ANÁLISE COMPORTAMENTAL APLICADA E EDUCAÇÃO ESPECIAL O
A Análise do Comportamento é a ciência que estuda os fenômenos comportamentais, sendo que
o comportamento é entendido como a interação do organismo com o ambiente. O comportamento pode ser um evento público (por exemplo, fazer uma pergunta na aula) ou privado (por exemplo, pensar). A filosofia que embasa essa ciência é o Behaviorismo Radical e o seu principal precursor foi B. F. Skinner. Skinner dedicou parte da sua obra para tratar de temas educacionais. Segundo o autor (1968), o ensino pode ser entendido como arranjo de contingências de reforço sob as quais os comportamentos dos alunos mudam. As contingências de reforço são compostas pela ocasião em que o comportamento ocorre, o próprio comportamento e as consequências do comportamento. Todas essas partes da contingência precisam ser consideradas no planejamento e condução do ensino, e o papel do professor é o de arranjar contingências especiais que promovam a aprendizagem (SKINNER, 1968) (Guimarães e Luna, 2020, p. 02).
GUIMARÃES, Luisa Schivek; LUNA, Sergio Vasconcelos de. Análise do Comportamento
Aplicada à Educação: aprendendo com as escolas CABAS e Morningside. Revista Eletrônica de Educação, v. 14, p. 2802055, 2020.
A Análise do Comportamento contribui para aprimorar a prática pedagógica, promovendo uma
compreensão mais profunda do comportamento dos alunos fornecendo ferramentas práticas para otimizar o processo de ensino-aprendizagem. O objetivo, na intervenção com pessoas diagnosticadas como autistas, visa desenvolver repertórios de habilidades sociais relevantes e reduzir repertórios inadequados, servindo-se, para isso, de métodos baseados em princípios comportamentais. A Análise do Comportamento proporciona uma compreensão mais profunda dos comportamentos dos alunos. Isso inclui identificar antecedentes (o que ocorre antes do comportamento) e consequências (o que acontece após o comportamento), permitindo aos educadores adaptar suas estratégias de ensino de acordo com as necessidades individuais de cada um. Os educadores podem aplicar princípios comportamentais para desenvolver repertórios de habilidades sociais relevantes e reduzir comportamentos inadequados, utilizando reforçadores. Na Teoria da Aprendizagem, analisar o comportamento para intervir é o ponto de partida, por isso o olhar atento tem o intuito de analisar como o individuo se comporta, como aprende e as consequências, por isso o processo da aprendizagem deve concentra-se na capacidade de estimular ou reprimir comportamentos, desejáveis ou indesejáveis. Partindo dos pressupostos de que cada um tem suas características e comportamentos frente ao mundo, a análise do comportamento ajuda os educadores a criar planos de ensino individualizados para os alunos, observando-os e propondo ações personalizadas pautada nas necessidades específicas de cada aluno, acompanhando o progresso, ajustando as intervenções de forma flexível e individualizada.
As principais técnicas de intervenção baseadas na Análise do Comportamento para trabalhar com
pessoas diagnosticadas como autistas incluem: 1. Análise Funcional do Comportamento (AFC): Essa técnica envolve a identificação das funções ou razões pelas quais um comportamento ocorre. Compreender o que mantém o comportamento (por exemplo, atenção, escape, obtenção de reforço) ajuda a direcionar as estratégias de intervenção. 2. Reforço Positivo: Reforçar comportamentos desejados com consequências positivas (recompensas) aumenta a probabilidade de sua ocorrência. Por exemplo, elogiar um aluno por compartilhar um brinquedo com um colega. 3. Modelagem: Demonstrar o comportamento desejado para o aluno. Isso pode ser feito por meio de instrução direta ou observação de modelos. 4. Moldagem: Gradualmente moldar o comportamento desejado, reforçando etapas intermediárias. Por exemplo, ensinar um aluno a amarrar os sapatos começando com pegar os cadarços. 5. Economia de Fichas: Usar um sistema de fichas ou tokens para reforçar comportamentos adequados. Os alunos ganham fichas por comportamentos desejados e podem trocá-las por recompensas. 6. Programação de Intervalo: Definir intervalos regulares para reforçar comportamentos adequados. Por exemplo, elogiar o aluno a cada 5 minutos de participação em sala de aula. 7. Ensino Discreto de Habilidades: Ensinar habilidades específicas de maneira estruturada e sistemática. Isso pode incluir habilidades sociais, comunicação, autocuidado e acadêmicas. 8. Análise de Tarefas: Dividir tarefas complexas em etapas menores e ensinar cada etapa separadamente. 9. Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA): Usar sistemas de comunicação, como pranchas de comunicação ou aplicativos de tablet, para apoiar a comunicação de alunos não verbais ou com dificuldades de fala. 10. Treinamento de Pais e Educadores: Capacitar pais e educadores com estratégias comportamentais eficazes para uso em casa e na escola.