-se a presunção de inocência como fundamental, alcançando seu ponto máximo de aplicabilidade. Há uma ambivalência entre o direito ao julgamento e a oposição ao uso da prisão preventiva, conforme observado por Alberto Binder. No quinto modelo, o direito ao julgamento é reconhecido como primordial na estruturação do processo penal, não considerando a prisão preventiva como uma ferramenta processual legítima devido à falta de respaldo constitucional. Seu uso é visto como uma afronta à Constituição e conflitante com os princípios dos Pactos Internacionais sobre Direitos Humanos. Propõe a criação de padrões de intolerabilidade da prisão preventiva, permitindo seu uso apenas em casos extremos, com duração previamente determinada e revisão periódica da necessidade de manutenção. A discussão acerca da prisão preventiva evidencia a necessidade de equilibrar a preservação da ordem pública com o respeito aos direitos individuais, exigindo uma abordagem cuidadosa e fundamentada no sistema judicial.
SHIMIZU, Bruno. A Jurisdicionalização Perversa Na Execução Penal - Reflexão Crítica Sobre A Transformação de Uma Garantia Fundamental em Um Entrave A Mais Ao Exercício de Direitos.