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Aula 6- Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)

Na aula passada nos começamos a estudar sobre os impostos que incidem sobre as vendas. Nesta
aula, vamos começar estudando o Imposto sobre Produtos Industrializados, conhecido pela sigla IPI.

Portanto, os objetivos da aula são:

 Adquirir conhecimento sobre o IPI;


 Estabelecer quando o IPI se aplica;
 Determinar a contabilização correta na DRE e no Balanço Patrimonial.

Em alguns casos as empresas comerciais são tratadas pelo Fisco como empresas industriais, para fins
de cálculo e recolhimento de IPI, que é o imposto sobre produto industrializado.

Os comerciantes atacadistas de insumos podem escolher ser equiparados aos industriais, de modo a
considerar o IPI. Essa equiparação existe para possibilitar o aproveitamento do crédito do IPI por
indústrias que compram materiais de comerciantes atacadistas.

Alíquota do IPI

O IPI é um imposto de competência da União. Deste modo, pode haver incentivos fiscais concedidos
pelo governo federal em relação a ele. A alíquota do IPI varia de acordo com o produto. Por exemplo,
a alíquota incidente sobre um produto considerado essencial, como alimentos é menor do que a
alíquota incidente sobre cigarros e bebidas alcoólicas, como podemos ver na tabela a seguir:

Mercadoria/ serviço Alíquota IPI

Carnes de animais da espécie bovina, suína, ovina ou


0%
caprina, frescas, refrigeradas ou congeladas
Refrescos 4%
Vodca 30%
Cigarros que contém tabaco (exceto feitos a mão) 300%

Você pode acessar as diferentes alíquotas do IPI em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-


2018/2016/Decreto/Anexo/AND8950.pdf.

Na tabela, você vai ver que os produtos não tributados recebem a classificação “NT”. Estes não
possuem tributação para fins do IPI e não geram direito ao crédito do IPI, quando este for aplicável.
Alguns exemplos de produtos que não são tributados são:

 Animais vivos
 Peixes, crustáceos e moluscos
 Leite e laticínios
 Plantas vivas e produtos de floricultura
 Cereais
 Frutas
 Sementes e frutos oleaginosos e grãos.

Incidência do IPI
O IPI é um imposto cobrado de modo indireto, o seja, o seu valor é adicionado ao preço do produto
vendido ou do serviço prestado.

Exemplo

Uma indústria fabrica refrescos para vender. Em dezembro de 2018 ela vendeu R$11.000 em
refrescos para uma lanchonete. Dado que a alíquota do IPI para refrescos é de 4%, o valor do IPI é
calculado do seguinte modo:

Valor do IPI do produto= base de cálculo x alíquota

Valor do IPI do produto= R$11.000 x 4%= R$440.

Evidenciação do IPI nas Demonstrações Contábeis

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

Na empresa que vende os produtos, o IPI é uma das deduções da receita bruta, apurada na
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

Portanto, na DRE o valor do imposto vai ser evidenciado em negativo, diminuindo o valor da Receita.

Balanço Patrimonial:

O valor do IPI a ser recolhido pelas empresas é a diferença entre o imposto incidente nas vendas e o
imposto pago na aquisição dos elementos integrantes dos ativos que serão vendidos pela empresa

Por exemplo, em uma empresa comercial é a diferença entre o imposto incidente nas vendas das
mercadorias e o imposto pago na compra das mercadorias, o que caracteriza a tributação não-
cumulativa.

Portanto, no Balanço Patrimonial podemos observar duas contas relacionadas ao IPI:

IPI a Recuperar

No Balanço Patrimonial, quando uma empresa compra matéria prima ou outro material que dá
direito ao ressarcimento do imposto pago, o IPI é considerado um ativo circulante.

Seu saldo representa o valor de IPI que faz parte do preço pago ao fornecedor ao adquirir uma
mercadoria. Ele representa um ativo porque para a empresa é um direito de deduzir o valor do IPI a
ser recolhido no futuro. O vendedor recolheu o valor e repassou ao comprador.

Por exemplo, uma empresa apresentava o seguinte balanço patrimonial:

Ativo Patrimônio Líquido


Ativo Circulante Capital Social 4.000
Disponibilidades 4.000
Ativo Total 4.000 Passivo + PL 4.000
A empresa compra a prazo materiais no valor de R$1.000 com adição de 10% de IPI. Portanto, o IPI é
de R$1.000 x 10%= R$100. Ele não está incluído no valor do estoque, de modo que a conta a pagar
para os fornecedores é de R$1.000+R$100.

Nesse caso, temos os seguintes lançamentos:

D- Estoques de materiais R$1.000


D- IPI a recuperar (ativo) R$100
C- Fornecedores R$1.100

O balanço patrimonial depois da compra é o seguinte:

Ativo Passivo
Ativo Circulante Passivo Circulante 1.100
Disponibilidades 4.000 Fornecedores 1.100
Estoque 1.000 Patrimônio Líquido 4.000
IPI a recuperar 100 Capital Social 4.000
Ativo Total 5.100 Passivo + PL 5.100

IPI a Recolher

Esta é uma conta do passivo circulante. Representa o montante devido ao governo referente ao IPI
da mercadoria.

No exemplo acima, a empresa revende os materiais por R$2.000 a prazo.

No momento da venda, a empresa deve considerar quatro eventos:

 Venda da mercadoria
 Registro do IPI sobre as vendas
 Baixa da mercadoria
 Registro do lançamento do encerramento do IPI

Em primeiro lugar, a venda de todo o estoque de materiais gera os seguintes lançamentos:

D-Clientes R$2.000
C- Receita de vendas R$2.000

Além disso, deve-se contabilizar o IPI a recolher sobre a venda, que é de R$2.000 x 10%= R$200.
D- IPI sobre o Faturamento R$200
C- IPI a recolher (passivo) R$200

Ainda, é necessário baixar a mercadoria vendida, do seguinte modo:


D- Custo das mercadorias vendidas R$1.000
C- Estoque de matérias R$1.000

Assim como o estoque foi baixado, é necessário baixar o IPI a recuperar, que estava no ativo
circulante. Portanto, devemos confrontar o IPI a recolher gerado pela venda com o IPI a recuperar,
gerado pela compra, contabilizando a diferença como passivo:
D- IPI a recolher R$100
C- IPI a recuperar R$100

Portanto, o IPI de R$100 a recuperar na compra é compensado pelo IPI decorrente da venda, de
R$200. A diferença de R$100 (R$200-R$100) é um passivo da empresa, que deverá pagar o imposto.

Após a venda, o balanço patrimonial da empresa é o seguinte:

Ativo Passivo
Ativo Circulante 6.000 Passivo Circulante 1.200
Disponibilidades 4.000 Fornecedores 1.100
Clientes 2.000 IPI a recolher 100
Patrimônio Líquido 4.800
Capital Social 4.000
Lucro Acumulado 800
Ativo Total 6.000 Passivo + PL 6.000

Já a DRE é a seguinte:

Receita bruta de vendas 2.000


Deduções da receita bruta:
IPI sobre o faturamento - 200
Receita líquida de vendas 1.800
CMV - 1.000
Lucro Bruto 800

Como não há outros eventos, supõe-se que o lucro bruto é o lucro do período. Para facilitar, não
vamos considerar a incidência do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro nesta
matéria.

Agora vamos ver uma questão de concurso sobre os lançamentos contábeis referentes ao IPI. A
questão é do EBSERH de 2018 e pede para assinalar se o lançamento é certo ou errado. O enunciado
é o seguinte:

Uma empresa adquiriu R$ 220.000 de materiais para a produção, sendo recuperáveis R$ 20.000 de
IPI e R$ 24.000 de ICMS.

Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte item a respeito do tratamento contábil
aplicável aos impostos e às contribuições.

O lançamento contábil a ser realizado no término do período de apuração do IPI deverá ser o
seguinte.

D – IPI a recuperar – R$ 20.000


C – IPI a recolher – R$ 20.000

a) Certo
b) Errado
Na situação dada, uma empresa comprou R$220.000 em materiais, podendo recuperar R$20.000.
Esse valor representa um ativo. Portanto, no momento da compra, o seguinte lançamento deve ser
feito:

D- estoque de materiais R$220.000


D-IPI a recuperar R$20.000
C- Fornecedores R$240.000

Observe que consideramos que a compra foi feita a prazo, o que não tem relevância para a resolução
da questão.

No término de apuração do IPI, o valor do ativo relativo ao IPI a recuperar deve ser creditado, de
modo a se determinar quanto a empresa deve pagar de IPI, considerando as suas compras e as suas
vendas, do seguinte modo:

D- IPI a recolher R$20.000


C- IPI a recuperar R$20.000

Portanto, o gabarito é Errado, uma vez que o lançamento indicado traz o Débito e o Crédito ao
contrário.

Referências utilizadas na aula:

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Contabilidade Comercial, 9ª edição. Ed. Atlas: São Paulo,
2010.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo do. Manual de
Contabilidade Societária, 3ª edição. Ed. Atlas: São Paulo, 2018.

PÊGAS, Paulo Henrique. Manual de Contabilidade Tributária, 8ª edição. Ed. Freitas Bastos: Rio de
Janeiro, 2018.

SOUZA, Acilon Batista. Contabilidade de Empresas Comerciais. Ed. Atlas: São Paulo, 2002.

SZUSTER, Natan; CARDOSO, Ricardo Lopes; SZUSTER, Fortunée Rechtman; SZUSTER, Fernanda
Rechtman; SZUSTER, Flávia Rechtman. Contabilidade Geral. 4ª edição. Ed. Atlas: São Paulo, 2013

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