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Graziely Aparecida Dias Klein RGM:11232401808

Interpretação dos Negócios Jurídicos

Artigo 112
O Artigo 112 do Código Civil brasileiro trata da interpretação das declarações
de vontade e estabelece que se deve atender mais à intenção nelas
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. O texto do artigo é o
seguinte:

"Art. 112. Nas declarações de vontade, atender-se-á mais à intenção nelas


consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem."

Esse artigo estabelece que, ao interpretar as declarações de vontade em um


negócio jurídico, deve-se levar em consideração principalmente a intenção real
das partes envolvidas, em vez de se ater apenas ao sentido literal das palavras
utilizadas.

Isso significa que, em casos de ambiguidade ou contradição na linguagem


utilizada em um contrato ou acordo, a interpretação deverá ir além do
significado literal das palavras e buscar entender a verdadeira intenção das
partes ao realizarem aquele negócio jurídico.

Exemplo prático:
Imaginemos um exemplo de um contrato de compra e venda de um imóvel em
que uma das cláusulas estipule a entrega de "todos os móveis e acessórios"
juntamente com o imóvel. No sentido literal, isso poderia ser interpretado como
a inclusão de todos os móveis e acessórios presentes no imóvel no momento
da venda.

No entanto, na negociação, as partes conversaram e ficou claro que apenas os


móveis fixos embutidos no imóvel seriam incluídos na venda, excluindo-se, por
exemplo, móveis soltos e pessoais.

Nesse cenário, ao interpretar o contrato, de acordo com o Artigo 112, deve-se


atender à verdadeira intenção das partes. Portanto, mesmo que o termo "todos
os móveis e acessórios" esteja presente no contrato, a interpretação não deve
ser estritamente literal, mas sim alinhada com a intenção das partes, que era
incluir apenas os móveis fixos.

Artigo 113
O Artigo 113 do Código Civil brasileiro aborda a interpretação dos negócios
jurídicos e estabelece que eles devem ser interpretados conforme a boa-fé e os
usos do lugar de sua celebração. O texto do artigo é o seguinte:

"Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé


objetiva e os usos do lugar de sua celebração."
Esse artigo ressalta as diretrizes que devem orientar a interpretação dos
negócios jurídicos. Ele estabelece dois aspectos fundamentais:

1. Boa-fé objetiva: A interpretação dos negócios jurídicos deve ser feita com
base na boa-fé objetiva, que implica agir de maneira honesta, leal e razoável
durante a negociação e a execução do contrato. A boa-fé objetiva exige que as
partes ajam com honestidade, colaboração e transparência, levando em
consideração os interesses legítimos das outras partes envolvidas.

2. Usos do lugar de celebração: Além da boa-fé objetiva, a interpretação dos


negócios jurídicos também deve considerar os usos e costumes do lugar onde
o contrato foi celebrado. Os usos e costumes locais podem ajudar a determinar
a intenção das partes envolvidas e a interpretação adequada do contrato.

Exemplo prático:
Vamos supor, um contrato de prestação de serviço celebrado entre duas
empresas. No contrato, há uma cláusula que estipula o prazo de entrega do
serviço, mas não especifica um prazo exato.

Durante a execução do contrato, a empresa prestadora do serviço enfrenta


algumas dificuldades logísticas e atrasos na entrega devido a problemas
imprevistos. Ao interpretar essa cláusula à luz do Artigo 113, a boa-fé objetiva
deve ser aplicada para permitir uma interpretação justa.

Nesse caso, a boa-fé objetiva exige que as partes ajam de maneira


colaborativa e compreendam que a empresa prestadora do serviço está agindo
de forma diligente para cumprir o prazo previsto, apesar das adversidades.

Além disso, a interpretação dos usos do lugar de celebração pode ser


relevante. Se for comum naquela indústria ou localidade enfrentar atrasos
similares devido a questões logísticas, tais atrasos podem ser interpretados
dentro do contexto dos usos e costumes locais.

Portanto, a interpretação do artigo 113 visa garantir que os negócios jurídicos


sejam interpretados de acordo com a boa-fé objetiva e considerando os usos e
costumes locais, buscando uma aplicação justa e razoável do contrato
celebrado.

Artigo 114
O Artigo 114 do Código Civil brasileiro trata da interpretação dos negócios
jurídicos e estabelece que eles devem ser interpretados considerando a
natureza do negócio, bem como seus fins econômicos e sociais. O texto do
artigo é o seguinte:

"Art. 114. A interpretação dos negócios jurídicos deve se desenvolver


considerando a natureza do negócio, além dos usos e costumes e fins
econômicos e sociais a que ele se destina."

Esse artigo ressalta os elementos que devem ser levados em consideração na


interpretação dos negócios jurídicos. Ele aponta três aspectos relevantes:
1. Natureza do negócio: A interpretação dos negócios jurídicos deve considerar
a natureza intrínseca do negócio em questão. Isso significa que cada tipo de
negócio tem suas características particulares e deve ser interpretado de acordo
com sua essência e peculiaridades.

2. Usos e costumes: A interpretação dos negócios jurídicos também deve levar


em conta os usos e costumes vigentes, ou seja, as práticas e tradições
estabelecidas naquela área de atuação ou setor econômico específico.

3. Fins econômicos e sociais: Além disso, a interpretação dos negócios


jurídicos deve considerar os fins econômicos e sociais para os quais o negócio
se destina. Isso implica analisar como o negócio contribui para o
desenvolvimento econômico, social e para o bem-estar das partes envolvidas.

Exemplo prático:
Suponha que duas partes celebrem um contrato de locação comercial para
instalação de uma loja em um shopping center. O contrato especifica que a
locação é realizada por um período determinado.

Ao interpretar essa cláusula de acordo com o Artigo 114, deve-se considerar a


natureza do negócio, ou seja, um contrato de locação comercial. Esses
contratos, geralmente, visam permitir que empresas explorem uma atividade
comercial em determinado espaço por um período predefinido.

Além disso, a interpretação também deve levar em conta os usos e costumes


daquele setor ou do lugar onde a locação será realizada. Por exemplo, se é
comum no mercado de locações comerciais dessa região que contratos sejam
firmados por períodos mais longos para proporcionar estabilidade às empresas.

Por fim, a interpretação dos fins econômicos e sociais pode levar em


consideração que a locação comercial é essencial para o desenvolvimento das
atividades empresariais e a geração de empregos.

Dessa forma, a interpretação do artigo 114 busca garantir que os negócios


jurídicos sejam analisados considerando a natureza do negócio, os usos e
costumes e os fins econômicos e sociais envolvidos, permitindo uma
interpretação mais adequada, alinhada às expectativas das partes e ao
contexto específico do negócio em questão.

Artigo 115
O Artigo 115 do Código Civil brasileiro trata da interpretação das cláusulas
contratuais em casos de dúvida ou ambiguidade. Ele estabelece que, quando
houver incerteza na interpretação do negócio jurídico, deve-se dar preferência
à interpretação mais favorável à parte que não tiver redigido o contrato. Vamos
explicar o artigo e oferecer um exemplo prático para uma melhor compreensão.
O texto do artigo é o seguinte:
"Art. 115. Os negócios jurídicos benéficos e a cláusula geral de interpretação
devem ser interpretados de maneira mais favorável àquele que não tenha
redigido o texto do contrato."

Esse artigo estabelece o princípio da interpretação mais favorável à parte não


redatora do contrato. Em casos de dúvida, ambiguidade ou interpretação
conflitante das cláusulas contratuais, a interpretação deve ser feita de maneira
mais favorável à parte que não teve participação ativa na redação do contrato.

Esse princípio é aplicado para evitar desvantagens ou abusos que poderiam


ser causados pela parte que redigiu o contrato em seu próprio benefício. Visa-
se, assim, assegurar uma interpretação justa que equilibre os interesses das
partes envolvidas.

Exemplo prático:
Suponha que Ana e João celebrem um contrato de locação de um imóvel para
uma exploração comercial. No contrato, há uma cláusula que estabelece que
"as despesas de manutenção serão de responsabilidade do locatário".
Contudo, a cláusula não especifica quais despesas são consideradas despesas
de manutenção.

No decorrer do contrato, surgem dúvidas sobre quais despesas a locatária,


Ana, é responsável. Ambas as partes têm interpretações diferentes sobre quais
despesas estão inclusas na cláusula de "manutenção". Ana entende que essa
cláusula se refere apenas às despesas gerais de conservação do imóvel,
enquanto João acredita que se estende a todas as despesas relacionadas ao
imóvel, incluindo reparos urgentes.

Assim, o princípio do Artigo 115 é aplicado para garantir que, em casos de


ambiguidade ou dúvida na interpretação das cláusulas contratuais, a parte que
não teve participação ativa na redação do contrato não seja prejudicada e
tenha uma interpretação mais favorável ao seu interesse.

Artigo 421
O Artigo 421 do Código Civil brasileiro trata da função social dos contratos. Ele
estabelece que a liberdade de contratar deve ser exercida em razão e nos
limites da função social do contrato. Vamos explicar o artigo e oferecer um
exemplo prático para uma melhor compreensão. O texto do artigo é o seguinte:

"Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da


função social do contrato."

Esse artigo ressalta que a liberdade de celebrar contratos tem um limite: a


função social do contrato. Isso significa que a autonomia de vontade das partes
para contratar está condicionada a uma finalidade que não é apenas individual,
mas também voltada para o interesse público e o bem-estar da coletividade.

A função social do contrato diz respeito a uma compreensão de que os


contratos devem cumprir uma função além dos interesses particulares das
partes envolvidas. Eles devem contribuir para o desenvolvimento econômico,
social e para a busca do equilíbrio nas relações contratuais.

Exemplo prático:
Suponha que uma empresa deseje alugar um imóvel para abrir uma livraria em
um bairro com poucas opções de acesso a livros. Eles encontram um imóvel
em uma localização estratégica, porém o proprietário do imóvel decide cobrar
um aluguel excessivamente alto, visando apenas o seu interesse financeiro.

Nesse caso, o princípio da função social do contrato, estabelecido no Artigo


421, pode ser aplicado. A função social do contrato exige que ambas as partes
considerem não apenas seus próprios interesses, mas também o interesse
público e o bem-estar da coletividade.

A justificativa para a locação desse imóvel para fins de abertura de uma livraria
é a contribuição para o acesso à cultura e à educação na região. Portanto, o
valor do aluguel deve ser justo e razoável, permitindo que a livraria cumpra sua
função social e contribua para o benefício da comunidade local.

Nesse exemplo, o artigo 421 do Código Civil é invocado para garantir que a
liberdade de contratar seja exercida de forma a atender aos interesses
coletivos e sociais, além dos interesses individuais das partes envolvidas.

Dessa forma, a função social do contrato visa assegurar que os contratos


sejam celebrados e executados de maneira a contribuir para uma sociedade
mais justa e equilibrada.

Artigo 422
O artigo 422 do Código Civil estabelece a cláusula geral da boa-fé nos
contratos, determinando que as partes devem agir de acordo com os princípios
da honestidade, lealdade e confiança mútua. Ele busca coibir o abuso de
direito, proibindo condutas que possam prejudicar a outra parte ou
desequilibrar a relação contratual.

Exemplo prático:
Imagine que duas pessoas, João e Maria, celebraram um contrato de compra e
venda de um imóvel. João, de má-fé, sabendo de um defeito oculto no imóvel,
omitiu essa informação de Maria, com o intuito de enganá-la e obter vantagem
na negociação. Nesse caso, João estaria agindo de forma contrária à boa-fé
contratual prevista no artigo 422.

A boa-fé deve permear todas as etapas do contrato, desde sua formação até a
execução. Caso uma das partes descumpra seus deveres de honestidade e
lealdade, poderá ser responsabilizada pelos danos causados à outra parte. É
importante ressaltar que a boa-fé também obriga as partes a informarem de
forma clara e precisa todas as condições e cláusulas contratuais, evitando
qualquer tipo de ambiguidade ou omissão.
Portanto, o artigo 422 do Código Civil visa garantir a segurança e a justiça nas
relações contratuais, exigindo o comportamento ético e transparente das partes
envolvidas.

Artigo 423
O artigo 423 do Código Civil trata da responsabilidade pela exatidão das
declarações no momento da celebração do contrato. Ele estabelece que aquele
que faz declarações falsas, mesmo que por omissão, com a intenção de induzir
a outra parte a celebrar o contrato, fica obrigado a indenizá-la pelos danos
causados.

Exemplo prático:
Suponha que uma pessoa, Pedro, esteja vendendo seu carro usado para outra
pessoa, Ana. Pedro sabe que o veículo sofreu um acidente grave e teve que
passar por reparos extensos, mas não revela esse fato a Ana, que tem
interesse em adquirir um carro em bom estado. Pedro omite essa informação e
vende o veículo para Ana, que posteriormente descobre os reparos e os
problemas decorrentes do acidente. Nesse caso, Pedro agiu de forma contrária
ao artigo 423, pois fez uma declaração falsa (ou omitiu informação relevante)
com o propósito de enganar Ana e levá-la a celebrar o contrato. Pedro,
portanto, pode ser responsabilizado por indenizar Ana pelos danos causados.

Portanto, o artigo 423 estabelece que a pessoa que age de forma enganosa ou
omite informações relevantes ao celebrar um contrato deve ser
responsabilizada pelos prejuízos causados à outra parte. Essa disposição tem
como objetivo proteger a confiança nas relações contratuais, garantindo que as
declarações feitas pelas partes sejam verdadeiras e completas.

Artigo 424
O artigo 424 do Código Civil diz respeito à interpretação de cláusulas
contratuais ambíguas, estabelecendo que, em caso de dúvida, a interpretação
mais favorável à parte que não redigiu o contrato deve ser adotada.

De forma mais detalhada, o artigo 424 estabelece que "Nos contratos


particulares, a cláusula geral de interpretação é a de que os negócios jurídicos
devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua
celebração." Isso significa que, em situações em que as cláusulas contratuais
são ambíguas ou pouco claras, deve-se adotar uma interpretação que seja
mais favorável para a parte que não teve participação na elaboração do
contrato.

Exemplo prático:
Suponha que João e Maria celebraram um contrato de prestação de serviços,
onde algumas cláusulas são ambíguas e podem ser interpretadas de diferentes
formas. Se as cláusulas forem prejudiciais a um dos contratantes, por exemplo,
colocando João em desvantagem em relação a Maria, a interpretação mais
favorável a João deverá ser adotada com base no artigo 424. Nesse caso, a
ambiguidade será resolvida de forma a proteger os direitos e interesses de
João na interpretação do contrato.
Assim, o artigo 424 proporciona um balanço equitativo nas disposições
contratuais, evitando que uma das partes seja prejudicada por cláusulas
ambíguas ou obscuras. A finalidade é garantir a segurança jurídica e a justiça
na interpretação dos contratos, levando em consideração as expectativas das
partes envolvidas e a proteção dos direitos de cada uma delas.

Artigo 425
O artigo 425 do Código Civil trata da interpretação dos contratos,
especificamente da análise das cláusulas contratuais que possuem sentido
diverso em razão da intenção das partes. Ele estabelece que, nos contratos
com cláusulas ambíguas, deve-se preferir a interpretação que melhor assegure
a eficácia do negócio jurídico.

Em resumo, quando uma cláusula contratual apresenta mais de uma


interpretação possível, a escolha deve recair naquela que melhor garanta os
objetivos e a efetividade do contrato. O princípio é buscar uma interpretação
que preserve a vontade real das partes.

Exemplo prático:
Imagine um contrato de locação que estabelece que o locatário deve realizar
"reformas necessárias" no imóvel. Essa cláusula pode gerar dúvidas sobre o
que exatamente seria considerado "reformas necessárias". Nesse caso, deve-
se interpretar a cláusula de forma a entender o que é fundamental para a
conservação do imóvel e para a manutenção das condições acordadas,
respeitando a intenção das partes ao estipular tal obrigatoriedade.

Assim, o artigo 425 do Código Civil busca garantir a efetividade dos contratos,
evitando interpretações que possam prejudicar a realização do negócio jurídico.
A boa-fé, a segurança e a preservação da vontade das partes são princípios
norteadores para a interpretação das cláusulas contratuais.

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