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Registro: 2016.

0000373508

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº


2228633-81.2015.8.26.0000, da Comarca de Barra Bonita, em que é agravante
MUNICÍPIO DA ESTÂNCIA TURÍSTICA DE BARRA BONITA, é agravado
JOSÉ MAURÍCIO DE AZEVEDO FILHO.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 14ª Câmara de Direito


Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão:Deram
provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra
este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores OCTAVIO


MACHADO DE BARROS (Presidente) e HENRIQUE HARRIS JÚNIOR.

São Paulo, 3 de junho de 2016.

Cláudio Marques
relator
Assinatura Eletrônica
VOTO Nº: 7080

Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Público

Agravo de Instrumento nº: 2228633-81.2015.8.26.0000

Agravante: Município da Instância Turística de Barra Bonita

Agravado: José Maurício de Azevedo Filho

Comarca: Barra Bonita

Agravo de Instrumento Execução contra a Fazenda


Pública - Insurgência contra decisão que não apreciou a
impugnação ao cumprimento de sentença ofertada pela
Fazenda Pública sob o fundamento de que não foi observado
o rito previsto no artigo 730 do CPC (1973). Aplicação do
Princípio da Fungibilidade recursal. Possibilidade da
apresentação de impugnação - Entendimento ao qual se
coaduna com a previsão expressa nos artigos 534 e 535 do
CPC (2015) - Recurso provido.

Trata-se de recurso de agravo de instrumento interposto pelo


Município da Instância Turística de Barra Bonita contra a r. decisão que deixou de
apreciar a impugnação ao cumprimento de sentença por ele ofertada sob o
fundamento de que não teria sido observado o procedimento previsto no artigo 730
do CPC/1973, nos autos da execução de sentença proposta por José Maurício de
Azevedo Filho em face do agravante.

Apontou o recorrente que seria cabível a interposição de


impugnação ao cumprimento de sentença ao invés dos embargos à execução fiscal,
pois se trataria de procedimento mais exíguo e célere, de modo, que atenderia ao
princípio da constitucional da efetividade. Aduziu, ainda, que não haveria a
necessidade de prévia garantia do juízo para a interposição da impugnação ao
cumprimento de sentença, especialmente, quando se teria como objeto de arguição
matéria de ordem pública.

Não houve pedido de efeito suspensivo e/ou tutela de urgência.


O presente Agravo foi recebido, processado e não contrariado,
tendo sido prestadas as informações a que se referia o artigo 527, IV, do Código de
Processo Civil de 1973 às pp. 46.

É o relatório.

O agravo comporta provimento.

Verifica-se que a decisão recorrida deixou de apreciar a


impugnação ao cumprimento de sentença ofertada pela Municipalidade sob o
fundamento que nas execuções contra a Fazenda Pública haveria rito próprio previsto
no artigo 730 do Código de Processo Civil (1973), sendo cabível o ajuizamento dos
embargos.

Em que pese à existência de divergência sobre o tema, adota-se a


posição a qual admite a impugnação ao cumprimento de sentença (art. 475-J, §1° do
CPC de 1973) com fundamento no princípio da fungibilidade recursal quando
evidenciado que a apresentação se deu dentro do prazo legal e não constatada má-fé
do impugnante.

A respeito, destaca-se aresto dessa C. Câmara de Direito Público:

“Agravo de instrumento. Execução contra a Fazenda Pública.


Descabimento da impugnação. Recebimento desta como embargos a
execução. Aplicação do princípio da fungibilidade recursal. Título
executivo judicial. Procedimento previsto no artigo 730 do Código de
Processo Civil. Recurso provido”. (Agravo de Instrumento 2201944-
97.2015.8.26.0000, Relator Des. Geraldo Xavier, Comarca: Barra Bonita,
j, em 25 de fevereiro de 2016).

No mais, compete anotar que tal entendimento se coaduna com as


disposições do Código de Processo Civil de 2015, em vigor, o qual de forma
expressa prevê a possibilidade de impugnação da Fazenda Pública contra o
cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de pagar
quantia certa, nos termos dos artigos 534 e 535 do referido diploma.
Diante de tais considerações, dá-se provimento ao agravo para
determinar-se que o juízo de primeiro grau receba a impugnação ao cumprimento de
sentença ofertada pela Municipalidade.

CLÁUDIO MARQUES
Relator

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