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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Direito

Transparência e Ética na Contratação Publica

Denise Tocota

Lurdes Bento Inácio

Nelson Vieira Tarcísio

Richarde da Paula Colete

Nampula, Outubro de 2023


Denise Tocota

Lurdes Bento Inácio

Nelson Vieira Tarcísio

Richarde da Paula Colete

Transparência e Ética na Contratação Publica

Trabalho em grupo de Administração de


Bens e Serviços Públicos, do 3º ano
período Laboral do curso de Administração
Pública, como requisito parcial para
obtenção de nota. Orientado pelo Docente
Msc. Ézer B. Dique

Nampula, Outubro de 2023


Índice

Introdução.............................................................................................................................. 4

1. Transparência e Ética na Contratação Publica ................................................................. 5

1.1. Actos praticados por Agentes do Estados ................................................................. 7

1.2. Actos praticados por concorrentes ............................................................................ 7

1.3. Alguns pressupostos éticos para a actuação do profissional ...................................... 8

1.4. Importância da ética profissional ............................................................................ 10

Conclusão ............................................................................................................................ 11

Referência bibliográfica ....................................................................................................... 12


Introdução

O presente trabalho tem como tema a Transparência e Ética na Contratação Publica que
circunscreve – se na cadeira de Administração de Bens e Serviços Públicos que constitui uma
matéria importante para o ensino e aprendizagem da cadeira acima mencionada.

Numa democracia em construção, um dos indicadores de peso para se avaliar a boa


governação é a transparência a todos os níveis. Uma das áreas onde a transparência é regra de
ouro é o procurement publico

Portanto a ética, como expressão única do pensamento correto conduz à ideia da


universalidade moral, ou ainda, à forma ideal universal do comportamento humano, expressa
em princípios válidos para todo pensamento normal e sadio.

No que tange ao tipo de pesquisa, dar-se-á primazia pesquisa qualitativa porque procurou-se
interpretar os vários aspectos ligados a Transparência e Ética na Contratação Publica. O
presente trabalho com o tema em alusão, encontra-se estruturado em:

 Capa, introdução;
 Desenvolvimento onde encontrar-se-á abordagens referentes ao tema;
 Conclusão onde é abordado o resumo ou a síntese;
 Referência bibliográfica onde está contido as obras usadas na elaboração do trabalho.

Quanto a metodologia usada para efeitos de elaboração do trabalho, foram utilizadas as


referências bibliográficas disponibilizadas pelo docente e as demais obras que apresentam um
vasto conteúdo ao que se refere a Transparência e Ética na Contratação Publica a luz das Leis
em vigor.

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1. Transparência e Ética na Contratação Publica

De acordo com Borges e Medeiros (2007) Inicialmente, a Ética profissional começa com a
reflexão e deve ser iniciada antes da prática profissional. Ao escolher uma profissão, todo
indivíduo passa a ter responsabilidades e deveres profissionais obrigatórios.

Ser ético é basicamente aprender a agir sem prejudicar os demais, pensando também na
felicidade e alegria de viver.

Borges e Medeiros (2007) apontam que a Ética deve estar presente em toda prática humana.
Os mesmos autores ainda dizem que, dessa forma, existe ou deveria existir uma Ética aplicada
à cada actividade profissional, a fim de que fossem evitados todos os tipos de conflitos de
interesse que ocorrem no ambiente corporativo.

Ao passo que Sá (2009) especifica que:

Em qualquer sociedade que se observe, sempre será notado a existência de conflitos morais
em seu interior, eles ocorrem a partir do momento em que um indivíduo, perante uma
circunstância, tem uma atitude que contraria aquilo que, de forma geral, a sociedade
estabeleceu como padrão de comportamento para aquela situação em específico. Tais conflitos
não são exclusivos do âmbito pessoal e da relação entre diferentes tipos de comunidades, elas
também surgem na esfera profissional, principalmente por questões de conflito de interesse
dentro de cada organização.

Ao longo dos últimos anos, notou-se uma evolução das discussões que tratam da conduta
Ética dos indivíduos em diversas áreas da actividade humana, seja ela no âmbito social,
pessoal ou profissional.

Barros (2010) agrega que a Ética Profissional pode ser definida como um conjunto de normas
e valores que direccionam as condutas dos colaboradores para que estes mantenham uma
reputação positiva no ambiente de trabalho.

O mesmo autor ainda destaca que um círculo organizacional onde os indivíduos possuem
ética profissional, o clima tende a ser bem agradável, e reflectir assim no rendimento de toda a
equipe.

Conforme Oliveira (2012), a ética é indispensável ao profissional, uma vez que, na acção
humana, “o fazer” e “o agir” estão interligados, onde o fazer diz respeito à competência, que
trata da eficiência que cada um deve ter, com o intuito de exercer bem a sua profissão, e o agir
se refere à sua conduta, ou seja, ao conjunto de atitudes que o mesmo deve assumir ao
desempenhar seu trabalho.

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Por isso que, as organizações aplicam os padrões éticos da sociedade as suas regras internas
para o bom andamento dos processos de trabalho, alcance de metas e objectivos.

A ética profissional proporciona um exercício diário de honestidade, comprometimento,


confiabilidade no comportamento do profissional e na tomada de decisões em suas
actividades.

Etimologicamente, a palavra “ilícito” se originou a partir do latim illicitus, se referindo ao que


é ilegal, proibido ou moralmente errado. Ilícito refere ao que não é permitido perante a lei,
ética ou moral; relativo à ilegalidade; algo que é proibido pela lei. Porém Um ato ilícito é algo
que não está de acordo com a lei.

Contudo a transparência e ética constitui normas básicas que garante e orientam a


implementação do Regulamento da Contratação de Empreitada de Obras Públicas,
Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado.

Porem a materialização de actos praticados é coadjuvado por outras legislações como a de


Anti- corrupção, Regulamento de Funcionários e Agentes do Estado.

De acordo com o princípio da publicidade ou transparência, a gestão pública deve divulgar os


actos praticados, por meio das mídias, para que possam ser reconhecidos pelos órgãos estatais
competentes e por toda a sociedade.

Nesta perspectiva Carvalho acrescenta

Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse colectivo ou geral, que serão prestadas no prazo da
lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

Neste sentido, toda informação produzida, guardada, organizada ou gerenciada pelo Estado é
pública e deve estar acessível à população de forma legal, isto é, sem propaganda pessoal,
garantindo assim um verdadeiro controle social.

Portanto o Contratante e os Concorrentes estão sujeitos a observância dos mais elevados


padrões de ética durante o procedimento da legislação em vigor.

De acordo com o artigo 282 do Decreto 79/2022 de 30 de Dezembro são considerados


praticas sujeitas a sanções as seguintes:

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 Prática corrupta - oferecer, dar, receber ou solicitar algo de valor para influenciar o
acto de um funcionário público no procedimento de contratação ou na execução de
Contrato;

 Prática fraudulenta - deturpação ou omissão dos factos, a fim de influenciar um


procedimento de contratação ou a execução de um Contrato em prejuízo da Entidade
Contratante;

 Prática de colusão - prática conivente entre concorrentes, com ou sem o conhecimento


da Entidade Contratante, realizada para estabelecer preços de propostas em níveis
artificiais, não competitivos e privar a Entidade Contratante dos benefícios da
competição livre e aberta; e

 Prática de coerção - ameaça ou tratamento ameaçador a pessoas ou seus familiares


para influenciar a sua participação no procedimento de contratação ou a execução do
Contrato.

No caso de ocorrer uma ou mais práticas mencionadas acima, a Entidade Contratante rejeitará
a Proposta e declarará o Concorrente impedido nos termos do presente Regulamento.

1.1. Actos praticados por Agentes do Estados

Portanto independentemente de qualquer outro procedimento aplicável nos outros


regulamentos, são passíveis a procedimento disciplinar, nos termos do Estatuto Geral dos
Funcionários e Agentes do Estado, os agentes ou funcionários, que participando ou tomando
parte no procedimento de contratação, violem ou deixem de observar o preceituado no
regulamento, nos Documentos de Concurso e demais legislação aplicável.

1.2. Actos praticados por concorrentes

De acordo com o artigo 284 do Decreto 7972022 de 30 de Dezembro, os concorrentes estão


passíveis de procedimento administrativo quando, por si ou por intermédio de outrem,
induzam ou concorram para a prática de acto que viole regulamento ou nos Documentos de
Concurso.

Portanto neste caso compete a Unidade Funcional de Supervisão das Aquisições instaurar,
conduzir e decidir os procedimentos administrativos nos termos a serem estabelecidos por
despacho do Ministro que superintende a área das Finanças.

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Neste caso, tipo de sanções baseia-se na gravidade da infracção relativamente ao objecto da
contratação, situação económico-financeira do concorrente, em especial a sua capacidade de
geração de receitas, o grau de envolvimento do concorrente para a consumação do acto ilícito,
o benefício colhido pelo concorrente e por ultimo o valor das despesas administrativas
causadas pela invalidação do acto ilícito, que vai determina o valor da multa e tempo de
proibição de contratar com o Estado.

1.3. Alguns pressupostos éticos para a actuação do profissional

Destaca-se como os princípios fundamentais da conduta dos profissionais os seguintes:

 Integridade - Profissionalismo na emissão da sua opinião;

 Honestidade, diligência e responsabilidade;

 Observância da lei;

 Divulgação das informações exigidas;

 Actuação e conduta dentro da legalidade;

 Contribuição com os legítimos e éticos objectivos da organização;

 Objectividade (Independência) - Isenção de interesses pessoais quanto ao resultado do


trabalho:

 Não participar de qualquer actividade ou relação que possa prejudicar sua avaliação
imparcial;

 Não devem aceitar qualquer coisa que prejudicaria seu julgamento;

 Os Profissionais devem divulgar os fatos materiais de seu conhecimento que, se não


divulgados, podem distorcer relatórios das actividades sob sua revisão;

 Confidencialidade – O profissional deve se abster de divulgar a terceiros qualquer


detalhe dos resultados do seu trabalho, a não ser por ordem judicial;

 Prudência no uso e protecção das informações obtidas no desempenho das suas


funções;

 Não utilizar informações para qualquer vantagem pessoal ou de qualquer outra


maneira contrária à lei, ou em detrimento dos objectivos legítimos e éticos da
organização;

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 Competência - Pressupõe-se que o auditor tenha o devido conhecimento profissional
para desempenhar suas funções, e, caso necessite, recorra a técnicos especializados
que o auxiliem a emitir sua opinião:

 Realizar somente aqueles serviços para os quais possuam o conhecimento; habilidades


e experiência necessários; e

 Realizar serviços de interna em conformidade com as Normas para a prática


profissional.

De acordo com Junior (2009) o princípio da legalidade a Administração Publica deve actuar
em obediência a uma determinada Lei e ao direito, dentro dos limites e fins dos poderes que
lhe estejam atribuídos.

Entende – se que qualquer acção do Estado ou da pessoa enquanto gestor público necessita
estar previsto em lei, isto é, deve agir quando, como e da forma que a lei determina.

O princípio da legalidade difere as acções de um cidadão comum, que pode fazer tudo o que a
lei não proíbe, do gestor público, que só pode fazer o que a lei determina ou autoriza.

Neste sentido, o ato administrativo praticado pelo agente público sem a observância da
legalidade torna o ato nulo de pleno direito, tendo em vista a presença de um vício
irremediável em sua estrutura, chamado de ilegalidade.

É necessário que, além de legal, o ato administrativo seja aceitável do ponto de vista ético-
moral. Esse princípio corresponde à aplicação de regras de correta administração regida pela
ética, em perfeita conjugação com a lei, para resguardar o interesse público. Obedecendo a
esse princípio, o gestor público, além de seguir o que a lei determina, deve pautar sua conduta
na moral comum, separando o bem do mal, o legal do ilegal, o justo do injusto, o conveniente
do inconveniente, além do honesto do desonesto, fazendo o que for melhor e mais útil ao
interesse público.

De acordo com o princípio da impessoalidade, qualquer gestor público, eleito, concursado ou


indicado, está ocupando um posto para servir aos interesses do povo. Assim, seus actos
obrigatoriamente deverão ter como finalidade o interesse público, atingindo o bem da
colectividade e não sua vontade pessoal; isto é, seus actos devem ser impessoais. No exercício
da actividade administrativa deve tratar de forma justa e imparcial com todos não deve
privilegiar ninguém.

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1.4. Importância da ética profissional

Para Camargo (1999):

É pela profissão que o indivíduo se destaca e se realiza plenamente, provando sua capacidade,
habilidade, sabedoria e inteligência, comprovando sua personalidade para vencer obstáculos.
Através do exercício profissional, consegue o homem elevar seu nível moral. É na profissão
que o homem pode ser útil a sua comunidade. Contemporaneamente, percebe-se a necessidade
de postura reflexiva e ética em todos os momentos da vida humana, especialmente no
exercício das mais diversas profissões. Toda profissão deve dispor de organizações adequadas
com actividades, obrigações e responsabilidades, e, com consciência de grupo, assim, as
associações profissionais, os sindicatos, os conselhos profissionais, são importantes para a
consolidação ética, desta maneira a pessoa encontra uma razão mais forte para viver de acordo
com o princípio da solidariedade, e conduta, reflectindo na formação da imagem da profissão.
O comportamento do profissional, em princípio, é uma questão de moral, sendo sua
consciência a delineadora do seu comportamento social e profissional.

O mesmo autor reforça que, o bom profissional é aquele que, conhece, executa, defende e
denuncia. Assim, o profissional está cumprindo sua função na sociedade, e, se tiver
conhecimento de seus direitos e deveres e executar seu trabalho de acordo com esses
conhecimentos, defendendo e valorizando sua profissão, não praticando nem deixando que
pratiquem irregularidades no seu exercício profissional, tornando-se “fiscais” de sua
profissão.

De modo geral, o sucesso de um profissional depende, primordialmente, da imagem positiva


que ele mantém junto a sociedade, trabalhando de acordo com os princípios éticos, de forma
virtuosa, honesta e íntegra.

A ética profissional é essencial para que os funcionários convivam melhor e construam um


ambiente pautado em respeito, colaboração, justiça e harmonia.

A postura ética, portanto, favorece para um clima organizacional muito mais saudável e
positivo. Basta pensar em situações conflituosas ou adversas e como uma pessoa com ética
agiria. Com certeza ela contribuiria para solucionar a questão pautada na honestidade,
integridade.

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Conclusão

Ao fim da elaboração do trabalho o grupo constatou diversos aspectos importantes para o


ensino e aprendizagem da cadeira de administração de bens e serviços públicos tais como: a
transparência e ética constituí normas básicas que garante e orientam a implementação do
Regulamento da Contratação de Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e
Prestação de Serviços ao Estado. Porem a materialização de actos praticados é coadjuvado por
outras legislações como a de Anti- corrupção, Regulamento de Funcionários e Agentes do
Estado.

O Contratante e os Concorrentes estão sujeitos a observância dos mais elevados padrões de


ética durante o procedimento da legislação em vigor. São considerados praticas sujeitas a
sanções as seguintes: prática corrupta, prática fraudulenta, prática de colusão, prática de
coerção.

São passíveis a procedimento disciplinar, nos termos do Estatuto Geral dos Funcionários e
Agentes do Estado, os agentes ou funcionários, que participando ou tomando parte no
procedimento de contratação, violem ou deixem de observar o preceituado no regulamento.

Os princípios fundamentais da conduta dos profissionais os seguintes: integridade,


honestidade, legalidade, divulgação das informações exigidas.

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Referência bibliográfica

Barros, M. F. R. (2010). A ética no exercício da profissão contábil. Belo horizonte: Instituto


de Ciências Económicas e Gerenciais.

Borges, E.; & Medeiros, C. (2007). Comprometimento e ética profissional: um estudo de suas
relações juntos aos contabilistas. São Paulo, Brasil: Revista Contabilidade & Finanças.

Camargo, M. (1999). Fundamentos de ética geral e profissional. Petrópolis: Editora Vozes.

Oliveira, A. R. (2012). Ética profissional. In: Instituto Federal de Educação, Ciência e


Tecnologia, Belém, PA.

Sá, A. L. (2009). Ética profissional. (9ª. Ed.). São Paulo, Brasil: Atlas.

Junior, A. E. D. (2009). Política e Gestão Publica. (3 ª ed). São Paulo‫ ׃‬Atlas.

Legislação

Decreto 79/2022 de 30 de Dezembro

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