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Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região - 1º Grau

Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região - 1º Grau

O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 0000214-87.2021.5.05.0196 em


14/05/2021 19:48:42 - 9b29d4b e assinado eletronicamente por:
- TATIANE DE JESUS SILVA

Consulte este documento em:


https://pje.trt5.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seDaomcumento assinado pelo Shodo
usando o código:21051419400816700000058419500
EXMO (A) SR (A) DR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 6ª VARA DO
TRABALHODA COMARCA DE FEIRA DE SANTANA - BA

Processo nº 0000501-84.2020.5.05.0196

ANTONIA MARILZA BENTO TEMOTEO MOTA, já qualificada nos


autos do processo emepígrafe, vem por meio de sua advogada abaixo
assinado, tempestivamente perante Vossa Excelência apresentar a sua
MANIFESTAÇÃO sobre a contestação e documentos juntados pela
Reclamada, com base nos fundamentos a seguir expostos:

1. BREVE RELATO

A Reclamada, ao responder a presente demanda trouxe fundamentos que


não merecem prosperar, pelos fundamentos expostos a seguir.

2. DA PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA

No que tange a Reclamada insistir que jamais existiu relação de emprego


entre esta e a reclamante, alegando, que existiu foi tão somente a livre
associação pela Reclamante à cooperativa acionada, por essa razão não poderá
figurar no polo passivo da presente Reclamação. É evidente que a reclamante
está vinculada a reclamada, o que se questiona é a prevalência da sua
condição de cooperado ou de empregado.
Razão pela qual, somente apreciado o feito é que se pode deferir conceder ou
não pela ilegitimidade passiva,

Pela rejeição da preliminar.

2.1 DA PRELIMINAR DE IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE JUSTIÇA


GRATUITA

No tocante a impugnação da concessão da justiça de gratuita, esta não merece prosperar, a


justiça gratuita é assegurada pela Lei 1060/50, art. 98 CPC, e art. 790 da CLT para
aqueles que não podem dispor de recursos para arcar com as despesas processuais.

A autora nos termos do art. 5º, LXXIV da CF e art. 98 do CPC, conforme


decisão deste juízo, trouxeram elementos suficientes a comprovação da
impossibilidade de arcar com as custas ora mencionadas.

3. SÍNTESE DA DEFESA

Preliminarmente a Reclamada afirma que a relação jurídica de cooperativismo


com a Reclamada iniciou em 04.01.2016 para exercer as atividades como
Orientadora Social, que a Reclamante prestou serviço até 31.03.2020,
quando informou que não mais prestaria serviços para reclamada, por livre e
espontânea vontade.

Que a CTPS não foi assinada porque a Reclamante não era empregada, mas
sim cooperada, ou seja, associada, passando a ser um dos proprietários da
Cooperativa.

Que não há falar-se em despedida, isso porque, a Reclamante deixou de


prestar serviços espontaneamente.

Disse que improcedem os pedidos de reconhecimento de vínculo e anotação


na CTPS e aviso prévio indenizado, visto que a Reclamante não era
empregada da Reclamada e sim cooperada conforme documentos anexos.
Disse que a autora não faz jus ao depósito de FGTS acrescido da multa de
40%, uma vez que não era empregada da Reclamada.

Afirma que improcede o pedido de seguro-desemprego, uma vez que a


Reclamante era cooperada, pediu desligamento e não provou preencher os
requisitos legais para habilitação em tal benefício.

Afirmou que é indevido o pedido de verbas rescisórias mais a multa prevista


no artigo 477 da CLT, uma vez que a autora deixou de prestar serviço por
vontade própria.

Que a reclamante recebeu o rateio natalino que tem a mesma natureza


jurídica do 13º salário.

Que a Reclamante gozou de repouso anual remunerado.

Que improcede o pedido de Devolução da Contribuição cooperativa, porque


tais taxas são devidas para a manutenção da cooperativa.

Afirmou que o pedido de pagamento dos honorários advocatícios é indevido,


pois são indevidas quaisquer das pretensões postuladas pelo Reclamante.

Requereu, seja a ação julgada improcedente para condenar o Reclamante ao


pagamento das custas processuais e demais cominações de lei.

Acostou à defesa os documentos de ID 134720e (Ficha de matrícula e


Declaração), ID a8e8daa (pró-labores de repouso anual), ID 5e48dbc (recibos
de rateio), ID 797d7da (Aprovação no REDA).

4. DA MANIFESTAÇÃO SOBRE A CONTESTAÇÃO E


DOCUMENTOS.

Inicialmente, vale destacar que a Reclamante foi admitida pela Reclamada em


04 de Janeiro de 2016, para exercer as funções de Orientadora Social.
Destaca-se que com intento de burlar as leis
trabalhistas, a Reclamada não realizou as anotações devidas na CTPS da
Reclamante. Recebeu como última remuneração o valor de R$1.495,20 (um
mil, quatrocentos e noventa e cinco reais e vinte centavos), sendo dispensada
em 31 de março de 2020, sem justa causa e sem receber, contudo, prévio
aviso e nenhuma das verbas rescisórias de direito. Sendo assim, resta
impugnada à alegação da Reclamada que a Reclamante pediu demissão, onde
a Reclamante desconhece tal alegação e não reconhece qualquer documento
que fora produzido de forma unilateral.

A Reclamante nunca foi cooperada, e sim empregada, tendo em vista que


sempre cumpriu determinações da Reclamada, mediante remuneração fixa
pactuada, atendendo a todos os requisitos necessários para reconhecimento
dovínculo empregatício previsto no art. 3º da CLT, a saber:

No que toca ao primeiro elemento (prestação de trabalho por pessoa física),


não resta dúvida que este se encontra configurado entre as partes, pois houve a
efetiva prestação de trabalho por pessoa física (Reclamante) a um tomador
(Reclamada), tendo em vista que durante o período de 04/01/2016 a
31/03/2020 a trabalhadora prestou serviços como Orientadora Social em
favor da Reclamada.

Quanto ao segundo elemento (pessoalidade), este também se encontra


configurado entre as partes, pois, a Reclamante, ao desempenhar suas
atividades laborativas, não podia fazer-se substituir por outra pessoa, ou
seja, esta prestava serviço em favor da Reclamada de forma pessoal.

Em relação ao terceiro elemento (onerosidade), este se encontra presente entre


as partes, uma vez que a Reclamante laborava mediante salário, por meio de
remuneração produtiva havendo variação. Desta forma, resta-se mais do que
caracterizado a presença do elemento da onerosidade na relação entre as
partes.
No que tange ao quarto elemento (subordinação), este também se encontra
presente na relação entre as partes, pois durante o período em que prestou
serviços como Orientadora Social em favor da Reclamada, a Reclamante
cumpria com as determinações estipuladas pela Reclamada.

O documento de ID’S 134720e (ficha de matrícula e Declaração)


restam impugnados, visto que não passam de mera tentativa de desconfigurar
a relação de emprego entre a Reclamante e a Reclamada, além de terem sido
produzidos de forma unilateral, sendo que, a Reclamante era empregada nos
termos do art. 3º da CLT, o que será comprovado durante a instrução
processual.

O documento de ID a8e8daa (repouso anual) restam impugnados, pois o


valor é inferior ao devido, uma vez que foi alegado que em março de 2020 a
Reclamante estava a gozar do repouso anual, fato este, desconhecido pela
mesma que laborou durante todo o mês. Inclusive, não foi juntado como
prova o recibo comprovando o repouso neste período, bem como, é possível
observar o descrito no contracheque de março/2020 que não faz menção
alguma sobre esse afastamento das atividades laborais, além da notória
tentativa de dificultar a verdadeira realidade dos fatos.

O documento de ID 5e48dbc (recibos de rateio) restam parcialmente impugnados,


pois a Reclamante sempre recebeu salário mensal fixo. Nunca recebendo pagamento à
título de rateio, pois a relação da Reclamante e Reclamada existente nunca foi de
cooperado e sim relação de emprego.

O documento de ID 797d7da (Publicação de Aprovação em


Concurso) restam impugnados, pois matéria não se enquadra no caso em
comento, não existindo assim vínculo com a relação de trabalho que a
Reclamante manteve com a Reclamada. Onde a mesma está prestando serviço
em momento posterior a dispensa pela Reclamada.
Dispõe a Lei n. 12.690/2012, que regulamentou a organização e
funcionamento das cooperativas de trabalho, que:

Art. 2º. Considera-se Cooperativa de Trabalho a


sociedade constituída por trabalhadores para o
exercício de suas atividades laborativas ou
profissionais com proveito comum, autonomia e
autogestão para obterem melhor qualificação,
renda, situação
socioeconômica e condições gerais de trabalho.
§ 1º. A autonomia de que trata o caput deste
artigo deve ser exercida de forma coletiva e
coordenada, mediante a fixação, em Assembleia
Geral, das regras de funcionamento da
cooperativa e da forma de execução dos
trabalhos, nos termos desta Lei.
§ 2º. Considera-se autogestão o processo
democrático no qual a Assembleia Geral define
as diretrizes para o funcionamento e as
operações da cooperativa, e os sócios decidem
sobre a forma de execução dos trabalhos, nos
termos da lei.

Não existia entre a Reclamante e a Reclamada relação de cooperativado de


fato.

Os demais documentos não relatados nesta impugnação que foram produzidos


sem a participação da Reclamante ou com renúncia expressa de direito,
devem ser afastados pelo Juízo em razão da sua flagrante nulidade.

Assim, sabendo-se que deve imperar a primazia da realidade sobre os


aspectos formais, e restando configurado a presença de todos os requisitos
necessários para o reconhecimento do vínculo empregatício, deve, pois
desconsiderar todos os atos praticados pela Reclamada com o objetivo de
fraudar a aplicação dos preceitos da CLT, devendo ser reconhecido o vínculo
de emprego entre a Reclamante e a Reclamada, com a condenação da
Reclamada ao pagamento de todas as verbas trabalhistas e rescisórias.
5. REQUERIMENTOS FINAIS

Ante o exposto, reitera a Reclamante todas as suas alegações da peça inicial a


fim de que o Douto Juízo julgue a presente Reclamação Trabalhista
PROCEDENTE, nos termos da Petição Inicial.

Querer a juntada de cópia integral da CTPS.

Impugna o pedido de improcedência de honorários advocatícios de


sucumbência, pois sobre as verbas devidas pela Reclamada, estas serão
provadas no decorrer da instrução processual, sendo assim os honorários
relativos serão devidos.

Protesta e requer a produção de todos os meios de prova em


direito admitidos, especialmente a oitiva de testemunhas e
juntada de documentos.

Nestes termos, Pede


deferimento.

14 de maio de 2021, Feira de Santana-BA.

TATIANE DE JESUS
OAB/BA nº 66.004

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