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ATUALIZAÇ‹O 2005
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3. PRINCIPAIS AUTO-ANTICORPOS antígenos sensíveis à tripsina da membrana
mitocondrial interna (AAM-M2) (5).
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hepáticas de etiologia não definida e na Em caso de negatividade para esses principais
reclassificação da Hepatite Crônica Criptogênica marcadores, além de avaliarmos o padrão
(5). laboratorial da hepatite, as anormalidades
bioquímicas, a hipergamaglobulinemia, os achados
Anticorpo Anti-citosol Hepático 1 histológicos típicos, a pesquisa imuno-genética e a
exclusão de outras possíveis causas, podemos
(AACH-1) utilizar os auto-anticorpos auxiliares.
É um anticorpo órgão específico para
antígenos hepatocitários. Geralmente está • A Hepatite Auto-Imune tipo 1 (clássica)
associado ao Anti-LKM 1, sendo considerado um caracteriza-se pelo quadro de apresentação da
segundo marcador e o exame mais específico para doença descrito anteriormente associado aos
o diagnóstico de Hepatite Auto-Imune tipo 2, auto-anticorpos FAN-HEp2 e AAML.
devido à possibilidade de associação do Anti-LKM • A Hepatite Auto-Imune tipo 2 define um
1 com o vírus da Hepatite C (3,6). grupo geralmente encontrado em crianças
menores de 15 anos de idade, associado a
Anticorpo Anti-proteína específica hepática quadro de hepatopatia grave e evolução mais
rápida para cirrose. Essa forma caracteriza-se
(Anti-LSP) e Anticorpo Anti-receptor de pela presença de Anti-LKM 1 e de anticorpo
asialoglicoproteína (Anti-RAGP) anti-citosol hepático tipo 1 (AACH-1). O
O LSP é um complexo macromolecular de paciente apresenta baixos níveis de IgA, sendo
conteúdo lipoprotéico apresentando antígenos a hipergamaglobulinemia menos proeminente
hepatocitários. Dentro do complexo LSP encontra- (3,6). Alguns autores sugerem uma divisão em
se um antígeno receptor de asialoglicoproteína, a dois subgrupos, tipo 2a e 2b (10). O tipo 2a
lectina hepática, antígeno alvo na Hepatite Auto- acomete mulheres jovens que apresentam altos
Imune (3,5). títulos de Anti-LKM 1, sorologia negativa
Os seus níveis estão relacionados ao grau de para o vírus da Hepatite C e resposta
necrose hepática em saca bocados, sendo que o terapêutica aos esteróides. A variante 2b
Anti-LSP é considerado o melhor marcador para ocorre em pacientes idosos com menor
definir a persistência de atividade na Hepatite preponderância em mulheres. Os pacientes
Auto-Imune (3). Esses marcadores não foram apresentam baixos títulos de Anti-LKM 1,
incorporados aos algorítmos diagnósticos devido à leve acometimento hepático, menor resposta
falta de padronização (5). terapêutica imunossupressora em relação ao
tipo 2a e freqüentemente apresentam sorologia
positiva para o vírus da Hepatite C.
5. AVALIAÇ‹O DOS AUTO-ANTICORPOS E
O grupo Internacional de Estudos da Hepatite
CLASSIFICAÇ‹O DA HEPATITE AUTO- Auto-Imune propôs um sistema de score (Tabela 2)
IMUNE com objetivo de melhorar a sistematização do
diagnóstico da doença.
Aproximadamente 70% a 80% dos pacientes
com Hepatite Auto-Imune apresentam títulos de
AAML e FAN-HEp2 maiores que 1:40. O Anti-
LKM 1 está presente em aproximadamente 3% a 6. ALTERAÇ›ES HISTOLŁGICAS
4% dos pacientes, principalmente em mulheres Os achados clássicos de infiltrado portal com
jovens (9). células plasmáticas, roseta de hepatócitos e
hepatite de interface (piecemeal necrose)
Na prática clínica a detecção de FAN-HEp2, contribuem para o diagnóstico de Hepatite Auto-
AAML e Anti-LKM 1 tornam-se os principais Imune (2,11). Os achados histológicos permitem
auto-anticorpos no diagnóstico da Hepatite Auto- quantificar a atividade da doença e a extensão da
Imune e devem ser realizados em todos os fibrose, além de avaliar a resposta ao tratamento
pacientes que apresentam doença hepática de (11).
etiologia não definida, independentemente do
tempo de duração da patologia (Figura 1) (5). A
positividade para os auto-anticorpos é mais 7. TESTES GENÉTICOS
importante do que o seu título, sendo que o
A identificação de HLA-A1, B8 ou DR3
diagnóstico de Doença Hepática Auto-Imune
poderá predizer doença hepática mais agressiva e
nunca deverá ser descartado com base somente nos
baixa resposta à terapêutica imunossupressora
baixos níveis de auto-anticorpos (5).
(1,12).
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Fig. 1 - Algorítmo Das Doenças Hepáticas de Causa Indefinida.
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Tabela 2. Sistema de score para o diagnóstico de Hepatite Auto-Imune (2,3,7,9,10)
PARÂMETROS SCORE
Sexo feminino +2
Fosfatase Alcalina: AST/ALT
<1,5 +2
1,5-3,0 0
>3,0 -2
Globulinas, Gamaglobulinas ou IgG (número de vezes acima do anormal)
>2 +3
1,5-2,0 +2
1,0-1,5 +1
<1,0 0
Auto Anticorpos
Adultos
AAN, AAML, Anti-LKM 1
> 1/80 +3
1/80 +2
1/40 +1
< 1/40 0
Crianças
AAN ou Anti-LKM 1
> 1/20 +3
1/10 ou 1/20 +2
< 1/10 0
AAML
> 1/20 +3
1/20 +2
< 1/20 0
DIAGNÓSTICO PROVÁVEL:
ANTES DO TRATAMENTO 10-15
APÓS O TRATAMENTO 12-17
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Tabela 3. Auto-anticorpos na Hepatite Auto-Imune (3,4,5)
Hepatite C: Pacientes infectados pelo vírus da Hepatite C (HCV) podem ter auto-anticorpos positivos. Um resultado
negativo de Anti-HCV deverá ser confirmado após a oitava semana em caso de forte suspeita de Hepatite Viral C e, se
necessário, confirmação pela positividade do RNA do vírus C por PCR ou TMA (3).
Doença de Wilson: Nas doenças hepáticas de início agudo ou crônico com marcadores sorológicos negativos deve-se
pesquisar Doença de Wilson. História de consangüinidade, presença de Anel de Kaiser-Fleisher, níveis de
imunoglobulinas e transaminases pouco elevados, ceruloplasmina baixa, hipocupremia e hipercuprúria são achados
característicos (3,7).
Deficiência de Alfa-1-antitripsina: Defeito metabólico associado à Hepatite Neonatal, cirrose na infância e enfisema
pulmonar no adulto.
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES): O comprometimento hepático não é proeminente. O padrão homogêneo
periférico do FAN-Hep2 corrobora com o diagnóstico de LES. Neste caso, o estudo das alterações histológicas é
fundamental para o diagnóstico diferencial (3).
Cirrose Biliar Primária (CBP): Maior freqüência de associação com doenças reumatológicas, gamaglobulinas menos
elevadas, positividade obrigatória para o AAM, elevação mais proeminente das enzimas canaliculares, agressão aos
ductos biliares e colestase, além das características clínicas (prurido, xantomas e xantelasma) (3,7).
Colangite Esclerosante Primária (CEP): Associação característica com Doença Inflamatória Intestinal notadamente a
Retocolite Ulcerativa. Predomínio de quadro de colestase. Presença de p-ANCA (3,5,7).
Hepatite Auto-Imune/Cirrose Biliar Primária: Achados clínicos compatíveis com Hepatite Auto-Imune com
positividade para AAM e achados histológicos de acometimento de ductos biliares (4,9,11).
Colangite Auto-Imune: Presença de auto-anticorpos tipicamente associados à Hepatite Auto-Imune, perfil bioquímico
de colestase, ausência de Doença Inflamatória Intestinal, colangiografia normal e histologia evidenciando acometimento
de ductos biliares (9,11,14).
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8. S¸NDROMES DE SUPERPOSIÇ‹O resposta terapêutica com normalização bioquímica
(diminuição das transaminases e dos níveis da
Os aspectos clínicos, bioquímicos e os
globulinas) ocorre um a três meses após o início da
marcadores específicos das Doenças Hepáticas de
terapêutica (4).
etiologia Auto-Imune, embora possam apresentar
Aproximadamente 20% dos pacientes não
certa especificidade, algumas vezes manifestam-se
respondem ao tratamento, principalmente aqueles
em sobreposição (figura 2), tornando o diagnóstico
com cirrose estabelecida, jovens com longa
definitivo difícil e a orientação terapêutica
duração da doença antes do início da terapêutica e
variável, dependendo se o componente de agressão
com fenótipo HLA-B8 ou DR3. A recidiva da
predomina no hepatócito ou na via biliar (2,13,14).
doença é comum, podendo ser necessária terapia
A colestase é o denominador comum. Na tabela 5
de manutenção com baixas doses de Prednisona ou
citamos as superposições mais encontradas
Azatioprina após várias recidivas (4). Uma
(4,9,13,14).
resposta sustentada ao tratamento poderá ser
alcançada em 47% dos pacientes em até 10 anos,
mesmo após várias recidivas, não sendo necessária,
9. TRATAMENTO nestes casos, terapia de manutenção por tempo
A Hepatite Auto-Imune caracteriza-se indeterminado (17).
geralmente por uma boa resposta terapêutica aos O transplante hepático deve ser considerado
corticosteróides (15). A administração simultânea em pacientes jovens que, após quatro anos de
de Azatioprina poderá diminuir a dose do tratamento adequado, ainda apresentam
corticosteróide utilizada e seus efeitos colaterais descompensação hepática, ascite principalmente
(tabela 6) (4,16). O tratamento combinado é mais (6).
indicado nas mulheres na menopausa, nos
pacientes com osteoporose, antecedentes de Tabela 6. Tratamento da Hepatite Auto-Imune
distúrbios psiquiátricos ou com doenças sistêmicas
Tipo de Monoterapia Terapia Combinada
associadas, tais como, a Hipertensão Arterial e o Terapia
Diabetes (4). Inicial Prednisona 20-30 mg Prednisona 10-20 mg e
É aconselhável a manutenção da terapêutica Azatioprina 50-100 mg
por período de pelo menos dois a três anos, mesmo Manutenção Prednisona 5-10 mg Prednisona 5-10 mg e
ou Azatioprina, 100- Azatioprina 50-150 mg
que a remissão seja atingida precocemente (2). A 200 mg (2
taxa de remissão inicial é de aproximadamente mg/kg de peso)
80% em até três anos (4,17). Geralmente, a
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10. PROGNŁSTICO 11. REFER¯NCIAS BILBLIOGR˘FICAS
A melhor maneira de aumentar a sobrevida é
o diagnóstico precoce e a instituição de uma 1- Gish RG, Mason A. Autoimmune Liver Disease.
terapêutica inicial adequada. A taxa de mortalidade Clinics in Liver Disease.2001; 5: 287-314.
em pacientes não tratados com grau 3 ou 4 de 2- Cançado, ER. Diagnóstico e Tratamento das
atividade inflamatória determinada histolo- Formas Clássicas da Hepatite Autoimune. In:
Castro LP, Savassi-Rocha PR, Filho JG, et al.
gicamente é de 40% em 6 meses, 50% em 3 anos e Tópicos Em Gastroenterologia 9. Rio de Janeiro:
90% em dez anos (15). A sobrevida em pacientes MEDSI. 1999: 225-41.
adultos e pediátricos tratados é superior a 90% 3- Cançado ER. Hepatite Auto-Imune. In: Silva LC.
após 10 anos de diagnóstico (7). Aproximadamente Hepatites Agudas e Crônicas. São Paulo:
50% dos pacientes permanecerão em remissão ou Sarvier.1995:218-43
com atividade leve da doença após a retirada da 4- Edward L. K. Autoimmune hepatitis. Medical
medicação (4). A taxa de recidiva após transplante Progress 1996; 334: 897-903.
é maior que 20% em adultos e crianças (7) . 5- Czaja AJ, Homburger HA. Autoantibodies in liver
disease. Gastroenterology. 2001;120: 239-49.
6- Krawitt EL. Autoimmune hepatitis. N Engl J Med.
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