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Na aula passada nos começamos a estudar sobre os impostos que incidem sobre as vendas. Nesta
aula, vamos começar estudando o Imposto sobre Produtos Industrializados, conhecido pela sigla IPI.
Em alguns casos as empresas comerciais são tratadas pelo Fisco como empresas industriais, para fins
de cálculo e recolhimento de IPI, que é o imposto sobre produto industrializado.
Os comerciantes atacadistas de insumos podem escolher ser equiparados aos industriais, de modo a
considerar o IPI. Essa equiparação existe para possibilitar o aproveitamento do crédito do IPI por
indústrias que compram materiais de comerciantes atacadistas.
Alíquota do IPI
O IPI é um imposto de competência da União. Deste modo, pode haver incentivos fiscais concedidos
pelo governo federal em relação a ele. A alíquota do IPI varia de acordo com o produto. Por exemplo,
a alíquota incidente sobre um produto considerado essencial, como alimentos é menor do que a
alíquota incidente sobre cigarros e bebidas alcoólicas, como podemos ver na tabela a seguir:
Na tabela, você vai ver que os produtos não tributados recebem a classificação “NT”. Estes não
possuem tributação para fins do IPI e não geram direito ao crédito do IPI, quando este for aplicável.
Alguns exemplos de produtos que não são tributados são:
Animais vivos
Peixes, crustáceos e moluscos
Leite e laticínios
Plantas vivas e produtos de floricultura
Cereais
Frutas
Sementes e frutos oleaginosos e grãos.
Incidência do IPI
O IPI é um imposto cobrado de modo indireto, o seja, o seu valor é adicionado ao preço do produto
vendido ou do serviço prestado.
Exemplo
Uma indústria fabrica refrescos para vender. Em dezembro de 2018 ela vendeu R$11.000 em
refrescos para uma lanchonete. Dado que a alíquota do IPI para refrescos é de 4%, o valor do IPI é
calculado do seguinte modo:
Na empresa que vende os produtos, o IPI é uma das deduções da receita bruta, apurada na
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
Portanto, na DRE o valor do imposto vai ser evidenciado em negativo, diminuindo o valor da Receita.
Balanço Patrimonial:
O valor do IPI a ser recolhido pelas empresas é a diferença entre o imposto incidente nas vendas e o
imposto pago na aquisição dos elementos integrantes dos ativos que serão vendidos pela empresa
Por exemplo, em uma empresa comercial é a diferença entre o imposto incidente nas vendas das
mercadorias e o imposto pago na compra das mercadorias, o que caracteriza a tributação não-
cumulativa.
IPI a Recuperar
No Balanço Patrimonial, quando uma empresa compra matéria prima ou outro material que dá
direito ao ressarcimento do imposto pago, o IPI é considerado um ativo circulante.
Seu saldo representa o valor de IPI que faz parte do preço pago ao fornecedor ao adquirir uma
mercadoria. Ele representa um ativo porque para a empresa é um direito de deduzir o valor do IPI a
ser recolhido no futuro. O vendedor recolheu o valor e repassou ao comprador.
Ativo Passivo
Ativo Circulante Passivo Circulante 1.100
Disponibilidades 4.000 Fornecedores 1.100
Estoque 1.000 Patrimônio Líquido 4.000
IPI a recuperar 100 Capital Social 4.000
Ativo Total 5.100 Passivo + PL 5.100
IPI a Recolher
Esta é uma conta do passivo circulante. Representa o montante devido ao governo referente ao IPI
da mercadoria.
Venda da mercadoria
Registro do IPI sobre as vendas
Baixa da mercadoria
Registro do lançamento do encerramento do IPI
D-Clientes R$2.000
C- Receita de vendas R$2.000
Além disso, deve-se contabilizar o IPI a recolher sobre a venda, que é de R$2.000 x 10%= R$200.
D- IPI sobre o Faturamento R$200
C- IPI a recolher (passivo) R$200
Assim como o estoque foi baixado, é necessário baixar o IPI a recuperar, que estava no ativo
circulante. Portanto, devemos confrontar o IPI a recolher gerado pela venda com o IPI a recuperar,
gerado pela compra, contabilizando a diferença como passivo:
D- IPI a recolher R$100
C- IPI a recuperar R$100
Portanto, o IPI de R$100 a recuperar na compra é compensado pelo IPI decorrente da venda, de
R$200. A diferença de R$100 (R$200-R$100) é um passivo da empresa, que deverá pagar o imposto.
Ativo Passivo
Ativo Circulante 6.000 Passivo Circulante 1.200
Disponibilidades 4.000 Fornecedores 1.100
Clientes 2.000 IPI a recolher 100
Patrimônio Líquido 4.800
Capital Social 4.000
Lucro Acumulado 800
Ativo Total 6.000 Passivo + PL 6.000
Já a DRE é a seguinte:
Como não há outros eventos, supõe-se que o lucro bruto é o lucro do período. Para facilitar, não
vamos considerar a incidência do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro nesta
matéria.
Agora vamos ver uma questão de concurso sobre os lançamentos contábeis referentes ao IPI. A
questão é do EBSERH de 2018 e pede para assinalar se o lançamento é certo ou errado. O enunciado
é o seguinte:
Uma empresa adquiriu R$ 220.000 de materiais para a produção, sendo recuperáveis R$ 20.000 de
IPI e R$ 24.000 de ICMS.
Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte item a respeito do tratamento contábil
aplicável aos impostos e às contribuições.
O lançamento contábil a ser realizado no término do período de apuração do IPI deverá ser o
seguinte.
a) Certo
b) Errado
Na situação dada, uma empresa comprou R$220.000 em materiais, podendo recuperar R$20.000.
Esse valor representa um ativo. Portanto, no momento da compra, o seguinte lançamento deve ser
feito:
Observe que consideramos que a compra foi feita a prazo, o que não tem relevância para a resolução
da questão.
No término de apuração do IPI, o valor do ativo relativo ao IPI a recuperar deve ser creditado, de
modo a se determinar quanto a empresa deve pagar de IPI, considerando as suas compras e as suas
vendas, do seguinte modo:
Portanto, o gabarito é Errado, uma vez que o lançamento indicado traz o Débito e o Crédito ao
contrário.
IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Contabilidade Comercial, 9ª edição. Ed. Atlas: São Paulo,
2010.
IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo do. Manual de
Contabilidade Societária, 3ª edição. Ed. Atlas: São Paulo, 2018.
PÊGAS, Paulo Henrique. Manual de Contabilidade Tributária, 8ª edição. Ed. Freitas Bastos: Rio de
Janeiro, 2018.
SOUZA, Acilon Batista. Contabilidade de Empresas Comerciais. Ed. Atlas: São Paulo, 2002.
SZUSTER, Natan; CARDOSO, Ricardo Lopes; SZUSTER, Fortunée Rechtman; SZUSTER, Fernanda
Rechtman; SZUSTER, Flávia Rechtman. Contabilidade Geral. 4ª edição. Ed. Atlas: São Paulo, 2013