PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2021.0000662909

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº

1106657-76.2019.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que é apelante
REPRESENTANTE ANARAYRA BARROSO DO NATIMORTO BENICIO
(JUSTIÇA GRATUITA), é apelado PORTO SEGURO COMPANHIA DE
SEGUROS GERAIS.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 33ª Câmara de Direito

Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram
provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra
este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores ANA LUCIA

ROMANHOLE MARTUCCI (Presidente) E SÁ MOREIRA DE OLIVEIRA.

São Paulo, 17 de agosto de 2021.

MARIO A. SILVEIRA
Relator(a)
Assinatura Eletrônica
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Apelação Cível nº 1106657-76.2019.8.26.0100 – São Paulo

Apelante: Benício Barroso da Silva natimorto (Representado por
Anarayra Barroso)
Apelada: Porto Seguro Companhia de Seguros Gerais
TJSP 33ª Câmara de Direito Privado.
(Voto nº 46233)

APELAÇÃO CÍVEL Interposição contra

sentença que julgou extinta, sem resolução
do mérito, ação de cobrança de seguro
obrigatório. DPVAT. Morte de nascituro em
decorrência de acidente de trânsito.
Ajuizamento da ação quando já declarado
morto. Extinção que se afigura de rigor.
Sentença mantida.

Apelação não provida.

Trata-se de apelação (fls. 87/92) interposta por

Benício Barroso da Silva natimorto (Representado por Anarayra
Barroso) contra a sentença (fls. 80/84) proferida pelo MM. Juiz de
Direito da 5ª Vara Cível do Foro Central, Comarca da Capital, que
julgou extinta, sem resolução do mérito, a ação de cobrança de seguro
obrigatório ajuizada por ele contra Porto Seguro Companhia de Seguros
Gerais. Discorre sobre a aplicação do artigo 2º do Código Civil. Alega
que ainda que não tenha adquirido a personalidade jurídica, decorrente
da situação de natimorto, possui todos os direitos do nascituro,
merecendo proteção jurídica. Cita jurisprudência do Tribunal de Justiça
sobre a matéria. Afirma que os documentos comprovam o nexo de
causalidade entre o acidente e dano dele decorrente. Requer que a
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apelada seja condenada ao pagamento da indenização do seguro, com

aplicação de correção monetária desde o acidente e juros de mora a
partir da citação. Postula a reforma da sentença.
Foram apresentadas contrarrazões por Porto
Seguro Companhia de Seguros Gerais (fls. 95/101). Sustenta a ausência
de cobertura do seguro, tendo em vista que, de acordo com o disposto no
artigo 2º do Código Civil, para que o feto se torne pessoa e adquira
direitos e obrigações, essencial que haja o nascimento com vida. Alega
que não há falar em indenização por morte de nascituro. Aduz que o
nascituro possui mera expectativa de direito. Pugna pelo não provimento
do apelo.

É esse o relatório.

Trata-se de ação de cobrança de seguro

DPVAT, por acidente de trânsito ocorrido em 15/5/19 (fls. 30/31),
envolvendo o autor e sua representante que estava grávida de
aproximadamente 23 semanas, e que resultou em óbito do feto em
19/6/19 (fls. 16).
O artigo 2º do Código Civil dispõe que: A
personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, mas a
lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Por outro lado, o artigo 70 do Código de
Processo Civil dispõe que Toda pessoa que se encontre no exercício de
seus direitos tem capacidade para estar em juízo. Não é o caso dos
autos.
Conforme se verifica dos autos, quando do
ajuizamento da ação, em 24/10/19, já havia sido declarada a morte do
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representado, como se nota às fls. 16.

Portanto, como bem decidido pelo Magistrado
a quo, não há como reconhecer o falecido como sujeito de direito, razão
pela qual torna-se de rigor a extinção do feito, sem resolução do mérito,
nos termos do artigo 485, VI, do Código de Processo Civil.
Destarte, o apelo não merece ser provido,
devendo a sentença ser mantida conforme proferida, por se encontrar
correta.

Posto isto, nega-se provimento à apelação.

Mario A. Silveira
Relator

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