Joana Costa Lopes

Assistente Convidada

§ Esquema – Revelia
Direito Processual Civil II

A REVELIA
Pode ser

Absoluta ou
Art. 566.º do CPC Relativa

A revelia é absoluta se o réu não apresenta contestação, Não foi submetida a

não constitui mandatário nem pratica qualquer acto
processual. contestação pelo réu, mas foi
constituído mandatário.
Efeitos (art. 566.º do CPC):

1.º Se a revelia é absoluta significa que a citação do réu

Aqui não há dúvidas de que o
pode ter tido sofrido irregularidades. réu teve conhecimento de que
2.º A citação é fundamental porque concretiza o princípio contra si foi proposta uma ação,
do contraditório.
3.º Assim, quando se verifica revelia absoluta o tribunal
pelo que não haverá lugar à
tem de verificar se a citação foi feita de acordo com as regularização da citação.
formalidades legais e se necessário voltar a repetir a
citação.
4.º Se a citação não for regular (ou porque não foi feita
(art. 188.º-190.º do CPC) ou porque é nula – art. 191.º do
CPC)) permite-se a “destruição do caso julgado” pela
interposição do recurso (extradordinário) de revisão – art.
696.º, al.e) do CPC.

Quantos aos efeitos
A REVELIA
Pode ser
Operante
Art. 567.º do CPC ou
Para a revelia ser operante tem de estar verificadas
as seguintes condições:
1.º → Ter havido citação pessoal (art. 567.º, n.º1). O que
significa que se a citação foi edital e não foi
constituído mandatário a revelia é inoperante.
2.º → No caso da revelia relativa a procuração do
mandatário tem de ter sido junta no prazo da
contestação (30 dias – art. 569.º do CPC) - art.
567.º, n.º2 do CPC-
A revelia operante produz o seguinte efeito:
Confissão ficta dos factos alegados pelo autor
da P.I (art. 567.º, n.º1 do CPC) → o que significa
que não vão ser objeto de prova em julgamento →
o que significa consequentemente que na sentença
(art. 607.º do CPC) o juiz vai dar como provados,
porque confessados, os factos articulados pelo
autor.
Contudo, o nosso processo é cominatório semipleno
uma vez que a confissão ficta (= ficcionada pelo
legislador) não leva automaticamente à condenação do
réu no pedido uma vez que o juiz pode detetar
exceções dilatórias insupríveis de conhecimento
oficioso (levando à absolvição do réu da instância) ou
pode conhecer de uma exceção perentória de
conhecimento oficioso (ex. nulidade do negócio
jurídico – art. 286.º do CC) levando à absolvição do
réu do pedido.
Efeitos na marcha do processo
revelia inoperante
1.º Dispensa de audiência prévia
(art. 592.º,1.º, al.a) do CPC);
2.º Mas haverá enunciação de
temas da prova (art. 596.º do CPC)
porque os factos não ficam
confessados, logo continuam
necessitados de prova.
Inoperante
Art. 568.º do CPC
Porém, há casos em que a confissão ficta dos factos
articulados pelo autor não se verifica → nestes
estamos perante dos casos de revelia inoperante (=
não opera o efeito da confissão ficta):
1.º art. 568.º, al.a) → não há confissão ficta dos factos
articulados pelo autor pelo réu revel nos casos em que
havendo vários réus algum deles contestar (por
impugnação e por exceção): nestes casos a contestação
do réu não revel numa situação de litisconsórcio ou
coligação aproveita ao réu revel.
2.º art. 568.º, al.b)→ nos casos em que o réu ou algum
dos réus for incapaz ou houver sido citado editalmente
e permaneça numa situação de revelia absoluta.
3.º art. 568.º, al. c) → nos casos em que a vontade das
partes for ineficaz para a produção do efeito jurídico
que a ação pretende obter (ou seja, para a condenação
do réu do pedido). São os casos em que se estão a
discutir relações jurídicas indisponíveis como o direito
a alimentos, os direitos derivados do estado das
pessoas (acção de impugnação de legitimidade de um
filho, de nulidade de casamento, de separação de
pessoas e bens, de divórcio) que impede a confissão
do pedido e a confissão de factos, o que por maioria
de razão significa que também impede a confissão ficta.
4.º art. 568.º, al. d) → a revelia é inoperante em
relação aos factos cuja prova dependa de
documento escrito (por exemplo se a causa de pedir
for a celebração de um contrato de compra e venda do
imóvel tem de se juntar a escritura pública ou
documento particular autenticado (arts. 875.º do CC),
ou se for a celebração do contrato de arrendamento
tem de se juntar documento particular simples
assinado (art. 1069.º do CC)).