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SÍNDROME METABÓLICA NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA:

DEFINIÇÃO: Síndrome Metabólica (SM): aglomerado de fatores de risco metabólicos que,


inter-relacionados, estão envolvidos no desenvolvimento da doença cardiovascular
aterosclerótica.

ANORMALIDADES DO METABOLISMO DE GLICOSE, LIPÍDEOS E A HIPERTENSÃO COM


RESISTÊNCIA A INSULINA→risco de doenças ateroscleróticas

EPIDEMIOLOGIA:

SÍNDROME METABÓLICA ↑: MORTALIDADE GERAL (1,5 VEZES) MORTALIDADE


CARDIOVASCULAR (2,5 VEZES)

Em crianças e adolescentes ↑ risco de aterosclerose no adulto

Maiores prevalências em crianças e adolescentes com excesso de peso (sobrepeso/obesidade),


cor da pele preta e meninos

ETIOLOGIA:

● Eventos precoces (intrauterinos e após ao nascimento): diabetes gestacional, baixo


peso ao nascer e amamentação
● Genética, nível socioeconômico e ambiente (obesogênico)

Na puberdade, a distribuição de gordura corporal:

● Meninas: gordura periférica

● Meninos: tem acúmulo de gordura central

AMBOS CAUSADOS POR HORMÔNIOS ESTERÓIDES

↓ SENSIBILIDADE À INSULINA, ↑ COMPENSATÓRIO DE SUA SECREÇÃO, TÍPICO DA


PUBERDADE

● Hormônio do crescimento tem papel antagônico à insulina sobre a glicemia:

1. Resistência à insulina: principal fator predisponente: obesidade central. Gordura


visceral: sensível aos efeitos lipolíticos das catecolaminas. Criança e adolescente obeso
tem maior risco de permanecer obeso na idade adulta. Tempo de duração da
obesidade está diretamente associado à mortalidade por doenças cardiovasculares.
Dados longitudinais brasileiros sobre adolescentes obesos: 58% permaneceram obesos
na vida adulta; prevalência de hipertensão 8,5 vezes maior; LDL-C 3,1 vezes maior;
triglicerídeos 8,3 vezes maior. Adipócitos em número excessivo mantém ↑ atividade
da Lipase Hormônio Sensível (LHS) = ação lipolítica. Excesso de AG → fígado (via
circulação porta) → ↓ ação inibitória da insulina na gliconeogênese hepática → ↑
produção de glicose. Redução da utilização periférica de glicose → HIPERGLICEMIA.
< Sensibilidade dos tecidos periféricos à ação da insulina → HIPERINSULINEMIA
compensatória a fim de manter a homeostase da glicemia. O grau de resistência à
insulina pode ser avaliado pelo HOMEOSTATIC MODEL ASSESSMENT INDEX (HOMA):
valores variam de 0 a 15, se elevados, indicam maior grau de resistência à insulina.
HOMA: insulinemia (U/L)xGlicemia (mmol/L)/22,5
2. Dislipidemia: Hipertrigliceridemia, LDL-C elevado e HDL-C diminuído. Tipo de
dislipidemia denominada aterogênica. Hipertrigliceridemia → ácidos graxos livres ao
fígado e consequentemente superprodução de lipoproteínas de muito baixa densidade
(VLDL), as quais são ricas em triglicerídeos. LDL-C → lipoproteína de baixa densidade.
↓ HDL-C: lipoproteína de alta densidade
3. Hipertensão arterial: a elevação da PA tem relação com a resistência à insulina;
hiperinsulinemia age no sistema nervoso simpático: ↑ reabsorção tubular de sódio e
água; efeito antagônico à ação vasodilatadora do óxido nítrico
4. Inflamação de células gordurosas: as células gordurosas concentradas na região
abdominal estimulam um estado inflamatório; níveis elevados, fator de necrose
tumoral alfa (TNF-a) e a proteína C reativa (PCR); aumentadas concentrações de
fibrinogênio; tendência pró-trombótica; processo de aterogênese

A obesidade está sendo considerada uma doença crônica e epidêmica:

● Rápido aumento em sua prevalência nas últimas décadas

● Países desenvolvidos como em desenvolvimento são afetados

● Está relacionada com a alta taxa de morbidade e mortalidade

No Brasil, o sobrepeso/obesidade já atingem mais de 20% das crianças e adolescentes


DIAGNÓSTICO:

● A SM na criança e no adolescente não é formalmente reconhecida, devido à ausência


de consenso na sua definição
● Pesquisadores modificaram seus critérios de adulto propostos pela Organização
Mundial da Saúde e National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel
III (NCEP-ATPIII) para padrões pediátricos
● Componentes da SM mais comumente observados: obesidade, hipertensão arterial,
hiperinsulinemia e/ou resistência à insulina, intolerância à glicose e/ou hiperglicemia,
dislipidemia
● Em 2007, a International Diabetes Federation (IDF) estabeleceu uma definição para SM
para crianças e adolescentes
● O objetivo foi criar uma definição consensual no mundo todo

● Crianças menores de 6 anos foram excluídas das definições (dados insuficientes)

● Crianças entre 6 e <10 anos não devem receber diagnóstico, mas deve ser observada a
presença de obesidade abdominal
● Entre 10 e 16 anos de idade, a definição é similar à do adulto e classificada de acordo
com a idade
● A medida de circunferência da cintura (obesidade abdominal/central) é o componente
principal e foram usados os percentis (compensar a variação no desenvolvimento da
criança e origem étnica)
● Diagnóstico da SM: obesidade abdominal/central: CC > ou igual ao percentil 90;
presença de 2 ou mais características clínicas (triglicerídeos elevados, HDL-colesterol
baixo, pressão arterial elevada, glicose sérica aumentada)
● Para maiores de 16 anos, são usados critérios da IDF para adulto

PREVENÇÃO/TRATAMENTO:

● Detecção precoce aumenta a probabilidade de o tratamento reduzir a ocorrência de


morbidade e mortalidade na idade adulta
● O tratamento da SM é dirigido para o controle de sobrepeso/obesidade

● A IDF recomenda que a prevenção e o cuidado primário estejam focados no estilo de


vida: moderada restrição calórica (de 5 a 10% da perda de peso no 1º ano); moderado
aumento na prática de atividade física; mudanças na composição da dieta;
farmacoterapia (>10 anos) pode ser incluída se bem estabelecida e com efeitos
claramente demonstrados
PREVENÇÃO/PROMOÇÃO DA SAÚDE:

● Estudos de prevenção do sobrepeso/obesidade desenvolvidos nas escolas: educação


nutricional (Programa Nacional de Alimentação Escolar); atividade física (disciplina
obrigatória)

GUIA ALIMENTAR:

1. Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação


2. Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar
alimentos e criar preparações culinárias
3. Limitar o consumo de alimentos processados
4. Evitar consumo de alimentos ultra processados
5. Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados, e sempre que
possível, com companhia
6. Fazer compras em locais que ofertem variedade de alimentos in natura ou
minimamente processados
7. Desenvolver, exercitar, e partilhar habilidades culinárias
8. Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece
9. Dar preferência, quando for sair de casa, a locais que servem refeições feitas na hora
10. Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação
veiculadas em propagandas comerciais

CONCLUSÃO GERAL:

1. A SM não está bem definida e bem caracterizada


2. Cada definição existente apresenta diversos componentes, variáveis ou fatores de
risco, pontos de corte,...

Portanto, atenção especial deve ser dada ao tipo de critério a ser utilizado e constante
atualização sobre o tema é requerido para uma conduta correta

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