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UNIVERSIDADE SÃO TOMAS DE MOÇAMBIQUE

DELEGAÇÃO DE GAZA
Curso: Licenciatura em Farmácia pós-laboral
Disciplina: Fundamentos de Enfermagem

Nomes & códigos:


1. Sérgio João – 202402543
2. Rosa Rui – 202402467

Teorias de Enfermagem (Jean Watson)

Trabalho em grupo de carácter


científico com objectivo avaliativo
consoante os critérios do docente
estabelecido.
Msc: Hercílio Paulino

Xai – Xai, 02 de Abril


2024

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Índice
CAPITULO I – INTRODUÇÃO......................................................................................................3

1.Contextualização............................................................................................................................3

1.1.Objectivos....................................................................................................................................3

1.1.1.Geral.........................................................................................................................................3

1.1.2.Específicos................................................................................................................................3

CAPITULO II – REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................4

2.Teorias de Enfermagem (Jean Watson)..........................................................................................4

2.1.Biografia de Jean Watson............................................................................................................4

2.2.Conceitos.....................................................................................................................................4

2.3.Principais teorias de enfermagem de Jean Watson.....................................................................4

2.3.1.Teoria do Cuidado Transpessoal..............................................................................................4

2.3.2.Definindo os principais conceitos............................................................................................5

2.3.3.O Processo Clinical Caritas......................................................................................................5

2.4.Correntes filosóficas....................................................................................................................9

2.5.Importância da teoria de enfermagem de Jean Watson.............................................................10

2.6.Argumentos...............................................................................................................................12

2.7.Conclusão..................................................................................................................................13

2.8.Referencias Bibliográficas........................................................................................................14

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CAPITULO I – INTRODUÇÃO
1. Contextualização
O presente trabalho da disciplina de Fundamentos de Enfermagem, tem como tema “Teorias de
Enfermagem segundo Jean Watson”. As teorias de enfermagem fundamentam a prática
profissional ao introduzir no quotidiano de trabalho acção geradora de cuidado, renovação e
ampliação do conhecimento científico e cientificidade. Na Teoria do cuidado transpessoal de
Watson a enfermagem assume a promoção e restauração da saúde através do cuidado holístico
para uma vida de qualidade, praticado de forma interpessoal. Defende um enfoque humanístico no
cuidado, cujos elementos conceituais principais da teoria são: factores de cuidado, relações
interpessoais de cuidado, e momento/ocasião do cuidado. Entre outros aspectos como: visões
expandidas do self e da pessoa (mente-corpo-espírito), visão transpessoal do ser, consciência e
intencionalidade para cuidar e promover a cura, consciência do cuidado como energia do campo
ambiental, consciência fenomenológica e modalidades avançadas de cuidado-cura. O cuidar é
entendido como uma relação que envolve uma elevada consideração pela pessoa e seu estar-no-
mundo. Ora, se o cuidado de enfermagem é entendido como um processo que ocorre por meio de
acções, interacções, atitudes e gestos desenvolvidos para manutenção da vida humana, torna-se
relevante considerar a concepção de cuidado de Watson, condição necessária para conhecer o
modo como o cuidado é realizado, os objectivos das acções desenvolvidas, o significado do
cuidado para a vida humana e ajudar os enfermeiros a qualificar suas acções nos conceitos e bases
teóricas.
1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
 Analisar a aplicabilidade da Teoria do cuidado transpessoal de Watson, em publicações
científicas na área da Enfermagem
1.1.2. Específicos
 Dar o conceito de teorias de enfermagem de acordo com o Jean Watson;
 Descrever as correntes filosóficas da teoria de enfermagem segundo Jean watson;
 Conhecer a importância de teorias de enfermagem.
1.2. Metodologias
 Para a concretização deste trabalho, recorreu-se a diversas fontes tais como: Biblioteca
virtual, artigos científicos; dissertações; teses, manuais científicos e internet.

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CAPITULO II – REVISÃO DA LITERATURA
2. Teorias de Enfermagem (Jean Watson)
2.1. Biografia de Jean Watson
Jean Watson concluiu bacharelado em enfermagem, mestrado em enfermagem psiquiátrica e de
saúde mental e PhD em psicologia educacional na Universidade de Colorado. Tem seis
doutoramentos “honoris causa” que lhe foram atribuídos por universidades dos Estados unidos,
Canadá e Suécia. Jean Watson nasceu na Virgínia Ocidental, nos EUA, mas fez todo o seu
percurso no estado do Colorado, onde se licenciou em enfermagem no ano de1964. Seguiram-se
várias especializações e mestrados. Tem seis doutoramentos ‘honoris causa’ que lhe foram
atribuídos por universidades dos EUA, Canadá e Suécia. Escreveu o primeiro livro em 1979 e tem
uma vasta obra publicada, destacando-se ‘Uma Teoria da Enfermagem’ e ‘Enfermagem Pós-
moderna e Futura’. (Zagonel, 1999).
2.2. Conceitos
a) Ser humano: pessoa dotada de valor a ser atendida, respeitada, nutrida, entendida e
auxiliada.
b) Saúde: unidade e harmonia dentro da mente, do corpo e da alma; a saúde está associada com
o grau de congruência entre o eu percebido e o eu vivenciado.
c) Enfermagem: ciência humana das pessoas e das experiência de saúde/doença que são
mediadas por transações profissionais, pessoais, científicas, estéticas e éticas do atendimento
humano. (Waldow, 1999).
d) Transpessoal: relacionamento intersubjetivo ser humano-para-ser humano, no qual o
enfermeiro afeta e é afetado pelo outro.
e) Campo fenomenal: totalidade da experiência humana de estar no mundo. Alude à estrutura
individual de referência que pode ser conhecida apenas por aquela pessoa.
f) Eu: gestalt (processo de dar forma, configurar) conceitual organizada, composta de
percepções de características do eu e percepções do relacionamento do eu com os outros e
com vários aspectos da vida. (Waldow, 1999).
g) Tempo: o passado é anterior ao presente, mas não é distinguível de forma clara. Os
incidentes passados, presentes e futuros fundem-se. (Waldow, 1999).
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2.3. Principais teorias de enfermagem de Jean Watson
2.3.1. Teoria do Cuidado Transpessoal
Esta teoria foi desenvolvida por Jean Watson entre 1975 e 1979, período em que lecionava na
Universidade do Colorado. Emergiu da visão teórica sobre a Enfermagem, resultado dos estudos
realizados no decorrer do Doutorado em Clínica e Psicologia Social (PESSOA; PAGLIUCA;
DAMASCENO, 2006; WATSON, 2008)
Ao buscar a compreensão acerca do cuidado Transpessoal em uma perspectiva teórica da
Enfermagem, vários pesquisadores são, evidentemente, contribuintes neste desenvolvimento
teórico, ; dentre esses entendimentos e aplicação de constructos citamse Florence Nightingale,
Callista Roy, Hildegard Peplau, Madeleine Leininger, Josephine Paterson, Loretta Zderad e Jean
Watson. Watson conduz o cuidado em uma perspectiva fenomenológica existencial dos
cuidadores e dos seres cuidados, o que permite um contato subjetivo nas relações de cuidado,
avançando sobre o conhecimento do mundo e da experiência humana (WATSON, 1985).
Para Watson (2009), existe uma dimensão “sagrada” no Cuidado e que buscamos uma fonte
espiritual quando estamos vulneráveis, susceptíveis, temerosos ou mesmo doentes. Assim, o
enfermeiro, ao assumir a Ciência do Cuidado, deve compreender que:
 O Cuidado não pode ser assumido como verdadeiro e único;
 Há envolvimento entre as Artes, as Ciências Humanas e as Ciências da Saúde na Ciência do
Cuidado;
 O conhecimento envolve ética, intuição, experiências pessoais, empíricas, estéticas e
espirituais e;
 O Cuidado existe em toda e qualquer sociedade, onde cada pessoa tem cuidado umas com as
outras. As influências culturais são responsáveis pela transmissão da Relação do Cuidado,
sendo que a cultura da Enfermagem, enquanto disciplina e profissão, tem papel científico e
social vital na preservação e avanço do cuidado humano. (Ferreira, 2015).
2.3.2. Definindo os principais conceitos
Os quatro metaparadigmas que norteiam a elaboração de uma teoria no campo da Ciência da
Enfermagem são: ser humano, ambiente, saúde e enfermagem. Watson (2002) adicionou outros
conceitos que fazem parte do entendimento da ciência do cuidado humano, como enfermeiro,
doença, dimensão espiritual, harmonia/desarmonia, 42 empenhamento, necessidades humanas, a
ocasião real do atendimento, o cuidado transpessoal, o campo fenomenal, o eu e o tempo.

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(Ferreira, 2015).
2.3.3. O Processo Clinical Caritas
Jean Watson lançou um novo paradigma na Enfermagem em ‘Theory of Human Caring’ (’A
Teoria do Cuidar Humano’) e explica os pressupostos científicos da mesma: “Esta ciência do
saber cuidar é intrínseca à enfermagem e acaba por ser utilizada em outras áreas, como a ecologia,
a educação, a filosofia e a ética. Por isso considera uma base de estudo interdisciplinar.”
Composto por dez elementos de cuidado, Watson (2008) procura dar maior abertura a esta
maneira de cuidar por meio de uma perspectiva integrativa e pósmoderna, transcendendo os
modelos estáticos de Enfermagem. Assim, “caritas”, uma palavra de origem latina, significa tratar
com carinho, cuidar, afagar, acariciar, apreciar, dar atenção especial, senão amor. Então, atenção
conota algo que é muito fino, realmente precioso que necessita ser cultivado e sustentado
(Watson, 2008).
 Elemento 1 - Praticar o amor-gentileza e a equanimidade, no contexto da consciência de
cuidado.
O amor é uma maneira de a enfermeira abrir-se ao outro e com ele estabelecer uma convivência e
uma comunhão. Através do amor, o momento de cuidado acontece de forma a ser reconstituidor
(healing). Neste momento, deve estar presente uma 43 genuína intenção de cuidado e esse
cuidado deverá se desenvolver de forma amorosa e gentil (Watson, 2008).
Watson (2008) afirma que a enfermeira não pode sustentar práticas de cuidado e de reconstituição
(healing) sem estar pessoalmente preparada. Afirma que é irônico a educação e a prática de
Enfermagem exigirem tanto conhecimento e habilidade para se fazer o trabalho, mas um esforço
muito pequeno é dirigido para desenvolver como “Ser” (Favero, 2009).
 Elemento 2 - Ser autenticamente presente, fortalecendo, sustentando, honrando o
profundo sistema de crenças e o mundo de vida subjetivo do ser cuidado.
A enfermeira, ao conectar-se com o outro, honra-o e considera-o. A enfermeira deve então, buscar
um sentido existencial e de transcendência nesta conexão, onde alma e espírito estão envolvidos.
Faz-se necessário ir além da ciência moderna, sem se contrapor a ela, mas lhe acrescentando fé e
esperança para fortalecer ainda mais a pessoa cuidada diante das diversidades da vida. Este
elemento homenageia o sistema de crenças da enfermeira, convidando-a a se conectar quando há
necessidade de fé e de esperança para inspirar-se. “Todos nós precisamos de fé e de esperança
para nos conduzir através das vicissitudes (metamorfoses), idas e voltas da existência humana no

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plano terrestre” (Watson, 2008, p. 62).
 Elemento 3 - Cultivar práticas espirituais próprias e do eu transpessoal e ir além do
próprio ego.
Watson (2008) enfatiza este elemento como sendo a ordem maior da prática profissional,
apontando a necessidade constante do aprendizado e afirma a necessidade de, continuamente,
aprender e ensinar esse princípio aos outros. Neste elemento do processo, ela retorna ao primeiro
elemento, levando então, naturalmente, a uma prática espiritual que se torna transpessoal. Um
processo como este nos conecta a uma fonte que é superior ao ego.
 Elemento 4 - Desenvolver e sustentar uma autêntica relação de cuidado, ajuda e
confiança.
Estar presente de forma integral, escutar e perceber o que o outro tem a dizer, estabelecer uma
percepção que vai além dos sentidos, de forma empática, aprofundar o conhecimento do outro
com isenção de julgamentos e preconceitos, com profundo respeito e sensibilidade e compreender
a possibilidade de falha do ser humano, fará com que a enfermeira seja capaz de estabelecer uma
verdadeira relação de ajuda-confiança (Mathias, 2007).
Desenvolver uma relação autêntica de cuidado requer, além de um momento de cuidado capaz de
contemplar a unidade total da pessoa (mente-corpo-espírito), competências para um cuidado
humano ontológico e não técnico por si só (Favero, 2009).
 Elemento 5 - Ser presente e apoiar a expressão de sentimentos positivos e negativos como
uma conexão profunda com o próprio espírito e o da pessoa cuidada
As emoções e os sentimentos que as representam fazem parte do perceber-se, sentir-se e pensar do
homem e devem ser expressas e valorizadas em cada situação, seja essa emoção positiva ou
negativa. Sentimentos existem e são bem vindos, entretanto, um sentimento negativo não deve se
transformar na tônica da vida da pessoa, pois nesse caso se transforma em gerador de
desequilíbrio, podendo advir à doença. À enfermeira cabe utilizar essa expressão para ajudar o
outro a fortalecer a reconstituição de si mesmo (Mathias, 2007).
 Elemento 6 - Usar criativamente o eu e todos os caminhos do conhecimento como parte
do processo de cuidar, engajar-se em práticas artísticas de cuidado reconstituição
(healing).
É importante para a enfermeira, em seu cuidado, lançar mão não só do conhecimento científico
apreendido no mundo acadêmico, mas também de sua intuição, senso comum, conhecimento

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estético, ético, pessoal, religioso e de suas experiências de vida. Algumas outras modalidades de
cuidado podem ser acionadas, como, por 45 exemplo, o toque terapêutico, que utilizado como um
estímulo na pele pode ter um efeito altamente renovador e benéfico (Mathias, 2007).
 Elemento 7 - Engajar-se de forma genuína em experiências de ensino aprendizagem que
atendam a pessoa inteira, seus significados, tentando permanecer dentro do referencial
do outro

Mathias (2007) descreve que, ao estabelecer a verdadeira conexão com o ser cuidado, deve-se
preocupar com as formas alternativas de reconhecer suas próprias necessidades e exercer o
autoconhecimento de suas capacidades. Para tanto, a enfermeira deve ter em mente a vivência do
outro ser, como ponto de partida e respeitar suas limitações. Esse fato leva ao crescimento e
aprendizagem de ambos os seres envolvidos, o que ultrapassará o ensinar como ainda é
conhecido, devendo, verdadeiramente, promover mudanças de comportamento.
Watson (2008, p. 125) afirma que aprender é mais do que receber informações, fatos ou dados,
envolve um significado, que está confiado na relação intersubjectiva; a natureza da relação, bem
como a forma e o contexto do ensino afectam o processo. Destaca ainda que tanto o conteúdo
como a disponibilidade do cliente para receber as informações são variáveis críticas. O
significado que cada conteúdo tem para a pessoa, afecta sua capacidade de receber e processar as
informações. O processo de ensino tornasse genuinamente transpessoal, em que a experiência, a
relação, o significado e a importância da experiência afectam ambas as partes dentro do encontro
do ensino.
 Elemento 8 - Criar um ambiente de reconstituição (healing) em todos os níveis (físico e
não-físico), ambiente sutil de energia e consciência, no qual a totalidade, beleza, conforto,
dignidade e paz sejam potencializados.
A enfermeira deve entender que os fatores externos do ambiente são capazes de proporcionar um
clima de envolvimento e intimidade necessários para o desenvolvimento do cuidado, como:
conforto, segurança, comodidade, além de ser limpo e saudável. Deve atentar também para o fato
de que o ser humano está em 46 constante conexão com o cosmos e as leis da natureza, portanto,
conforme afirma Mathias (2007), energias que trazem sensação de leveza fazem bem, e o
ambiente e as energias que dele emanam são importantes coadjuvantes na reconstituição.
 Elemento 9 - Ajudar nas necessidades básicas, com consciência intencional de cuidado,

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administrando “o cuidado humano essencial”, que potencializa o alinhamento mente-
corpo-espírito, a totalidade e unidade do ser em todos os aspectos do cuidado.
Nesse elemento, deve ser ressaltado que o ser representa o espírito de um corpo em evolução
espiritual e esse fato diz respeito à existência de necessidades básicas ou de sobrevivência
relacionadas ao corpo físico e às necessidades espirituais que se fazem presentes. Porém, essa
unidade que representa o ser não pode ter satisfeita apenas suas necessidades básicas. Dessa
forma, caberá à enfermeira percebê-lo na totalidade de suas necessidades e na totalidade da
conexão da mente-corpo-espírito ao cosmos (Mathias, 2007).
Watson (2005) diz que, no modelo da ciência do cuidado, é preciso lembrarmonos de que somos
todos feitos de espírito, ligados a, e pertencentes ao infinito do cosmos e ao universo, antes de
separarmo-nos como indivíduos. Consequentemente, declara que um dos privilégios da
Enfermagem e seu papel na interação com a humanidade é a de que os enfermeiros têm acesso ao
corpo humano. Os enfermeiros têm a honra de ajudar outras pessoas a gratificar as suas mais
básicas necessidades humanas, especialmente quando se encontram vulneráveis. Parece que em
algum lugar ao longo do caminho, a Enfermagem desviou este contexto e se esqueceu de que uma
das maiores honras que podemos ter é a de cuidar de outra pessoa quando em necessidade. É a
derradeira contribuição à sociedade e às necessidades das populações humanas - um dom para a
civilização.
 Elemento 10 - Dar abertura e atender aos mistérios espirituais e dimensões existenciais
da vida-morte, cuidar da sua própria alma e da do ser cuidado.
Mathias (2007, p. 55) descreve este elemento da seguinte maneira, reconhecer-se como um ser em
evolução, praticar essa evolução, despertando em si mesmo o cuidado transpessoal como forma de
compreender-se e auxiliar-se, aceitando a sacralidade do ser 47 e do cuidado e as relações com o
cosmos e o divino. Responder aos seus próprios questionamentos e aceitar suas limitações, a
complexidade dos seres e o insondável do universo com seus mistérios sem respostas. Watson
(2008) apresenta que este elemento, originalmente advindo do fator de cuidado número 10
descrito em seu primeiro livro em 1979, é talvez o elemento mais difícil das pessoas entenderem,
em parte devido à linguagem e aos termos utilizados. Dessa forma, declara:
A única coisa que estou tentando dizer é que em nossa mente racional e na
ciência moderna não existem todas as respostas para a vida e a morte e todas
as condições humanas que enfrentamos assim, temos que estar abertos as

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indefinições que não podemos controlar, permitindo até mesmo o que pode se
considerar um ‘milagre’ para a nossa vida (Watson, 2008, p. 191)
Este processo também percebe o mundo subjetivo das nossas experiências internas de vida e das
experiências dos outros, sendo estas, em última instância, um fenômeno, um mistério afetado por
muitos fatores que não podem nunca ser totalmente explicados (Watson, 2008).
2.4. Correntes filosóficas
A teoria de enfermagem de Jean Watson, conhecida como Teoria do Cuidado Humano, é
influenciada por diversas correntes filosóficas que moldaram suas ideias e abordagens. Algumas
das correntes filosóficas que podem ser identificadas em sua teoria incluem:
 Humanismo: A Teoria do Cuidado Humano de Watson é profundamente humanista em sua
abordagem, colocando o cuidado e a dignidade humana no centro da prática de enfermagem.
Ela valoriza a singularidade de cada indivíduo e reconhece a importância de tratar o paciente
como um ser humano completo, não apenas como um conjunto de sintomas ou condições
médicas. (Savieto, 2016).
 Fenomenologia: A fenomenologia influencia a Teoria do Cuidado Humano ao enfatizar a
importância da experiência subjetiva do paciente. Watson reconhece que a compreensão do
paciente sobre sua própria condição de saúde e suas necessidades é fundamental para fornecer
um cuidado autêntico e significativo.
 Transcendentalismo: A ênfase de Watson na conexão espiritual e transpessoal entre o
enfermeiro e o paciente reflete elementos do transcendentalismo. Ela reconhece a importância
da espiritualidade e da consciência interpessoal na prática de enfermagem, buscando uma
conexão mais profunda e significativa durante o cuidado. (Savieto, 2016).
 Ética do cuidado: Embora não seja uma corrente filosófica específica, a ética do cuidado
influencia fortemente a abordagem de Watson. Ela enfatiza a importância de cultivar
relacionamentos empáticos, compassivos e moralmente responsáveis com os pacientes,
reconhecendo que o cuidado é uma expressão de valores éticos e morais. (Gomes, 2014).
 Holismo: A abordagem holística na teoria de Watson reflete a influência do holismo, que
considera os seres humanos como sistemas integrados, compostos por aspectos físicos,
emocionais, mentais e espirituais interconectados. Essa perspectiva reconhece a complexidade
do ser humano e enfatiza a importância de abordar todas as dimensões do paciente durante o
cuidado de enfermagem. (Gomes, 2014).

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 Feminismo: Embora não seja explicitamente feminista, a Teoria do Cuidado Humano de
Watson compartilha semelhanças com as perspectivas feministas, especialmente em relação à
valorização do cuidado e das relações interpessoais. O foco no cuidado, na empatia e na
interconexão entre o enfermeiro e o paciente pode ser visto como alinhado com as
preocupações feministas sobre a ética do cuidado e o reconhecimento do trabalho emocional.
 Pragmatismo: A ênfase de Watson na aplicação prática do cuidado e na promoção de
resultados tangíveis para os pacientes reflecte elementos do pragmatismo. Sua teoria enfatiza a
importância de abordagens eficazes e úteis para a prática de enfermagem, focando nos
resultados e na eficácia do cuidado oferecido. (Savieto, 2016).
 Construtivismo: A Teoria do Cuidado Humano pode ser vista como influenciada pelo
construtivismo, que enfatiza a construção activa do conhecimento e da compreensão por meio
das interacções sociais e experiências pessoais. Watson reconhece a importância da
interpretação individual da experiência do paciente e da colaboração entre enfermeiro e
paciente na construção do significado do cuidado.
2.5. Importância da teoria de enfermagem de Jean Watson
A teoria de Jean Watson ressalta a importância do papel do enfermeiro como educador, pois a
desinformação reduz o controlo do paciente sobre a sua situação de saúde, bem como sua
autonomia para o auto cuidado, uma vez que este não possui conhecimentos sobre o seu estado
de saúde, os factores de risco, seus cuidados perioperatórios, favorecendo o medo pelo
desconhecido e desenvolvimento ansiedade e a recusa, muitas vezes, em aderir a um tratamento
ou regime terapêutico. E isto também fere os princípios propostos pela teoria de Jean Watson
sobre humanização do atendimento aos pacientes, pois se deixa de promover uma assistência
adequada, integral e de qualidade. Podendo assim não ter resolutividade dos problemas do
paciente, mantendo-o desconfortável no meio hospitalar, o que pode acarretar uma série de
desequilíbrios emocionais e físicos, tais como ansiedade, aumento da pressão sanguínea, entre
outros, alterando o prognóstico da recuperação do paciente. (Savieto, 2016).
A importância da Teoria do Cuidado Humano de Jean Watson na enfermagem pode ser entendida
de várias maneiras:
 Abordagem Holística ou Humanização da assistência: A teoria enfatiza a importância de
tratar o paciente como um ser humano completo, não apenas focando nas suas condições
físicas, mas também nas suas necessidades emocionais, espirituais e sociais. Isso promove

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uma abordagem mais humanizada na assistência de enfermagem.
 Relacionamento terapêutico: Watson destaca a necessidade de estabelecer uma relação de
cuidado autêntica e significativa entre o enfermeiro e o paciente. Essa conexão profunda pode
melhorar a comunicação, aumentar a confiança do paciente e promover melhores resultados
de saúde.
 Promoção do bem-estar: Ao considerar o paciente de maneira holística e promover o
cuidado transpessoal, a teoria de Watson visa não apenas tratar doenças, mas também
promover o bem-estar geral do paciente. Isso pode levar a uma melhoria na qualidade de vida
e na satisfação do paciente.
 Valorização do papel do enfermeiro: A Teoria do Cuidado Humano destaca o papel crucial
do enfermeiro como um agente de cuidado, carinho e compaixão. Isso ajuda a valorizar o
trabalho dos enfermeiros e a destacar sua importância na equipe de saúde.
 Adaptação cultural: Ao reconhecer a importância da sensibilidade cultural na prestação de
cuidados, a teoria de Watson promove uma abordagem mais inclusiva e culturalmente
competente na enfermagem, respeitando as diversas origens e perspectivas dos pacientes.
 Base para prática e pesquisa: A Teoria do Cuidado Humano fornece uma base sólida para a
prática de enfermagem, ajudando os enfermeiros a desenvolver planos de cuidados
individualizados e centrados no paciente. Além disso, também serve como um guia para a
pesquisa em enfermagem, estimulando a investigação sobre os efeitos do cuidado humano nos
resultados de saúde. (Gomes, 2014).

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2.6. Argumentos
1. Promover a conexão do paciente com o ambiente do cuidado: A Teoria de Jean Watson
pode auxiliar os profissionais de enfermagem a fazerem a conexão do paciente com o
ambiente do cuidado. Watson defende o retorno a uma visão humanitária e metafísica com
relação à vida e às experiências humanas, em especial àquelas relacionadas ao auxílio a outras
pessoas durante os momentos mais vulneráveis de suas vidas, como é o caso da internação
hospitalar. (Aznari, 2010).
2. Fomentar a interface entre o agir do cuidador e do cuidador e o cuidado de si: Segundo a
Teoria do Cuidado de Jean Watson para que o processo de cuidar aconteça é fundamental o
envolvimento do cuidador e o ser cuidado, pois é necessário que além de conhecer o ser
cuidado, o cuidador conheça a si mesmo.
3. Favorecer a visualização da singularidade e complexidade do ser cuidado: Conforme
Watson, o cuidado humano tem início quando o enfermeiro se dispõe a cuidar, entra no espaço
e na vida de outras pessoas, atuando como facilitador, ensinando, sabendo ouvir e ver o que é
visível e o que é implícito em cada ser, singular e complexo, cuidando e buscando o
enfrentamento das situações vividas.
4. Aproximar o enfermeiro da realidade do ser cuidado: A teoria de Watson favorece a
aproximação do enfermeiro com a realidade do ser cuidado, no sentido de poder “transitar”
pelo mundo do cuidar, possibilita aceitar o sentir e o pensar do outro, a interacção entre os
seres envolvidos que se dá de maneira efectiva e integral, permite conectar-se ao outro, captar
e aprender as vivencias particulares do outro, conhecer a essência do ser humano o que o torna
capaz de detectar, sentir e interagir. (Abbagnano, 2007).
5. Favorecer o autoconhecimento e o autocontrole do ser cuidado: O enfermeiro, ao exercer
sua sensibilidade em contacto com os outros, pode auxiliar na promoção de mudanças na
saúde do ser cuidado conduzindo-o a uma disposição para a auto-cura.

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6. Auxiliar o profissional a compreender seu entendimento acerca do cuidado de Enfermagem: Sendo o
cuidado aos seres humanos o que impulsiona o fazer da enfermagem, os estudos encontrados
demonstraram que a teoria de Jean Watson auxilia o enfermeiro a pensar acerca de si enquanto ser
cuidador, a pensar sobre o outro e a reflectir sobre a prática do cuidado que realiza e que presencia
no seu quotidiano. (Aznari, 2010). 2.7.Conclusão
7. Em conclusão, a Teoria de Enfermagem de Jean Watson, conhecida como Teoria do Cuidado Humano,
oferece uma abordagem holística e humanizada para a prática de enfermagem, que enfatiza a
importância do cuidado interpessoal, do relacionamento terapêutico e da compaixão na prestação de
cuidados de saúde. Ao colocar o cuidado como a essência da enfermagem, a teoria de Watson promove
uma abordagem centrada no paciente, que reconhece a singularidade e a dignidade de cada indivíduo. A
ênfase na humanização da assistência, na promoção de relacionamentos terapêuticos e na abordagem
holística do cuidado contribui para uma prática de enfermagem mais compassiva, eficaz e centrada no
paciente. Além disso, a Teoria do Cuidado Humano reconhece a importância da prevenção e promoção
da saúde, bem como a dimensão espiritual do ser humano, garantindo que os enfermeiros atendam não
apenas às necessidades físicas, mas também emocionais, espirituais e sociais dos pacientes.
8. Ao valorizar o papel do enfermeiro como um agente de cuidado e compaixão, a Teoria de Enfermagem
de Jean Watson contribui para promover a profissão de enfermagem e elevar seu status no sistema de
saúde. Em suma, a Teoria do Cuidado Humano de Watson oferece uma base sólida e abrangente para a
prática de enfermagem, que continua a influenciar positivamente a qualidade dos cuidados de saúde
prestados em todo o mundo.

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2.8. Referencias Bibliográficas
1. Abbagnano, N. (2007). Dicionário de Filosofia. Ed Rev Ampl. São Paulo: Martins Fontes.
2. Aznari, A. V.; Thomas, C. D. Florence Nightingale. La dama de la lámpara (2010). Revista
Cubana de Enfermería, Cuidad de la Habana, v. 26, n. 4, p. 166-169.
3. Ferreira, E. S.; Souza, M. B. DE.; Souza, N. V. D. DE O.; Tavares, K. F. A. (2015). A
relevância do cuidado de si para profissionais de enfermagem, Maringá, v.14, n.1, p. 233-
60.
4. Gomes, A. M. T.; (2014). Editorial O cuidado de enfermagem como presença significativa :
uma interseção entre a criatividade e a tecnologia. Rev enferm UERJ, Rio de Janeiro, v. 22,
n.6, p.733-4.
5. Savieto, R. M.; Leao, E. R. (2016). Reflexão sobre a teoria de Watson e empatia. Esc Anna
Nery, Rio de Janeiro, RJ, v. 20, n.1, p. 198-202,
6. Waldow VR. (1999). Cuidado humano o resgate necessário. Porto Alegre: SagraLuzzatto.
7. Watson J. (1988). Nursing: human science and human care, a theory of nursing. New
York: National League for Nursing.
8. Watson J. (2004). Caring science. Philadelphia: F.A, Davis.
9. Zagonel IPS. (1999). O cuidado humano transicional na trajectória de enfermagem. Rev.
Latino-Am Enfermagem.

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