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APRENDIZAGEM HUMANA:

CONTRIBUIÇÕES DE
PIAGET, VIGOTSKI E
WALLON
INTRODUÇÃO
A aprendizagem é um processo complexo que envolve a aquisição, assimilação e aplicação de
conhecimentos. Diversos estudiosos têm contribuído para a compreensão desse processo, entre eles
Jean Piaget (1896-1980), Lev Vigotski (1896-1934) e Henri Wallon (1879-1962). Este texto tem como
objetivo apresentar as teorias desses três autores e discutir como suas contribuições podem auxiliar
na compreensão da aprendizagem humana. Além disso, expor como esses conhecimentos são
aplicados no campo da Psicopedagogia, especialmente no contexto de dificuldades de aprendizagem.

No processo de desenvolvimento cognitivo, as crianças estão constantemente envolvidas em um


equilíbrio entre a assimilação e a acomodação. A busca por um equilíbrio entre as estruturas
cognitivas existentes e as novas informações é o que impulsiona o desenvolvimento cognitivo,
permitindo que as crianças construam estruturas mentais mais complexas e avancem nos estágios
de desenvolvimento e avancem em suas aprendizagens.

Em resumo, as teorias de Jean Piaget, Lev Vigotski e Henri Wallon fornecem valiosos conhecimentos sobre
como aprendemos. A abordagem piagetiana enfoca a construção ativa do conhecimento, enquanto a
abordagem vigotskiana destaca o papel da interação social e da linguagem na aprendizagem. Por sua vez, a
abordagem walloniana ressalta a importância da afetividade e dos conjuntos funcionais. Ao aplicar essas
teorias na prática psicopedagógica, é possível promover uma compreensão mais abrangente e efetiva da
aprendizagem humana e auxiliar no desenvolvimento cognitivo e emocional dos aprendentes.
PIAGET
Os conceitos de assimilação e acomodação são fundamentais na teoria do desenvolvimento de Jean Piaget.
Assimilação refere-se à incorporação de novas informações ou experiências em estruturas cognitivas já
existentes. Quando as crianças encontram algo novo, elas tentam compreendê-lo com base nos esquemas
mentais que já possuem. Elas interpretam e dão sentido às novas informações usando suas estruturas
cognitivas existentes.

Através do processo de equilibração progressiva, as crianças avançam nos estágios de desenvolvimento


cognitivo propostos por Piaget, passando da fase sensório motora para a pré-operacional, seguida pela fase
das operações concretas e, por fim, alcançando a fase das operações formais na adolescência. Cada estágio é
caracterizado por um conjunto único de habilidades cognitivas e formas de pensamento, representando uma
progressão gradual e sequencial no desenvolvimento cognitivo infantil.

O desenvolvimento psíquico, que começa quando nascemos e termina na idade adulta, é


comparável ao crescimento orgânico: como este, orienta-se, essencialmente, para o equilíbrio. Da
mesma maneira que um corpo está em evolução até atingir um nível relativamente estável –
caracterizado pela conclusão do crescimento e pela maturidade dos órgãos -, também a vida
mental pode ser concebida como evoluindo na direção de uma forma de equilíbrio final,
representada pelo espírito adulto. O desenvolvimento, portanto, é uma equilibração progressiva,
uma passagem contínua de um estado de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior.
(Piaget, 2007, p. 13)
VIGOTSKI
Vigotski introduziu os conceitos de nível de desenvolvimento real e nível de
desenvolvimento potencial. O nível de desenvolvimento real refere-se às
habilidades e conhecimentos que a criança já possui e pode utilizar de
forma independente. Por outro lado, o nível de desenvolvimento potencial
refere-se às habilidades e conhecimentos que a criança é capaz de
desenvolver com o suporte de um adulto ou um parceiro mais experiente.

Em seus estudos sobre desenvolvimento infantil, Vigotski (2007) apontou a


fragilidade de pesquisadores “sagazes” de nunca terem considerado
indicativo do desenvolvimento mental das crianças o que elas conseguem
fazer com ajuda dos outros, com pares mais experientes, podendo ser um
colega e/ou o professor.

É a partir dessa constatação que o autor afirma que a ZDI

“DEFINE AQUELAS FUNÇÕES QUE AINDA NÃO AMADURECERAM,


MAS QUE ESTÃO EM PROCESSO DE MATURAÇÃO, FUNÇÕES QUE
AMADURECERÃO, MAS QUE ESTÃO, PRESENTEMENTE, EM
ESTADO EMBRIONÁRIO (VIGOTSKI, 2007, P. 98).
WALLON

A abordagem walloniana destaca a importância da afetividade no processo de aprendizagem. Wallon


enfatizava que as emoções, os sentimentos e as paixões têm um papel central no desenvolvimento cognitivo e
no relacionamento com o ambiente.

Wallon (2007) propôs a ideia de conjuntos funcionais, que são unidades de comportamento que englobam
aspectos motores, cognitivos e afetivos. Ele acreditava que a afetividade desempenha um papel crucial na
regulação do comportamento e no desenvolvimento das capacidades cognitivas.

O desenvolvimento afetivo compreende a evolução das emoções, incluindo sua expressão externa, que se inicia
na infância e progride ao longo da adolescência. Esse processo abrange a conscientização das próprias
emoções, a habilidade de reconhecê-las, expressá-las e administrá-las, bem como a capacidade de
relacionar as emoções com as dos outros. Nessa visão, as emoções consistem em três elementos interligados
que contribuem para a formação do indivíduo: o sentimento, a cognição e o comportamento (WALLON, 2007).
No campo da Psicopedagogia, essas abordagens são
fundamentais para a compreensão do processo de
aprendizagem das crianças, adolescentes e adultos,
auxiliando no diagnóstico e intervenção de dificuldades de
aprendizagem.

Ao compreender as teorias de Piaget, Vigotski e Wallon, os


profissionais têm a capacidade de identificar como as
crianças aprendem e conhecem o mundo, reconhecendo a
importância da interação social e do apoio emocional no
processo de aprendizagem e desenvolvimento humano.
Material produzido por: Professora Maria Emiliana Lima Penteado
Doutora em Educação: Psicologia da Educação, psicopedagoga clínica e
institucional, pedagoga, coordenadora pedagógica, professora
universitária e pesquisadora.

FONTES:
PIAGET, Jean A. Seis estudos de psicologia. 24ª ed. Rio de Janeiro: Forence Universitária, 2007.
PRESTES, Z. R. Quando não é quase a mesma coisa: traduções de Lev Semionovitch Vigotski no
Brasil. Campinas: Autores Associados: 2012.
VYGOTSKY, Lev Semenovitch. A Formação Social da Mente. 7ª ed. São Paulo, Martins Fontes, 2007.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
WALLON, Henri. Evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007

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