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● O cálculo se forma somente no rim, nunca se forma no ureter, ou seja, um cálculo ureteral é aquele que se
forma no rim e migra para o ureter
● O quadro é mais preocupante é quando o cálculo migra para o ureter, causa uma obstrução ureteral, gerando
a cólica renal aguda (cálculo no rim não dói, tem que estar no ureter para gerar dor)
● Importante saber tratar a cólica renal aguda e cálculos que ainda estão no rim (que não estão causando
sintomas mas podem causar sintomas algum dia)
2 preocupações principais: tratamento cólica renal aguda e como intervir no processo de formação de novos
cálculos
CASO CLÍNICO
Paciente de 39 anos com história de dor em cólica no quadrante inferior direito irradiando para a ponta do pênis
há 8 anos. Já teve um cálculo renal previamente, que foi eliminado espontaneamente. Exame físico: inquieto,
afebril, dor no ângulo costovertebral direito (sinal de giordano positivo) e no quadrante inferior direito. Urinálise:
hematúria microscópica. TC do abdome e da pelve: cálculo de 6 mm no ureter distal direito e hidroureteronefrose
leve.
● Não é difícil diagnosticar uma cólica renal, é uma dor típica, em cólica (piora e melhora), de início abrupto,
em região lombar, quase sempre unilateral (muito raro bilateral), aguda, irradia para FID e região genital
(região do escroto ou pênis nos homens e grandes lábios nas mulheres)
● Paciente não encontra posição confortável, fica inquieto/agitado, diferentemente de uma peritonite
(apendicite, úlcera perfurada), em que o paciente fica quieto (pois se mexer, dói)
➔ CONDUTA
1) Analgesia
*EUA: anti inflamatório e/ou opióides (pode ser feito também se não melhorar com o buscopam composto)
*No abdome agudo não faz analgesia de imediato para não mascarar o quadro
○ Avaliação do paciente através de exames (após o controle da dor)
■ TC sem contraste (padrão ouro pois visualiza quase 100% dos cálculos, elevada especificidade e
sensibilidade): após o diagnóstico clínico é preciso submeter o paciente a exame que dirá o tamanho do
cálculo e a sua localização, o que definirá o tratamento (esperar ou operar)
■ O cálculo que não é visualizado na TC é o cálculo de Indinavir (medicação para HIV), que é muito raro.
Mesmo os cálculos de ácido úrico que são mais radiotransparentes aparecem na TC
● Pielonefrite
○ Conduta:
→ Internação
*Duplo J: por cistoscopia, acha o óstio ureteral, passa fio guia, passa o cateter ureteral: duplo J, ele
enrola igual a um J na pelve renal e na bexiga, se não conseguir passar o cateter pode quebrar o
cálculo com laser (ureterolitotripsia) e depois passar o duplo J de novo ou fazer a nefrostomia
percutânea
*Nefrostomia percutânea: quando não consegue passar o duplo J, punção percutânea do rim nas
costas, passa uma sonda por essa região
● Dor e vômitos incoercíveis (sintomas que não melhoram com a medicação) - Geralmente é uma dor intensa
aguda que vai diminuindo ao longo do tempo
-A conduta em todos esses casos é tirar o cálculo (abordagens serão faladas mais pra frente)
● Sem infecção
● Dor controlada
● Chance de eliminação espontânea - A TC gera parâmetros que indicam maior chance disso ocorrer:
○ Tamanho, localização do cálculo e tempo (se o paciente já está em dor há 3-4 semanas, tem menos de
chance de eliminar)
➔ Cálculos < 5 mm: alfa-bloqueadores (geram relaxamento da musculatura no trígono vesical e aumentam
chance de eliminação espontânea, dilata a próstata e o ureter): doxazosina e tansulosina (usados na HPB)
○ Proximal
○ Médio
○ Distal: mais fácil de chegar na bexiga. Quando o cálculo chega na bexiga a dor passa, pois geralmente ele é
eliminado espontaneamente pois a uretra é mais calibrosa que o ureter
Geralmente o cálculo trava em ureter proximal/alto (junção pieloureteral - JUP) ou em ureter distal/baixo (junção
ureterovesical - JUV)
OBS: os sintomas aparecem quando o cálculo está na junção ureterovesical: disúria e polaciúria (quadro
semelhante à cistite)
IMAGENS
○ A) RX simples - Não conseguimos ver o cálculo muito bem. Antigamente realizas-se muito RX e USG, mas
perdem para a TC em termos de sensibilidade e especificidade. 80% dos cálculos aparecem no RX pois sao
cálculos de cálcio
APÓS O DIAGNÓSTICO
○ Resolver a dor
○ Avaliar
○ Tratamentos
○ Ureter
■ Superior: acima da onde cruza artéria e veia ilíaca (abdominal) - Cálculo ureteral alto
● Onda mecânica transmitida pela água que fragmenta o cálculo, ou seja, não remove (organismo
elimina)
● Faz uma endoscopia (entra pela uretra e sobre até o ureter ou até o rim para tirar o cálculo)
→ Rígidos e semi-rígidos (não fazem curva): mais fáceis para abordagem de cálculos do
ureter inferior
● Fragmenta o cálculo com laser ou com britadeira e pode ou não remover os fragmentos
(organismo elimina)
● Passa o nefroscópio, ele acha o cálculo, fragmenta com ultrassom ou laser e remove os
fragmentos
CÁLCULOS E INDICAÇÕES
Se < 1 cm:
.Ureteroscopia
Se > 1 cm
.Nefrolitotripsia percutânea
Cálculo uretral baixo (independente do tamanho):
.Ureterolitotripsia endoscópica (preferencialmente sempre, pois o cálculo está mais próximo do meato
ureteral)
.LECO
■ Tratar quando:
● Assintomáticos e grandes (≥ 6 mm): pois se migrar, tem menor chance de ser eliminado
espontaneamente
TIPOS DE CÁLCULOS
CÁLCIO (80%)
■ Fosfato de cálcio (quando tem > 50% de fosfato de cálcio, mas pode ter oxalato de cálcio também)
■ Formação: placa de fosfato de cálcio com deposição de oxalato de cálcio, geralmente por supersaturação
(concentração de fosfato ou oxalato de cálcio > solubilidade) - Essa placa é formada na papila renal e não
sai fácil
● Preciso avaliar metabolicamente esse paciente com o objetivo de descobrir doenças sistêmicas
potencialmente tratáveis
○ Sarcoidose
○ Paraplégicos ou astronautas (imobilização prolongada gera desmineralização do osso, aumenta
cálcio no sangue e na urina)
○ Medicações
○ Gota
○ História familiar (aumenta chance de formar cálculo) - É o principalmente fator de risco pois
depende de doenças genéticas
■ Anormalidades: todo mundo que forma cálculo tem uma dessas anormalidades (podemos intervir nessas
anormalidades para impedir a formação de cálculos)
● Hipercalciúria (+ comum)
● Hiperoxalúria: primária (defeito congênito) e secundária (cirurgias ou doenças que acometem o íleo
terminal > má reabsorção dos sais biliares > sais biliares eliminados junto com o cálcio quelam o
cálcio > oxalato fica mais livre > aumento da reabsorção de oxalato > hiperoxalúria): causa
insuficiência renal
-Sais biliares são liberados pelo fígado, emulsificam a gordura e são reabsorvidos no íleo terminal
● Hiperuricosúria: o aumento do ácido úrico gera aumento de cálculos de ácido úrico e de cálcio
Causas importantes: DII, cirurgia intestinal, cirurgia bariátrica, acidose tubular renal, hiperparatireoidismo
primário, hipercalciúria idiopática e mieloma
NÃO CÁLCIO (20%)
■ Ácido úrico
● Hiperuricosúria
● pH ácido < 5,5 (tende a se precipitar no pH mais ácido) - Cristaliza-se em pH mais ácido e dissolve-se
em pH mais alcalino
● Radiotransparente
● Único cálculo com tratamento que permite dissolução: alcalinização da urina: citrato de potássio
● Associado com ITU (bactéria do gênero proteus produtora de urease, que alcaliniza a urina: pH > 6,
gerando a precipitação desse tipo de cálculo) - Tirar o cálculo e tratar a infecção
■ Cistina: causado pela cistinúria (defeito congênito no transporte de 4 aminoácidos gera esse excesso de
cistina na urina), pode ter aspecto de cálculo coraliforme, grande, duro e difícil de tratar
OBS: urina alcalina precipita cálculos de estruvita e fosfato de cálcio e urina ácida precipita cálculos de ácido úrico
(mandou lembrar)
○ Indicação da análise metabólica: cálculos recorrentes, pacientes jovens, necessidade de diminuir formação de
cálculos por múltiplos cálculos (muitos questionam a necessidade dessa avaliação)
○ Sangue
■ Ácido úrico
■ Ureia e Cr
-Acidose Tubular Renal: bicarbonato < 20, potássio baixo - Não existe eliminação adequada de próton no túbulo
distal e não há a absorção de potássio (geralmente elimina o próton e absorve o potássio), gerando acidose e
hipocalemia. Ocorre hipercloremia por perda do bicarbonato (geralmente > 110)
○ Urina de 24h
■ Oxalato
■ Citrato
■ Ácido úrico
○ Condições tratáveis
■ Hipocitratúria: citrato
■ Hiperoxalúria
○ Algumas orientações gerais podem beneficiar qualquer tipo de cálculo, sobretudo de cálcio (fazer para
todos)
■ Hidratação (diurese > 2L, ingerir 2 a 2,5L de água por dia, urina clara)
■ Se conseguir parar de formar cálculo com essas mudanças, as análises metabólicas não são
necessárias
○ LECO
○ Ureterolitotripsia endoscópica
○ Nefrolitotripsia percutânea