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Entenda o que é GHG

Protocol, seus três


escopos e como
evoluíram os
inventários
corporativos
06 Mar 2024 Por Kyla Aiuto, Sarah Huckins e Hannah Momblanco Foto:
PeopleImages/iStock

Artigo Programa de Clima

https://www.wribrasil.org.br/noticias/entenda-ghg-protocol- hg5xQmAjU4cxngvgd5i8Lz9UrwrL-uATGv-3qfzLWFPUr9xPL 19/03/2024, 22 14


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Mais sobre
O início da contabilização dos gases de efeito
GHG
estufa (GEE) – ou a medição de emissões de
Protocol
empresas e outras entidades – remonta ao !nal
da década de 1990, mas o interesse pela prática
cresceu de forma exponencial nos últimos anos
com a proliferação de iniciativas corporativas,
voluntárias ou obrigatórias, de divulgação de
impactos climáticos. Em 2022, a Comissão de
Valores Mobiliários dos Estados Unidos propôs
uma nova norma, exigindo que empresas públicas
divulguem suas emissões. Em 2023, a União
Europeia promulgou a Diretiva de Relatórios de
Sustentabilidade Corporativa (CSRD, na sigla
em inglês), a qual exigirá que empresas em
operação na Europa divulguem suas emissões a
partir de 2025. Também em 2023, o Conselho
Internacional de Normas de
Sustentabilidade (ISSB, sigla em inglês) lançou
um padrão voluntário de relatórios de GEE
(IFRS S2) que, quando implementado pelos
governos, exigirá que as empresas divulguem as
emissões resultantes de suas operações e cadeias
de valor em escala global. Quase 400
organizações em todo o mundo já se
comprometeram a utilizar ou acelerar a adoção
dos padrões do Conselho, incluindo o IFRS S2.

A divulgação de emissões de GEE é uma

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ferramenta importante para a responsabilização
das empresas e para a mitigação das mudanças
climáticas, além de um passo fundamental no
cumprimento das metas de redução de emissões.
Para evitar os piores impactos das mudanças no
clima, precisamos reduzir as emissões de
GEE quase pela metade até 2030 e, por !m,
atingir o zero líquido. E, para fazer isso, seja em
âmbito nacional, subnacional ou empresarial, o
processo começa com a contabilização de GEE.

A seguir, respondemos as principais perguntas


sobre o assunto, que tem evoluído rapidamente:

O que é a contabilização
de GEE?
A contabilização de gases do efeito estufa
(GEE), também chamada de contabilização de
carbono (uma vez que o dióxido de carbono é o
mais comum desses gases), refere-se à medição e
monitoramento das emissões de GEE por meio
de métodos padronizados e à divulgação dessas
informações a partir de protocolos aprovados.
Métodos padronizados permitem que empresas,
governos e indivíduos meçam as emissões de
GEE originadas por suas atividades, tanto
diretamente, a partir de suas operações, quanto

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indiretamente, por meio de suas cadeias de valor
e consumidores.

A contabilização das emissões corporativas,


especi!camente, é especialmente importante
porque as empresas são as principais geradoras de
emissões. De acordo com um relatório de
2017 do CDP, um conjunto de apenas 100
empresas é responsável por 70% das emissões
industriais mundiais de GEE.

Como teve início a


contabilização de
emissões corporativas
de GEE?
Muitos eventos e iniciativas contribuíram para o
avanço da contabilização e divulgação de
emissões corporativas ao longo dos últimos 25
anos. Em 1997, a assinatura do Protocolo de
Kyoto marcou o início de um requisito global de
descarbonização, abrindo caminho para a
introdução de metas de redução de emissões
para 37 países e a União Europeia.

Na época, no entanto, não havia diretrizes para


que as empresas também medissem suas
emissões. O WRI e o Conselho Empresarial

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Mundial para o Desenvolvimento Sustentável
(WBCSD na sigla em inglês) lançaram o GHG
Protocol em 1998 como uma parceria entre
ONGs e empresas para estabelecer métodos
padronizados de contabilização, capazes de
atender à necessidade de uma metodologia global
comum. Hoje, a estrutura de “três escopos” do
GHG Protocol é a base para a contabilização de
emissões corporativas. GHG é a abreviação para
“greenhouse gas”, ou gases de efeito estufa.

O que são emissões de


Escopo 1, Escopo 2 e
Escopo 3?
Para avaliar seu impacto climático de forma
abrangente, as empresas precisam medir não
apenas as emissões geradas em suas próprias
operações, mas também as resultantes das
matérias-primas que adquirem e do uso dos bens
que vendem. Calcular a totalidade do impacto de
uma empresa exige que sejam avaliadas emissões
de três escopos:

O Escopo 1 é referente às emissões diretas de


fontes que a empresa possui ou controla. Essas
emissões em geral acontecem in loco, como na
combustão do diesel usado para dirigir um

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caminhão ou na queima de carvão para gerar
eletricidade.
O Escopo 2 refere-se às emissões indiretas,
provenientes da compra de eletricidade e processos
de vaporização, aquecimento e resfriamento. Por
exemplo, as emissões de escopo 2 de um usuário de
eletricidade seriam as emissões de escopo 1 da
empresa geradora de energia.
E o Escopo 3 é referente às emissões indiretas
provenientes de atividades na origem ou no final da
cadeia de valor, fora do controle da empresa. Por
exemplo, as emissões indiretas que acontecem
quando um usuário de celular carrega o aparelho
seriam as emissões de escopo 3 do final da cadeia
de valor da empresa fabricante do celular. De forma
semelhante, as emissões dos materiais utilizados
pela empresa para fabricar o telefone seriam as
emissões de escopo 3 da origem de sua cadeia de
valor.

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Visão geral dos escopos do GHG Protocol e das emissões ao longo da
cadeia de valor. GHG Protocol, Padrão de Contabilização e Divulgação
de Emissões na Cadeia de Valor Corporativa (Escopo 3)

Por que a contabilização


e divulgação das
emissões corporativas
de GEE é importante?
Com um método padronizado para medir e
divulgar as emissões, as empresas estão aptas a
identi!car os setores nos quais podem diminuir
sua pegada de carbono e contribuir para os
esforços globais de redução de emissões.
Procedimentos precisos e con!áveis de
contabilização também podem aumentar a
con!ança de investidores e outros atores
estratégicos nas práticas sustentáveis e
perspectivas futuras de uma empresa. Além disso,
os padrões de contabilização de emissões
também servem de base para iniciativas
voluntárias e obrigatórias de divulgação e
de!nição de metas. Por !m, a contabilização
também pode ajudar as empresas a identi!car
riscos e oportunidades associados às emissões de
sua cadeia de valor, envolver parceiros e atores ao
longo da cadeia na gestão dos gases de efeito
estufa e participar dos mercados de GEE.

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Cada vez mais empresas se juntam a iniciativas
como o CDP (anteriormente chamado
de Carbon Disclosure Project ou “projeto de
divulgação de carbono”) e a Science Based
Targets initiative (SBTi) – e ambas usam os
padrões de contabilização do GHG Protocol
para monitorar e divulgar os avanços. Em
2022, mais de 18.700 empresas submeteram
divulgações climáticas por meio do CDP, 42% a
mais do que em 2021 e mais de 233% a mais do
que na época da assinatura do Acordo de Paris,
em 2015. Também em 2022, 2.151
organizações se comprometeram a estabelecer
metas baseadas na ciência por meio da SBTi – o
número de organizações comprometidas com
essas metas aumentou mais de 2.000% desde a
fundação da SBTi em 2015.

A contabilização e
divulgação de emissões
corporativas de GEE é
obrigatória?
A divulgação é obrigatória para O que está no
horizonte do GHG
algumas empresas, dependendo de
Protocol
onde operam. Nos últimos anos, a
Atualmente, o
divulgação de emissões de GEE foi
conjunto de padrões

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incorporada à legislação de muitos do GHG Protocol
passa por um
países.
processo de revisões
envolvendo diversas
Por exemplo, em julho de 2023 a partes interessadas.
Comissão Europeia estabeleceu Entre novembro de
2022 e março de
os Padrões Europeus de Relatórios de
2023, o público foi
Sustentabilidade (ESRS, na sigla em convidado a oferecer
inglês) para todas as grandes empresas feedbacks que vão
embasar as
listadas na UE sujeitas à Diretiva de
atualizações dos
Relatórios de Sustentabilidade padrões e
Corporativa (CSRD). Esses padrões orientações
corporativas do GHG
fazem referência direta aos padrões do Protocol. O objetivo é
GHG Protocol, e espera-se que garantir que os
padrões sejam
alcancem 50 mil empresas em toda a
efetivos em fornecer
União Europeia. uma base contábil
rigorosa e confiável
Outro exemplo é a Lei de para que as
empresas possam
Responsabilidade de Divulgação
medir, planejar e
Climática da Califórnia, promulgada acompanhar os
em outubro de 2023. A legislação avanços em suas
metas baseadas na
exige que a Agência de Recursos do
ciência e de zero
Ar da Califórnia desenvolva e adote líquido, alinhadas
regulamentações exigindo que com o limite de 1,5°C.
O processo de
empresas com mais de US$1 bilhão revisão das
em operação no estado divulguem contribuições e
suas emissões de escopo 1 e 2 a partir propostas está em
fase de conclusão
de 2026 e as emissões de escopo 3 a pelo secretariado do
partir de 2027. GHG Protocol, que
trabalha no
Muitos países também têm optado desenvolvimento de

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por utilizar estruturas voluntárias para planos de trabalho
específicos para
estabelecer a exigência de divulgações.
atualizar os padrões.
O padrão IFRS S2, por exemplo, tem
O GHG Protocol
sido adotado em estruturas
também está no
regulatórias na Turquia, na Nigéria e processo de
no Brasil, exigindo que as empresas desenvolver novas
Orientações para o
divulguem suas emissões de escopo 1,
Setor de Uso da Terra
2 e 3 de acordo com o GHG e de Remoções.
Protocol. Outros governos também já Essas orientações
são baseadas no
manifestaram a intenção de alinhar conjunto de padrões
suas regulamentações com o IFRS S2, corporativos e
incluindo Nova buscam explicar
como as empresas
devem contabilizar e
divulgar, nos
inventários de GEE,
as emissões e
remoções de gases
de efeito estufa
provenientes do
manejo de terras,
mudanças no uso da
terra, produtos
biogênicos,
tecnologias de
remoção de dióxido
de carbono e demais
atividades
relacionadas.

Zelândia, Filipinas, Singapura e Taiwan. Estima-


se que o padrão IFRS S2 alcance entre 100 mil e
130 mil empresas em todo o mundo.

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Países e jurisdições onde a divulgação de emissões corporativas é ou
será obrigatória

Fonte: Compilado pelos autores. Dados até fevereiro de 2024.

O que vem pela frente


na contabilização de
emissões corporativas?
Um momento-chave para a contabilização de
emissões de GEE em 2024 será o lançamento da
Norma de Divulgação Climática da Comissão de
Valores Mobiliários dos EUA, que deve ser
!nalizada ainda este ano. A proposta
preliminar para a nova regra, feita em 2022, exige

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a divulgação corporativa das emissões de Escopo
3. No entanto, a Reuters informou recentemente
que a Comissão desistiu da exigência de
divulgação das emissões de escopo 3. Isso é um
problema, já que essas emissões de escopo 3
representam, em média, 75% do total de
emissões. Até o momento, ainda não foi emitida
uma versão atualizada da regra, nem há um
cronograma especí!co para !nalização. Os
interessados na contabilização de GEE estarão
de olho em novas atualizações e desdobramentos
referentes à nova regra.

Artigo publicado originalmente no Insights.

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