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Sobre essas teorias é correto afirmar que deontologia (convicção) e teleologia (responsabilidade) são
duas perspectivas teóricas diferentes. Segundo Srour, são “dois modos de tomar decisão”.
Entretanto, isso não quer dizer que na ética da convicção há uma ausência de responsabilidade e de
que na ética da responsabilidade haja uma ausência de convicção. "Deve-se evitar extremos, pois
aquele que pauta seu agir puramente pela ética da responsabilidade, sem convicções, pode transformar-
se em um frio calculador de consequências”, pondera o Instituto Ethos Reflexão. As duas teorias têm
aplicação no cotidiano.
“Resta uma importante observação a fazer, relativa ao enfoque teórico adotado aqui: não é a
subjetividade dos agentes que tem o condão de definir o que obedece a tal ou qual orientação
ética, mas os padrões culturais, objetivos e observáveis. A perspectiva, portanto, é sociológica,
macrossocial, e toma as coletividades como referenciais. Não basta alguém imaginar universalizável
uma norma para que ela se torne ética; o juízo moral individual não possui a faculdade de outorgar
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A ÉTICA DEONTOLÓGICA, defendida por KANT, valoriza a intenção da ação, de acordo com o
dever. Deontologia significa “teoria do dever” ou “estudo do que convém”, em termos de ação. Agir
por dever e em função de uma boa intenção são os princípios que determinam a boa ação. Agir bem
implica uma boa intenção e uma boa vontade. O que é que isto quer dizer? A ação é boa se a intenção
(razão ou motivo) for boa e se ela for pensada como boa vontade, ou seja, se for universal (ética).
Será universal se o que decidirmos for bom para nós próprios e para os outros (para todos). Se não for
uma ação egoísta ou só pensada em função de mim próprio terá uma dimensão ética, de maneira que,
como diz KANT: “age de tal maneira que uses a humanidade tanto na tua pessoa como na pessoa de
qualquer outro sempre como um fim e nunca simplesmente como um meio”. Por outras palavras,
devemos tratar os outros como nos tratamos a nós próprios; assim se compreende a dimensão universal
dos nossos atos, defendida por KANT. Por isso se diz que a ética de KANT é uma Ética Formal: não
indica normas concretas de conduta, mas dá indicações gerais de como devemos agir com os
outros. Não diz como em concreto devemos fazer para tratar os outros como “fins em si”, do tipo,
como fazer para a velhinha passar a estrada, mas, em geral, sugere posturas universais aplicáveis a
todas as situações (devemos tratar os outros como pessoas que têm valor por si próprias e que nunca
devemos usar para nosso benefício).
Hans Jonas (1903-1993), frente à barbárie cotidiana e à ameaça da destruição do planeta, defende
uma moral baseada na responsabilidade. Todos devem preservar e transmitir às gerações futuras uma
terra onde a vida possa ser vivida com autenticidade. Daí o seu princípio fundamental: "Age de tal
modo que os efeitos da tua ação sejam compatíveis com a permanência da uma vida humana autêntica
na terra".
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Fonte: a responsabilidade como o substrato ético da sustentabilidade: Considerações a partir da obra de Hans Jonas
Mario Sergio Cunha Alencastro - Engenheiro e Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Ademar Heemann - Biólogo e Doutor em Filosofia da Educação.