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A experiência do Programa
Saúde na Escola em Santa Catarina
O sucesso e as dificuldades nas ações com estudantes: o exemplo de Monte Carlo
Prevenção e promoção da incentivar e contribuir
Fonte: Divulgação
saúde, avaliações clínicas e de para a realização dessas
acuidade visual e auditiva, e ati- práticas. O Ministério
vidades de capacitação dos pro- apresenta a proposta
fissionais da educação. Esses são e é responsável pelas
apenas alguns exemplos do tra- diretrizes e pelo apoio,
balho desenvolvido pelas quatro porém a gestão do pro-
unidades de saúde da família de grama é feita através de
Monte Carlo nas 18 escolas do Grupos de Trabalhos In-
município, através do Programa tersetorias (GTI) nas es-
Saúde na Escola (PSE). feras federal, estaduais e
Desde o ano passado, os pro- municipais.
fissionais aderiram ao PSE, uma Até 2012, o valor re-
ação intersetorial entre os Minis- passado pelo PSE era
térios da Saúde (MS) e da Educa- equivalente a uma parcela anual educação em saúde para crian-
ção que visa a atenção integral de uma equipe de saúde da famí- ças e à interferência das ações no
(prevenção, promoção e atenção) lia, multiplicada pela quantidade calendário escolar. Por isso, Deni-
à saúde de crianças, adolescentes de equipes pactuadas. Em 2013, se ressalta que é fundamental a
e jovens do ensino público. As a maneira de repasse será outra: troca de experiências entre pro-
equipes de saúde de Monte Car- o valor será relativo ao percentu- fissionais da saúde e educação
lo desenvolviam atividades nas al de alunos compactuados no dos municípios e a participação
escolas desde 2007, e com a ade- momento da adesão ao progra- do GTI Municipal, levantando lo-
são ao PSE, esse trabalho se for- calmente essas dificuldades.
taleceu e se consolidou, garante “Nosso trabalho No final de 2012, as equipes de
Luciana Becker, enfermeira coor- saúde de Monte Carlo avaliaram
denadora da UBS São José.
se fortaleceu e se a superação e o êxito do traba-
Por outro lado, o sucesso das consolidou com a lho executado e também fizeram
ações nas escolas de Monte Car- adesão ao PSE” o planejamento para adesão ao
lo dependeram da contrapartida PSE em 2013, que começou com
das Secretarias de Saúde e de ma. Em 2012, 87 municípios ca- a participação na Semana Saúde
Educação do município. “Os re- tarinenses aderiram ao PSE, pac- na Escola, realizada de 11 a 15 de
cursos do governo federal não tuando ações em 1.348 escolas março. No estado, 164 cidades
foram suficientes e houve a ne- com 456 equipes de saúde e se aderiram à Semana, com 1.641
cessidade do município investir comprometendo a realizar ações escolas e 803 equipes de saúde.
também”, explica Luciana. Ela com 340.866 educandos. Porém, Neste ano não há critérios ele-
destacou que a falta de incenti- do total de municípios, apenas gíveis e todos os municípios estão
vos em recursos humanos para 47, o que corresponde a 54%, aptos a participar do PSE. Outra
a demanda de ações gera uma cumpriram no mínimo 70% das novidade é a inclusão do aten-
sobrecarga aos profissionais das metas acordadas. dimento a creches e pré-escolas.
unidades e pode prejudicar a Algumas outras dificuldades A adesão deve começar no início
qualidade dos serviços. Segundo encontradas pelas equipes de de maio e haverá um prazo de 60
Denise Ribeiro Bueno, consul- Monte Carlo no desenvolvimento dias para a inscrição. Mesmo os
tora técnica do MS, as ações do do Programa estão relacionadas municípios que participaram das
programa já deviam acontecer à organização e ao planejamen- edições anteriores do programa
no próprio cotidiano das equi- to das atividades, ao preparo dos ou da Semana Saúde na Escola
pes e o PSE é algo que vem para profissionais para trabalhar com devem se cadastrar novamente.
Mas estão acontecendo mu- sistema misto no Brasil, uma inte- Nos falta agora uma plataforma
danças significativas no siste- gração entre a saúde suplemen- unificada, como a 8ª Conferência
ma de saúde da Inglaterra, por tar, o setor privado, o mercado e [Nacional de Saúde] deu naquele
exemplo, a caminho da priva- o SUS. Quer tornar a liquidação tempo. O custo do setor privado
tização. Por que acontecem se do SUS oficial. Essa comissão tem é muito alto, é o dobro. Como
economicamente não valem a a maioria de partidos que no pas- eles vão estender isso para toda a
pena? sado apoiaram o SUS. É como na população brasileira? A exclusão
Gastão Wagner - A questão é Inglaterra, nós vamos ter que lu- do SUS significa deixar metade,
política. A política não se faz com tar contra isso. A presidenta Dil- 60% da população brasileira sem
base em evidências econômicas ma fez uma reunião com algumas acesso.
e técnicas apenas, mas sim com empresas da área de saúde suple-
base em interesses de luta, e os mentar, e saíram rumores de que E qual é a contraproposta à pri-
interesses não são homogêneos. haveria um subsídio, que o Esta- vatização?
Na Europa nós temos evidências do brasileiro passaria a comprar Gastão Wagner - É fazer o que já
sanitárias a favor dos sistemas está definido. Nós já temos uma
nacionais de saúde. Só que em proposta com relação ao mode-
2008, com a crise financeira, o
“A exclusão do SUS lo de atenção: o papel da Aten-
estado europeu pegou recurso significa deixar ção Básica, a ideia de funcionar
próprio para salvar os bancos, metade, 60% da em rede, com atendimento de
pra pagar juros, etc. Mas na hora equipe multiprofissional, uso ra-
de corrigir o déficit dos estados,
população brasileira cional de medicamentos, e com
eles não cortam o pagamento sem acesso” um conjunto de diretrizes. No
de juros, não repassam ao setor financiamento também temos
financeiro, e estão cortando em serviços, que daria isenção fiscal, uma proposta: dobrar os recur-
setores como os sistemas nacio- mais estímulos ainda a esse setor sos do SUS, tirar recurso de outro
nais de saúde, os sistemas educa- de mercado, enquanto no SUS tipo de investimento e investir
cionais, com cortes horizontais de falta dinheiro, falta recurso e te- na saúde. Agora, onde há mais
salários, de investimentos, o que mos um subfinanciamento. Hou- polêmica e não há um projeto
tira, da maior parte da popula- ve uma reação muito forte. único, é no modelo de gestão. A
ção, direitos e benefícios que são gente têm a gestão participativa,
De quem partiu essa reação?
históricos. Isso é possível porque mas até onde vão os usuários no
os partidos que apoiaram as po- Gastão Wagner - São profissio- controle? Há consenso de que os
líticas públicas historicamente ao
nais de saúde, suas famílias, e cargos de gestão do SUS, exceto
longo do século XX traíram a his-
milhões de brasileiros que têm ministro, secretário e assessores,
tória deles mesmos. Então é uma uma dependência muito grande não deveriam ser de confiança.
postura conservadora e que tem do SUS e que passaram a apostar A gente deveria fazer concursos
que ser enfrentada com discur- no sistema. A intelectualidade e internos, com mandato, como
sos, com ação política, técnica e
algumas entidades profissionais as universidades fazem. E como
legislativa, mas boa parte dos in-
também estão fazendo a defesa é que se integra o sistema fede-
telectuais da saúde coletiva brasi-
do financiamento da Atenção Bá- rativo brasileiro, se a gente mu-
leira estão caindo nesse “canto de
sica, do crescimento do SUS, da nicipalizou demais, fragmentou
sereia”, e aceitando esse discurso
diminuição do clientelismo, do demais? Que reforma vamos
de que o SUS não é viável. partidarismo, do desvio de recur- fazer na administração direta?
sos, da mudança da formação dos Os sistemas nacionais nasceram
E quais são as ameaças reais professores, dos estudantes. Essa para tirar a atenção à saúde do
que o SUS sofre? agressão aos sistemas nacionais mercado, senão ela se degrada,
Gastão Wagner - Há uma comis- de saúde está obrigando o res- encarece e medicaliza. Isso é uma
são do Senado agora propondo a surgimento do movimento sani- conclusão que tem 100 anos, nós
reforma do SUS, a criação de um tário, com a mesma composição. temos evidências disso.
Do doador ao receptor: um
gesto que muda vidas
Saiba como Antonio começou a doar sangue
por vontade própria, há mais de 20
a doação de anos. Costuma doar de duas a três
sangue faz parte vezes por ano, a maioria vinculadas
a alguém. Para ele, doar sangue
da história de significa satisfação de poder ajudar
muitas pessoas outras pessoas. “Se pudesse, doava
e transforma sangue todos os dias”, completa.
destinos
No Brasil,
1,8% da
população é
doadora de
sangue
Pode doar aquele que: Outras situações impeditivas: Onde doar em SC:
• Tiver idade entre 18 e 67 anos; • Fez ou faz uso de algumas drogas Centro de Hematologia e
• O limite de idade para primeira ilícitas nos últimos 12 meses; Hemoterapia de Santa Ca-
doação é de 60 anos; • Mantém relações sexuais de risco; tarina (Hemosc): Blumenau,
• O candidato à doação deve estar em • Gestantes ou mulheres que amamen- Canoinhas, Chapecó, Criciúma,
boas condições de saúde, sem feridas tam bebês com menos de 12 meses; Florianópolis, Jaraguá do Sul,
ou machucados no corpo; • Estiver usando certos medicamentos. Joaçaba, Joinville, Lages e Tuba-
• Pesar acima de 50 kg. rão. Nos municípios onde não
Deve aguardar para doar sangue: há hemocentro, o Hemosc atua
Não pode doar quem tem ou teve • Quem fez algum tipo de procedimen- de duas maneiras:
as seguintes doenças: to dentário - de 1 a 30 dias (de acordo 1. Coletas externas, através de
• Hepatite após os 11 anos de idade; com o procedimento); uma unidade móvel.
• Lepra (Hanseníase); • Tatuagem e piercing – de 6 meses a 1 2. Encaminhamento de grupos
• Hipertireoidismo e tireoidite de Hashimoto; ano (passará por avaliação); de doadores para o Hemosc da
• Doença autoimune; • Tiver algum desses sintomas (gripe, região. Um trabalho em parce-
• Doença de Chagas; tosse, dor de garganta, rinite, febre, ria com as prefeituras.
• AIDS; resfriado) – 7 dias após a cura. Hospital Universitário: Floria-
• Problemas cardíacos (necessita avaliação e Há mais situações em que a pessoa deve nópolis
declaração do seu cardiologista); aguardar. Para saber essas e outras infor- Banco de Sangue Concórdia
• Diabetes; mações entre no site do Hemosc: www. (particular)
• Câncer. hemosc.org.br/doacao-de-sangue
U
m jovem casal america- amento. A demanda para a Aten- dagem do câncer?
no se conheceu e logo ção Básica é crescente porque há Abordagem prática
se apaixonou. Seis me- um registro de 12 mil novos casos Murilo Vieira Coutinho, médico
ses depois, noivaram e, de câncer por ano só em Santa Ca- de família e comunidade, traba-
em menos de um ano, casaram-se. tarina (dados podem ser consulta- lha há um ano no Centro de Saú-
Após cinco meses vivendo juntos, dos em http://migre.me/ehllo), e de Canasvieiras, em Florianópolis.
Jen descobriu que tinha câncer de cada vez mais pessoas com diag- Neste tempo, ele teve cerca de
mama. O marido decidiu, então, nóstico de câncer estão receben- dez pacientes com diagnóstico
fotografar os cinco anos de luta do alta do serviço especializado de de câncer, três deles em fase ter-
da mulher contra a doença e criar minal, em cuidados paliativos. Ele
um blog com os registros (http:// “A Atenção sentiu na prática a importância da
migre.me/egych). “Minhas fotos Básica tem papel comunicação em diversos níveis.
mostram sua vida diária. Elas hu- “A comunicação clínica é essencial
manizam a face do câncer na face fundamental no principalmente com o câncer, pois
da minha esposa”, postou Ângelo controle do câncer” promove saúde quando o pacien-
no blog. Ele conta que queria mos- te elabora com o médico e a família
trar que o apoio e a vontade de vi- cuidado e voltando para o atendi- a abordagem do seu tratamento”.
ver do paciente são essenciais. mento da sua equipe de saúde. Quando Murilo chegou à co-
A Atenção Básica é o nível de “Antes, o paciente tinha alta e não munidade, o marido de uma das
atenção que consegue propor- voltava para os cuidados integrais moradoras de Canasvieiras já esta-
cionar às pessoas um cuidado in- da ESF, por isso temos pessoas há va em cuidado especializado pelo
tegral. A equipe de saúde da famí- 15 anos usando os serviços do câncer e logo veio a falecer no
lia, próxima da comunidade, cria CEPON [Centro de Pesquisas On- CEPON. A mulher ficou revoltada,
ações que vão desde a promoção cológicas]. Hoje, de 50 a 60% dos acreditando ter havido negligên-
da saúde, a prevenção e o rastre- pacientes com câncer sobrevivem cia no tratamento do marido. Mu-
e, destes, 70 a 80% não apresenta rilo acredita que nesse caso houve
sequelas quando volta para a APS”, falta de comunicação, pois se ele
relata Senen Hauff, coordenadora soubesse antes da evolução do
do setor de epidemiologia do cân- caso, poderia ter preparado a usu-
cer do CEPON, em Florianópolis. ária com uma abordagem sobre a
Para a médica, a chave para a re- despedida, sobre pensar na perda
cuperação é a comunicação entre de um ente querido. “Agora que
o oncologista, na alta complexida- ele faleceu, ela continua fazendo
de, e o médico, na Atenção Básica. parte dessa comunidade, ela volta
Isso se evidencia quando identifi- para a Atenção Básica, e aí?”, ques-
camos que a maior sobrevida de tiona o médico.
pacientes com câncer acontece Murilo relatou também que
em países com sistema de saúde muitas pessoas vêm até seu con-
organizado, como o Canadá e a sultório querendo um check-up
Austrália, de acordo com informa- geral e confessam que a razão é
ções do Concord Study, pesquisa o medo de terem câncer um dia.
realizada em Londres. Então, o O médico procura orientar que a
que a Atenção Básica precisa de- melhor forma de prevenção são
Jen recebe apoio no estágio final do câncer senvolver no que se refere à abor- os hábitos de vida saudáveis e pla-
Filmes
Livros
A publicação Adolescer é uma parceria entre a Associação Brasileira de En-
fermagem (ABEn) e o Ministério da Saúde. A revista apresenta de que forma
os profissionais podem tratar de assuntos difíceis de serem trabalhados com
os adolescentes, como drogas, depressão, suicídio, violência e sexualidade.
Aborda também a complexidade dos agravos à saúde dos jovens e as multidi-
mensionalidades do processo de adolescer.
Além da parte teórica, a publicação oferece metodologias práticas, com dinâ-
micas de aprendizagem para o trabalho educativo com esse público alvo.
“Adolescer” é uma boa dica para quem participa do programa Saúde na Escola ou para quem trabalha com
a intersetorialidade com as escolas.
Você pode descobrir mais sobre a revista no link: http://www.abennacional.org.br/revista/sumario.html
12 telessaúde
telessaúde informa
informa edição 21 abril
edição 20 maio2013
2013
agenda
22/05
Primeiros cuidados com a mãe e o recém-
29/05
Experiência de cuidado ao recém-nascido de
nascido - 15h alto risco na AB - Município de Joinville - 15h
Palestrante: Luana Nilson / Enfermeira Palestrante: Fátima Mucha (pediatra) / Viviane
Resumo: A web vai abordar o papel da equipe de Korovsky (enfermeira)
Atenção Básica/Saúde da Família junto à mãe, ao Resumo: Falará do Programa Bebê Precioso, que
recém-nascido e à família após o nascimento, e tem como ações acompanhar as crianças que após o
quais os primeiros passos para o estabelecimento nascimento necessitam de internação na UTI e realizar
de vínculo e seguimento do cuidado. visitas da equipe de Saúde no hospital e no domicílio.
WORKSHOP
02/05 - médicos 16/05 - odontólogos 23/05 - médicos
Cuidados com a gestante e seu Cuidado à saúde bucal do idoso na Tracoma - 16h
companheiro - 16h Atenção Básica - 16h Palestrante: Astor Grumann
Palestrante: Fernanda Lazzari / Palestrante: Ana Lúcia S. Ferreira de Júnior/ Médico oftalmologista
Médica de Família e Comunidade Mello / Cirurgiã-dentista Resumo: O tracoma é uma
Resumo: A proposta deste Resumo: Os serviços de saúde afecção inflamatória crônica da
workshop é abordar diferentes bucal para idosos têm algumas conjuntiva e das córneas, que
pontos que fazem parte do singularidades que influenciam nas em decorrência das infecções
cuidado pré-natal pelo médico ações e serviços e na organização do repetidas, pode levar a cicatrizes
de família, já que este é um processo de trabalho dos profissionais na conjuntiva palpebral. Em
momento importante para da AB. Deve-se considerar aspectos casos mais graves evoluem
formação de vínculo com a estomatognáticos relevantes e suas para sequelas, provocando
gestante e seu companheiro e modificações durante o processo lesões corneanas importantes,
para seguimento longitudinal à de envelhecimento e, assim, adotar podendo produzir cegueira.
gestação. abordagens a partir de estratégias.
Expediente: Jornalista Responsável: Marina Veshagem Texto, redação, diagramação e edição: Marina
Veshagem, Thaine Teixeira e Camila Peixer Design e iIustração: Vanessa de Luca Orientação: Luise Lüdke, Luana
Gabriele Nilson e Thaís Titon de Souza Reportagem fotográfica e revisão: Camila Peixer