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8º Grupo

Bernardo Xavier
Célia Domingas Ntambo
Elsa Victor Soares
Florência António
Ivone Manuel martinho Grupa
Saimone André Jaime

Antropologia das Actividades Corporais

(Licenciatura em Psicologia Social e das Organizações)

Universidade Rovuma

Extensão de Niassa

2022
Bernardo Xavier
Célia Domingas Ntambo
Elsa Victor Soares
Florência António
Ivone Manuel martinho Grupa
Saimone André Jaime

Antropologia da Actividades Corporais

Trabalho de Pesquisa da Cadeira de


Psicofisiologia, a ser entregue no
Departamento de Educação e Psicologia, para
fins avaliativos, sob orientação da docente:
Msc: Roberto Bonet

Universidade Rovuma

Extensão de Niassa

2022
Índice

1. Introdução...............................................................................................................................3

1.1 Objectivos.............................................................................................................................3

1.1.1. Objectivo geral..................................................................................................................3

1.1.2. Objectivos específicos......................................................................................................3

1.2.Metodologia..........................................................................................................................3

2. Antropologia das Actividades Corporais................................................................................4

2.1. Contextualização..................................................................................................................4

2.2. Actividades Corporais..........................................................................................................4

2.2.1. Sistema Único de Saúde....................................................................................................5

3. Utensílios e Evolução Humana Segundo Leakey...................................................................5

3.1. Breve Historial de Richard Leakey......................................................................................5

3.2. Evolução Humana Segundo Leakey....................................................................................6

3.2.1. Pré-australopitecos............................................................................................................7

3.2.2. Australopitecos.................................................................................................................7

3.2.3. Homo Habilis....................................................................................................................7

3.2.3.1. Características do Homo habilis....................................................................................7

3.2.3.2. Principais descobertas do Homo habilis........................................................................8

3.2.4. Homo ergaster...................................................................................................................8

3.2.5. Homo erectus....................................................................................................................8

3.2.6. Homo Neanderthalensis..................................................................................................10

3.2.7. Homo Sapiens.................................................................................................................11

4. O Processo Multidimensional da Hominização do Corpo Segundo Edgar Morin...............11

5. Conclusão..............................................................................................................................13

6. Referências Bibliográficas....................................................................................................14
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1. Introdução

No presente trabalho irá se fazer a abordagem de Antropologia das Actividades Corporais. Os


estudos antropológicos sobre a diversidade das "actividades corporais" indica-nos para uma
compreensão das representações sociais de grupos particulares, mesmo que estes sejam
considerados como grupos de alto contacto com a sociedade envolvente. Neste caso, estas
representações aparecem com maior evidência quando se estabelece o trabalho etnográfico no
campo, i.e., na permanência entre o grupo a ser estudado.

De salientar que na mesma senda, irá se explanar os pontos a largados do tema em pesquisa,
de modo e fazer compreender a respeito da Teoria de Reforço. Bem como explicar cada etapa
que segue esta teoria.

1.1 Objectivos

1.1.1. Objectivo geral

 Compreender a Antropologia das Actividades Corporais.

1.1.2. Objectivos específicos

 Conceituar a Antropologia das Actividades Corporais;

 Descrever os utensílios e a evolução humana; e

 Descrever o processo multidimensional da harmonização do corpo.

1.2.Metodologia

O trabalho prove de uma pesquisa científica, A metodologia aplicada no presente trabalho,


consistiu na consulta bibliográfica, e na pesquisa em andamento (internet) e quanto a técnica
de recolha de dados fez-se a análise estatística e do conteúdo respectivamente.
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2. Antropologia das Actividades Corporais

Os estudos antropológicos sobre a diversidade das "actividades corporais" indica-nos para


uma compreensão das representações sociais de grupos particulares, mesmo que estes sejam
considerados como grupos de alto contacto com a sociedade envolvente.

2.1. Contextualização

A antropologia é uma ciência que se dedica ao estudo do ser humano de forma holística. O
termo é de origem grega e é a junção de anthropos (“homem” ou “humano”) e de logos
(“conhecimento”). A antropologia é uma ciência integradora que estuda o homem no âmbito
da sociedade e da cultura a que pertence, combinando perspectivas das ciências naturais,
sociais e humanas.

Segundo Geertz, C. (2001, p.66), “Antropologia é, grosso modo, o estudo das


manifestações sócio-culturais humanas em sua totalidade e em sua diversidade; um olhar
sobre a vida humana em suas familiaridades e em suas diferenças”. Tal empresa depende
fundamentalmente de um deslocamento deste olhar, para admitirmos que somos apenas uma
possibilidade de sociedade, mas não a única, nem a mais, nem a menos importante.

Para o autor ainda diz que, Antropologia é uma ciência que se dedica ao estudo
aprofundado do ser humano. É um termo de origem grega, formado por “ anthropos ”
(homem, ser humano) e “ logos ” (conhecimento). A reflexão sobre as sociedades, o homem e
o seu comportamento social é conhecida desde a Antiguidade Clássica pelo pensamento de
grandes filósofos, (1989, p.15).
Neste sentido a Antropologia é extremamente crítica ao ainda arraigado carácter
etnocêntrico de nossas ciências, principalmente das ciências biomédicas.

2.2. Actividades Corporais

Se entendermos por actividades corporais aquelas que se manifestam sob o modo dinâmico,
com o único objectivo de se exercer ou de se afirmar enquanto sujeito da sua acção, elas não
são o privilégio da infância.

Segundo Silva (2014, p. 5-6), “As actividades corporais são fenómenos que se
mostram, prioritariamente, ao nível corporal e que constituem-se como manifestações
culturais, tais como os jogos, danças, ginásticas, exportes, artes marciais, acrobacias,
práticas corporais de aventura, jogos e brincadeiras populares, entre outras práticas sociais”.
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Estas manifestações são compostas por técnicas corporais, como já identificava e


categorizava o antropólogo Marcel Mauss na passagem do século XIX para o século XX. É
também uma forma de linguagem como expressão corporal e os fenómenos acima apontados
constituem o acervo daquilo que vem sendo chamado de cultura corporal ou cultura corporal
de movimento.

Segundo Brachit, (1999, p. 69), “Estas manifestações, entre outros fenómenos


culturais que se expressam corporalmente, são constituintes da corporalidade humana e alguns
deles são tematizados no currículo da educação física na escola e estão presentes na Base
Nacional Comum Curricular”. Também são objectos de pesquisa no campo académico da
educação física e das ciências do exporte.

2.2.1. Sistema Único de Saúde

Para o Ministério da Saúde, (MISAU, 2019), “As actividades corporais são


consideradas um dos temas prioritários da Política Nacional de Promoção da Saúde. Elas
integram, portanto, acções de promoção que buscam responder necessidades de saúde
pactuadas e planejadas, preferencialmente, em equipes multiprofissionais.

Segundo Carvalho, Y. D. de. (2006, p. 33), “As práticas corporais, entendidas como
trabalho em saúde, não se esgotam na sua fruição, aconselhamento e divulgação, senão
constituem parte de estratégias de melhoria das condições dos espaços públicos,
fortalecimento da participação comunitária e controle social.

3. Utensílios e Evolução Humana Segundo Leakey

3.1. Breve Historial de Richard Leakey

Famoso por suas escavações e pela defesa da causa animal e ambiental, o


paleoantropólogo queniano Richard Leakey faleceu neste domingo (2) aos 77 anos. Leakey
enfrentava há anos um câncer de pele e outras doenças renais e hepáticas. O presidente do
Quénia e importantes vozes da ciência lamentaram o falecimento.

A vida de Leakey misturou-se à ciência e à paleontologia muito antes que ele


escolhesse essa carreira. Seus pais, Louis e Mary Leakey, são dois dos paleontólogos mais
famosos do mundo, responsáveis pela descoberta de fósseis que contaram a história da
humanidade. Richard Leakey seguiu pelo mesmo caminho.
Ele iniciou suas primeiras escavações aos 23 anos, no norte do Quénia. Poucos anos
depois, na década de 1970, alcançou suas primeiras grandes descobertas: os crânios do Homo
habilis (de 1,9 milhões de anos), em 1972, e do Homo erectus (1,6 milhões de anos) em 1975.
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Mas foi na década seguinte, em 1984, que Richard Leakey consagrou-se como um dos
paleontólogos mais importantes do mundo.

Durante uma expedição nas margens do Lago Turkana, no Quénia, Leakey descobriu o que
ainda hoje é o fóssil completo mais antigo de um Homo erectus. Nomeado “menino
de Turkana”, o fóssil data de cerca de 1,5 milhão de anos atrás. A descoberta forneceu pistas
importantes sobre a evolução humana e a comunidade científica credita a ela a conclusão de
que a humanidade definitivamente evoluiu na África.

Além de uma carreira ímpar na paleontologia, Leakey também dedicou sua vida a
outras causas. É tido também como ecologista por sua defesa dos elefantes na África e por ter
sido uma voz importante contra a caça desses animais. Em 1989, foi nomeado pelo presidente
do Quénia para liderar o Serviço de Vida Selvagem (KWS) do país. Fez campanha para que
o elefante africano fosse considerado uma espécie em extinção e, com isso, protegida.

Sua actuação pró-meio ambiente também ficou marcada por outras acções mais
espalhafatosas: chegou, por exemplo, a incendiar uma pira com 12 toneladas de marfim. Seu
argumento era que, fora dos elefantes, as presas já não tinham valor nenhum.

O paleoantropólogo chegou a ingressar na carreira política, mas abandonou a ideia


poucos anos depois. Alegou, durante muitas décadas, ser alvo de perseguição e ameaças de
morte pelo seu activismo em defesa dos elefantes e contra a corrupção.

Poucos anos depois de recuperar-se de uma grave doença renal, Leakey sofreu um
acidente de avião em 1993 e perdeu as duas pernas. Apesar das suspeitas de sabotagem nunca
terem sido provadas, o cientista disse em entrevista ao Financial Times pouco tempo depois
do acidente: “Eles tentaram me matar. Decidi seguir com a vida”.

3.2. Evolução Humana Segundo Leakey

Segundo Leakey, (1997), na sua perspectiva a evolução humana assentas nas seguintes
espécies:

 Pré-australopitecos;
 Australopitecos;

 Homo Habilis;

 Homo ergaster;

 Homo erectus;

 Homo Neanderthalensis; e
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 Homo Sapiens.

3.2.1. Pré-australopitecos

Os pré-australopitecos são as espécies de hominídeos que representam a separação


definitiva da linhagem humana à linhagem dos chimpanzés há 7 milhões de anos. As
principais espécies de australopitecos são os Sahelantropus tchadensis e os Orrorin
tugenensis, as evidências ocorrem a partir de fósseis encontrados no continente africano.

3.2.2. Australopitecos

Os australopitecos são espécies de hominídeos que habitaram o planeta cerca de 2 a 4 milhões


de anos atrás. Os australopitecos foram determinantes para o estabelecimento da postura
bípede. No entanto, ainda se diferenciam do Homo sapiens pelos longos braços e por seu
crânio semelhante ao de um chimpanzé.

A palavra australopiteco é formada pela junção da palavra latina austral (do sul) e da grega
pithecos (macaco). Os australopitecos seriam, então, os "macacos do sul", por sua semelhança
física.

Uma característica dessas espécies é o grande dimorfismo sexual (diferenças físicas entre
machos e fêmeas da mesma espécie), podendo o macho ser 50% maior que a fêmea. No
Homo sapiens essa diferença é de cerca de 15%.

3.2.3. Homo Habilis

Segundo Leakey, (1997, p. 25). “O Homo habilis é uma espécie da evolução humana
já extinta, pertencente a classe dos hominídeos, considerado o primeiro ser humano
propriamente dito”.

Esta espécie deriva da evolução do australopithecus e tem este nome porque foi o
primeiro hominídeo a manifestar a habilidade de manipular utensílios.

E esta habilidade lhe permitiu ter desafios mais complexos e estratégias mais
elaboradas para sua sobrevivência, como o uso destes utensílios para uma caça mais eficaz.

Ainda ele diz que, o Homo habilis viveu a cerca de 2 milhões a 780 mil anos atrás e,
de acordo com a descoberta dos primeiros fósseis achados desta espécie por Louis Leakey e
seus colegas em 1964, é possível concluir que ele habitava a região da Tanzânia, na África
Oriental, (p. 103).
8

3.2.3.1. Características do Homo habilis

(Leakey, 1997, p. 26), em termos físicos, o Homo habilis é um pouco mais alto que seus
antecessores, porém a principal diferença é que seu cérebro é 50% maior que da sua espécie
antecessora, o australopithecus. Ele também possui braços proporcionalmente muito mais
longos e a cavidade craniana menor que a da espécie antecessora.

Para ele, com o cérebro maior, a capacidade intelectual também foi aprimorada. O Homo
habilis aprendeu a cortar pedras e a transformá-las em armas de caça.

3.2.3.2. Principais descobertas do Homo habilis

A invenção da ferramenta de pedra é revolucionária porque permite aproveitar a


carniça de outros animais, que traz nutrientes alimentares que melhoram a qualidade de vida
em geral.

Além disso, a incorporação das ferramentas de pedra foi o primeiro passo para outras
invenções mais sofisticadas, como a invenção do fogo, outra invenção que revolucionou a
história da humanidade.

O Homo habilis também passa a explorar novos territórios e encontra soluções práticas
para todo o tipo de problema ou ameaça. Eles passam a viver em comunidades, passando
a criar uma linguagem primitiva entre seus membros e possuir uma espécie de comunicação
entre si.

3.2.4. Homo ergaster

O Homo ergaster ("homem trabalhador") foi a primeira espécie a sair do continente africano e
migrar outras localidades. A análise dos fósseis do Homo ergaster apontam também para
indícios do desenvolvimento de zonas do cérebro responsáveis pela linguagem.

3.2.5. Homo erectus

O Homo erectus foi a primeira espécie humana a utilizar o fogo; a primeira a incluir a
caça como parte significativa de sua subsistência; a primeira capaz de correr como os
humanos modernos o fazem; a primeira a fabricar instrumentos de pedra de acordo com um
padrão definido; a primeira a estender seus domínios para além da África. (Leakey, 1997, p.
13).

Para ele, sabe-se que houve um grande número de espécies que evoluíram a partir do
macaco, todas bípedes embora com fortes características simiescas: cérebro pequeno, dentes
molares grandes, maxilares protuberantes e um modo de subsistência semelhante ao do
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macaco. Sua alimentação era essencialmente vegetariana. Pouco se sabe de como viveram,
como morreram, e mesmo quantas espécies diferentes foram. Sabe-se apenas que, entre sete e
2 milhões de anos atrás, uma grande quantidade de diferentes espécies de macacos bípedes
evoluiu, adaptando-se a diferentes condições ambientais. E que essas espécies se
assemelhavam com os humanos apenas no modo de andar, (p. 18).

Como a sinalizar a origem do género Homo, “em meio a essa proliferação de espécies
humanas houve uma, entre 3 e 2 milhões de anos atrás, que desenvolveu um cérebro
significativamente maior” (Leakey, 1997, p. 14). Esses ancestrais humanos começaram a
produzir suas primeiras ferramentas, batendo duas pedras uma contra a outra, o que propiciou
a eles, entre outras coisas, o acesso a alimentos que até então lhes eram negados. “Os
primeiros conjuntos de artefactos encontrados têm 2,5 milhões de anos de idade; eles incluem,
além de lascas, implementos maiores tais como cutelos, raspadores e várias pedras
poliédricas” (Leakey, 1997, p. 46). Nesse sentido, temos que a história da evolução humana
está marcada, pela fabricação de ferramentas utilizadas no trabalho.

Há também a questão da alimentação. Engels apontava que a fabricação de ferramentas


próprias para a realização da caça e da pesca está relacionada à passagem de uma alimentação
exclusivamente vegetariana para uma alimentação mista. Essas novas características da
alimentação teriam oferecido ao organismo ingredientes essenciais para seu metabolismo. Tal
influência teria se manifestado principalmente no cérebro, “que recebeu assim em quantidade
muito maior do que antes as substâncias necessárias à sua alimentação e desenvolvimento”
(Engels, s.d., p. 274). Esses novos hábitos alimentares demandaram o uso do fogo, que
auxiliava no processo de digestão pelo cozimento dos alimentos e na domesticação de
animais, aumentando, assim, suas reservas de carne.

Sabemos, a partir das descobertas arqueológicas do século XX, que o aumento do cérebro e as
mudanças nos dentes estão vinculados à passagem de uma dieta exclusivamente vegetal para
uma dieta que incluía também carne. Partindo da compreensão de que a carne é uma fonte
concentrada de calorias, proteínas e gordura, fica fácil entender que “somente pela adição de
uma proporção significativa de carne à sua dieta poderia o Homo primitivo ter ‘custeado’ a
construção de um cérebro maior em tamanho” (Leakey, 1997, p. 62). Também se percebe,
pelas descobertas levantadas pela arqueologia, que o acréscimo de carne à dieta humana
provocou mudanças na própria organização da sociedade, uma nova divisão do trabalho, o uso
de novas ferramentas e do fogo etc.
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O homem teve um grande número de antepassados, alguns distantes, outros mais próximos,
não tendo evoluído de forma linear do macaco até nós. Quando falamos em evolução, falamos
antes de mais nada em adaptação local, que, no caso do homem, não se dá apenas pela
modificação biológica com descendências, mas tem no trabalho um mecanismo que permite
tentar diminuir as consequência negativas das intempéries do meio ou suprir necessidades
vitais, como comer ou se proteger do frio.

Houve várias outras espécies, como as australopitecíneas, contemporâneas aos ancestrais


humanos, que compartilhavam características que viriam a aparecer no Homo sapiens, do que
se depreende que a “família” humana, entre “primos” e “irmãos”, é grande e diversa. E que
o Homo sapiens não é a última parada da evolução humana.

As “sequências” evolutivas não são degraus de uma escada, mas sim a


reconstrução em retrospecto de uma trilha labiríntica, ramo por ramo, da
base do arbusto à linhagem, sobrevivendo agora no topo. (...) O Homo
sapiens não é produto de uma escada que desde o início sobe directamente
em direcção ao nosso estado actual. Constituímos tão-somente a ramificação
sobrevivente de um arbusto outrora exuberante. (Gould, 1999, p. 54-5).

Se considerarmos que havia contemporâneos dos ancestrais humanos, talvez seja


possível afirmar que Engels errou ao defender a hipótese de que foi de um único grupo de
macacos adaptados que surgiu o homem. Todavia, é preciso ter em mente que:

“a evolução normalmente se processa por meio de uma “especiação” – uma


ramificação de uma linhagem a partir do tronco parental – e não por uma
mudança constante e vagarosa desses grande troncos. Episódios repetidos de
especiação produzem um arbusto”. (Gould, 1999, p. 54).

O Homo erectus não surgiu numa explosão biológica, mas é produto de um longo processo de
evolução. É um arbusto, não um degrau de escada. Da mesma forma, as espécies dele
oriundas apresentam outras especiações e assim sucessivamente. Ora, Engels não estava
preocupado em definir um grupo e sua localização espacial e temporal, mas em expor o
processo de evolução humana. Seu texto não vai em busca de uma única origem humana, mas
procura defender a hipótese de que foi o trabalho que, neste caso, apontamos como o
responsável pelas diversas especiações o factor que diferenciou a adaptação humana da
adaptação de outros animais.

3.2.6. Homo Neanderthalensis

O Homo neanderthalensis ("homem de Neandertal") é uma espécie humana que assim como o
Homo erectus conviveu com o Homo sapiens.

Os neandertais dominaram o continente europeu. Há indícios de que houve um convívio entre


os neandertais e o Homo sapiens, havendo um cruzamento entre espécies. Esses cruzamentos
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podem ser rastreados actualmente através de pesquisa genética, é possível encontrar genes
pertencentes aos neandertais em algumas pessoas.

3.2.7. Homo Sapiens

O Homo sapiens ("homem sábio") é a única espécie de seres humanos que não foi extinta e
permanece nos dias atuais.

Ao longo dos estudos paleontológicos, foram encontradas outras subespécies de Homo


sapiens que já não existem mais (por exemplo, o Homo sapiens inaltu e o homem de
Cromagno). Isso fez com que a espécie recebesse uma classificação taxonómica Homo
sapiens sapiens.

A espécie surgiu na África por volta de 200.000 atrás e graças a sua inteligência e capacidade
de adaptação, conseguiu se espalhar e sobreviver em todos os continentes.

É a espécie que apresenta o menor dimorfismo sexual, uma diferença de apenas 15% entre o
tamanho médio dos machos e fêmeas.

A organização moderna da espécie, que deu origem à nossa cultura, teve início há 50.000
anos. Desde então, o Homo sapiens supera os desafios impostos e domina a natureza.

4. O Processo Multidimensional da Hominização do Corpo Segundo Edgar Morin

Segundo Morin (s/d, p. 54) “Posto que o homem não se pode explicar unicamente a
partir do cérebro do sapiens, mas que este último é o resultado de um processo de
hominização muito longo e complexo, podia surgir a tentação de regressar à base, isto é, aos
pés do primata que desceu das árvores para caminhar no solo.

Para ele, o hominídeo começa por se distinguir do chimpanzé não pelo peso do
cérebro, nem provavelmente pelas suas aptidões intelectuais, mas sim pela locomoção bípede
e pela postura vertical. Daí em diante, a hominização não deixará de caminhar sobre os pés.

A postura erecta é o elemento decisivo que vai libertar a mão de todas as obrigações
locomotoras. Não nos esqueçamos de erguer o polegar neste ponto: a oponência do polegar,
aumentado a força e a precisão da preensão, vai fazer da mão um instrumento polivalente. De
repente, o bipedismo abre a possibilidade da evolução que conduz ao sapiens: a postura erecta
liberta a mão, a mão liberta o maxilar, a verticalização e a libertação do maxilar libertam a
caixa craniana das restrições mecânicas que anteriormente pesavam sobre ela, e esta última
torna-se capaz de se alargar, em benefício de um «locatário» mais amplo. Mas um esquema
destes (correcção anatómica → desenvolvimento tecnológico → libertação craniana) não
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poderia ser casual, nem linear. Só pode ser a resultante da intervenção de agentes de toda a
ordem, que vão entrar em interacção.

De facto, este esquema pressupõe mutações genéticas, que realizam as transformações


anatómicas e o aumento do tamanho do cérebro; uma «selecção» do bipedismo por um meio
natural adequado, que já não é a floresta mas sim a savana; um novo tipo de vida que, fazendo
deste animal simultaneamente presa e predador, desenvolve uma dialéctica pé-mão-cérebro,
aptidões cerebrais que até então não tinham sido sistematicamente exploradas pelo
chimpanzé, acarreta a utilização de armas defensivas e ofensivas e a construção de abrigos,
iniciando, portanto, o desenvolvimento técnico no seio de uma nova praxis.

E, a partir de então, serão as múltiplas inter-relações, interacções, interferências, entre


os factores genéticos, ecológicos, praxistas (a caça), cerebrais, sociais e depois culturais que
vão permitir conceber o processo multidimensional da hominização, o qual vai finalmente
levar ao aparecimento do homo sapiens. Isto já nos indica que a hominização não poderia ser
concebida unicamente como uma evolução biológica, nem como uma evolução espiritual,
nem como uma evolução sociocultural, mas sim como uma morfogénese complexa e
multidimensional resultante de interferências genéticas, ecológicas, cerebrais, sociais e
culturais. (Morin s/d, p. 56)

Não privilegia-se o traço anatómico que faz que a hominização caminha somente com os pés;
nem privilegiaremos o traço psicológico que faz que a hominização caminha somente com a
cabeça; nem privilegiaremos o traço genético que faz que o hominídeo só salte de mutante em
mutante; nem privilegiaremos o traço ecológico que só faz avançar a savana para o hominídeo
e o hominídeo para a savana; nem privilegiaremos o traço sociológico que só põe em
movimento uma dinâmica social. Todos estes traços são essenciais, mas são sobretudo, no que
diz respeito a esta evolução, essenciais uns aos outros.”
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5. Conclusão

Chegado ao fim do trabalho realizado pode-se conclui que, se todos os ancestrais humanos e
seus contemporâneos, de diferentes regiões e épocas, têm características próprias, é óbvio que
isso se deu em função das diferentes formas encontradas para se adaptar ao meio. Se havia
diferentes formas de adaptação ao meio, é porque havia diferentes formas de trabalho. Então
temos, retomando Engels, que não é apenas em função de uma determinação biológica que o
homem se transforma, mas também pela sua intervenção, pelo trabalho, sobre a natureza.

Portanto, Cultura é a principal característica distintiva de nossa espécie, e é de várias maneiras


um reflexo das nossas características físicas. Cultura desenvolveu-se passo a passo ao longo
de nossa evolução física. Um dos temas importantes no estudo evolutivo é a presença de
artefactos culturais e evidências de práticas culturais no registo fóssil da primitiva vida
humana. Evidências culturais e pistas sobre suas origens também podem ser relacionadas ao
design único de nossos corpos e em nossos padrões de maturação.
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6. Referências Bibliográficas

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