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Universidade Pedagógica
Beira
2015
Graciela
Universidade Pedagógica
Beira
2015
ÍNDICE
1.0. Introdução.............................................................................................................................3
1.0. Tema:....................................................................................................................................4
1.1. Delimitação do Estudo..........................................................................................................4
1.2. Problema...............................................................................................................................4
1.3. Hipóteses...............................................................................................................................5
1.4. Objectivos.............................................................................................................................5
1.4.1. Geral...............................................................................................................................5
1.4.2. Específicos......................................................................................................................5
1.5. Justificativa...........................................................................................................................5
1.6. Metodologia..........................................................................................................................6
Capítulo II: Pressupostos Teóricos..................................................................................................7
2.1. A variação linguística............................................................................................................7
2.1.1. Variação semântica.........................................................................................................7
2.2. A Evolução Semântica da conjunção “mas” e do advérbio “mais”......................................7
2.3. Diferença entre a Conjunção “mas” e o Advérbio “mais”....................................................9
Capítulo III: Apresentação e Discussão de Dados.........................................................................11
3.0. Apresentação e discussão dos dados colhidos ao longo da observação..............................11
3.1. Discussão dos dados recolhidos dos cadernos dos alunos..................................................12
3.2. Análise da ocorrência da conjunção “mas” e do advérbio “mais”......................................12
Conclusão......................................................................................................................................16
Bibliografia....................................................................................................................................17
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1.0. Introdução
O Português que se fala em Moçambique (PM), independentemente de ser adquirido como
primeira língua (L1) ou como segunda língua (L2) (situação mais comum), difere do Português
Europeu Padrão (PE), tomado oficialmente como variedade de referência. Neste contexto, são
fundamentais estudos sobre as diferentes propriedades linguísticas desta variedade do Português.
Por outras palavras, afigura-se conveniente dispor de trabalhos que procurem satisfazer os
requisitos de adequação descritiva e explicativa da Língua (interiorizada) dos falantes do PM. No
quadro destas exigências, há já vários trabalhos, sobretudo de descrição geral das diferentes
componentes da gramática do PM, entre eles, os de Gonçalves (2010a, 2010b, 2001, 1997) e
Dias (2009). Mas, até onde conseguimos averiguar, são inexistentes trabalhos sobre O Uso
Indiscriminado da Conjunção Adversativa “mas” e do Advérbio “mais”, tema central desta
pesquisa. Daí que optamos por levar diante um estudo voltado para o tema em alusão.
Quanto à estrutura do trabalho, apresentamos no início uma introdução da qual constam o tema,
a delimitação do estudo em análise, o problema a ser pesquisado, as suas possíveis respostas, as
metas que pretendemos alcançar através do estudo, a justificativa do tema e as metodologias
preconizadas. No segundo momento, apresentamos um embasamento teórico onde procuramos
explicar a origem da conjunção “mas” e do advérbio “mais”, suas semelhanças e diferenças; no
terceiro capítulo apresentamos e discutimos os dados recolhidos no campo e, finalmente,
apresentamos as nossas considerações finais bem como a bibliografia do trabalho.
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1.0. Tema:
O Uso Indiscriminado da Conjunção Adversativa “mas” e do Advérbio “mais”.
1.2. Problema
Essas duas palavras, por conta de sua semelhança, causam muita confusão na hora de escrever e
de falar para grande parte dos alunos moçambicanos, caso específico da Escola Secundária da
Manga. Além de serem usadas com bastante frequência, ambas tem quase a mesma sonoridade e
só se diferem por uma letra. Porém, seus significados são completamente diferentes. A dúvida
sobre estas duas palavras é comum, e o número de pessoas que as usa de modo errado é muito
grande, portanto, ficamos sem saber se é por falta de domínio da Língua Portuguesa ou é por
motivos etimológicos que originam tal confusão.
Para começar, é importante que saibamos que as palavras mas e mais existem e ambas estão
correctas. Embora sejam muito parecidas, tanto na fonética quanto na morfologia, elas devem ser
empregadas em situações distintas. Para saber como e quando usar cada um dos termos,
precisamos de saber a sua origem, as diferenças que existem entre eles e suas funções.
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1.3. Hipóteses
1.4. Objectivos
1.4.1. Geral
1.4.2. Específicos
1.5. Justificativa
Para além da escassez de estudos, ao nível desta componente da gramática do PM, a escolha do
uso discriminado da conjunção “mas” e do advérbio “mais” como objecto de estudo é
duplamente motivada. É motivada, em primeiro lugar, por razões linguísticas, concretamente
pela necessidade de compreender produções de alunos secundários que apontavam para uma
discriminação dos significados assim como da pronúncia das palavras “mas” e “mais”. Em
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segundo lugar, a escolha é motivada por razões didácticas, concretamente, pela necessidade de
aprofundar as metodologias de ensino da gramática, principalmente aquelas que permitem
explicitar o conhecimento gramatical da língua de ensino em alunos moçambicanos que
apresentam uma gramática do PM já quase estabilizada ou ainda em estabilização.
1.6. Metodologia
Para a materialização da nossa pesquisa, recolhemos quinze cadernos, de Língua Portuguesa, dos
alunos como forma a verificar a sua maneira de escrita. Especificamente das palavras “mas” e
“mais”. Optamos pela leitura selectiva dos cadernos, focalizando-nos apenas onde se fazia o uso
do “mais’ ou “mas” com vista a analisar a sua ocorrência. Com este método acreditamos que é
possível explorarmos ao máximo a questão em análise. Dos apêndices constam alguns trechos
dos alunos retirados dos seus cadernos, sendo que cada aluno apresentou uma situação que nos
chamou para a análise (veja os trechos na folha dos apêndices).
Em termos de outros métodos utilizados nesta pesquisa, podemos apontar o de observação. Isto
é, ao longo dos contactos que tivemos com os nossos informantes, sendo as palavras “mas” e
mais” muito usadas diariamente, constatamos a sua discriminação em termos de pronúncia, facto
que nos levou a registar alguns casos observados. É importante ressaltarmos que nesta fase de
observação tivemos certas limitações devido ao tempo de conversas.
Por outro lado optamos pela revisão bibliográfica - este método que é o de revisão de diferentes
obras de autores que, sobretudo, retratam o mesmo tema, podendo assim ajudar na compreensão
de alguns pontos importantes no desenvolvimento do trabalho. Este método consiste em autor
recorrer a bibliografias diferenciadas para obter mais conhecimento acerca do tema.
Os métodos acima mencionados são alguns dos que contribuirão no desenvolvimento deste
trabalho podendo ainda anexar alguns não mencionados.
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“A mudança que se observa numa língua no decorrer do tempo tem paralelo na mudança dos
conceitos de vida de uma sociedade, na mudança das artes, da filosofia e da ciência e, até, na
mudança da própria natureza.” (MATEUS, 2005, p.18). Os estudos provam que o PM é uma
variante diferente do PE e precisa ser mais aprofundado procurando cada vez mais espaço da sua
afirmação legal - a padronização. “Falar de uma variedade é apenas reconhecer a existência de
um ou de vários conjuntos de diferenças, de uma ou de várias variedade e recusar estabelecer
entre essas variedades numa hierarquia.” (GARMADI, 1983, p.29). Esses fenómenos linguísticos
são causados pelo contacto entre línguas, pelo surgimento de realidades sociais, culturais,
políticas e económicas bem diferentes ou mesmo pela diferença de classes sociais. Entendemos
por variação linguística a forma como uma determinada comunidade linguística se diferencia de
outra, sistemática e coerentemente tendo em conta os contextos sociais. A variação se manifesta
em diversos níveis: fonético-fonológico, morfossintáctico, sináctico assim como semântico,
sendo, pois, este último o foco do nosso trabalho.
Sabendo que a semântica é o estudo do sentido das palavras, a variação semântica seria o estudo
das diferenças dos sentidos das palavras. Um mesmo referente pode ter várias palavras e uma
palavra pode ter vários significados. A unidade lexical “mas” para além dos significados
conhecidos na LP significa “oposição”, no contexto moçambicano passa a significar em certos
casos “aumento”, funcionando deste modo como advérbio de intensidade. Mas também, há casos
em que a variação ocorre com a unidade
Nesta pequena secção pretendemos apresentar a evolução dos termos “mas” e “mas” com o
intento de mostrarmos quais as razões relacionadas com a sua origem que possam explicar a
discriminação destas palavras no uso oral e escrito, sendo que atualmente parece não se sentir a
diferença entre as duas palavras, o que julgamos ter acontecido no latim.
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Cunha e Cintra (2001) informam que o termo vem da forma latina magis e que, também de
magis, se originou o advérbio português mais – “designativo de aumento, de grandeza ou
comparação”.
Lembra ainda que magis (latim) tem a mesma raiz (mag-) de magnus (magno, maior). Ernout &
Meillet (1959) informam que o advérbio latino magis era usado, no latim clássico, para indicar
grau comparativo. O uso, que inicialmente se restringia a adjetivos desprovidos de marca
morfológica de grau, estendeu-se aos demais, chegando a substituir o morfema comparativo de
superioridade – ior.
Quanto ao caráter opositivo, os autores (Apud Barreto, 1999; Castilho, 1997) dão as seguintes
informações: o advérbio latino magis era frequentemente empregado ao lado de sed, sendo que a
expressão sed magis, tomada em sua totalidade, introduzia uma ação que se realizava em lugar
de outra, no caso, preterida.
A tentativa mais completa de explicar a transformação de magis a mas aparece em Corominas &
Pascual (1980-1983),
[...] mais também se empregou como conjunção adversativa sinônima do atual mas que
por outro lado representa a evolução da primeira palavra em posição proclítica; [...] ainda
se empregava na linguagem escrita do século XIV; [...] esta palavra, com esta acepção
conjuncional, continua em uso hoje na linguagem dialetal de Portugal e do Brasil.
Embora as gramáticas tradicionais incluam o elemento mas na classe das conjunções, sabemos
que, além de ligar orações, o item sob investigação tem outras funções, até mesmo mais
significativas (Guimarães, 2002). Como vimos na seção anterior, o uso do elemento em tela, em
contextos de fala, é pouco explorado pela tradição gramatical. Acreditamos, como Rodrigues
(1995) que o mas, no discurso oral, desempenha funções que revelam uma “ampliação do seu
âmbito de atuação”.
A atuação do mas para além dos limites dos sintagmas oracionais e não oracionais parece ter
relação com a sua origem. Teria surgido do processo de gramaticalização do advérbio latino
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magis (Neves, 1984), cujo valor semântico era o de estabelecer comparações de quantidades e
qualidades e inclusão de indivíduos no conjunto (Nunes, 1945). De acordo com Castilho (2003),
o “valor inclusivo” o predispôs a atuar no módulo do discurso, como uma espécie de “conectivo
de turnos e de unidades discursivas”. Em seguida, após transformações metonímicas, o mas teria
passado a atuar no módulo da Gramática, como uma conjunção adversativa.
Dessa forma, se olharmos para aquilo que é a evolução do “mas” e “mais” notamos uma
transformação enraizada no mesmo termo “magis” do latim, o qual dá origem a duas palavras,
pois essas palavras diferenciavam-se nos significados, mas tinham a mesma forma de escrita e
atualmente são usadas em contextos diferentes de escrita e com significados diferentes. Portanto,
por um lado a discriminação a qual estas palavras são sujeitas aquando do seu uso pode ter
explicação no que se refere à sua evolução, às suas transformações ao longo do tempo.
Como advérbio, o “mas” tem a função de intensificar ou dar ênfase a uma determinada
afirmação. Normalmente vem acompanhada de outras palavras quando emprega esta função.
Veja os exemplos:
Neste caso, notamos que a conjunção “mas” pode causar confusão para os alunos devido ao seu
duplo uso, ou seja, devido a sua dupla função, ora funciona como conjunção, ora como advérbio.
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Facto que pode levar os alunos a discriminar o uso do advérbio “mais” em seus contextos que
lhes são devidos.
Em contrapartida, a palavra “mais” tem ainda mais função do que “mas”, ela pode ser um
substantivo, conjunção ou advérbio de intensidade, preposição, ou um pronome indefinido. O
“mais” tem o significado de intensidade, maior característica ou quantidade ou excesso, mas
também pode indicar uma adição. Veja os exemplos do uso do “mais”:
De forma suscita tanto a conjunção “mas” assim como o advérbio “mais” apresentam funções
diversas, das quais coincidem grandemente. Por isso, explicar a discriminação ou não das duas
palavras exige um domínio gramatical e linguístico destas conjunções ou advérbios de modo que
se saiba quando se está numa situação de discriminação e quando se está numa situação de
substituição de uma palavra por outra.
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Durante o contacto que tivemos com os alunos da turma A02 da Escola Secundária da Manga
constatamos que, nalgum momento, eles têm dificuldades de distinguir foneticamente a
conjunção “mas” do advérbio “mais”. Esta dificuldade pode estar associada ao desconhecimento
da existência de uma das duas palavras, sendo o “mas” funcional em todas as situações. Por
outro lado, pode estar ligado ao facto de as duas palavras serem semelhantes, diferirem-se apenas
num grafema ou som, dependendo dos contextos (escrita e fala). Mas também notamos que o
frequente uso da conjunção “mas” pode ser o motivo da generalização do seu uso, o que coloca o
advérbio mais em extinção por parte deste grupo-alvo.
Ora, reflectindo a questão que nos foi apresentada por uma parte de alunos da turma A02,
recuemos para o latim, onde as palavras “mas” e “mais” escreviam-se e pronunciavam-se da
mesma maneira (magis), deferindo-se apenas nos seus significados e contexto de ocorrência.
Estas palavras ocorriam numa situação de palavras homónimas 1, porém, com a sua evolução
actualmente encontram-se numa situação de parónimas (caso que não nos interessa aqui).
Constatamos que os nossos informantes não sabem distinguir uma palavra da outra, ou seja, não
sabem distinguir o “mas” do “mas” pelo que é lhes infeliz o conhecimento que trazem sobre o
funcionamento da Língua Portuguesa.
Neste caso, afirmarmos que esta dificuldade apresentada pelos alunos está associada à evolução
do magis (latim) para “mas” e “mais” seria uma explicação infeliz, dado que durante a
observação percebemos que pouco se desconhece sobre as funções, quer do “mas” (como
advérbio e conjunção em certos casos), quer do “mais” (também como advérbio e conjunção).
Por isso, uma consciencialização acerca das funções e funcionamento destas duas palavras por
parte dos alunos seria um passo inicial para a superação desta dificuldade, mas também uma
maior exposição a estas duas palavras seria um dos passos para a superação, uma vez que quanto
mais o contacto, maior será o conhecimento e bom uso destas palavras.
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Nosso intuito não é de falar das palavras homónimas, daí que não iremos ao fundo da explicação.
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Nesta subcção iremos apresentar uma análise descritiva dos dados recolhidos no campo, pois,
pela natureza da metodologia que optamos por ela faremos a apresentação dos dados de cada
aluno e posteriormente a devida discussão detalhada.
Na frase que nos foi apresentada pela informante I, notamos que há o uso discriminado do
advérbio “mais”, o qual ocorre em contexto impróprio, embora este possa funcionar como
conjunção. Na frase em análise, segundo a norma padrão do português, era suposto que a
informante I usasse a conjunção adversativa “mas” com o valor da contraposição independente
caracteriza pelo facto de, no segundo membro, ser enunciado um argumento que ainda não foi
considerado. O argumento anterior, apesar de admitido (= “ainda assim”), é menos relevante do
que o que vem acrescentando, como no exemplo abaixo reescrito:
Prosseguindo, no que se refere à informante II, extraímos do seu caderno a seguinte passagem:
No exemplo acima, sem olhar para a discriminação das palavras “mais” e “mas” que estão
erradamente colocadas na frase, isto é, no lugar de “mas” seria “mais” e vice-versa, a informante
nega que o quarto das irmãs seja grande, mas afirma que o cómodo é “jeitoso”. Neste caso
teríamos a frase reescrita da seguinte maneira:
À prior perceberíamos que o advérbio de intensidade “mais” equivale a muito e não a contudo,
porém, etc. como ilustra o primeiro exemplo e a conjunção “mas” no exemplo reescrito equivale
a no entanto, contudo, etc.
Portanto, o uso discriminado destas duas palavras por parte dos nossos alunos resulta da falta do
domínio da Língua Portuguesa, sendo que em contextos em que se exige uma conjunção
adversativa “mas” os alunos optam pelo advérbio de intensidade “mais” e vice-versa. Só para
mostrarmos a validade desta hipótese, lembremos que durante a discussão dos dados que
observamos notamos que os alunos confundem foneticamente as palavras em alusão por se tratar
de duas palavras semelhantes, ou seja, parónimas.
Outro caso curioso que chamou atenção é(são) a(s) frase(s) do informante III:
No exemplo acima citado verificamos que o informante desconhece as funções das palavras em
análise, daí que faz o uso discriminado dos sentidos e significados destas palavras, sendo que
para ele a escolha de um ou do outro independe das suas funções morfológicas e ou sintácticas
ou fonéticas. Pois, as hipóteses inicialmente levantadas a respeito da etimologia das palavras
“mas” e “mais” podem ser refutadas, pois, através das frases dos alunos notamos que o uso
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Por outro lado, o informante IV faz um uso não discriminado da conjunção “mas” assim como
do advérbio “mais” nos seus textos, o que nos leva a crer que a falta do domínio das regras
gramaticais, isto é, das funções destas palavras, faz com que muitos alunos façam um uso
discriminado, colocando em assim a Língua Portuguesa num processo de mudança. Para já
atentemos nos seguintes exemplos do informante:
[Dizem que são terapêuticas], mas queimam a pele e fedem a ovo podre, a
enxofre. (Exemplo retirado do caderno do informante).
Notamos que o informante em alusão, faz o uso correcto da conjunção “mas” e do advérbio
“mais”, facto que nos leva, mais uma vez, a acreditar que as vias pelas quais estas palavras são
apresentadas aos alunos não são feliz assim como o conhecimento em relação à Língua
Portuguesa é quase ínfimo por parte do grupo-alvo, apesar de alguns mostrarem evolução do seu
aprendizado.
Se tomarmos em consideração a limitação que tivemos ao longo da recolha dos dados assim
como tipo de metodologia que aplicamos, é desejável sabermos na essência se os alunos sabem
diferenciarem a conjunção “mas” do advérbio “mais”.
Prosseguindo, na análise dos dados, constatamos também que, para além do informante IV, o V
também está consciencializado no uso das palavras em análises, pese embora ao longo dos seus
escritos apresente erros relacionados a outras categorias gramaticais. Desde já passamos a
apresentar as frases:
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O Frederico fica com ciúmes, que diz que eu sou mais assim com a
Tatiana do que com o Gustavo. Não é verdade, a Tatiana é mais na dela,
mas o Gustavo é muito levado, eu não aguento ele. É divertido. (Exemplo
retirado do caderno do aluno).
Tal qual informamos, este faz o uso adequado do advérbio “mais” assim como da conjunção
“mas” respectivamente, embora apresente no exemplo II problemas relacionados com à
concordância, caso que não nos importa abordar neste projecto.
De forma geral, constatamos que as palavras em análise tendem a ser usadas discriminadamente
por parte dos alunos devido a sua aproximação ou semelhança, sendo que para os alunos que não
atentam para as questões semânticas das palavras caem no erro, mas também aqueles que têm um
domínio fraco relativamente à gramática encontram-se na mesma situação. Neste caso, é
necessário que os professores estejam conscientes destes assuntos, como por exemplo a diferença
entre “mas” e “mais”, “cem” e “sem”, entre outras de forma a chamar os seus alunos para a
reflexão e consciencialização. Outra alternativa é o tempo de exposição a estas palavras a que os
alunos devem ser sujeitos.
Conclusão
Portanto, os resultados que obtemos revelam que a discriminação destas duas palavras é
resultado do desconhecimento da semântica das palavras, das regras gramaticais e da língua no
geral.
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Bibliografia
CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley. A Nova Gramática do Português Contemporâneo. 3ª ed.
rev. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
MATEUS, Maria Helena Mira et al. Gramática da Língua Portuguesa. 3ªed. Lisboa: Camino,
1989.
NEVES, Maria Helena de Moura. O Coordenador Interfrasal mas – Invariância e Variantes. In:
Revista Alfa. São Paulo: UNESP, 1984.
Na Munhava, como em qualquer outra zona de Moçambique, existem pessoas de bem, mais,
para os polícias, todos que lá habitam são bandidos… (frase extraída do caderno da informante
I)
Na Munhava, como em qualquer outra zona de Moçambique, existem pessoas de bem, mas, para
os polícias, todos que lá habitam são bandidos… (frase extraída do caderno da informante I)
O quarto das minhas irmãs é o lugar que eu mas gosto...ele é...não é muito grande...mais é
jeitoso. (Frase extraída do caderno da informante II)
O quarto das minhas irmãs é o lugar que eu mais gosto...ele é...não é muito grande...mas é
jeitoso. (Frase extraída do caderno da informante II)
[Se eu fosse pintor começaria a pintar este primeiro quadro com pequenas cores mais
bonitas…]. Mais logo depois, entre o primeiro plano e a casa… Mas o quintal da casa
abandonada... (Exemplo da informante III).
[Durante uma conversa ou uma reunião, quanto mais você discordar, mais iminente será a
briga... Posicione-se], mas refreie seus impulsos de levar a coisa para o lado pessoal. (Exemplo
retirado do caderno do informante).
[Dizem que são terapêuticas], mas queimam a pele e fedem a ovo podre, a enxofre. (Exemplo
retirado do caderno do informante).
O Frederico fica com ciúmes, que diz que eu sou mais assim com a Tatiana do que com o
Gustavo. Não é verdade, a Tatiana é mais na dela, mas o Gustavo é muito levado, eu não
aguento ele. É divertido. (Exemplo retirado do caderno do aluno).
Eu me sinto muito bem lá, porque as pessoas lá são responsável (prob. De concordância).
Impressionante a diferença. Mas também tem um lado…, né? da sociedade em si, eles são muito
evoluído (prob. De concordância) de um lado mas são muito conservadores por outro lado.
(Exemplo retirado do caderno do informante).