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IPET

Mansur Imbewe Saide

Curso Técnico de Nutrição em saúde

Tema: Avaliação do Estado Nutricional de Crianças Menores de 5 anos

Quelimane, Novembro de 2023


Mansur Imbewe Saide

Trabalho Final do Curso Técnico de Nutrição

Tema: Avaliação do Estado Nutricional de Crianças Menores de 5 anos

Trabalho de conclusão de curso de


nutrição do instituto Politécnico de
Tecnologia em Empreendedorismo,
apresentado como parte dos
requisitos para obtenção de nota.

Supervisor: Dr., Inácio Xavier

Quelimane, Novembro de 2023

ii
Agradecimento
Agradeço a allah, pelo dom da vida e acima de tudo, e aos meus pais, irmão por me ajudar a
ultrapassar todos obstáculos encontrados ao longo do percurso e por ter-me proporcionado
condições para frequentar o curso de Técnico Médio de Nutrição e Saúde, a compreensão, ajuda
e apoios dados ao longo de toda a minha vida académica. À Direcção, gostaria de agradecer a
todos os seus colaboradores que sempre estiveram disponíveis a ajudar-me e aos meus docentes
pela correcção e ensinamento, que nos permitiram apresentar um melhor desempenho no
percurso estudantil.

iii
Dedicatória
Dedico este projecto em particular aos meus encarregados, e em especial a Deus, que me deu
força e paciência para aprender e aos amigos como também colegas da escola por terem
concedido todo apoio moral, material e financeiro para a realização deste projecto que é de
capital importância porque foram várias actividades que foram realizadas durante o estágio
profissional, foram também vários dias de dispêndio de energia mental e físico e que através de
varias componentes e entidades que esteve ao nosso dispor como auxílio de primeira instância.

iv
Declaração do autor

Declaro, por minha honra, que o presente projecto foi elaborado por me. Tendo recorrido a
revisão literária, observação direita e livros de registro como fonte de aquisição de dados e
informação para elaboração do mesmo. Estou ciente declaro, finalmente que a inclusão de
qualquer conteúdo neste projecto é exclusivamente da origem das fontes acima citadas e que
qualquer informação ou declaração falsa terá consequências legais.

Quelimane, aos _____ de __________ de 2023

Autor

_____________________________________

v
Declaração do Supervisor

Eu, Inácio Xavier, supervisor do trabalho final de conclusão do curso de Nutrição e Saúde com
o tema Avaliação do Estado Nutricional de Crianças Menores de 5 anos, declaro que o
estudante Mansur Imbewe Saide, está em condições de apresentar o presente trabalho.

Quelimane, aos _____ de __________ de 2023

O Supervisor

_____________________________________

vi
Lista de siglas ou abreviaturas
OMS-Organização Mundial da Saúde

SADC- Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral

HIV -Vírus da imunodeficiência humana

SIDA- Síndrome da imunodeficiência adquirida

FAO- Organização para Alimentação e Agricultura

IDS- Instrusion Detection System

UNICEF- Fundo das Nações Unidas para a Infância

vii
Índice
Agradecimento................................................................................................................................ii

Dedicatória......................................................................................................................................iv

Declaração do autor.........................................................................................................................v

Declaração do Supervisor...............................................................................................................vi

Lista de siglas ou abreviaturas.......................................................................................................vii

1. Introdução....................................................................................................................................1

1.1. Contextualização.......................................................................................................................1

1.2. Delimitação do Tema................................................................................................................2

1.3. Problemática.............................................................................................................................2

1.4. Justificativa...............................................................................................................................3

1.5. Objetivos...................................................................................................................................4

1.5.1. Objetivo Geral.......................................................................................................................4

1.5.2. Objetivos Específicos............................................................................................................4

1.6. Variáveis...................................................................................................................................4

2. Metodologia.................................................................................................................................5

2.1. A natureza e sujeito da pesquisa...............................................................................................5

2.2. O Universo e o Local da Pesquisa............................................................................................5

2.3. Instrumentos de Coleta de Dados.............................................................................................5

2.4. Técnica de Coleta de Dados.....................................................................................................6

2.5. Análise de Dados......................................................................................................................6

2.6. Análise Crítica de Riscos e Benefícios.....................................................................................6

2.7. Classificação da Pesquisa.........................................................................................................6

2.8. Amostra.....................................................................................................................................7

viii
2.9. Cronograma de Actividades.....................................................................................................7

2.10. Orçamento...............................................................................................................................8

3. Revisão de Literatura...................................................................................................................9

3.1. Avaliação do Estado Nutricional da Criança............................................................................9

3.2. Avaliação Nutricional de Crianças.........................................................................................10

3.3. Avaliação do Estado Nutricional............................................................................................10

3.4. Avaliação do estado nutricional..............................................................................................10

3.5. Objetivos da avaliação nutricional..........................................................................................10

3.6. Realização de avaliação nutricional........................................................................................11

3.7. História Social........................................................................................................................12

3.8. História Clínica.......................................................................................................................12

3.9. História Dietética....................................................................................................................13

3.10. Estado Nutricional................................................................................................................13

4. Referencias Bibliográficas.........................................................................................................14

ix
1. Introdução
O estado nutricional de um indivíduo é caracterizado pelo equilíbrio entre a ingestão e a
necessidade de nutrientes. Avaliar o estado nutricional no primeiro ano de vida é fundamental
para o monitoramento do crescimento e desenvolvimento da criança, sendo fator importante para
a assistência nutricional. É um processo sistemático sendo constituído de coleta, verificação e
interpretação de dados, que possibilita estabelecer ações de intervenção referentes à nutrição.

A avaliação do estado nutricional em conjunto com outros indicadores, são condutas de extrema
importância para conhecer as condições de saúde das crianças, além de mapear indiretamente o
nível de desenvolvimento social e econômico do país.

Sabe-se que fatores nutricionais influenciam de forma direta o metabolismo, sendo assim, o
desequilíbrio nutricional na fase de crescimento e desenvolvimento, causa efeitos indesejáveis,
levando ao excesso de peso, retardo no crescimento, diminuindo a resistência às infecções,
causando alterações metabólicas e enzimáticas, prejudicando a saúde da criança e aumentando o
índice de mortalidade.

1.1. Contextualização
Perlito (2014) ao avaliar o estado de nutrição e os hábitos alimentares no 1º ano de vida, em
crianças dos 0 aos 24 meses da província de Nampula no norte de Moçambique, refere que as
crianças desta região apresentam uma elevada taxa de desnutrição (43 por cento), sendo que a
desnutrição crónica atinge quase metade destas. Este fenómeno deve-se em parte ao desajuste
dos hábitos alimentares da criança com as recomendações da Organização Mundial da Saúde
(OMS). A autora refere que para ultrapassar essa situação são necessárias medidas políticas
governamentais de prevenção e promoção de uma alimentação saudável e adequada.

1
1.2. Delimitação do Tema
Avaliação do estado nutricional em crianças menores de 5 anos de idade, o estudo será feito na
cidade de Quelimane concretamente no bairro de Icidua, por apresentar um número ameaçador
de crianças que apresentam um estado nutricional não muito saudável, portanto foi possível
considerar esse feito.

1.3. Problemática
Moçambique localiza-se na região da SADC, região da África Austral onde um conjunto de
factores como a seca, as cheias, os conflitos político-militares, a venda do excedente por parte
dos camponeses, a morte por HIV-Sida e a queda dos mercados condiciona a disponibilidade de
alimentos e agravam a pobreza deixando milhares de pessoas com fome e por conseguinte uma
elevada prevalência de desnutrição. É uma região afectada, na sua maioria, por uma enorme
insegurança alimentar. Segundo a Organização para Agricultura e Alimentação (FAO) a
insegurança alimentar ocorre quando há uma limitação ou incerteza na disponibilidade, acesso de
alimentos nutricionalmente adequados, culturalmente relevantes e seguros (Perlito 2014:1).

A desnutrição é uma das principais causas da mortalidade em todo mundo. Segundo o inquérito
demográfico de saúde (IDS) 2011, em Moçambique, 49% da população sofre de desnutrição
crónica e que afecta 44% das crianças. Uma em cada duas crianças menores de 5anos encontrase
desnutrida.

Em Moçambique, quase metade das crianças menores de 5 anos sofrem de desnutrição crónica, o
que significa que a criança é demasiado baixa para a sua idade. A taxa de desnutrição infantil em
Moçambique é considerada pela UNICEF a nona taxa mais elevada de África, devido ao facto
das crianças não estarem a receber a dieta mínima adequada. Moçambique apresentou nos
últimos 15 anos níveis extremamente elevados de desnutrição crónica (43 por cento). Este
problema afecta quase uma em cada duas crianças menores de 5 anos e contribui para mortes
infantis e para uma má saúde da criança (UNICEF 2018).

As razões da desnutrição crónica em Moçambique são muitas e complexas. Por um lado, ligamse
a baixa produção de alimentos nas famílias, através da agricultura, considerada a principal fonte

2
de sustento nas famílias rurais, adicionada as más condições de saneamento e higiene que
culminam em doenças diarreicas, tanto no meio rural, assim como no meio urbano. Ainda de
acordo com a UNICEF, uma outra causa da desnutrição crónica é a inexistência de práticas
alimentares adequadas de lactentes e crianças. Esta situação é aliada à fraca cobertura das
actividades integradas de comunicação para a mudança do comportamento. As mensagens de
educação nutricional atingiram apenas 18 por cento das crianças nas escolas.

É neste contexto que o presente trabalho tem como questão de partida: Que lógicas orientam as
práticas de avaliação do estado nutricional e cuidados de saúde destinadas à crianças menores
de 5 anos?

1.4. Justificativa
O meu interesse pelo tema tem também razões que vão para além das académicas. Surgiu pelo
facto de ter experiência do mesmo dentro da minha família, com casos de internamentos
hospitalares, de crianças menores de 5 anos, causados pela interrupção precoce do aleitamento
materno e introdução de alimentos e remédios contra-indicados para as crianças. Diante dessas
experiências passei a empreender mais em observar os sinais de desnutrição na minha família,
assim como entre vizinhos no bairro onde resido, e percebi que várias crianças menores 5 anos
apresentavam sinais de desnutrição. Com o intuito de informar-me melhor acerca das causas,
consequências e soluções para o problema da desnutrição crónica passei a ler mais sobre o
assunto e a acompanhar atentamente informações ligadas ao assunto na televisão e na internet.
Passei também a conversar com mulheres mães sobre suas experiências em relação as práticas
alimentares e de cuidados de menores de 5 anos de idade.

Ao longo do tempo, os estudos antropológicos (Velho 1977, Batista 1999, Juma 2017) ligados a
questão da alimentação vem se dedicando na descrição de fontes de abastecimento alimentar,
predominantemente oriundas da economia de subsistência ou extractiva, com baixa dependência
do mercado. Preocupavam-se também pelas práticas e crenças associadas à produção alimentar, a
composição da dieta e formas de preparo dos alimentos. Buscavam compreender os hábitos de
consumo e dos tabus relacionados aos alimentos, explicar os tabus e crenças alimentares
enquanto regras arraigadas, que se impunham particularmente às mulheres em situações após o
parto ou em situações de doença.

3
1.5. Objetivos

1.5.1. Objetivo Geral


 Avaliar o estado nutricional e fatores associados de crianças menores de cinco anos de
idade na cidade de Quelimane.

1.5.2. Objetivos Específicos


 Caracterizar a população de estudo quanto às características biológicas,
sociodemográficas, de assistência ao pré-natal, ao parto e à nutrição;
 Identificar a frequência e o grau de intensidade do agravo nutricional, segundo os índices
Comprimento/Idade e Índice de Massa Corporal/Idade, na população de estudo;
 Verificar a associação do agravo nutricional com as características biológicas,
sociodemográficas.
 Identificar fatores de risco para o estado nutricional: período de aleitamento materno e
idade de início da alimentação complementar.

1.6. Variáveis
 Peso;
 Altura;
 IMC;
 Alimentos ricos em proteínas;
 Alimentos ricos em hidratos de carbono;
 Alimentos ricos em Vitaminas e sais minerais;
 Alimentos ricos em grande teor de óleo açúcar e gordura.

4
2. Metodologia
Este estudo é de caracter etnográfico e exploratório. Baseia-se na metodologia qualitativa.
Quanto as técnicas adoptadas, recorreu-se a observação directa e participante, conversas abertas
e informais.

Oliveira (2006) refere que na realização do trabalho antropológico é pertinente que o pesquisador
olhe, ouça e escreva o que acontece no campo de pesquisa. Neste trabalho a recolha e registo de
informação foram feitas na base das técnicas de observação directa e participante, conversas
sobre as experiências das famílias em relação a alimentação e medicação das crianças menores
de 3 a 5 anos.

A observação directa e participante possibilitou-me ver e ouvir os factos directamente de onde


decorrem (Quivy e Campenhoudt 1992: 65; Velho 2003: 13). Por meio dela inseri-me nas
actividades dos funcionários do Centro Infantil e acedi a informações que por meio de outras
técnicas poderiam ser impossíveis de aceder.

2.1. A natureza e sujeito da pesquisa


A pesquisa trata-se de um estudo de coorte prospectivo em que procura analisar a avaliação do
estado nutricional de crianças menores de 5 anos em uma comunidade na cidade de Quelimane.

2.2. O Universo e o Local da Pesquisa


O estudo foi realizado em um bairro Icidua, com crianças de 5 anos; a escolha dessa faixa etária
foi devido à importância da alimentação nessa faixa etária que irá se repercutir na criança maior.
A escolha do local ocorreu diante da oportunidade de trabalhar com a comunidade da Criança.
Desta forma, as visitas foram realizadas em um domingo por mês, dia da Celebração da Vida.

2.3. Instrumentos de Coleta de Dados


Para coleta de dados foi aplicado um questionário para acompanhamento de cada criança de 5
anos. Este questionário possuía itens indispensáveis para o acompanhamento das crianças como:
as medidas antropométricas que eram acompanhadas todos os meses; antecedentes de patologias;
a história da gestação daquela criança e a sua alimentação atual, pois com base nesses dados

5
traçamos o perfil nutricional das crianças daquele local. Além disso, realizamos palestras sobre
assuntos ligados à nutrição infantil, vacinação e enfermidades frequentes na infância.

2.4. Técnica de Coleta de Dados


Os dados foram coletados através do acompanhamento mensal e preenchimento do questionário
e depois foram transcritos todos os dados para documento Word em caráter cronológico e
seguindo as Normas e Técnicas.

2.5. Análise de Dados


Após a coleta, os dados foram transcritos e discutidos, fundamentados com base na literatura
pertinente. Os pesquisadores assumem o compromisso de utilizar os materiais e dados coletados
exclusivamente para os fins previstos no protocolo, e a publicar os resultados, sejam eles
favoráveis ou não, aceitando as responsabilidades pela condução científica do projeto e o
resguardado sigilo da identidade do sujeito da pesquisa. A pesquisa bibliográfica foi realizada
utilizando os bancos de dados MEDLINE, LILACS-BIREME, PUBMED e COCHRANE; sendo
selecionados artigos publicados nos últimos vinte anos, abordando os temas discutidos nas
palestras ao longo do ano.

2.6. Análise Crítica de Riscos e Benefícios


Tal estudo traz como benefício, a possibilidade de se conhecer o perfil nutricional de crianças de
5 anos de bairro Icidua cidade de Quelimane, auxiliando pediatras, mães, escolas e serviços
públicos na conduta adequada no manejo da nutrição das crianças na primeira infância, e aos
acadêmicos uma experiência ímpar de aplicar os conhecimentos adquiridos nas aulas, bem como
promover uma maior aproximação da comunidade. O risco durante o desenvolvimento do
projeto foi principalmente a falta de compromisso das mães das crianças inscritas,
comprometendo assim a completude informacional do acompanhamento.

2.7. Classificação da Pesquisa


Sob o ponto de vista da natureza de uma pesquisa, Freitas e Prodanov (2013) apontam dois tipos
de pesquisa: a pesquisa básica e a pesquisa aplicada. A pesquisa básica que objectiva gerar
conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista e pesquisa
6
aplicada que objectiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de
problemas específicos, envolve verdades e interesses locais. Tendo em conta que o presente
trabalho é um estudo de caso possui uma metodologia de pesquisa classificada como aplicada, a
qual envolve interesses locais e busca a aplicação prática de conhecimentos para a solução de
problemas sociais. O estudo de caso é um tipo de pesquisa qualitativa e/ou quantitativa, onde na
pesquisa basicamente quantitativa o pesquisador se limita à descrição factual do evento,
ignorando a complexidade da realidade social na pesquisa qualitativa o ambiente natural é a
fonte directa para colecta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave e mantém contacto
directo com o ambiente e o objecto de estudo em questão. É importante acrescentar que essas
duas abordagens estão interligadas e complementam-se como afirmam Freitas e Prodanov
(2013).

2.8. Amostra
“A amostra é uma parcela convenientemente seleccionada do universo (população); é um
subconjunto do universo, Lakatos e Marconi (2003, p.78)”.

“A amostra é uma parcela representativa da população que e examinada com o propósito de


tirarmos conclusões sobre essa população, (MINEDH s/d, p.165)”.

Quanto ao tipo de amostra para o presente estudo, optou-se pela amostragem não probabilística
do tipo amostragem intencional ou de selecção racional. Este tipo de amostragem consiste em
seleccionar um subgrupo da população que, com base nas informações disponíveis, possa ser
considerado representativo de toda a população como anota Freitas e Prodanov (2013).

2.9. Cronograma de Actividades


Agosto Setembro Outubro

Início do projecto

Colecta de Dados

Avaliação do Projecto

Conclusão do Projecto

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Entrega do Projecto

2.10. Orçamento
Itens Quantidade Valor Unitário Valor Total
Canetas 6 15 mts 90 mts
Papéis de A4 20 2 mts 40 mts
Digitação 28 25 mts 700 mts
Impressão 5 3 mts 140 mts
Cópias de B.I 1 5 mts 5 mts
Alimentação 3.000 3.000 mts 3.000 mts
Alojamento 3.000 3.000mts 3.000 mts
Transporte 12 80 mts 960 mts
Camiseta 1 500 mts 500 mts
Lanche 1 200 mts 200 mts
Contribuição 12 10 mts 120 mts

TOTAL 8.715,00 mts

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3. Revisão de Literatura

3.1. Avaliação do Estado Nutricional da Criança


A avaliação do crescimento é a medida que melhor define a saúde e o estado nutricional de
crianças, já que distúrbios na saúde e nutrição, independentemente de suas etiologias,
invariavelmente afetam o crescimento infantil.

Nos países em desenvolvimento, a maioria dos problemas de saúde e nutrição durante a infância
está relacionada com consumo alimentar inadequado e infecções de repetição, sendo que essas
duas condições estão intimamente relacionadas com o padrão de vida da população, que inclui o
acesso a alimentação, moradia e assitência à saúde. Dessa forma, então, a avaliação do
crescimento infantil é também uma medida indireta da qualidade de vida da população.

Nesse sentido, diversos estudos têm sido conduzidos para verificar o estado nutricional de
crianças. Em termos mundiais, a OMS reuniu 79 inquéritos nacionais realizados entre 1980 e
1992 nos países em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, cobrindo 87% da
população total de crianças menores de 5 anos desses países, no sentido de avaliar a prevalência
de desnutrição energéticoprotéica, a partir dos dados de peso e altura das crianças.

Verificou-se que os déficits de altura são mais comuns nos países em desenvolvimento como um
todo, atingindo 43% dos pré-ecolares, e que a prevalência de déficits de peso ainda é alta,
especialmente na África e na Ásia.

Os parâmetros antropométricos usualmente utilizados para avaliar a condição nutricional de


crianças são o peso e a estatura (altura ou comprimento). Os perímetros cefálicos, torácico,
braquial e abdominal também podem ser utilizados. Os valores desses dados antropométricos
deverão ser sempre analisados em função da idade e do sexo da criança, que são os principais
determinantes de sua evolução16,11. Apesar de serem procedimentos corriqueiros e simples,
devem ser aplicados cuidadosamente, com padronização, além de que os instrumentos utilizados
devem ser calibrados frequentemente.

9
3.2. Avaliação Nutricional de Crianças
O crescimento infantil resulta da interação de fatores genéticos e ambientais, assim, um ambiente
adequado, incluindo alimentação, higiene, cuidados de saúde, afetividade, entre outros,
proporciona condições necessárias para o desenvolvimento de seu potencial genético de
crescimento.

O padrão de crescimento infantil é o melhor indicador para avaliar o estado de saúde e nutrição
de crianças, sendo a antropometria o principal método de avaliação do crescimento infantil. É
considerado um fator prognóstico de morbimortalidade para este grupo. A antropometria é
utilizada universalmente na avaliação do estado nutricional de crianças. É um método simples,
inócuo, de fácil execução, com baixo custo e proporciona padronização dos dados obtidos.

3.3. Avaliação do Estado Nutricional


Segundo Christakis (1973), a Avaliação do Estado Nutricional é a “condição de saúde de um
indivíduo, influenciada pelo consumo e utilização de nutrientes, identificada pela correlação de
informações obtidas de estudos físicos, bioquímicos, clínicos e dietéticos”.

3.4. Avaliação do estado nutricional


A definição de Avaliação do Estado Nutricional pela “American Dietetic Council” é uma
abordagem completa realizada pelo nutricionista para determinar o estado nutricional utilizando
histórico médico, social, nutricional, exame físico, medidas antropométricas e dados
bioquímicos.

A avaliação do estado nutricional tem como objetivo identificar os distúrbios nutricionais


possibilitando realizar uma intervenção de forma a auxiliar na recuperação e/ou manutenção do
estado de saúde do indivíduo por meio da coleta de dados clínicos, dietéticos, bioquímicos e da
composição corpórea, com a finalidade de identificar e tratar as alterações do estado nutricional.

3.5. Objetivos da avaliação nutricional


Como parâmetro isolado não classifica o estado nutricional geral de um indivíduo, sendo
necessária a associação de vários indicadores para melhorar a precisão do diagnóstico
nutricional.

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A avaliação nutricional tem como objetivo:

1. Identificar indivíduos que necessitem de apoio nutricional intenso;

2. Recuperar ou manter o estado nutricional do indivíduo;

3. Identificar a terapia nutricional adequada;

4. Monitorar a eficácia da terapia aplicada.

3.6. Realização de avaliação nutricional


A Avaliação Nutricional é realizada por meio de métodos diretos e indiretos, que são
complementares entre si e não há um único que possa ser considerado completo por si só, por
isso devem ser interpretados conjuntamente.

Os métodos utilizados para a realização da avaliação nutricional são os métodos diretos e


métodos indiretos. Os métodos diretos são aqueles que exploram as manifestações biológicas do
organismo humano, por meio de análises antropométricas, bioquímicas e clínicas. Os métodos
indiretos são aqueles que poderão ser determinantes da situação de nutrição e alimentação dos
indivíduos, por meio de dados de consumo alimentar, estatísticas vitais e socioeconômicas.

A tabela 1 mostra os métodos de avaliação nutricional.

TABELA 1 – MÉTODOS DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL.

Métodos Diretos Métodos Indiretos

Anamnese Alimentar Inquérito de Consumo Alimentar

Dados Antropométricos Estudos Demográficos

Exame Físico Inquéritos socioeconômicos e culturais

Dados Bioquímicos

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A avaliação do estado nutricional é realizada por meio da Anamnese Alimentar, uma ficha
utilizada para coletar informações importantes relativas ao indivíduo que está sendo avaliado. A
Anamnese Alimentar abrange três etapas:

 História Social;
 História Clínica;
 História Dietética;

3.7. História Social


Deve-se investigar aspectos importantes que podem afetar a aderência ao tratamento.

Na História Social deve conter:

 Nome completo do paciente;


 Idade e Sexo;
 Estado Civil;
 Profissão ou Ocupação;
 Número de componentes na família, tipo de moradia, renda familiar;
 Vícios, como drogas, álcool (etilismo) e fumo (tabagismo);
 Atividade Física (tipo, frequência e duração).

3.8. História Clínica


A história clínica deve obter Informações necessárias para diagnosticar e realizar o tratamento.

Os componentes da história clínica são:

 História da doença atual (queixa principal);


 Perda ou ganho de peso recente;
 Hábito intestinal e diurese;
 Sinais de doenças gastrintestinais (náuseas, vômito, etc.);
 Saúde bucal;
 Fatores que limitam a ingestão de nutrientes (odinofagia, disfagia, anorexia, etc.);
 Uso de medicamentos;
 Antecedentes médicos (número de cirurgias, doenças crônicas).

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3.9. História Dietética
A história dietética é utilizada para identificar o padrão de ingestão alimentar do indivíduo,
sendo composta por:

 Hábito alimentar (frequência, tipo, horário, quantidade, etc.);


 Alimentos prediletos, alimentos excluídos;
 Alergias, aversões e intolerâncias alimentares;
 Ingestão hídrica;
 Local em que se realizam as refeições (restaurante, casa).

3.10. Estado Nutricional


De acordo com GOULART e EMA (1997), é um instrumento diagnóstico, que mede (de diversas
maneiras) as condições nutricionais do organismo, determinadas pelos processos de ingestão,
absorção, utilizações e excreção de nutrientes; ou seja, a avaliação nutricional determina o estado
nutricional, que é o resultante do balanço entre a ingestão e a perda de nutrientes.

MAHAN 1998 citado por LOPES e colaboradores 2008 definem anda como estado de equilíbrio
do indivíduo entre a ingestão e o gasto ou necessidade de nutrientes. Condição de saúde de um
indivíduo, influenciada pelo consumo de nutrientes, identificada pela correlação de informações
obtidas de estudos físicos, bioquímicos, clínicos e dietéticos.

LUÍS HORTA (1998), refere que a nutrição se encontra entre os diversos factores que podem
condicionar o rendimento desportivo e constata que é bastante habitual que os treinadores e
desportistas só se preocupem com a alimentação em determinadas alturas da época ou próximo
de uma competição, sem se dar conta, de que para chegar a um efectivo rendimento desportivo é
essencial alimentar-se e nutrir-se correctamente em todos os momentos. Neste sentido uma boa
nutrição não pode garantir o êxito desportivo, mas se for inadequada pode limitar o rendimento e
impedir a progressão do atleta que se pretende optimizar através do treino.

A avaliação do estado nutricional envolve o exame das condições físicas do indivíduo,


crescimento e desenvolvimento, comportamento, níveis de nutrientes na urina, sangue ou tecidos
e a qualidade e quantidade de nutrientes ingeridos. (DEHOOG, 1998).

13
4. Referencias Bibliográficas
CHRISTAKIS, George. Avaliação nutricional em programas de saúde. Público Americano
Associação de Saúde, 1973.

Freitas, E. C. & Prodanov, C. (2013). Metodologia do trabalho científico: Métodos e Técnicas da


Pesquisa e do Trabalho Académico. (2ª ed.). Brasil

GOULART, Eugénio Ema. A avaliação nutricional infantil no software EPI Info (versão 6.0),
considerando-se a abordagem coletiva e individual, o grau e o tipo da desnutrição. Pediatr (Rio
J) 1997; 73(4):225-30.

Lakatos, E. M. & Marconi, M. (2003). Fundamentos de metodologia científica. (5 ed.). São


Paulo: Atlas. Brasil.

LUIS HORTA. Factores de predição de rendimento desportivo dos atletas juvenis de futebol.
Dissertação de Doutoramento. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 2003.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Organização Pan- americana de Saúde. Dez passos para uma
alimentação saudável. Guia alimentar para crianças menores de 2 anos. Brasília: Ministério da
Saúde, 2002.

INDE/MINEDH. (2019). Programa do Ensino Primário. Moçambique.

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