PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL SUPERIOR DO
TRABALHO. RR 10555-54.2019.5.03.0179. Recurso de Revista Obreiro – Vínculo de
emprego entre o motorista de aplicativo e a empresa provedora da plataforma de tecnologia da informação (UBER) –Impossibilidade de reconhecimento diante da ausência de subordinação jurídica – Transcendência jurídica reconhecida - recurso desprovido. ACÓRDÃO 4a TURMA IGM/AGS/FN/MP/IGM. Relator: Ives Gandra Martins Filho, Data de Julgamento: 05/03/2021, 4ª Turma, Data de Publicação: 05/03/2021)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA – UEPB
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA TRABALHISTA – ESMAT DIREITO DO TRABALHO I ALUNA: ÉRICA EUZÉBIO DE LUCENA RESENHA CRÍTICA
No Recurso de Revista por número 10555-54.2019.5.03.0179 a 4ª turma do Trabalho não
reconheceu o vínculo de emprego entre o motorista e a empresa UBER, levando em consideração o artigo 2º e 3º da CLT, o artigo terceiro em específico traz os critérios de um vínculo empregatício, que são eles: Subordinação, Onerosidade, Pessoalidade e Habitualidade. No processo foi colocado em pauta que alguns desses critérios não são cumpridos o torna incompatível o vínculo empregatício, viu-se que o motorista de UBER tem autonomia para aceitar as corridas que ele deseja fazer, e escolher o dia, o horário e a forma que irá trabalhar indo de encontro com o que se encontra disposto na CLT, a qual afirma que todas essas funções e responsabilidades que o empregado (motorista) desempenhou é papel somente da Empresa- Empregador (UBER). Indo mais adiante os outros três critérios são discutidos e leva-se em consideração que se o motorista escolhe as corridas, faz o seu horário, não existe uma habitualidade o que o faz se caracterizar como um prestador de serviço, um autônomo, pois não se vê uma relação contínua com uma jornada de trabalho pré- estabelecida, a pessoalidade é confusa de se descrever nesse contexto, pois no processo é visto que a UBER é apenas a intermediária entre a demanda e a oferta, quem está necessitando de condução ( consumidor do serviço- Pessoa Física ) e o motorista (prestador do serviço- Pessoa Física). No RR-536-45.2021.5.09.0892 ao qual foi acordado que se existia vínculo entre um ciclista entregador de alimentos pela plataforma UBER foi considerado como argumento o Princípio da Primazia da Realidade para validar que nessa relação estava presente onerosidade, pessoalidade e não eventualidade, porém como visto no Recurso de Revista por número 10555-54.2019.5.03.0179 esses requisitos não estão presentes, e o princípio da realidade vai dizer que em uma relação de trabalho o que realmente importa são os fatos que ocorrem, mesmo que algum documento formalmente indique o contrário. Em contrapartida, se for levado em consideração apenas o princípio e não se observar a legislação como o que está disposto na CLT que descreve o que é necessário para ser considerado um vínculo empregatício, então existe um choque dentro dos dois entendimentos e o próprio princípio chega a ser desvalidado por quê no contexto em destaque não se existe um documento formal que mostre o vínculo entre o motorista e a UBER, e não pode ser visto como uma relação de trabalho já que os requisitos segundo a Consolidação das Leis Trabalhistas não são atendidos. Em outro RR por número 1001821-40.2019.5.02.040121 foi dito que “as relações de trabalho têm sofrido intensas modificações com a revolução tecnológica, de modo que incumbe a esta Justiça Especializada permanecer atenta à preservação dos princípios que norteiam a relação de emprego, desde que presentes todos os seus elementos.” Com a pandemia e a constante evolução da tecnologia tem se visto novas formas de emprego, e a legislação tem que acompanhar isso para preservar o direito do empregado e do empregador não desconsiderando o que já existe e que norteia os vínculos empregatícios. Em suma, a RR 10555-54.2019.5.03.0179, trouxe argumentos muito bem embasados dentro da legislação e veio a abranger bem os requisitos dispostos na CLT que distinguem as características de um vínculo empregatício, concluindo pela inexistência desse vínculo entre motorista e UBER.