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Unidade III
7 ENSINAR POR COMPETÊNCIAS E A INTEGRALIDADE DO PROCESSO DE
ENSINO E APRENDIZAGEM
Com a globalização econômica e seus mercados abertos, a educação teve que atender demandas que
preparassem os indivíduos não somente para dominar técnicas específicas do seu fazer e conhecimentos
específicos, como também oportunizar o desenvolvimento de aptidões e atitudes que facilitem as
relações interpessoais no mundo social e nas organizações, com destaque para: trabalho colaborativo,
empreendedorismo, aprender a fazer, adaptabilidade, empatia, entre outros.
Diante desta breve trajetória, é possível afirmar que o ensino com base em competências surge
em consequência das lacunas de falta de aplicabilidade dos conhecimentos teóricos aprendidos em
situações reais, tanto da vida cotidiana quanto da profissional.
Além disso, os autores apontam três fatores que contribuem para a ascensão do ensino baseado no
desenvolvimento de competências:
Observação
A formação com base nas competências deve responder aos problemas da vida cotidiana, para
isso, é importante determinar competências que possam ser alcançadas, considerando o trabalho
com conteúdos que auxiliem na vida em sociedade e que se articulem em várias possibilidades de
entendimento a partir da interdisciplinaridade e complementariedade entre as áreas do conhecimento.
Como nível mais alto de exigência, o trabalho com competências requer um sistema escolar que
explicita as finalidades dos conteúdos e os direciona para a formação integral das pessoas.
Convidamos você a refletir sobre possíveis caminhos que superem o paradigma tradicional da
escola e promovam, por meio do trabalho com competências e habilidades, a integração entre escola e
sociedade, conteúdos e realidade, conhecimento e vida social.
Saiba mais
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Prosseguindo as nossas discussões sobre competências na área da educação, elas podem ser
compreendidas em sua totalidade como a formação da pessoa que utiliza os conhecimentos aprendidos
e vivenciados na escola para resolver problemas da realidade. Em outras palavras, como intervenções nos
vários contextos da vida, em que são mobilizados, de maneira inter‑relacionada, conteúdos, estratégias
e encaminhamentos para a vida em sociedade.
Segundo Zabala e Arnau (2014, p. 30), “a competência, no âmbito da educação escolar, identificará
o que qualquer pessoa necessita para responder aos problemas que enfrentará ao longo de sua vida”.
Eles apresentam definições das competências a partir de dois campos: o profissional e o educacional.
A seguir, trazemos, de forma sintética, tais concepções, acrescentando a definição de competência pela
BNCC (BRASIL, 2018).
No campo profissional, há uma coletânea de definições que abarcam vários setores da sociedade
internacional e espanhola, já que os autores são espanhóis; assim como no campo educacional, há
conteúdo do Conselho Europeu, universidades espanholas, OCDE e autores renomados, como Monereo
e Perrenoud.
Assim, é importante que todas as definições sejam analisadas e consideradas no contexto nacional,
principalmente no contexto da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Como último foco de atenção sobre a questão das competências na educação, cabe ressaltar que
não queremos indicar somente este modelo, mas que ele seja para você, futuro profissional da educação,
ponto de partida e alicerce para reflexões e construções de suas próprias concepções acerca do ensino
com base nas competências.
Desta maneira, sugerimos que observe com atenção as figuras a seguir, a fim de compreender os
vários movimentos que a concepção de competência tem realizado até os dias atuais.
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Unidade III
Embora as competências tenham sua origem no mundo empresarial, cuja palavra eficácia seja espinha
dorsal da concepção, na educação, há uma ampliação do termo eficiente, pois remete ao aprendizado
que valoriza a concatenação dos conhecimentos propedêuticos e comportamentos colaborativos,
estratégicos e analíticos para a resolução de problemas que permeiam a realidade.
Observação
A palavra eficácia, no contexto do ensino com base em competências,
não possui caráter tecnicista, pelo contrário, indica sucesso na mobilização
de conhecimentos para resolver problemas da realidade.
Com isso, ser competente demanda demonstrar, em situações reais, a capacidade de encaminhar
soluções, por meio da mobilização de conhecimentos, procedimentos e atitudes. Em outras palavras, é
necessário acionar estruturas cognitivas, emocionais, criativas, informacionais, estratégicas e sensíveis
para continuar vivendo em sociedade, modificando‑a e sendo modificado por ela.
Nas palavras de Zabala e Arnau (2014, p. 38), “a melhoria da competência implica a capacidade de
refletir sobre sua aplicação e, para alcançá‑la, é necessário o apoio do conhecimento teórico”, assim, ao
contrário do que pensa o senso comum, para aperfeiçoar as competências e sua amplitude na resolução
de problemas, é preciso um preparo teórico.
Os autores relacionam a construção do conhecimento por competências com a articulação de, pelo
menos, quatro momentos de aprendizagem: aprendizagem dos fatos, aprendizagem dos conceitos,
aprendizagem dos procedimentos e aprendizagem das atitudes.
Tais conteúdos são fundamentais para a compreensão de informações que, articuladas com a
vida cotidiana e profissional, contextualizam a aprendizagem e fornecem subsídios para interpretar e
resolver problemas.
Como podemos perceber, a aprendizagem de fatos está ligada às informações literais, isto é, ainda
estão associadas ao aprendizado informacional e repetitivo, mas, por sua vez, constituem etapa inicial
da construção de competências.
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Unidade III
A aprendizagem dos conceitos está com a significação dos conceitos aprendidos, isto é, a capacidade
de explicar definições conceituais de um fenômeno ou situação.
Dito de outra forma, ela pode ser definida como etapa em constante construção, considerada a
possibilidade de ampliar e ou aprofundar conhecimentos, a fim de torná‑los mais significativos.
Sobre a aprendizagem dos conceitos, Zabala e Arnau (2014, p. 119) afirmam que:
A partir dos apontamentos realizados pelos autores, podemos inferir que, para desenvolver as
competências e torná‑las significativas, é necessário utilizar com sucesso princípios e conceitos aprendidos.
A aprendizagem dos procedimentos está relacionada à aplicabilidade dos fatos e conceitos aprendidos
para atuar na resolução dos problemas, exercitando e dando funcionalidade aos componentes teóricos
dos conteúdos procedimentais.
A aprendizagem das atitudes está relacionada ao processo de vivência dos sujeitos, seus processos de
reflexão e relações intrapessoais e interpessoais em situações dialógicas, que requer o estabelecimento
de normas comportamentais.
Além disso, a aprendizagem das atitudes está pautada em relações afetivas, em que se estabelecem
vínculos e modelos, cujo processo de ensino e aprendizagem é permeado de etapas de identidade e
construção da moralidade.
Sobre aprendizagem das atitudes, Zabala e Arnau (2014, p. 121) afirmam que:
É possível considerar a aprendizagem das atitudes como a prática da competência, uma vez que
consiste na mobilização de fatos, conceitos, conteúdos e procedimentos para que os sujeitos da
aprendizagem posicionem‑se e atuem frente à realidade apresentada.
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Lembrete
Ampliando nossas discussões, de acordo com os autores (2014), para ensinar com base em competências,
é necessário seguir quatro critérios essenciais (quadro a seguir): significado, complexidade, procedimental e
componentes por tipologia.
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Unidade III
Percebe‑se que, a fim de ter uma formação e uma prática pedagógica voltadas para competências,
é preciso considerar muitas características, assim, acrescentamos outra dimensão, a vivência das
habilidades e competências, isto é, precisamos ir além de exercitação de situações de aprendizagem
contemplando vários contextos vivenciais do conhecimento compartilhado.
O que queremos dizer é que a aprendizagem não deve se limitar ao desenvolvimento de uma unidade
didática, nível escolar ou ano letivo; precisa propiciar uma imersão em um processo em longo prazo, em
que os sujeitos possam experimentar conteúdos e habilidades de variadas formas.
Nesta perspectiva, podemos afirmar que as experiências são inerentes ao ensino por competências,
pois estabelecem conflitos e desafios a serem superados, análise crítica do contexto e atitudes que
viabilizem a resolução de problemas.
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Competência 1 Competência 6
Valorizar e utilizar os conhecimentos Valorizar a diversidade de saberes e
historicamente construídos sobre o mundo vivências culturais e apropriar-se de
físico, social, cultural e digital para entender e conhecimentos e experiências [...]
explicar a realidade [...]
Competência 2 Competência 7
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à Argumentar com base em fatos, dados
abordagem própria das ciências, incluindo e informações confiáveis, para formular,
a investigação, a reflexão, a análise crítica, negociar e defender ideais [...]
a imaginação e a criatividade [...]
Competência 8
Competência 3
10 competências Conhecer‑se, apreciar‑se e cuidar de
Valorizar e fruir as diversas
Educação Básica sua saúde física e emocional,
manifestações artísticas e culturais, compreendendo‑se na
das locais às mundiais [...] diversidade humana [...]
Competência 4 Competência 9
Utilizar diferentes linguagens - verbal (oral Exercitar empatia, o diálogo, a resolução de
ou visual‑motora, como libras, e escrita), conflitos e a cooperação, fazendo‑se respeitar
corporal, visual, sonora e digital [...] e promovendo o respeito ao outro [...]
Competência 5 Competência 10
Compreender, utilizar e criar tecnologias Agir pessoal e coletivamente com
digitais de informação e comunicação de autonomia, responsabilidade, flexibilidade,
forma crítica, significativa, reflexiva e ética [...] resiliência e determinação [...]
A BNCC (BRASIL, 2018, p. 8) reconhece que a “educação deve afirmar valores e estimular ações
que contribuam para a transformação da sociedade, tornando‑a mais humana, socialmente justa e,
também, voltada para a preservação da natureza”, alinhando‑se com a Agenda 2030 proposta pelas
Nações Unidas (ONU).
Sobre as competências e conhecimentos, Zabala e Arnau (2014, p. 52) afirmam que “não
são antagônicos, pois qualquer atuação competente sempre envolve o uso de conhecimentos
inter‑relacionados a habilidades e atitudes”.
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Unidade III
Saiba mais
Para conhecer as 10 competências da Educação Básica na íntegra, acesse:
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília:
Ministério da Educação, 2018. Disponível: https://bit.ly/2uLz78O. Acesso em:
27 fev. 2023.
É preciso superar alguns equívocos sobre o ensino baseado em competências, sendo o principal deles
que a competência é antagônica ao conhecimento. Para que haja clareza no trabalho com competências,
é importante compreender em que concepção de educação estamos inseridos e o que queremos realizar,
pois, a partir desta indagação, conseguimos visualizar objetivos de ensino e, consequentemente, as
competências a serem desenvolvidas.
Zabala e Arnau (2014) apresentam um quadro com as principais finalidades da educação, considerando
vários anos de pesquisa, diversos contextos de propostas e suas ideologias.
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Já a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei n. 9.394/1996, estabelece, em seu artigo 2º,
princípios e fins da Educação Nacional:
O referido documento aponta, ainda, os seguintes princípios para a Educação Básica brasileira:
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Unidade III
Assim, diante dos diversos contextos apresentados por Zabala e Arnau (2014) e a LDB (BRASIL, 1996),
com suas alterações em 2013, 2018 e 2021, podemos identificar os seguintes pontos convergentes:
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
A partir das várias finalidades educacionais pontuais e através de eventos e tempos diferentes,
chegamos ao documento mais recente da educação brasileira: a Base Nacional Comum Curricular
(BRASIL, 2018), que tem como princípio o desenvolvimento de habilidades e competências.
Nesta perspectiva, o referido documento define habilidades, como aquelas que “expressam as
aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares”
(BRASIL, 2018, p. 30), e dispõe de três elementos, que devem estar articulados a fim de garantir aos
estudantes as habilidades propostas:
A estrutura é um recorte de uma habilidade do componente de história, em que, por meio do verbo
diferenciar, apresenta o que a habilidade pretende desenvolver; na sequência, temos o complemento
ou objeto de conhecimento, isto é, o conteúdo/tema a ser tratado, neste caso, “escravidão, servidão
e trabalho livre”; por último, estão os modificadores, elementos que atendem às especificidades da
aprendizagem, norteando qual o recorte que será dado à temática, olhar a servidão e o trabalho livre
no “mundo antigo”.
Cabe ressaltar que os modificadores, como o próprio nome sinaliza, modificam as situações
de aprendizagem, direcionando os vários contextos aplicados nos objetos de conhecimento, por
exemplo, em vez de “mundo antigo” poderia ser um modificador “mundo contemporâneo”, “mundo
coorporativo” etc.
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Unidade III
Estamos diante de uma nova estrutura para a Educação Básica, que tem a finalidade, como vimos
anteriormente, de atender as demandas do mundo contemporâneo, associando conhecimento escolar
com o desenvolvimento de competências para atuar na vida social.
ETAPAS
Direitos de aprendizagem
e desenvolvimento
Área do Área do
Campo de experiências conhecimento conhecimento
Competências Competências
específicas de área específicas de área
Língua
Componentes Matemática
portuguesa
curriculares
Competências específicas
de componente
Crianças
bem Crianças Anos Anos
Bebês pequenas iniciais finais
pequenas
(0-1a 6m) (4a –
(1a 7m -
3a 11m) 5a 11m)
Unidades Objetivos de
Objetivos de aprendizagem Habilidades Habilidade
temáticas conhecimento
e desenvolvimento
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, propõe, para o desenvolvimento das
competências e habilidades das crianças, dois elementos importantes: direitos de aprendizagem e
desenvolvimento e campos de experiências.
• conviver;
• brincar;
• participar;
• explorar;
• expressar;
• conhecer‑se.
Associados aos seis direitos de aprendizagem da Educação Infantil, temos os campos de experiências,
definidos pela BNCC (BRASIL, 2018, p. 40) como “um arranjo curricular que acolhe as situações e as
experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando‑os aos conhecimentos
que fazem parte do patrimônio cultural”.
Não é nosso objetivo aprofundar as discussões sobre os campos de experiências, mas apontá‑los
como elementos que contextualizam a aprendizagem, interligam vários componentes curriculares e
oportunizam às crianças vivenciar e construir seus próprios conhecimentos.
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Unidade III
Diante disso, a BNCC (BRASIL, 2018) disponibiliza para profissionais da educação a seguinte
configuração, por meio de código alfanumérico:
EIO2TSO1
O primeiro par de letras indica a O último par de números indica
etapa de Educação Infantil a posição da habilidade na
numeração sequencial do
campo de experiências para
cada grupo/faixa etária
O primeiro par de números indica o
grupo por faixa etária:
01 = Bebês (zero a 1 ano e 6 meses) O segundo par de letras indica o campo de experiências:
02 = Crianças bem pequenas EO = O eu, o outro e o nós
(1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)
CG = Corpo, gestos e movimentos
03 = Crianças pequenas
(4 anos a 5 anos e 11 meses) TS = Traços, sons, cores e formas
EF = Escuta, fala, pensamento e imaginação
ET = Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
O código alfanumérico proposto pela BNCC (BRASIL, 2018) propõe, em uma leitura da esquerda
para direita, não apenas códigos referentes à etapa da Educação Básica, faixas etárias e campos de
experiências; mas, principalmente, a indicação da habilidade necessária para o desenvolvimento da
competência que se pretende desenvolver nas crianças.
Vejamos um exemplo de habilidades que permeiam as várias faixas etárias da Educação Infantil,
recorte do campo de experiências “Traços, sons, cores e formas”.
Ao observar as habilidades definidas para cada faixa etária, visualizamos na prática a definição dada
por Zabala e Arnau (2014, p. 98), que compreendem competências específicas como as que “deverão
incluir conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais”.
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
ENSINO FUNDAMENTAL
Área do
conhecimento
Competências
específicas de área
Componentes
curriculares
Competências específicas
de componente
Anos Anos
iniciais finais
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Unidade III
Observação
Matemática: Matemática.
Para que você conheça na prática a articulação de competências e habilidades específicas, trazemos
10 competências específicas de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental e, em seguida, uma figura que
relaciona objetos de conhecimento e habilidades de Língua Portuguesa para os 1º e 2º anos do Fundamental:
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Habilidades
Objetos de conhecimento
1º ano 2º ano
(EF01LP01) Reconhecer que
Protocolos textos são lidos e escritos da
de leitura esquerda para direita e de
cima para baixo da página
(EF12LP01) Ler palavras novas com precisão na
Decodificação/ decodificação, no caso de palavras de uso frequente, ler
Fluência de leitura globalmente, por memorização
(EF12LP02) Buscar, selecionar e ler, com a mediação do
Formação professor (leitura compartilhada), textos que circulam em
de leitor meios impressos ou digitais, de acordo com as necessidades
e interesses
(EF01LP02) Escrever,
espontaneamente ou por
Correspondência ditado, palavras e frases de
fonema‑grafema forma alfabética – usando
letras/grafemas que
representem fonemas
(EF01LP03) Observar (EF02LP01) Utilizar, ao
escritas convencionais, produzir o texto, grafia
comparando‑as às suas correta de palavras
produções escritas, conhecidas ou com
percebendo semelhanças estruturas silábicas já
Construção do sistema e diferenças denominadas, letras
alfabético/Convenções da escrita maiúsculas em início de
frases e em substantivos
próprios, segmentação
entre as palavras, ponto
final, ponto de interrogação
e ponto de exclamação
(EF12LP03) Copiar textos
breves, mantendo suas
Construção do sistema características e voltando
alfabético/Estabelecimento para o texto sempre
de relações anafóricas que tiver dúvidas sobre
na referenciação e sua distribuição gráfica,
construção da coesão espaçamento entre as
palavras, escrita das palavras
e pontuação
A partir das exemplificações, percebemos que, para o trabalho com competências, é preciso
uma abordagem educacional interdisciplinar, isto é, considerar a integração dos componentes
curriculares, suas temáticas para ampliação dos saberes e intervenção dos sujeitos no mundo
em que vivem.
Assim, nesta concatenação entre os diversos objetos de conhecimento, conteúdos, com as habilidades e
competências, Zabala e Arnau (2014) sinalizam para a necessidade de considerar os tipos de conteúdos
que sustentarão as práticas pedagógicas. Eles foram sistematizados da seguinte forma:
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Unidade III
O que queremos é que, em sua formação, você considere que ensinar e aprender por competências
exige conexão entre situações e problemas de diferentes matizes, ambientes para vivências e trabalhos
colaborativos e, por fim, temáticas e objetos de conhecimentos que fortaleçam os desdobramentos das
habilidades e a integração dos estudantes com o contexto histórico, social e cultural.
Observação
Como estudado, trabalhar com competências exige articulação de vários momentos durante o
processo de ensino e aprendizagem; além disso, a capacidade de reconhecer o progresso dos estudantes
diante de situações complexas, com uso efetivo das habilidades e conhecimentos desenvolvidos durante
toda a vida escolar. Segundo Zabala e Arnau:
A partir da citação, percebemos que avaliar por competências demanda associar conhecimentos e
habilidades a situações de aprendizagem que estejam diretamente relacionadas à realidade humana.
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Zabala e Arnau (2014) apresentam um esquema para avaliação, a fim de elucidar as várias
competências avaliadas durante todo o processo:
Situação‑problema
Avaliação das Situação da realidade que
competências obriga a intervir e questiona ou
propõe problemas para resolver
Voltemos às quatro dimensões propostas por Zabala e Arnau (2014), que constituem a integralidade
do ser competente:
Portanto, o contexto escolar deve priorizar a formação de cidadãos críticos, autônomos e engajados
no mundo social e natural em que vivem, com compreensão de si e de seu entorno.
Neste sentido, ser competente no âmbito interpessoal exige alteridade e diálogo durante a construção
dos conhecimentos, com respeito ao pluralismo de ideias e diversidade de posicionamentos e fontes
de informação.
A formação com base na dimensão social visa a habilitar as pessoas para utilizar os conhecimentos
construídos para a transformação da sociedade, participando ativamente de tomadas de decisões e
interações colaborativas que respeitem a diversidade cultural e os valores dos diferentes grupos sociais.
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
A competência no âmbito profissional vai além da preparação para exercer um ofício, qualificando o
sujeito na aquisição de habilidades e estratégias que auxiliem diversas situações encontradas durante
o percurso do trabalhador. Entre as atribuições desejadas para a competência profissional estão: capacidade de
adaptação às transformações constantes do mundo, abertura às mudanças e perfil criativo e inovador
na resolução de problemas.
Diante deste contexto, ao avaliar por competências é preciso considerar a realidade e suas várias
dimensões: social, pessoal, interpessoal e profissional.
Figura 32
Esta deve ser a sua e a indagação de muitos professores em serviço: o que fazer em sala de aula para
que as práticas pedagógicas estejam alinhadas à Base Nacional Comum Curricular?
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Unidade III
Refletiremos possíveis caminhos para efetivar tal inquietação, no entanto, adiantamos: todo o
processo deve ser refletido, replanejado e vivenciado, uma vez que não podemos cair em receitas
prontas, o que ofuscaria todo o caráter emancipatório, democrático, colaborativo e inovador que a
Base propõe.
Diante dessas reflexões iniciais, as práticas que devem ser contempladas em sala de aula com
premissas da BNCC podem ser aquelas ancoradas na perspectiva freiriana:
Trata‑se de uma possibilidade de fazer docente, isto é, planejar e executar aulas em que educandos
e educadores desenvolvam competências e habilidades em ambiente dialógico e solo fértil para
experiências, construção de conhecimentos individuais e coletivos, momentos de criação e inovação e,
sobretudo, articulação dos objetos de conhecimentos com práticas sociais.
De acordo com Perez (2018), a aprendizagem pode ser entendida como processo de constantes
aquisições que ocorrem durante todo o percurso do indivíduo, referindo‑se ao contexto da psicologia
do ciclo vital (nascimento, vida até a morte); enquanto o desenvolvimento está relacionado a um
conjunto de progressões cognitivas, emocionais, físicas e sociais, o que auxilia a pessoa na compreensão
de seu papel no mundo, com os outros e consigo mesma. Portanto, o papel da escola que contemple
aprendizagem e desenvolvimento é “gerar situações que ajudem as crianças e os jovens a aprender e,
consequentemente, desenvolver‑se” (PEREZ, 2018, p. 11).
Exemplo de aplicação
Leia a seguir o depoimento da professora Joselene e faça um mapa mental das principais mudanças
apontadas.
OBSERVATÓRIO. A BNCC mudou a minha prática em sala de aula. 19 jan. 2022. Disponível em:
https://bit.ly/3UClDaK. Acesso em: 27 fev. 2023.
114
DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Muitos são os desafios para executar práticas que estejam em consonância com a BNCC, visto seu
caráter orentador e o pouco tempo de sua homologação. Queremos dizer que o pouco tempo de BNCC,
considerando experiências em cursos de formação de professores e Educação Básica, depositam nos
educadores e educandos a responsabilidade de protagonizar processos de ensino‑aprendizagem que
consolidem a educação integral, competências e habilidades.
Para tanto, o olhar atento, reflexivo e crítico da BNCC pode ser um grande parceiro na construção
de práticas coerentes ao documento da Educação Básica brasileira.
A seguir, propomos um exercício, o qual chamaremos de teoria na prática, cujo objetivo é realizar uma
leitura crítica dos objetivos de duas etapas da Educação Básica (Educação Infantil e Ensino Fundamental)
e apontar possíveis ações pedagógicas.
Educação Infantil
O que a BNCC diz O que posso fazer em sala de aula
(1) acolher vivências e conhecimentos (1) Produções de desenhos, roda de conversa
construídos pelas crianças
(2) compartilhamento de responsabilidades (2) Leitura compartilhada, convidando membros
entre a instituição de Educação Infantil e a da família para lerem para os alunos na escola
família são essenciais
(3) conhecer e trabalhar com as (3) Pequenos roteiros para a família responder
culturas plurais, dialogando com a sobre suas origens, pratos preferidos,
riqueza/diversidade cultural das famílias preferências culturais; ou mesmo dinâmicas
e da comunidade preparadas para o dia de reuniões de pais
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Unidade III
Neste contexto, Perez (2018) apresenta, em A Base Nacional Comum Curricular na prática da gestão
escolar e pedagógica, possíveis configurações metodológicas, as quais os professores podem utilizar
para potencializar seu trabalho em consonância com a BNCC, como veremos nas figuras a seguir:
PROFESSOR
Organizar duplas Aproveitar diferentes
ou grupos referências que as
para a realização crianças e os jovens Solicitar que
Estar atento para da atividades trazem de seu dia a dia os estudantes
não privilegiar o (conhecimento prévio) argumentem
Algumas práticas desempenho dos sobre as opções
em aulas de meninos em detrimento feitas ao resolver
Matemática do das meninas CRIANÇAS E JOVENS problemas
que potencializam Solicitar que os alunos APRENDIZAGEM Assegurar que
competências registrem e comentem E DESENVOLVIMENTO todos os alunos
específicas o que sabem sobre estejam tranquilos
dessa área determinado para se expor
problema. Valorizar e que tenham
registros para que Propor o uso Pedir que os persistência na
fiquem elegantes e de de tecnologia estudantes antecipem busca de soluções.
fácil compreensão digital para possíveis soluções
buscar soluções e com base nas
validar estratégias vivências de cada um
PROFESSOR
Gerar situações em Propor projetos para Criar situações Aproveitar diferentes
que os alunos possam serem desenvolvido em que os alunos referências que as
escolher textos de em meio digital, possam trabalhar em crianças e os jovens
acordo com seus utilizando diferentes duplas ou grupos de trazem de seu dia a dia
interesses pessoais linguagens forma colaborativa (conhecimento prévio).
Algumas práticas
em aulas de Proporcionar situações Propor situações
Língua Portuguesa em que a literatura CRIANÇAS E JOVENS comunicativas em
que potencializam possa ser identificada que os estudantes
competências por seu potencial APRENDIZAGEM adequem a linguagem
estético, transformador E DESENVOLVIMENTO ao interlocutor e ao
específicas desse
e humanizador propósito
componente curricular
Apresentar Promover atividades Diversificar Assegurar que todos
situações em que que considerem as situações didáticas os alunos estejam
os estudantes práticas sociais de para possibilitar a tranquilos para se
tomem consciência leitura e escrita, os construção de sentido expor, considerando as
do texto como conhecimentos prévios compartilhado e, assim, variedades linguísticas
manifestação de dos estudantes e seus ampliar condições que convivem no
valor e ideologia direitos de apredizagem para leitura e ambiente escolar
escrita autônomas
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Saiba mais
Como já estudamos, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que apresenta
premissas importantes para a Educação Básica, portanto, deve estar em alinhamento com
a formação docente. Ou seja, para que o processo de ensino e aprendizagem em sala de aula
reverbere os princípios pedagógicos da BNCC, necessita que os cursos de formação de professores
possuam planos de ensino e intervenções que contemplem os pressupostos da Base. O Parecer
CNE/CP n. 22/2019 enfatiza que:
A BNCC da Educação Básica traz dez competências gerais que devem ser
desenvolvidas pelos estudantes, tendo como princípio a Educação Integral,
que privilegia o desenvolvimento pleno das pessoas. Essas competências
estabelecem um paradigma que não pode ser diferente para a formação do
professor (BRASIL, 2019a, p. 15).
Segundo Oliveira e Leiro (2019, p. 6), “a formação inicial é desafiada a superar a histórica dicotomia
entre teoria e prática”, para isso, podemos destacar a publicação da BNCC como instrumento propulsor
de novas reflexões, adequações e reencaminhamentos na formação de professores.
Segundo Araújo, Brzezinski e Sá (2020, p. 3), todas a instituições citadas “[...] elegeu[ram] como tarefa
fundamental a defesa da formação e da valorização dos profissionais da educação básica, balizada em
um ‘paradigma educacional dialético’”.
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Unidade III
Em outras palavras, todo movimento formativo e educativo deve primar pelas relações interpessoais,
variações de pontos de vista, concordâncias ou discordâncias, construções ou desconstruções,
aproximações ou afastamentos, enfim, as relações dialéticas que são inerentes aos seres humanos.
Neste sentido, muitos documentos oficiais têm sido elaborados para atender a relação formação
docente e prática docente; com isso, em 2015, foi aprovada a Resolução CNE/CP n. 2/2015, que trata da
formação inicial em âmbito superior de cursos de licenciatura, formação pedagógica para graduandos e
cursos de segunda licenciatura, e também de formação continuada.
Em 2019, foi aprovado, pelo Conselho Nacional de Educação, o Parecer n. 22 de 07/11/2019, cujo
objetivo é discutir as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para
Educação Básica, assim como estabelecer a Base Nacional Comum (BNC‑Formação) à formação inicial
de professores da Educação Básica.
Ainda, no ano de 2019, foi sancionada a Resolução CNE/CP n. 2, de 20 de dezembro de 2019, que
revogou a Resolução CNE/CP n. 2/2015, cujo tema central continua versando sobre Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base Nacional
Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC‑Formação).
118
DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Tais encaminhamentos geraram muitas dúvidas quanto aos ajustes de planos de cursos das
Instituições de Ensino Superior (IES), o que culminou na Resolução CNE/CP n. 2, de 30 de agosto de
2022, que determina alterações e aperfeiçoamentos dos itens ou artigos, a partir de consultas e debates,
em um prazo de até quatro anos para que as IES possam implementar as Diretrizes Nacionais para
Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e da BNC‑Formação.
Saiba mais
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Unidade III
Conhecimento de ensino
- Ensino do conteúdo
- Ensino de uma
diversidade de alunos
- Avaliação
- Gerenciamento da
sala de aula
Lembrete
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DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Exemplo de aplicação
I – O conhecimento curricular, em nosso caso, da BNCC, traz um trabalho burocrático para a dimensão
prática do professor.
II – O conhecimento dos alunos deve levar em conta contextos sociais a fim de que eles alcancem
competências para atuar na realidade.
III – O conhecimento de ensino deve atender necessidades dos alunos e das propostas curriculares.
A) I e II, apenas.
B) I, II, III.
C) II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I e III, apenas.
A alternativa correta é a d (a afirmativa I está incorreta, pois a BNCC serve de norte para o trabalho
prático do professor, auxiliando‑o em suas escolhas).
Gostaríamos de destacar que a formação de professores deve estar engajada com objetivos sociais,
dando dinamicidade às propostas curriculares. Deve, ainda, partir da premissa da compreensão dos
diferentes contextos, decisões, interações que se manifestam nos contextos educacionais e que devem
ser compreendidos como oportunidade de propor estratégias inovadoras, consolidar e validar conteúdos
e valorizar as múltiplas identidades que constituem a tessitura educacional.
Embora seja uma publicação antiga, o livro A place called school (Um lugar chamado escola), de
Goodlad (1984), traz quatro objetivos das escolas: acadêmico, profissionalizante, social e cívico.
Mesmo passados muitos anos, podemos dizer que tais objetivos têm validade para o contexto
atual – o qual foi ampliado pela BNCC – e podem ser interpretados por meio da sequência a seguir:
121
Unidade III
Figura 36
O texto de referência, elaborado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) em 18/09/2019, traz, em
sua composição, um breve histórico das políticas de valorização e formação de professores, sintetizadas
no quadro a seguir:
122
DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Como é possível perceber, diversas ações contemplam tanto a formação inicial quanto a formação
continuada, sendo a última de extrema importância para auxiliar o trabalho docente em sua trajetória
complexa, visto que está inserido em uma realidade dinâmica, em constante construção conflituosa,
o que exige a mobilização de saberes para atender as diversas formas de aprender dos estudantes, em
suas dimensões cognitivas, afetivas, físicas, éticas e estéticas, nas relações estabelecidas na vida social
(PEREIRA, 2011).
À luz dessas reflexões, a formação continuada permite processos de mudanças da prática do professor, o
que fortalece não somente os conhecimentos profissionais, mas o nível reflexivo e de atuação coletiva
e engajada com um contexto de mudanças.
Nesta perspectiva, o Movimento Pela Base Nacional Comum (MPB), no ano de 2019, elabora
o documento Critérios da Formação Continuada, no qual estabelece oito critérios alinhados com a
BNCC, a fim de evidenciar elementos importantes que formadores de profissionais da educação devem
considerar durante o planejamento, execução e avaliação de suas ações. Na sequência, apresentaremos
e refletiremos sobre cada um deles.
1º critério – “A formação continuada não deve ser um evento único ou isolado” (MPB, 2019, p. 5),
isto é, o principal desafio do formador de professor é garantir que o percurso formativo deste profissional
não sofra interrupções durante o processo.
123
Unidade III
3º critério – “A formação continuada deve se apoiar nas competências, nos objetos de conhecimento/
habilidades e em procedimentos e práticas pedagógicas” (MPB, 2019, p. 7).
Segundo Nascimento e Purificação (2020, p. 5), “o formador deve compreender que o processo
formativo é feito por meio de diálogo e que o professor tem seu lugar de fala”, ou seja, é preciso
garantir valores e atitudes alinhados às competências, à resolução de conflitos e oportunidades
constantes de diálogo.
6º critério – “A formação continuada deve ensinar o professor a refletir sobre sua prática” (MPB,
2019, p. 10), ou seja, toda ação formativa deve estar pautada na ação‑reflexão‑ação. O movimento do
percurso formativo deve levar o professor a um “ir e vir” entre o planejamento, a prática e a reflexão
sobre o que foi colocado em prática. Em todas essas etapas, o formador pode ser um apoio, trazendo
momentos para serem analisados, discutidos e estudados.
O planejamento dos percursos formativos deve ser realizado após amplo diagnóstico do contexto, logo,
gerir processos formativos requer atender às demandas que impactam no desenvolvimento dos alunos.
124
DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Avaliar todo o percurso formativo fornece ao formador dados para o aprimoramento de seu trabalho,
isto é, a avaliação das várias situações auxilia o formador a mediar novas ações e redirecionar sua
própria formação.
Gostaríamos de ressaltar que a figura traz, no canto superior direito, três tipos de saberes que
perpassam a formação continuada: profissional, interpessoal/intrapessoal e sociocultural.
Sabemos que são muitos os saberes profissionais do professor (TARDIF, 2014), no entanto, esses
três indicam que a formação continuada de profissionais da educação vai além do preparo acadêmico
fornecido pelas Instituições de Ensino Superior. A formação continuada:
Lembre‑se que o processo de formação continuada é um processo inacabado, uma vez que está
sempre aberto ao atendimento de novas demandas e transformações, independentemente de elas
serem pessoais ou profissionais.
125
Unidade III
Resumo
126
DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
127
Unidade III
Exercícios
Competência e habilidade são termos muito citados atualmente por conta da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), que chega às escolas da rede pública e particular de todo o Brasil em 2020.
Mas você sabe o que são competências? A professora do curso de Pedagogia do Instituto
Singularidades, Denise Rampazzo, explica que o termo surge na psicologia em meados dos anos de
1950, com os estudos sobre linguística do norte‑americano Noam Chomsky.
A partir dos anos de 1970, a palavra passou a ser associada à qualificação profissional e
utilizada na educação, apontando a necessidade de a escola desenvolver uma matriz de avaliação
mais efetiva. “Nos anos 2000, essa concepção começa a aparecer no Brasil por meio das grandes
avaliações, como o Enem”, explica a especialista.
Conceitos complementares
128
DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Para exemplificar: a competência geral referente à Cultura Digital prevê que o estudante
compreenda e utilize as tecnologias digitais e a comunicação de forma crítica, reflexiva e ética.
Para isso, ele precisará desenvolver diversas habilidades, como interpretar e compreender texto e
contexto, utilizar ferramentas tecnológicas e pesquisar diversas fontes.
I – Competência e habilidade são conceitos que não podem ser usados indistintamente.
porque
Análise da questão
Ainda de acordo com o mencionado, “as habilidades indicam o que aprendemos a fazer e são
sempre associadas a verbos de ação, como identificar, classificar, descrever e planejar”. É dito que, “no
contexto escolar, ler e interpretar um texto, apresentar um trabalho para os colegas e realizar operações
matemáticas são exemplos de habilidades que os estudantes desenvolvem ao longo da evolução escolar”.
129
Unidade III
10 competências da BNCC
>1 >6
Conhecimento Trabalho e projeto de vida
Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e
construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital. apropriar‑se de conhecimentos e experiências.
Objetivos: Objetivos:
• Entender e explicar a realidade; • Entender as relações próprias do mundo do trabalho;
• Continuar aprendendo; • Fazer escolhas alinhadas á cidadania e ao projeto
• Colaborar para a construção de uma sociedade justa, de vida, com liberdade, autonomia, conscência
democrática e inclusiva. crítica e responsabilidade.
>2 >7
Pensamento científico, crítico e criativo Argumentação
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis.
própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a Objetivos:
análise crítica, a imaginação e a criatividade.
• Formular e defender ideias, pontos de vista e decisões
Objetivos: que respeitem e promovam direitos humanos, consciência
• Investigar causas; socioambiental e consumo responsável;
• Elaborar e testar hipóteses; • Ter posicionamento ético em relação ao cuidado de si
• Formular e resolver problemas e criar soluções. mesmo, dos outros e do planeta.
>3 >8
Repertório cultural Autoconhecimento e autocuidado
Valorizar as diversas manifestações artísticas e culturais, Conhecer‑se, apreciar‑se e cuidar de sua saúde física e
das locais às mundiais. emocional.
Objetivos: Objetivos:
• Fruir e participar de práticas diversificadas da produção • Compreender‑se na diversidade humana;
artístico‑cultural. • Reconhecer suas emoções e as dos outros, com autocrítica
e capacidade para lidar com elas.
>4
Comunicação >9
Utilizar diferentes linguagens (verbal, corporal, visual, Empatia e cooperação
sonora e digital), bem como conhecimentos das linguagens Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a
artística, matemática e científica. cooperação.
Objetivos: Objetivos:
• Expressar‑se; • Fazer‑se respeitar e promover respeito e acolhimento
• Partilhar informações, experiências, ideias e ao outro e aos direitos humanos;
sentimentos em diferentes contextos; • Valorizar a diversidade de indivíduos e de grupos
• Produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. sociais, seus saberes, identidades, culturas e
potencialidades;
>5 • Abandonar preconceitos de qualquer natureza.
Cultural digital
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de > 10
informação e comunicação de forma crítica, significativa, Autonomia e responsabilidade
reflexiva e ética nas diversas práticas sociais. Agir pessoal e coletivamente com autonomia,
Objetivos: responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação.
• Acessar e disseminar informações; Objetivos:
• Produzir conhecimentos e resolver problemas; • Tomar decisões com base em princípios éticos,
• Exercer protagonismo e autoria. democraticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Figura 38
130
DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Identificação
A categoria de habilidades mais simples previstas pela BNCC se relacionam
ao reconhecimento e à reprodução de fatos, textos, imagens ou
tabelas observadas.
Verbos associados a esse grupo: observar, reconhecer, indicar, representar,
apontar, identificar e localizar.
Transformação
Ao observar e compreender os fatos, o estudante passa a fazer operações mentais
que envolvem a transformação dos dados interpretados.
Verbos associados a esse grupo: ordenar, medir, calcular por estimativa, compor
e decompor, classificar, seriar e conservar.
Compreensão
São ações mais complexas porque envolvem o raciocínio para resolver problemas, compreender
cenários complexos, formular preposições e diagnósticos, além de apresentar conclusões.
Verbos associados a esse grupo: avaliar, analisar, julgar, criticar, explicar causas e efeitos,
argumentar, justificar, apresentar conclusões e fazer prognósticos.
Figura 39
Questão 2. Em relação aos critérios para a aprendizagem por competências, avalie as afirmativas.
131
Unidade III
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D) I e II, apenas.
E) I, II e III.
Análise da questão
132
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